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General tinha “roteiro” para deputados bolsonaristas rebaterem 8/1

A Polícia Federal encontrou em um HD do general Mário Fernandes (foto em destaque) documento que servia como roteiro a ser usado por bolsonaristas durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

O roteiro, de três páginas, foi criado no dia 16 de maio de 2023, 10 dias antes de a CPMI do 8 de Janeiro ser instalada. O arquivo revela estratégias e detalhes de como bolsonaristas tentaram criar uma narrativa em relação aos movimentos golpistas.

O que tinha no roteiro da CPMI do 8 de Janeiro
O documento traz orientações que deveriam ser exploradas pela oposição visando atacar o governo federal, o STF, o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF).

Elas foram chamadas de “ideias-forças” e tinham as seguintes finalidades:

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É bom lembrar: nem todo golpista usa farda

O momento mais simbólico da democracia é a eleição. Aquele simples movimento de esticar o dedo indicador e apertar a tecla da urna eletrônica tem algo de emocionante. Sabemos que o gesto colabora para que alguém ganhe mandato, uma carta-branca para nos representar nas grandes discussões nacionais.

Não é pouca coisa.

Ao contrário do que muitas vezes acontece, mandatos não devem ser usados como privilégio, e sim como uma enorme responsabilidade.

Políticos eleitos aceitam o compromisso de defender a democracia que permitiu aos eleitores escolhê-los. E também devem zelar pelo cumprimento das leis que regulamentam esse regime democrático.

Estamos vendo agora, em um dos momentos mais delicados da história do país, vários personagens eleitos fazerem exatamente o oposto.

São figuras que fazem malabarismos para relativizar ou negar a tentativa de golpe de Estado a que os brasileiros assistiram e cujos detalhes a Polícia Federal revelou.

A campanha de Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral de seu próprio país; os acampamentos de bolsonaristas que pediam aos militares para tomar o poder; os ataques à sede da Polícia Federal, em Brasília, no dia 12 de dezembro de 2022; o atentado a bomba no aeroporto de Brasília; a invasão dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 — alguns personagens com mandato dizem que nada disso configura tentativa de golpe de Estado.

Nem mesmo agora, quando a PF torna públicos os detalhes sórdidos de um plano criado por militares “de elite” para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, eles se rendem à realidade.

Por delírio ideológico ou porque acham que engrossando o coro de bolsonaristas terão benefícios eleitorais, políticos com mandato passam pano para os golpistas.

Esse comportamento pusilânime vai do “moderado” Tarcísio de Freitas (que correu para criticar o indiciamento de Bolsonaro por falta de provas, mesmo sem conhecer o inquérito) à extremista Bia Kicis, que fala em narrativa falaciosa.

Do presidente da Câmara, Arthur Lira, que não deu um pio sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes, ao governador Ronaldo Caiado, que mesmo brigado com Bolsonaro manteve-se igualmente mudo para não desagradar a seus aliados do agro.

Há os ressentidos, como Sergio Moro; há os cúmplices, como Nikolas Ferreira; há os fundamentalistas, como Sóstenes Cavalcante; há os desesperados, como Flávio Bolsonaro.

A estratégia é tentar normalizar o golpismo, tratando o assunto com fala mansa e expressão serena nas entrevistas da TV. Querem fazer crer ao público que essa história de tentativa de golpe é puro delírio da esquerda ou narrativa de comunistas que perseguem Bolsonaro.

Já é hora de a imprensa e outras instâncias onde se desenrola o debate público pararem de dar espaço para essa gente. O fato de terem mandato, que é a justificativa para ouvi-los, deixa de ter sentido se eles usam essa investidura para ajudar aos que querem demolir a democracia.

É preciso entender que não são apenas os 37 indiciados pela Polícia Federal que atentaram e atentam contra o Estado de Direito.

Políticos que traem a natureza de sua função e, por palavras, ações ou omissão, colaboram para enfraquecer as instituições, são golpistas também.

Então, mesmo com mandato, que sejam tratados assim, como golpistas.

Um recado para aqueles que valorizam a democracia: olho neles.

*Chico Alves/ICL

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PT lança petição online pelo arquivamento do PL que pretende anistiar golpistas

Movimento reforça compromisso com a democracia e rejeita perdão a envolvidos em atos contra o Estado Democrático de Direito.

