O ato repugnante de Eduardo Bolsonaro contra Miriam Leitão merece da sociedade brasileira a expressão mais veemente de repúdio. No entanto, seria bom rever o vídeo em que o mesmo Eduardo Bolsonaro repete junto com o pai a exaltação ensaiada a Brilhante Ustra, contra Dilma no dia da votação do golpe do impeachment na Câmara.
Certamente, essa mesma mídia seletiva não ouviu nada, e se ouviu, não deu atenção à monstruosa fala de dois criminosos, deixando claro que a imprensa industrial, no que diz respeito a Ustra e aos Bolsonaro, exerce papel oposto no no episódio dos dois contra Dilma.
É normal que toda a imprensa se pronuncie contra o delinquente do clã Bolsonaro, mas este não pode ser um discurso seletivo e sim oficial contra qualquer vítima de tortura da ditadura. A mídia não fez isso no caso de Dilma.
Não só no dia em que os dois idiotas protagonizaram esse escandaloso episódio que chamou a atenção de toda a imprensa mundial, exceto a do Brasil, mas também preferiu, inclusive, não tocar nesse assunto durante a campanha eleitoral de 2018, mesmo quando Bolsonaro, em plena GloboNews, disse que seu livro de cabeceira era de Brilhante Ustra.
E a mídia não falou nada para não beneficiar Haddad, preferiu proteger Bolsonaro. Eles alimentaram a cobra naquele debate falsificado, e hoje a cobra pica o próprio pé da imprensa brasileira.
A indignação da mídia com Eduardo Bolsonaro é justa e urgente, o que não é aceitável é estabelecer diferença no tratamento no caso de Dilma, porque a imprensa era favorável ao golpe e também apostou todas as suas fichas no antipetismo em 2018.
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Os indícios atuais de golpe já ameaçam o episódio eleitoral.
Passaram por aí o 31 de março e o 1º de abril, com seu jeito ressabiado de quem sabe, e tenta uma cara limpa, ter praticado indignidade inapagável. Os golpes passeiam assim pelo calendário, 3 de outubro, 9 e 11 de novembro, 24 de agosto, outro agosto no dia 25, 13 de dezembro, 15 de novembro —e muitos dias a mais de traição a juramentos oficiais, de deslealdades pessoais, uso criminoso de armamentos do Estado, destruição de várias constituições e, com cada uma, das instituições menos distantes da democracia.
Deve ser difícil viver com a pecha de golpista. Ainda mais se, por falta de saberes e compreensão, confundem-se a esperável dedicação profissional e “amor” à instituição deformada pela ideia de uma condição suprema. É provável que não sejam raros os casos de mal-estar com a defesa do indefensável. Com ou sem ele, as negações do óbvio se repetem, patéticas, nas datas simbólicas do golpismo e das ditaduras.
Possível vice de Bolsonaro, para uma chapa mais coerente que a feita com o vice Mourão, o ministro da Defesa e seus antecessores não saíram da alegação de “anseios da sociedade” como origem do golpe de 1964 e de 21 anos de ditadura. Braga Netto e os outros não precisariam de mais do que quatro letras para escapar à inverdade: anseios da alta sociedade. Perfeito. A essa sociedade eles serviram sempre, em tudo, excetuado o momento heroico que os derrotou em defesa da Constituição, pela posse do vice em 1961.
E nem de letras, uma só que fosse, o ministro e nós outros precisamos para comprovar a falácia do anseio geral: desde 31 de março de 1964, há 58 anos, mais de meio século, ninguém viu um militar fardado nas calçadas, nos transportes, no mundo da sociedade verdadeira, esta multidão que vive em comum, com costumes conviventes, em um mesmo território. O capitão e o major com quem dividíamos o banco do ônibus e do bonde, incompreensivo da nossa leitura de um livro e espichando um olhar ao nosso jornal, esses sumiram com seu verde mortiço. Longo companheiro nessas viagens, reconheço um traço de nostalgia daquela convivência, gélida sim, mas ainda humana.
