Homem disse no carro de som que se arrependeu de seu voto e gritou “Fora Bolsonaro”. Na sequência, organizadores do ato arrancaram o microfone de suas mãos.
Um homem disse no carro de som que se arrependeu de seu voto e gritou “Fora Bolsonaro” em manifestação pró-Bolsonaro que ocorreu na avenida Paulista (SP), que defende a cloroquina, voto impresso, fim do STF e regresso da ditadura militar.
O atraso no envio de insumos chineses para a produção de vacinas aqui no Brasil pode não ser o único impacto negativo para país após novas críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à China. Os comentários agressivos contra os chineses também estão atrapalhando a entrada de investimentos novos para setores como os de energia, transportes e tecnologia, dizem executivos que fazem intermediação dessas transações.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, o país que mais compra produtos brasileiros. Os chineses são também um dos principais investidores estrangeiros nos setores de infraestrutura e tecnologia, áreas em que a economia brasileira precisa de capital para se desenvolver, destacam economistas.
Nas câmaras de comércio, que são muitas vezes a porta de entrada no Brasil de empresários chineses interessados em negócios no mercado brasileiro, há relatos de reuniões canceladas ou adiadas depois que Bolsonaro acusou os chineses de terem aproveitado a pandemia para superar outras economias.
Agenda de negócios suspensa
Segundo o presidente da CCIBC (Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China), Charles Tang, que lidera uma das principais organizações chinesas desse perfil aqui no país, muitas transações dependem de fatores como financiamento ou aprovações de órgãos reguladores.
E por isso, a cada comentário contra a China, aponta ele, surge o temor de que a burocracia seja usada para travar um projeto, por exemplo. Daí, as negociações emperram.
Se tem negócio suspenso por causa das posições do governo sobre a China? Vou responder dando um exemplo. O mundo inteiro está correndo para ajudar a Índia. A China mandou milhões de vacinas para a Índia. A China não está correndo para ajudar o Brasil. Por que ajudou a Índia e não o Brasil? Charles Tang, presidente da CCIBC – Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
Sem acusações, haveria mais negócios fechados
Segundo a gerente de Desenvolvimento de Negócio da CCIBC, Isabelle Carvalho Costa Pinto, especialista em relações internacionais, há empresas chinesas prontas para fazer investimentos no setor de tecnologia, uma área que está ganhando espaço na agenda de negócios dos chineses no Brasil.
O setor de tecnologia e inovação vem ganhando espaço no interesse dos chineses. O Brasil tem grande demanda, e, do lado chinês, há capital e conhecimento para investir. A China já tem grandes fundos de investimentos dispostos a alocar recursos no setor de serviços, que já estão olhando onde há oportunidades no Brasil, mas também em outros países. Se não tivéssemos tanta tensão e ruído, haveria mais negócios já fechados neste ano. Isabelle Carvalho Costa Pinto.
Receio de que retórica vire ação
Segundo a professora brasileira que atua na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim (China), Tatiana Prazeres, os chineses são pragmáticos e analisam oportunidades de investimento no Brasil de maneira prática e objetiva, sempre com foco no longo prazo.
O problema, pondera Tatiana, que já foi assessora sênior do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, em Genebra, e secretária de Comércio Exterior do Brasil, é que cada declaração negativa de membros do governo brasileiro alimenta entre investidores chineses o receio de que alguma ação concreta seja tomada contra o país.
Os chineses analisam oportunidades no Brasil olhando o longo prazo. Mas se esses comentários mais duros do governo brasileiro em relação à China se traduzirem em medidas concretas, há consequências para os investimentos chineses no Brasil. Então, é claro que há um certo receio por parte da China de que isso possa acontecer, que essa retórica se traduza em medidas concretas. Tatiana Prazeres, senior fellow na Universidade de Negócios Internacionais e Economia de Pequim.
Nesses tempos de pandemia, o brasileiro teve que aprender a conviver com o medo do coronavírus, ao mesmo tempo em que, a partir de um plano de do Palácio do Planalto, Bolsonaro montou uma verdadeira indústria de desinformação e sabotagem das medidas de prevenção e da vacinação.
Somente isso já daria direito ao Congresso de votar dez impeachment contra Bolsonaro. Soma-se a isso o fato de ter usado recursos do próprio povo para patrocinar a difusão de mentiras fundamentadas apenas no seu desejo de sabotar tudo o que não fosse a promoção da covid.
