Categorias
Uncategorized

ONU: Brasil emerge como um epicentro da pandemia e indígenas preocupam

Num comunicado emitido nesta terça-feira em Genebra, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) afirma estar preocupado com a situação dos indígenas deslocados no Brasil e na América Latina diante do coronavírus.

Pelas contas da OMS, o Brasil é o quarto local com maior número de casos do coronavírus no mundo. Mas os dados são defasados. Pelo levantamento é da Universidade Johns Hopkins, o país aparece com 250 mil casos, na terceira colocação com mais notificações pela covid-19, atrás de Estados Unidos (1.506.732 casos) e Rússia (290.678 casos).

De acordo com o Acnur, uma situação especialmente preocupante é a dos indígenas deslocados. “Com a propagação da pandemia do Coronavirus pela América Latina, o ACNUR alerta que muitas comunidades indígenas deslocadas estão agora perigosamente expostas e em risco”, disse a porta-voz Shabia Manto.

“Há quase 5 mil venezuelanos indígenas deslocados no Brasil, principalmente da etnia Warao, mas também das comunidades Eñapa, Kariña, Pemon e Ye’kwana”, disse.

“Com a COVID-19 atingindo duramente esta região amazônica e o Brasil emergindo como um epicentro da pandemia, o ACNUR está preocupado que muitos possam lutar sem condições adequadas de saúde e saneamento”, alertou a agência.

A crise não se limita ao Brasil. “Na Colômbia, vários grupos indígenas binacionais, incluindo os Wayuu, Bari, Yukpa, Inga, Sikwani, Amorúa, vivem perto da fronteira com a Venezuela. Enquanto seus lares ancestrais se encontram nos dois países, muitos não conseguiram regularizar sua estadia na Colômbia e estão indocumentados. Alguns agora também enfrentam ameaças de grupos armados irregulares que controlam as áreas onde vivem”, apontou a ONU.

“O ACNUR está preocupado que, para alguns indígenas venezuelanos, questões de documentação, principalmente seu status irregular e condições de vida, os colocam em alto risco”, disse Shabia Manto.

De acordo com a ONU, muitos vivem em áreas isoladas ou remotas, onde não têm acesso a serviços de saúde, água limpa e sabão. “Outros vivem em moradias apertadas ou em assentamentos urbanos informais, sem acesso a equipamentos de proteção”, disse.

“A maioria dos grupos indígenas fronteiriços está ameaçada pela extinção física e cultural devido à alimentação insuficiente e à desnutrição severa que pode aumentar o risco de contágio. Essas áreas carecem de serviços de saúde adequados, o que agora pode agravar a situação atual”, apontou a porta-voz.

Os bloqueios nacionais também paralisaram muitas de suas atividades de subsistência, como a agricultura, a venda de produtos e a produção artesanal.

“Diante do aumento da pobreza e da miséria, alguns não têm outra opção senão a de vender mercadorias nas ruas para tentar sustentar suas famílias. Isso não só os expõe ao risco de infecção, mas também à estigmatização e discriminação pela percepção de incapacidade de cumprir com medidas de isolamento e distanciamento físico”, alertou a ONU.

Há também o risco de que haja um maior de recrutamento de crianças em certas áreas da Colômbia, onde o conflito armado não cessou. “A educação também é um desafio, pois estudantes e professores indígenas isolados e empobrecidos não têm meios de aprender remotamente e buscar a educação virtual durante o confinamento”, disse.

O ACNUR explica que vem trabalhando com os governos nacionais para garantir que as medidas de prevenção e assistência da COVID-19 cheguem a áreas remotas.

Como o número de casos suspeitos e confirmados aumenta e as primeiras mortes são relatadas entre as comunidades indígenas, o ACNUR tem ampliado seu apoio, apesar da grave falta de fundos.

“Para tentar limitar a disseminação e o impacto do vírus, o ACNUR está trabalhando com as autoridades nacionais para aumentar a capacidade dos sistemas nacionais de saúde”, disse a porta-voz.

“Novas estruturas, incluindo abrigos melhorados, instalações de atendimento e isolamento, bem como sistemas de alerta precoce, também foram implantadas para responder à COVID-19 entre indígenas, venezuelanos deslocados e seus anfitriões”, afirmou.

No Brasil, o ACNUR está apoiando os esforços nacionais para garantir abrigo adequado para os refugiados indígenas Warao da Venezuela. Atualmente, cerca de mil indígenas se beneficiam de abrigo, alimentação, serviços médicos e educacionais prestados pela Operação Acolhida.

“Além disso, cerca de 770 Warao foram transferidos para abrigos municipais com melhores condições de higiene nas cidades de Manaus e Belém, em resposta ao surto do coronavírus coronavírus. O ACNUR está facilitando a realocação fornecendo suporte técnico e assistência material, incluindo redes mosquiteiras, kits de higiene, lâmpadas solares, bem como transporte”, disse

 

 

*Jamil Chade/Uol

Categorias
Uncategorized

Quase 14 mil vidas perdidas e Bolsonaro quer o suor dos trabalhadores pobres, suas mortes não interessam

Os dados da OMS apontam que, dos 193 países membros da organização, 81 gastam mais com Saúde do que o Brasil, proporcionalmente ao orçamento público.

A pandemia escancarou a crueldade desse capitalismo de Paulo Guedes e Bolsonaro que se declara desobrigado do destino dos pobres.