O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou uma campanha para arquivar o Projeto de Lei 2.858/2022, que propõe anistia aos envolvidos em atos antidemocráticos no Brasil. Em publicação oficial, o partido convocou a sociedade brasileira a aderir à petição, ressaltando que o momento exige um compromisso firme com a justiça e a preservação das instituições democráticas. A campanha foi detalhada em matéria publicada pelo site oficial do partido no dia 23 de novembro de 2024.

“A anistia aos golpistas não é apenas uma afronta à memória democrática do nosso país, mas também um precedente perigoso para futuras ameaças às nossas instituições. Não podemos permitir que a impunidade enfraqueça os alicerces de nossa República”, destaca o texto da petição, que pode ser assinada neste link.

Democracia sob ataque
O PL 2.858/2022, conhecido como “Projeto de Anistia”, foi apresentado em meio às investigações da Polícia Federal que revelaram uma série de conspirações articuladas durante o governo de Jair Bolsonaro. Essas investigações trouxeram à tona não apenas os atos golpistas realizados em 8 de janeiro de 2023, mas também planos ainda mais graves, como atentados contra figuras públicas, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Os recentes atentados contra o Supremo Tribunal Federal e a descoberta de planos de assassinato de autoridades reforçam o clima de insegurança institucional enfrentado pelo país. O indiciamento de Bolsonaro e de outros 36 envolvidos é apontado como prova de que a democracia brasileira esteve à beira de um colapso.

Rejeição à impunidade
Para o PT, o arquivamento do projeto de lei é uma questão essencial para garantir que atos de violência e subversão não se tornem rotina. “Anistiar golpistas não é reconciliar o país, mas trair a democracia”, afirma o manifesto.

A constitucionalista Vera Chemim, em declarações recentes, reforçou que iniciativas como o PL da Anistia colocam em risco a solidez institucional do Brasil: “A Constituição é clara ao repudiar crimes contra o Estado Democrático de Direito. Anistiar esses atos pode significar o enfraquecimento dos pilares republicanos.”

Além disso, a campanha aponta que medidas como essa reforçam a sensação de impunidade, alimentando futuros atos antidemocráticos e minando a confiança na justiça e nas instituições.

Ditadura nunca mais
O texto da petição é enfático ao recordar os riscos enfrentados pelo país desde o início das investigações. O movimento resgata o histórico brasileiro de resistência ao autoritarismo, com o slogan “Ditadura nunca mais” sendo reafirmado como um chamado à ação popular.

“Nossa jovem democracia não pode ser interrompida por atos de clemência equivocados. Precisamos de justiça, não de perdão a quem tentou destruir o país,” conclui o manifesto.
A petição está disponível online, e o partido incentiva os cidadãos a assinarem e compartilharem o documento para fortalecer a mobilização popular. O arquivamento do PL 2.858/2022 é visto não apenas como uma medida de justiça, mas como um ato simbólico de resistência ao autoritarismo.

A campanha se junta a outros movimentos sociais que exigem que os responsáveis pelos atos golpistas sejam responsabilizados, reforçando o compromisso do Brasil com um futuro democrático e justo.

Como participar
Brasileiros podem acessar a petição por meio do site oficial do PT, onde também estão disponíveis informações detalhadas sobre os impactos do PL da Anistia e o que está em jogo para o futuro do país.

A luta pelo arquivamento do projeto é, para muitos, uma reafirmação de que o Brasil rejeita qualquer tentativa de retrocesso autoritário. O movimento é um convite à sociedade para se posicionar e dizer, de forma clara: “Sem anistia para golpistas!”

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Golpismo pode levar Bolsonaro a 28 anos de prisão e a mais de 30 inelegívelCaso seja condenado pelo STF em 2025, o ex-presidente não poderá disputar eleições até 2061Caso seja condenado pelo STF em 2025, o ex-presidente não poderá disputar eleições até 2061

Caso seja condenado pelo STF em 2025, o ex-presidente não poderá disputar eleições até 2061.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e organização criminosa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá ficar inelegível por mais de 30 anos. Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por esses delitos na quinta-feira (21).

O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele não pode disputar eleições ao menos até 2030.

Agora, na hipótese de uma sentença criminal condenatória em torno de um plano de golpe, provavelmente o maior prejuízo ao ex-presidente decorreria da Lei da Ficha Limpa.

