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Pesquisa

Pesquisa do PL mostra que Tarcísio e Michelle ainda estão fora do páreo de 2026

Uma pesquisa nacional encomendada pelo PL mostra que os principais pupilos de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, e Michelle Bolsonaro, ainda estão longe de serem competitivos na disputa pela Presidência em 2026.

O levantamento feito pela Paraná Pesquisas que será apresentado nesta semana para a cúpula do partido mostra que, na pesquisa espontânea que ouviu 2.026 pessoas, apenas duas citaram Michelle Bolsonaro nominalmente, o que equivale a 0,1% dos participantes, segundo O Globo.

Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi mencionado por 16 pessoas, ou seja, 0,8% daqueles ouvidos.

Lula lidera o cenário na pesquisa espontânea com 20,3%, seguido de Bolsonaro, que apesar de inelegível, foi mencionado por 14,4%.

Os dados revelam que, de forma espontânea, ou seja, sem estimular os participantes a escolher um nome, a maior parte do eleitorado ainda não sabe em quem votará para presidente em 2026. Um total de 54,6% das pessoas ouvidas declarou que não sabe ou não opinou.

O levantamento da Paraná Pesquisas foi realizado ente os dias 24 e 28 de janeiro, em 164 municípios das 27 unidades da federação.

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Opinião

A direita pós-bolsonarista está órfã

Uma das grandes vantagens, talvez a maior da democracia é que ela elimina 99,9% daquilo que não presta na política.

Um político ou outro, como Aécio, que virou um trapo depois que perdeu todo o seu peso líquido, quando foi pego pedindo e recebendo propina da JBS, consegue até fazer uma cera, mas sabe que seu destino já foi traçado rumo ao ostracismo até sair da política e ninguém notar.

O maior partido de direita no Brasil, é a Globo, no entanto, de Collor a Moro e, depois, Bolsonaro, quando Moro pulou fora da candidatura à presidência, rigorosamente todos os heróis apoiados pela Globo, foram a pique.

Foi assim, porque a democracia varreu os entulhos neoliberais para fora da disputa nacional.

Bolsonaro sabe disso, sabe inclusive que seus eleitores são tão fieis quanto ele, ou seja, zero fidelidade. Ele não vai confessar, mas sabe que apenas herdou o gado da Globo que havia votado em Aécio, como fez durante anos votando no PSDB e Dem, que hoje inexistem.

Mas o caso de Bolsonaro é mais sério, por isso sua insistência em dizer que ainda é popular, quando, na verdade, na batata, fora dessas armações que faz para parecer que tem um tamanho que não tem, o sujeito está sofrendo sarcopenia política em passo acelerado, o que o faz entrar em pânico, porque sempre acreditou que seu eleitorado lhe daria salvo conduto diante do judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal.

Mas Bolsonaro já foi, já deu, não tem volta. É para frente que a política anda. E não se pode esquecer que ele é o primeiro presidente pós-ditadura que não conseguiu se reeleger, enquanto Lula é o único presidente que conseguiu se eleger três vezes.

O fato é que o eleitorado da direita está com as mãos vazias, à espera de um novo Messias, até pior que Bolsonaro, e não tem nenhum animal desse porte no horizonte para ser a próxima vaca sagrada dos ex-bolsonaristas.

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Política

Super-ricos são ‘elite do atraso que afunda o país’, diz campanha

Entrevista histórica de Jessé Souza com financista revela como operam as elites brasileiras, comprando a todos, de modo a preservar seus ganhos e privilégios.

São Paulo – Nesta semana em que o governo comemorou os impactos na arrecadação da nova lei que estabeleceu a tributação dos fundos exclusivos e offshores, a Campanha Tributar os Super-Ricos rememora uma entrevista com um executivo de um banco privado que revelou como opera a elite econômica brasileira. O financista, que teve a identidade preservada, conversou com o sociólogo Jessé Souza, e contou detalhes de “arrepiar”.

Assim o CEO relatou como os integrantes da elite financeira nacional financiam golpes, ataques à democracia com falsos argumentos e destroem políticas públicas para manterem ganhos indevidos e privilégios. Nesse sentido, também confessou como a elite econômica se protege para continuar concentrando renda e riqueza, num país marcado pela desigualdade.

