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Bolsonaro mente e nega viagem, mas GSI já está em Orlando para sua chegada

Derrotado diz que fuga aos EUA é “fake”; ele negou também uma suposta “reunião de despedida”.

O presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL) negou que está de saída para os EUA, mas uma equipe do chamado “escalão avançado” do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) desembarcou em Orlando na manhã desta quarta-feira (28), para preparar sua chegada.

O avião da Presidência que levou a equipe precursora de Bolsonaro decolou de Brasília às 0h48 da quarta e fez uma escala em Boa Vista (RR) na madrugada. Por volta das 5h30, a aeronave partiu de Roraima rumo a Orlando, onde pousou por volta das 9h30 no horário local (11h30, em Brasília).

Bolsonaro mente

Bolsonaro negou, mas viajará para os Estados Unidos em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) antes da posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023. A expectativa é que ele embarque na próxima sexta-feira (30).

Ele deve passar um período sabático na Flórida. O presidente derrotado deve ficar em uma casa num condomínio de brasileiros. Segundo auxiliares, a residência teria sido emprestada por um fazendeiro, cujo nome o entorno do presidente tenta manter em sigilo.

Na foto em destaque, a marmota chegando nos EUA.

*Com Forum

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Permanência de Bolsonaro nos EUA dificultaria processo em Haia

Jamil Chade – Se Jair Bolsonaro (PL) decidir ficar nos EUA, depois de deixar a Presidência brasileira, a mudança poderá ter um impacto nas denúncias que ele sofre no Tribunal Penal Internacional, em Haia.

Nesta semana, o UOL revelou que o brasileiro pretende passar uma temporada na Flórida. Inicialmente, essa ida poderia envolver uma estadia de um ou dois meses. Mas, como outros bolsonaristas que jamais retornaram ao Brasil, uma decisão sua de estender a viagem teria o potencial de causar obstáculos em uma eventual investigação do TPI.

Bolsonaro hoje é alvo de pelo menos cinco denúncias em Haia por crimes contra a humanidade e por genocídio, envolvendo tanto sua gestão da pandemia como a situação dos indígenas no Brasil. A Procuradoria da corte ainda avalia se vai abrir uma investigação formal sobre o brasileiro.

Mas a realidade é que o fim de seu mandato como presidente não encerra os processos internacionais, que tradicionalmente duram anos.

Bolsonaro já disse que teme ser preso no Brasil, com o fim de seu mandato. Mas, se permanecesse apenas no país, Bolsonaro lutaria nos tribunais nacionais contra uma eventual extradição para Haia para que seja julgado. Pela lei, o Brasil não entrega seus nacionais para cortes estrangeiras. Mas deixa uma brecha justamente para órgãos internacionais. Diplomatas acreditam que, se um dia o processo chegar a isso, um intenso debate jurídico seria travado.

O que mudaria com uma eventual ida de Bolsonaro para os EUA? Para diplomatas, uma permanência de Bolsonaro em território americano poderia dificultar a reunião de evidências contra o brasileiro ou mesmo o envio de perguntas a ele.

Apesar de o governo democrata de Bill Clinton ter feito parte das negociações do Tratado de Roma, que criou o TPI, os EUA não ratificaram o acordo e não reconhecem a jurisdição da corte.
Ao longo de alguns anos, a relação entre Washington e Haia mudou. Em 2002, no governo de George W. Bush, os americanos “desassinaram” o tratado. Mas, mesmo assim, apoiaram as investigações do tribunal sobre o genocídio no Sudão.
Algum tipo de cooperação, ainda que limitada, ocorreu durante o governo de Barack Obama. A Casa Branca chegou a prestar informações consideradas como fundamentais para que alguns suspeitos pudessem ser processados em Haia. Mas sempre que não envolvesse americanos ou interesses dos EUA.
A situação foi radicalmente diferente quando Donald Trump assumiu o governo e decidiu implementar até mesmo sanções contra funcionários do tribunal, retirar vistos e congelar recursos nos bancos dos EUA das pessoas que trabalhavam na corte.

A medida foi uma retaliação depois de um processo aberto contra os militares americanos em Haia por suspeitas de crimes no Afeganistão. O governo americano tampouco tolera a existência de um processo contra Israel por crimes em território palestino.