A professora de direito penal da USP Mariângela Gama de Magalhães Gomes afirma que condenados ficam inelegíveis desde a condenação por órgão colegiado até terminar o cumprimento da pena, seja regime fechado, semiaberto ou aberto.

A pena máxima do crime de tentativa de golpe de Estado é de 12 anos de reclusão, a de tentativa de abolição do Estado de Direito é de 8 anos e a de organização criminosa é de 8 anos. Ou seja, a soma chega a 28 anos de prisão. Esse total não leva em consideração eventuais pedidos de acréscimo de pena em razão de circunstâncias agravantes e combinação de condutas criminosas apontadas pela PF.

Segundo Fernando Neisser, advogado e professor de direito eleitoral da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, depois de cumprida a pena, conta-se ainda oito anos de inelegibilidade em razão da aplicação de punição prevista na Lei da Ficha Limpa.

O ex-presidente Jair Bolsonaro faz gesto que simula arma no 7 de setembro de 2023 em São Paulo (Foto: Paulo Lopes / AFP)

Bolsonaro ficaria inelegível até 2061
Hoje Bolsonaro tem 69 anos. Portanto, na hipótese de ser condenado em definitivo nesse caso e nessas condições em 2025, por exemplo, ele ficaria inelegível até 2061.

Um dos fatos mais graves atribuídos a Bolsonaro pela PF foi a atuação na elaboração da minuta de um decreto para dar uma roupagem formal às ações golpistas e impedir a posse do presidente Lula (PT).

Segundo uma das decisões do caso, expedida em janeiro pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a minuta “consubstanciava medidas de exceção, com detalhamento de “considerandos” acerca de suposta interferência no Poder Judiciário no Poder Executivo, para decretar a prisão de diversas autoridades e a realização de novas eleições em vista de supostas fraudes no pleito presidencial”.

O rascunho do decreto teria sido objeto de reuniões convocadas pelo então presidente Bolsonaro que envolveram tanto integrantes civis do governo quanto militares da ativa, de acordo com a PF.

“Quanto ao ponto, a autoridade policial destaca a ocorrência de monitoramento de diversas autoridades, inclusive do relator da presente investigação [Moraes], no sentido de assegurar o cumprimento da ordem de prisão, em caso de consumação das providências golpistas”, completa a decisão.

Na atual etapa de investigação, foi determinado apenas o recolhimento do passaporte de Bolsonaro e que ele não se comunique com outros investigados.

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“De Bolsonaro a Braga Netto, lista de indiciados terá dezenas de nomes e ninguém ficará impune”,

 

inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023 está sendo concluído pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (21), com dezenas de indiciados, incluindo figuras centrais do cenário político e militar do país. De acordo com informações da jornalista Miriam Leitão, publicadas no jornal O Globo, a lista de indiciados inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, o delegado Alexandre Ramagem e possivelmente o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Uma fonte próxima à investigação afirmou à jornalista que “ninguém ficará impune”. O extenso relatório final, com cerca de 700 páginas, detalha as conexões e responsabilidades dos envolvidos e está agora sob análise do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o documento permanecerá ou não sob sigilo.

General Ramos fora da lista
Apesar de sua proximidade com o ex-presidente e do papel estratégico que desempenhou no governo durante três anos e meio, o general Luiz Eduardo Ramos não foi incluído na lista de indiciamentos. Fontes próximas à apuração indicam que não foram encontrados “elementos suficientes” para responsabilizá-lo, o que teria sido uma decisão pautada por “excesso de rigor” na análise dos fatos.

Ramos, que mantém uma relação de amizade pessoal com Bolsonaro, continua sendo figura de interesse no âmbito político, mas sua ausência entre os indiciados reflete os critérios cuidadosos aplicados pela Polícia Federal para evitar qualquer acusação sem base sólida.

Alexandre Ramagem e investigações paralelas
Enquanto é apontado no inquérito do golpe, o delegado Alexandre Ramagem também segue como figura central de outro caso: a investigação da chamada “Abin Paralela”, um esquema que teria envolvido o uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência para fins pessoais e políticos. A sobreposição de investigações coloca Ramagem no centro de um emaranhado de acusações graves que, se comprovadas, poderão aprofundar as consequências jurídicas para ele.

