Chacina do RJ jogou luz para o objetivo da extrema direita: colocar a morte como solução para um problema complexo
A chacina do Rio de Janeiro (RJ) abriu novamente o bueiro das ideias reacionárias da extrema direita: morte enquanto solução política. E a discussão do PL Antifacção expôs a incapacidade de articulação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o projeto violento da extrema direita para a segurança pública no Brasil.
Ao invés de tentar atuar com inteligência, a opção do governo fluminense foi um confronto armado em uma das cidades mais populosas do país. A ação não só foi defendida pela extrema direita, como tentaram incorporar essa lógica de violência em um dos principais projetos do governo para a segurança pública no país.
O texto apresentado pretendia criar mecanismos para combater o crime organizado no Brasil. Uma das questões trazidas era o aumento das penas para pessoas ligadas a facções, algo criticado por especialistas em segurança pública. Isso, por si só, já era um aceno à extrema direita, que apresenta soluções fáceis para a redução da violência.
Ainda assim, a discussão de um projeto como esse não seria fácil depois da chacina e da politização promovida. Mas aí Motta entrou em cena, escolhendo, talvez, o pior deputado possível para ser relator do PL e um dos que mais representa o projeto político da extrema direita: Guilherme Derrite (PP-SP).
Não porque Derrite tenha sido tenente da Rota, polícia conhecida pela alta taxa de letalidade nas ações. E muito menos por ele ter comandado as operações na Baixada Santista (SP), em 2023, que resultaram na morte de 28 pessoas em 40 dias.
O erro de Motta foi escolher um deputado que estava afastado para ser secretário de segurança pública de Tarcísio de Freitas, um dos principais nomes para enfrentar Lula em 2026. Motta diz que “essa discussão não é política”, mas conseguiu colocar um palanque eleitoral em um debate sensível. Ele tinha 513 deputados para escolher, mas decidiu pelo 514º em meio a uma das maiores crises de segurança pública da história do país.
E essa escolha está cobrando seu preço. Derrite, logo de cara, tentou colocar no projeto do governo o PL do Terrorismo, que foi a “solução” apresentada pela extrema direita depois da chacina, classificando o crime organizado brasileiro como terrorista.
Ele deu um passo a mais na tentativa de agradar seus chefes (ou coronéis, como preferir) quando tentou subordinar a Polícia Federal aos governos estaduais. Essa era a principal demanda do autodenominado “Consórcio da Paz”, grupo de governadores que tinha, além de Tarcísio, Cláudio Castro (RJ), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO).
Derrite não conseguiu nem um, nem outro e, em 4 dias, teve que escrever mais 3 relatórios. Não precisa ser letrado em direito criminal para entender que, em 4 dias, Derrite e as ideias já batidas do campo conservador – de matar o máximo possível – não resolveriam o problema.
O erro de Motta custou tão caro para o presidente da Câmara que nem o glorioso Consórcio da Paz se satisfez com Derrite e foi à Brasília pedir “mais tempo para negociar”. Com isso, entrou em ação outro projeto da extrema direita para a segurança pública no Brasil.
Já é mais do que sabida a crítica de diferentes setores da sociedade sobre a incapacidade da esquerda em apresentar propostas para o enfrentamento a grupos criminosos. Mas, em 2025, o governo sentou e elaborou dois textos sobre o tema.
Além do PL Antifacção, a PEC da Segurança Pública foi apresentada em abril e tinha como objetivo integrar as forças de segurança, articulando o trabalho da PF com as polícias locais, a inteligência, o Ministério Público e as polícias civis, além de criar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Mesmo com críticas, o projeto era uma resposta a uma das principais demandas da sociedade.
O dito Consórcio da Paz e os partidos da extrema direita se posicionaram contra e o Centrão não ajudou a avançar a tramitação do texto. A PEC voltou à tona depois da chacina no Rio.
O grupo não apresentou nenhuma proposta nova e mais pareceu um Consórcio da Violência Policial que, ao defender a morte de centenas de pessoas, protegeu e tentou preservar a sua própria paz nas urnas em 2026. Eles sabem que ações policiais como essas dão popularidade. A população é a principal atingida pelo crime organizado e quem mais precisa de ações concretas para resolver esses problemas. Ao apresentar violência como solução, penalizam justamente as vítimas do reacionarismo das facções.
E tudo isso com respaldo da imprensa hegemônica. Castro só precisou colocar a polícia e o exército em um campo de batalha para ouvir de comentaristas que houve “inteligência” nas operações. A cobertura dos principais canais de televisão desumanizou, mais uma vez, as vítimas e as famílias ao dar espaço para jornalistas que entendem que esse é o caminho para a segurança brasileira.
Por outro lado, houve um esforço em valorizar a figura dos policiais, fortalecendo a narrativa da “violência para a segurança”. E deram todo o palco que esse tipo de ideia precisa: é necessário combater violência com mais violência.