E com Biden? A nova administração americana desfez as sanções impostas contra os funcionários de Haia e a esperança era de que a cooperação entre a Casa Branca e o TPI fosse restabelecida.

Delegações de Washington voltaram a ir às reuniões e a troca de informação voltou a ocorrer, ainda que de forma limitada. Mas o governo americano deixou claro que continua a se opondo a qualquer investigação que envolva suas atividades no exterior.

E como isso afetaria Bolsonaro? A inexistência de uma relação automática entre a Casa Branca e o TPI torna incerta qualquer colaboração das autoridades americanas sobre o caso de uma pessoa que esteja em seu território.

Biden tem sido alvo de críticas por apoiar investigações contra a Rússia no TPI em sua guerra contra a Ucrânia, mas manter restrições para outros casos.

Para diplomatas, essa relação tumultuada dos americanos com Haia não facilitaria um eventual processo e troca de informações e cada caso dependeria de negociações.

E para a Itália? Se Bolsonaro optasse por uma estadia na Itália onde conta com amigos da extrema direita e de onde vêm seus antepassados, sua situação poderia ser de maior vulnerabilidade diante da corte. Ao contrário dos EUA, Roma faz parte do TPI e coopera com a corte.

*Uol

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Tudo indica que Bolsonaro fugirá do Brasil no próximo dia 28

Como se sabe, em política não existe coincidência. E se ninguém foge por acaso, Bolsonaro sair do país justo a três dias a posse de Lula, a meu ver, não tem outra explicação. O sujeito está fugindo da justiça brasileira.

Na verdade, ele seguirá o caminho de outros criminosos, como Allan dos Santos e Paulo Figueiredo, fugitivos da justiça brasileira nos EUA. Dois picaretas que não podem colocar os pés em chão brasileiro, pois se pisarem no aeroporto, serão conduzidos para o presídio.

Algum ingênuo, mesmo o mais boboca, acredita que Bolsonaro não está utilizando seus últimos dias na cadeira da presidência para dar um balão na justiça brasileira com essa viagem?

Como disse o próprio Bolsonaro, preso eu não vou. Com uma frase dessa que é a confissão de inúmeros e pesados crimes, Bolsonaro antecipa, como antecipou, há mais de ano, que, se não pode cair atirando, ele se retira do país para conseguir uma blindagem que lhe garanta a liberdade em outro solo.

Pode ser especulação? Sim, pode. Mas tudo leva a crer o oposto, ainda mais se tratando de quem se trata. O sujeito é o rei do caso pensado.

Bolsonaro moveu seu tabuleiro político de destruição nacional, durante quatro anos, sabendo exatamente a tragédia que estava produzindo. Nunca foi erro, mas projeto friamente calculado para destruir o próprio Estado brasileiro.

Por tudo isso e mais uma gigantesca pilha de processos que tem nas costas, e que terá que encarar assim que perder o poder, Bolsonaro, não resta dúvida, está partindo em retirada.

A pergunta é, Carluxo vai junto?

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Bolsonaro decide não passar faixa a Lula e viajará para resort de Trump

O presidente Jair Bolsonaro (PL) não apenas decidiu não passar a faixa presidencial para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º de janeiro como pretende estar fora do país nessa data.

Bolsonaro disse a amigos que passará uma temporada no condomínio Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida. O ex-presidente Donald Trump é o dono da propriedade, que abriga um resort de luxo, também pertencente às empresas de Trump. Ele e Bolsonaro jantaram lá em março de 2020, durante uma visita oficial do presidente brasileiro ao então presidente americano, no começo da pandemia da covid 19.

A reportagem não conseguiu confirmar se Bolsonaro ficará na residência de Trump ou em outra casa da propriedade.

A viagem de Bolsonaro está programada para o próximo dia 28. O em breve ex-presidente disse a amigos que pretende “descansar por um ou dois meses” na Flórida.

*Thais Oyama/Uol

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Lula se encontrará nesta quarta com Departamento de Estado dos EUA

Informação foi confirmada oficialmente pela embaixada dos EUA e por duas altas por fontes da campanha do petista.

Segundo a CNN, o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um encontro agendado nesta quarta-feira (21) com representantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Dentre eles, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff, principal autoridade do governo americano no Brasil, tendo em vista que o cargo de embaixador não está ocupado.