Programas como muitos da Jovem Pan, possivelmente o Pingo nos Is, continuam fazendo serviço completo nessa área sem que nenhum dos participantes da mesa comandada por Augusto Nunes, apresente um traço de remorso por participar ativamente dessa panaceia cotidiana que tenta mutilar as orientações da ciência, o que, sem dúvida, significou um peso enorme no crescimento continuado de infectados e mortos pela covid.
Tudo foi feito para atender à individualidade do mercado até levar o país a essa situação trágica. São ações que não representaram qualquer ganho para a economia, mas que produziram um morticínio que ainda não se sabe exatamente o que representará na situação estrutural da sociedade.
Além da frequência com que Bolsonaro aglomerava grupos de seguidores, condenando os próprios a se contaminarem, o tratamento odioso oferecido por ele à população é apenas um dado de uma força muito maior que efetivamente semeou em seus discursos carregados de ódio, seja em suas falas diretas, seja por uma imposição a veículos de imprensa cooptados pelo Palácio do Planalto, condenando os brasileiros ao cadafalso e causando conflitos na própria sociedade, por repetir diuturnamente os absurdos sobre a covid que jamais tiveram qualquer respaldo científico.
Na verdade, Bolsonaro criou uma ordem nacional contra a ciência, folclorizando a natureza da covid e dando a ela características minimizadoras, porque sempre pensou num processo político, melhor dizendo, sempre acreditou que, assim, o mercado lhe garantiria o direito de governar o país por oito anos.
O que sempre foi central para Bolsonaro, é o mercado, não as pessoas.
Na realidade, os brasileiros são vistos pelo Palácio do Planalto de forma residual, pois Bolsonaro tinha sim a intenção de contaminar o máximo de brasileiros para alcançar o mais rápido possível a suposta imunidade de rebanho, o que já custou até aqui a morte de mais de 430 mil brasileiros.
Não há outro fenômeno igual no mundo que tenha produzido tamanha miséria humana, que tenha estimulado o povo a impor uma violência contra si numa das mais perversas formas de desumanização de que se tem notícia na história da humanidade.
Isso é motivo mais do que suficiente para a CPI, devidamente documentada, propor o impeachment de Bolsonaro, porque se nada acontecer além de discursos ornamentais, possibilitando, depois de tudo o que os brasileiros sabem, será a produção do que há de pior na hipocrisia nacional, preparando o país para o mergulho na selvageria social em que a vida de qualquer brasileiro não valerá um centavo.
É disso que se trata esse vulcão de crimes de responsabilidade de Bolsonaro.
Por isso insisto, se a CPI não servir para destituir Bolsonaro, não servirá para nada.
Aprovação cai entre lideranças que negaram pandemia, e sobe entre os que seguiram orientações das organizações de saúde.
Segundo matéria de O Globo, a pandemia de Covid-19 tem sido um forte fator de influência na avaliação de líderes pelo mundo. Em mais de um ano de crise sanitária, chefes de Estado e de governo viram sua aprovação cair ou crescer conforme lidavam com o coronavírus. Com uma postura negacionista e dificuldade de implementar vacinação em massa, o presidente Jair Bolsonaro tem uma das mais baixas taxas de aprovação, entre os 12 líderes cujos índices de popularidades foram analisados pelo GLOBO. Sua aprovação só é maior do que a do presidente do Chile, Sebastián Piñera.
Na semana passada, Bolsonaro alcançou seu menor índice de aprovação desde o início de seu mandato: 24%, de acordo com o Datafolha. Para o cientista político Carlos Pereira, essa queda é uma resposta à conduta do presidente diante da pandemia.
A população brasileira avalia mal o presidente por perceber que ele não respondeu ao receio da população de ficar doente ou de perder entes queridos — pontua o especialista, que organizou pesquisas para medir o impacto político ao longo da crise sanitária — E a proximidade com o que chamei de “medo da morte” aumenta a rejeição. Isto é, quanto mais o eleitor tiver pessoas do seu círculo mais próximo padecendo da Covid, mais ele avaliará negativamente o presidente.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro se posicionou contrário às medidas restritivas e menosprezou a gravidade do vírus, além de ter demorado para fechar acordos para a compra da vacina contra o coronavírus.
Assim como Bolsonaro, outros três líderes mundiais têm um apoio menor agora do que em janeiro do ano passado, antes de o vírus se espalhar pelo planeta. Entre eles estão os presidentes Andrés Manuel López Obrador, do México, e o primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia.