O projeto da extrema direita não se dá pela falta de propostas, mas pela apresentação daquelas que já se provaram inúteis. O caminho, definitivamente, está na reestruturação das forças de segurança, na atuação em conjunto de diferentes frentes e na articulação dos entes federativos. A PEC da Segurança Pública não é a saída definitiva para esse debate, mas pavimenta um caminho possível de discussão.
*BdF
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Ministro da Fazenda afirmou que o crime se financia com combustíveis e disse que o governador do Rio está ‘desinformado’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez declarações contundentes nesta sexta-feira (31) sobre o combate ao crime organizado no Rio de Janeiro e a recente operação que deixou mais de uma centena de mortos nos complexos do Alemão e da Penha, afirmando que as lideranças criminosas não se encontram nas comunidades, mas sim em locais de luxo e até mesmo no exterior.
Em uma clara crítica à estratégia de segurança do governo fluminense, Haddad afirmou que as lideranças do crime organizado “não vivem em comunidades como os complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e sim de frente para praia”. O ministro disse ainda que os chefes do narcotráfico “estão morando em Miami, morando em Portugal, morando em outro canto”.
Haddad indicou que o governador Cláudio Castro (PL) estaria “desinformado” sobre o modo de operação do crime organizado em seu estado, e mencionou que as recentes ações tomadas pelo governo do Rio contrariam decisões judiciais.
“Me parece que o governo do Rio não estava informado adequadamente, a julgar pelas ações, pelas medidas que tomaram, que foram contrariadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça essa semana”, disse o titular da Fazenda.
O foco financeiro e o papel da Receita Federal O ministro destacou a importância de atacar o financiamento das facções. Segundo ele, “a questão dos combustíveis, que é uma das principais fontes de financiamento do crime organizado no Rio”, permitiu ao governo federal avançar no combate a essas organizações.
Haddad citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal, que identificou conexões do PCC (Primeiro Comando da Capital) com o setor de combustíveis e o mercado financeiro, incluindo ações de busca e apreensão na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. O ministro indicou que a Receita possui informações relevantes também sobre o Comando Vermelho.
Para dar seguimento a esse trabalho, Haddad afirmou pretender consolidar em lei a Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que já opera desde 2023 sob gestão da Receita Federal. “No mundo inteiro a Receita Federal atua com o suporte dos órgãos de segurança pública, porque ao atuar na fiscalização, ela acaba se deparando com crimes tributários e não tributários”, justificou Haddad.
Sonegação e crime organizado O ministro da Fazenda também relacionou o combate ao crime organizado diretamente à pauta legislativa, pedindo apoio do governador Castro ao projeto de lei para tributar os devedores contumazes.
“Devedor contumaz é uma palavra chique para falar sonegador, e, por trás do sonegador, o que tem, na verdade, é o crime organizado”, disse Haddad, argumentando ainda que essa prática está diretamente ligada à lavagem de dinheiro. O projeto de lei complementar nº 164 de 2022, que trata do tema, foi aprovado no Senado e teve urgência aprovada na Câmara.
Colaboração e contraste nas operações Em resposta a críticas de governadores sobre a suposta falta de atuação federal na segurança pública, Haddad reforçou que o Ministério Fazenda tem colaborado, sobretudo no fornecimento de informações sobre os fluxos financeiros dessas organizações.
Como exemplo da eficiência da abordagem federal, Haddad mencionou a Operação Fronteira, encerrada na mesma sexta-feira. “Em 15 dias, foram presas 27 pessoas. Nós apreendemos 213 mil litros de bebida no terreno, 3,5 toneladas de droga, sendo que 600 quilos de cocaína”, declarou o ministro. “Não teve tiro, não teve morte”, completou.
A Operação Contenção, deflagrada pelas polícias do Rio de Janeiro na terça-feira (28), deixou pelo menos 121 pessoas mortas nos complexos do Alemão e Penha.
*BdF
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99 corpos foram identificados nesta sexta; famílias de pessoas consideradas desaparecidas seguem em busca de seus entes
Misturada ao choro desesperado da certeza da morte — que fundia a dor profunda da perda com a angústia em meio à longa espera pela liberação de corpos já reconhecidos —, outra tensão se manifestava na porta do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (31): a de familiares de pessoas ainda consideradas desaparecidas, que buscam pelos corpos de seus entes — uma espécie de autorização para viver o luto, que somente a certeza de “ver para crer” parece oferecer para quem, agora, já não tem mais esperança.
“Ninguém sabe dizer onde está o corpo do meu irmão”, repetia Tássia Caroline da Silva Carvalho, de 33 anos, chorando pelo irmão, Wallace, 30, que visualizou pela última vez o WhatsApp por volta de 1h da madrugada de terça-feira (28). A data se refere ao dia que teve início o massacre protagonizado por policiais civis e militares entre os complexos de favelas da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense. “Falaram que ele tava aqui desde a primeira remessa. A gente tá procurando, já fez cadastro, fica vindo aqui e ninguém sabe informar nada. Isso é um desrespeito com a vida dos outros”, desabafa.