A concentração de renda no Brasil é uma coisa estúpida.

Com a chegada de Bolsonaro ao poder, isso ficou ainda mais estúpido.

Bolsonaro fez do isolamento social batalha política que, agora, ele chama de guerra.

A precariedade dos serviços públicos de saúde não interessa a ele. O colapso nos hospitais e as mortes em consequência disso, menos ainda.

Brasil teve na últimas 24 horas mais 844 mortes pela COVID-19 e óbitos já chegam a quase 14 mil.

Quase 14 mil vidas perdidas e Bolsonaro quer o suor dos trabalhadores pobres, suas mortes não interessam.

o Brasil registra até agora 202.918 casos confirmados, um crescimento de 13.944 novos casos em 24 horas.

Trata-se do recorde de confirmações em 24 horas, superando a marca de quarta-feira (13), quando foram registrados 11.385 novos casos.

Presidente da Mercedes Benz para Brasil e América Latina, Philip Schiemer, afirma que o Brasil perdeu a credibilidade e que alta do dólar é reflexo disso, pois não há explicação econômica. ‘Falta alguém que pense no Brasil’, lamenta o dirigente.

 

*Da redação

Categorias
Uncategorized

Até quando os brasileiros ficarão reféns de quatro bandidos que se transformaram em coveiros do país?

Bolsonaro se transformou no grande peso da nação. Todos sabem que ele não governa sozinho, nem a partir dos seus ministros, mas a partir do seu clã e de seus interesses.

Por isso Mandetta disse o que disse no Fantástico, “Brasileiro não sabe se escuta o ministro ou o presidente”.

A frase correta não é essa, pois a batalha é maior e precisou ser adaptada para que a população entendesse. Na verdade, todas as asneiras de pedra que Bolsonaro vomita vêm de uma junta familiar composta pelo anacronismo que compõe uma grotesca mentira formada por quatro delinquentes, o pai Jair e seus três filhos, Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.

Nessa treva, não há luz, ao contrário o que sustenta esse governo é o estilo consagrado nas urnas, farsas e fake news, a pior delas, a farsa da facada soma-se a todos os absurdos criados por uma corrente de whatsapp com mentiras das mais pitorescas às mais absurdas. É assim que Bolsonaro governa, a partir desses moldes mentais em que Flavio, mas sobretudo, Carlos e Eduardo têm voz de comando muito mais forte do que qualquer ministro civil ou militar, porque ninguém fura o pacto de sangue do clã.

Então, o país segue uma orientação oficial de quatro delinquentes envolvidos com a pior bandidagem carioca, a milícia, e se vê numa situação inimaginável para uma democracia. Pior, esse traumatismo hoje padece de uma crise de proporções genocidas porque a informação técnica de um ministro da Saúde é subvertida e atropelada pelo próprio presidente, mostrando que o que Mandetta fala para a sociedade não é o mesmo que Bolsonaro fala publicamente para o mercado.

Enquanto isso, entra em ação o gabinete do ódio que trata de meter as coisas na cabeça do gado fiel a Bolsonaro. E como conhece bem a cria, cada vez que produz uma mentira sobre o coronavírus para o bolsonarismo enfeitiçado,  aumenta o tom e produz um clima hostil contra o ministro da Saúde do próprio governo.

Assim, aumenta ainda mais o risco de se viver no Brasil sem falar do clima de medo que está sendo criado por esses fios trocados entre o que diz Mandetta e o que pratica Bolsonaro a partir da orientação dos filhos.

Não por acaso, o Brasil tem o pior desempenho, em números, de combate à pandemia na América Latina. Sendo assim, Bolsonaro fica com a brocha na mão de presidente mais mal avaliado pelo povo durante a pandemia do coronavírus.

Isso cristaliza a absurda orientação do clã contra todas as técnicas e os sacrifícios que os profissionais da saúde têm praticado, já que Bolsonaro defende com uma ferocidade cada vez maior a desobediência civil às orientações do ministro Mandetta e de autoridades sanitárias, assumindo o papel de coveiro do país e esmagando centenas de vidas de brasileiros comuns, mas também dos próprios profissionais da saúde.

Essa é a paisagem do inferno brasileiro promovida por quatro bandidos que, num pacto de sangue, formam o clã que imprime, através do governo, o maior genocídio da história do país, tendo como aliado o próprio coronavírus.

A pergunta que todos fazem é, até quando nossas instituições continuarão acovardadas assistindo à chacina desse verdadeiro esquadrão da morte que ocupa o Palácio do Planalto?

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Categorias
Uncategorized

Não há inocência no mundo assassino do bolsonarismo, há estupidez

Em pesquisa Ipsos realizada na América Latina, sobre a aprovação dos governantes pela administração da crise provocada pelo Coronavírus, o presidente Bolsonaro teve aprovação de apenas 16%, sendo o pior avaliado na América Latina. Alberto Fernández da Argentina tem aprovação de 62%. (El Mercúrio, Chile)

Os bolsonaristas que gritam hoje na rua por liberdade para espalhar o vírus e matar pessoas (crianças, jovens, adultos e idosos) estiveram nas ruas onde, aos berros, pediram o fechamento do Congresso, do STF e apoiavam a volta do AI-5 proposto por Eduardo Bolsonaro.