A informação foi confirmada oficialmente pela embaixada dos Estados Unidos e por duas altas por fontes da campanha de Lula.

Além de Lula, o ex-chanceler Celso Amorim e o senador Jacques Wagner, cotado para o Itamaraty, também devem participar.

O encontro vem sendo tratado com reserva pelos dois lados. A ideia era que ele já tivesse acontecido.

Depois, ficou acordado que ocorreria entre o primeiro e o segundo turno. E na última negociação o acerto era de que ocorresse apenas após o fim das eleições.

Mas como as pesquisas passaram a apontar a possibilidade real de a eleição acabar no primeiro turno, os dois lados avaliaram que seria melhor que o encontro ocorresse o quanto antes. O plano é que eles se encontrem em São Paulo, na sede do Instituto Lula.

A ideia dos americanos é assegurar apoio ao resultado eleitoral e já abordar possíveis temas de uma agenda bilateral, como democracia e meio ambiente — temas centrais na agenda do presidente americano Joe Biden.

As datas das reuniões não têm ligação com outros eventos e dependem exclusivamente da disponibilidade dos candidatos.

Em nota para a CNN, a embaixada disse:

“Como prática, diplomatas norte-americanos da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil se reúnem regularmente, de forma privada, com partidos políticos e candidatos. Vemos como uma valiosa oportunidade para o governo dos EUA ouvir as perspectivas sobre eventos atuais e opiniões políticas sobre questões de interesse mútuo. Nós planejamos continuar com este esforço para encontrar com todos os principais candidatos presidenciais das eleições de outubro”.

Afirmou ainda que “a liderança da Embaixada já convidou todos os principais candidatos presidenciais, sem definir uma prioridade, com o propósito de discutir suas opiniões sobre as relações bilaterais.

Alguns já aceitaram, e estamos aguardando a confirmação de outros candidatos.”

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Mundo

TVs de EUA e Reino Unido exibem documentário crítico sobre a ascensão do clã Bolsonaro ao poder

Ideólogo de Trump, Steve Bannon é entrevistado; expectativa é de revelações sobre tramas que elegeram Bolsonaro.

Segundo o Brasil de Fato, espectadores estadunidenses e britânicos vão poder assistir nas próximas semanas um documentário em três partes sobre a chegada ao poder de Jair Bolsonaro e seus filhos, além de sua gestão, que mudou a percepção do Brasil aos olhos do mundo.

As três horas de The Boys From Brazil: Rise of the Bolsonaros (Os Meninos do Brasil: Ascensão dos Bolsonaros, em tradução livre) começam a ser transmitidas nesta quarta pela TV pública dos EUA, a PBS (Public Broadcasting Service). No Reino Unido, a série vai ao ar a partir da próxima segunda (5/9) pela BBC2 – responsável pelo documentário.

Os produtores entrevistaram membros do clã, como o senador Flávio Bolsonaro (que dá sua versão para a “facada” durante a corrida de 2018, determinante para o desfecho do pleito), o ex-ministro bolsonarista da Saúde e agora opositor Luiz Mandetta (sobre a condução da pandemia), o jornalista estadunidense Glenn Greenwald, radicado no Brasil desde 2005 e seu marido, o deputado federal e ativista LGBTQIA+ David Miranda (PDT).

A expectativa é que o programa traga revelações sobre o processo de manipulação da mídia e opinião pública que catapultou então candidato nanico ao Palácio do Planalto. Para isso, os produtores entrevistaram Steve Bannon, o estrategista do ex-presidente dos EUA Donald Trump, responsável por ajudar na consolidação de governos de extrema-direita pelo mundo. Bannon se envolveu ativamente na campanha presidencial de Bolsonaro.

Além da chegada ao poder, o documentário foca na desastrosa condução da pandemia e os alarmantes índices de destruição do meio-ambiente – um dos temas relacionados ao Brasil mais caros para as audiências estrangeiras. Não há previsão para que The Boys From Brazil: Rise of Bolsonaros seja transmitido em território nacional.

Faltando pouco mais de um mês para as eleições presidenciais, a data de exibição pode ter impacto eleitoral. Em 2018, Bolsonaro venceu com folga entre os eleitores brasileiros radicados nos EUA e no Reino Unido.