Ao negarem inicialmente o impacto que o vírus causaria, Modi e López Obrador adotaram posturas similares ao do presidente brasileiro, permitindo — e causando — aglomerações nas ruas, além de subestimar a doença. Atualmente, os três países são os que mais somam mortes pelo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos — ao todo foram 432 mil mortes no Brasil, 262 mil na Índia e 219 mil no México.
Num momento de grande estresse e de grande incerteza, o que se espera é que exista uma liderança política capaz de pacificar e galvanizar energia para pacificar e dar tranquilidade à população. E quando isso não acontece, quando se vai na direção oposta e se aprofunda a incerteza, há uma falta de sincronia entre o que as pessoas estavam esperando e o que as autoridades fizeram — afirma Pereira.
Queda expressiva
Ainda que os líderes indiano e mexicano mantenham uma popularidade alta, os dois tiveram uma queda expressiva na avaliação. Modi tinha, em janeiro do ano passado, uma aprovação de 77%, de acordo com pesquisa da Morning Consult. Neste mês, o percentual chegou a 65%, o menor patamar no período. Já López Obrador teve uma queda na popularidade de 14 pontos, indo de 71%, em janeiro de 2020, para 57%, no fim de abril, de acordo com o El Financiero.
Modi é um líder ultranacionalista que conseguiu desmobilizar a oposição contra ele. López Obrador também. Sem uma voz forte para se opor diretamente ao líder, a aprovação dele tende a ser alta — diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV.
O presidente argentino Alberto Fernández é o quarto líder cuja aprovação é menor agora do que em janeiro do ano passado. O mandatário começou 2020 com apoio de 50% da população e, em abril, chegou a 67%, segundo a pesquisa da Universidade de San Andrés. Porém, com o desgaste de uma longa quarentena, uma crise econômica causada pela pandemia e por uma série de medidas intervencionistas, a aprovação de Fernández caiu para 27%.
Na direção oposta, líderes que seguiram as orientações das organizações de saúde se beneficiaram com um aumento na aprovação, ao menos em um primeiro momento.
Apesar da baixa taxa de popularidade, a aprovação do presidente do Chile cresceu na pandemia, em meio à vacinação acelerada naquele país. Com a crise sanitária, Piñera retomou o controle da agenda política nacional e os protestos contra as desigualdades sociais que convulsionavam o país foram reduzidos .
Nesse grupo, a chanceler alemã Angela Merkel, que já tinha uma avaliação positiva, chegou à casa dos 70% de aprovação em meados do ano passado, de acordo com o Infratest Dimap. O presidente francês Emmanuel Macron, que enfrentava uma série de revoltas sociais antes da crise sanitária, teve um aumento na popularidade de 13 pontos em três meses, de janeiro a março de 2020— indo de 30% de aprovação a 43%, segundo o instituto Ifop. O patamar se manteve até hoje, com oscilações no caminho.
Até o premier britânico Boris Johnson, que negou a gravidade da pandemia em um primeiro momento, teve um boom na popularidade ao ser internado na UTI com a Covid-19, em abril do ano passado, e, consequentemente, mudar sua postura diante da crise. Em maio passado, a aprovação do inglês subiu ao seu patamar mais alto, 62%, de acordo com a Morning Consult. Na época, sua rejeição caiu 12 pontos em comparação a janeiro.
“Ainda haverá necessidade de muita luta política para chegarmos lá, mas Lula é um grande líder político e saberá liderar essa luta ao mesmo tempo que se soma a ela, porque essa será uma luta dos brasileiros”, afirma o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira.
A pesquisa do Datafolha publicada hoje (13.5.21) confirma o que já estava ficando claro nas últimas pesquisas. Lula voltará à Presidência da República, e Bolsonaro provavelmente não chegará ao segundo turno.
A popularidade de Bolsonaro não para de cair, e por isso não deverá chegar ao segundo turno, seja porque Lula já ganha no primeiro turno, ou porque outro candidato representando uma direita civilizada o deixará para trás, ou porque sofrerá antes um impeachment.
Afastá-lo da presidência da República continua a ser prioritário, porque é preciso interromper seu desgoverno o mais rápido possível.
E agora estamos todos contando com os senadores e a CPI.
Mas também já é preciso pensar como será o novo governo Lula.
Que será de centro-esquerda e solidário com os trabalhadores e os pobres, não há dúvida. Mas será também capaz de mudar o regime de política econômica de liberal para desenvolvimentista?
Para fazer essa mudança não basta ser a favor de política industrial. Essa é uma política muito necessária, mas não basta. É preciso também colocar os cinco preços macroeconômicos no lugar certo para dar condições para que a indústria brasileira volte a investir e a exportar.
