O ministro é o presidente da 1ª Turma do Supremo. Se a denúncia for aceita, Bolsonaro e os outros denunciados se tornam réus.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin marcou para o dia 25 de março o julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas no inquérito do plano golpista.
O magistrado é o presidente da 1ª Turma do STF. Antes de Zanin marcar o julgamento, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator da investigação na Corte, havia liberado a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise do Supremo.
Além de Zanin e Moraes, formam a 1ª Turma do STF os ministros Luiz Fux, Flávio Dino e Carmen Lúcia. Os ministros avaliarão se aceitam ou não as acusações. Se a denúncia for aceita, Bolsonaro e os outros denunciados passarão a ser réus.
PT também irá ao Conselho de Ética da Câmara para que Gayer tenha o mandato de deputado cassado.
As ofensas publicadas nas redes sociais pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) contra a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foram encaminhadas ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Alcolumbre também pedirá responsabilização criminal.
O mesmo movimento será feito pelo PT, partido político de Gleisi. A sigla também irá ao Conselho de Ética da Câmara para que Gayer tenha o mandato de deputado cassado. Além disso, fará uma denúncia criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Após o presidente Lula afirmar que nomeou “uma mulher bonita” para assumir a pasta e melhorar a relação com o Congresso Nacional, o parlamentar se manifestou sobre o assunto.
“Me veio a imagem da Gleisi, Lindbergh e o Favi Alcolumbre fazendo um trisal. Que pesadelo!”, escreveu Gayer em postagem no X. “Vai mesmo aceitar o seu chefe oferecer sua esposa para Hugo Motta e Alcolumbre como um cafetão oferece uma GP?? Sua esposa sendo humilhada pelo seu chefe e vc vai ficar calado?”.
Mais reações à fala de Gayer sobre Gleisi O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), que anunciou a posição da sigla, reagiu à fala de Gayer. “Esse deputado é um canalha, assassino. Pode olhar a história dele”, disse, em referência a um acidente provocado pelo goiano em 2000, quando dirigia bêbado. Uma pessoa morreu na ocasião. O deputado chegou a ser denunciado, em 2015, pelo Ministério Público de Goiás.
“Aqui nessa Casa [Câmara] a gente tem que ter o mínimo de respeito. […] Nós estamos no mês das mulheres e tivemos uma agressão violenta, de baixo nível, de uma figura desqualificada, como essa que a gente viu. Esse é o tipo de coisa que não dá para aceitar. É com esse tipo de gente que a gente está disputando, infelizmente. É com o esgoto”, completou o líder do PT.
Segundo Lindbergh, a revolta após a fala de Gayer não ficou restrita ao PT. “Causou revolta em toda a Casa a forma absurda, violenta que esse canalha se dirigiu”, completou.
A Procuradoria-geral da República (PGR) se manifestou, nesta quinta-feira (13), a favor do recebimento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros acusados de tramar um golpe de Estado no país.
Ou seja, entendeu que os argumentos das defesas não são suficientes para derrubar a denúncia, e que as investigações reúnem elementos suficientes para tornar réus os denunciados por envolvimento na trama golpista.
A decisão se refere ao chamado núcleo “crucial” do golpe que inclui:
Jair Bolsonaro, ex-presidente;
Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin;
Almir Garnier Santos; ex-comandante da Marinha do Brasil;
Anderson Torres; ex-ministro da Justiça e ex-secretário de
Segurança Pública do Distrito Federal;
General Augusto Heleno; ex-ministro do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência;
Mauro Cid; ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
A manifestação faz parte do procedimento protocolar. Após o recebimento da denúncia, o Supremo Tribunal Federal (STF) abre um período para que os denunciados apresentem suas defesas. Em seguida, envia os argumentos para análise da PGR.
Em linhas gerais, os advogados dos acusados negaram a participação dos investigados no planejamento e atos preparatórios de um golpe de Estado. As defesas ainda apresentaram questões processuais para pedir a rejeição da denúncia da PGR como:
alegação de que STF não é o foro competente para julgar o caso;
argumentaram que o relator do caso tomou medidas por iniciativa própria, extrapolando papel de magistrado;
afirmaram também que não tiveram acesso a todas as provas;
disseram que a PGR não apontou provas que comprovem os crimes imputados.