A Mídia internacional chama a atenção do mundo para o governo genocida de Bolsonaro: “um Presidente aliado do vírus contra a nação”

Então, Bolsonaro não fala pelos brasileiros, mas por seu instinto assassino.

É verdade que 16% aprovam sua atuação nesse momento de tragédia nacional. Mas também é verdade que, desses, nem 10% são bolsonaristas.

Ou seja, o bolsonarismo é uma gritaria histérica de meia dúzia que nem burguesia é, mas sim uma escória de incultura com hábitos e normas características de uma milícia.

É a congregação geral da burrice expressada em adoração ao comportamento selvagem de Bolsonaro.

Só veem lógica em tolices a partir de suas próprias crenças. Mas são pessoas com características bem definidas e, na maioria dos casos, mesquinhas, egoístas, racistas, medíocres, grosseiras e orgulhosas de suas limitações intelectuais.

Não há inocência no mundo assassino do bolsonarismo, há estupidez em abundância.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Categorias
Uncategorized

Vídeo de Lima Duarte sobre Bolsonaro: Onde foi que nós erramos?

OS NOVOS ISENTOS E A CRISE MUNDIAL

Marcelo Guimarães Lima

Aqueles que apoiaram Bolsonaro, ativa ou passivamente, nas eleições passadas, principalmente os membros da classe média brasileira, tem hoje uma curiosa reação ao mais que evidente impasse nacional e ao papel do líder da extrema direita brasileira na gênese e no agravamento da crise social, política e econômica no Brasil, refletindo a realidade da crise do sistema mundial hoje.

Quando o tema é a incompetência, a enorme ignorância e vulgaridade e, digamos diretamente, a agressividade, a maldade destrutiva antinacional e antipopular do amigo e protetor de milicianos, hoje no papel que lhe foi confiado de representante dos interesses da classe dominante brasileira, os recém-convertidos “isentões” tentam por todos os meios mudar de assunto.

Discorrem em termos genéricos sobre a gravidade do momento e protestam contra uma suposta “fulanização” da crise, contra a polarização, na qual tiveram parte ativa consumindo e replicando com satisfação os ataques constantes da mídia monopolizada do Brasil a Lula e Dilma, ao “PT” genérico, aos “comunistas” em geral, sendo alimentados e alimentando a histeria oportunista e reacionária, as aberrações lógicas e éticas que, naturalizadas pela televisão, os jornais e parte das redes sociais, passaram a ser a atmosfera cotidiana da vida no país, preparando e consolidando o golpe de 2016.

Face ao desastre longamente anunciado e hoje escancarado do (des)governo Bolsonaro, muitos dos novos “isentos” apelam ao nobre sentimento nacional, apelam a um patriotismo vago, incolor e inodoro, apelam à compaixão genérica e passiva para com os “outros”, a massa desfavorecida que o golpe de 2016 e, na sequência, o desgoverno Bolsonaro atacou de modo vil e cruel (assim como atacou trabalhadores e a própria classe média) e continuará atacando até onde a crise permitir e usando a crise para aprofundar um projeto de antissociedade e antinação ao estilo Tatcher-Reagan-Pinochet. Projeto “renovado”, aprofundado e adaptado ao novo século, mas que não nega sua origem histórica no período, tão “longínquo” e tão próximo, das ditaduras militares na América Latina sob a hegemonia e o suporte ativo dos EUA.

Tais apelos à “responsabilidade” e “neutralidade partidária” tem por finalidade evidente isentar de responsabilidade real os novos viúvos e viúvas do bolsonarismo, isentar os “isentões” e assim salvaguardar seus sentimentos e convicções profundas, reiterar o seu amor-próprio que não pode de modo algum ser abalado, confirmar, ainda que seja “clandestinamente” dado o novo contexto, as certezas absolutas de quem duvida de tudo que possa contradizer minimamente seus preconceitos. Certezas desnudadas hoje pela realidade da crise, mas que devem ser guardadas para uso público quando novas oportunidades surgirem.

Unem-se neste processo de um lado a covardia, de outro a má-fé. Receita de desastre na vida pessoal de todos e qualquer um, aqui sim, independente de determinações outras, de partidarismos reais ou imaginários, cor dos olhos, estilos de vestimentas, etc, etc.

A crise brasileira é parte da crise mundial: crise estrutural, crise do sistema, ou seja, crise das formas de vida hoje impostas mundialmente por uma minoria de beneficiários. A atual pandemia do coronavírus, unindo-se à fragilidade da economia global em perigo de desintegração, veio desnudar o ponto de inflexão no qual nos encontramos. A crise mundial exige soluções locais: a raiz das soluções globais está nas iniciativas de todos e cada um.

Uma sociedade não pode seguir por muito tempo em períodos críticos ignorando ou fingindo ignorar suas reais mazelas, tentando adiar as escolhas que a realidade exige sob pena de sofrimentos ainda maiores dos que os temidos conscientemente, os que se evidenciam em toda mudança. Aos novos isentos lembramos que a sua neutralidade imaginária é engajamento de fato na continuidade da crise. Ou escolhemos um caminho novo para todos, mais justo e racional, ou nos serão impostas formas de vida ainda mais excludentes que as atuais.

Os desafios, as dificuldades, as mudanças que a realidade impõe na vida de cada um e na vida das sociedades tem um custo proporcional à coragem das iniciativas de fato para enfrentá-las, para mudar a vida e nos transformarmos a nós mesmos – ao mesmo tempo condição para e resultado da transformação da realidade.

