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Negação de Estado Palestino por Netanyahu revela desespero diante de isolamento

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta quinta-feira (18) sua oposição à criação de um Estado palestino em um cenário pós-guerra, afirmando que tal plano entraria em conflito com a ideia de soberania de seu país. Durante uma conferência do Fórum Econômico Mundial em Davos na quarta-feira (17), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, havia afirmado que a criação de um Estado palestino era necessária para manter a segurança genuína de Israel.

Netanyahu, em resposta a Blinken, destacou que não interromperia sua ofensiva contra Gaza até destruir o Hamas na região e resgatar os reféns israelenses mantidos pelo grupo. O líder israelense afirmou categoricamente: “Não nos contentaremos com nada menos que uma vitória absoluta”. Além disso, ressaltou que Israel deve ter controle de segurança sobre todo o território a oeste do Rio Jordão, e a criação de um Estado palestino colidiria com a ideia de soberania de Israel.

Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA reafirmou seu apoio à criação de um Estado palestino como uma condição necessária para a resolução dos desafios de segurança a longo prazo no Oriente Médio e para a reconstrução de Gaza após os conflitos recentes. O porta-voz do departamento, Matthew Miller, destacou que o atual momento é visto como a melhor oportunidade para Israel aceitar a solução de dois Estados, com garantias de segurança dos países vizinhos.

A possível normalização das relações diplomáticas entre Israel e algumas nações árabes, incluindo a Arábia Saudita, poderia depender do comprometimento de Tel Aviv com a criação do Estado palestino, conforme relatos recentes. O Brasil, historicamente favorável à solução de dois Estados, observa de perto os desenvolvimentos nessa questão delicada e de longa data.

“É desespero do governo liderado por esse genocida”, diz o secretário-geral da Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe (Coplac), Emir Mourad, em entrevista ao Portal Vermelho. Para ele, a reação drástica de Bibi, como é conhecido em seu país, é consequência da falta de vitória no campo militar, do descrédito na opinião pública israelense e mundial, dos prejuízos econômicos e das divergências com seu maior aliado, os Estados Unidos.

“Os EUA já não o suportam mais, apesar de estar sendo cúmplice. Mas o Biden está vendo que não vai se reeleger se continuar nessa mesma toada com esse governo israelense.
Então, é evidente que são palavras, como a gente diz, que ele está dando um tiro no próprio pé”, resume.

O dirigente enfatizou que o desespero de Netanyahu o levou a proferir declarações que, na visão de Mourad, são prejudiciais para o próprio governo. Ele ressaltou que a administração norte-americana liderada por Biden já não tem mais a mesma disposição de apoiar incondicionalmente Israel, o que cria uma pressão adicional sobre Netanyahu.

A visão sionista de Netanyahu

“Este conflito não é sobre a ausência de um Estado (palestino), mas sobre a existência de um Estado, o Estado judeu”, afirmou Netanyahu.

Quando questionado sobre a afirmação de Netanyahu de que é preciso escolher entre um Estado Judeu ou Palestino, Mourad ressaltou que isso está alinhado com a visão histórica do sionismo. Ele explicou que, segundo os propósitos sionistas, Israel busca uma extensão territorial que vai do rio Nilo, no Egito, ao rio Eufrates, no Iraque. Essa ideia, segundo Mourad, é representada pelas duas faixas azuis na bandeira israelense e é conhecida como “Eretz Israel” – o Grande Israel.

O militante palestino destacou que, do ponto de vista histórico do sionismo, a negação da existência de um Estado Palestino não é surpreendente. No entanto, ele ressaltou que essa afirmação ignora propostas e acordos já existentes. “No terreno político, essa afirmação dele vai no sentido contrário de todas o consenso internacional”, afirma.

Consenso Internacional

Mourad lembrou que propostas internacionais, como os Acordos de Oslo, visavam estabelecer um Estado Palestino. Ele destacou que Israel descumpriu esses acordos e que a pressão internacional deve se concentrar em alcançar um cessar-fogo total e a retirada das forças israelenses dos territórios palestinos.

A ideia de dividir a região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo em um Estado para judeus e outro para árabes não é novidade. Em 1947, um ano antes da fundação de Israel, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a partilha da Palestina, então sob mandato britânico. Não houve consulta à população local, e o plano não se concretizou.

A proposta ganhou novo fôlego em 1993, quando os Acordos de Oslo criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP), espécie de governo transitório que deveria ser sucedido por um Estado palestino na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, territórios sob ocupação militar de Israel desde 1967. O plano, mais uma vez, não virou realidade.