Jessé conversou com o personagem durante pesquisa para o livro A Classe Média no Espelho, lançado em 2018. Ele buscava entender como os extratos médios da sociedade passaram a emular a ideologia das elites. O site Diário do Centro do Mundo publicou a entrevista, em 2019, após autorização do agente editorial do sociólogo.

O executivo, identificado como “Sérgio” remete a histórias contadas por “João Carlos”, seu amigo de infância, filho de banqueiros, que ficou “multimilionário” na década de 1990. Ele então foi trabalhar com o amigo, que compartilhou detalhes das suas relações nos meios financeiros paulistanos, e nas esferas de poder, tanto em Brasília como em São Paulo.

Como operam os super-ricos
“João costuma dizer que quem manda no Brasil, a elite, não soma mais do que 800 pessoas, e que ele e eu conhecemos cada uma delas. Dessas 800 pessoas, 600 estão em São Paulo, 100 em Brasília e 100 no resto do Brasil”, conta o Sérgio. Assim, o executivo destaca que eles mantêm uma “excelente relação” com boa parte desse pessoal. “Diria que, com pelo menos umas 100 dessas 800 pessoas, temos uma relação de confiança construída ao longo dos anos”.

O executivo era responsável pelos contatos com juízes, políticos e jornalistas, e clientes estrangeiros. Conta que em São Paulo, “o que move tudo é o dinheiro”. “A cidade é toda comprada, não se iluda, toda licitação pública e todo negócio lucrativo, sem exceção, é repartido e negociado”.

“Todo mundo tem um preço. Até hoje não conheci quem não tivesse. E para todo negócio é necessário uma informação privilegiada aqui, um amigo no Banco Central ali. Um sentença comprada ali ou a influência de um ministro em Brasília acolá”, reafirma.

Assim, para a campanha, a entrevista desnuda as estratégias que as elites adotam para manter seus privilégios. “São isentos, subtributados, sonegam, fazem ‘contabilidade criativa’, manobras tributárias, maiorias no Carf… Nunca pagam e engordam suas fortunas”. Desse modo, “um bom começo é tributar a renda e a riqueza de forma mais justa”.

Nesse sentido, as mais de 70 organizações sociais, entidades e sindicatos que compõem a campanha destacam que a reforma tributária ainda não chegou na renda e na riqueza. E que é preciso mobilização popular para acabar de vez com os privilégios dos super-ricos. “Se todo mundo têm um preço, milhões de pessoas exigindo justiça fiscal e social vai render cidadania e um país mais justo”.

*RBA

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Mundo

EUA violam soberania do Iraque e da Síria, ocupam parte de seu território, diz ex-militar americano

Com os ataques a esses países e uma “escalada absolutamente perigosa”, Earl Rasmussen espera que haja “adultos na região”.

Os EUA, com seus ataques ao Iraque e à Síria, violam a soberania de ambos os países, afirmou Earl Rasmussen, coronel aposentado do Exército dos EUA e ex-vice-presidente da Fundação Eurásia, à Sputnik.

“Isso é uma violação da soberania do Iraque e da Síria. Além disso, continuamos a ocupar ilegalmente territórios no Iraque e na Síria, juntamente com nosso apoio ao genocídio em curso em Gaza, tornando esses locais alvos de grupos paramilitares”, comentou Earl Rasmussen os ataques dos EUA.

Na opinião de Rasmussen, as ações de Washington são uma “escalada absolutamente perigosa” da situação, com os EUA não só não estando interessados na estabilidade regional, como também ajudando muitos grupos locais.

“Esperemos que haja adultos na região para evitar uma escalada ainda maior, pois os EUA e Israel definitivamente não estão buscando a redução da escalada ou a estabilidade”, acrescentou.

No último final de semana, tropas dos EUA em uma base na Jordânia foram atacadas por um drone. De acordo com o Pentágono, o ataque matou três militares e feriu mais de 40. Entre outros, Washington atribuiu a responsabilidade pelo incidente ao Irã.

Os EUA retaliaram o ataque à sua base militar na Jordânia, atingindo mais de 85 alvos ligados às forças do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) e grupos afiliados no Iraque e na Síria.

*Sputnik

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Investigação

PF levou caneta espiã de Carluxo, mas deixou para trás um pen drive ‘russo’ da corporação

Na operação de busca que a PF fez na terça-feira passada na casa de Carlos Bolsonaro, na Barra da Tijuca, além de um modem, os agentes levaram um objeto inusitado, ou talvez nem tanto: uma caneta espiã, daquelas com câmera secreta, que filmam, gravam e tiram fotos.

