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Bolsonaro coloca militares na Anvisa para para dividir com as Forças Armadas sua derrota trágica na política de vacinação

Especialistas temem o pior dos mundos.

Eles preveem que essa articulação politize o órgão e dê a Bolsonaro controle total sobre as aprovações de imunizantes contra covid-19, o que, de imediato, coloca não só a Anvisa num patamar de desmoralização como também as Forças Armadas.

É uma tática política que, de antemão, divide a responsabilidade com a tragédia anunciada pela irresponsabilidade em lidar com a vacinação da população que Bolsonaro adotou para manter o gado unido em seu curral.

Em 12 de novembro, Bolsonaro indicou o tenente-coronel reformado do Exército Jorge Luiz Kormann para assumir um dos cinco cargos de diretoria da Anvisa.

Para a população, pouco importa o fato de um militar do governo ser da ativa ou da reserva, o que se espera é que o comando da Anvisa seja operado por gente da área, por técnicos. Assim, um militar, não importa se da ativa ou não levará com ele o peso de jogar o ônus de uma política trágica para as Forças Armadas.

*Da redação

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Moro, agora, descobriu que sabia que Carluxo era do gabinete do ódio

Moro é mesmo o mais previsível dos previsíveis. Logo que ele saiu do governo Bolsonaro fazendo aquele teatro todo, nós aqui do Antropofagista já tínhamos avisado que Moro, durante o tempo em que esteve no governo, já tinha feito um dossiê para usar contra Bolsonaro numa possível disputa eleitoral em 2022.

E que, na surdina, vazaria para a mídia o caminho das pedras. O que parece é que ele mudou de ideia e resolveu ele próprio tentar recuperar a aura de paladino da justiça para os tolos, denunciando a organização criminosa para a qual prestou serviços como capanga, vide a prensa que ele deu no porteiro do condomínio de Bolsonaro para mudar a versão do seu depoimento sobre a casa 58 do Seu Jair no dia da morte de Marielle.

E o cínico ainda tem coragem de dizer que saiu do governo porque Bolsonaro queria instrumentalizar a Polícia Federal. É um piadista esse rapaz.

Agora, vai soltando a conta gotas o que sabe, não só contra Bolsonaro, mas também contra ministros militares, o que não deixa de se mais uma desmoralização para as Forças Armadas já tão desmoralizada por Bolsonaro.

O fato é que Bolsonaro, informado, possivelmente por esses mesmos ministros palacianos que o traíra de Curitiba estava armando um mata-burro para derrubar o cavalão, Bolsonaro resolveu dar fim ao casamento dos dois sem vergonha que daria uma bela dupla sertaneja, “vigarista e sem vergonha”.

O problema de Moro, como de todo malandro agulha, é acreditar que todo mundo é trouxa, que não sabia exatamente como ele contava os passos do seu pulo, assim como quem pratica salto triplo ou à distância, sem se preocupar que o cretino não conseguiu dar um único salto que não queimasse logo na largada.

Agora ele está aí, dizendo que alguém disse, que alguém falou, pergunta aos generais, ao estilo, siga o dinheiro, como se o próprio não soubesse disso e que, possivelmente, participou de tudo e, agora, dá uma de alcaguete bem aos moldes dos piores ratos da história.

E preparem-se, daqui por diante até 2022, Moro vai soltar um balão atrás do outro contra o vigarista que ele praticamente colocou na presidência, prendendo Lula sem provas.

Agora é esperar que o ex-fã clube de Moro, Augusto Nunes, Ana Paula do Vôlei, Constantino e Fiuza, defender o Carluxão.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Política

Vídeo: A queda de braço tardia dos militares com Bolsonaro

Nessa troca de farpas entre militares e Bolsonaro, ficam evidentes a falência e o naufrágio do governo e a batida em retirada das tropas militares depois de vários episódios de humilhação.

Assista:

*Da redação

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Em nota, Militares fazem linha de impedimento e abandonam Bolsonaro sozinho na área

Um dia depois das manifestações do comandante do Exército, Edson Pujol, de que os militares não estão a serviço de governos e de partidos, mas do Estado e do país, hoje há mais um recado a Bolsonaro.