Tel Aviv expandiu a presença de colonos nos territórios ocupados e, desde então, há registros de aumento na violência contra a população palestina, o que inclui restrições a movimentação, encarceramento em massa e assassinatos de sua população.

Mourad comparou a situação à recente guerra na Ucrânia e a subsequente postura da OTAN. Ele destacou que, da mesma forma que a OTAN cantou vitória na Ucrânia, mas agora enfrenta a dura realidade, Netanyahu está agindo de maneira semelhante, prometendo ir até o fim na guerra contra a resistência palestina.

“Ele está dizendo que vai até o fim, que essa guerra só vai terminar quando acabar com a resistência palestina, etc… isso é tudo para ele ganhar tempo para se manter no poder. Mas, pelo andar da carruagem, vai ser muito difícil. É uma carta fora do baralho”, avalia.

Ele enfatizou que o primeiro-ministro israelense está sob pressão, destacando que Netanyahu enfrenta desafios significativos na tentativa de libertar os israelenses detidos pela resistência palestina. Ele sublinhou que essa situação adiciona pressão sobre o líder israelense, contribuindo para seu isolamento e desgaste político.

Propostas dos vizinhos árabes

Quando questionado sobre as afirmações de países árabes vizinhos sobre a possibilidade de normalizar relações com Israel em troca da criação de um Estado Palestino, Mourad lembrou da última conferência árabe em Beirute, ocorrida em 2010. Ele ressaltou que a proposta de normalização já existe, com a condição crucial de retirada das forças israelenses dos territórios palestinos e o estabelecimento do Estado Palestino.

Mourad também mencionou os Acordos de Oslo, nos quais as fronteiras, situação dos refugiados, a capital Jerusalém, recursos hídricos e prisioneiros foram discutidos. No entanto, ele observou que Israel descumpriu totalmente esses acordos, criando a necessidade de uma pressão internacional para um cessar-fogo definitivo e a retirada das forças israelenses das áreas ocupadas.

“O mundo inteiro sabe disso. Israel descumpriu todos os acordos”, sublinha.

O secretário-geral da Ceplac conclui afirmando que, apesar das pressões e do discurso radical de Netanyahu, a comunidade internacional precisa manter o foco em buscar uma solução justa e duradoura para a questão palestina, envolvendo a retirada das forças de ocupação e o estabelecimento de um Estado Palestino. Ele enfatiza a importância de pressionar Israel a aceitar um cessar-fogo total. Ele acredita que essa é a condição fundamental para iniciar conversas sérias sobre a solução da questão palestina.

* Vermelho

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Israel enfrenta isolamento e críticas de Biden diante do crescimento do número de mortes em Gaza

(Reuters) – Israel enfrentou um crescente isolamento diplomático em sua guerra em Gaza, enquanto as Nações Unidas exigiam um cessar-fogo humanitário imediato e o presidente dos EUA, Joe Biden, dizia que o bombardeio “indiscriminado” de civis estava custando o apoio internacional.

Com intensos combates sendo travados simultaneamente no norte e no sul do enclave, as tropas israelenses relataram na quarta-feira as piores perdas em combate em mais de um mês, incluindo um coronel, o oficial de mais alta patente já morto na campanha terrestre.

Aviões de guerra bombardearam novamente toda a extensão de Gaza e autoridades humanitárias disseram que a chegada do inverno chuvoso piorou as condições para centenas de milhares de famílias que dormiam na rua em tendas improvisadas. A grande maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza já ficou sem abrigo.

Israel lançou a sua campanha para aniquilar o grupo militante Hamas que controla Gaza com simpatia global depois de os combatentes terem atravessado a cerca da fronteira em 7 de Outubro, matando 1.200 israelitas, a maioria civis, e fazendo 240 reféns.

Mas desde então, as forças israelitas sitiaram o enclave e devastaram grande parte dele, com mais de 18 mil pessoas confirmadas como mortas, segundo as autoridades de saúde palestinianas, e muitos milhares mais temem-se perdidos nos escombros ou fora do alcance das ambulâncias.

Desde que uma trégua de uma semana ruiu no início de Dezembro, as forças israelitas alargaram a sua campanha terrestre desde o norte da Faixa de Gaza até ao sul, com o ataque à principal cidade do sul, Khan Younis.

Entretanto, os combates apenas se intensificaram entre os escombros do norte, onde Israel tinha anunciado anteriormente que os seus objectivos militares tinham sido em grande parte alcançados.