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Corrupção

Médico vende atestado falso de alergia para entrar nos EUA sem vacina

Marcos Falcão anuncia “serviço” nas redes sociais e ainda ensina como mães podem burlar exigência de vacinas em crianças.

Um médico bolsonarista, que se identifica nas redes sociais como Dr. Marcos Falcão, anunciou que vende atestados de alergia para quem deseja entrar nos Estados Unidos sem a vacina contra a Covid-19.

“Atenção, quem não tomou vacina e quer viajar. A empresa American Airlines exige contraindicação absoluta à vax para o paciente embarcar, ou seja, alergia a pelo menos 1 componente de todas. A empresa Copa e outras aceitam atestados de contraindicação relativa, dos quais emito. Compartilhe!”, postou o médico no Twitter.

https://twitter.com/DrMarcosFalcao/status/1558135640025448449?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1558135640025448449%7Ctwgr%5Ee27ac9b645cf0b79f24fe3bfaae1b9237985758c%7Ctwcon%5Es1_c10&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.apostagem.com.br%2Fwp-admin%2Fpost-new.php

Falcão é seguido por políticos bolsonaristas, como o deputado federal e ex-ministro Osmar Terra (MDB-RS), o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF). Em suas postagens, ele costuma elogiar Jair Bolsonaro (PL).

A reportagem da Fórum entrou em contato com o médico para questionar como funciona o atestado de vacina para viajar. A resposta ocorreu via mensagem automática, que informa que “o valor da consulta é R$: 470,00. Aceitamos: Pix e cartão de crédito”.

*Com Forum

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Justiça

Pai e filho com medo da justiça no Brasil e nos EUA

O clã abusou da arrogância.

Agora que vão sentindo que o chão de apoio vai faltando, os membros da falange familiar começam a receber a fatura da farra fascista que promoveram e, lógico, o gosto de jiló estressa todo mundo.

Não bastasse a situação de Bolsonaro com a justiça no Brasil, Eduardo, o 03, está se borrando de medo da justiça americana por ser acusado de ter conspirado junto com trumpistas a invasão do Capitólio.

O interessante dessa história é que, tanto Bolsonaro no Brasil, quanto Eduardo nos EUA, dizem-se vítimas de uma perseguição conspiracionista, sendo que Eduardo se gabou, nas redes sociais, de estar nos EUA dias antes com aliados de quem comandou a invasão do Capitólio.

No caso de Bolsonaro, o sentido é o mesmo, só que pré-datado quando ele prega que seus aliados se inspirem na invasão do Capitólio, caso seja derrotado nas urnas em outubro.

Por isso o discurso de perseguição é o mesmo, o que torna o chororô de Eduardo um plágio do pai em inglês nesse furdunço político bilíngue em que os dois estão enfiados, com todas as chances de dar ruim para os dois, por enquanto, porque o que é de Flávio e de Carlos está guardado pela justiça, esperando a hora certa de dar o bote.

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Mundo

Vídeo: Desfile de 4 de julho é interrompido por tiroteio nos EUA; pelo menos 5 mortos

Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas durante um tiroteio que interrompeu as celebrações do Dia da Independência dos Estados Unidos, comemorado hoje, na cidade de Highland Park, localizada próxima a Chicago, no estado de Illinois. A informação foi confirmada pela polícia local, que também orientou os moradores a se abrigarem em locais seguros, já que o suspeito do crime não tinha sido preso até as 12h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília), segundo o Uol.

A informação foi confirmada pela polícia local, que também orientou os moradores a se abrigarem em locais seguros, já que o suspeito do crime não tinha sido preso até as 12h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília).

Pelo menos 5 pessoas morreram, e 19 foram levadas a hospitais depois que tiros foram disparados durante uma parada de 4 de Julho (dia da independência dos Estados Unidos) nesta segunda-feira em Highland Park, no estado de Illinois.

As informações são de um comunicado da polícia. O texto não deixa claro se entre os 19 que foram levados ao hospital estão os 5 mortos.

Há relatos de feridos, mas as autoridades não confirmaram essa informação oficialmente até o momento. A emissora ABC ouviu fontes segundo as quais um atirador pode ainda estar à solta.

Ambulâncias e carros da polícia estão no local. Vídeos do incidente mostram pessoas sendo colocadas nas ambulâncias.