Categorias
Uncategorized

Imprensa internacional horrorizada com Bolsonaro: ‘Incendiário’, ‘inacreditável’ e ‘contraditório’

A imprensa europeia destaca hoje as declarações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão realizado na noite de ontem. Para os jornais, as declarações do líder da extrema-direita do Brasil sobre a pandemia de coronavírus são “incendiárias”, “difíceis de acreditar” e vão de encontro com as próprias recomendações do Ministério da Saúde do país.

Para o jornal francês Le Monde, o presidente “minimiza os riscos relacionados à pandemia da covid-19 ao criticar as medidas tomadas em diversas cidades e Estados do país, em um momento em que um terço da população mundial é colocada em confinamento”.

O diário também destaca que Bolsonaro acusou as mídias do país de propagar “histeria”, diante da pandemia que já causou mais de 18 mil mortos no mundo. “O Brasil está protegido da doença, segundo ele, devido ao clima quente e a população majoritariamente jovem”, reitera a matéria.

O jornal Le Parisien lembra que, no momento do discurso de Bolsonaro, o Brasil contabilizava 2.201 casos de coronavírus e 46 mortes. “Mas as deficiências do sistema de saúde, além da pobreza e a insalubridade nas quais vivem uma grande parte da população, ameaçam agravar a epidemia na primeira economia da América Latina”, afirma o diário.

Discurso resultou em “panelaços”

O jornal britânico The Guardian destaca que o presidente brasileiro declarou que “nada sentiria” caso fosse contaminado pela covid-19. A matéria classifica as afirmações do presidente como “incendiárias” e ressalta que o discurso provocou grandes “panelaços” no Rio e em São Paulo. The Guardian lembra que as duas maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio e muitas outras em todo o país, confinaram seus moradores “para salvar vidas”.

O jornal também destaca que muitos opositores de Bolsonaro acreditam que sua resposta à epidemia de coronavírus no Brasil “vai ser o fim de sua carreira política”.

Em editorial, o jornal espanhol El País analisa como a América Latina lida com a pandemia e afirma que Bolsonaro “é o pior caso” entre alguns líderes da região que tentam minimizar a situação. Para o diário, o presidente está mais preocupado com a briga política com os governadores de São Paulo e do Rio – estados que concentram 60% dos casos de coronavírus do Brasil – do que com os riscos da pandemia.

“E os riscos são gigantescos!”, afirma o editoralista. “As declarações oficiais de que o Brasil dispõe de recursos suficientes para enfrentar esse tsunami são difíceis de acreditar”, reitera o artigo. Para El País, a situação catastrófica de falta de material médico, hospitais e profissionais da área da saúde que vivem atualmente a Europa e os Estados Unidos pode se repetir no Brasil. “O vírus se comporta de maneira similar em todas as latitudes”, conclui.

Contra recomendações do Ministério da Saúde

Na live que faz diariamente em seu site, o jornal português Público lembra que o apelo de Bolsonaro pela reabertura das escolas e o restabelecimento do funcionamento do comércio contrariam as recomendações do próprio governo brasileiro. “No site, o Ministério da Saúde brasileiro aconselha a população a evitar aglomerações, a reduzir os deslocamentos para o trabalho, defendendo o ‘trabalho remoto’ e a ‘antecipação de férias em instituições de ensino’, especialmente em regiões com transmissão comunitária do vírus”.

O jornal também destaca que Bolsonaro subestima a pandemia, ao afirmar que se fosse contaminado “não precisaria se preocupar”. “O chefe de Estado do Brasil já se submeteu a dois exames ao novo coronavírus, ambos de resultado negativo, segundo o próprio. A imprensa pediu a divulgação pública dos resultados, mas sem êxito”, conclui o diário.

 

 

*Com informações do Uol

Categorias
Uncategorized

Cidades da América Latina realizam grandes marchas do Dia das Mulheres

De Buenos Aires à Cidade do México, mulheres ao redor das maiores cidades da América Latina foram às ruas no Dia Internacional da Mulher, neste domingo (8), estimuladas por crescentes demandas em relação à desigualdade, feminicídio e rígido controle de abortos.

À medida que eventos do Dia das Mulheres se desenvolvem em todo o mundo, as marchas na América Latina acontecem em um contexto de agitação social mais ampla na região.

Milhares de manifestantes reuniram-se na capital Santiago e em outros locais do Chile. A polícia afirmou que 1.700 oficiais estavam de prontidão para controlar a multidão ao redor do país. Muitos carregaram cartazes pedindo acesso a aborto e o fim da violência contra a mulher.

“Estou tão feliz com o que está acontecendo”, afirmou uma manifestante, que pediu para ser identificada como Patricia V.

“O Chile precisa de mulheres para aumentar o poder delas na vida pública, pelo bem de todos os homens e mulheres. Precisamos de mais igualdade, não apenas social, mas também econômica e política.”

As marchas no Chile podem acabar sendo gigantes, na esteira de protestos mais amplos contra a desigualdade social que começaram em outubro e, no auge, incluíram mais de um milhão de pessoas.

Nos últimos dias, senadores chilenos aprovaram uma lei que busca dar às mulheres a mesma voz na construção de uma nova constituição, enquanto o presidente reforçou a punição ao feminicídio, ou assassinato de mulheres por causa do seu gênero.