Na manifestação desta quinta, a PGR apontou que todas as alegações dos advogados são improcedentes.
Segundo a procuradoria, a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, é válida e ocorreu de forma voluntária.
“Nos referidos autos, a Procuradoria-Geral da República se manifestou, em mais de uma oportunidade, pela manutenção do acordo de colaboração premiada, o que foi acolhido judicialmente. Não há fato novo que justifique a alteração desse entendimento”, informa o documento.
Além disso, os procuradores entendem que a investigação ocorreu dentro dos processos legais.
“Os elementos informativos relacionados aos denunciados foram sempre obtidos após requerimento da Polícia Federal e com manifestação da Procuradoria-Geral da República, sem que houvesse violação ao princípio acusatório”.
“No ponto, a Procuradoria-Geral da República reconheceu a validade das novas diligências realizadas pela Polícia Federal”, e as utilizou para formalizar a denúncia.
Os advogados dos acusados também alegaram que não tiveram acesso aos documentos do processo, o que teria prejudicado o exercício da defesa. A PGR, no entanto, não reconhece que isso tenha ocorrido.
“O volume dos documentos disponibilizados às defesas corresponde à complexidade da acusação e com ela os dados guardam estrita pertinência”, afirma.
“A pertinência temática e probatória dos elementos informativos apresentados está demonstrada ao longo de toda a peça acusatória, que indicou os fatos considerados penalmente relevantes, as evidências que os embasaram e os autos onde estas poderiam ser/consultadas, justamente a fim de garantir o pleno exercício da defesa dos denunciados”, prossegue.
Próximos passos Após essa fase da nova manifestação da PGR, Moraes deve começar a preparar seu voto sobre cada um dos denunciados.
Em seguida, ele deve levar o caso para julgamento na Primeira Turma do STF, que vai decidir se a acusação será arquivada ou se os denunciados viram réus e passam a responder pelos crimes.
A primeira turma é presidida pelo ministro Cristiano Zanin, além dos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino.
Deputados bolsonaristas querem uma moção de repúdio da Câmara por Lula ter zerado imposto de importação de alguns alimentos.
Defensores de um Estado menor (ao menos em tese), um grupo de 26 deputados bolsonaristas quer que a Câmara aprove uma moção de repúdio contra a decisão de Lula de zerar o imposto de importação de alguns alimentos, diz Igor Gadelha, Metrópoles.
O pedido foi apresentado na terça-feira (11/3) pelo atual líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS). No requerimento, os bolsonaristas alegam que o corte de impostos traz “graves prejuízos aos produtores rurais”.
“Os produtores rurais continuam sujeitos a uma elevada carga tributária, com custo de produção dolarizado e a um ambiente regulatório hostil, enquanto os produtos importados passam a concorrer com isenções de imposto, reduzindo a competitividade do setor no cenário global. Essa estratégia enfraquece a economia nacional, reduz a geração de empregos e aumenta a dependência do Brasil de fornecedores externos”, afirma Zucco no requerimento.
Além disso, os deputados bolsonaristas argumentam que a decisão de zerar os impostos de importação é “inócua”, “com zero impacto no controle inflacionário de alimentos”.
“O governo federal opta por mais uma intervenção econômica no mercado, interferindo no equilíbrio natural de preços de acordo com a demanda e oferta, sem garantir maior incentivo para a produção nacional na redução do custo de produção, sem ouvir toda a cadeia produtiva, encurralando o produtor rural e o consumidor”, afirmam.
Confira os parlamentares que assinaram o requerimento:
No dia 21 de novembro de 2024, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid prestou um depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, pressionado pelo risco de voltar à prisão graças à suspeita de ter desrespeitado os termos que o mantinham fora dela. Ele decidiu, então, contar quando soube que militares “iam possivelmente começar um planejamento sobre alguma ação” golpista após as eleições de 2022.