“E eu perdendo dias de serviço, procurando, ainda tenho que fazer traslado, levar o corpo do meu irmão para a Bahia. Meus pais estão desesperados e só eu moro aqui”, completa.
Assim como o irmão, Tássia mudou-se de Ilhéus (BA) para o Rio em busca de uma vida melhor. Ela vive em Macaé, e Wallace morava no Alemão, com a companheira e uma filha, uma bebê de seis meses. Ao seu lado, durante a entrevista, as silenciosas lágrimas da cunhada, Ana Clara, viúva aos 18 anos, diziam muito. Não queriam ser fotografadas, só desejam o fim da espera pela identificação do corpo de Wallace. Em dezembro, o rapaz completaria um ano em que chegou ao Rio de Janeiro e deixou duas filhas pequenas na terra natal: uma prestes a completar sete anos e outra de um.
“A gente sabe que ele tava fazendo coisa errada, mas era uma vida, tem família. E a gente não ia desistir dele, é meu irmão, eu não faria uma coisa dessa, é meu sangue. Pedi tanto para ele sair daquele lugar, meu Deus”, conta Tássia.
“Infelizmente, quando você se envolve numa vida dessa, se não tiver outras oportunidades e tiver filho para criar, você acaba continuando naquilo. Só quem nunca passou que não sabe o que acontece”, lamenta.
Quando soube o que estava acontecendo na região, ela começou a tentar contatar o irmão, mas as mensagens já não chegavam, e o telefone já não chamava. E então começaram as notícias da barbárie. “Começaram a me mandar várias informações cruzadas, que ele tinha morrido, que estava preso, que tinham arrancado a cabeça dele”, conta, já sem esperança de rever o irmão.
“Cheiro de sangue com Pinho Sol” Desde o episódio brutal em que pelo menos 121 pessoas foram assassinadas – e o que se ouve no território onde aconteceu a chacina é que esse número é muito mais elevado –, a palavra “esperança” soa vazia para quem vive, cotidianamente, a violência do Estado, por meio de suas forças policiais, nas favelas cariocas. Pelas ruas da região que foi palco do maior massacre da história do país, o que se vê são rostos marcados por emoções difusas: há tristeza, muita revolta e um profundo cansaço.
Um cenário em que predomina uma espécie de cheiro de morte, como relata o vice-presidente do Instituto Papo Reto, Thainã Medeiros.
“Vendo conhecidos meus ajudando a carregar corpos, eu via um olhar de cansaço. E um cheiro de sangue com Pinho Sol, que agora percebo ser o cheiro que eu associo à morte”, diz, referindo-se ao dia seguinte da chacina, quando viu mães chorando, debruçadas sobre seus filhos ensanguentados e um grupo de moradores lidando com corpos, em muitos casos, mutilados. Quando ele e alguns companheiros caminharam pela mata da Vacaria, entre o fim da manhã e o início da tarde de quarta-feira (29), ainda encontraram corpos.
Após a reunião entre as ministras de Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, com líderes comunitários, organizações de direitos humanos e parlamentares na sede da Central Única das Favelas (Cufa), na favela Vila Cruzeiro, na Penha, ocorrida nesta quinta-feira (30), a reportagem do Brasil de Fato seguiu, de mototáxi, até o local onde teve início a chacina.
O mototaxista, que pediu anonimato, chorava ao relatar o exato momento em que, recolhendo com colegas corpos deixados pelos policiais na mata, encontrou, sem vida, um de seus melhores amigos, que conhecia desde muito novo. “Ele era meu fechamento”. As buscas e o recolhimento de corpos foi iniciada somente depois que os policiais deixaram a favela, segundo o mototaxista, já que antes disso os agentes não permitiram.
Mais para o alto, ao caminhar pelo território, dezenas de perfurações nas casas e muros dão concretude à dor e a revolta que os moradores das favelas sentem desde os fatos da última terça-feira. Ainda que receosos em falar com a imprensa, seja por medo ou mesmo desconfiança, uma moradora se aproxima da reportagem: “Vem cá ver o que eles fizeram com a minha casa, entra aqui, vem ver!”
Alguns relatos dão conta de que, entre as vítimas que eram integrantes do Comando Vermelho (CV), todos já se encontravam rendidos, quando foram baleados. “Eu vi eles gritando ‘perdi, perdi’, se entregando, e os caras sem motivo atirando e ainda comemoravam”, conta a prima de uma vítima, no portão do IML, na manhã desta sexta-feira.
“Se fosse familiar, se fosse um filho deles na vida errada, iam sofrer do mesmo jeito, como nós estamos sofrendo. Ia ser até pior, porque eles não iam aceitar”, afirma.
“É muito fácil vir uma pessoa julgar, falar que ‘bandido bom é bandido morto’ quando não é seu parente. Ninguém tem direito de falar isso, ninguém tem como nem imaginar a dor disso. Para mim, os verdadeiros bandidos são esses covardes de farda”, encerra a jovem, que veio com a família do Pará para o Rio e vive na Penha.