Israel relatou dez de seus soldados mortos nas últimas 24 horas, incluindo um coronel comandando uma base avançada e um tenente-coronel comandando um regimento. Foi a pior perda em um dia desde que 15 pessoas morreram em 31 de outubro.

De acordo com a Rádio do Exército, a maioria das mortes ocorreu no distrito de Shejaiya, na cidade de Gaza, no norte, quando uma unidade de infantaria que caçava homens armados do Hamas entrou num edifício e perdeu contacto com a base da retaguarda. Quando outra unidade foi enviada atrás deles, bombas foram detonadas no prédio e homens armados abriram fogo.

‘TRAZENDO DESTRUIÇÃO E MORTE’

O Hamas disse que o incidente mostrou que as forças israelenses nunca poderiam subjugar Gaza: “Dizemos aos sionistas que a sua liderança fracassada não se importa com as vidas dos seus soldados”, afirmou. “Quanto mais tempo você ficar lá, maior será a conta de suas mortes e perdas, e você sairá disso carregando o rabo da decepção e da perda, se Deus quiser.”

No norte, também ocorreram intensos combates no distrito de Jabaliya, onde as autoridades de saúde de Gaza afirmam que as forças israelitas sitiaram e invadiram um hospital e detiveram e abusaram de pessoal médico.

No sul, as forças israelitas que atacavam Khan Younis avançaram nos últimos dias para o centro da cidade. Moradores disseram que houve intensos combates no local, mas não houve mais tentativas de avanço nas últimas 24 horas.

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Para cúpula do PL e do governo, reclusão de Bolsonaro já compromete papel de líder de oposição

Silêncio e isolamento do presidente irritam ala política e cúpula de seu partido, que cobram reações a falas de Lula e veem ausência no G20 como erro.

De acordo com Bela Megale, O Globo, o silêncio e o isolamento mantidos por Bolsonaro desde sua derrota nas urnas passaram a ser duramente criticados por integrantes da ala política do governo e membros da cúpula do PL, seu partido. É consenso que “já passou da hora” de o presidente “lamber as feridas” e que ele precisa trabalhar para seguir como principal figura de oposição a Lula.

A avaliação desse grupo é que, se Bolsonaro não se movimentar logo, pode cair no ostracismo e perder boa parte do apoio que capitalizou.

A decisão do presidente de não ir ao G20, na Indonésia, foi considerada um erro por aliados de primeira ordem de dentro e fora do governo. Para eles, Bolsonaro deveria ter usado sua última agenda internacional como chefe do Executivo para se contrapor a Lula, que seguiu nesta segunda-feira para a COP27.

No PL, as reclamações e críticas sobre o silêncio e a apatia do presidente são crescentes. A queixa generalizada é que não há condução e nem posicionamento por parte de Bolsonaro sobre tema algum. Parte da sigla ainda defende que ele fale abertamente que a eleição acabou, reconheça o resultado e destaque seu papel de liderança na oposição.

Para a cúpula do PL, o presidente já deveria estar se manifestando publicamente contra posicionamentos do governo Lula, especialmente sobre temas da área econômica, e também ter respondido a críticas que o petista dirigiu a ele em discursos recentes.

Na sua fala de quarta-feira passada, Lula disse que “cabe ao presidente reconhecer sua derrota, fazer sua reflexão e se preparar para daqui uns anos concorrer outra vez”. Afirmou também que “ninguém vai acreditar em um discurso golpista de alguém que perdeu as eleições”.

Há ainda a avaliação de que Bolsonaro precisa explicitar erros e cobrar deputados incendiários do partido a se conterem. Desde que perdeu a eleição, no dia 30 de outubro, Bolsonaro está recluso no Palácio do Alvorada e não aparece no Planalto para despachos. Neste período, ele fez apenas duas postagens no Twitter e duas no Instagram. Parte de assessores tem colocado a reclusão na conta da infecção que o presidente tem na perna.

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A receita do colapso

Como uma cidade distribuiu hidroxicloroquina de graça, flexibilizou isolamento e viu mortes se multiplicarem.

Uma cidade populosa, administrada por um aliado do presidente Jair Bolsonaro, resume a forma como o Brasil vai levando a pandemia do coronavírus. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o prefeito pede isolamento, mas com tantas exceções que elas se tornam a regra. Oferece “tratamento precoce” de graça, mas abandona a promessa de cura quando há vacinas nas quais se agarrar. Faz concessões seguidas a empresários e comerciantes e enfrenta protestos deles mesmos, que querem ainda mais flexibilização. Uberlândia é uma espécie de cidade exemplar da indecisão do poder público diante da pandemia no Brasil. E já se foram 280 mil mortos.

