Maduro revoga, custódia Brasil, embaixada argentina, em Caracas

Homens armados e encapuzados cercaram o prédio, onde estão abrigados dissidentes da oposição

O governo da Venezuela suspendeu unilateralmente a custódia que o Brasil exercia sobre a embaixada da Argentina em Caracas, onde estão abrigados seis colaboradores da líder opositora María Corina Machado. Eles são acusados pelo regime de Nicolás Maduro de crimes como terrorismo e traição à pátria. A decisão foi anunciada na noite de sexta-feira (6) e confirmada por uma fonte diplomática brasileira.

O cerco ao prédio, realizado por forças de segurança venezuelanas, incluindo o Sebin (Serviço Nacional Bolivariano de Inteligência) e o DAET (Corpo Nacional Bolivariano de Polícia), começou após o anúncio.

Energia cortada e medo de invasão

Segundo Pedro Urruchurtu, coordenador internacional do partido Vem Venezuela e um dos asilados, homens armados e encapuzados cercaram o local. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram veículos policiais com sirenes ligadas ao redor da embaixada, e outro opositor, Omar Gonzalez Moreno, afirmou que a energia foi cortada.

Embaixada está sub custódia do Brasil desde 1º de agosto

A embaixada argentina, sob a custódia do Brasil desde 1º de agosto, abriga os colaboradores da oposição desde março. Caso saiam do prédio, eles podem ser presos pelas forças de segurança. De acordo com a Convenção de Viena, qualquer invasão de uma embaixada violaria a inviolabilidade de instalações diplomáticas. Por isso, o Brasil continuará responsável pelo local até que outro país assuma o papel.

A medida de Maduro coincide com a solicitação da Argentina ao Tribunal Penal Internacional para uma ordem de prisão contra ele e outros membros de seu regime, acusados de cometer crimes contra a humanidade. O pedido argentino foi feito poucas horas antes do cerco à embaixada.

O jornalista Alejandro Hernández levantou a hipótese de que a suspensão da custódia também pode ser uma resposta às críticas do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo dia, Lula disse que Maduro “deixou a desejar” e cobrou uma nova eleição ou a formação de uma coalizão política para solucionar a crise na Venezuela.

Silvio Almeida assinou lei que obriga testemunhas a denunciarem assédio ao governo

Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Sexual foi lançado em 2023.

Sancionada em abril de 2023, menos de 100 dias depois do início do atual governo, a Lei 14.540 foi assinada pelo então ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, demitido na noite desta sexta (6).

A lei prevê a criação de um programa em nível federal para capacitar profissionais e combater o assédio em autarquias e órgãos do governo, mas também obriga a quem testemunhar ou tiver conhecimento de um caso de assédio sexual fazer uma denúncia formal.

O texto da lei diz: “Qualquer pessoa que tiver conhecimento da prática de assédio sexual e demais crimes contra a dignidade sexual, ou de qualquer forma de violência sexual, tem o dever legal de denunciá-los e de colaborar com os procedimentos administrativos internos e externos”.

A cartilha feita pela Procuradoria-Geral Federal tem como objetivo prevenir e enfrentar a prática do assédio sexual, capacitar os agentes públicos, implementar e divulgar campanhas educativas sobre as condutas e os comportamentos que caracterizam o assédio sexual.

Além de Silvio Almeida e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a lei ainda é assinada por Camilo Sobreira de Santana, ministro da Educação, Flávio Dino, então ministro da Justiça e Cida Gonçalves, ministra das Mulheres.

A chegada do texto foi uma semana antes do segundo turno das eleições.

Um dos dados que amparou a Medida Provisória foi um levantamento feito pela Controladoria Geral da União com casos de 2008 a 2022.

A pesquisa aponta que a cada três denúncias de assédio sexual que viraram processos, duas terminaram sem qualquer tipo de punição.