Na Colômbia, mulheres em Bogotá planejam comemorar a primeira mulher prefeita, e também se espera protestos contra a recente decisão da Justiça de manter limitações ao aborto.

O Dia das Mulheres na Argentina acontece com pouco mais de três meses do novo governo, que anunciou planos de criar um ministério para mulheres e apoiar uma nova tentativa de legalizar o aborto, após a anterior ser derrotada no Congresso.

 

 

*com informações do Uol

 

Categorias
Cultura

Aressa Rios: A Folia de Reis no Vale do Paraíba

A origem histórica da Folia de Reis brasileira, e as que se manifestam e se apresentam no estado do Rio de Janeiro não se diferem nesse aspecto, é basicamente a origem da Festa de Reis difundida pela América Latina.

No Brasil adquire algumas especificidades, como em cada um dos países em que esse festejo se mantém vivo, não só por se tratar de um país distinto que, assim como os outros países, carrega suas especificidades culturais, mas porque dentro de nossa formação cultural, passamos por um processo de colonização basicamente português, diferente do restante da América Latina em que a presença espanhola foi mais marcante.

A História

A Folia de Reis foi trazida para o Brasil no século XVI através dos portugueses e já naquele tempo, reuniam-se grupos de homens, cancioneiros do catolicismo ibérico inspirados na jornada natalina das pastorinhas dentro da qual aparecem as figuras dos Reis Magos e que também pertence ao ciclo natalino. Aqui chegando, mesclou-se à cultura indígena (nativos) e africana (dos negros trazidos da África no período da escravidão – século XVI), o que hoje se reflete claramente dentro da Jornada através da figura do palhaço. Tornou-se aqui uma manifestação popular que pode ser considerada uma forma de expressão do teatro popular.

No estado do Rio de Janeiro, principalmente no Vale do Paraíba, a história das Folias de Reis se relaciona diretamente com nosso passado colonial. Por ser o Vale do Paraíba, formado por parte dos municípios dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, esta região apresenta-se como testemunho e sede de fatos que mudaram o curso da história de nosso país e é como uma síntese, que ilustra o processo de colonização ocorrido no Brasil.

O Vale do Paraíba, que engloba parte do estado do Rio de Janeiro, região eixo no processo de transição de uma economia agropastoril para uma economia de base industrial, deste ponto de vista, pode ser lido como uma síntese da formação cultural brasileira. É justamente nessa região que vão emergir as diversas manifestações da cultura popular, entre elas a Folia de Reis, que são o testemunho vivo, performando a cada dia pelas ruas, a síntese do processo da formação cultural brasileira.

O ritual

A Folia de Reis é uma manifestação da cultura popular brasileira que a cada ano reconstrói a passagem bíblica que narra a jornada dos Reis Magos, guiados pela estrela de Belém, rumo ao Menino Jesus nascido. Nas mãos do povo, os textos bíblicos adquirem novas feições. São interpretados, relidos e adaptados pela sabedoria e religiosidade popular, que opera constantes transformações.

Encontrada, principalmente, nos estados da região sudeste, entre eles o Rio de Janeiro, mas ocorrendo também em outras regiões do país, a Folia de Reis inicia seu ciclo ritual no dia 24 de dezembro (véspera de Natal), quando sai à meia-noite para só retornar no dia 6 de janeiro, Dia de Reis.

No estado do Rio de Janeiro, as jornadas costumam sair novamente no dia 7 de janeiro ou permanecer direto no giro, para cumprir a jornada de São Sebastião, retornando somente no dia 20 de janeiro, dia do santo padroeiro da cidade. Há indícios de que esta data teria sido incluída no calendário da Folia por influência da charola, uma dança de origem portuguesa com estrutura ritual semelhante a da Folia de Reis e que no Brasil adquiriu uma variante, a “Charola de São Sebastião”.

Tradicionalmente, os integrantes da Folia de Reis são chamados de “foliões” ou de “foliões de Santos Reis” e cada membro da Folia exerce uma função dentro do grupo e durante o processo ritual. Com exceção do palhaço, vestem-se com fardas similares aos fardamentos militares. Entre eles estão o mestre, o contramestre, o bandeireiro, os instrumentistas e os palhaços, considerado os representantes dos soldados de Herodes, perseguidores do Menino Jesus. É o elemento comumente tratado como profano dentro da Folia. Dançam a chula, composta de dança e versos de tom satírico, moral e/ou religioso.

Durante sua apresentação a Folia de Reis segue um percurso ao qual se dá o nome de giro ou jornada. A trajetória ganha este nome pelo fato de que o ponto de partida coincide com o ponto de chegada. Durante essa jornada a Folia vai fazendo suas paradas de um pouso a outro e visitando as casas para anunciar a palavra dos Santos Reis e para pedir donativos ou contribuições.

No decorrer da jornada, a Folia realiza uma série de cantorias ou toadas. A primeira delas é a cantoria de saída que dá início ao giro; este é momento em que a Folia se concentra e as recomendações e rezas são proclamadas pelo mestre. Dentro e fora das casas visitadas pela Folia, também são realizados cantos, entre eles os cantos de chegada e pedido de licença, através dos quais a Folia é recebida pelo dono da casa, realizando assim a saudação e a reza, chamada de profecia, já dentro da casa; por último, a cantoria de despedida, em que a Folia se despede da casa e de seu dono.