Para isto será preciso manter a taxa de câmbio em um nível competitivo, em torno de R$ 4,80 por dólar, e que este nível ou faixa seja confiável para as empresas industriais aqui instaladas, sejam elas nacionais ou multinacionais, e as leve a investir.
Para que esse compromisso seja confiável o governo deverá manter baixo o nível da taxa de juros, rejeitar a política de endividamento externo, manter a conta corrente do país equilibrada, assegurar o equilíbrio fiscal, e neutralizar a doença holandesa.
A política de endividamento externo não leva ao aumento do investimento mas ao aumento do consumo, mesmo quando os dólares entrados visem especificamente determinados investimentos, porque aprecia o câmbio e desestimula o investimento.
Para neutralizar a doença holandesa, além de se reestudar as tarifas hoje existentes, será preciso estabelecer uma tarifa adicional linear, igual para todos os bens, variável de acordo com o preço médio das commodities exportadas pelo Brasil.
Quando esses preços estiverem baixos, ela será zero.
E criar um subsídio para a exportação de manufaturados igualmente variável de acordo o preço internacional das commodities. Se a OMC não concordar, adotar assim mesmo essa política.
Mais vale eliminar essa desvantagem competitiva e termos exportações de manufaturados competitiva do que apoio da OMC.
Finalmente, para reduzir a desigualdade, o novo governo Lula deverá se concentrar em uma ou mais reformas tributárias que tornem progressivo o sistema de impostos, enquanto continua a dar como deu anteriormente apoio ao SUS e à educação pública.
Ainda haverá necessidade de muita luta política para chegarmos lá, mas Lula é um grande líder político e saberá liderar essa luta ao mesmo tempo que se soma a ela, porque essa será uma luta dos brasileiros.
*Luiz Carlos Bresser-Pereira/247 – Professor emérito da Fundação Getúlio Vargas onde pesquisa e ensina teoria econômica e teoria política desde 1959. Foi Ministro da Fazenda (1987) e Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado (1995-98). É doutor honoris causae pela Universidade de Buenos Aires.
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello poderá ficar em silêncio e não precisará responder às perguntas da CPI da Covid no depoimento marcado para a próxima quarta-feira (19) à comissão. Isso porque o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu nesta sexta-feira (14) pedido de habeas corpus feito nesta quinta-feira (13) pela Advocacia Geral da União (AGU) em nome do ex-chefe da pasta.
“Concedo em parte, a ordem de habeas corpus para que, não obstante a compulsoriedade de comparecimento do paciente à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Pandemia da Covid-19, na qualidade de testemunha, seja a ele assegurado: (i) o direito ao silêncio, isto é, de não responder a perguntas que possam, por qualquer forma, incriminá-lo, sendo-lhe, contudo, vedado faltar com a verdade relativamente a todos os demais questionamentos não abrigados nesta cláusula; (ii) o direito a ser assistido por advogado durante todo o depoimento; e (iii) o direito a ser inquirido com dignidade, urbanidade e respeito, ao qual, de resto, fazem jus todos depoentes, não podendo sofrer quaisquer constrangimentos físicos ou morais, em especial ameaças de prisão ou de processo, caso esteja atuando no exercício regular dos direitos acima explicitados, servindo esta decisão como salvo-conduto”, diz a decisão.
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu mais cedo que Lewandowski negasse o pedido do ex-ministro e avaliou que “ao acionar o Judiciário, Pazuello parece tentar “proteger possíveis infratores, cujos nomes poderiam surgir de seu depoimento”.
O advogado-geral da União, André Mendonça, cita que o STF “tem posicionamento pacífico a respeito de se reconhecer a garantia de não produção de prova contra si mesmo também àqueles que, embora formalmente convocados como testemunhas em CPIs, possam, de alguma forma, figurar em situação prejudicial ao exercício de seu direito de defesa”.
O pedido de habeas corpus citou que Pazuello é alvo de inquérito em andamento no Supremo e ainda de ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal do Amazonas que apuram a responsabilidade de agentes públicos na pandemia.
A AGU argumenta que “a garantia constitucional ao silêncio se coloca como necessária justamente para impedir a aniquilação do direito de defesa nos processos e expedientes acima mencionados, bem como que não haja qualquer possibilidade de constrangimento físico ou moral por parte do impetrante/paciente no exercício de seus direitos”.
Comissão pode pedir ao Ministério Público Federal o indiciamento do presidente.