Decisão sobre sigilo será determinante
O relatório da PF, que detalha o andamento das investigações e as evidências reunidas contra os indiciados, é aguardado com grande expectativa. Caso Alexandre de Moraes decida pela abertura do documento, novos detalhes sobre o planejamento e execução das ações golpistas podem vir à tona, lançando luz sobre a complexidade do esquema.

Contexto e próximos passos
A conclusão do inquérito representa um marco no esforço de responsabilização por uma das crises institucionais mais graves da história recente do Brasil. A investigação reforça a postura de enfrentamento das ameaças à democracia e sinaliza a determinação das instituições em evitar retrocessos no Estado de Direito.

Se as denúncias forem aceitas, os indiciados poderão enfrentar acusações que incluem crimes como tentativa de golpe de Estado, formação de organização criminosa e outros delitos previstos na legislação penal brasileira. A sociedade aguarda desdobramentos, enquanto o país busca superar os impactos dessa turbulenta página de sua história.

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Trama para matar Lula, Alckmin e Moraes causa “estrago terrível” na imagem das Forças Armadas, avalia cúpula militar

Membros do alto escalão apontam “traição não só às Forças Armadas, mas ao país”

O episódio que provocou uma operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares e um policial federal por planejarem um golpe de Estado e os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes levou “surpresa”, “decepção” e “tristeza” ao alto escalão das Forças Armadas. De acordo com informações de Bela Megale, do jornal O Globo, líderes da caserna descreveram o caso como um “estrago terrível” para a imagem das instituições militares, especialmente do Exército.

Embora os integrantes da cúpula militar classifiquem os envolvidos como uma minoria, reconhecem que o impacto do caso vai muito além dos participantes diretos, reforçando um ‘preconceito’ já enfrentado pelas Forças Armadas.

Grupo de elite e a acusação de traição – Os militares presos pertenciam a um grupo de elite do Exército, conhecido como “kids pretos”, e, segundo a avaliação de líderes militares, utilizaram o treinamento que deveriam empregar para proteger o Estado para conspirar contra ele. Essa conduta foi descrita como uma “traição não só às Forças Armadas, mas ao país”.

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Policial preso atuava na segurança de Lula e repassava informações a golpistas, diz PF

Wladimir Soares esperava ‘canetada’ de Bolsonaro para agir, segundo a investigação

O policial federal Wladimir Matos Soares, preso nesta terça-feira (19), era investigado sob suspeita de repassar informações sobre a segurança de Lula (PT), durante a transição de governo, para pessoas ligadas a Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Polícia Federal, Wladimir enviou dados pessoais de um agente de proteção do petista e afirmou a aliados de Bolsonaro que estava à espera da “canetada” do então presidente para auxiliar no golpe de Estado.

O policial federal conversava com o capitão da reserva Sérgio Rocha Cordeiro, assessor especial da Presidência da República durante o governo Bolsonaro. O militar é investigado por planejar um golpe contra a eleição de Lula e foi indicado como um dos responsáveis no caso da fraude no cartão de vacinas do ex-presidente.

“Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto p [sic] ir ajudar a defender o palácio e o presidente. Basta a canetada sair! [sic]”, escreveu Wladimir em uma das mensagens enviadas a Cordeiro.

Na transição, o policial atuava na equipe responsável pela segurança do presidente eleito. Lula, na época, ficou hospedado em um hotel na área central de Brasília.

O relatório da Polícia Federal mostra que Wladimir se aproveitava da função que exercia para repassar informações sensíveis para o grupo bolsonarista que planejava o golpe de Estado.

No dia seguinte à diplomação de Lula, por exemplo, enviou imagens e áudios sobre um militar que integrava a equipe de segurança do presidente eleito. Wladimir queria confirmar se o segundo-sargento reformado Misael Melo da Silva era realmente alguém ligado ao petista.

Misael havia acabado de fazer o check-in em um hotel próximo ao local em que Lula estava hospedado.

Segundo Wladimir, o militar teria se recusado a se identificar e comunicou que o sigilo era importante porque atuava na segurança do presidente eleito.

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‘Kids pretos’, com membros envolvidos na tentativa de golpe, protagonizaram governo Bolsonaro; saiba quem são

Ex-ministros da Saúde e da Casa Civil eram do grupo de elite das Forças Armadas.