Por volta das 21h da noite de terça-feira, fora do epicentro principal da chacina, o empresário Douglas, de 30 anos, voltava em seu carro para casa e passava pela estrada Adhemar Bebiano, no Complexo do Alemão, quando foi baleado por quatro policiais que, a bordo de duas motos, sequer o abordaram, conforme testemunhas contaram à sua esposa, Carine Andrade, 30.
“Eles não o mandaram parar, não houve nenhum tipo de abordagem ou perseguição policial, eles simplesmente alvejaram o carro com mais de cinco tiros e um desses tiros acertou o rosto do Douglas. Ele está em estado grave no hospital, precisando de um leito de CTI e vai ter que passar por várias cirurgias de reconstrução da face”, conta a esposa.
“O lugar foi todo mexido pelos policiais, temos provas e testemunhas de que ele não tinha nenhuma arma, que não tinha troca de tiro. Mas, no registro de ocorrência, os policiais alegam que teve uma troca de tiros, que ele estava armado”, critica.
“Além de estar no hospital, inconsciente, sedado, lutando pela vida, ele ainda está preso, sob custódia, acusado de tentativa de homicídio, como se tivesse atirado nos policiais”, completa Carine, que auxiliada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), quer provar a inocência do marido.
“Quem pratica terrorismo no Brasil é o Estado” A chacina do Complexo do Alemão e Complexo da Penha é um marco histórico na violência de Estado no Rio de Janeiro, segundo o advogado Guilherme Pimentel, coordenador da Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (Raave), que atendeu mais de 70 familiares de vítimas desde terça.
“Além de ser a maior chacina, ela também é uma operação policial que multiplicou bastante a quantidade de mortos da segunda maior chacina. Mas ela também é um marco no Rio de Janeiro porque mostra quem é Cláudio Castro, esse governador que entra para a história por ser responsável por quatro das cinco operações policiais mais letais da história do Rio de Janeiro”, analisa Pimentel.
“Esse governador que faz uma chacina que não é só eleitoreira, com o objetivo de angariar votos, disseminando fake news e ativando redes de ódio na nossa sociedade. É também uma chacina para desviar o seu verdadeiro caráter de criminoso”, destaca.
A chacina serve ao propósito do governador de, segundo Pimentel, “criar um falso debate a partir de fake news sobre o combate ao crime, quando todos nós sabemos que ele e os seus comparsas são os verdadeiros responsáveis por organizar o crime no Rio de Janeiro”.
O contexto que o Rio de Janeiro vive, de acordo com o coordenador da Raave, é “desumano, porque trata as vidas negras, as vidas nas favelas, como descartáveis e como meras peças no tabuleiro em que a política criminal com derramamento de sangue é uma engrenagem para interesses políticos desses grupos que sempre estiveram no poder no Rio e que são responsáveis por chegarmos a esse cenário”.
Criada por mães de jovens assassinados por policiais, reunindo vítimas de violência de Estado e defensores de direitos humanos, a Raave atua no acolhimento e cuidado de pessoas que tiveram seus direitos violados ou que vivem em situação de vulnerabilidade social.
Desde a chacina, a equipe tem estado presente no IML, no território e nos hospitais, oferecendo às famílias suporte e ajudando com o apoio jurídico e psicossocial necessário neste momento de total desamparo. Articulada com as universidades públicas, instituições de direitos humanos e grupos clínicos, é uma rede de apoio capaz de produzir uma política de cuidado que deveria existir como política pública, como defende Pimentel, que foi também Ouvidor da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro de 2020 a 2023.
“Ninguém no Rio de Janeiro se sentiu mais seguro depois daquela operação. Muito pelo contrário. A população do Rio hoje está se sentindo extremamente insegura e isso significa que a política de segurança do Cláudio Castro é um fracasso”, define.
Pimentel afirma que a gestão e a forma de conduzir a Segurança Pública de Castro movimentam o que ele chama de “necromercado de armas e munições”, e que, por isso, o governador tem resistência a colocar câmeras nos fardamentos e GPS nas viaturas. “Todos nós sabemos que agentes públicos estão envolvidos no tráfico de armas e munições”, critica Pimentel.
“Essa matança, então, vai gerar esse necromercado, seja com o aumento dos valores dos arregos, seja com o aumento das encomendas de armas e munições, que é o que está acontecendo agora, depois da operação, seja com o mercado de vidas, que quadrilhas rivais movimentam a partir dos agentes públicos para gerar essas mortes”, conclui o advogado.
A entrada do aparato repressivo do estado do Rio no complexo de favelas no terceiro dia após se completar 50 anos da morte, sob tortura, de Vladimir Herzog, veio “para relembrar aos pobres que essa história de cidadania e democracia não é para todos”, segundo o doutor em Ciência Política João Batista Damasceno, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
“O aparato torturador e assassino herdado da ditadura empresarial-militar não foi desmontado com a redemocratização limitada aos bairros de classe média. Nas favelas e periferias, o Terror do Estado se manteve intacto. Nas chacinas praticadas pelo Estado tem sido recorrente a denúncia de familiares de mortes causadas por arma branca: faca ou punhal. Já ouvi relato de policial que integrou o Bope que tal treinamento faz parte do curriculum”, afirma.