A aliados, Carluxo garante que o equipamento fora comprado há dez anos e nunca usado por ele, diz Lauro Jardim/O Globo.

Na mesma operação, mas em outro endereço, o escritório do Zero Dois na Zona Norte carioca, os agentes apreenderam um computador, mas acabaram deixando no local um equipamento levado por eles próprios, que foi descrito por Carlos a aliados como “uma espécie de pen drive que aparenta ser de origem russa”.

 

 

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Mundo

Cuba: um amigo histórico do povo palestino

Cuba mantém uma posição consistente com sua política histórica de apoio ao povo palestino e a uma solução pacífica.

A luta palestina contra a ocupação israelense ganhou nova relevância no cenário internacional após a escalada que começou em 7 de outubro. A brutalidade do ataque israelense, praticamente sem comparação com outras agressões anteriores, expôs o cinismo de muitas das grandes potências ocidentais, defensoras proclamadas dos “direitos humanos”, mas indolentes diante do genocídio que está sendo cometido diante de seus olhos por interesses geopolíticos calculados friamente.

Os esforços da mídia mainstream hoje visam apresentar os perpetradores como vítimas, demonizando a resistência palestina e tornando invisíveis ou diminuindo as ações de Israel. Neste longo conflito, é justo apontar a bela história de solidariedade entre os povos, que uma pequena ilha caribenha vem escrevendo há décadas. Cuba, a “terrível e desumana ditadura” que os principais cartéis de mídia corporativa insistem em retratar, tem sido e é um dos defensores mais fortes do povo palestino.

Fidel e a causa palestina

Embora a Revolução Cubana tenha mostrado desde cedo sua solidariedade com o povo palestino, a figura de Fidel, sua compreensão do mundo árabe e os relacionamentos que ele elaborou com os principais líderes e movimentos de resistência nessa área geográfica foram fundamentais. De particular relevância é sua relação com Yasser Arafat, líder histórico da resistência palestina.

Em 12 de outubro de 1979, na qualidade de presidente do Movimento Não Alinhado (MNA), Fidel falou enfaticamente sobre o conflito israelense-palestino, com palavras que ainda são relevantes hoje:

“Do fundo de nossas almas, repudiamos com toda a nossa força a perseguição implacável e o genocídio que o nazismo desencadeou contra o povo judeu em seu tempo. Mas não consigo me lembrar de nada mais semelhante na nossa história contemporânea do que o despejo, a perseguição e o genocídio realizado hoje pelo imperialismo e pelo sionismo contra o povo palestino”.

Em 1982, em diálogo com o líder palestino Yasser Arafat, Fidel comunicou a decisão de Cuba de receber 500 crianças palestinas para realizar seus estudos na nação antilhana. Isso marca o início de uma colaboração que ao longo dos anos formou milhares de palestinos em medicina, engenharia e outras profissões fundamentais para o desenvolvimento de suas comunidades. Até hoje, centenas de jovens palestinos estudam em várias universidades cubanas com bolsas de estudo fornecidas pelo governo cubano.

Fidel também expôs a situação palestina em numerosos fóruns internacionais ao longo de seu extenso trabalho político. E uma vez aposentado, ele continuou acompanhando de perto a realidade na área. A prova da indignação causada pela impunidade do genocídio israelense é um texto publicado em 6 de agosto de 2014 em sua coluna de opinião habitual no jornal Granma, sob o título: “Holocausto palestino em Gaza”.

O conflito atual

A violência desencadeada em 7 de outubro teve um impacto arrepiante na vida dos palestinos. Mais de 25 mil palestinos foram mortos por Israel, dos quais mais de 10 mil são crianças, e os números continuam a aumentar. Inúmeras organizações internacionais condenaram os ataques a hospitais, escolas, edifícios residenciais, mesquitas e o uso ilegal de fósforo branco contra civis. Em uma carta recente, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, denunciou que mais de 80% da população de Gaza foi deslocada.

Desde o início desta nova escalada, Cuba mantém uma posição consistente com sua política histórica de apoio ao povo palestino e uma solução pacífica para o conflito. Apenas para mencionar algumas ações, a ilha promoveu e votou a favor da resolução “O direito do povo palestino à autodeterminação”. Cuba tem apoiado, como membro do MNA, a posição do bloco perante o Conselho Executivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas, denunciando o possível uso por Israel de armas proibidas. Cuba também participou de numerosos fóruns internacionais convocados, incluindo várias sessões extraordinárias da Assembleia Geral da ONU, exigindo um cessar-fogo e reivindicando os direitos do povo palestino.

*BdF

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Mundo

Ataques dos EUA na Síria e Iraque deixam mortos e feridos: ‘agressão contra a soberania’

Um porta-voz das Forças Armadas Iraquianas classificou os ataques como ‘uma ameaça que arrastará consequências imprevistas’ no Oriente Médio.

Ataques do Exército dos Estados Unidos a postos usados pela Guarda Revolucionária do Irã na Síria e no Iraque, como prometido pelo presidente Joe Biden, deixaram ao menos 16 mortos e 25 feridos, informou neste sábado (03/02) o governo iraquiano.

Os ataques contra 85 alvos duraram 30 minutos e foram utilizadas mais de 125 munições de precisão.

Alguns deles foram executados por bombardeiros B-1B, que partiram da Base Aérea de Dyess, no Texas, na sexta-feira (02/02), em um voo de mais de 6 mil milhas.

Os alvos atingidos incluíram centros de operações de comando e controle, centros de inteligência, foguetes e mísseis, armazéns de armazenamento de veículos ventilados não tripulados e instalações de logística e cadeia de abastecimento de munições usadas por grupos de milícias apoiados pelo Irã.

“A administração dos EUA cometeu uma nova agressão contra a soberania do Iraque, uma vez que as localizações das nossas forças de segurança, nas regiões de Akashat e Al-Qaim, bem como em locais civis vizinhos, foram bombardeadas por vários aviões dos EUA”, disse o governo iraquiano, citado pela ABC News.

“Esta agressão flagrante levou à morte de 16 mártires, incluindo civis, além de 25 feridos. Também causou perdas e danos a edifícios residenciais e propriedades de cidadãos”, acrescentou.

O governo iraquiano também disse que os ataques “colocam a segurança no Iraque e na região no limite” e contradizem diretamente o esforço dos EUA para “estabelecer a estabilidade necessária” na região.

A resposta é a primeira do que se espera ser uma série de ataques em retaliação pela morte de três soldados norte-americanos na semana passada na Jordânia, segundo um oficial de defesa dos EUA.

Biden deu ordem para atacar grupos afiliados e apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria, alertando que, “se os Estados Unidos forem atingidos, reagirão”.

“A nossa resposta começou hoje. Os Estados Unidos não procuram conflitos no Oriente Médio ou em qualquer outro lugar do mundo”, afirmou Biden na sua primeira declaração sobre os ataques. A ação militar constitui uma escalada significativa em todo o Oriente Médio.

Ameaça à estabilidade da região

Um porta-voz das Forças Armadas Iraquianas classificou os ataques como “uma ameaça que arrastará o Iraque e a região a consequências imprevistas”. O Ministério das Relações Exteriores do Irã, por sua vez, afirmou que este foi “outro erro estratégico” dos Estados Unidos.

Já o grupo fundamentalista islâmico Hamas acusou o governo norte-americano de ameaçar a “estabilidade da região” e descreveu os ataques como “servindo à agenda expansionista da ocupação [de Israel]”.

Alertando sobre as consequências, o Hamas apelou aos Estados Unidos para “reverem as suas políticas agressivas e respeitarem a soberania dos Estados e os interesses dos povos árabes”.

Os ataques dos EUA, esperados durante dias em resposta ao assassinato de três soldados norte-americanos na Jordânia, continuarão durante dias como parte de uma resposta em larga escala e a vários níveis, revelaram fontes da Casa Branca.

*Opera Mundi

 

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Política

Lula critica identitarismo e defende que PT escolha líderes sociais como candidatos

‘Eu quero me lançar porque eu sou branco, porque eu sou mulher, porque eu sou negro, porque eu sou indígena. Está errado’, disse o presidente.

No evento de filiação de Marta Suplicy ao Partido dos Trabalhadores (PT), realizado ontem, sexta-feira (2), em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma crítica contundente ao identitarismo e defendeu que o partido escolha como candidatos “lideranças reais” dos movimentos sociais. Em um discurso enfático, Lula expressou sua preocupação com a crescente tendência de atribuição de identidades como critério primordial para a seleção de candidatos políticos.