Os que brigam com a história e com a própria imagem, formados, ou nem tanto, depois de 1964, não experimentaram o prazer orgulhoso de mostrar-se em seus símbolos e cores na intimidade da vida urbana, da sociedade. É claro que, aos seus simbolismo contrapõe-se também um sentido simbólico, e negativo: a invocada anuência, na realidade, pode ser o seu inverso inapagável, e motivo de temor, em mais de meio século. Haja ressentimento, para fingir ignorância da história e, de outra parte, para lembrar e falar de justiça.
O calendário tem dias limpos. Sem os citar, é a eles que o ministro Edson Fachin se refere, na condição dupla de presidente do Tribunal Superior Eleitoral e integrante legítimo do Supremo Tribunal Federal: “A democracia está ameaçada” / “A Justiça está sob ataque”. Não precisou mencionar Bolsonaro, nem demais facinorosos da antidemocracia, das máfias e milícias da corrupção, e da desumanidade. Os golpistas aqui são identificados. E confessos, pela preparação ostensiva de outro “anseio da sociedade”.
Golpe seguindo-se a derrota eleitoral é sempre problemático, mesmo quando se impõe. Os sócios Aécio Neves e Eduardo Cunha imaginaram a um passo do poder, e o que o primeiro viu foram exposições da sua corrupção descarada, que nenhuma sabujice jurídica apagará; o outro viu vários anos nas trevas da cadeia.
O golpe pós-eleitoral excita reações que, antes de vitórias e derrotas, não costumam expandir-se. Os indícios atuais, que movem Edson Fachin e outros ministros-magistrados, ameaçam já o episódio eleitoral.
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Bolsonaro resolveu inovar, desta vez datou um golpe para, depois, inventar o enredo. Só falta ele dizer que o golpe estará no horóscopo do dia. Isso acontece no momento em que o MPF abriu um inquérito com base no resultado da CPI do genocídio.
A campanha de Bolsonaro deixou claro que não tem como ultrapassar o mata-burro, ou seja, está cercada dentro do próprio chiqueirinho, onde aquelas amebas fazem perguntas idiotas para terem respostas imbecis desse cancro que está na cadeira da presidência vagabundeando patrocinado pelos cofres públicos.
Diante dessa realidade, Bolsonaro voltou a fazer aqueles blefes vazios sobre voto impresso e outras bobagens que só encontram eco no meio daqueles Napoleões de hospício que o assessoram de maneira tão caduca quanto os próprios.
Essa combinação de psicopata com caduco só rendeu lambança, sem falar da produção de quadros cômicos que o diretor Carluxo arma para o próprio pai virar piada nacional, seja com farofa, seja com tiro com a pistola travada ou flexão de pescoço, que ele chama de flexão de braço.
É bom lembrar que a última vez em que o idiota ameaçou a nação, teve que correr desesperado em apelo a Temer para pedir penico, um arrego histórico a Alexandre de Moraes. Imagina isso, alguém pedir boia a uma figura como Temer é porque já não tem mais oxigênio para dar uma braçada de afogado.
Esse é o caso de um sujeito que pode piorar ainda mais seu desastroso governo se de fato for à Rússia para se encontrar com Putin no pior momento de tensão entre Rússia e EUA, tendo a Ucrânia como mote.
O resultado disso, dá para imaginar. Mas tem gente que acredita em Bolsonaro, ou pior, em figuras mais desprezíveis que ele, como Bia Kicis, quando ele não consegue ficar de pé nem sobre suas próprias pernas para arrotar valentia.
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Barroso terá que abdicar de sua vaidade e, sobretudo de seu compromisso de acudir os membros da Força-tarefa da Lava Jato, incluindo o chefe, Sergio Moro, e dizer o que os fatos escancaram.
A Lava Jato, se não foi a principal, foi uma das partes mais importantes dentro da estratégia armada para dar o golpe não só em Dilma, mas na democracia e em mais de 54 milhões de eleitores que votaram na reeleição da presidenta.
Não há espaço para meias verdades nessa declaração de Barroso.
Basta lembrar do episódio em que Moro grampeia criminosamente a Presidência da República, dobra a aposta repassando o grampo para a Globo para aumentar ainda mais a temperatura contra Dilma e impedir que Lula fosse para a Casa Civil para conter a debandada orquestrada por três dos maiores corruptos da história do país, Temer, Aécio e Cunha.