Em julho passado, quatro dias depois de Uberlândia assumir momentaneamente a dianteira de casos de Covid em Minas Gerais, superando até Belo Horizonte, o prefeito da cidade, Odelmo Leão (PP), anunciou um novo protocolo de combate à pandemia: ivermectina e hidroxicloroquina de graça para a população. Em seguida, flexibilizou o decreto de isolamento, liberando feiras livres, lanchonetes e conveniências. O Tribunal de Justiça de Minas mandou Leão recrudescer, enquadrando-o ao plano estadual de enfrentamento da pandemia Minas Consciente, mas a ordem durou pouco. O prefeito recorreu e, em meados de julho, a cidade de 700 mil habitantes bateu a marca de 10 mil infectados – ato contínuo, liberou até shopping center. Duzentas pessoas morreram da doença até aquele mês.

Após oito meses, no dia 2 de março deste ano, o prefeito admitiu que o sistema de saúde de Uberlândia se exauriu. Com 100% dos leitos de UTI ocupados, 184 pacientes esperavam vagas abrirem, e outros já tinham sido transferidos para cidades próximas. “A rede de saúde de Uberlândia colapsou. Friso: colapsou. A situação é caótica. A gente pediu, a gente apelou para que todos compreendessem o momento que vivíamos, para que não chegássemos a essa situação. Infelizmente, muitos não ouviram e duvidaram dessa doença. Hoje a nossa situação é a pior de todas as que vivemos”, afirmou Leão.

Em 4 de março, o presidente Jair Bolsonaro pisou em solo uberlandense com sorriso de orelha a orelha, visível porque não usava máscara. Odelmo Leão, seu “velho amigo de Parlamento”, como Bolsonaro o definiu, o recebeu de braços abertos e N95 no rosto. “Quem fala em tratamento precoce passou a ser criminoso no Brasil”, discursou o presidente a algumas dezenas de apoiadores sem máscara que se amontoavam para vê-lo de perto. “O médico, ele é ensinado, é direito dele, não tendo o medicamento para aquela doença, ele buscar a alternativa”, prosseguiu Bolsonaro.

Na cidade, acontece o oposto do que descreveu o presidente. O Ministério Público Federal conseguiu na Justiça que o médico que não receitar o “tratamento precoce” seja denunciado por pacientes e fique sujeito a multa de 10 mil reais. Não há, por ora, registro de punições judiciais.

O presidente continuou a falar, agora sobre efeitos colaterais econômicos. “Se todo mundo ficar em casa, vai morrer todo mundo de fome.” Os simpatizantes aplaudiram. “O desemprego leva à miséria, à depressão, a uma série de outros problemas, que matam muito mais do que o vírus.” Ele estava no lugar certo.

Em setembro de 2020, depois de atingir pela primeira vez cem dias seguidos com registros de óbitos, Odelmo Leão conseguiu no Supremo Tribunal Federal reabrir bares e restaurantes. Em outubro, o prefeito anunciou a saída da cidade do Minas Consciente, plano de contingência do governo estadual de Romeu Zema (Novo) para enfrentar a pandemia. Quinze dias depois, Uberlândia registrou o recorde de 140 dias consecutivos de óbitos.

Em novembro e dezembro, seguindo tendência nacional, a pandemia arrefeceu em termos relativos ao que acontecera até então. Mas, com a virada do ano, a doença se mostrou mais agressiva inclusive entre grupos que antes não eram considerados de risco. A região de Uberlândia voltou a ser um dos focos mais graves da pandemia em Minas. O número de mortes explodiu. De 27 óbitos registrados em dezembro, o número saltou para 76 em janeiro e 257 em fevereiro, somando ao final do mês passado 1 074 mortes desde o início da pandemia. Em março foram 284 até o dia 12, segundo dados da prefeitura.

Com o esgotamento do sistema de saúde da cidade, em fevereiro, Odelmo Leão baixou medidas para tentar conter o avanço da doença. Proibiu a venda de bebidas alcoólicas das 18h às 5h, fechou shoppings, bares, restaurantes e clubes sociais aos finais de semana – mas os manteve em funcionamento de segunda a sexta. Após quinze dias, precisou ser mais duro e fechou o comércio. Numa entrevista para detalhar as medidas, exclamou mais de uma vez: “Lockdown não!”