Segundo matéria publicada na Folha, técnicos e integrantes do grupo majoritário da CPI da Covid, formado por senadores independentes e oposicionistas, acreditam que já há elementos que levam à incriminação do presidente Jair Bolsonaro por crime sanitário, ou seja, contra a saúde pública.
Em seu relatório final, a comissão pode pedir ao MPF (Ministério Público Federal) o indiciamento do mandatário por ilícitos que entendem que ele cometeu na gestão da pandemia.
A existência de crime sanitário é uma das vertentes de investigação desse grupo majoritário da CPI. O principal objetivo dos depoimentos e da coleta de evidências daqui para frente será atestar que Bolsonaro também cometeu crime contra a vida.
Os senadores acreditam que os depoimentos prestados até o momento no âmbito da comissão confirmaram que Bolsonaro e seus comandados tinham real consciência do impacto da pandemia e que deveriam ter agido para minimizar os efeitos à população, incluindo com uma mudança na postura pessoal do próprio presidente.
A CPI realizou até o momento seis oitivas. Compareceram como testemunhas à comissão os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o atual ocupante da pasta, Marcelo Queiroga; o diretor presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres; o ex-secretário Fabio Wajngarten (Comunicação da Presidência) e o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo.
Os parlamentares do grupo majoritário da CPI consideram que pelo menos três falas em depoimentos podem ser consideradas provas da omissão e negligência do governo.
Eles citam inicialmente a apresentação à comissão de uma carta que Mandetta disse ter sido entregue ao presidente da República ainda em março, quando esse ainda era ministro da Saúde.
A carta alerta para os riscos da pandemia e mostra estimativas de que o Brasil poderia chegar a 180 mil mortes pela Covid até o fim de 2020, isso se medidas, principalmente políticas de isolamento social, não fossem adotadas.
Outro fato encarado como prova de negligência é a informação de que a oferta de venda de vacinas da Pfizer ficou parada no governo por dois meses em 2020, o que veio à tona no depoimento de Wajngarten.
A informação foi em seguida confirmada, e sua gravidade ampliada, com a fala de Carlos Murillo (Pfizer), ao apontar que a empresa fez ao Brasil ao menos cinco ofertas de doses de vacinas contra o coronavírus e que o governo federal ignorou proposta para comprar 70 milhões de unidades do imunizante no ano passado.
Esses senadores também mencionam a pressão para ampliar o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19.
Para integrantes da CPI, está claro que o governo Bolsonaro boicotou a aquisição de vacinas, pois acreditava na imunização natural, ou imunidade de rebanho, que aponta que a imunidade coletiva é atingida quando um percentual da população é infectado.
“Vemos que o crime contra a saúde pública já está caracterizado”, afirma o senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro suplente da CPI e um dos principais nomes do grupo independente e oposicionista, em relação a questões de saúde.
“Quando você deixa de adotar medidas, você está de forma culposa cometendo crime contra a saúde pública. Mas, quando você tem os meios e não age, então existe dolo”, completou.
A equipe do relator e os senadores próximos a ele, portanto, consideram que já há elementos suficientes para sustentar a tese de negligência deliberada no enfrentamento à pandemia e nos esforços para evitar uma escalada das mortes, configurando crime sanitário.
Legalmente se trabalha com duas hipóteses em relação a esse eventual crime.
Administrativamente Bolsonaro pode ser acusado de crime de responsabilidade por atuar contra o direito à saúde, que é um direito fundamental garantido pela Constituição.
Em outra esfera os parlamentares próximos a Renan Calheiros, relator da comissão, mencionam o crime de epidemia, previsto no Código Penal e que seria praticado pela ação de promover de maneira deliberada a transmissão da doença.
Rogério Carvalho explica que o próximo passo seria provar o crime contra a vida, o que, na prática, seria demonstrar que o crime contra a saúde pública resultou nas mortes de pessoas, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
É muito fácil governar assim, só que o povo já se deu conta do charlatão que usa a faixa presidencial para fazer suas molecagens e, depois de descoberto, dobra a posta na zombaria e ataca instituições para tentar tirar o foco de sua inércia.
Formalmente, será uma manifestação de ruralistas e outra chamada Marcha da Família Cristã pela Liberdade. Na prática, estão sendo programadas, para este sábado em Brasília, duas manifestações conjuntas de apoio a Bolsonaro, com aglomerações, contra o distanciamento social e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. (UOl)
Nisso não há qualquer novidade, pois foram 28 anos no legislativo mamando gostosamente nas tetas do Estado às custas do suor do povo para não ter um único projeto aprovado, vivendo de mutretas e corporativismo do baixo clero para se reeleger na base da gritaria pró-tortura, pró-ditadura e, depois, com a ajuda do sistema financeiro, para quem ele serve de sabujo, transformar-se em presidente do fim do mundo, na figura mais repugnante do planeta, na imagem de tudo o que não presta e que qualquer pessoa minimamente séria deve tê-lo como alguém extremamente tóxico.