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Baltasar Garzón: A batalha judicial contra a extradição de Assange para os EUA ainda não terminou

Artigo do advogado de Assange revela que a batalha judicial por sua não extradição está entrando em um caminho em que terá que ser determinada a verdadeira essência da violação do direito à liberdade de expressão e da defesa nuclear da liberdade de acesso à informação e sua difusão

por Baltasar Garzón, no Fórum 21*

Há dez anos, em 19 de junho de 2012, Julian Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceria até 11 de abril de 2019.

Lembro-me que quando assumi a coordenação de sua defesa, um mês depois, pensei que estávamos todos afetados pela luta que Assange havia empreendido desde 2010, notícias horripilantes e terríveis foram publicadas nos principais jornais do mundo, revelando a crueldade do exército norte-americano e das autoridades que dirigiram a guerra no Afeganistão e no Iraque.

Há poucos dias, a decisão da ministra britânica do Interior, Priti Patel, de aceitar entregar Julian Assange aos Estados Unidos, ficará na história da ignomínia.

Trata-se de uma decisão que criminaliza a atividade do jornalismo em sua essência. Com ela, entende-se que o que Julian Assange e o WikiLeaks fizeram, recebendo informações verídicas, que testemunhavam crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, divulgando-os e publicando-os como de interesse público, pode ser punido como crime e seus autores julgados e condenados.

Portanto, a decisão de Patel é um precedente que coloca em risco todos os jornalistas investigativos do mundo.

Como em outros países, inclusive na Espanha, o processo de extradição britânico conta com a intervenção do poder executivo. Além de passar pelos tribunais, com múltiplas instâncias e recursos, as extradições no Reino Unido também são de responsabilidade do Governo.

Algo que ficou muito visível no caso Pinochet, em que a extradição para a Espanha do general chileno havia sido acordada na justiça, mas, ao chegar ao ministro do Interior britânico Jack Straw, este concordou em entregá-lo ao seu país de nacionalidade, o Chile, supostamente devido ao seu delicado estado de saúde.

Embora mais tarde, quando o ex-ditador chileno chegou a seu país, levantou-se da cadeira de rodas e revelou, zombeteiramente diante do mundo, que seu estado de saúde não era aquele alegado.

A grande diferença entre este caso e o atual de Julian Assange é que com aquela decisão pretendia-se a impunidade do ditador e com esta consuma-se a perseguição e condenação do jornalista.

Agora, a ministra do Interior, Patel, tinha argumentos humanitários e de saúde para haver bloqueado a extradição.

Já em primeira instância, perante a juíza distrital, Vanessa Baraitser, foram divulgados laudos médicos que testemunharam, e assim afirmaram, que a situação de saúde psíquica e mental de Julian Assange era tão debilitada que ele poderia morrer na prisão.

Além disso, o Relator da ONU contra a Tortura o visitou em seu local de detenção, a prisão de alta segurança de Belmarch, e também concluiu que a condição deteriorada de sua saúde tornava muito credível a possibilidade de que ele pudesse morrer em uma prisão norte-americana.

No entanto, o governo de Boris Johnson, por meio de Patel, não demonstrou nenhuma condescendência pela saúde do jornalista, como fez Straw em sua época em favor do ex-ditador chileno.

A batalha judicial começa

Não obstante, a decisão adotada ontem [20 de junho de 2022] não significa o fim do processo de extradição no Reino Unido, pelo contrário, agora começa a parte nuclear da batalha judicial.

Contra decisão da ministra Patel agora será interposta apelação perante o Supremo Tribunal britânico e, eventualmente, mais tarde também poderá ser feita perante o Supremo Tribunal do Reino Unido.

Todos os argumentos contra a extradição que foram invocados pela defesa e negados pela juíza da comarca, Vanessa Baraitser, em primeira instância, agora também podem ser submetidos a “recurso cruzado”.

Na ocasião, a juíza Baraitser negou a extradição sob o argumento de que Julian Assange poderia morrer em um presídio norte-americano, pois estaria submetido a um sistema prisional muito severo (Medidas Administrativas Especiais) e entraria em um presídio de segurança máxima, uma situação de abuso que não encontraria amparo nas normas europeias.

Os Estados Unidos recorreram desse elemento humanitário, ante a corte superior, aportando um conjunto de garantias diplomáticas vagas e imprecisas sobre o tratamento que se daria ao jornalista extraditado.

Surpreendentemente a corte superior, em uma sentença concisa, decidiu reverter a decisão precedente de não extradição.

Finalmente, a apelação ante a Corte Suprema, com relação a esse elemento, não foi vista em seu mérito porque, notadamente, o órgão judicial britânico máximo compreendeu que nenhum elemento legal existia para analisar nas garantias diplomáticas dadas pelos Estados Unidos, mesmo que a defesa tenha dado múltiplos precedentes de violações daquelas mesmas garantias judiciais por parte dos Estados Unidos com outros países europeus.

Mas agora, todos os elementos jurídicos que foram negados em primeira instância pela juíza Baraitser, e que não foram objeto de recurso, serão revistos e estudados na apelação (“recurso cruzado”) pela defesa perante o Tribunal Superior.

E ali há os elementos jurídicos mais controversos dessa extradição, como o fato de estarmos enfrentando perseguição política porque a atividade jornalística não pode ser crime, a inexistência de dupla incriminação pela Lei de Espionagem dos Estados Unidos de 1917 aplicada à imprensa, a violação do princípio da proporcionalidade com penas que podem chegar a 175 anos de prisão, ou o uso abusivo da jurisdição norte-americana de forma extraterritorial para perseguir um jornalista estrangeiro que publicou no exterior. (Na Espanha, por exemplo, essa possibilidade seria inviável, de acordo com a Lei Orgânica do Judiciário).

Tudo isso vai ser elucidado a partir de agora, pois a batalha judicial não terminou, mais ainda, está entrando em um caminho em que terá que ser determinada a verdadeira essência da violação do direito à liberdade de expressão e defesa nuclear da liberdade de acesso à informação e sua difusão.

A par do exposto, no caso de esgotamento das instâncias judiciais internas, também permaneceria o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), isso se o Primeiro-Ministro britânico, entre uma festa e outra, não decidir que a Grã-Bretanha deixe não só o União Europeia, mas também o Conselho da Europa e, portanto, o TEDH.

A satisfação de Pompeo

Um dos elementos mais marcantes da decisão da ministra Patel foi o escasso apoio obtido.

Praticamente toda a comunidade internacional de direitos humanos, incluindo agências das Nações Unidas, o Conselho da Europa e as organizações mais relevantes da sociedade civil se posicionaram contra.

Claro, ela obteve um apoio marcante: o de Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e ex-secretário de Estado durante o governo de Donald Trump.

É delirante que Mike Pompeo saúde a decisão de Priti Patel no Twitter alguns dias depois de se saber que o Tribunal Nacional Espanhol concordou em chamá-lo para depor como investigado em relação ao caso instruído pelo magistrado Juiz Santiago Pedraz, chefe do Tribunal Tribunal Central de Instrução 5.

A intimação deve-se ao fato de que uma empresa de segurança espanhola que estava encarregada da segurança da Embaixada do Equador em Londres, quando Julian Assange estava asilado, teria trabalhado para a CIA empregando medidas extremas de espionagem por meio de de câmeras de vídeo com microfones, microfones ocultos escondidos na embaixada, e acessando os telefones e documentos de identidade de visitantes e advogados quando os deixávamos na entrada.

Juntamente com Pompeo, William Evanina, que na época era chefe de contrainteligência, também deve testemunhar na mesma condição. Ele recentemente confessou que a comunidade de inteligência dos EUA realmente desenhou um plano para penetrar na Embaixada do Equador em Londres, tendo acesso a tudo o que acontecia em seu interior.

Mas não só isso, Evanina ainda contou como planejaram o sequestro, e até mesmo o assassinato, de Julian Assange dentro da missão diplomática.

Na confissão de Evanina e outros agentes da CIA à imprensa americana, ficou muito claro que Mike Pompeo era o responsável por aquela operação e aquelas propostas. E com esses antecedentes, é concedida a autorização para a entrega de Julian Assange aos EUA.

É verdadeiramente perigoso que esta decisão possa se tornar efetiva.

O apoio internacional é bem-vindo e nós precisamos dele para conscientizar a justiça britânica da importância deste caso e da necessidade que a decisão seja revogada se nós quisermos continuar acreditando na benignidade de um verdadeiro sistema de proteção de direitos.

Certamente, “somos todos Julian Assange”.

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