Desta vez, uma nota em defesa da missão constitucional dos militares, com a mesma mensagem: não há como misturar as atividades dos quartéis com as do governo.

O documento foi emitido pelo Ministério da Defesa, com a assinatura de todos os chefes militares. O texto reafirma que as Forças Armadas são apartidárias.

A nota é assinada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e pelos comandantes da Marinha (Ilques Barbosa Júnior), Exército (Edson Leal Pujol) e Aeronáutica (Antonio Carlos Moretti Bermudez).

Há um alerta em especial: o de que os militares confiam que Bolsonaro pensa de acordo com as Forças Armadas. Ou seja, se não pensa, agora terá de pensar.

Bolsonaro será obrigado a admitir que a base militar que ele pretendia ter, de forma incondicional, é imaginária.

Os militares estão saltando fora de compromissos com o bolsonarismo, antes do desastre total. Bolsonaro vai ter de se agarrar ao Centrão e a Olavo de Carvalho.

Esta é a íntegra da nota:

“A respeito de recentes publicações e especulações envolvendo o Governo e as Forças Armadas, o Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica esclarecem que:

A característica fundamental das Forças Armadas como instituições de Estado, permanentes e necessariamente apartadas da política partidária, conforme ressaltado recentemente por chefes militares, durante seminários programados, é prevista em texto constitucional e em nada destoa do entendimento do Governo e do Presidente da República;

O Presidente da República, como Comandante Supremo, tem demonstrado, por meio de decisões, declarações e presença junto às tropas, apreço pelas Forças Armadas, ao que tem sido correspondido;

O único representante político das Forças Armadas, como integrante do Governo, é o Ministro da Defesa;

Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, quando se manifestam, sempre falam em termos institucionais, sobre as atividades e as necessidades de preparo e emprego das suas Forças, que estão voltadas exclusivamente para as missões definidas pela Constituição Federal e Leis Complementares;

As Forças Armadas direcionam todos os seus esforços exclusivamente para o cumprimento de suas missões, estando presentes em todo o País. Atualmente, atuam no combate ao novo coronavírus (Operação Covid-19), inclusive com apoio às comunidades indígenas; no combate aos crimes ambientais, ao desmatamento e às queimadas na Amazônia (Operação Verde Brasil 2); no acolhimento e interiorização de refugiados da crise na Venezuela (Operação Acolhida); no combate aos crimes transnacionais (Operação Ágata); no apoio às eleições 2020 (logística e garantia da votação e apuração); no apoio à população do Amapá, em função da recente crise gerada por falta de energia elétrica; em ações humanitárias e sociais, como a Operação Carro-Pipa (que leva água a milhões de pessoas atingidas pela seca), o atendimento médico hospitalar às populações ribeirinhas e o transporte de órgãos para transplantes; além de inúmeras outras atividades, destacando, ainda, a essencial e diuturna proteção das fronteiras marítima, terrestre e aérea, que asseguram nossa Soberania e Desenvolvimento Nacional.

Por fim, um País forte requer instituições sólidas e transparentes. Tratar com franqueza os assuntos da Defesa, além de proporcionar o fortalecimento das instituições, contribui para o propósito de alçarmos o Brasil a níveis adequados de desenvolvimento e segurança”.

 

*Com informações do DCM

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General Pujol dá um perdido em Bolsonaro e o deixa na marca do pênalti

Nesta sexta-feira, em palestra, o comandante das Forças Armadas, Edson Leal Pujol, reafirmou o que havia dito ontem em live com Sergio Etchegoeyn e Raul Jungman de que as Forças Armadas estão abandonando o barco náufrago de Bolsonaro.

“Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis”.

Certamente, o start foi a pólvora ridicularizada no Brasil e no mundo, mas também do conjunto da obra bufa, diga-se de passagem, porque, no governo Bolsonaro, não há um setor que funcione, da economia à saúde, da educação à cultura, da diplomacia ao meio ambiente, e por aí vai, nada funciona.

Bolsonaro está cada vez mais pendurado em quem se pendura em seu saco, ou seja, sem base política. Sem ter qualquer projeto de governo, que fará de país, Bolsonaro vai caindo de podre e sua rede de proteção vai apresentando rombos impossíveis de serem costurados.

Não tem volta e as eleições do próximo domingo vão mostrar o seu total fracasso como líder político, o que consequentemente já começa a ruir a estabilidade de seu governo.

Soma-se a isso o avanço das investigações dobre o clã a partir de Flávio, está montada a receita de um presidente completamente isolado, sem partido e que começa a perder o amparo de quem o ajudou a se eleger que o garantia ainda na cadeira da presidência.

Agora, para o restante pular de boiada do barco, é um sopro.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Até quando Bolsonaro vai ridicularizar as Forças Armadas?

Aquele twitter do general Villas Bôas pressionando o STF para garantir a prisão de Lula e a vitória de Bolsonaro está saindo caro às Forças Armadas brasileiras. Mais que isso, nunca as Forças Armadas foram tão ridicularizadas, pior ainda, por um presidente da República e, muito pior, por um ex-tenente expulso do exército por suas bandalhas.

Resta perguntar ao general, à época, comandante do exército: já calculou quantas vidas custaram aquele pronunciamento no twitter pela política genocida de Bolsonaro? Respondo, mais 162 mil vidas de brasileiros por covid-19.

Ainda está valendo aquela parte do pronunciamento à nação em que o general diz que julgava compartilhar os anseios de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade, mesmo depois de saber de todos os rolos do clã Bolsonaro com uma organização criminosa de lavagem de dinheiro e roubo do erário através das tais rachadinhas?

O general deve saber que Bolsonaro, a quem ele enalteceu repudiando uma suposta impunidade de Lula, que o ex-tenente expulso do exército por terrorismo, mandou o filho Flávio entregar na prisão uma medalha de condecoração ao miliciano Adriano da Nóbrega, a quem Bolsonaro considerava um herói, reafirmando a sua declaração em 2020.

Certamente, o general Villas Bôas já ouviu falar no miliciano Fabrício Queiroz e também deve saber que ele nunca foi braço direito de Lula, mas sim de Bolsonaro, o beneficiado pelo tuíte do general. Também deve saber que o valor de R$ 89 mil, não foi depositado na conta de Marisa Letícia, mas na conta de Michelle Bolsonaro.

Mas como o general diz no twitter que mantinha-se atento às missões institucionais do exército brasileiro, o comandante-chefe das Forças Armadas deve saber que Bolsonaro até hoje não respondeu à pergunta do jornalista do Globo, “por que Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle Bolsonaro?”.

E se Villas Bôas, como disse matéria do Conjur, pretendia intervir caso o Supremo Tribunal Federal concedesse habeas corpus a Lula, em nome de uma suposta estabilidade para fugir de um agravamento que cairia em seu colo, o general em seu recado ao STF no dia 03 de abril de 2018, não poderia imaginar que o Brasil viveria com Bolsonaro, o grande beneficiado por sua ação, o inferno que está vivendo. Generais não seriam humilhados publicamente por Bolsonaro e o exército brasileiro não seria ridicularizado de uma forma tão grotesca como Bolsonaro o ridicularizou nesta terça-feira quando sugeriu uma guerra com os EUA na base da pólvora, em nome, como sempre, dos interesses que envolvem os negócios de sua família na Amazônia.

É certo que, pela repercussão com piadas que surgiram nas redes sociais e ruas, as páginas da história julgarão não só a fala estúpida de Bolsonaro, mas também quem o ajudou a chegar aonde chegou.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Brasil

Réquiem para os militares nacionalistas desenvolvimentistas

Breve nota introdutória
Este breve ensaio busca condensar alguns dos resultados de meus estudos e reflexões sobre o pensamento militar brasileiro. Não é um produto acabado, mas em contínuo andamento. A forma escolhida não segue o modelo acadêmico intencionalmente, a fim de permitir uma leitura mais fluida e o amplo acesso aos não familiarizados com o formalismo acadêmico. Trata-se de um esforço no sentido de compreender aquilo que considero um elemento fundamental para o entendimento da realidade brasileira e que, infelizmente, desperta muito pouco interesse junto aos setores chamados progressistas e de esquerda no Brasil. Numa singela contribuição para tentar reverter este quadro, apresento as linhas que se seguem na expectativa de incitar o debate. Cabe ainda alertar o leitor de que as Forças Armadas não são um bloco monolítico; cada uma das Forças singulares possui suas peculiaridades e tendências próprias, bem como, dentro de cada Força também há divergências e correntes específicas. O que se procurou realizar aqui foi trabalhar segundo uma visão macro, considerando as tendências que se apresentaram como predominantes do ponto de vista externo às instituições militares. Finalmente, eventuais críticas e comentários serão sempre muito bem vindos.

Desenvolvimento
No período de 1945 a 1964, as Forças Armadas (FA) possuíam em seu interior basicamente duas amplas correntes de pensamento em relação a visão de futuro do Brasil – que refletiam o debate nacional. Estas correntes assumiram na década de 50 do séc. XX as suas formas mais bem definidas. A primeira corrente, que pode ser chamada de “nacionalista”, considerava que o Estado brasileiro deveria ser o grande condutor do processo de desenvolvimento econômico e social do país. Nela entravam as vertentes nacionalistas de esquerda, genericamente chamada “nacionalista”.

A outra corrente considerava que o processo de desenvolvimento econômico e social do país deveria ser conduzido pelo capital privado e externo (marcadamente o estadunidense). Nessa vertente entravam as correntes de liberalismo pró-estadunidense de direita. Foram os chamados, depreciativamente pelos “nacionalistas”, de “entreguistas”.

Estas duas correntes permaneceram digladiando-se dentro das FA, com períodos de alternância entre elas; em dado momento a corrente “nacionalista” chegava ao topo do comando das Forças – representado pelo cargo de Ministro da Guerra – ou ao prestigiado cargo de Presidente do Clube Militar, já em outro chegava a corrente “entreguista”. O importante a ressaltar é que quando uma corrente assumia o controle da estrutura militar, ela não eliminava a outra, elas conviviam em um processo de disputa “respeitosa” – oponentes, mas não inimigos.

Cabe ainda destacar que a corrente “nacionalista” não era majoritária dentro das FA, embora integrantes dela eventualmente chegassem ao controle das Forças e da presidência do Clube Militar. Lembremos que a influência dos EUA nas FA brasileiras era muito forte, devido ao prestígio da vitória estadunidense na Segunda Guerra Mundial e à participação de oficiais brasileiros neste conflito ao lado dos EUA. Some-se a isso a crescente influência da Escola Superior de Guerra (ESG), criada nos moldes do War College estadunidense e fundada em 1949, que se tornou um polo ideológico de oposição ao pensamento varguista e divulgador da vertente liberal estadunidense.

Com o Golpe Militar de 1964, estes processos de interação entre estas duas correntes iriam modificar-se.

A chegada ao poder político da corrente “entreguista” em 1964 marca o início do “extermínio” sistemático da corrente “nacionalista” dentro das FA. Isso ocorreu por amplos processos de expurgo de militares das FA. A categoria profissional mais atingida pelos Atos Institucionais talvez tenha sido a dos próprios militares. Uma sequência de aposentadorias compulsórias (transferência para a reserva) e expulsões, acompanhadas dos famosos Inquéritos Policiais Militares (IPM). Os números são incertos, alguns autores colocam na faixa de mil expulsões, outros 5 mil. O fato é que este acontecimento ainda carece de um maior aprofundamento por parte de pesquisadores.

A partir de 1964 a ideologia hegemônica dentro das FA passou a ser a da corrente “entreguista” – o processo de desenvolvimento brasileiro passaria pelo capital privado e estrangeiro, tendo os EUA como modelo econômico e social.
Este fio condutor permanece em certa medida até os dias atuais. Mesmo hoje, não há espaço dentro das FA para outra forma de entender o mundo, que não seja dentro de uma perspectiva de bases eminentemente liberais. Perceba que após 1964 não surgiu um nome sequer de destaque intelectual dentro das FA brasileiras, que defendesse um contraponto ao receituário liberal. E podemos especular que, caso houvesse, muito provavelmente não prosperaria na carreira, não chegaria ao generalato – os peculiares dispositivos internos de controle certamente iriam incumbir-se de isolá-lo e contê-lo.

Ao longo dos anos 60, ocorreriam adaptações importantes nas linhas ideológicas da vertente que se fez hegemônica dentro das FA. A Doutrina de Segurança Nacional (DSN), importada dos EUA e disseminada pela ESG, já era trabalhada dentro das nossas FA desde o início da década de 50 e, com a chegada ao poder político da ala “entreguista” em 1964, ela passou ao status de política nacional. A característica ideológica que moldava a corrente “entreguista” sofreria uma metamorfose importante no ano de 1966. Foi neste ano que a DSN nos EUA sofreu uma mudança com a política lançada por Robert S. McNamara, marcada por um discurso feito em Montreal, em 18 de maio de 1966, com o título Security in the Contemporary World. A partir das alterações propostas por McNamara, a segurança nacional e o desenvolvimento, anteriormente conceitos dissociados, passariam a caminhar necessariamente juntos. Dito em outros termos: segurança é desenvolvimento e sem desenvolvimento não há segurança.

Não por acaso, em 1967, Castello Branco lança o binômio “segurança e desenvolvimento” em discurso na ESG. A partir deste momento os militares assumem o desenvolvimento como elemento constitutivo da segurança nacional – algo que não estava presente antes. Até então, a questão do desenvolvimento era vista com desconfiança e como competidora do tema segurança nacional – propostas como as de Juscelino, por exemplo, eram vistas com grande suspeita por parte dos militares.

Agora podemos entender com maior clareza como aquela corrente “entreguista” aderiu ao “desenvolvimentismo” de caráter nacional. Isso teria ocorrido como decorrência da continuação de aplicação da DSN criada em Washington – na verdade, foi dada continuidade a uma prática que já vinha sendo feita desde a Segunda Guerra Mundial e, mais enfaticamente, desde a Doutrina Truman: acompanhar as orientações e interpretações emanadas dos EUA para a DSN.

Entretanto, a inclusão do desenvolvimento na segurança nacional trazia um “efeito colateral” e que foi percebido pelos estadunidenses nos Estados sob sua esfera de influência: o crescimento do teor nacionalista no meio militar destes Estados. Como forma de conter e negar o avanço de um nacionalismo inconveniente aos seus interesses nos países do Terceiro Mundo, os estadunidenses buscaram inflar o sentimento anticomunista. Ou seja, o acirramento de um anticomunismo incentivado pelos EUA, nos diversos Estados dependentes submetidos a sua influência, visava conter a onda nacionalista decorrente da adoção do desenvolvimento como elemento intrínseco da segurança nacional.

O desenvolvimentismo adotado pela aplicação da DSN fez crescer a vertente de nacionalismo dentro das nossas FA (valorização da Petrobras, busca por tecnologias próprias, acordo nuclear, etc.). Como assinalamos anteriormente, o nacionalismo já existia antes de 64 dentro das FA, mas era desacoplado do conceito de segurança nacional. A vertente “entreguista”, vencedora de 64, passaria a remodelar o nacionalismo segundo seus próprios termos, os termos orientados pela DSN.

Entendemos que o tão mencionado nacionalismo do governo Geisel seria resultante da aplicação deste receituário, levando até mesmo à ocorrência de choques com as políticas e interesses estadunidenses. Não por acaso, o grupo opositor a Geisel dentro das FA era composto pelos segmentos anticomunistas mais ferrenhos, chegando ao ponto de acusar o próprio Geisel de trair os princípios da “Revolução”.

A vertente “desenvolvimentista” permaneceria hegemônica no pensamento militar até o início dos anos 2000, quando sofreria uma nova mutação.
O final dos anos 90 e início dos anos 2000 foi um período dominado por uma grave “crise de identidade” nos militares brasileiros. O fim da Ditadura Militar em 1985 e o fim da Guerra Fria causariam fortes abalos naquilo que os militares brasileiros entendiam como sendo a sua “vocação natural”, segundo o prescrito na DSN. A conjuntura internacional imposta pela Guerra Fria colocava às FA brasileiras um duplo papel: o primeiro de aspecto internacional, como força auxiliar sob a liderança das forças militares estadunidenses, num esforço de defesa do Ocidente frente à ameaça de uma eventual invasão comunista; e o segundo de aspecto interno, como força de repressão ao inimigo interno (os subversivos cooptados e controlados pelo comunismo internacional). A queda do muro de Berlin e a dissolução da URSS eliminaram o papel de aspecto internacional e o fim da Ditadura Militar retirou seu papel interno de combate à subversão.

No período de poucos anos as FA viram-se cada vez mais “perdidas” em relação a qual seria a sua destinação. A DSN seguida tão fielmente pelos militares por décadas e que preencheu as mentes militares com papéis claramente definidos, de uma hora para a outra, teve seus alicerces abalados pela mudança da conjuntura internacional e nacional. Do ponto de vista da política nacional, os governos Fernando Henrique Cardoso contribuíram ainda mais para o agravamento dessa crise de identidade, com a aplicação do ideário neoliberal. A acirrada disputa interna por verbas governamentais entre os diversos setores do Estado, sob a égide de indicadores de eficácia e eficiência, colocou os militares sob forte pressão.

Para que servem as FA? Essa era pergunta que pairava no inconsciente das chefias militares num mundo pós-Guerra Fria. Este foi um interessante período de “paralisia” dos militares no campo de sua atuação política, quando optaram por permanecer restritos aos quartéis e voltados para processos internos de profissionalização, com duras dificuldades orçamentárias. Os governos do Partido dos Trabalhadores (Lula e Dilma) ingenuamente até tentaram oferecer um caminho de destinação que desse um novo rumo às FA, assentado na Estratégia Nacional de Defesa, mas, ao que parece, isso não foi aceito e optou-se por voltar às bases anteriores. Só que desta vez sob uma espécie de condição “degradada” – uma vez que os velhos preceitos da DSN, agora, encontravam-se completamente dissociados da conjuntura internacional que a concebera originalmente.

Segundo nosso entendimento, foi sob este cenário de crise de identidade que, num esforço de adequação aos preceitos neoliberais, as FA começaram a inserir cursos de Master in Business Administration (MBA) como parte dos currículos das Escolas de Altos Estudos Militares das Forças (ECEME, EGN e UNIFA)1, ao longo dos anos 2000. A Administração começou gradativamente a dominar o espaço das grades desses cursos, o que ao longo de duas décadas acabou por transformar a forma como o militar brasileiro “entendia o mundo” – termos como empreendedorismo, desregulação, terceirização, livre concorrência e privatização foram gradativamente sendo incorporados e naturalizados no léxico do militar. O resultado deste processo foi que o ideário neoliberal foi absorvido pelos militares e mesclado com a única doutrina que eles realmente dominavam e que, como ideologia, nunca abandonaram – a DSN. Só que dessa vez, sob a égide dessa “DSN degradada” – uma composição dos preceitos neoliberais, como forma de percepção do mundo e das relações sociais, com os velhos ditames da DSN original –, a questão da segurança nacional acabou apartada da perspectiva do desenvolvimento nacional. Assim, não seria mais preciso, por exemplo, desenvolver uma tecnologia nacional para incrementar e propiciar a segurança nacional, esta tecnologia passaria a ser obtida mediante uma parceria estratégica com os EUA – onde o Brasil aceitaria a condição subalterna de parceiro fornecedor de produtos primários -, em um mundo cada vez mais desregrado, interconectado e em disputa crescente com o “Oriente” (representado, cada vez mais, pela figura da China em contraposição aos EUA).

Caso a leitura aqui apresentada se confirmasse, a visão e o comportamento dos militares passariam por todo um novo processo de significação, quando comparados com a postura esperada sob o modelo “desenvolvimentista”. A adoção da ideologia decorrente dessa “nova” DSN, agora “degradada”, implicaria num descasamento entre a realidade e o modelo adotado, onde o processo se daria de modo invertido: a realidade concreta é que necessitaria ser ressignificada para que pudesse enquadrar-se ao modelo existente.

Assim, uma nova edição de Guerra Fria (EUA versus China?) precisaria ser percebida como em andamento, bem como, um novo inimigo interno (uma nova modalidade de subversivo?) precisaria ser encontrado e combatido.
Os instrumentos nacionais que antes eram valorizados e incentivados pelos militares no modelo “desenvolvimentista” perderiam sua razão de existência, em sintonia com a necessidade de “encolhimento” do Estado. A Base de Alcântara – simbolizando o projeto espacial brasileiro –, a Embraer, a Petrobrás, os recursos do Pré-Sal, dentre outros ícones do “nacional desenvolvimentismo” da década de 70, poderiam estar agora sob controle privado e submetidos às virtuosas regras de mercado e da competição, sem qualquer tipo de preocupação por parte do segmento militar. Quanto às tecnologias sensíveis, elas seriam fornecidas pelo parceiro internacional aliado.

Todo o projeto de país idealizado pela ESG nos anos 50/60, seguindo o modelo “nacional desenvolvimentista”, não seria mais necessário, pois os processos econômico-sociais seriam agora regidos segundo as regras autorreguladas do livre mercado em escala global e o Brasil concentraria seus esforços em sua vocação natural para “alimentar o mundo”, atuando no mercado internacional de commodities.

Obviamente, nada disso possui qualquer tipo de possibilidade de ocorrer. Não é mesmo?

*Maurício B. de Sá – Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense – UFF

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Bolsonaro dobra a aposta na humilhação das Forças Armadas a partir da servidão do general Maria Fofoca

A principal característica de um servil é a adulação, incluindo a bajulação lisonjeira. que faz parte do pacote de subserviência. Esse foi o comportamento do general Pazuello e, depois, do general Ramos, os burros de carga.

Na verdade, a adulação não é um mero comportamento restrito a auto-humilhação, há nisso a busca por obtenção de vantagens e, neste caso, os dois generais chaleira, que serviram de capacho para todo o clã Bolsonaro pisar, é por um único motivo, sustentar a famosa boquinha dentro do governo.

Mas qual o significado disso nas Forças Armadas quando vê alguém do seu alto comando se enforcar de forma tão rastejante?

Até o presente momento não há uma resposta pronta vinda dos militares que justifique tanta humilhação imposta pelo tenente expulso do exército aos generais de seu governo.

Mas quem pensa que isso ficará em banho maria a partir de hoje, enganou-se. O gabinete do ódio, o mesmo que, sendo o principal alvo da CPI das fake news, continua atuante e tendo o próprio Bolsonaro, a partir de seus filhos, como o timoneiro dessa estratégia. Pior, os militares sabem disso, pior ainda, as Forças Armadas aceitam isso.

E o que piora ainda mais, é não se ter noção de onde tudo isso vai parar, mas uma coisa é certa, são do interesse de Bolsonaro o Pantanal e a região amazônica, as quais Salles representa e de quem o presidente vai tomar as dores, nunca a honra de um soldado, tenha ele a patente que tiver.

Bolsonaro tem uma cobiça doentia por aquelas regiões, nas riquezas que ele tem certeza que existem debaixo do solo, e disse isso claramente em discurso, proferido e aplaudido, no Clube da Hebraica no Rio de Janeiro, quando justificou que sua política seria de massacrar índios e quilombolas com suas tiradas preconceituosas, racistas que o STF, covardemente, não teve coragem de punir por interesses alheios ao conhecimento do todos.

O fato é que Bolsonaro tem seus próprios caminhos, sempre foi assim, independente do estatuto das Forças Armadas e, por isso mesmo, foi enxotado do exército e mantém até hoje a mesma ideia fixa de enriquecer através da exploração do garimpo ilegal e de outras formas de exploração do Pantanal e da Amazônia.

A pergunta que todos os brasileiros fazem agora, inclusive a mídia que o apoiou na eleição é, até quando as Forças Armadas aturarão tanta humilhação imposta por um tenente cuspido do exército pela mesma conduta marginal?

*Carlos Henrique Machado Freitas

*Foto destaque: Marcos Corrêa

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A selvageria de Bolsonaro espelha a alma da elite nacional

O problema do Brasil é que a elite e a mídia se confundem, uma alimenta a outra para se nutrirem dos mesmos privilégios, mesmo de um governo estéril, a mídia e a elite não abandonam Bolsonaro. Se ele não serve para tudo, serve para a selvageria neoliberal. Isso basta para quem só tem uma palavra no dicionário, lucro, não interessando como e nem de onde.

Bolsonaro já veio domesticado como um animal que não ultrapassaria o mata-burro dos assuntos da economia.

Por isso, Paulo Guedes, que é a própria tradução do significado toupeira, permanece sendo o homem que faz o elo entre os interesses do grande capital e o governo nulo de Bolsonaro, enquanto cresce no Brasil o comportamento de selva e a ideia da ignorância ganha status de sabedoria correspondente à necessidade de segregar os mais pobres e tirar qualquer sentido de civilização do campo econômico.

É nesse ambiente que Bolsonaro nada de braçadas, o que, necessariamente, não significa que se fortalece politicamente, mas faz com que se sinta forte, porque pode humilhar generais das Forças Armadas e o judiciário simplesmente não o incomoda.

Bolsonaro entendeu que não precisava ser um bom governante para ser feliz, bastaria compartilhar com o centrão parte do seu poder que a natureza selvagem do baixo clero ficaria surda e muda para os seus erros e alheia aos seus acertos, ou seja, nenhum.

Bolsonaro jogou com a antiga condição humana escancarando que o melhor jeito de governar seria através de suas próprias mãos, mostrando o fisiologismo do olho por olho, dente por dente, exigindo a cegueira do centrão para seu funesto governo em troca de ajuda, na defesa de sua própria cabeça.

Assim, Bolsonaro governa com liberdade absoluta sem precisar fugir ou mentir sobre o seu passado, porque sabe que, protegido pela mídia industrial e pelo próprio mercado, não necessitaria ter um comportamento cauteloso, conduzindo o país a uma espécie de velho oeste debaixo das barbas do judiciário brasileiro.

Bolsonaro governa para o seu mundo e tem liberdade máxima para isso. Pode-se dizer que seu extremismo é este, não abrir mão da batalha que mantém intacto o próprio lar do seu clã familiar.

É certo que o pobre é sua vítima maior, mas como Bolsonaro resolveu envenenar toda a forma de combate à pandemia, do isolamento social, passando pelo uso de máscara à irresponsável propaganda da ineficaz Cloroquina, chegando à guerra com a vacina da China produzida em parceria com o Instituto Butantan, toda a sociedade ficou à mercê de um delinquente que, mesmo vendo seus limites sendo impostos pela sociedade que se avizinha das eleições municipais, numa clara derrota política, seu código moral que vale apenas para quem vive ao seu redor e tem caminhos que busca a convergência com ele, mantém-se em plenitude, mesmo que solitário, do ponto de vista político.

Bolsonaro é um caso que precisará de muitos estudos, não sobre ele, pois, para defini-lo, basta apenas uma palavra, psicopata, que precisa sentir-se forte para se manter de pé diante de sua própria psicopatia.

O que demandará estudos é a adesão incondicional das classes economicamente dominantes e da tradicional casta do Estado brasileiro que, certamente, após uma apurada pesquisa, verá que o que temos hoje, sobretudo nas Forças Armadas e no judiciário é uma reprodução da história do Brasil, a mesma que produziu uma das mais vergonhosas injustiças sociais com uma pobreza que só teve expressiva regressão com Lula e Dilma e, por isso mesmo, Dilma caiu e Lula foi preso.

Esse estudo terá que ser feito porque as classes média e alta no Brasil mostraram que, para sustentar seus privilégios, não medem esforços nem o tamanho do monstro que estão dispostos a bancar se o retorno em lucros e dividendos valer a pena.

Trocando em miúdos, Bolsonaro, num país com instituições minimamente sérias, não governaria um dia sequer, seria cassado no meio do expediente um dia depois de sua posse.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo: Bolsonaro e Pazuello, um manda e o outro rasteja

A inacreditável submissão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a Bolsonaro, depois da humilhação que sofreu, nesta quarta-feira (21). Uma grande desmoralização para as Forças Armadas.

Carlos Henrique Machado fala. Assista:

*Da redação

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