Segundo investigações da Polícia Federal, um grupo de elite das Forças Armadas, conhecido como “kids pretos”, sob o comando do general Walter Braga Netto, teria planejado a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seu relatório final, a Polícia Federal informa que o plano, chamado pelos militares de “Punhal verde e amarelo”, começou a ser arquitetado na casa do general Braga Netto em 12 de novembro de 2022, 15 dias após o segundo turno das eleições daquele ano, quando Lula derrotou então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar de ser apontado como mentor do plano, Braga Netto não está entre os quatro militares presos pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (19). Os detidos são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Todos faziam parte do grupo “kids pretos”.

Além dos quatro presos, outros integrantes do governo de Jair Bolsonaro integravam ou já haviam integrado o “kids pretos” durante suas carreiras nas Forças Armadas. O Brasil de Fato preparou uma relação dos militares bolsonaristas. Confira a seguir.

Os meninos do ex-presidente

O plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes foi encontrado no celular de tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordem de Bolsonaro e integrou o “kids de pretos”. O aparelho foi apreendido pela Polícia Federal na Operação Contragolpe. O militar havia deletado os arquivos, mas foram recuperados pelo departamento de inteligência do órgão.

O pai de Mauro Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid serviu no 1º Batalhão de Forças Especiais, o “kids pretos”. O militar serviu, em 1977, na mesma turma da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) de Jair Bolsonaro. Quando assumiu a Presidência da República, o então presidente nomeou o colega para dirigir a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Miami (EUA).

Outro integrante da Apex, que também fazia parte do grupo de elite das Forças Armadas, era o general Roberto Escoto, que foi nomeado diretor de Gestão Corporativa do órgão por Jair Bolsonaro.

Um dos “kids pretos” ilustres é o general Eduardo Pazuello, que foi ministro da Saúde durante o governo de Bolsonaro. Hoje, ele é deputado federal e um de seus assessores no gabinete no Congresso Nacional é o general Mário Fernandes, um dos militares presos nesta terça-feira, que trabalhou no local entre janeiro de 2023 e março deste ano. Para a função, recebia R$ 15,6 mil por mês.

Fernandes, um dos “kids pretos” presos foi secretário-executivo Casa Civil, trabalhou também na Secretaria de Governo e na Secretaria-Geral da Presidência da República. O general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, que coordenou o Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, durante o governo de Bolsonaro, também integrava o grupo.

Seu filho, Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira Filho, serviu no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também na gestão do ex-presidente. O irmão de Gaspar de Oliveira, o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, foi nomeado comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter) na gestão de Bolsonaro e também era um “kid pretos”.

Outro ex-ministro que integrou o grupo de elite das Forças Armadas, é o general Luiz Eduardo Ramos, que chefiava a Casa Civil no governo de Bolsonaro. Secretário-executivo do Ministério da Saúde de Bolsonaro, o coronel Antônio Elcio Franco Filho chegou a ocupar o cargo de assessor especial da Casa Civil e também foi um dos “kids pretos” e membro da mesma turma de Mario Fernandes na Aman, em 1986.

Responsável pelo Departamento de Logística em Saúde, órgão do governo federal, durante a gestão de Bolsonaro, o general Ridauto Lúcio Fernandes, um ex-“kids pretos”, esteve nas ruas de Brasília (DF) durante os atos de 8 de janeiro de 2023, que visavam dar um golpe no país para destituir Lula da Presidência da República.

Apontado nas investigações da Polícia Federal como um dos principais incentivadores do golpe de 8 de janeiro, dentro do Exército, o coronel Marcelo Costa Câmara também integrou o grupo de elite das Forças Armadas e foi assessor especial do gabinete de Bolsonaro.

Além dos nomes citados na matéria, outros integrantes do governo Bolsonaro que participaram do “kids pretos” são o coronel Carlos Rober Sucha, que era assessor da vice-presidência; o coronel Danilo Mitre Filho, que foi superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará; o coronel Rezende Guimarães Filho, que ocupou o cargo de superintendente do Ibama no Amapá e Amazonas; o coronel Rezende Guimarães Filho, ex-assessor especial de Relações Institucionais da Secretaria de Governo; o coronel Fernando Sergio de Moura Alves, que era assessor especial e Chefe da Assessoria Especial Parlamentar do GSI; o coronel George Divério, que foi superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro; o general Paulo Humberto, que presidiu o Instituto de Previdência Complementar dos Correios (Postalis); o coronel Marcelo Bento Pires, diretor de Programa da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde; e o coronel Hidenobu Yatabe, chefe de Assessoria da Presidência da Empresa brasileira de Comunicação (EBC).