A essa altura dos fatos, não cabe esquecimento do ministro do STF, Luis Roberto Barroso quando se pronunciar sobre o golpe contra a presidenta Dilma.
Se Barroso privilegiar só parte da verdade e apadrinhar os lavajatistas, omitindo ou não admitindo a verdade como um todo, sua declaração cai no vazio e não terá importância nenhuma. Ao contrário, isso só contribui com a narrativa de quem armou e executou o golpe de Estado que levou o Brasil a essa tragédia.
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“A tristeza que me dá ao confirmar o golpe contra Dilma e a prisão injusta de Lula… fica a alguns passos do ódio: tiraram uma presidenta honesta eleita democraticamente e impediram o ex- presidente de ser reeleito. Tudo isso em dois anos. Duas eleições jogadas no lixo.
Invadiram meu telefone e de toda minha família. Passei a andar com seguranças, assim que saí do estúdio. Um deles passou a noite na porta do meu quarto de hotel em SP.
Denunciar o golpe em pleno Faustão foi demais para eles… Hoje Barroso confessa: foi golpe.
Quando fui ao Faustão denunciar o golpe, quase fui linchado pela direita e cancelado pela mídia que, hoje, “se espanta” com a confissão de Barroso”.
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É improvável que Barroso, uma espécie de lavajatista fundamentalista, que nunca escondeu de ninguém ser o maior e mais vibrante fã do califado de Curitiba, assuma que a condenação e prisão de Lula foi a continuação do golpe em Dilma. Como se diz por aí, golpe continuado.
Barroso não fará isso, porque nessa segunda parte o próprio ministro tem sua parcela de participação no conjunto da obra lavajatista que ajudou a derrubar Dilma, mas protagonizou a condenação e prisão de Lula para que Bolsonaro se tornasse presidente e Moro, em busca de degraus políticos, o super ministro do presidente genocida.
E diga-se de passagem, Moro ainda estava no poder e lá permaneceu por um bom tempo, enquanto Bolsonaro ceifava vidas de milhares de brasileiros.
Outro detalhe, para ficar bem claro, Moro não saiu do governo, foi chutado, tanto que, durante todo o tempo em que cumpriu o papel de babá da milícia, de cerca frango para blindar o clã, agiu também como uma espécie de relações públicas. Ele era uma mistura de Rego Barros com Onix Lorenzoni para assuntos relacionados a Queiroz, ao clã, à primeira-dama e ao próprio Bolsonaro.
Na boca de Moro, sempre eram colocados os microfones e holofotes da mídia para que o consciencioso baronato midiático gravasse e espalhasse Moro contemporizando os crimes dessa verdadeira quadrilha familiar que tomou o Brasil de assalto.
Mas, como vimos, nada disso foi suficiente para Barroso admitir que as matérias do Intercept davam conta de que quem condenou e prendeu Lula, numa continuação do golpe em Dilma, não vale tostão furado, sobretudo Moro e Dallagnol, com quem Barroso dividiu o protagonismo em palestras.
Por último, não podemos esquecer que, por decisão de Barroso, acompanhado por outros ministros do TSE, simplesmente viraram as costas para uma resolução da ONU que pedia para manter o nome de Lula nas urnas, enquanto ele não tivesse o trânsito em julgado.
Por isso, sua declaração de que foi sim um golpe que Dilma sofreu, golpe comandado por Cunha, Aécio e Temer, com apoio da burguesia nacional que tinha interesse em devolver milhões de brasileiros à miséria, como Temer e Bolsonaro fizeram, é uma declaração de meias verdades que, lógico, acaba se constituindo em um nonsense total.
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Comprar a aliança dos armados faz retorno aos preparativos contra esmagador resultado eleitoral.
O aumento salarial restrito à Polícia Federal e demais servidores civis armados, como os policiais rodoviários, relaciona-se à eleição de 2022, claro. Mas não com fim eleitoral. É o que sobressai nesse privilégio prometido por Bolsonaro, e já antecipado aos militares, quando todo o restante do serviço público federal está há cinco anos sem reposição alguma das perdas salariais.
