Gás de cozinha sobe cinco vezes a inflação do ano, o botijão chega a custar R$ 135,00.
Isso mesmo que você lê, a alta é mais de cinco vezes a inflação acumulada no período. O salto do preço do gás foi de R$ 75,29 no final de 2020 chegando a custar R$ 135,00.
Paulo Guedes tem uma explicação na ponta da língua, que é não jogar fora a água do banho junto com o bebê. Ou seja, jogue fora Bolsonaro, mas deixe a água do neoliberalismo na bacia e todos os problemas estarão resolvidos. Isso mesmo, Guedes jogou Bolsonaro aos leões para justificar a hecatombe econômica.
Digo mais, fez isso duas vezes no mesmo dia, uma, no encontro com Fux para quem estava de joelhos pedindo pelo amor de Deus para que o STF libere o beiço que o governo quer dar nas precatórias e, a outra, na Jovem Pan.
Lógico que, repetindo a mesma receita de Dória, basta privatizar a Petrobras em fatias, o que, segundo os dois gênios provocaria uma competição contra o monopólio estatal e a fatura estaria encerrada.
Mas como Guedes tem uma língua grande que adora chicotear a própria bunda, no momento seguinte de sua inenarrável entrevista à claque dos Pingos nos Is, da Jovem Pan, entusiasmadíssima com a fala do gabola que está mergulhando o país num caos, Guedes explicou o porquê da hiperinflação dos alimentos no que faz o feijão chegar a R$ 12,00 e o osso a R$13,49 o quilo, na promoção.
Guedes, nesse tocante, como diria Bolsonaro, soltou essa pérola, “no mundo todo há uma inflação dos alimentos”. Isso, no país que mais produz alimentos no planeta.
O problema é que Guedes não conseguiu juntar um fio com outro. Se a inflação do petróleo é por conta do monopólio e da valorização do dólar perante o real, ele sintetiza, a culpa é de Bolsonaro e suas cagadas políticas, como ele já havia dito no encontro que teve com Fux, em que praticamente desdiz na frente o que disse sobre o monopólio da Petrobras quando “explicou” que o país que tem a maior oferta de alimentos do mundo, sofre uma inflação maior do que os países mais remotos que não produzem um único grão de arroz.
Ou seja, o sujeito não tem a mínima ideia, do ponto de vista econômico e político, do bode que está em sua sala, porque ele não sabe aonde começa o rabo do bicho e aonde termina o focinho.
Em bom português, quer dizer, estamos todos ferrados nas mãos de um governo de corruptos e aventureiros, de especuladores e agiotas, de pistoleiros e milicianos. E como diz o filósofo Pazuello, ponto.
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Esse é o retrato do Brasil de Bolsonaro. Governo não consegue reduzir fila, agravando a vulnerabilidade de muitas pessoas a pouco mais de um mês do fim do auxílio emergencial.
As dificuldades de acesso agravam a vulnerabilidade de muitas famílias a pouco mais de um mês do fim do auxílio emergencial para 39,3 milhões de pessoas. Segundo estudos do pesquisador Marcelo Neri, da FGV, a pobreza já atinge 27,7 milhões de brasileiros, o equivalente a 13% da população. Em 2017, segundo sua metodologia, eram 11,2%.
Os problemas sociais, no entanto, foram ignoradas pelo presidente Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos do Sete de Setembro. Os atos agravaram a crise política e criaram mais obstáculos para projetos como o Auxílio Brasil, que o governo pretende colocar no lugar do Bolsa Família para aumentar o alcance e o valor dos repasses. O programa não avançou no Congresso, que aprova o Orçamento.
Desempregada desde o início da pandemia, C.O., de 32 anos, está entre os beneficiários do auxílio emergencial que vivem uma contagem regressiva. Ela usa o benefício para comprar comida, mas na semana passada tinha apenas um pacote de biscoito água e sal para se alimentar. Ela era garçonete e foi demitida no início da pandemia. Teve que entregar o apartamento onde morava e deixar as duas filhas com o ex-marido. Morou na rua por 18 dias e, hoje, vive de favor: um amigo pagou três meses do aluguel de uma casa, na Zona Oeste do Rio. Não há geladeira, fogão ou armários. Só uma cama e um teto. Sem perspectivas, ela só tem pouco mais de um mês para ficar ali.
— Há três dias que não como. Quando consigo fazer um bico, compro biscoito. Estou na luta. Uso a internet da venda da esquina para me inscrever nas vagas. Para mim, o importante é trabalhar, pagar meu teto, ter o que comer. Já estou ficando desesperada.
Com o clima eleitoral antecipado por Bolsonaro, aumenta a pressão sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes, para viabilizar o Auxílio Brasil ou prorrogar o auxílio emergencial até o fim do ano. Mas não é uma solução simples.
*Com informações de O Globo
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Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) quer colocar um homem da sua confiança no estratégico cargo de corregedor da Receita Federal. Para garantir a nomeação, está travando na Casa Civil, há dois meses, a escolha feita por Paulo Guedes.
Em 7 de julho, Paulo Guedes assinou uma portaria nomeando o auditor-fiscal Guilherme Bibiani para o cargo, num mandato de três anos. Até até agora, entretanto, o Diário Oficial não publicou a portaria. “E o motivo são pressões do filho 01 para que a cadeira seja ocupada por um auditor de sua confiança, Dagoberto Lemos” -informa Lauro Jardim em O Globo.
Meses atrás, o ex-corregedor José de Barros Neto foi acusado por advogados de Flávio de ser infiel ao clã em relação à apuração de supostas irregularidades de fiscais da Receita no Rio de Janeiro. O caso foi investigado e arquivado.
Há mais de dois anos, negócios suspeitos de Flávio despertam interesse da Receita, da Justiça e da imprensa, ao lado de um sem-número de outros escândalos do clã Bolsonaro. Ele é acusado de enriquecer graças a um esquema de desvio de verbas públicas na época em que era deputado estadual no Rio de Janeiro. Segundo investigações, há suspeita de que esses valores tenham sido lavados na compra de imóveis.
*Com informações do 247
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O que chama atenção no manifesto da Fiesp e Febraban é uma suposta preocupação com os destinos da nação a partir da tragédia que vivem as camadas mais pobres da população.
Por que Bolsonaro se preocuparia com a saúde do povo se ele permaneceu dentro do Congresso durante 28 anos tratando os pobres como resto, como quem deveria ser tolhido de qualquer sopro de cidadania?
Ninguém tinha qualquer dúvida de que Bolsonaro apelaria para os golpes mais baixos na sua relação com a maior parte da população brasileira, que é pobre, para alcançar seus objetivos e segregar, num exercício diário de exclusão, a imensa maior parte.
Bolsonaro foi escolhido pela elite através do modelo econômico de Temer que teve continuidade com Paulo Guedes e, consequentemente, a crise que se iniciou com Temer se agravou durante esses três anos de regime fascista. Daí o tempo de apodrecimento dos dois é o mesmo. Temer ficou pouco mais de 2 anos e o resultado de sua gestão foi repudiado nas pesquisas de opinião.
Quando tentou colocar a cabeça pra fora e dizer que seria candidato em 2018, a própria oligarquia cortou-lhe as manguinhas. A justificativa era a de que sua relação com o povo brasileiro azedaria cada vez mais porque ele não havia sido eleito, portanto, somaria contra o projeto de buscar alguém que respaldasse os interesses da classe dominante.
Como se sabe, a situação chegou a tal ponto que o PSDB, partido que liderou o golpe em Dilma, a partir de Aécio e FHC, foi dizimado e, com a ajuda de um outro tucano, Sergio Moro, o discurso de Bolsonaro saiu consagrado nas urnas para a alegria, mesmo desconfiada, da Fiesp e da Febraban.
Por isso esse discurso sobre os chamados três poderes, que privilegia a carta magna, sendo respaldado pelos barões do PIB e do rentismo nacional não soa exatamente estranho, mas apenas contraditório, sobretudo quando fala das mazelas, que são absolutas, que essa política perversa de Guedes produziu e que produz numerosos e crescentes pobres e miseráveis.
O fato é que, mesmo as classes médias, agora atingidas pela crise do ajustamento neoliberal, também começam a despertar para a hecatombe, já que a escassez e as carências que chegam às casas dos cidadãos médios, por obra da realidade, acabam dando a cada um a consciência de sua posição nesse latifúndio.
Trocando em miúdos, o Brasil está num beco sem saída. Bolsonaro não tem pernas para continuar. Guedes, de Midas, para a classe dominante, transformou-se em dedo podre e não tem mais como se fabricar interpretações de uma crise nacional que ninguém sabe exatamente que rumo terá com essa formação que aí está, sem credibilidade política, dependendo dos discursos ornamentais de um idiota como Bolsonaro que, ainda hoje, em uma de suas lives, vendeu um Brasil que só habita na sua cabeça e na de Guedes.
Por isso, Fiesp e Febraban, em outras palavras, disseram que não aceitarão golpe de Bolsonaro porque sabem seu governo já caiu de podre.
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Bolsonaro crê que iniciativa é contra seu governo e, como se fossem propriedades suas, estuda retirar bancos públicos do organismo que reúne instituições financeiras brasileiras. Guedes apoia e isolamento cresce.
A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ameaçam se retirar da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), criada em 1967 e da qual as duas instituições públicas são fundadoras, em decorrência da guerra travada por diversos setores da sociedade que tentam conter a sanha autoritária de Jair Bolsonaro.
O problema começou quando a Febraban resolveu assinar um manifesto chamado “A Praça dos Três Poderes”, cuja apresentação diz que “as entidades da sociedade civil que assinam esse manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”. Outras cem entidades do setor financeiro e industrial também são signatárias do documento.
A partir daí, estava aceso o estopim para que o presidente Jair Bolsonaro abrisse mais uma frente de batalha. Paranoico com todos os segmentos que não são parte de sua base ultrarradical, cada dia mais isolado e descontrolado, o chefe de Estado viu na iniciativa uma crítica a seu governo e determinou, num acesso personalista, que os dois bancos públicos deixem a organização que reúne as maiores e mais importantes instituições financeiras do país.
Membros do governo federal, segundo informa o colunista Lauro Jardim, de O Globo, teriam passado os últimos dias tentando convencer os dirigentes da Febraban a não assinarem o manifesto, para que o presidente não interpretasse isso como um ataque à sua gestão. De nada adiantou, já que na tarde de sexta-feira (28) os conselheiros do clube de banqueiros votaram pela adesão ao termo.
Paulo Guedes, ministro da Economia, e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, estariam ao lado do presidente no novo arroubo autoritário e dispostos a incentivar o desligamento dos gigantes públicos do setor bancário da instituição fundada durante a Ditadura Militar. Se não houver recuo na decisão da Febraban, que foi sacramentada por Bradesco, Itaú, Credit Suisse, JP Morgan, BTG, Safra, Santander, a tendência é que Caixa e Banco do Brasil se isolem de seus concorrentes privados.
*Com informações da Forum
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“Se os fatos são contra mim, pior para os fatos” (Nelson Rodrigues)
Em síntese, foi o que disse o indignado Paulo Guedes hoje, atacando o IBGE por divulgar a realidade do desemprego recorde no país.
O desemprego no Brasil está em 14,6%, e a divulgação do desastre foi motivo de irritação de Guedes não com a sua trágica política econômica, mas com o IBGE por ter mostrado que há uma nação de segregados no mercado de trabalho que reflete com clareza a tragédia de 15 milhões de brasileiros que não têm emprego.
Isso, mais uma vez, revela que há um gigantesco embuste na fala de Paulo Guedes, e a tal recuperação econômica anunciada pelos neoliberais desde Temer, transformou-se numa série de fracassos, mentiras e tapeações.
Para Guedes, então, é mais fácil atacar o IBGE por mostrar a realidade do que revelar o que há por trás do buraco negro em que se transformou a economia brasileira que prometia fazer do país a Meca da riqueza.
Na verdade, Bolsonaro e Temer disputam medalha de ouro numa olimpíada de fracasso econômico.
Guedes, com seu minúsculo intelecto, agarrado ao neoliberalismo pinochetista, achou melhor dizer que o IBGE está na época da pedra lascada.
Na realidade, isso é uma xerox do que Bolsonaro já está fazendo, prevendo a sua derrota em 2022 quando ataca as urnas eletrônicas.
Não há aí uma novidade, o incêndio criminoso da Pinacoteca, segundo o vigarista Mário Frias, é culpa do PT, mesmo que o Ministério Público tenha avisado ao governo Bolsonaro que essa tragédia estava por acontecer, assim como ocorreu no governo Temer com o Museu Nacional.
Tudo isso é resultado de pensamento único, fascista de quem promove hecatombes diárias, como ocorreu na pandemia por culpa exclusiva de Bolsonaro, chegando a 550 mil vítimas fatais.
Mas, segundo o insano, a culpa é do STF, prefeitos e governadores, assim como, depois de mandar tacar fogo na Amazônia e ser repudiado por todo o planeta, Bolsonaro culpou os índios pelos incêndios.
Fila para comer ossos num país que é o maior exportador de carne bovina do mundo, choca os brasileiros.
Mas essa lógica está longe de ser um caso isolado. Quanto mais o Brasil do agronegócio aumenta suas exportações, mais a miséria e a fome crescem no país.
Paulo Guedes, há poucos dias, apresentou uma solução para esse drama do Brasil, dar restos de comida aos pobres. Isso acontece em um país que, com Lula e Dilma, saiu do mapa da fome, mas que, somente neste último ano, governo Bolsonaro devolveu 20 milhões à miséria absoluta, enquanto o país ostenta 11 novos bilionários, segundo lista da Forbes.
E os bolsonaristas ainda têm coragem de falar de Cuba e Venezuela.
O fato é que nem o mais pessimista dos brasileiros imaginaria que aquele golpe em Dilma, que também fez com que Bolsonaro chegasse ao poder, com o pacto da escória nacional, levasse o Brasil a esse estado de coisa.
Bolsonaro, já no início da pandemia, deu uma aula de desprezo humano pelas vítimas da covid, vírus que ele tanto se empenhou em disseminar e que provocou o genocídio de centenas de milhares de brasileiros.
Mas foi Paulo Guedes que resumiu a verdadeira intenção da política econômica de Bolsonaro, enriquecer ainda mais os ricos e dar os seus restos de comida para os pobres, os famintos, os miseráveis.
Lula, vencendo a eleição de 2022, e espera-se que isso aconteça, terá um árduo caminho pela frente para tirar o país do umbral a que chegou pelas mãos das classes dominantes que manipulam as instituições, sobretudo da justiça e a mídia, principalmente a Globo.
Bolsonaro só chegou à cadeira da presidência e produziu tamanha tragédia porque teve o luxuoso auxílio dos endinheirados completamente descolados de qualquer escrúpulo.
Ministro da Economia negociou linha de crédito para vacina privada e colocou restrições em compra de imunizantes.
A convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para depoimento na CPI da Covid no Senado deve ser o primeiro tema a ser debatido pela comissão na volta do recesso legislativo, daqui a duas semanas. Desde que as sessões foram paralisadas, Guedes voltou a ter seu nome envolvido em denúncias sobre ações e omissões do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus.
A ida do “Posto Ipiranga” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à CPI foi um dos primeiros temas que causou divergência entre a oposição e a tropa de choque bolsonarista na comissão, antes mesmo dela ser instalada, em abril.
A blindagem a Guedes, no entanto, deve ser rompida após a revelação de novos casos que apontam o papel central do Ministério da Economia no atraso na compra de vacinas e no incentivo à imunidade de rebanho.
Neste terça-feira (20), em entrevista ao portal Metrópoles, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, defendeu a votação do requerimento de convocação no retorno aos trabalhos da comissão: “É uma providência natural que a CPI convoque Guedes. A falta de planejamento é, na verdade, uma consequência do agravamento da pandemia no Brasil. É importante convidá-lo para resolver efetivamente o problema do ponto de vista orçamentário”.
Em abril, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse que a convocação “politizaria o debate” e atuou contra a ida do ministro ao banco dos depoentes. No mês seguinte, no entanto, Guedes fez declarações contra a China, principal fornecedor de insumos para fabricação da CoronaVac no Brasil, e Aziz mudou o tom. Disse que o ministro deveria “cuidar da economia, que não está bem” no país e disse que ele seria “puxa-saco americano”.
À época, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a crise “tem tudo a ver com Guedes. A [a CPI terá também de] apurar a nossa tese de que o governo adotou uma posição de que era mais importante deixar o vírus circular, todo mundo pegar, fazendo com que o governo não tivesse que gastar dinheiro.”
