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PF reúne provas de financiamento dos atos golpistas e contraria tese de que manifestações teriam sido ‘espontâneas’

Segundo a investigação, os atos partiram da “arregimentação e do suporte direto” de grupo ligado a Bolsonaro.

Os passos mais recentes da Polícia Federal nas investigações sobre a ofensiva antidemocrática revelam o avanço sobre financiadores e mentores da tentativa de golpe de Estado que culminou na invasão e depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e relatórios da PF apresentam documentos, mensagens e outras provas que contrariam a tese de uma organização espontânea, defendida por investigados.

Na última semana, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, trouxe os indícios mais fortes até o momento de uma organização com antecedência. As apurações indicam o conhecimento prévio e apoio de alguns dos nomes mais próximos ao então presidente.

Segundo a investigação, os atos partiram da “arregimentação e do suporte direto” do grupo ligado a Bolsonaro, suspeito de participar da tentativa de ruptura constitucional. A linha foi reforçada por conversas e áudios obtidos pela PF. Um dos diálogos mostra o major Rafael Martins de Oliveira, que foi preso, pedindo orientações ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, sobre recursos financeiros para levar “pessoas” do Rio a Brasília e locais para a realização das manifestações. A conversa ocorreu dias antes de atos bolsonaristas convocados em novembro de 2022.
Pedido de R$ 100 mil

Martins queria saber se deveria direcionar o ato à Praça dos Três Poderes e pergunta se as Forças Armadas permitiriam a permanência de manifestantes nesses locais. Mauro Cid responde: “CN e STF” , em referência ao Congresso e ao Supremo, e em seguida diz “vão”, sinalizando anuência dos militares. O ato acabou ocorrendo em frente ao Quartel-General do Exército.

Em outro diálogo, Cid pede uma estimativa com hotel, alimentação e material. “100 mil?”, pergunta, explicando: “Para trazer um pessoal do Rio”. Martins responde que está com as necessidades iniciais e que “aquele valor de 100 se encaixa nessa estimativa”. Ao encaminhar um arquivo, sugere: “Depois apaga”.

No parecer, a PGR destacou que as investigações indicam que Martins “atuou de forma direta no direcionamento dos manifestantes para os alvos de interesse dos investigados” e realizou a “coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos e arregimentar integrantes das Forças Especiais do Exército, para atuar nas manifestações, que, em última análise, não se originavam da mobilização popular”.

A suspeita é que os R$ 100 mil solicitados a Cid tenham se destinado a um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, com quem auxiliares de Bolsonaro se reuniram nos meses que antecederam o 8 de Janeiro. Esse grupo de militares teria incitado as invasões das sedes dos três Poderes e direcionado a multidão.

A defesa de Bolsonaro afirma que ele nunca “atuou ou conspirou” contra a democracia, enquanto os advogados de Cid alegam que nenhum valor foi pago e que ele explicará as mensagens à PF se for intimado para um novo depoimento. A defesa de Oliveira não foi localizada. Em nota no dia da operação, o Exército disse que acompanha o caso “prestando todas as informações necessárias às investigações”.

Em outra frente do financiamento, um áudio enviado por Cid, no dia 16 de novembro, reforçou o papel de empresários do agronegócio. Na gravação, ele afirma que “empresários do agro” que “estão financiando, colocando carro de som em Brasília” tiveram bens bloqueados e foram chamados a depor. Na época, Moraes havia determinado o bloqueio de contas ligadas a 43 empresários, além de marcar os depoimentos.

Outro diálogo descoberto no curso das investigações vai na mesma linha. Uma das investigadas, que esteve no QG do Exército, abordou o apoio de empresários do setor para três mil ônibus direcionados a Brasília às vésperas dos atos de 8 de janeiro:

“Pessoal do agro lá de Goiânia, dos arredores de Brasília e tudo. O agro botou aí um apoio aí pra três mil ônibus. Não sei como que eles vão sair. Pessoal tá combinando de chegar em diversos horários… O negócio tá grande. Tá bonito”.

Em outra operação, um empresário do setor logístico também foi alvo. Segundo as investigações, ele teria financiado ônibus para levar manifestantes a Brasília e participado ativamente da orientação de movimentos golpistas junto a outras lideranças.

A participação de empresários no apoio aos golpistas acampados nos quartéis também foi apontada por CPI no Congresso. O relatório final apresentado pela comissão relatou o financiamento por meio do fornecimento de alimentos, água e até banheiros químicos. De acordo com o colegiado, um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou que 103 ônibus que chegaram a Brasília foram contratados por 83 empresários e 13 organizações empresariais, principalmente das regiões Sul e Sudeste. Em outro exemplo, um pastor de Santa Catarina também chegou a ser preso, suspeito de financiar os atos, mas depois foi solto por decisão do STF.

O braço da apuração sobre incitadores e financiadores alcançou também o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara. Para a PGR, ele tinha o “poder de ordenar movimentações antidemocráticas” no Rio. As investigações mostraram ligação do parlamentar com Carlos Victor de Carvalho, apontado como uma liderança de grupos de extrema direita em Campos dos Goytacazes, no Norte fluminense. Ele chegou a ser preso sob suspeita de financiar ônibus que foram a Brasília, mas foi solto.

Em uma mensagem enviada a Jordy, em 1º de novembro de 2022, em meio ao bloqueio de rodovias em todo o país, Carvalho se refere ao deputado como “meu líder”, pede direcionamento e diz que Jordy tem “poder de parar tudo”.
‘Grupos financiados’

“As condutas dos investigados noticiadas pela Polícia Federal ocorreram no curso dos atos antidemocráticos, nos quais grupos — financiados por empresários — insatisfeitos com o legítimo resultado do pleito, com violência e grave ameaça às pessoas, passaram a bloquear o tráfego em diversas rodovias do país, com o intuito de abolirem o estado democrático de direito, pleiteando um ‘golpe militar’ e o retorno da Ditadura”, escreveu Moraes na decisão da operação que atingiu Jordy e outros alvos.

O deputado negou ter incitado ou financiado qualquer ato golpista e afirmou que foi alvo de uma ação “autoritária”. A defesa de Carvalho disse que ele não cometeu qualquer irregularidade, que sequer estava em Brasília no 8 de Janeiro e apenas participou da campanha eleitoral de Jordy.

Até o momento, as condenações relacionadas aos atos antidemocráticos atingiram apenas executores. Em dezembro passado, a PGR apresentou a primeira denúncia contra um financiador. O acusado é um morador de Londrina (PR) que teria fretado quatro ônibus para o transporte de 108 apoiadores de Bolsonaro para Brasília, em contratos no valor total de R$ 59,2 mil. Em janeiro, em entrevista ao Globo, Moraes reforçou que o inquérito está avançando para descobrir financiadores e mentores dos ataques:

— A ordem de vários financiadores era que deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO (decreto de Garantia da Lei e da Ordem) para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe.

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Política

31 de março: Forças Armadas não comemoram golpe militar pela primeira vez em cinco anos

Prática havia sido retomada entre 2019 e 2022, por ordem do então presidente Jair Bolsonaro.

Pela primeira vez em cinco anos, as Forças Armadas não divulgaram neste 31 de março mensagem comemorativa do golpe militar de 1964. A prática havia sido retomada, por ordem do então presidente Jair Bolsonaro. O golpe que depôs o então presidente João Goulart completa 59 anos nesta sexta-feira. Por orientação do Ministério da Defesa, as tropas foram alertadas que haveria punição em caso de qualquer tipo de celebração da data por militares da ativa, o que inclui também postagens em redes sociais.

O golpe de 1964 depôs o então presidente João Goulart e instaurou no país uma ditadura militar que durou até 1985. O período foi marcado por perseguição, tortura e assassinatos de opositores do regime. O Congresso Nacional foi fechado, e a imprensa, censurada. E não havia eleição para presidente da República.

Foi justamente no primeiro mandato de Lula, entre 2003 e 2006, que o comando do Exército voltou a exaltar a ditadura em uma das edições da chamada “ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964”.

O golpe foi oficialmente removido do rol de datas comemorativas das Forças Armadas em 2011, no primeiro ano do governo Dilma. Na ocasião, o então general da ativa Augusto Heleno foi proibido de fazer uma palestra, no 21 de março, intitulada “A contrarrevolução que salvou o Brasil”. O veto foi atribuído oficialmente ao Exército.

Entre 2019 e 2022, a data foi celebrada pelos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, por meio da leitura da Ordem do Dia e de pronunciamento dos comandantes alusivos à data, o que não foi registrado hoje.

A orientação do Ministério da Defesa, comandado por José Múcio Monteiro, de proibir a comemoração faz parte da estratégia do governo de despolitizar as Forças Armadas.

*Com O Globo

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Mourão defende golpe militar para enfrentar a “esquerda revolucionária”

Vice-presidente diz que foto de Moraes com chefes das PMs é o “ápice do autoritarismo” e que a direita “precisa se organizar” para combater a esquerda.

O vice-presidente de Jair Bolsonaro, general Hamilton Mourão, defendeu que é necessário “reagir com firmeza, prudência e conhecimento” para restabelecer o que ele chama de “Estado Democrático Direito”.

Em postagem nas redes sociais, Mourão diz que “vive-se hoje, nacionalmente, uma polêmica justificada em função da questão da confiabilidade das urnas eletrônicas e das ações contundentes e exacerbadas do TSE”.

O vice chama de “ápice do autoritarismo” o encontro do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e os comandantes das Polícias Militares nos Estados, realizado nesta quarta-feira (24), o que para ele “fere o pacto federativo”.

“Hoje, rumamos para o precipício. Assim, é chegada a hora da direita conservadora se organizar para combater a esquerda revolucionária. Necessário é reagir com firmeza, prudência e conhecimento; dentro dos ditames democráticos e constitucionais, para restabelecer o Estado Democrático de Direito no Brasil”, escreveu o senador eleito.

*247

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Militares vão dar golpe de Estado para manter no poder um capitão expulso das Forças Armadas?

Difícil de ver uma cena em que as Forças Armadas que há 34 anos expulsaram Bolsonaro por bandidagem, dando golpe comandado por ele.

Acaba de sair o motivo porque Bolsonaro só pensa em golpe de Estado: Pesquisa Ipespe: 60% não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum.

Mas esses absurdos não param por aí. Os militares vão apoiar um golpe de um sujeito que tem 62% de rejeição para continuar no comando do país? Difícil de acreditar.

O Brasil, diante dos olhos do mundo não chegaria sequer à condição de colônia bananeira. Mas de algum lugar planeta, entrou na máquina do tempo na era da pré-medieval.

Até uma criancinha sabe que, perdendo a eleição, Bolsonaro saí da cadeira direto para a cadeia. E isso só não ocorreu porque ele passou três anos e meio cercando frango em seu terreiro, com as mais espúrias manobras que o Lázaro do Planalto utilizou para ainda não ter sido destituído e preso.

Para piorar, alguns cartões postais, como as mansões do clã em Brasília que ostentam, afrontam a sociedade e todo o sistema de justiça no Brasil.

Imaginar os militares dando um golpe, não respeitando a democracia e o voto popular para manter no poder um sujeito, considerado um criminoso pelo planeta, por sua ação criminosa na Amazônia, por tudo que se viu de desmatamento e incêndio, envolvendo o próprio. Sem falar no mais grave, o ataque aos direitos dos índios.

Vemos as Forças Armadas que não são parte dos poderes da República e sim, da máquina do Estado, invertendo a ordem constitucional para confrontar o STF e TSE, por conta das urnas eletrônicas, que há mais de 30 anos vem dando vitórias eleitorais a seu clã sem jamais serem questionadas.

Tudo isso pode acontecer e o Brasil se transformar num país dos absurdos onde a milícia, que sempre fez parte dos esquemas de formação de quadrilha e peculato nos gabinetes do clã Bolsonaro, é que vão impor a sua própria constituição?

Coloco tudo isso em questão, porque para todo lado que se olha, seja blogs independentes, seja jornais, revistas e mídia televisiva, só se vê a notícia que Bolsonaro está com o golpe militar engatilhado virado para a sociedade e as instituições brasileiras.

Agora é ver quem vencerá essa batalha, a civilização ou a barbárie.

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Vídeo – Franklin Martins: Pandemia e fim do auxílio emergencial corroeram Bolsonaro

o programa 20Minutos Entrevistas desta segunda-feira (22/03), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o jornalista e ex-ministro-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social Franklin Martins, que analisou o enfraquecimento de Jair Bolsonaro e as mudanças no cenário político decorrentes da retomada dos direitos políticos de Lula.

“A pandemia e o fim do auxílio emergencial, porque R$150 não é auxílio nenhum, corroeram Bolsonaro. Ele está muito enfraquecido. E, com o fortalecimento de Lula, acho que ele está apostando em um golpe. Seja ele parlamentar para se manter no poder, ou que vá até as últimas consequências, um golpe militar”, afirmou o jornalista.

A restituição dos direitos políticos do ex-presidente mexeu ainda mais com esse quadro, segundo Martins. Não só pelo o que a decisão em si representou, anulando as decisões da 13ª Vara de Curitiba e declarando o juiz Sergio Moro como incompetente, dada por um ministro do Supremo Tribunal Federal que apoiava a Operação Lava-Jato, “mas porque tudo isso saiu no Jornal Nacional”.

Assista à íntegra da entrevista:

*Com informações do Ópera Mundi

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Vídeo: Bolsonaristas fantasiados de militares mostram como Bolsonaro desmoralizou as Forças Armadas

Não bastasse a novela da saída do general da ativa, Eduardo Pazuello, em que Bolsonaro quer criar um ministério só para abrigar no comando seu fantoche para protegê-lo da justiça, as cenas espalhadas nas redes sociais de dementes fantasiados de militares, marchando em frente à casa de Bolsonaro na Barra da Tijuca, RJ, comandados por Paulo Cintura, dão o tom da ridicularização a que foram submetidas as Forças Armadas, tendo Bolsonaro no comando do país.

Para piorar, naquele mesmo momento, em Brasília, Bolsonaro ameaça a democracia dizendo para uma horda de imbecis iguais aos que marchavam de perna aberta que, caso fosse contrariado, poderia dar um golpe militar.

Isso acontece em plena pandemia em que o Brasil, além de ser o recordista de mortes diárias no planeta, não tem a menor perspectiva de tirar a saúde do colapso.

O fato é que, por mais que as Forças Armadas se digam contrariadas com o uso indiscriminado de sua imagem por Bolsonaro, o governo do clã com mais de 13 mil militares, associa de imediato toda essa galhofa com as Forças Armadas ao crime organizado, sobretudo as milícias.

É difícil saber se o alto comando militar faz essa conta, mas o estrago, tanto no Brasil quanto no exterior, feito na imagem da instituição vai demorar algumas décadas para ser apagado.

Confira e sinta vergonha:

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Brasil

Réquiem para os militares nacionalistas desenvolvimentistas

Breve nota introdutória
Este breve ensaio busca condensar alguns dos resultados de meus estudos e reflexões sobre o pensamento militar brasileiro. Não é um produto acabado, mas em contínuo andamento. A forma escolhida não segue o modelo acadêmico intencionalmente, a fim de permitir uma leitura mais fluida e o amplo acesso aos não familiarizados com o formalismo acadêmico. Trata-se de um esforço no sentido de compreender aquilo que considero um elemento fundamental para o entendimento da realidade brasileira e que, infelizmente, desperta muito pouco interesse junto aos setores chamados progressistas e de esquerda no Brasil. Numa singela contribuição para tentar reverter este quadro, apresento as linhas que se seguem na expectativa de incitar o debate. Cabe ainda alertar o leitor de que as Forças Armadas não são um bloco monolítico; cada uma das Forças singulares possui suas peculiaridades e tendências próprias, bem como, dentro de cada Força também há divergências e correntes específicas. O que se procurou realizar aqui foi trabalhar segundo uma visão macro, considerando as tendências que se apresentaram como predominantes do ponto de vista externo às instituições militares. Finalmente, eventuais críticas e comentários serão sempre muito bem vindos.

Desenvolvimento
No período de 1945 a 1964, as Forças Armadas (FA) possuíam em seu interior basicamente duas amplas correntes de pensamento em relação a visão de futuro do Brasil – que refletiam o debate nacional. Estas correntes assumiram na década de 50 do séc. XX as suas formas mais bem definidas. A primeira corrente, que pode ser chamada de “nacionalista”, considerava que o Estado brasileiro deveria ser o grande condutor do processo de desenvolvimento econômico e social do país. Nela entravam as vertentes nacionalistas de esquerda, genericamente chamada “nacionalista”.

A outra corrente considerava que o processo de desenvolvimento econômico e social do país deveria ser conduzido pelo capital privado e externo (marcadamente o estadunidense). Nessa vertente entravam as correntes de liberalismo pró-estadunidense de direita. Foram os chamados, depreciativamente pelos “nacionalistas”, de “entreguistas”.

Estas duas correntes permaneceram digladiando-se dentro das FA, com períodos de alternância entre elas; em dado momento a corrente “nacionalista” chegava ao topo do comando das Forças – representado pelo cargo de Ministro da Guerra – ou ao prestigiado cargo de Presidente do Clube Militar, já em outro chegava a corrente “entreguista”. O importante a ressaltar é que quando uma corrente assumia o controle da estrutura militar, ela não eliminava a outra, elas conviviam em um processo de disputa “respeitosa” – oponentes, mas não inimigos.

Cabe ainda destacar que a corrente “nacionalista” não era majoritária dentro das FA, embora integrantes dela eventualmente chegassem ao controle das Forças e da presidência do Clube Militar. Lembremos que a influência dos EUA nas FA brasileiras era muito forte, devido ao prestígio da vitória estadunidense na Segunda Guerra Mundial e à participação de oficiais brasileiros neste conflito ao lado dos EUA. Some-se a isso a crescente influência da Escola Superior de Guerra (ESG), criada nos moldes do War College estadunidense e fundada em 1949, que se tornou um polo ideológico de oposição ao pensamento varguista e divulgador da vertente liberal estadunidense.

Com o Golpe Militar de 1964, estes processos de interação entre estas duas correntes iriam modificar-se.

A chegada ao poder político da corrente “entreguista” em 1964 marca o início do “extermínio” sistemático da corrente “nacionalista” dentro das FA. Isso ocorreu por amplos processos de expurgo de militares das FA. A categoria profissional mais atingida pelos Atos Institucionais talvez tenha sido a dos próprios militares. Uma sequência de aposentadorias compulsórias (transferência para a reserva) e expulsões, acompanhadas dos famosos Inquéritos Policiais Militares (IPM). Os números são incertos, alguns autores colocam na faixa de mil expulsões, outros 5 mil. O fato é que este acontecimento ainda carece de um maior aprofundamento por parte de pesquisadores.

A partir de 1964 a ideologia hegemônica dentro das FA passou a ser a da corrente “entreguista” – o processo de desenvolvimento brasileiro passaria pelo capital privado e estrangeiro, tendo os EUA como modelo econômico e social.
Este fio condutor permanece em certa medida até os dias atuais. Mesmo hoje, não há espaço dentro das FA para outra forma de entender o mundo, que não seja dentro de uma perspectiva de bases eminentemente liberais. Perceba que após 1964 não surgiu um nome sequer de destaque intelectual dentro das FA brasileiras, que defendesse um contraponto ao receituário liberal. E podemos especular que, caso houvesse, muito provavelmente não prosperaria na carreira, não chegaria ao generalato – os peculiares dispositivos internos de controle certamente iriam incumbir-se de isolá-lo e contê-lo.

Ao longo dos anos 60, ocorreriam adaptações importantes nas linhas ideológicas da vertente que se fez hegemônica dentro das FA. A Doutrina de Segurança Nacional (DSN), importada dos EUA e disseminada pela ESG, já era trabalhada dentro das nossas FA desde o início da década de 50 e, com a chegada ao poder político da ala “entreguista” em 1964, ela passou ao status de política nacional. A característica ideológica que moldava a corrente “entreguista” sofreria uma metamorfose importante no ano de 1966. Foi neste ano que a DSN nos EUA sofreu uma mudança com a política lançada por Robert S. McNamara, marcada por um discurso feito em Montreal, em 18 de maio de 1966, com o título Security in the Contemporary World. A partir das alterações propostas por McNamara, a segurança nacional e o desenvolvimento, anteriormente conceitos dissociados, passariam a caminhar necessariamente juntos. Dito em outros termos: segurança é desenvolvimento e sem desenvolvimento não há segurança.

Não por acaso, em 1967, Castello Branco lança o binômio “segurança e desenvolvimento” em discurso na ESG. A partir deste momento os militares assumem o desenvolvimento como elemento constitutivo da segurança nacional – algo que não estava presente antes. Até então, a questão do desenvolvimento era vista com desconfiança e como competidora do tema segurança nacional – propostas como as de Juscelino, por exemplo, eram vistas com grande suspeita por parte dos militares.

Agora podemos entender com maior clareza como aquela corrente “entreguista” aderiu ao “desenvolvimentismo” de caráter nacional. Isso teria ocorrido como decorrência da continuação de aplicação da DSN criada em Washington – na verdade, foi dada continuidade a uma prática que já vinha sendo feita desde a Segunda Guerra Mundial e, mais enfaticamente, desde a Doutrina Truman: acompanhar as orientações e interpretações emanadas dos EUA para a DSN.

Entretanto, a inclusão do desenvolvimento na segurança nacional trazia um “efeito colateral” e que foi percebido pelos estadunidenses nos Estados sob sua esfera de influência: o crescimento do teor nacionalista no meio militar destes Estados. Como forma de conter e negar o avanço de um nacionalismo inconveniente aos seus interesses nos países do Terceiro Mundo, os estadunidenses buscaram inflar o sentimento anticomunista. Ou seja, o acirramento de um anticomunismo incentivado pelos EUA, nos diversos Estados dependentes submetidos a sua influência, visava conter a onda nacionalista decorrente da adoção do desenvolvimento como elemento intrínseco da segurança nacional.

O desenvolvimentismo adotado pela aplicação da DSN fez crescer a vertente de nacionalismo dentro das nossas FA (valorização da Petrobras, busca por tecnologias próprias, acordo nuclear, etc.). Como assinalamos anteriormente, o nacionalismo já existia antes de 64 dentro das FA, mas era desacoplado do conceito de segurança nacional. A vertente “entreguista”, vencedora de 64, passaria a remodelar o nacionalismo segundo seus próprios termos, os termos orientados pela DSN.

Entendemos que o tão mencionado nacionalismo do governo Geisel seria resultante da aplicação deste receituário, levando até mesmo à ocorrência de choques com as políticas e interesses estadunidenses. Não por acaso, o grupo opositor a Geisel dentro das FA era composto pelos segmentos anticomunistas mais ferrenhos, chegando ao ponto de acusar o próprio Geisel de trair os princípios da “Revolução”.

A vertente “desenvolvimentista” permaneceria hegemônica no pensamento militar até o início dos anos 2000, quando sofreria uma nova mutação.
O final dos anos 90 e início dos anos 2000 foi um período dominado por uma grave “crise de identidade” nos militares brasileiros. O fim da Ditadura Militar em 1985 e o fim da Guerra Fria causariam fortes abalos naquilo que os militares brasileiros entendiam como sendo a sua “vocação natural”, segundo o prescrito na DSN. A conjuntura internacional imposta pela Guerra Fria colocava às FA brasileiras um duplo papel: o primeiro de aspecto internacional, como força auxiliar sob a liderança das forças militares estadunidenses, num esforço de defesa do Ocidente frente à ameaça de uma eventual invasão comunista; e o segundo de aspecto interno, como força de repressão ao inimigo interno (os subversivos cooptados e controlados pelo comunismo internacional). A queda do muro de Berlin e a dissolução da URSS eliminaram o papel de aspecto internacional e o fim da Ditadura Militar retirou seu papel interno de combate à subversão.

No período de poucos anos as FA viram-se cada vez mais “perdidas” em relação a qual seria a sua destinação. A DSN seguida tão fielmente pelos militares por décadas e que preencheu as mentes militares com papéis claramente definidos, de uma hora para a outra, teve seus alicerces abalados pela mudança da conjuntura internacional e nacional. Do ponto de vista da política nacional, os governos Fernando Henrique Cardoso contribuíram ainda mais para o agravamento dessa crise de identidade, com a aplicação do ideário neoliberal. A acirrada disputa interna por verbas governamentais entre os diversos setores do Estado, sob a égide de indicadores de eficácia e eficiência, colocou os militares sob forte pressão.

Para que servem as FA? Essa era pergunta que pairava no inconsciente das chefias militares num mundo pós-Guerra Fria. Este foi um interessante período de “paralisia” dos militares no campo de sua atuação política, quando optaram por permanecer restritos aos quartéis e voltados para processos internos de profissionalização, com duras dificuldades orçamentárias. Os governos do Partido dos Trabalhadores (Lula e Dilma) ingenuamente até tentaram oferecer um caminho de destinação que desse um novo rumo às FA, assentado na Estratégia Nacional de Defesa, mas, ao que parece, isso não foi aceito e optou-se por voltar às bases anteriores. Só que desta vez sob uma espécie de condição “degradada” – uma vez que os velhos preceitos da DSN, agora, encontravam-se completamente dissociados da conjuntura internacional que a concebera originalmente.

Segundo nosso entendimento, foi sob este cenário de crise de identidade que, num esforço de adequação aos preceitos neoliberais, as FA começaram a inserir cursos de Master in Business Administration (MBA) como parte dos currículos das Escolas de Altos Estudos Militares das Forças (ECEME, EGN e UNIFA)1, ao longo dos anos 2000. A Administração começou gradativamente a dominar o espaço das grades desses cursos, o que ao longo de duas décadas acabou por transformar a forma como o militar brasileiro “entendia o mundo” – termos como empreendedorismo, desregulação, terceirização, livre concorrência e privatização foram gradativamente sendo incorporados e naturalizados no léxico do militar. O resultado deste processo foi que o ideário neoliberal foi absorvido pelos militares e mesclado com a única doutrina que eles realmente dominavam e que, como ideologia, nunca abandonaram – a DSN. Só que dessa vez, sob a égide dessa “DSN degradada” – uma composição dos preceitos neoliberais, como forma de percepção do mundo e das relações sociais, com os velhos ditames da DSN original –, a questão da segurança nacional acabou apartada da perspectiva do desenvolvimento nacional. Assim, não seria mais preciso, por exemplo, desenvolver uma tecnologia nacional para incrementar e propiciar a segurança nacional, esta tecnologia passaria a ser obtida mediante uma parceria estratégica com os EUA – onde o Brasil aceitaria a condição subalterna de parceiro fornecedor de produtos primários -, em um mundo cada vez mais desregrado, interconectado e em disputa crescente com o “Oriente” (representado, cada vez mais, pela figura da China em contraposição aos EUA).

Caso a leitura aqui apresentada se confirmasse, a visão e o comportamento dos militares passariam por todo um novo processo de significação, quando comparados com a postura esperada sob o modelo “desenvolvimentista”. A adoção da ideologia decorrente dessa “nova” DSN, agora “degradada”, implicaria num descasamento entre a realidade e o modelo adotado, onde o processo se daria de modo invertido: a realidade concreta é que necessitaria ser ressignificada para que pudesse enquadrar-se ao modelo existente.

Assim, uma nova edição de Guerra Fria (EUA versus China?) precisaria ser percebida como em andamento, bem como, um novo inimigo interno (uma nova modalidade de subversivo?) precisaria ser encontrado e combatido.
Os instrumentos nacionais que antes eram valorizados e incentivados pelos militares no modelo “desenvolvimentista” perderiam sua razão de existência, em sintonia com a necessidade de “encolhimento” do Estado. A Base de Alcântara – simbolizando o projeto espacial brasileiro –, a Embraer, a Petrobrás, os recursos do Pré-Sal, dentre outros ícones do “nacional desenvolvimentismo” da década de 70, poderiam estar agora sob controle privado e submetidos às virtuosas regras de mercado e da competição, sem qualquer tipo de preocupação por parte do segmento militar. Quanto às tecnologias sensíveis, elas seriam fornecidas pelo parceiro internacional aliado.

Todo o projeto de país idealizado pela ESG nos anos 50/60, seguindo o modelo “nacional desenvolvimentista”, não seria mais necessário, pois os processos econômico-sociais seriam agora regidos segundo as regras autorreguladas do livre mercado em escala global e o Brasil concentraria seus esforços em sua vocação natural para “alimentar o mundo”, atuando no mercado internacional de commodities.

Obviamente, nada disso possui qualquer tipo de possibilidade de ocorrer. Não é mesmo?

*Maurício B. de Sá – Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense – UFF

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BOLSONARO TENTOU DAR UM GOLPE, EM MAIO, revela jornalista do Valor Econômico, em matéria da Piauí.

Um reportagem da jornalista Monica Gugliano, colaboradora do Valor Econômico , publicada na edição de agosto da revista Piauí revelou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) elaborou um plano com os ministros de Estado para intervir no STF (Supremo Tribunal Federal), por meio de um golpe militar.

A reportagem ouviu quatro fontes sob condição de anonimato, dentre elas duas pessoas que participaram do encontro de elaboração do plano, que confirmaram que durante uma reunião no dia 22 de maio de 2020 o presidente da República, apoiado pelos ministros militares Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, afirmou: ” vou intervir !”.

Segundo a reportagem, Bolsonaro estaria desconfortável e irritado com um conversa que ocorreu entre o decano Celso de Mello, do STF, e a Procuradoria-Geral da República sobre a decisão de mandar apreender ou não os celulares do presidente e do seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Jair teria dito que não entregaria o celular, mesmo se a justiça ordenasse. “Só se eu fosse um rato para entregar meu celular para ele”, disse.

A reunião se estendeu e outros ministros participaram da organização do golpe militar, foram eles André Mendonça (Justiça) e Fernando Azevedo (Defesa), além de José Levi, titular da Advocacia-Geral da União. A ideia do golpe militar avaliada pela alta cúpula do governo federal girou entorno de invadir o Supremo, destituir os 11 ministros que exercem o cargo atualmente e substituí-los por nomes indicados pelo presidente da República que pudessem colocar “em ordem aquilo (STF)”.

O texto diz ainda que o general Heleno tentou contemporizar e disse que ” não é momento para isso “. Os generais e o presidente pretendiam fazer um golpe jurídico para que não paracesse uma intervenção militar e não causasse efeitos danosos ao país, para isso se basearam no artigo 142 da Constituição – o artigo não prevê poder às Forças Armadas para atuar como poder moderador caso seja acionada por um dos três poderes em situações de violações dos demais, mas circula no meio militar esta interpretação.

A ideia do golpe foi descartada pelos ministros durante a reunião com base em dois argumentos: não havia ordem de apreensão do celular do presidente , apenas uma consulta foi feita e logo depois Celso de Mello arquivou o pedido, e ficou combinado que o ministro Augusto Heleno seria responsável por redigir uma nota pública de resposta ao STF sobre os supostos excessos. Texto que ficou conhecido como “Nota à Nação Brasileira”, que causou comoção na época pelas frases ameaçadoras e pelo forte apelo a uma ruptura institucional.

“O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, dizia a nota.

*Do IG

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Pesquisa americana contraria OEA e conclui que não houve fraude em eleição na Bolívia

Relatório do Center for Economic and Policy Research, com sede em Washington, também sustenta que Estados Unidos e OEA são responsáveis por golpe na Bolívia por tentativa de boicotar vitória de Morales nas eleições.

Uma pesquisa do Center for Economic and Policy Research (CEPR), com sede em Washington, apurou o processo eleitoral da Bolívia do mês passado e não constatou fraudes na contagem das urnas ou na divulgação dos resultados, diferente do que foi alarmado pela OEA na época. O relatório foi divulgado nesta segunda-feira (11) e também atribui aos Estados Unidos e OEA a responsabilidade pelo golpe militar que forçou o presidente Evo Morales a renunciar no último domingo (10).

Um dos ocorridos no dia das eleições bolivianas e que foi contestado pela OEA foi a demora na apuração dos votos de algumas zonas eleitorais do país. De acordo com a pesquisa, tal demora é vista em diversos países do mundo e se explica pelas limitações logísticas e tecnológicas de determinadas áreas. Regiões periféricas e rurais da Bolívia foram as mais afetadas pela lentidão na contagem dos votos e, coincidentemente, majoritariamente apoiam Evo Morales e seu partido, o MAS.

“Os lugares rurais e mais pobres, que tendem a favorecer Morales fortemente, são os mais lentos em transmitir os dados ou enviar as cédulas de voto os tribunais eleitorais”, afirma o documento.

O CEPR também sustenta que, no momento em que a contagem foi interrompia, marcando 83,85% das urnas apuradas, Morales já possuía grande vantagem com relação a seu opositor, Carlos Mesa. A pesquisa ainda realizou uma projeção com os votos que ainda precisavam ser apurados, e constatou que o resultado era idêntico à porcentagem que o presidente eleito conquistou quando as urnas retornaram a contagem.

“As conclusões desta projeção estatística são consistentes com os resultados oficiais da contagem eleitoral na Bolívia (que mostra a vitória de Morales com uma margem de 10,5 pontos percentuais)”, relata a pesquisa, que também conclui que os resultados da contagem oficial seguiram uma tendência similar aos da contagem rápida.

O texto finaliza atribuindo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assim como a própria OEA – que possui 60% de seu orçamento financiado pelos EUA – “forte influência” na agenda política da América Latina ao tentar fraudar as eleições na Bolívia.

“Trata-se de uma grave violação da confiança do público, e ainda mais perigosa no contexto da forte polarização política e da violência política pós-eleitoral que ocorreu na Bolívia. Essas acusações infundadas devem ser retiradas e medidas devem ser tomadas para garantir a neutralidade da observação eleitoral da OEA no futuro”, conclui.

 

 

*Com informações da Forum