Um dos maiores desafios para os investigadores, tanto no âmbito administrativo — ou trabalhista —, quanto no âmbito criminal é provar as condutas. Justamente por isso, o STJ firmou um entendimento de que em 2022 que “em crimes de natureza sexual, a palavra da vítima possui relevante valor probatório, uma vez que nem sempre deixam vestígios e geralmente são praticados sem a presença de testemunhas”.

Medo: Horas antes de ato contra Moraes na Paulista, equipe de Bolsonaro diz que ele perdeu a voz

Bolsonaro foi levado ao Hospital Albert Einstein por conta de uma suposta gripe e estaria sem voz. Ele postou vídeo destinado a seus apoiadores pela manhã.

Horas antes de um protesto na Avenida Paulista que tem como objetivo principal cobrar o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro (PL) foi levado ao Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, após supostamente se sentir mal na manhã deste sábado (7), segundo o jornal O Globo. De acordo com sua equipe, Bolsonaro estaria sem voz por conta de uma gripe forte. Ele já recebeu alta e voltou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde está hospedado.

A participação de Bolsonaro no ato, marcada para esta tarde, ainda não foi cancelada. O evento é promovido por apoiadores bolsonaristas no Dia da Independência.

A manifestação ganhou força após a decisão de suspensão temporária do X, antigo Twitter, que gerou críticas contra o ministro do STF. Elon Musk, proprietário da rede social, tem apoiado publicações a favor do impeachment de Moraes, após a plataforma ter sido bloqueada por não indicar um representante legal no Brasil.

Pela manhã, Bolsonaro divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo que seus apoiadores não participem de atos cívicos organizados pelo governo, afirmando que esta não é uma semana de comemoração da independência, e pediu que seus aliados compareçam à Avenida Paulista às 14h.

Com medo de ser preso, Bolsonaro terceiriza ataques a Moraes neste 7 de setembro

Nos bastidores, o ex-mandatário cobra maior articulação de seus aliados no Congresso pelo impeachment do ministro do STF.

Em um momento de tensão crescente com o Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro (PL) intensificou a pressão sobre seus aliados no Congresso para acelerar o processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relata Malu Gaspar, do jornal O Globo. Durante uma reunião na sede do Partido Liberal (PL) com deputados e senadores, Bolsonaro expressou descontentamento com a morosidade na coleta de assinaturas para o pedido de impeachment, que já conta com mais de cem adesões. A expectativa de Bolsonaro é que seus aliados, incluindo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenem melhor o movimento.

Temendo repercussões legais, Bolsonaro tem adotado uma postura cautelosa nos atos públicos. Ele está sob investigação em inquéritos conduzidos por Moraes e busca evitar declarações que possam ser consideradas antidemocráticas e, potencialmente, levá-lo à prisão em flagrante. Em recente entrevista, Bolsonaro fez um apelo a Moraes para “abaixar a guarda” e pediu que o ministro “tire esse coração de maldade da tua frente”.

Por outro lado, durante um evento em Juiz de Fora (MG), na véspera do 7 de setembro, Bolsonaro chamou o ministro de “ditador” e declarou que “aquele ministro do STF não dá mais”. Flávio Bolsonaro reforçou a defesa do impeachment.

A estratégia bolsonarista é que apenas civis e deputados assinem a petição de impeachment, que deve ser protocolada no Senado na próxima segunda-feira. Isso visa preservar os senadores, que terão a responsabilidade de avaliar o pedido, de possíveis acusações de antecipação de voto. A petição popular já ultrapassa 1,3 milhão de assinaturas.

Nos bastidores, Bolsonaro tenta manter distância das ações mais contundentes contra Moraes, delegando a seus aliados a linha de frente dos ataques. Essa abordagem busca evitar desgaste político para o ex-mandatário, ao mesmo tempo em que mantém a pressão sobre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que instaure o processo de impeachment, apesar das declarações de que não pretende fazê-lo.