O desesperado Bolsonaro não tem como tapar o sol com sua peneira mais que furada, rasgada, escancarada, queimada, puída e em frangalhos. Todos já sabem de quem se trata, porque sentem na pele a tragédia de seu governo.
Não sendo rico, todo brasileiro está sentindo no lombo o que é ter um inútil, um nulo sentado na cadeira da presidência.
A disparidade entre ele e Lula, revelada pelo Datafolha, chega a ser óbvia, pois se de um lado, tem Lula que saiu de seu segundo mandato como o melhor presidente da história, com o recorde de 87% de aprovação, do outro, Bolsonaro, que com pouco mais de dois anos de governo, já é tratado pela sociedade como um furúnculo fétido que tem apenas 24% de aprovação, o que muita gente ainda considera excessivo por nada do que esse sujeito produziu de bom para o país, ao contrário, provocou a morte, até aqui, de 430 mil brasileiros.
Ainda assim ele segue uma política nefasta que faz com que o Brasil, mais uma vez, interrompa a produção de vacina e, consequentemente, a vacinação do seu povo por seus ataques moleques à China que, além de ser o maior parceiro comercial do Brasil, é o maior fornecedor de insumos para a fabricação das vacinas.
O que Bolsonaro quer com isso? Destruir de vez o país e o povo, não deixar pedra sobre pedra.
Por isso assistimos a essa esculhambação em que uma Secretaria de Comunicação se junta com o filho do presidente da República para negociar a compra da vacina Pfizer, mostrando que o país foi devolvido à idade da pedra lascada.
O fato é que, quanto mais afunda em seu próprio esgoto, mais Bolsonaro se debate e se afoga em seus próprios dejetos.
De acordo com matéria de Jamil Chade, no Uol, O Itamaraty admite que a viagem do ex-chanceler Ernesto Araújo para Israel, em meio à pandemia, não resultou na assinatura de um acordo por escrito de cooperação com o hospital Ichilov para o desenvolvimento ou importação de um tratamento contra a covid-19 conhecido como spray nasal.
Tampouco houve a assinatura de um convênio final com outra entidade israelense, o Instituto Weizmann, responsável por diversas pesquisas no campo da pandemia. O governo brasileiro ainda decidiu classificar os telegramas diplomáticos entre Brasília e Tel Aviv como reservado ou secretos, impedindo alguns deles de serem consultados pelos próximos 15 anos.
Na prática, as informações completas sobre a viagem da delegação brasileira, que foi alvo de polêmica, serão conhecidas apenas em 2036.
As revelações fazem parte de uma resposta de mais de 40 páginas submetida pelo novo chanceler Carlos França à bancada do PSOL na Câmara, no dia 7 de maio. Os deputados tinham solicitado explicações sobre a viagem de uma delegação do governo brasileiro para Israel, na primeira semana de março.
Além de Ernesto Araújo, que chegou a levar um pito público durante a viagem por não usar máscara, o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) transportou para Israel o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o deputado Helio Lopes (PSL-RJ), o assessor especial Filipe Martins, e o então secretário de Comunicações, Fabio Wajngarten, além de diplomata.
Da área técnica, a delegação contava com apenas dois representantes: Hélio Angotti Neto, do Ministério da Saúde, e Marco Morales, do Ministério da Ciência e Tecnologia.
No total, o custo da missão foi de mais de R$ 88 mil, sem contar o transporte no avião da FAB e a parcela de gastos arcada pelo governo de Israel.
Antes da missão, Eduardo Bolsonaro e outros membros do governo justificaram a ida para Israel por conta, entre outros fatores, de uma perspectiva de cooperação no desenvolvimento de um spray que ajudaria a combater a covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro também usou sua live nas redes sociais para tocar no assunto. O produto teria tido bons resultados contra a covid-19. Mas tinha sido testado em apenas 30 pessoas.
Ao escrever para os deputados do PSOL, o chanceler Carlos França confirmou que houve reunião com a direção do hospital Ichilov, responsável pelo desenvolvimento do spray, oficialmente denominado de EXO-CD24.