– Eu quero me lançar porque eu sou branco, porque eu sou mulher, porque eu sou negro, porque eu sou indígena. Está errado – alertou o presidente, destacando sua discordância com a ideia de que a mera identidade pessoal seja justificativa suficiente para buscar cargos políticos de destaque.

Durante o ato de filiação de Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra de Estado, Lula reforçou a importância de escolher candidatos com base em suas experiências, históricos e compromissos reais com as causas populares e progressistas. Ele ressaltou a necessidade de que os representantes políticos do PT tenham conexão autêntica com os movimentos sociais e uma trajetória de luta pelos direitos do povo brasileiro.

O identitarismo é uma corrente política e social que coloca as identidades individuais no centro das preocupações políticas e sociais. Esse movimento defende que a raça, gênero, orientação sexual, etnia e outras características pessoais devem ser consideradas como fatores primordiais na análise das desigualdades e na formulação de políticas públicas. O identitarismo critica a visão de que as identidades devem agir em favor de uma suposta igualdade universal, argumentando que é importante reconhecer e valorizar as experiências e perspectivas específicas de cada grupo social. No entanto, ele também enfrenta críticas por sua tendência a fragmentar movimentos sociais e por seu potencial dificuldade em promover uma coesão social ampla.

*247

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Política

Odebrecht diz ao STF que Moro juiz era “reconhecidamente suspeito”

Construtora Novonor S.A., antiga Odebrecht, conseguiu no STF a suspensão do pagamento de R$ 3,8 bilhões em acordo de leniência com o MPF.

A construtora Novonor S.A., antiga Odebrecht, classificou Sergio Moro como “reconhecidamente suspeito” em sua atuação como juiz da Lava Jato. Nesta quinta-feira (1/2), a construtora conseguiu suspender o pagamento de R$ 3,8 bilhões previstos no acordo de leniência firmado em 2016, com o Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da operação.

No pedido acolhido pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Novonor acusa Moro de atuar em parceria com o MPF e pressionar executivos da Odebrecht a partir de provas obtidas ilegalmente.

“As investigações no âmbito da Operação Lava Jato culminaram em uma série de medidas ostensivas contra pessoas físicas e jurídicas relacionadas ao Grupo econômico, consubstanciadas em uma sobreposição de decretos prisionais de natureza cautelar no curso de inquéritos, além de medidas cautelares de constrição patrimonial, todas decretadas por um julgador reconhecidamente suspeito que agia em concerto com os órgãos persecutórios”, alegou a construtora, diz Paulo Cappelli, Metrópoles.

“Entre novembro de 2014 e junho de 2015, foram deflagradas as Operações Juízo Final e Erga Omnes, as 7ª e 14ª fases da Lava Jato, respectivamente. As referidas operações tiveram como alvo tanto empresas como pessoas físicas, dentre as quais a Novonor e seus então executivos, que foram alvo de prisões preventivas, busca e apreensão, entre outras medidas cautelares. Diversas dessas medidas motivadas por provas indiciárias ilegalmente adquiridas pelas autoridades acusatórias”, disse a Novonor.

Na decisão, Toffoli considerou o argumento da Novonor de que o acordo de leniência foi firmado a partir da pressão exercida por Moro e pelo MPF sobre os executivos da Odebrecht, e não pelo princípio da voluntariedade.

“…há, no mínimo, dúvida razoável sobre o requisito da voluntariedade da requerente ao firmar o acordo de leniência com o Ministério Público Federal que lhe impôs obrigações patrimoniais, o que justifica, por ora, a paralisação dos pagamentos, tal como requerido pela Novonor”, disse o ministro.

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Política

Votação consistente de Marta pode ajudar Boulos em Parelheiros e Grajaú

Dados eleitorais mostram sobreposição de votos entre Marta e o PT na periferia, mas ex-prefeita tem vantagem no extremo sul da capital, que é reduto de Nunes.

Com um eleitorado consolidado na periferia de São Paulo, Marta Suplicy (PT) pode ajudar Guilherme Boulos (PSOL) a expandir sua votação sobretudo em Parelheiros e no Grajaú, na zona sul, onde ela ou o candidato apoiado por ela se sobressaíram nas últimas eleições municipais —e onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem sua base eleitoral.

Prefeita de São Paulo de 2001 a 2004, Marta se filiou ao PT nesta sexta-feira (2) para ser vice de Boulos em ato com a presença do presidente Lula (PT) e do ex-prefeito e atual ministro Fernando Haddad.

Resultados eleitorais analisados pela Folha, com base nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostram que, como apontam adversários do psolista, há certa sobreposição nos votos de Marta e do PT, que historicamente se concentraram nos extremos da cidade, regiões que Boulos conquistou no segundo turno de 2020, aliado aos petistas, mas não no primeiro, segundo a Folha.

De qualquer forma, Marta estabeleceu uma vantagem numérica constante, inclusive superior aos petistas, entre os eleitores de Parelheiros e Grajaú —que representam 4,76% do eleitorado da capital, segundo dados do pleito de 2022.

“De alguma maneira, Marta agrega, não dá para dizer que não agrega. Ter vencido nessas regiões desde 2000 é um indício, sem dúvida, da força eleitoral dela. Por mais que mude o contexto eleitoral, é uma presença que se mantém”, diz o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV.

Na opinião do especialista, o volume de votos em Grajaú e Parelheiros não é desprezível. O primeiro ato público de Boulos e Marta juntos será justamente em Parelheiros.

Reduto de Marta, a periferia da zona sul é também a área de atuação e, portanto, de maior competição entre os principais pré-candidatos —Boulos, Nunes e Tabata Amaral (PSB).

O psolista mora no Campo Limpo, e a pessebista cresceu na Vila Missionária, onde ainda mora sua mãe. Já o prefeito, que mora em Interlagos, concentra seus eleitores em Parelheiros, Grajaú e Capela do Socorro.

As últimas eleições dão pistas sobre o efeito de Marta na votação de Boulos, mas a comparação deve levar em conta os diferentes contextos e postulantes em cada pleito. Além disso, marqueteiros ouvidos pela reportagem opinam que, em geral, os candidatos a vice, condição que Marta ocupa agora, não alteram de forma significativa o resultado dos candidatos a prefeito.

Como cabeça de chapa, Marta venceu em Parelheiros e Grajaú em 2000, 2004 e 2008. Haddad, disputando no PT, venceu em 2012. Em 2016, eles foram adversários —ela concorreu pelo MDB e ele pelo PT, mas foi Marta quem venceu no extremo sul, com quase o dobro de votos dele, no único turno do pleito.

Naquele ano, com o PT combalido pela Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), João Doria, então no PSDB, se elegeu no primeiro turno com 53,29% dos votos —Haddad ficou em segundo lugar (16,7%), e Marta em quarto (10,1%).

O então tucano venceu em todos os distritos, menos nos redutos de Marta: Parelheiros (37,2% a 28,2%) e Grajaú (31,6% a 30,6%, resultado apertado).

No primeiro turno de 2020, Bruno Covas (PSDB), candidato apoiado por Marta, teve mais votos (72,3 mil) nessas duas regiões do que Boulos (48,2 mil) e o petista Jilmar Tatto (53,6 mil). De dentro do Martamóvel, caminhonete com paredes transparentes, ela fez campanha para o tucano nos dois bairros protegida da pandemia de Covid-19.

Os resultados nessas regiões são influenciados pela atuação dos vereadores locais, especialmente Milton Leite (União Brasil), que estabeleceu um reinado na zona sul e atuou a favor de Covas em 2020. A família Tatto, por sua vez, também é uma força eleitoral que trabalha pelo PT na mesma área.

O próprio Nunes, como candidato a vereador em 2016 e a vice em 2020, fez campanha para Marta e Covas, respectivamente, na sua região. Marco Antonio Teixeira, porém, afirma que o mérito da votação é mais da ex-prefeita do que do atual prefeito, que “era um ilustre desconhecido”.

O cientista político ressalta ainda a variação dos cenários em cada eleição —em 2016, Marta concorria pelo MDB, fazendo oposição ao PT, partido que viu seu eleitorado na cidade minguar para praticamente a metade entre os primeiros turnos de 2012 e 2016. Agora, ao contrário de 2020, Lula e o PT estão reabilitados na capital, onde ele venceu com 53,5% em 2022.

Aliados de Nunes e mesmo integrantes da equipe de Boulos dizem não acreditar que Marta possa agregar ao psolista mais eleitores do que os que ele já alcança com o PT. Adversários da ex-prefeita lembram que ela não conseguiu se reeleger, sofrendo derrotas em 2004, 2008 e 2016.