O pastor e empresário Silas Malafaia, um dos convocadores do ato na Avenida Paulista, deve ser o porta-voz mais incisivo durante o evento. A equipe de Bolsonaro está apreensiva com o tom que o religioso adotará, dado seu histórico de declarações inflamadas contra o STF.

Apesar do esforço de Bolsonaro e seus aliados, a viabilidade de um impeachment de Moraes ainda é incerta. Senadores moderados afirmam que, atualmente, a bancada conservadora não possui os votos necessários para aprovar o processo, o que exige maioria simples (41 votos) para abertura e dois terços (54 votos) para cassação. Contudo, mesmo uma derrota no plenário seria vista como um recado simbólico ao ministro e ao Supremo

Forças de Maduro cercam embaixada da Argentina, assumida pelo Brasil

Representação diplomática, que abriga opositores do regime, teve energia cortada.

O cerco à embaixada da Argentina em Caracas, assumida pelo Brasil após a expulsão de diplomatas argentinos pelo governo de Nicolás Maduro, elevou as tensões diplomáticas na região. Relatos enviados ao Itamaraty indicam que agentes das forças de segurança venezuelanas cercaram o local na noite de sexta-feira (6), onde cinco membros da oposição venezuelana, abrigados pela embaixada, estão refugiados, informa Jamil Chade, no UOL.

A pressão do governo Maduro aumentou depois que a Argentina apresentou um pedido ao Tribunal Penal Internacional para a prisão de Maduro, intensificando o cerco ao local que agora é administrado pelo Brasil.

Pedro Noselli, coordenador internacional da líder opositora María Corina Machado e um dos asilados, relatou nas redes sociais que homens encapuzados e armados começaram a cercar a embaixada por volta das 20h30, horário local. Noselli continuou a divulgar atualizações, mostrando um aumento no número de agentes e veículos de patrulha ao redor do local.

Energia da embaixada foi cortada

Omar Gonzalez Moreno, outro opositor asilado e aliado de Corina, também usou as redes sociais para divulgar que a energia da embaixada foi cortada, aumentando o clima de tensão. O governo Maduro já havia expulsado diplomatas argentinos logo após as eleições de 28 de julho, em retaliação à decisão do governo argentino de Javier Milei de não reconhecer a vitória de Maduro e de afirmar que o pleito foi fraudulento.

Para evitar uma crise mais grave, o Brasil firmou um acordo para assumir a responsabilidade pelos interesses argentinos em Caracas, incluindo a embaixada. Um acordo semelhante foi feito com a embaixada do Peru, que também teve seus diplomatas expulsos por razões semelhantes. O Brasil chegou a hastear sua bandeira no local, tornando-o oficialmente uma extensão de seu território, protegendo-o da intervenção das forças venezuelanas.

O governo brasileiro declarou que mantém a representação da Argentina em Caracas e que qualquer alteração deve aguardar a nomeação de um substituto por parte da Venezuela. Até lá, Lula assegura que o Brasil continuará a desempenhar essa função.

 

Mensagens mostram intimidade entre Anielle e Almeida até novembro de 2023

Pivôs de um escândalo de assédio sexual, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, trocavam mensagens em tom informal, a ponto de se tratarem pelos apelidos de “Preta” e “Preto”. Mesmo depois da reunião em maio de 2023, em que Anielle teria sido assediada por Almeida, de acordo com o colunista Igor Gadelha, os dois seguiram trocando mensagens com intimidade. Mas um distanciamento entre eles aconteceu em novembro do ano passado.

O Meio teve acesso a um arquivo de WhatsApp que mostra os diálogos trocados entre os dois desde o dia 10 de novembro de 2022, ainda no período da transição do governo Lula, até 24 de março deste ano. A veracidade e a integridade desse arquivo foram confirmadas por um interlocutor do governo.

O Meio procurou Anielle e Silvio Almeida para ouvir suas versões sobre as mensagens e, assim que obtiver alguma resposta, atualizará este texto.

Almeida é acusado pela organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual, de acordo com reportagem publicada pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles. Uma das vítimas de assédio seria a ministra Anielle.

A informalidade entre os dois fica evidente até agosto do ano passado. Em mensagem enviada na manhã de 28 de agosto de 2023, o ministro diz o seguinte para Anielle: “Bom dia! Três coisas: 1. Quero reafirmar tudo o que disse ontem a você. Quero ser seu parceiro, a pessoa em que você pode confiar. Eu não estava bêbado quando conversamos ontem no avião do PR…rsrs 2. Reafirmo que só temos a ganhar nos unindo e, mais do que isso, demonstrando essa unidade em palavras e ações. 3. E reafirmo o que disse por último: acho você uma mulher extraordinária, Anielle Franco”. A resposta da ministra veio em seguida, com um “Bom dia”, seguido de “Minha admiração por você é imensa. A última coisa que eu quero é que a gente se dê mal. Sei que a gente pode não ter começado tão bem, mas eu acredito de verdade, que a gente pode mudar daqui pra gente. Reafirmo tb o nosso combinado. Vou chegar já já no gabinete e vou ver a agenda como tá e te falo”.

Em 2 de setembro, ao se despedir de Almeida, a ministra escreveu: “Bom fds pra vcs. Não esquece de mim semana que vem. Bjo!” A resposta do colega foi calorosa: “Nunca vou esquecer porque para mim este nosso papo é um dos mais importantes que eu tenho que fazer. Tanto em nível político, quanto em nível pessoal.”

Em seguida, Anielle enviou uma imagem ao colega de Esplanada e recebeu de Almeida a resposta: “Somos lindos, Anielle! E esse seu vestido é deslumbrante.” Essa conversa ocorreu no dia 3 de setembro de 2023, na véspera de Anielle defender que Lula nomeasse uma mulher negra para a vaga que aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) pela aposentadoria da ministra Rosa Weber.

Na época, o elogio foi bem recebido pela ministra. Ela respondeu: “Ficou mto foda né !?” “Bora pensar num textinho pra subir juntos!? Pode ser amanhã kkkkk só queria te enviar mesmo”. E Almeida concordou: “Vamos! Tô muito animado com a possibilidade da gente acertar tudo esta semana”.

Anielle, por sua vez, responde a Almeida: “Algo leve. Tipo. Lindos, negros, competentes e ainda ministros kkkkkk”, o que arranca risadas de Almeida. “Tem que ser algo leve, mas que ao mesmo tempo ressalte nossa aliança pessoal e política. Vou pensar em algo”, respondeu ele.

As mensagens demonstram ainda que Anielle passou um longo período sem falar com Silvio por esse canal. Mais precisamente, de 21 de novembro de 2023 a 24 de março de 2024. Neste dia, vieram a público as revelações do inquérito da Polícia Federal sobre o assassinato da vereadora Marielle, irmã de Anielle. Depois de duas ligações de Silvio não atendidas, o ministro escreveu uma mensagem à colega: “Querida Anielle: Venho prestar minha solidariedade a vc neste momento de esclarecimentos, mas também de reviver a dor intensificada pela comprovação da absurda falência do estado com requintes de crueldade para com a sua família. Preciso lhe informar que a gestão do programa de proteção em nível federal identificou que medidas de proteção executadas pelo programa estadual são insuficientes para proteção da sua família e de Monica Benício neste momento, pois estão sem escolta federal que se considera recomendável nas atuais circunstâncias. Já entramos em contato com o MJ para solicitar essas medidas, obviamente sob sua consulta e avaliação. Estou a sua disposição para o que for necessário. Forte abraço”.

Anielle retorna em uma ligação de 50 segundos. Os dois trocam mais duas mensagens sobre um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para estender a proteção à família. Anielle, formalmente, responde: “Obgd”. E esse é o fim do arquivo.