Para o desembargador do TJ-RJ, “as perícias feitas pelo órgão de perícia da Polícia Civil, quando crimes podem ser praticados pela própria Polícia Civil, deixa dúvida sobre a idoneidade dos laudos” e “o falseamento de laudos é rotineiro no Brasil”. Ele defende que “a maior chacina já ocorrida no Rio de Janeiro precisa ser federalizada e as perícias acompanhadas por órgão federal, não sujeito hierarquicamente ao governo do Estado”.
Como exemplo, ele cita novamente a ditadura militar, quando “o médico-legista Harry Shibata ficou conhecido por elaborar laudos falsos para encobrir a tortura e a morte de presos políticos”, sendo o episódio mais notório no qual se envolveu exatamente o do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
“Além da necessidade de apuração adequada, é preciso entender que o caso não está apenas no campo jurídico, porque foi deslocado para o campo geopolítico. A ideia difundida de que se trata de combate ao narcoterrorismo não é inocente. É uma revisita à Guerra Fria e à tutela do território nacional pelos EUA. Mas o terror é do Estado”, pondera o desembargador.
“A necropolítica se fundamenta no choque e temor, capaz de intimidar os vulneráveis. Os crimes contra a humanidade praticados na terça-feira não podem ser vistos apenas como uma operação policial estadual. Trata-se de uma operação psicológica planejada, sob cartilha estadunidense, para instituir instabilidade e difundir que vivemos sob o domínio do narcoterrorismo”, enfatiza Damasceno.
“Que a cadeia de comando que ordenou tais execuções, crimes contra a humanidade, seja submetida ao Tribunal Penal Internacional (TPI), se inexistente no Brasil instituições que apurem as responsabilidades”, encerra.
*Brasil de Fato
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Na terça-feira, 28 de outubro de 2025, uma operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, resultou na maior chacina da história recente do Brasil, com mais de 132 mortes – superando o Massacre do Carandiru (111 vítimas em 1992). A ação, conduzida pelas polícias fluminenses sob o governo de Cláudio Castro (PL), é denunciada como uma política de extermínio racista e seletiva, que atinge principalmente negros e pobres nas periferias. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) e entidades como a CTB repudiaram o episódio, destacando violações aos direitos humanos e à saúde pública. Convocação para Atos Nacionais
Movimentos populares, como a Coalizão Negra por Direitos, Uneafro Brasil, Movimento Negro Unificado (MNU), Unegro e Marcha das Mulheres Negras, lançaram a mobilização “Chamada geral contra a morte: o Estado mata negros e pobres no Rio de Janeiro e no Brasil”. Os atos ocorrem hoje, sexta-feira, 31 de outubro de 2025, em diversas cidades do país, com foco em punir os responsáveis, prender o governador Cláudio Castro e a cúpula da Segurança Pública, e combater o racismo estrutural. A iniciativa ganhou apoio de sindicatos, como a CTB, e de coalizões de direitos humanos.
Principais Locais e Horários dos Protestos Aqui vai uma lista de atos confirmados (horários locais; verifique atualizações locais para possíveis alterações):
Cidade – Local – Horário
Rio de Janeiro (RJ) Campo do Ordem Penha (Estrada José Rucas, 1202)13h
São Paulo (SP) MASP 18h
Belo Horizonte (MG) Praça 7, 17h
Salvador (BA) Praça da Piedade 16h
Brasília (DF) Museu da República18h
Recife (PE) Palácio do Campo das Princesas 16h
Fortaleza (CE) Praça da Gentilândia 17h
Porto Alegre (RS)Esquina Democrática17hFlorianópolis (SC)Em frente ao TICEN 17h30
Natal (RN) Shopping Midway 17h
Para mais cidades (como Juiz de Fora, Campinas, Belém e outras), acompanhe as redes dos movimentos ou busque atualizações em tempo real.
Reações nas Redes
Nas redes, como no X (antigo Twitter), há forte indignação: usuários denunciam a chacina como “eleitoral” e “bolsonarista”, exigindo prisão imediata de Castro e criticando a mídia por desviar o foco. Postagens recentes destacam solidariedade às famílias e chamam para os atos, com hashtags como #ChacinaNoRJ e #ClaudioCastroPreso. O STF e o TSE investigam o caso, com possível cassação do mandato do governador.
Demandas de Movimentos e Sociedade
Protestos Nacionais Hoje (31/10): Como mencionado anteriormente, atos em todo o país exigem a prisão imediata de Castro, prisão da cúpula da segurança pública e o fim de políticas “genocidas”. Hashtags como #ClaudioCastroPreso e #ChacinaNoRJ dominam as redes, com chamadas para “investigação e punição dos culpados”.