No encontro, foi acordado um programa de cooperação “com vistas à participação do Brasil no desenvolvimento conjunto do produto (fase 2 e 3 de estudos), caso a Anvisa e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa autorizem ensaios clínicos no país”.
“Foi proposto que o Brasil integrasse a fase 2 do desenvolvimento do medicando EXO-CD24″, fazendo parte de pool internacional”, explicou o chanceler.
Mas, na mesma resposta, o Itamaraty também afirma que a cooperação em relação ao spray nasal não se concretizou por meio de um documento, apesar de a delegação ter preparado em inglês e português um modelo de carta de intenções que foi levada para Israel.
“No que diz respeito à carta de intenções entre o Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Saúde e OBCTCCD24 LTDA [empresa que desenvolve o produto] sobre cooperação em relação ao spray nasal EXO-CD24, cujo objetivo seria consolidar a intenção do governo brasileiro de dar continuidade ao diálogo sobre cooperação com aquela empresa, o projeto da carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde e não chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociações internacionais”, diz o texto assinado por França.
Aos deputados, o chanceler submeteu a proposta de texto do acordo. Ela traz as assinaturas de Ernesto Araújo e da parte israelense, mas a do Ministério da Saúde está ausente.
Procurada, a pasta hoje comandada por Marcelo Queiroga não explicou o motivo de o texto não ter sido assinado, mesmo com um representante do Ministério da Saúde na delegação em Israel. Seus assistentes chegaram a pedir à reportagem mais tempo para que a informação pudesse ser buscada pela pasta. Mas não deram mais retorno.
Ainda nas respostas dadas aos parlamentares, o ministro França insistiu que a viagem “não deve ser reduzida às iniciativas de cooperação no domínio da Saúde, muito menos às tratativas para potencial desenvolvimento do spray nasal”.
Procurada, a embaixada de Israel no Brasil explicou que “o trabalho da delegação brasileira que foi a Israel foi muito frutífero e positivo”. “Muitas discussões estão sendo feitas. Os hospitais Hadassah e Ichilov estão em contato com o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil”, disse.
“Uma série de acompanhamentos por videoconferência sobre o assunto está em andamento”, completou.
No hospital Ichilov, a coluna tentou em diversas ocasiões contato com os responsáveis pelo projeto após a viagem de Araújo. Mas os pedidos de informação não foram atendidos.
Em resposta à coluna, o Itamaraty explicou que, “em 9/3/2021, a delegação brasileira que foi a Israel reuniu-se com o diretor do Hospital lchilov/Sourasky, Dr. Ronni Gamzu, e com o chefe do Centro de Pesquisa Médica daquela instituição, Dr. Nadar Arber, e com representantes da empresa OBTCD24. O lchilov é o maior hospital de Tel Aviv, responsável pelo desenvolvimento do spray nasal EXO-CD24, para fins de tratamento da COVID-19”.
Mas a chancelaria confirma que o acordo não foi concluído. “Carta de intenções sobre cooperação em relação ao ”spray” nasal “EXO-CD24″ foi rubricada pelo então Ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, com o objetivo de consolidar a intenção do governo brasileiro de dar continuidade ao diálogo sobre cooperação com a empresa OBCTCD-24”, disse.
“O projeto de carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde e não se chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociação internacional”, disse.
“O projeto de carta de intenção, apenas rubricado, não continha elementos juridicamente vinculantes, nem previsão de gravames financeiros ou obrigações de qualquer espécie para as partes participantes naquela etapa das tratativas”, apontou.
Telegramas em sigilo até o ano de 2036
Os deputados ainda solicitaram que todos os telegramas diplomáticos sobre a viagem fossem disponibilizados. Mas o Itamaraty enviou 28 Termos de Classificação de Informação, no qual apontava como todos os documentos passaram a ser impedidos de ter seus conteúdos revelados.
Alguns deles estão sob sigilo até 2026, enquanto outros até o ano 2036. O Itamaraty ainda colocou tarjas negras para impedir que se saiba até mesmo o motivo pelo qual os telegramas foram classificados como secretos.
O que chama a atenção ainda é que, num dos telegramas colocados como sigilosos por 15 anos, a decisão do Itamaraty foi tomada apenas um mês depois que os documentos foram emitidos.
Lula recebe apoio de eleitores de Ciro, Doria e Huck; atual presidente é opção de defensores de Moro.
A maior parte dos apoiadores de candidatos da chamada “terceira via” optaria por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um hipotético segundo turno contra Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, aponta pesquisa do Datafolha.
De acordo com o instituto, o ex-presidente teria 55% dos votos na etapa final, contra 32% do atual ocupante do Palácio do Planalto.