 

 

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e monitoraram passos de autoridades, diz PF; veja detalhes da investigação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tornou pública nesta terça-feira (19) a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares do Exército e um agente da PF.

O grupo é suspeito de tramar um golpe de Estado em 2022 para prender e assassinar Lula, então presidente eleito, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Moraes, que à época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O documento cita, por exemplo, que os golpistas começaram a monitorar o deslocamento de autoridades ainda em novembro de 2022, após a eleição e antes da posse de Lula.

O monitoramento teve início após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições presidenciais.

“As atividades anteriores ao evento do dia 15 de dezembro de 2022 indicam que esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022”, diz a PF no documento.
A PF diz que, entre as ideias cogitadas pelo grupo, estava a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes.

“Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, afirma trecho.
Para os investigadores, os envolvidos admitiam inclusive a possibilidade de eles morrerem no andamento da suposta operação golpista.

“Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, prossegue a PF em trecho citado por Moraes.

Kids pretos presos pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes — Foto: Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR
Kids pretos presos pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes — Foto: Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR

O grupo cogitou também “neutralizar” (assassinar) Lula e Geraldo Alckmin, então presidente e vice-presidente eleitos. Mais uma vez a hipótese de envenenamento foi levantada, segundo as investigações.

“Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, descreve a PF.

Ainda de acordo com os investigadores, para que a tentativa de golpe tivesse êxito, os suspeitos tratavam da necessidade de também assassinar o vice-presidente Geraldo Alckmin, que assumiria a Presidência da República em caso de morte de Lula.

Alexandre de Moraes — Foto: Reprodução

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Polícias de SP sob Tarcísio matam 1 adolescente a cada 9 dias, diz estudo

Desde 2023, 69 jovens menores de 18 anos morreram vítimas da polícia de São Paulo.

(UOL/Folhapress) As mortes de um adolescente de 17 anos e de um menino de 4, durante ação policial no dia 5 deste mês em Santos, não são novidade para as polícias Civil e Militar de SP, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Desde 2023, quando ele tomou posse, os agentes estão envolvidos na morte de pelo menos 69 menores de 18 anos.

Isso equivale a cerca de um adolescente morto no estado a cada 9 dias. Foram 38 mortos de janeiro a dezembro do ano passado e 31 óbitos confirmados até setembro deste ano, segundo levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a pedido do UOL. Os números de morte decorrente de intervenção policial de outubro ainda não haviam sido disponibilizados pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública) no momento em que os dados foram analisados.

O estudo mostra que 68% das vítimas são negras (58% de pardos e 10% de pretos). Os outros 32% são considerados brancos.

Segundo o levantamento, a maioria dos alvos durante ocorrência policial neste ano é formada por adolescentes de 17 anos (12 vítimas). Em seguida aparecem jovens de 16 (11 casos), 15 (5 casos) e 14 anos (3 casos).

“Os jovens negros, moradores de periferia, que evadiram da escola e saíram de medidas socioeducativas formam o grupo com maior chance de morrer”, disse Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz

O primeiro ano de Tarcísio no poder registrou um aumento de 58,3% no número de adolescentes mortos, em comparação com 2022, na gestão Rodrigo Garcia. Naquele ano, 24 menores de 18 anos foram mortos em ação policial.

Esse aumento segue a tendência dos números gerais no estado, que também incluem adultos. Após três anos de queda, em meio à implantação das câmeras corporais nos policiais em 2020, São Paulo voltou a registrar o aumento em 2023 com 504 mortos pela polícia. Até setembro deste ano, 580 pessoas morreram em ação policial.

A maioria das mortes de adolescentes em 2024 envolvem policiais em serviço (21). Já as outras dez mortes foram registradas enquanto os agentes estavam de folga.

Incentivo à letalidade
Para Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, os policiais de SP se sentem autorizados a agir com violência. “Desde o governador, passando pelo secretário de Segurança [Guilherme Derrite], o comando da PM, todos eles incentivam a letalidade policial, o confronto”, avaliou ao UOL.