Dentre suas revelações naquele dia, uma se destaca: a parte mais violenta da trama golpista em 2022 teve início após uma conversa informal com dois “kids pretos”, ambos amigos seus de longa data, no hotel de trânsito para oficiais dentro da Vila Militar em Goiânia (GO) – em pleno Comando de Operações Especiais do Exército.
No depoimento, Cid explicou que, à época da conversa, estava participando de reuniões de planejamento de futuras atividades militares na unidade dos “kids pretos”. Àquela altura, entre os dias 9 e 11 de novembro de 2022, o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha como certo que assumiria o comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos – parte do Comando de Operações Especiais – a partir de janeiro de 2023.
Cid relatou a Moraes e Gonet que os oficiais “de Oliveira e Ferreira Lima” o procuraram numa noite durante sua estadia no hotel de trânsito de oficiais, após as atividades do dia. Ele se referia ao então major Rafael Martins de Oliveira e ao tenente-coronel Hélio Ferreira de Lima, “kids pretos” amigos de Cid havia mais de 20 anos – os três se formaram no ano de 2000 no curso de formação de oficiais da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
“Eles [Oliveira e Lima] estavam dispostos a fazer alguma ação que gerasse alguma mobilização de massa, que pudesse causar o caos institucional e que pudesse levar à decretação de um estado de defesa, estado de sítio, alguma coisa nesse sentido”, afirmou Cid.
À época dos fatos, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima atuava como chefe de seção no Comando da 6ª Divisão de Exército, em Porto Alegre (RS). Já o hoje tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira atuava, como major, na seção de planejamento naquele mesmo Comando de Operações Especiais, em Goiânia. Ambos estão presos desde 26 de novembro de 2024, graças à Operação Contragolpe, da Polícia Federal (PF) – no momento de sua prisão, aliás, Hélio Ferreira Lima fez questão de usar sua farda do Exército.
Na mesma conversa, os dois “kids pretos” hoje presos teriam pedido a Cid que agendasse uma reunião com o general Walter Braga Netto, porque o general “mantinha contato entre os manifestantes acampados na frente dos quartéis e o Presidente da República”.
O encontro aconteceu dias após a conversa no hotel do Exército, em 12 de novembro de 2022, na residência de Braga Netto em Brasília (DF), disparando uma série de ações clandestinas visando ao golpe de Estado.
“Na reunião [dos “kids pretos” com Braga Netto], se discutiu novamente a necessidade de ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social, permitindo, assim, que o Presidente assinasse o estado de defesa, estado de sítio ou algo semelhante”, diz a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na última quarta, 18 de fevereiro.
Ainda segundo a PGR, “os diálogos mantidos após a reunião indicaram a aprovação, inclusive financeira, do plano por Braga Netto”. As investigações apontam que o plano teria custado R$ 100 mil – não se sabe ao certo, porém, a origem do dinheiro usado na operação.
De 12 de novembro até dezembro de 2022, foi colocada em prática a operação tramada pelos “kids pretos”, denominada “Copa 2022”, com monitoramento ilegal para o sequestro e “neutralização” (assassinato) do ministro Alexandre de Moraes.
O ápice da empreitada ocorreu na noite de 15 de dezembro, quando o grupo golpista ficou de tocaia no setor Sudoeste e no Parque da Cidade de Brasília, próximo de onde Moraes residia, preparado para capturá-lo. Mas a operação foi abortada de última hora.
Para a PGR, o ataque contra Moraes não foi consumado pela falta de apoio do Alto- Comando do Exército ao golpe. Isso, porém, não impediu que os envolvidos ficassem à espera do ministro do STF para possivelmente capturá-lo e matá-lo.
As pontas soltas da operação “Copa 2022” A denúncia apresentada pela PGR no caso da tentativa de golpe fornece respostas, mas não elucida quem eram todos os participantes da operação “Copa 2022”.
“A operação, conforme previsto pelo plano ‘Punhal Verde Amarelo’, envolveria ao menos seis militares, sendo essencial que houvesse um canal de comunicação entre eles, em que suas identidades permanecessem sob sigilo”, conforme apontado pela PF no relatório final sobre o caso.
Para executar a operação, os “kids pretos” criaram um grupo chamado “Copa 2022” no aplicativo Signal, onde a trama era arquitetada. Eles usavam típicas técnicas empregadas pelas Forças Especiais – codinomes cifrados e registro dos seis aparelhos celulares usados na operação em nome de terceiros, para não serem identificados. Os codinomes usados no grupo eram Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Gana e Japão.
O tenente-coronel Rafael de Oliveira, um dos “kids pretos” que propuseram, no hotel do Exército em Goiânia, “causar o caos” no país, teve um papel central na trama golpista segundo a denúncia da PGR. As investigações revelam a presença do militar em reuniões estratégicas, na elaboração de planos de ação, no monitoramento ilegal de autoridades e na coordenação de operações clandestinas – como a “Copa 2022”.
Privatização das escolas públicas e dois leilões de gestão de 33 escolas foram suspenso pela 3ª Vara de Fazenda Pública.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) conseguiu barrar a privatização das escolas públicas no estado de São Paulo. Foi suspenso o processo de privatização das escolas públicas e a anulação de dois leilões de gestão de 33 escolas estaduais para a iniciativa privada. Saiba mais na TVT News.
Privatização das escolas estaduais de SP são suspensas O juiz Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública, determinou a suspensão do processo de privatização das escolas públicas e anulação dos dois leilões realizados para a transferência da gestão de 33 escolas estaduais para a iniciativa privada. A determinação aconteceu nesta terça-feira (11).
Os leilões eram divididos em dois lotes, o Oeste e o Leste.
O Oeste ocorreu no dia 29 de outubro de 2024. Nele continha 17 unidades escolares distribuídas entre as cidades do Oeste do estado de SP: Araras, Bebedouro, Campinas, Itatiba, Jardinópolis, Lins, Marília, Olímpia, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, São José do Rio Preto, Sertãozinho e Taquaritinga.
Já o Lote Leste, cuja licitação ocorreu no dia 4 de novembro de 2024, ofereceu a construção de 16 unidades escolares em diversas cidades. São elas: Aguaí, Arujá, Atibaia, Campinas, Carapicuíba, Diadema, Guarulhos, Itapetininga, Leme, Limeira, Peruíbe, Salto de Pirapora, São João da Boa Vista, São José dos Campos, Sorocaba e Suzano, segundo a TVT.
Em ambos os casos, o objeto do edital era a construção e a gestão administrativa das unidades escolares, incluindo serviços de manutenção e conservação. O prazo de concessão estava prevista para 25 anos, com valores estimados em R$2,1 bilhões.
Para a deputada estadual Professora Bebel (PT), que é segunda presidenta da Apeoesp e determinou o ingresso da Ação Civil Pública, a decisão representa um marco na luta em defesa da educação pública e da gestão democrática nas escolas.
“Essa sentença significa para nós uma grande vitória. É uma vitória gigante, que nos permite dizer em alto e bom som: privatização não é a solução. Queremos uma gestão democrática, em que as escolas possam debater seu projeto político-pedagógico sem interferências externas de caráter privado. Essa decisão é fundamental para proteger os profissionais da educação, que correm o risco de demissão com a entrega da gestão escolar para empresas privadas” afirma Bebel.
A parlamentar também destaca os prejuízos causados pela privatização, além da demissão de profissionais da educação, como a perda da autonomia pedagógica das escolas. Segundo ela, a decisão judicial garante segurança aos trabalhadores da educação e reafirma a necessidade de manter a educação pública sob gestão estatal.
Brigada Paraquedista e Forças Especiais travam disputa interna por influência na estrutura do Exército.
O Alto Comando do Exército realiza uma intervenção no Comando de Operações Especiais (COpEsp), unidade formada por Kids Pretos, que aderiu à tentativa de golpe liderada por Jair Bolsonaro. A decisão faz parte de um movimento para retomar o controle hierárquico da tropa de elite, que, ao longo dos anos, acumulou um nível de autonomia e influência que desafiou a estrutura de comando tradicional.
Entre as principais preocupações do Alto Comando estão a quebra de hierarquia e a indisciplina, exacerbadas durante a gestão Bolsonaro, período em que as forças especiais passaram a se considerar acima da cadeia de comando. A intervenção no COpEsp busca conter essa autonomia excessiva e garantir que suas atividades permaneçam sob total supervisão.