*Luciana Lima/Meio

Especial 7 de setembro: o Haitianismo e a Independência do Brasil

Saiba o que foi o Haitianismo: movimento das potências europeias para evitar outra revolução de escravizados, como a do Haiti.

Haitianismo. Você já ouviu, leu ou viu essa palavra? Sabe o que ela significa? Tudo bem, vamos juntos entender um pouco como, em nossa história, essa palavra esteve presente em grande parte do século XIX e que, de certa forma, entre o dito e o não dito, esteve presente em nossa independência.

A palavra surgiu após os ecos da Revolução Haitiana pelo continente americano. O movimento aconteceu numa pequena e valorosa colônia francesa no mar caribenho, Saint Domingue. Se a Revolução burguesa, na França, em 1789, teve entre as ideias alguns dos conceitos filosóficos do Iluminismo como liberdade, igualdade e fraternidade, na Colônia caribenha, tais ideias foram colocados em xeque.

Os jacobinos negros, como ficaram conhecidos no livro de C. R. L James, foram além e questionaram para quem seriam a liberdade e a igualdade. Os revolucionários haitianos passaram a ação, pegaram em armas e lutaram pela libertação da escravidão e também pela igualdade entre Colônia e Metrópole. E quanto à fraternidade, bom, essa nem na França, nem no Haiti foram amplamente cultivadas, e é assunto para um outro momento. Vejamos, agora, porque esse movimento se tornou fonte desta palavra “haitianismo”, que carregava, em seu significado, o medo.

Trabalhadores, sim, trabalhadores escravizados foram os protagonistas desse movimento que culminou no fim da escravidão e logo depois na independência dos domínios coloniais franceses. Negros escravizados, ex-escravizados, mulatos escravizados ou não, e no começo da revolução, brancos pobres: essa foi a configuração da revolução. E, à frente, um general negro ex-escravozado: Toussaint Louverture.

Sob seu comando, Louverture levou os haitianos à vitória contra tropas francesas, espanholas e até mesmo inglesas. Pode imaginar isso? Lá, no longínquo final do século XVIII, começo do século XIX. Foi espantoso, assustador, revelador, ameaçador, algo que “precisava ser silenciado para não servir de exemplo para outras colônias”, para outros escravizados, para outros trabalhadores. E olha que ainda nem tínhamos a famosa frase de Karl Marx: “Trabalhadores do mundo, Uni-vos.” Sim, isso aconteceu muito antes de Marx.

Neste ponto, você já deve ter entendido o porquê do medo na raiz da palavra haitianismo. Por aqui, em terras que ainda eram portuguesas, os ecos dessa revolução foram sentidos, com muito medo. Afinal, a colônia portuguesa na América tinha uma população majoritariamente negra e indígena, e os trabalhadores eram, em sua maioria, escravizados.

O que a Revolução Haitiana influiu na Independência do Brasil?
Haitianismo foi o medo de que algo igual, ou minimamente parecido. acontecesse em outras colônias. A partir daquele movimento, os ingleses grandes comerciantes de escravos, passaram a defender o fim do tráfico negreiro. Os portugueses se viram pressionados a dar fim ao comércio de escravos. Talvez a melhor solução para os comerciantes negreiros para a América portuguesa, fosse à separação de Portugal. Nossa independência, diferente de outras na América foi liderada por um português que ao fim se tornou o Imperador. Ou seja, ficamos independentes da metrópole sendo governados pelo filho do Rei metropolitano, e garantindo assim o comércio de escravos por um bom tempo ainda. Aqui no Império do Brasil, o fim do tráfico de escravos só passaria a ser de fato ilegal em 1850.

Para além da independência, outra consequência desse haitianismo foi a repressão cada vez mais violenta sobre qualquer rebeldia ou revolta de escravizados. Assim foi com os Malês, na Bahia de 1835; Manoel Congo, no Rio de Janeiro em 1838 e Carrancas, em Minas Gerais em 1833, só para citar algumas.

Revolta dos Malês: a revolta de escravizados africanos ocorreu em Salvador, em 25 de janeiro de 1835. Foram cerca de 600 homens, a maioria, de negros muçulmanos, em especial da etnia nagô, de língua iorubá. A expressão “malê” vem de “imalê” que, em iorubá, significa muçulmano.

O haitianismo, como nos ensinou o professor Marco Morel: “surgiu no Brasil com a crise da abdicação de D. Pedro I em 1831”. No entanto, podemos afirmar que o sentimento de medo que a Revolução haitiana causou, foi sendo construído ao longo dos anos que se seguiram a Revolução. Tal movimento deu origem ao primeiro país da América onde a escravidão foi abolida.

Em 1824, um Abade francês, Henri Grégorie, definiu assim aquele movimento: “Haiti é um farol elevado sobre as Antilhas, em direção ao qual os escravos e seus senhores, os oprimidos e opressores voltam seus olhares, aqueles suspirando, estes rugindo.” Silenciar o ocorrido na antiga colônia francesa foi o que as metrópoles e as elites coloniais fizeram. Obrigando ou impondo o desviar do olhar ao farol, da luz que poderia inspirar revoltas, revoluções e a justa luta por liberdade e igualdade.

*TVT

Lula promete Orçamento de 2026 com isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

Presidente defendeu mudanças na cobrança do tributo para taxar ricos e isentar pobres.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (6) que o Projeto de Lei Anual Orçamentária (PLOA) de 2026 já vai prever que trabalhadores que recebem salários de até R$ 5 mil não tenham o Imposto de Renda (IR) descontado dos seus pagamentos. Segundo Lula, a mudança tornará a cobrança do tributo mais justa no país.

“Vou cumprir minha promessa. Em 2026, na hora que for mandado o Orçamento para o Congresso Nacional, estará lá a rubrica de que quem ganha até R$ 5 mil não pagará Imposto de Renda”, disse o presidente, em entrevista à rádio Difusora, de Goiânia (GO).

A mudança da faixa de isenção do IR foi prometida pelo presidente durante a campanha eleitoral de 2022. Na época, ele disse que a faixa de isenção chegaria a R$ 5 mil até o final de seu mandato, em 2027. Hoje, ela está em R$ 2.824 – dois salários mínimos.

Para Lula, a mudança é necessária para equalizar a cobrança. “Hoje, quem ganha R$ 3 mil ou R$ 4 mil paga proporcionalmente mais imposto do que um rico”, afirmou o presidente.

Ele indicou que a mudança no IR deve prever a taxação de rendimentos que hoje são isentos no país, como os dividendos. “O trabalhador recebe participação no lucro da empresa. Ganha R$ 10 mil ou R$ 15 mil. O imposto vai lá e cobra 27% dele. Agora, os acionistas da Petrobras receberam R$ 45 bilhões de dividendos. Sabe quanto de imposto pagaram? Zero. A coisa está errada”, acrescentou.

A cobrança de tributos sobre dividendos é uma das propostas que devem ser incluídas numa reforma do IR. Em janeiro 2023, dias depois de Lula assumir a Presidência, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou que essa reforma seria encaminhada pelo governo ao Congresso no segundo semestre daquele ano, o que não ocorreu.

Igualdade e consumo

Ao final de 2023, quando o Congresso promulgou a reforma sobre tributos do consumo, foi estabelecido um prazo de 90 dias para que o governo encaminhasse o texto da reforma tributária da renda. O prazo venceu em março, mas não foi cumprido. Haddad disse em agosto que a proposta deve ser entregue em outubro.