Essa sequência se repete em todas as casas visitadas. No momento em que a Folia encerra sua jornada, há o canto de chegada, na maioria das vezes realizado na casa do festeiro, do dono ou mesmo do mestre, diante do presépio ou da própria bandeira da Folia.

O palhaço da Folia

Além das cantorias, realizadas em cada casa visitada, existe a chula do palhaço, que ocorre sempre após a cantoria de despedida, fora da casa, normalmente no quintal ou na rua. Ao som dos instrumentos, em sua maioria, neste momento, de percussão, acompanhados da sanfona (acordeom), executados em ritmo acelerado, ou seja, “música-de-pancadaria”, dançam os palhaços mascarados com extrema velocidade, executando passos e acrobacias caracterizados por um elevado grau de dificuldade em sua execução.

Além da dança, o palhaço declama versos, tentando estabelecer um diálogo jocoso com o morador, na maioria das vezes como uma forma de persuadi-lo, para que este lhe atenda um pedido (geralmente dinheiro, comida ou bebida). No que tange às funções e restrições do palhaço, ao longo da jornada, este está impedido de passar à frente da bandeira, que geralmente fica oculta sob um véu ou pelas fitas, permanecendo sempre atrás e escoltando-a, semelhante ao movimento realizado pelos mestres-salas das escolas de samba.

Como um representante dos soldados do rei Herodes e sendo a bandeira o símbolo máximo da Folia, carrega consigo uma simbologia do sagrado, que não condiz com o papel por ele representado. Outro aspecto que poderia explicar este fato é pensar na bandeira como um símbolo de proteção, como a materialização dos Santos Reis, funcionando como um escudo para a Folia e, ao mesmo tempo, como o estandarte que a identifica. Passar à sua frente significaria não só um desrespeito àquilo que ela representa, mas também uma exposição, na medida em que se extrapola sua área de proteção, ou seja, sair do raio de sua atuação significaria estar desprotegido.

É interessante observar, em relação ao posicionamento do palhaço e sua circulação que, ao mesmo tempo em que o palhaço não pode passar à frente da bandeira ou aproximar-se muito dela, guardados alguns momentos específicos do ritual, é recomendado a ele também que não se afaste muito da bandeira enquanto a Folia realiza seu giro, principalmente à noite.

O palhaço, pela ambiguidade que guarda, por representar o guardião e ao mesmo tempo o soldado de Herodes, figura muitas vezes associada ao diabo, acaba por carregar consigo um aspecto de impureza. Por isso o impedimento em relação ao ato de entrar na casa ou na igreja. Ao longo dos anos de pesquisa, pude ouvir de diversos foliões. Entre eles, principalmente o mestre Luizinho, que já exerceu o ofício de palhaço, que existem situações em que ao final do canto de despedida da Folia, quando esta encerra sua visita, o palhaço é chamado pelo dono da casa e conduzido cômodo por cômodo para realizar uma espécie de limpeza, retirando desses ambientes os elementos, negativos e impuros que possam existir ali, absorvendo em si essas impurezas.

Palhaço e foliões unem-se no corpo ritual da Folia de Reis de forma uníssona, sendo cada parte necessária uma à outra, como um organismo vivo, cujo corpo e estrutura ritual revela-se rico e complexo, estando sujeito a nuances e singularidades conforme a localidade. Podendo variar a cada região, estado, cidade ou até mesmo bairro ou comunidade, o que confere a cada uma delas uma forma única, somada às mudanças que o próprio tempo tem dado cabo, numa tradição que, por ser fruto e agente das dinâmicas sociais, apresenta-se em constante transformação.

No dia 6, eles, os magos, chegaram onde queriam, fizeram o que tinha quer ser feito pra ver um tal menino chamado “Jesus”. Eles, que não sabemos bem se eram três, que não sabemos bem se eram Reis, mas isso não importa.

Abre a janela que eles ainda estão aí, a andar pelas ruas narrando seu feito. Abre a porta que eles vieram anunciar que a fé leva você onde você quiser. Vem pra rua ver passar diante dos seus olhos a mensagem na forma mais linda de que você só precisa acreditar. A Folia de Reis passou na minha porta e eu não me contive e não me satisfiz em ver. Eu fui atrás. Fui ver de perto e aprender com eles um dos maiores ensinamentos que pude ter na vida: FÉ.

A Jornada, a Folia não passou por mim, ela entrou sem bater na minha porta e me levou pro giro! Viva Santos Reis!

Aressa Rios/ http://aressarios.com.br/arte-educacao-e-politica/a-folia-de-reis-no-vale-do-paraiba/

Esse texto foi produzido para o site do Fórum para as Culturas Populares e tradicionais onde encontra-se publicado:

https://fcptsite.wixsite.com/fcpt/single-post/2020/01/20/A-Folia-de-Reis-no-Rio-de-Janeiro?fbclid=IwAR0_LNhAh69Dw5LkN8COTwIrNoXmPgwhtG5FVLMoHiDWacqIl485cssxYCQ

Categorias
Uncategorized

Vídeo: Damares discursa em evento no Chile e plateia vira de costas em protesto

A ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, foi alvo de protestos durante a 14ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe, no Chile. Enquanto Damares discursava, um grupo de mulheres na plateia se levantou e ficou de costas para ela.

O caso aconteceu na noite de ontem. Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível ouvir a ministra brasileira falando sobre o combate à violência contra a mulher no Brasil e ver parte do público de pé e de costas. Damares continuou discursando mesmo assim.

A reportagem do UOL procurou o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos para comentar o caso e aguarda posicionamento.

No Twitter, opositores e críticos ao governo e à ministra repercutiram o ocorrido. “Damares Alves foi ignorada pela sociedade civil presente na XIV Conferência Regional da Mulher da América Latina e Caribe há pouco, na sede da ONU, no Chile”, escreveu a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

 

 

*Com informações do Uol

Categorias
Uncategorized

Quando as ruas falam, a história ouve

Caros amigos,

A carta abaixo, publicada em 15 de maio de 2018, é de assustadora atualidade.

Naquele mês, comemorávamos cinquenta anos de “Maio de 68”, questionando: “o que falta mais para irmos às ruas?”

De lá para cá, frente à tanto retrocesso e destruição, a pergunta continua e ecoa ainda mais vibrante: “O que falta mais para irmos às ruas?”

***

Quando as ruas falam, a história ouve

Uma gigantesca manifestação, com mais de 500 mil pessoas, paralisa a principal capital do país. Em todas as regiões, surgem manifestações e começa uma greve geral que durará semanas. Os protestos, iniciados por estudantes, principalmente universitários, ganham adesão da massa trabalhadora e se transformam em revolta generalizada: dez milhões de trabalhadores e estudantes aderem à greve, a maior do mundo.

A Assembleia Nacional é dissolvida e a esquerda partidária, com receio de perder espaço político, entra nas manifestações. Semanas depois, os trabalhadores obtêm aumento de 35% do salário mínimo e de 10% em média para os restantes níveis salariais. Comissões de fábrica, antes proibidas, foram conquistadas e passam a ser abertas em cada empresa.

O espírito contestatório, impulsionado por manifestações que ocorrem em vários países, agora se espraia e impulsiona tantas outras manifestações na Europa, Estados Unidos e América Latina. A sublevação é global e o desejo de transformação social, econômica, política e cultural ruma na direção de uma sociedade socialista e libertária.

Sonho?

Isso aconteceu, tem nome e endereço:

Paris, Maio de 1968.

“Pensar a grande fecundidade daquele tempo histórico, os atos fundamentais daquela época, pode dar um sentido mais empolgante ao tempo presente”, destaca o economista Enéas de Souza no artigo “É indispensável recuperar o sentido dos gestos de renovação dos anos 60”.

O Maio de 68 tem muito a dizer aos jovens de hoje.

Qual foi sua mensagem e seus principais ensinamentos é o cerne do Especial Maio de 68, com análises e entrevistas, de especialistas e/ou protagonistas daquele momento, por exemplo, o artigo do historiador Rui Tavares “Duas memórias sobre hoje e não o Maio de 68”, as entrevistas com Jacques Sauvageot, então vice-presidente da UNEF (União nacional dos estudantes de França) e com Edgar Morin, “Maio de 68 é algo como um momento simbólico de crise da civilização”, entre outros.

Onde foram parar os ideais de Maio de 68?

No Brasil, influenciados pela revolta de Paris, os estudantes promoveram a Marcha dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, em junho daquele mesmo ano, com forte participação das mulheres (leia mais). Nós também gritávamos a plenos pulmões “é proibido proibir” e tantas outras frases grafadas nos muros franceses.

Ao contrário da França, vivíamos a restrição das liberdades coletivas em pleno avanço da ditadura militar. A cultura explodia e reagia por todos os poros: teatro, cinema, música popular, artes plásticas, literatura…

A cultura se insurgia contra o fascismo e o autoritarismo, expressão primeira da revolução comportamental. A crítica incidia contra o sistema capitalista, a desigualdade social, a família patriarcal, a tradição e a moral que cerceavam nossas liberdades com proibições de diversas ordens. Em dezembro daquele ano, porém, o AI-5 cairia pesado sobre toda essa efervescência.

“Cinquenta anos nos contemplam”.

Vivemos uma “paisagem sinistra”, como tão bem sintetiza a filósofa Suely Rolnik, em artigo imperdível – “Um novo tipo de golpe de estado, um seriado em três temporadas” – sobre “a tomada de poder mundial pelo regime capitalista em sua nova dobra – financeirizada e neoliberal –, poder que leva seu projeto colonial às últimas consequências, sua realização globalitária”.

Ao domínio desse capitalismo financeiro e neoliberal soma-se a “ascensão ao poder de forças conservadoras por toda parte, cujo teor de violência e barbárie nos lembra os anos 1930”, aponta Rolnik.

Em sua avaliação, o neoliberalismo e o neoconservadorismo vêm atuando, no atual contexto do capitalismo financeirizado, como “capangas que se incumbirão do trabalho sujo: destruir todas as conquistas democráticas e republicanas, dissolver seu imaginário e erradicar da cena seus protagonistas – o que inclui as esquerdas em todos seus matizes, mas não só elas”.

Daí a importância de nos voltarmos às lições de Maio de 68.