Uma das principais medidas adotadas foi a redução no número de vagas do Curso de Ações de Comandos (CAC), essencial para ingresso nas forças especiais em conjunto com a conclusão do curso de paraquedismo. Essa exigência reflete a ligação direta entre as forças especiais e a Brigada Paraquedista, duas unidades que historicamente rivalizam pelo domínio interno no Exército. Nos últimos anos, essa disputa se acirrou, especialmente com o crescimento da independência operacional dos comandos.
O atual comandante do Exército, general Thomás Paiva, oriundo da Brigada Paraquedista, representa uma tentativa do Alto Comando de reequilibrar a influência dentro da instituição. Embora os paraquedistas sejam a porta de entrada para as forças especiais, os comandos adquiriram, ao longo dos anos, maior autonomia e influência política, consolidada durante o governo Bolsonaro. Durante esse período, setores das forças especiais passaram a operar alinhados a interesses políticos, desafiando a hierarquia do Exército e influenciando decisões estratégicas, gerando atritos internos e preocupação com a disciplina militar.
A nomeação de Thomás Paiva para o comando da Força Terrestre faz parte dessa estratégia de contenção, consolidando a influência da Brigada Paraquedista e reduzindo o espaço de manobra do COpEsp. Além da diminuição de novos operadores das forças especiais, outras medidas vêm sendo discutidas para reforçar a supervisão sobre essas tropas. Entre elas, estão o aumento da fiscalização, a revisão do orçamento e ajustes na estrutura de comando, assegurando que sua atuação esteja alinhada às diretrizes institucionais e não a interesses isolados.
O Alto Comando avalia mecanismos para garantir que as operações conduzidas pelo COpEsp respeitem a política institucional do Exército, prevenindo interferências políticas ou ações autônomas que coloquem em risco a disciplina militar. Embora essas medidas sejam bem recebidas por parte da cúpula militar, enfrentam resistência entre setores das forças especiais, que enxergam a reformulação como uma tentativa de reduzir sua influência. Segundo Cleber Lourenço, Forum, alguns oficiais argumentam que as forças especiais desempenham papel estratégico e que a restrição de sua autonomia pode comprometer a eficiência do Exército em cenários de conflito.
O Exército agora enfrenta o desafio de reorganizar sua estrutura interna sem afetar a eficiência operacional das forças especiais. A disputa de poder entre o COpEsp e a Brigada Paraquedista continua sendo um fator determinante nesse processo, e as mudanças poderão redefinir o equilíbrio de forças dentro da instituição. O sucesso dessa reformulação dependerá da capacidade do Alto Comando de reafirmar a hierarquia e limitar a influência política sobre setores estratégicos da tropa. Além disso, será necessário redistribuir funções dentro da estrutura militar para evitar que setores descontentes busquem recuperar seu espaço de forma independente.
O debate sobre o papel das forças especiais dentro do Exército não se restringe apenas à hierarquia, mas também envolve o futuro da doutrina militar brasileira. A crescente sofisticação dessas tropas e sua relevância em operações estratégicas levantam questionamentos sobre como integrá-las à estrutura convencional sem que sua autonomia gere riscos institucionais. O histórico recente demonstrou que, sem uma supervisão adequada, essas unidades podem atuar como centros de poder paralelo, dificultando a manutenção da disciplina e do controle interno. Para evitar esse risco, o Alto Comando precisará equilibrar a restrição da autonomia com a preservação da eficiência operacional dessas unidades.
A reformulação do COpEsp não é apenas uma mudança administrativa, mas um reflexo da disputa interna dentro do Exército. A relação entre as forças especiais e a Brigada Paraquedista continuará sendo central nessa reconfiguração, e os próximos anos definirão se o Exército conseguirá manter o equilíbrio entre eficácia operacional e controle hierárquico. O grande desafio será encontrar um meio-termo entre disciplina e autonomia, prevenindo novos episódios de indisciplina e interferência política dentro das Forças Armadas.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal (PF) apresente transcrições de conversas entre a vereadora Marielle Franco (Psol) e o delegado Rivaldo Barbosa, acusado de ser um dos mandantes do crime ocorrido em março de 2018. A decisão atende a um pedido da defesa do delegado.
Rivaldo foi chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro de março a dezembro de 2018 e está preso preventivamente desde o ano passado. Ele é réu na ação penal que apura quem são os mandantes dos assassinatos da vereadora e do motorista Anderson Gomes. O crime vai completar sete anos nesta sexta-feira (14).
Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Rivaldo também teria atuado para atrapalhar as investigações sobre o crime enquanto chefiava a polícia fluminense. Ele tomou posse do cargo na véspera do assassinato, nomeado pelo então comandante da intervenção federal na segurança pública do Rio, o general Walter Braga Netto.
A defesa de Rivaldo nega a participação dele no crime e espera que as conversas anexadas ao processo provem que os dois mantinham uma relação cordial. Moraes também aceitou outro pedido da defesa para que seja enviado ao STF um processo criminal que tramita no Rio com envolvimento do assassino confesso Ronnie Lessa.
O ministro, no entanto, rejeitou outros pedidos da defesa. Um deles, sobre uma suposta estrutura ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que teria sido usada para monitorar um dos delegados que assumiu o caso, Moraes considerou que “não possui relevância para a apuração dos delitos objetos da ação penal”.
ONG, que chegou a ser denunciada pelo ministro por interferir em processo licitatório, enviou relatório de duas páginas com relatos inconsistentes cinco meses após PF abrir investigação e cobrar detalhamento das denúncias.
Passados seis meses da demissão do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania por supostos casos de assédio sexual e moral, Silvio Almeida assiste a uma reviravolta no caso, que envolve a Organização Não Governamental Me Too.
As supostas denúncias contra Almeida foram publicadas primeiramente pelo portal Uol em 4 de setembro passado sob o título “Ministério dos Direitos Humanos tem denúncias de assédio e demissões”.
Um dia depois, o jornalista Guilherme Amado, então no Metrópoles (hoje está na Globo), afirmou em reportagem: “Silvio Almeida é acusado de assediar mulheres. Entre elas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco”.
No texto, Amado afirma que a Ong Me Too “confirmou à coluna ter sido procurado por mulheres que relataram supostos episódios de assédio sexual praticados pelo ministro”. O jornalista diz ter procurado a ONG “após receber denúncias de suposta prática de assédio sexual” contra a ministra.
À época, por meio do Ministério dos Direitos Humanos, Almeida acusou a Me Too de tentar interferir em uma licitação da pasta para favorecer seus próprios interesses.
“A organização responsável pela divulgação das supostas denúncias possui histórico relacional controverso perante as atribuições desta pasta”, diz o texto, bastante criticado à época, que lista uma série de eventos nos quais a ONG Me Too teria tentado modificar o processo licitatório – leia a íntegra.
A Mee Too rebateu as acusações e disse que iria entregar os relatos dos supostos assédios à Polícia Federal, que abriu investigação para apurar o caso. No dia 6, Almeida foi demitido do governo.
Reviravolta Autora do livro “A vida nunca mais será a mesma”, em que debate a cultura da violência e o estupro no Brasil, a jornalista Adriana Negreiros revelou nesta segunda-feira (10), em reportagem no Uol, uma série de lacunas que mostram uma reviravolta no caso.
Segundo a jornalista, após 5 meses de investigação, sendo cobrada pelos agente da PF a apresentar as denúncias contra Almeida, a Me Too enviou aos investigadores um relatório de duas páginas com relatos de cinco supostas vítimas sem especificar as datas em que as mulheres procuraram a ONG.
Todos os breves relatos descritos pela ONG, sem qualquer identificação das supostas vítimas, foram feitos em data posterior às acusações contra Almeida.
Em um deles, relatado como “vítima 4”, o relatório diz que a mulher teria falada com uma “voluntária do Me Too em 16 de setembro de 2024 e, depois, parou de responder às mensagens”.
Dois outros deles – “vítimas 1 e 2” – são datados de 5 de fevereiro, quando a PF já cobrava há meses a ONG de apresentar as denúncias.
Ainda segundo a reportagem, as conselheiras do Mee Too – a jornalista Maria Amélia Teles, a ex-desembargadora Kenarik Boujikian, a professora de Direito Silvia Pimentel e a ativista Neon Cunha – não teriam sido consultadas e sequer ficaram sabendo das denúncias contra Almeida.
Elas também teriam sido orientadas pela ONG a não darem entrevista sobre o assunto ao Uol.
Uma advogada afirmou, em condição de anonimato, que muitas conselheiras ficaram sabendo apenas após a adesão que o Me Too Brasil não tinha relação com o movimento homônimo dos Estados Unidos.
O objetivo das duas organizações, assim como o nome, são os mesmos: acolher mulheres vítimas de assédio e violência sexual.
No entanto, o movimento Me Too Brasil foi criado em 2019 pela advogada Marina Ganzarolli, de São Paulo. Em junho de 2022, ela abriu um CNPJ em nome do Me Too Brasil, organização focada em “atividades de associações de defesa de direitos sociais”, de acordo com a Forum.
A ONG, que tem endereço em um apartamento residencial na região central da capital paulista, tem como atividades secundárias “portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet”, além de “atividades de consultoria em gestão empresarial”, dentre outros.
Além de Marina, a ONG tem como sócias e administradoras as advogadas Luanda Pires e Luciana Terra Villar e a psicóloga Mariana da Costa Pedro Nogueira da Luz.
Veja vídeo em que Adriana Negreiros fala sobre a reportagem que causou reviravolta no caso.
Ao se referir ao presidente americano, Lula disse que aprendeu “a não ter medo de cara feia”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em evento em Betim (MG) nesta terça-feira. Em meio a guerra comercial promovida por Trump, Lula disse que não adianta o presidente americano “ficar gritando de lá” porque ele não tem medo de cara feia.
Todo mundo vai ganhar, nós não queremos o Brasil para nós, nós queremos o Brasil para vocês. Não adianta o Trump ficar gritando de lá porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado.
Na semana passada, Brasil e Estados Unidos deram o primeiro passo para a negociação de um acordo para evitar que as exportações brasileiras sejam afetadas pela elevação de tarifas nas importações de aço e alumínio anunciada por Donald Trump.
O assunto foi tratado em uma reunião entre vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, com os dois principais responsáveis pelo tema da equipe de Trump: o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial americano, Jamieson Greer.
Além do aço e do alumínio, Trump avisou que vai aumentar as alíquotas de produtos cujo imposto é maior do que o cobrado pelos americanos, como o etanol. Um dos argumentos usados pelo Brasil é que as exportações brasileiras não são uma ameaça às indústrias americanas, porque as economias dos dois países são complementares. Além disso, quem pagará mais caro pelo tarifaço serão as empresas dos EUA, que dependem de produtos siderúrgicos para a produção.
Lula citou Trump nesta terça-feira durante a cerimônia de inauguração do centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex no Polo Automotivo Stellantis de Betim (MG). Lula criticou o presidente americano ao fazer previsões otimistas para a economia brasileira:
Pode ter certeza que a economia brasileira vai continuar crescendo, a gente vai continuar gerando emprego, a inflação vai baixar, nós fizemos a maior política tributária que esse país já viu na história. E todo mundo vai ganhar, nós não queremos o Brasil para nós, nós queremos o Brasil para vocês.
Lula também citou que quer deixa a presidência entregando o que prometeu e afirmou que o Brasil não aceita ser menor:
Quero sair da Presidência entregando mais do que eu prometi nas eleições. O Brasil passou a ser um país respeitado. O Brasil não quer ser maior do que ninguém, mas o Brasil não aceita ser menor. Queremos ser iguais. Porque, sendo iguais, a gente aprende a se respeitar mutuamente.
Ao iniciar seu discurso, enquanto citava a nominata de ministros presentes no evento, Lula fez um afago ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estava no palco:
Meu caro Fernando Haddad, responsável pelos acertos das coisas que estão acontecendo de forma benéfica na economia brasileira.