Entenda os principais temas que podem levar o ministro da Economia à CPI:
Atuação anti-Pfizer a Janssen
Guedes e sua equipe interferiram na elaboração da Medida Provisória (MP) 1.026/2021, que tratou da aquisição de vacinas contra a covid-19. De acordo com os documentos enviados à CPI da Covid, divulgados pela Folha de S.Paulo na terça-feira (20), o ministério barrou dispositivo que facilitava a aquisição de imunizantes da Pfizer e Janssen.
A cláusula vetada autorizava a União a assumir eventuais riscos e custos de possíveis efeitos adversos da vacina. Tratava-se de exigência das farmacêuticas para negociar o imunizante em todos os países. A reportagem afirma que tanto Guedes como o presidente Jair Bolsonaro “temiam” a ameaça de processos contra eventuais efeitos colaterais dos imunizantes. O risco de judicialização poderia aumentar o passivo financeiro da União.
A MP foi publicada em 6 de janeiro, sem o artigo vetado por Guedes. Foi quando Bolsonaro declarou que o governo não se responsabilizaria, caso quem tomasse o imunizante da Pfizer “virasse jacaré“. A decisão atrasou as negociação com o laboratórios norte-americano em pelo menos 8 meses desde a primeira oferta.
O contrato para a aquisição de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer foi assinado em março. Mas só foi possível após a aprovação de uma lei que repassou à União os riscos relativos à aplicação dos imunizantes. Na sequência, o contrato com a Janssen, para a compra de 38 milhões de doses, também foi firmado.
Acordo com lobista
Em junho, documentos sigilosos do Itamaraty, revelados pelo jornal O Estado de São Paulo, revelam que o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, afirmou ter discutido com a pasta de Paulo Guedes a abertura de uma linha de crédito para clínicas privadas adquirirem vacinas no exterior.
Segundo um telegrama da Embaixada do Brasil na Índia, a ideia era usar dinheiro público para financiar a exportação de imunizantes que seriam vendidos no Brasil no momento em que havia uma corrida de governos do mundo todo pelo produto.
Maximiano e a Precisa Medicamentos estão no centro do escândalo da compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde. A diretora da empresa, Emanuela Medrades, chegou a admitir, em depoimento à CPI, que os planos iniciais da Precisa para a Covaxin eram motivados pela intenção de venda para empresas privadas.
Questionada pelo vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Medrades disse que apenas depois da negativa do Congresso Nacional à compra de vacinas pela iniciativa privada os planos da Precisa passaram a ser a negociação com o Ministério da Saúde.
A negociação com Guedes, citada por Maximiano na reunião na embaixada, como aponta a imagem abaixo, deve ser um dos principais pontos de questionamento dos senadores ao ministro.
Aposta na imunidade de rebanho
Durante audiência na Comissão Externa da Covid-19 no Senado, no último dia 26, o ministro da Economia admitiu que o governo federal apostou na imunidade de rebanho por contaminação. Segundo ele, a ideia foi difundida no governo pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
“O primeiro ministro da Saúde que tivemos popularizou dentro do governo a teoria [da imunidade de rebanho], que foi exposta para nós e nós acreditamos. E vimos acontecer. Ele estava certo. Ele falou março, abril e maio ela [a curva de contágio da Covid-19] sobe forte, então, temos que fazer distanciamento social, porque, com distanciamento, ela não sobe verticalmente, sobe devagar e dará tempo de criar a imunidade de rebanho aos poucos. Porque se pegar em todo mundo ao mesmo tempo explode a capacidade hospitalar”, disse Guedes.
“Não se falou em barreira sanitária, testagem em massa, vacinas, nada. A ideia foi vamos aos poucos porque, se for todo mundo ao mesmo tempo, explode a capacidade hospitalar”, finalizou.
Comida vencida aos pobres
Em 18 de junho, Guedes sugeriu que sobras de restaurantes sejam destinadas às populações pobres e vulneráveis, como forma de política de combate à crise social e aos crescentes índices de insegurança alimentar do país. “Aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, pessoas desamparadas. É muito melhor que deixar estragar”, afirmou, durante participação virtual em evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
O ministro propôs que “desperdícios” da cadeia e “excessos” cometidos pela classe média poderiam ser mais bem aproveitados e distribuídos à crescente massa de brasileiros em situação de pobreza, muitos já em condições extremas.
Para justificar o raciocínio, afirmou que o prato de um cidadão de classe média da Europa, “que já enfrentou duas guerras mundiais”, seria “relativamente pequeno”. E prosseguiu. “E os nossos, aqui, fazemos almoços onde (sic) às vezes há uma sobra enorme. E isso vai até o final, que é a refeição da classe média alta. Até lá, há excessos”, prosseguiu.
“Como utilizar esses excessos que estão em restaurantes e esse encadeamento com as políticas sociais, isso tem que ser feito. Toda aquela alimentação que não for utilizada durante aquele dia no restaurante, aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda”.
Temor fiscal em negociação com Pfizer ajudou a retardar compra de imunizante e abriu porta da Saúde para tratativas suspeitas.
Segundo reportagem de William Castanho, Mateus Vargas e Bernardo Caram, Folha, documentos da CPI da Covid expõem contradições do time do ministro Paulo Guedes (Economia) sobre a elaboração da MP (medida provisória) das vacinas. Negacionismo e preocupação com risco fiscal atrasaram a compra com a Pfizer.
A CPI da Covid no Senado quer saber por que um dispositivo que facilitava a aquisição de vacinas da Pfizer e da Janssen foi eliminado da MP publicada em janeiro. Uma das minutas autorizava a União a assumir riscos e custos de eventuais efeitos adversos dos imunizantes, exigência das farmacêuticas.
Em resposta à comissão, a pasta de Guedes disse que só foi chamada a se manifestar na sanção, em março. Porém documentos mostram a participação do Ministério da Economia em debates de minutas em dezembro.
Planalto e Economia se alinharam contra exigências da farmacêutica americana. A resistência abriu a porteira da Saúde para a série de negociações suspeitas na aquisição de imunizantes.
O presidente Jair Bolsonaro e Guedes temiam, além de eventuais efeitos colaterais, a ameaça de judicialização. Futuras ações poderiam aumentar o passivo financeiro da União.
A decisão do governo de cortar o artigo retardou o negócio. O contrato com a Pfizer só foi assinado em 19 de março graças a uma lei de iniciativa do Congresso que permitiu repassar o ônus ao poder público.
Nesse intervalo: 1) um cabo da PM negociou com a Saúde para fornecer vacina da AstraZeneca e disse ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose; 2) a pasta cogitou comprar Coronavac pelo triplo do preço; 3) um servidor relatou pressão atípica na aquisição da indiana Covaxin. Todos os três casos foram revelados pela Folha.
A Saúde ainda contratou, nesse período, dez milhões de doses da Sputnik a cerca de US$ 12 por unidade, por meio do laboratório União Química, enquanto governadores do Nordeste compraram a mesma vacina do Fundo Russo de Investimento Direto por cerca de US$ 10.
Em despacho enviado à CPI, o secretário-executivo adjunto da pasta comandada por Guedes, Miguel Ragone de Mattos, afirmou que “a manifestação do Ministério da Economia relativa à referida medida provisória restringiu-se à fase de sanção do projeto de lei de conversão nº 1, de 2021, no sentido de não haver na matéria tratada competência afeta”.
Parecer jurídico da Saúde recomendava a avaliação do dispositivo da responsabilidade da União pelo Ministério da Economia, “eis que a matéria insere-se dentre sua área de competência”. A análise nunca foi feita.
O documento assinado por Marcilândia Araújo, coordenadora-geral de Assuntos de Saúde e Atos Normativos do Ministério da Saúde, ainda lembrou que dispositivo equivalente já existia na Lei Geral da Copa, na qual o governo assumiu responsabilidades relacionadas ao torneio e ficou autorizado a oferecer garantias e contratar seguros.
Paulo Guedes, em discurso hoje, na Câmara dos Deputados, diz que espera que Bolsonaro consiga terminar o seu mandato, ou seja, espera justamente porque não acredita que ele consiga chegar até 2022 governando o país. Nisso não há qualquer novidade, pois até Bolsonaro não acredita mais que terminará o mandato de tanto escândalos que explodem. O curioso é que Guedes fala aquelas bobagens dele, mas não teve coragem de dizer que esse governo promoveu um morticínio comandado pelo genocida em que foram perdidas mais de meio milhão de vidas de brasileiras por uma política nefasta.
Paulo Guedes disse: Eu quero acreditar que a democracia brasileira nos permita ter um governo de quatro anos. Depois de 30 anos de centro-esquerda, será que não pode ter quatro anos de centro-direita?