Mesmo eleitores que declaram intenção de votar em desafetos de Lula, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tendem, em sua maioria, a apoiar o petista no segundo turno.
Declaram voto no ex-presidente 55% dos eleitores de Doria, contra 26% que apoiariam Bolsonaro. Uma parcela significativa, de 20%, votaria em branco ou nulo.
O levantamento foi realizado com 2.071 pessoas, de forma presencial, em 146 municípios, nos dias 11 e 12 de maio.
O dado é significativo, uma vez que Doria construiu sua carreira política com forte discurso antipetista, desde sua primeira campanha eleitoral, para prefeito de São Paulo, em 2016.
Ele chegou a dizer que visitaria Lula na cadeia e declarou voto em Bolsonaro no segundo turno de 2018, com a justificativa de barrar o retomo dos petistas ao Palácio do Planalto.
Mas a pesquisa mostra que a rixa do governador com Bolsonaro, sobretudo em razão da condução da pandemia, hoje se sobrepõe à querela com Lula.
Apoiadores do presidente criticam as medidas de isolamento social defendidas pelo tucano e o chamam, pejorativamente, de “calça apertada”. O governador teve 3% das intenções de voto na simulação de primeiro turno.
Eleitores da ‘terceira via’ que votariam em lula no 2º turno
55% dos eleitores de João Doria declaram voto no petista em um segundo turno contra Bolsonaro
26% dos eleitores de Doria apoiariam o atual presidente
62% dos apoiadores de Ciro Gomes optariam por Lula no segundo turno
15% dos eleitores de Ciro iriam de Bolsonaro
48% dos votos de Luciano Huck iriam para o petista no segundo turno
29% dos eleitores de Huck optariam por Bolsonaro
Lula também receberia a maior parte dos votos dados no primeiro turno ao ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que apareceu com 6% na pesquisa, e o apresentador Luciano Huck (sem partido), que marcou 4%.
No caso dos apoiadores de Ciro, o petista seria a opção de 62%, contra apenas 15% que iriam de Bolsonaro e 22% que optariam pelo voto em branco ou nulo.
Lula e o pedetista têm mantido uma relação turbulenta ao longo dos anos. Ciro foi ministro da Integração Nacional no primeiro governo do petista e tem uma duradoura aliança com o PT do Ceará.
Mas a relação entre os dois caciques se deteriorou bastante a partir de 2018, quando Ciro se ressentiu da atuação do ex-presidente para dificultar a construção de sua coligação eleitoral.
No segundo turno daquele pleito, preferiu viajar a Paris em vez de apoiar Fernando Haddad (PT) contra Bolsonaro. Desde então, o pedetista tem atacado o que chama de “lulopetismo”, e busca se reinventar como um candidato de centro.
Grande parte de seu eleitorado, contudo, ainda o vê como aliado natural de Lula, como mostra a pesquisa.
Quanto a Huck, Lula herdaria 48% de seus votos, contra 29% que iriam para Bolsonaro. Outros 23% votariam em branco ou nulo. O apresentador não costuma polemizar muito com Lula, com exceção de alfinetadas pontuais.
Quando o ex-presidente teve os direitos políticos restabelecidos por decisão do Supremo Tribunal Federal, em março, ele escreveu, em uma rede social, que “figurinha repetida não completa o álbum”.
O único dos possíveis candidatos presidenciais a transferir a maior parte de seus apoiadores para Bolsonaro num segundo turno é Moro, que foi seu ministro da Justiça, mas com quem ele rompeu no ano passado. O ex-juiz teve 7% na pesquisa.
Mesmo com as trocas de acusações entre Moro e o presidente, 39% de seus apoiadores votariam em Bolsonaro no segundo turno. Já Lula, que foi preso por ordem do então responsável pela Operação Lava Jato, receberia 29% dos votos dados a Moro.
Mas, mostrando que os apoiadores de Moro teriam uma escolha muito difícil a fazer, 31% votariam em branco ou nulo num eventual segundo turno entre o atual presidente e o petista.
Lula também recebe, no segundo turno, a maior parte dos votos dos eleitores que consideram o governo Bolsonaro regular (48%) e ruim ou péssimo (82%). Mesmo entre os que avaliam a atual gestão como ótima ou boa, o petista tem o apoio de 15%.
Já Bolsonaro, previsivelmente, tem 81% entre os que aprovam seu governo, 37% dos que a consideram regular e apenas 3% entre os que a classificam como ruim ou péssima.