Comprar a aliança dos armados faz um retorno aos agrados preparatórios do golpe frustrado. Logo, retorno também aos preparativos contra o esmagador resultado eleitoral antevisto nas atuais pesquisas.
É a estratégia formulada por Steve Bannon. Provocar, irritar, manter inquietação. Acusar o sistema eleitoral, atrair os bandos arruaceiros e erguer a situação para o golpe. O programa que Trump praticou, fracassado na etapa final porque a invasão do Congresso não teve o desdobramento esperado.
Bolsonaro adotou o programa sem desvios, também aqui fracassado na etapa final, pelo mesmo motivo de lá: os tanques da Marinha só fumegaram ridículo em Brasília, o desfile de outra posse não moveu os apoiadores bestificados, a massa em São Paulo ouviu o discurso mofado e apenas dissipou-se.
Seja qual for a orientação dada por Bannon no mais recente encontro com Eduardo Bolsonaro, o programa tem mais um engasgo: além da barragem feita pela Justiça Eleitoral em defesa da urna eletrônica, Bolsonaro colhe um vexame também nas sondagens do eleitorado.
Se a solução de Bannon é o golpe, segue o plano: nos Estados Unidos, o movimento golpista de Trump já provoca até advertência de generais para o risco de golpe contra a eleição de 2024; aqui, Bolsonaro retoma seu ideal. Convulsão, não eleição.
Assunto impróprio diante de novo ano. Não no país impróprio.
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A volta da fome ao Brasil é o legado mais abjeto, devastador e inaceitável do golpe jurídico-midiático-empresarial dado contra a democracia brasileira em 2016, por Eliara Santana.
Em 16 de setembro de 2014, a FAO, o órgão das Nações Unidas para a Alimentação, declarou que o Brasil saía finalmente do Mapa da Fome da ONU. E isso graças às políticas públicas adotadas desde 2003 pelos governos petistas, sobretudo o Bolsa Família e o Programa Fome Zero.
Em 2021, sete anos depois, os números revelam que o Brasil está miseravelmente voltando para o Mapa da Fome. Uma pesquisa do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde, que foi obtida pela GloboNews por meio da Lei de Acesso à Informação, revelou que até outubro deste ano, apenas 26% das crianças brasileiras de 2 a 9 anos fazem três refeições por dia. Somente uma em cada quatro crianças brasileiras tem condições de fazer três refeições ao longo do dia – café da manhã, almoço e jantar. O SISVAN monitora a situação alimentar e nutricional das famílias atendidas pelo SUS. Pode-se tentar justificar esses números absurdos em função da pandemia. No entanto, o problema é mais grave e vem se agravando desde o golpe de 2016, como informa a própria reportagem. Vejam o quadro abaixo:
Em 2015, começo do segundo mandato de Dilma Rousseff, 76% das crianças brasileiras faziam pelo menos três refeições por dia. Já em 2016, ano do golpe (Dilma foi afastada da presidência em maio), esse percentual despencou para 42%; volta a subir em 2018, ano eleitoral, e despenca de novo em 2020 e em 2021.
Nutrólogos e pediatras alertam que a falta de alimentação adequada afeta de modo marcante o desenvolvimento infantil, físico e cognitivo. As crianças desnutridas desenvolvem, por exemplo, anemia grave, o que contribui para lesar os neurônios, causando dificuldade no aprendizado. Segundo a nutróloga Virgínia Weffort, ouvida pela reportagem do G1, essa alteração nos neurônios das crianças desnutridas é irreversível, é uma alteração para sempre – o coeficiente intelectual da criança que passou fome e teve anemia nunca será recuperado. Ou seja, essa criança será um adulto, uma adulta, com limitações em sua potência intelectual. Podíamos até entabular, a partir desse dado, uma conversa com os hipócritas defensores da meritocracia. Mas nem cabe diante da gravidade absurda do problema.
Numa conversa com o médico nutrólogo Enio Cardillo, da UFMG, ele me disse que o fato de o Brasil ter saído do Mapa da Fome da ONU o emocionava profundamente, porque significava a possibilidade de desenvolvimento pleno para as crianças. que teriam acesso a uma alimentação adequada.
Ou seja, hoje, em 2021, o que estamos vendo é a realidade de um país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e onde crianças até os 5 anos não fazem três refeições por dia, e essas crianças que não têm acesso a uma alimentação adequada nunca serão recuperadas em seu potencial intelectual, cognitivo.
Nas décadas de 1980 e 1990 era comum ver crianças nas ruas, crianças pedindo, crianças muito magrinhas, desnutridas. Nos anos 2000, isso se altera drasticamente, e passamos a ver crianças gordinhas nas escolas e nas creches públicas. Não mais nas ruas, não mais desnutridas. Hoje, a realidade novamente é a daqueles piores momentos de convulsão social.
Em 29 de novembro deste ano, reportagem do Uol mostra que pessoas estão desmaiando nas filas dos postos de saúde da cidade mais rica do país, São Paulo. Desmaiando de fome. Adultos jovens, mulheres grávidas, idosos, adolescentes – a fome no Brasil não escolhe faixa etária. As pessoas estão indo às Unidades Básicas de Saúde pedindo comida pelo amor de deus. Uma médica relatou que atendeu uma jovem mulher, grávida, que tremia e tinha os olhos fundos e a pele seca. A médica perguntou se ela usava drogas, e a moça pediu comida e contou que estava sem comer há dois dias. Grávida, sem comer há dois dias.
É um retrato deprimente, arrasador, inaceitável do país que já foi a sexta economia do mundo. Do pais que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. País que já teve programadas de referência no combate à fome e pela segurança alimentar como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Restaurante Popular.
É revoltante que crianças não tenham condições de comer pelo menos três vezes ao dia. É aviltante que mulheres grávidas fiquem dois dias sem comer! É desumano que pessoas desmaiem de fome nas filas dos postos de saúde.
A volta da fome ao Brasil é o legado mais abjeto, devastador e inaceitável do golpe jurídico-midiático-empresarial dado contra a democracia brasileira em 2016, golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência da República e que, posteriormente, levou Jair Bolsonaro ao poder. A destruição agora impetrada por Bolsonaro e seu governo demolidor é resultado da mobilização dos patos amarelos, do ódio à política disseminado pela mídia, do ódio a grupos políticos – e da soma de tudo isso surge Jair Bolsonaro, que leva o Brasil de volta ao Mapa da Fome e à fome efetiva de seus cidadãos. Os dados estão aí para mostrar toda a destruição que vem sendo feita desde 2016. Os números são irrefutáveis e escancaram um país adoecido, vilipendiado, um país que tem fome. E esse é o pior dos legados.
*Publicado no GGN
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Basta dar um passeio na história do Brasil desses últimos cinco anos para entender a sincronia entre o golpe em Dilma quando o sabotador Temer assume o comando do país, sem um mísero voto, e o governo Bolsonaro e sua fragmentação representada pela chamada terceira via.
Como já havia sido anunciado pela própria ex-presidenta Dilma, vítima primeira do golpe, o objetivo da escória golpista não era simplesmente tomar o poder por uma sórdida armação e sim colocar uma direita que se encontrava na bacia das almas em pleno estado de putrefação.
Dilma, no dia do desfecho final do golpe, avisou à população brasileira, em nome do seu desapego ao poder, que estava ali não para fazer valer sua vontade pessoal, mas a da sociedade e listou o custo alto que o povo brasileiro, sobretudo os mais pobres e os trabalhadores, pagaria, como pagou, depois de 12 anos de avanços sociais que viraram referência no mundo e a valorização ininterrupta dos salários durante todos os anos do governo do PT, com Lula e Dilma.
Dilma deixou claro que os fascistas que estavam por trás do golpe tinham sede de vingança e, não conseguindo voltar ao poder pelas urnas, utilizaram as instituições do Estado que têm força hegemônica para se somar à elite, principal interessada no golpe, para devolver o país, mas sobretudo o povo, à iniquidade.
No Brasil, a classe dominante nunca teve qualquer apego emocional ou identitário com o país.
Por isso, sua maldade intrínseca, cortante, não lhe permite produzir nada que não seja a dor, a destruição, a exploração selvagem e, principalmente, a segregação social e racial.
E essa é a nossa chaga, assim como é a aposta desse mosaico de candidatos da chamada terceira via que não é outra coisa senão um cretino ajuntamento de cacos de espelho do próprio bolsonarismo e toda a sua bestialidade.
E é exatamente por isso que não convence a sociedade e nem mesmo consegue acontecer no mundo bolsonarista.
Todos os candidatos da terceira via, juntos, formam um muxoxo seco e sovado que provoca muito mais sono do que desperta alguma coisa que possa lhe servir, pela palavra, de aliado numa disputa política.
Ou seja, nem o gado que escapuliu do pasto bolsonarista e está aí de plantão à espera de um outro Messias do mal, as mortas candidaturas da terceira via conseguem laçar.
Então, estamos diante de um impasse, porque em 521 anos a oligarquia brasileira, ou melhor, um pequeno grupo que acha dono do Brasil e, com isso, produz fome e miséria em escala industrial, de forma nenhuma mudará seu caminho ou tentará consertar o estrago que produziu no país, ao contrário, mesmo diante da inépcia de um governo que, além de cruel e facínora, é absolutamente nulo no conceito mais provinciano de gestão, faz com que a regra de quem dá a voz de comando pelo dinheiro que tem, teste outra estratégia.
O fígado continuará sendo o orientador de cada família dessas que mais concentram renda no país e utilizarão conspirações e manobras clássicas sem a menor vergonha para tentar atingir as vísceras de um governo popular, no caso da volta de Lula.
Portanto, só debatendo e apontando o dedo para cada alma penada dessa oligarquia herdeira dos escravocratas que falsifica a própria ideia de classe economicamente dominante para que o Brasil assuma, de forma permanente, um caminho que desarme todas as minas colonialistas adubadas, geração a geração, para manter sempre os assentos mais estratégicos do Estado brasileiro, como se fossem proprietários do país.
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O The New York Times noticiou nesta quinta (11) que Bolsonaro está seguindo o plano de Donald Trump para dar um golpe em 2022. Com a popularidade caindo, o presidente brasileiro quer seguir os passos do seu ídolo americano. O objetivo é inflamar seus eleitores e tentar melar o pleito do ano que vem.
A reportagem relata uma conferência onde são reproduzidas declarações de Trump e menções à China. Porém, o jornalista deixa claro que tudo isso está ocorrendo em reuniões da extrema do Brasil. E não nos grupos radicais dos Estados Unidos.
O repórter detalha passo a passo de como Bolsonaro quer seguir o mesmo comportamento de Donald. “Logo após sair dos ataques aos resultados da eleição presidencial dos EUA, em 2020, o ex-presidente Donald Trump e seus aliados estão exportando sua estratégia para a maior democracia da América Latina. Trabalhando para apoiar a candidatura de Bolsonaro à reeleição no próximo ano. E ajudando a semear dúvida no processo eleitoral, caso ele seja derrotado”, diz trecho da matéria.
“Steve Bannon, o ex-estrategista-chefe de Trump, disse que o presidente Bolsonaro só perderá se “as máquinas” roubarem a eleição. O deputado Mark Green, um republicano do Tennessee que promoveu leis de combate à fraude eleitoral, se reuniu com legisladores no Brasil para discutir ‘políticas de integridade de voto’”, acrescenta o jornalista. Ele cita a relação de Eduardo Bolsonaro com figuras do governo trumpista.
New York Times fala da desmoralização do Brasil com Bolsonaro
Bolsonaro tem tido um governo desastroso, segundo o New York Times. O presidente brasileiro tem feito o Brasil ficar isolado e o apoio de Trump é visto como algo importante.
O jornal termina destacando que o governante brasileiro foi eleito em 2018 com o mesmo discurso reacionário de Trump. E que seguirá do mesmo jeito em 2022 para ser reeleito.
*Com informações do DCM
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