Em 1968, a França era um país sólido, com um presidente herói de guerra, uma sociedade estruturada, grandes e excelentes Universidades, um parque industrial de dar inveja, muita ciência e tecnologia e uma economia funcionando a pleno vapor. Apesar de tudo isso, AS RUAS FORAM CAPAZES de fazer o grande líder recuar e pensar em renunciar.

Não nos enganemos: as ruas precisam ser ocupadas novamente.

É preciso salientar que, em 2013, o que aconteceu no Brasil foi muito diferente do que aconteceu no Maio francês.

Em meio à enorme crise social, cultural, econômica e política, a fragilidade do governo Dilma e a inabilidade dos quadros de esquerda em fazer política foram explorados, com máxima eficiência, pela Rede Globo que ali derrubou os governos petistas, conferindo poder a um bando de fascistas, despolitizados e totalmente desconhecidos, sem histórico político.

Resultado: Dilma Rousseff que obtinha 79% de aprovação popular em março de 2013, índice superior a Lula e a FHC, após as manifestações de junho, despencou para 30% no final daquele mês, conforme revelam pesquisas daquela época. E isso tudo em ano pré-eleitoral.

Aliás, as manifestações bombadas pela Globo, somadas à ação da Lava Jato, iniciada em março de 2014, foram decisivas para comprometer o projeto eleitoral dos governos petistas. Tanto que Dilma quase perde nas urnas para um playboy, arroz de festa das noitadas cariocas e hoje, comprovadamente, um criminoso.

Vejam como refletir sobre 1968 é importante.

A Revolta de Paris teve início a partir de uma discussão banal entre Daniel Cohen-Bendit, que viria a se transformar no grande líder dos estudantes, e o ministro da Juventude e Desportos, François Missoffe sobre a inauguração da piscina da universidade.

As manifestações em 2013, da mesma forma, tiveram início a partir da reivindicação legítima da juventude contra o aumento de 0,20 centavos nas passagens de ônibus da cidade. Em pouco tempo, porém, a inabilidade política e a esperteza da mídia transformaram o protesto em manifestação com mais de 500 mil pessoas levando, notadamente, à derrocada do governo Dilma.

A pergunta se impõe:

Em meio à destruição do país, ao assassinato de lideranças sociais e populares, venda do patrimônio nacional, invasão de universidades, retirada de direitos trabalhistas e sociais: o que mais é necessário para que a massa saia às ruas?

O Brasil de 2020 precisa da sua juventude, dos movimentos sociais e populares, de todas as centrais sindicais e organizações de trabalhadores, de todos os cidadãos e cidadãs que se sentem lesados pelo golpe NAS RUAS.

Não há outra saída.

Somente a luta popular promove as transformações que o mundo precisa. Essa é a principal mensagem do Especial Maio de 68 e, também, do Especial 200 anos de Karl Marx. O que está em jogo é o país. É o nosso futuro como pessoas e como brasileiros.

Carta Maior, na trincheira da esquerda, desde a primeira hora de seu surgimento, continuará produzindo novos especiais sobre a resistência na América Latina que, hoje na página, conta com três especiais: Crise na Bolívia, com mais de cinquenta artigos sobre o golpe contra Evo; A Revolta no Chile, sobre a luta do povo chileno contra a brutalidade neoliberal; e, por fim, A Nova Argentina, sobre o governo de Alberto Fernández, iniciado neste 2020, após verdadeira surra eleitoral que Macri e os defensores da austeridade levaram dos argentinos.

Aliás, pouco tempo atrás, os colunistas da grande mídia, Miriam Leitão, Sardenberg, Merval e os “especialistas” enalteciam a política econômica nestes dois países, apontando tanto o governo Macri quanto o modelo chileno, a “Suíça” latino-americana, como exemplos a serem copiados pelo Brasil.

Em meio à realidade dissimulada pela grande mídia, estamos cercados pela desinformação. É por isso que precisamos fazer o contraponto a ela. Há 19 anos, Carta Maior vem mostrando que é possível fazê-lo e com muita qualidade. A editoria Poder e ContraPoder, com análises de primeira linha sobre Estados Unidos, Rússia e China, segue de vento em popa.

Desenvolvemos um projeto editorial, já pronto para ser produzido, com a participação de jornalistas e intelectuais brasileiros e de vários países. O projeto Cartas do Mundo é só o início, já contamos com colaboradores de 34 capitais do mundo que trazem, semanalmente, informações exclusivas sobre a situação de seus países, apresentando aos nossos leitores a realidade que acontece no mundo da “realização globalitária” neoliberal.

Manter essa qualidade custa dinheiro, tempo e dedicação exclusiva. Nós precisamos dos nossos leitores e pedimos: DOEM R$1,00 por dia (R$30,00/mês), quem puder DOE MAIS (clique aqui a confira opções de doação).

Sigamos juntos, disseminando o contraponto à ideologia neoliberal e combatendo esse aparato político-midiático que sequestrou a Comunicação brasileira.

Antes de terminar, mais uma dica: assistam no Canal Curta! ao especial Maio de 68, em particular, o documentário de William Klein ˜Quartier Latin – Maio de 68”. Certamente, os que viveram a efervescência daqueles anos, lembrarão com saudades. Os que não viveram aprenderão muito.

Mas também não deixem de ler o nosso Especial Maio de 68, segundo o grande intelectual Eduardo Galeano, tempos de “busca da utopia”.

 

 

*Joaquim Ernesto Palhares/Carta Maior