Críticas na Imprensa e Colunistas: Artigos e opiniões classificam Castro como “criminoso” e defendem sua prisão por confissão de planejamento da operação, que deixou corpos mutilados, com sinais de execução e sem resgate imediato na mata.
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Por mais que o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), esteja “extremamente satisfeito” com a Operação Escudo, da Polícia Militar, em resposta ao assassinato de um agente da Rota, no Guarujá, novas informações conferem a ela não uma resposta das autoridades, mas ação de vingança e retaliação respaldada pela excludente de ilicitude.
Um homem indicado em boletim de ocorrência como indigente se tornou a 16a vítima fatal da Operação Escudo ao ser cravejado de tiros de fuzil e pistola na tarde desta segunda-feira (1) no bairro Sítio da Conceiçãozinha, confirmando denúncia de moradora da região ouvida pelo GGN.
Conforme apuração do jornal Folha de S. Paulo, moradores testemunharam a polícia colocando armas no local da ocorrência e ameaçando os presentes a confirmarem a versão de que o homem estava armado atacando os policiais primeiro, que foram obrigados a revidar.
“Estávamos com o PSDB e agora estamos com esse governador que parece ser pior, querendo transformar a polícia em milícia. A situação no Guarujá está agora se transferindo para os morros de Santos”, denuncia ativista de direitos humanos na segurança pública que pediu para não se identificar.
Ainda nesta segunda (1) outro homem chamado Evandro Silva Belém foi morto no bairro Pae Cara pelo Batalhão de Operações Especiais da Polícia, o mesmo a qual pertencem os soldados envolvidos na ocorrência da morte do homem indicado como indigente.
Excludente de ilicitude Nas delegacias, se apresentando para a confecção da ocorrência, os policiais militares reproduzem um discurso com ares de ensaio: o homem atirou contra eles. As respostas da Secretaria de Segurança Pública e do próprio governador parecem também ensaiadas: se houver excesso, vamos punir os responsáveis.
As ocorrências com morte da Operação Escudo têm sido enquadradas pelos boletins na chamada excludente de ilicitude, previsto no artigo 23 do Código Penal, que exclui a culpabilidade de condutas ilegais em determinadas circunstâncias. Os policiais mataram porque estavam se defendendo.
Conforme o artigo do código penal, “não há crime quando o agente pratica o fato: em estado de necessidade; em legítima defesa; em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”.
O parágrafo único diz: “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”. Ou seja, caso ocorram excessos, eles estão, em tese, justificados, sobretudo para as autoridades que entendem que a polícia apenas deu uma resposta à altura.
Aliança Moro e Bolsonaro pela excludente O pacote anticrime do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, sancionado pelo então presidente Jair Bolsonaro, em 2019, acrescenta a esse artigo 23 que: “O juiz poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.
Os críticos do projeto afirmam que essa proposta representa uma espécie de carta branca para policiais matarem. O ministro Moro, em artigo publicado na imprensa, negou que essa interpretação seja verdadeira.
Segundo ele, o texto apenas descreve “situações de legítima defesa” e “reconhecendo que quem reage a uma agressão injusta pode exceder-se”. A ampliação da excludente de ilicitude foi uma das promessas de campanha de Bolsonaro.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, uma a cada cinco mortes violentas e intencionais no Estado de São Paulo foi praticada por agentes de segurança pública. Em 2021, mais de 6 mil pessoas foram mortas por forças policiais no país: 12,07% de todas as mortes violentas intencionais.
*Renato Santana/GGN
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Tarcísio faz defesa enfática da operação que matou 14 pessoas no litoral e agrada a bolsonaristas que estavam insatisfeitos com sua postura.
São Paulo – A defesa enfática que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem feito da operação policial que já deixou ao menos 14 mortos no Guarujá, litoral paulista, o reaproximou do bolsonarismo, base que o ajudou a se eleger no ano passado e que vinha disparando fogo amigo nos últimos meses, segundo o Metrópoles.
Além do apoio incondicional à Polícia Militar (PM), que reagiu ao assassinato de um soldado da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) na quinta-feira (27/7), Tarcísio escolheu palavras-chave do vocabulário bolsonarista para responder a questionamentos sobre possíveis excessos das forças de segurança.
Por mais de uma vez, o governador falou em “guerra” contra o tráfico de drogas na Baixada Santista para justificar os confrontos letais após a morte do PM da Rota, e disse que “não podemos sucumbir a narrativas” quando foi indagado sobre denúncias de abusos e tortura durante a operação policial no litoral.
“Essa guerra [com o narcotráfico] destrói a sociedade. Essa guerra não é só da polícia. Essa guerra não é só do governo do estado. Essa guerra é de todo mundo. Essa guerra é de todos”, disse Tarcísio nessa terça-feira (1º/8), após cobrar respeito à Polícia Militar.
Tarcísio já havia negado excessos da PM na ação e dito que “não existe combate ao crime sem efeito colateral”, em referência aos 14 mortos em supostos tiroteios com policiais. O governador enfatizou que o crime organizado anda fortemente armado e ressalvou que “ninguém quer o confronto”.
A palavra “narrativa” voltou a ser usada até mesmo na hora de prometer que eventuais abusos da polícia serão investigados e punidos. “Agora fica sempre essa narrativa de que há excesso, há excesso, há excesso. Se houver excesso, nós vamos investigar.”
O tom linha-dura adotado por Tarcísio agradou à base bolsonarista em São Paulo, que andava profundamente irritada com o governador, tanto pela falta de espaço no governo paulista quanto pelas decisões políticas dele.
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Edgar Ricardo de Oliveira, o empresário bolsonarista de 30 anos detentor de um registro de CAC (colecionador, atirador e caçador) que matou sete pessoas usando uma escopeta calibre 12, junto com um comparsa, num bar de Sinop (MT), na terça-feira (21), entre elas uma menina de 12 anos, só porque perdeu uma aposta num jogo de sinuca, se entregou na manhã desta quinta-feira (23) e já deu algumas declarações sobre o macabro crime. Entre elas, uma em que se coloca como “misericordioso”, mesmo tendo protagonizado uma ação bárbara que revoltou o Brasil.
Nas imagens registradas no estabelecimento onde ocorreram os múltiplos homicídios, fica claro que das nove pessoas presentes no local, sem contar os dois atiradores, apenas duas se safam. Uma é um homem que consegue correr assim que os disparos se iniciam e em alta velocidade e a outra é a mãe de Larissa Frasão de Almeida e esposa de Getúlio Frasão Junior, que depois de ver a filha e o marido destroçados pelos tiros de escopeta fica jogada no chão, relativamente próxima aos assassinos, que não atiram nela.
De acordo com a versão apresentada pelo assassino no momento da prisão, que informalmente já admitiu a autoria de todas as mortes, embora tal iniciativa fosse desnecessária, visto as imagens que circularam o mundo mostrando seu protagonismo na chacina, ele não atirou na mulher caída no chão “para poupá-la” e que ainda determinou a Ezequiel Souza Ribeiro, o comparsa que estava com uma pistola, “que não atirasse nela”. Edgar disse ainda que “não era para ter acertado a pré-adolescente”.
Ezequiel foi morto na quarta-feira (22), após se esconder numa área próxima ao aeroporto de Sinop e supostamente reagir a uma operação realizada pelo BOPE da Polícia Militar do Mato Grosso, que o atingiu com vários tiros. Ele chegou a ser levado para um hospital, mas já chegou morto à emergência.
O bolsonarista Edgard Ricardo de Oliveira, protagonista da chacina que deixou sete mortos em um bar de sinuca em Sinop, no chamado “nortão” do Estado, se entregou na manhã desta quinta-feira (23) à polícia. Ele prestou depoimento na delegacia da cidade por várias horas.
Edgar foi acompanhado do advogado Marcos Vinicius Borges, que havia pedido a presença da mídia para que seu cliente pudesse se entregar de forma “pacífica”.
“Nós até queremos que tenha o acompanhamento da mídia. Uma das exigências da defesa é que possamos acompanhá-lo na viatura e no procedimento na Polícia Civil”, disse o advogado à página Sinop Urgente, no Facebook, nesta quarta-feira (22).
Na sequência, o assassino, que é CAC e apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro (PL), aparece efetuando os disparos à queima roupa e matando as pessoas que estavam no local. Antes de sair, Edgar ainda recolhe, em cima da mesa de sinuca, o dinheiro que perdeu na aposta.
*Com Forum
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Dupla de apoiadores de Bolsonaro perdeu duas partidas e virou alvo de piadas no bar antes de sacar armas e matar 7 pessoas, entre elas uma adolescente de 12 anos.
A cultura armamentista e de ódio provocou mais uma tragédia em um momento que seria de lazer em Sinop, cidade do chamado “Nortão” do Mato Grosso, que ficou conhecida nos últimos tempos por se tornar um dos principais redutos de apoio a Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.
Da região saíram boa parte dos golpistas que promoveram atos terroristas em Brasília e é lá onde estão boa parte dos investigados pela Polícia Federal (PF) por financiar atos terroristas.
Na tarde desta terça-feira (21), Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, promoveram uma chacina após perder um jogo de sinuca em um bar no Bairro Jardim Lisboa na cidade, que está localizada a 504 quilômetros da capital, Cuiabá.
Edgard tem em seu perfil nas redes uma foto com boné de Bolsonaro. O outro, segundo a mídia regional, também seria apoiador ferrenho do ex-presidente.
Segundo a polícia, a dupla perdeu uma primeira partida e foi buscar mais dinheiro para uma revanche. Mas, perdeu também o segundo jogo e começou a ser alvo de piadas das pessoas que estavam no bar.
Um deles, então, sacou um revólver e rendeu as pessoas que estavam no bar, colocando sete delas em frente a uma parede.
O segundo homem foi até o carro e voltou com uma espingarda calibre 12 e começou a atirar, matando com tiros à queima-roupa seis pessoas, entre elas uma adolescente de 12 anos. A sétima vítima, que chegou a ser socorrida em estado grave pelo Corpo de Bombeiros, morreu no centro cirúrgico do hospital do município.
Entre as vítimas estão pai e filha, clientes e o dono do bar. Foram assassinados: Larissa Frazão de Almeida, de 12 anos, que é filha de Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, de 36 anos, que também foi morto. As outras vítimas são Adriano Balbinote, 46; Orisberto Pereira Souza, 38; Josué Ramos Tenório, 48; Maciel Bruno de Andrade Costa, 35 e Elizeu Santos da Silva, 47.
As imagens – CENAS FORTES – foram registradas pelas câmaras de segurança do bar. Antes de deixar o local, o assassino pega o dinheiro que perdeu na partida em cima da mesa de sinuca.
Cenas fortes: assista
ATENÇÃO ‼️ CENAS FORTES ‼️
Um imbecil perdeu uma grana em jogo de sinuca num bar em Sinop/MT, voltou c/ uma arma calibre 12 e fez uma chacina
Se isso aí ñ a colheita do discurso armamentista dos últimos 4 anos eu ñ sei de + nda. Ainda vai morrer mto inocente! Parabéns Bolsonaro pic.twitter.com/9whzDgqKwo
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Saldo da gestão do bolsonarista, Claudio Castro, governador do Rio, na cidade que é base eleitoral de Bolsonaro, é de 178 mortes e 39 chacinas.
A chacina de ontem na Vila Cruzeiro foi uma das mais letais da história do Rio, provocada por operações policiais. A primeira, no Jacarezinho, um ano antes, também ocorreu na gestão do bolsonarista, Cláudio Castro, que acumula 178 mortes e 39 chacinas, segundo estudo feito pelo Instituto Fogo Cruzado e pela Universidade Federal Fluminense.
Ontem, na Vila Cruzeiro, a chacina, comemorada pelo presidente da República, deixou um saldo de 24 pessoas mortas, 7 pessoas feridas, 32 escolas fechadas. O clima de terror tomou conta da favela. Moradores com medo de ir trabalhar e do acontecerá amanhã.
Enquanto isso, Bolsonaro usa as redes sociais para deixar claro que Claudio Castro obedeceu a ordens superiores, pois ele julga que a chacina de negros e pobres na favela é uma potente aliada de sua campanha no Rio que, segundo pesquisas, tem Lula com 15 pontos de vantagem sobre Bolsonaro.
Não é preciso ser muito astuto para saber que o governador do Rio aceitou de bom grado a incumbência desse serviço sujo pelos mesmos motivos eleitoreiros que movem Bolsonaro. Afinal, Freixo, que tem apoio de Lula, está empatado com ele na disputa pelo governo do estado, com todas as chances de vitória, já que um segundo turno, Freixo teria apoio da esquerda carioca e somaria muito mais votos que Castro e venceria o pleito.
Não precisa ser um enxadrista para entender o motivo real da chacina do Rio. A classe média bolsonarista sonha em botar fogo na favela. Bolsonaro tenta, desesperadamente, segurar sua derrota pelo rabo.
O pano de fundo dessa tragédia, em nome do combate ao tráfico de drogas, é rigorosamente este, por isso Bolsonaro foi para as redes sociais comemorar o que ele julga ser uma tacada de mestre na disputa eleitoral de 2022.
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Rio de Janeiro: 1.810 pessoas morreram em intervenções policiais, o número mais alto em duas décadas. A letalidade policial foi um recorde em 2019, enquanto os crimes tiveram um declínio histórico, a última tendência que se estende ao resto do Brasil, um dos países mais violentos.
Mas especialistas em segurança pública alertam que a letalidade dos agentes e a diminuição de crimes estão desconectadas, embora os políticos de apoio à mão dura se orgulhem da suposta relação.” (El País, Espanha)
São Paulo: população de rua cresce 60% depois do golpe.
Segundo a Folha, os dados são do, ainda inédito Censo da População em Situação de Rua, realizado pela prefeitura.
A população de rua da cidade de São Paulo chegou a 24.344 pessoas em 2019, um salto de 60% em quatro anos.
A crise econômica, desemprego, baixa renda promovidos pelos governos Temer e Bolsonaro fizeram isso.
Mas não é só isso
Como bem disse Saul Leblon – Carta Maior, “o governo tido como eficiente pelas elites investiu pífios R$ 57,3 bi em 2019; disso, 28,7% (R$ 16,5 bi) foram na área militar, sim, mi-li-tar… (Folha).
Em contrapartida, reservou vergonhosos R$ 167,4 milhões para obras contra inundações, dos quais nenhum centavo pago até agora. A rua é só a ponta do iceberg do empobrecimento galopante numa sociedade em que mais de 50 milhões balançam entre o desemprego e o bico. O emprego, a dignidade dos trabalhadores, o patrimônio e a soberania têm neste governo um drone exterminador manejado pelo grande dinheiro.
Não sai nada daí, exceto isso: vidas ordinárias, nação dilapidada, gente empobrecida.