No último dia 12, comerciantes voltaram às ruas para protestar, como têm feito desde o início da pandemia. O objetivo é voltar a flexibilizar as atividades.

Desde o agravamento da pandemia em 2021, o prefeito não falou mais em hidroxicloroquina ou “tratamento precoce”. Sua aposta agora é na imunização. Publica fotos de idosos sendo vacinados e faz anúncios de intenção de compra de mais doses. A cidade diz ter aplicado até agora quase 45 mil doses de vacina.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que também minimizou a necessidade de isolamento inicialmente, foi mais enérgico ao reagir às evidências que um ano de pandemia trouxe. Em abril passado, ele criticou prefeitos que impuseram medidas restritivas de circulação. “Nessa crise nós precisamos que o vírus viaje um pouco”, justificou. Em março de 2021, contudo, decretou lockdown no noroeste do estado e no Triângulo Norte, onde fica Uberlândia.

Onda Roxa, como o governador batizou a ação, determina toque de recolher das 20h às 5h, libera somente quem trabalha em serviço essencial para transitar e obriga o uso de máscaras em qualquer espaço público ou privado. O problema é que a Onda Roxa faz parte do plano Minas Consciente, do qual Uberlândia se retirou com ação judicial. Reservadamente, auxiliares de Zema dizem que a cidade adotou medidas tão restritivas quanto as impostas pelo governo estadual, portanto não há prejuízo no combate ao vírus.

“O prefeito está perdido”, resumiu o médico Alair Benedito, professor aposentado da Universidade Federal de Uberlândia. “Não toma as medidas adequadas, porque sofre muita pressão da iniciativa privada e, como recebeu financiamento eleitoral do empresariado local, mantém seus compromissos políticos com esses grupos e as medidas de distanciamento social foram negadas.” Ex-diretor do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, que é referência para Covid na região, Benedito aponta insuficiência da rede de atendimento desde antes da pandemia. “O prefeito tenta achar culpados. Transfere a responsabilidade para o hospital, mas não há número de leitos suficiente, falta estrutura, pessoal e espaço.”

Agora já são 1.371 vidas perdidas na cidade em um ano de pandemia, segundo a Fiocruz, o que confere a Uberlândia uma taxa de 198 mortes por cem mil habitantes. A capital mineira, que adotou medidas mais restritivas, tem média de 115 óbitos por cem mil habitantes. Porto Alegre, que enfrenta o colapso de seu sistema de saúde, registra 185 mortes por cem mil habitantes. No Brasil, a taxa é de 132 óbitos por cem mil habitantes. Todos os leitos de UTI de Uberlândia estão ocupados, demais leitos de emergência idem. Não há médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e profissionais da saúde suficientes para a demanda.

“Houve um não reconhecimento da gravidade da pandemia”, diz Juliana Markus, médica do Hospital de Clínicas de Uberlândia, que atua na linha de frente desde o início da pandemia. Além das flexibilizações do isolamento e do surgimento de novas cepas, a médica critica a insistência no tratamento à base de hidroxicloroquina e ivermectina, que não apenas não têm eficácia comprovada para Covid como ainda oferecem risco de efeitos colaterais graves. “As autoridades públicas defenderam o kit profilático, que geram ilusão de que a pessoa que contrair o vírus vai ficar com caso menos grave e por isso pode se expor, uma falsa sensação de segurança”, afirmou. “Não tem embasamento na realidade e contribui para o momento crítico que vivemos.”

No último final de semana, apesar dos alertas de autoridades de saúde pública do mundo todo, uberlandenses foram protestar nas ruas pedindo tratamento precoce e reabertura do comércio, em pleno pico da pandemia.

Em fevereiro deste ano, o prefeito reclamou que a população não colaborava. “Há onze meses nós estamos pedindo apoio, e parece que não há entendimento. Na minha avaliação há falta de consciência coletiva, uma coisa muito grave na nossa sociedade”, criticou.

Mas em julho do ano passado ele cantava vitória. “Se Uberlândia tem os resultados que tem é porque tivemos a responsabilidade de testar a população, adquirimos os remédios necessários, a hidroxicloroquina, que tem a discussão, mas eu já disse que o professor [secretário de saúde municipal] liberou, está em todas as farmácias da nossa rede. É o médico receitar, se não achar no mercado, pode ir à farmácia da prefeitura, que nós vamos fornecer o produto”, comemorou.