O PLOA de 2025, enviado ao Congresso em agosto, não prevê reajuste da tabela do IR. Ainda assim, Lula reforçou seu compromisso de mudar o imposto, incluindo alterar os tributos cobrados sobre heranças no Brasil. “Nos Estados Unidos, a herança paga simplesmente 40% de imposto. Aqui no Brasil, é só 4%”, comparou.

Para Lula, reduzindo a tributação dos mais pobres e aumentando a cobrança sobre os mais ricos, o Brasil caminha para uma maior igualdade. Além disso, estimula sua economia, já que os mais pobres consomem mais quando têm mais renda disponível.

*BdF

Fala de Putin sobre o Brasil na mediação do conflito em Kiev evidencia ‘força diplomática’ do país

Nesta quinta-feira (5), o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o Brasil é um dos países interessados em pôr um fim ao conflito em curso na Ucrânia.

A declaração foi dada durante a realização do Fórum Econômico do Oriente, na cidade russa de Vladivostok.

Segundo especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, a fala de Putin reforça o papel do Brasil como país neutro e solucionador de conflitos via intermediação diplomática.

À Sputnik, Larissa Caroline da Silva, mestre em relações internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pontuou que esse movimento do líder da Rússia realça a força diplomática brasileira.

“A declaração do Putin sobre o Brasil coloca o Brasil de novo nessa questão [como solucionador e intermediador], que é algo que o presidente Lula vem desde o início do mandato se posicionando. E o Brasil, inclusive, já tinha demonstrado interesse em ser mediador desse conflito”, cravou a internacionalista.

Larissa Caroline acredita também que o governo brasileiro “aceitaria tranquilamente e […] gostaria de fazer […] parte dessa negociação […] desse conflito”.

Mudança de percepção
Para o jurista Hugo Albuquerque, “o Brasil é um dos poucos países que têm tomado uma posição de querer encerrar realmente o conflito”.

“O Ocidente coletivo tem tomado uma posição de derrotar a Rússia. Por isso o presidente Putin chega a essa referência ao Brasil, e a mesma coisa à China, que é uma aliada até mais orgânica da Rússia. Ela busca uma solução, porque à China não interessa economicamente e geopoliticamente esse conflito; ela busca uma saída concertada. Mas isso não interessa ao Ocidente liderado pelos Estados Unidos”, analisou Albuquerque.

Segundo Larissa, a declaração recente do presidente russo pode de fato impactar a percepção de alguns países sobre a neutralidade do Brasil. No entanto, ela também abre uma oportunidade estratégica para o país se afirmar como um mediador eficaz.

“Acredito que a afirmação do Putin pode impactar a percepção de alguns países sobre a neutralidade do Brasil, mas talvez seja até interessante trazer o Brasil para essa discussão”, comentou Larissa. Ela destacou que “o Brasil é um país que não se envolve em conflitos, tem boas relações com os seus vizinhos” e que sempre manteve a visão de ser um país pacífico em sua política externa.

Jandira: “denúncia de assédio citando Silvio deve ser encarada com seriedade, mas sem condenações ou linchamentos prévios”

Deputada comentou sobre a suposta denúncia de assédio envolvendo o ministro Sílvio de Almeida.

A deputada Jandira Feghali se pronunciou após o movimento Me Too, conhecido por seu apoio a vítimas de violência sexual, confirmar receber denúncias contra o ministro Silvio Almeida citando a também ministra Anielle Franco, que optou por não comentar sobre o caso até o momento. Em defesa, Silvio Almeida divulgou uma nota negando as acusações e repudiando as alegações de assédio.

“O episódio que envolve dois ministros negros e muito simbólicos é triste e surge num momento politicamente delicado. Exige a prioridade nas apurações com ausculta e direito de defesa. Uma denúncia de assédio deve ser encarada com seriedade, pois a vida e voz das mulheres precisam ser respeitadas, mas sem condenações ou linchamentos prévios. E que ao final, a justiça prevaleça acima de interesses outros. Nossa luta se fortalece assim: com respeito e justiça”, diz Jandira.

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