Procurada pela Piauí, a prefeitura não esclareceu os critérios que a levaram a flexibilizar o isolamento em diversas ocasiões, nem se ainda recomenda o “tratamento precoce” ou como avalia o comportamento do presidente Bolsonaro diante da gravidade da Covid no país e na cidade.

*Thais Bilenky/Piauí

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Agora: Lula e Eduardo Moreira discutem propostas sociais e econômicas para enfrentar o coronavírus. Assista

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o economista e ex-banqueiro Eduardo Moreira conversam, por vídeo, sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil. Eles analisam as medidas que foram tomadas até agora. A falta de sintonia entre governo federal e estados e municípios para promover que assegurem o isolamento – inclusive ampliar a garantia de renda para que as pessoas fiquem em casa. A necessidade de investimentos em pesquisa e ciência. A responsabilidade do Tesouro de direcionar os recursos para salvar vidas sem ampliar o endividamento com os bancos.

Assista:

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

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Fogo no parquinho: Bolsonaro diz a Mourão, ‘presidente aqui sou eu’

Jair Bolsonaro desautorizou nesta quinta-feira, 26, o vice-presidente Hamilton Mourão, que havia defendido o isolamento social no combate à pandemia de coronavírus.

“O presidente sou eu, pô. O presidente sou eu”, disse Bolsonaro em conversa com jornalistas diante do Palácio da Alvorada.

“Os ministros seguem as minhas determinações. E o Mourão tem ajudado bastante, colaborado, dado opiniões, é uma pessoa que está do meu lado ali. É o reserva de vocês. Se eu empacotar aí, vocês vão ter que engolir o Mourão. É uma boa pessoa, podem ter certeza”, declarou.

Mourão disse que a posição oficial do governo é o isolamento social e que Bolsonaro se expressou mal. “A posição do governo por enquanto é uma só, a posição do governo é o isolamento e o distanciamento social”, disse o vice.

 

 

*Com informações do 247

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Bolsonaro se transforma no maior aliado do coronavírus contra o Brasil

Depois de convocar manifestações contra o Congresso e o STF e participar delas, colocando em risco a vida de milhares de brasileiros, Bolsonaro dobra a aposta no caos, mostrando que o coronavírus tem um aliado leal.

No Brasil já são 914 pessoas infectadas, 11 mortes e Bolsonaro usa coletiva para chamar o coronavírus de gripezinha.

Bolsonaro, em coletiva nesta sexta-feira (20): “depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar”.

Marcelo Freixo, em seu twitter, avisa: “Acabei de participar de uma reunião dos deputados federais do Rio com o governador Wilson Witzel para falar de medidas emergenciais no Congresso para ajudar o estado. NENHUM deputado bolsonarista compareceu. Estão se inspirando no péssimo exemplo do presidente”.

Prefeito de Niterói pede ao governo do estado suspensão total da operação das barcas.

Mas o delinquente do planalto, que se diz patriota, acha que todas essas medidas de contenção do fluxo de pessoas são exageradas e quer que prefeitos e governadores obedeçam ao “libera geral” que ele martela sem parar.

Até o genocida governador do Rio, Wilson Witzel, avisa em seu twitter: “Uma das ações que vamos tomar em auxílio à população será a distribuição de cestas básicas. Estamos conversando com a Associação de Supermercados do RJ para encontrar uma forma de distribuição, sem oferecer riscos de contágio às pessoas”.

Numa crueldade sem limites, Bolsonaro, em plena pandemia do coronavírus, corta Bolsa Família de 158 mil famílias carentes, sendo mais de 60% de nordestinos.

O valor médio do Bolsa Família de R$191,86 para 158 mil famílias dá em torno de R$ 30 milhões; enquanto isso, Bolsonaro vai dar R$10 bilhões para os planos de saúde.

Para piorar, o clã Bolsonaro cria a mais séria crise diplomática com a China, que pode render uma retaliação que pode detonar de vez a economia brasileira.

Até Malafaia, o mais vigarista dos charlatães, avisou que vai suspender seus cultos por causa da pandemia.

Número de infectados no Brasil cresce 45% em um dia. O isolamento é a única defesa.

Mas Bolsonaro quer indústria, comércio e transportes funcionando normalmente e as pessoas circulando livremente para fazer compras para não afetar a economia.

Por isso, Bolsonaro foi objeto de um panelaço em praticamente todas as capitais do país, por se aliar à pandemia do coronavírus que atinge em cheio o Brasil.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas