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Consultoria que contratou Moro recebeu 16,5 milhões de dólares para reestruturar fornecedora da Petrobras

Alvarez & Marsal atuou na recuperação judicial da Diamond Offshore Drilling até abril de 2021 — quando o ex-juiz já era consultor havia cinco meses.

The Intercept – A consultoria Alvarez & Marsal recebeu aproximadamente R$ 87,5 milhões, na cotação atual, para atuar na reestruturação da empresa Diamond Offshore Drilling, que entrou em abril de 2020 com um pedido de recuperação judicial na justiça do Texas, nos Estados Unidos. A companhia é fornecedora da Petrobras e atualmente opera duas plataformas no Brasil. O processo de recuperação judicial terminou em abril de 2021 — cinco meses após a Alvarez & Marsal ter anunciado o ex-ministro da Justiça Sergio Moro como “sócio-diretor” em Washington, também nos Estados Unidos.

O valor de 16,5 milhões de dólares pago pela Diamond Offshore Drilling à consultoria consta em documentos judiciais aos quais o Intercept teve acesso. A cifra é maior do que a apresentada pela Alvarez & Marsal ao Tribunal de Contas da União, o TCU, referente a seu faturamento no Brasil. No total, a consultoria disse ter recebido R$ 83,5 milhões no país entre 2013 e 2021.

Do total recebido no caso da Diamond Offshore Drilling, 5,3 milhões de dólares — equivalentes a 32% do valor total — foram pagos após novembro de 2020, mês em que Moro começou a trabalhar na consultoria. Em documento anexado ao processo na justiça do Texas, o CEO Marc Edwards diz que “cerca de 20%” do faturamento da Diamond Offshore em 2019 veio de contratos com a Petrobras.

Trecho de carta do CEO da Diamond Offshore Drilling.

Em seu mais recente balanço trimestral, a Diamond Offshore Drilling cita uma disputa tributária no Brasil em que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional questiona a Petrobras em relação ao recolhimento de impostos sobre contratos para afretamento de embarcações e prestação de serviços, como o que a empresa americana possui. A Petrobras saiu vitoriosa do processo no Conselho Administrativo de Recursos Federais, instância administrativa ligada ao Ministério da Economia. Agora, a disputa se dará no Judiciário.

A Diamond Offshore Drilling estimou que o impacto, em caso de derrota, pode ser de até 90 milhões de dólares, segundo documento assinado por um diretor da Alvarez & Marsal anexado ao processo de recuperação judicial. “Nós pretendemos defender nossa posição de forma vigorosa; porém, litígios são inerentemente imprevisíveis, e o resultado final ou efeito de qualquer decisão, processo ou ação não pode ser previsto com precisão”, registra o balanço mais recente.

A Alvarez & Marsal atua em diversos casos de empresas que foram investigadas pela operação Lava Jato, como o Grupo Odebrecht, as construtoras OAS e Queiroz Galvão, o banco BVA, o Grupo Agroserra e o estaleiro Enseada — um consórcio entre Odebrecht, Kawasaki, OAS e UTC.

As prestações de contas anexadas ao processo na justiça do Texas mostram que diversos dos serviços prestados pela consultoria à Diamond Offshore Drilling dizem respeito ao Brasil. Nesses documentos, constam planilhas de horas de funcionários da empresa em escritórios nos Estados Unidos e aqui, que produziram análises e pesquisas para a Diamond Offshore Drilling.

Em nenhum dos documentos o nome do ex-ministro Moro é mencionado. Ele foi contratado em novembro de 2020, sete meses após deixar o cargo de ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, do PL. Por 11 meses, ele recebeu o equivalente a 58 mil dólares de salário para “encontrar as melhores soluções para os complexos desafios que envolvem as áreas de Disputes and Investigations, governança e compliance”, agregando “sua expertise jurídica e investigativa, somada a sua vivência na esfera governamental, aos projetos dos nossos clientes nesse importante momento de maturidade de governança das empresas não só no Brasil como no mundo”, escreveu no LinkedIn o diretor-geral da Alvarez & Marsal Brasil, Marcelo Gomes, ao anunciar a contratação de Moro como “sócio-diretor”.

Na última sexta-feira, 28 de janeiro, o ex-juiz disse ter recebido o equivalente a cerca de R$ 3,46 milhões durante sua atuação na Alvarez & Marsal. Em uma live no mesmo dia, ele afirmou que “nunca recebeu um tostão da Odebrecht”. Procurado pelo Intercept, o ex-juiz voltou a afirmar que “não trabalhava nem recebia do setor de recuperação judicial da empresa norte-americana” e que seu contrato era “com a A&M disputas e investigações, que tem outro CNPJ”. Já a Alvarez & Marsal não respondeu a nosso contato até a publicação desta reportagem.

A atuação de Moro na consultoria é alvo de investigação no Tribunal de Contas da União por suspeita de conflito de interesses. Mesmo que tenha divulgado quanto levou da empresa por cerca de um ano de trabalho, ainda é um mistério o que Moro fez na Alvarez & Marsal, para quais empresas trabalhou, em quais casos atuou e quais pareceres assinou. Essas informações são cruciais para o caso.

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Política

Reinaldo Azevedo: Versão de Moro sobre Alvarez & Marsal, quanto mais mexe, mais fede

Qual o dever, MPF? Mandar investigar!

Reportagem publicada pela Folha informa que alguns especialistas apontam que os ganhos de Sergio Moro como consultor da Alvarez & Marsal podem acabar sendo alvos da Receita Federal. A contratação do ex-ministro como pessoa jurídica teria constituído uma forma de driblar o Fisco para que os dois lados pagassem menos impostos. Afinal, Moro não tinha outro cliente. Na prática, seria empregado da A&M — durante um tempo, no papel ao menos, foi mesmo, mas nos EUA. Rende um bom debate, mas não estou certo se prospera. Na mesma situação, há milhares. As minhas dúvidas são de outra natureza.

Querem saber? As relações de Moro com a A&M podem ser tudo, menos ortodoxas. Fez-se muita complicação por meros 11 meses de trabalho, que ninguém sabe direito como se deu — e, se depender da A&M, ninguém saberá. “Mas por que alguém haveria de saber, Reinaldo?” Porque um braço do grupo faz a recuperação judicial de empresas que a Lava Jato quebrou — mais especificamente, a 13ª Vara Federal de Curitiba, de que Moro era juiz.

Os detalhes, os conhecidos, estão cheios de estranhezas. Como o visto de Moro para trabalhar nos EUA teria demorado um tanto, a A&M informa que o ex-juiz e ex-ministro foi contratado, num primeiro momento, como pessoa jurídica aqui no Brasil. Vão acompanhando. Ainda segundo a empresa, assinou-se um contrato para a prestação de serviços em 23 de novembro de 2020. Durou até 2 de junho de 2021 — pouco mais de cinco meses, portanto. Mas há um outro contrato, aí como empregado nos EUA. Este foi assinado no dia 7 de abril de 2021 e expirou no dia 26 de outubro: não chegou a seis meses. Ao todo, 11 meses de trabalho.

Observem que, então, entre 7 de abril e 2 de junho, Moro foi dublê de terceirizado da A&M no Brasil e empregado da empresa nos EUA. Não acontece sempre, certo? De todo o dinheiro que recebeu, 65% teriam sido pagos aqui — no caso, à empresa de consultoria que criou —, e os outros 35%, lá.

O grupo americano já encaminhou ao TCU uma petição para que se coloque fim à investigação sobre a contratação de Moro. O objetivo é saber se ela não incide em conflito de interesses. Falando ao Estadão, Eduardo Seixas, sócio-diretor da Alvarez & Marsal Administração Judicial, que é o braço que cuida de recuperações judiciais, afirmou o seguinte:
“[O ministro Bruno Dantas, do TCU] não pode pedir nenhuma informação sobre um trabalho privado que Moro executou pra uma companhia nos Estados Unidos. Quer dizer: ele pode, mas não vai receber porque são informações privadas dos Estados Unidos, e [a] muitas delas nem eu tenho acesso. Então ele não vai receber”.

Disse mais:
“Sobre qualquer contratação de empresa na qual o Moro trabalhou no exterior, isso ele [Bruno Dantas] não vai, com certeza, ter nenhum acesso, porque são empresas privadas e não vai ter motivo [para] ter esse tipo de informação.”

Vejam, pois, que curioso: dadas as informações prestadas pela A&M, Moro só passou a ser funcionário da A&M — e, pois, com autorização para trabalhar no EUA — no dia 7 de abril de 2021. Mas o primeiro dos seus contratos foi assinado em 23 de novembro de 2020. Donde se conclui que, por mais de quatro meses, o agora pré-candidato do Podemos à Presidência não tinha como atuar nos EUA porque lhe faltava a autorização para trabalhar.

TRABALHO EXISTIU MESMO?
Aí diz o tal Seixas que Moro “executou um trabalho privado para uma companhia nos EUA”. Mesmo quando impedido de fazê-lo, teria trabalhado só para empresas americanas, é isso? Agiu como uma espécie de clandestino? Ou, antes de assinar o segundo contrato, fez serviços aqui mesmo no Brasil, subordinado às leis brasileiras? Isso, claro!, na hipótese de que, além dos dois contratos, tenha realmente existido um serviço… A Lava Jato é que gostava de cobrar de consultores as provas dos serviços executados. No caso de Moro, a A&M avisa: nem adianta porque ele está protegido por leis americanas. É? Mesmo quando ainda não tinha autorização para trabalhar nos EUA?

É evidente que a história é confusa, não juntando lé com lé, cré com cré. Acrescente-se que, na vigência dos dois contratos — inclusive os meses em que atuou como dublê de consultor no Brasil e funcionário nos EUA — e da mesma empresa —, Moro se manteve em contato permanente com políticos no Brasil, de olho na disputa presidencial, e ainda escreveu um livro.

É CLARO QUE É DIFÍCIL ACREDITAR NA HISTÓRIA…
Parte considerável dos leitores desta coluna conhece o mundo corporativo. Milagres não existem, e dinheiro não cai do céu. Moro recebeu da A&M a bolada — a declarada ao menos — de R$ 3,537 milhões por meros 11 meses de trabalho. US$ 656 mil. Salário de alto executivo em qualquer país do mundo.

Mais formidável é a gente saber, nesse total, estão US$ 150 mil de bônus de contratação: imodestos R$ 809 mil. Espere aí. Vamos recapitular. Empresas costumam pagar essas boladas a executivos como estímulo para contratá-los quando estão lidando com nomes disputados no mercado. Jura mesmo que havia, assim, uma formidável demanda para contratar o tabaréu?

Sigamos. Segundo a Alvarez & Marsal, não há como fornecer informações ao TCU sobre os clientes para os quais ele trabalhou porque seriam empresas americanas. Entendi. A gringolândia deu quase R$ 1 milhão a Moro, assim, de cara, só para tê-lo entre os seus “consultores” — cumpre lembrar, de toda sorte, que ele foi inicialmente anunciado como um sócio-diretor.

POR QUÊ?
Tanto dinheiro por quais atributos? Havia sido o juiz da Lava Jato e ministro da Justiça. Opa! Um momentinho aí: e isso o habilitaria a trabalhar como um consultor para… empresas americanas? Por quê? Com que experiência ou conhecimento de causa? Convenham: Hollywood dá aos latinos papel de… latinos! Em matéria de consultoria de empresas, no entanto, resolveram contratar um ex-juiz brasileiro porque não conseguiram encontrar entre os nativos de lá ninguém tão preparado? Observem que estou trabalhando com uma informação da A&M, que reproduzo de novo: “Sobre qualquer contratação de empresa na qual o Moro trabalhou no exterior, isso ele [Bruno Dantas] não vai, com certeza, ter nenhum acesso, porque são empresas privadas e não vai ter motivo [para] ter esse tipo de informação.”

Nos meses em que ele ainda não tinha autorização para trabalhar no EUA, fazia suas consultorias por FaceTime, Zoom ou sinais de fumaça?

A A&M quer encerrar a investigação no TCU. Entendo que esta deveria estar apenas no começo. E espero que o Ministério Público Federal tenha a decência de determinar a abertura de inquérito.

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No final, os dois maiores símbolos da Lava Jato, Moro e o Japonês da federal, eram os bandidos

A pergunta que não quer calar é, quando a justiça fará com Sergio Moro o que fez com seu parceiro de protagonismo no pastelão policial lançado pela Globo com o título Lava Jato?

O japonês representa para a Federal o mesmo que Dallagnol, outro medalhão da Lava Jato, representa para o Ministério Público.

O mesmo pode e deve ser dito sobre Moro e o judiciário brasileiro como um todo. Afinal, depois de medalhonado pela Globo, ao contrário do seu slogan, Moro se colocou acima da lei, do sistema de justiça e, sobretudo da constituição.

Tudo isso para, depois, os brasileiros descobrirem que, perto de Moro, Eduardo Cunha é trombadinha e Alberto Youssef, doleiro de estimação do juiz vigarista, parece preposto de cambista de jogo de futebol.

O japonês da Federal foi preso por participação em esquema de contrabando, um crime de monta ínfima se comparado ao de Moro com a Alvarez & Marsal.

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Política

Até o insuspeito Josias de Souza pede quebra do sigilo e busca e apreensão contra Moro

É nítido o constrangimento de parte da mídia corporativa com as últimas revelações que envolvem Sergio Moro e a Alvarez & Marsal.

Se o Grupo Globo não coloca nem uma notinha tímida sobre o escândalo para ser lida por Bonner no Jornal Nacional, por meio de pressão da sociedade, há uma compreensão de que não dá para viver com esse mal-estar e fingir que não ocorreu nada de escandaloso envolvendo o ex-herói da mídia.

O artigo curto e grosso de Josias de Souza, que outrora foi um dos mais entusiasmados lavajatistas da grande mídia, traduz que não há mais espaço para a indiferença, muito menos tentar diminuir o tamanho da gravidade que envolve tudo isso.

O que se vê no final do texto, é que Josias usa a sua coluna para apertar as instituições de controle para que elas ajam contra Moro com a mesma rigidez com que a Lava Jato de Moro agia quando se vendia como exemplo de combate à corrupção.

Abaixo, o artigo de Josias de Souza, do Uol

Se tivesse que se explicar ao juiz Moro, consultor Moro estaria encrencado

Em Curitiba, ninguém acreditaria que o escritório americano Alvarez & Marsal, cuja clientela inclui logomarcas como Odebrecht e OAS, agiu de boa-fé ao contratar os serviços de Sergio Moro.

A tese do dono da Moro Consultoria segundo a qual recebeu o equivalente a R$ 3,5 milhões por serviços alheios às firmas que condenou quando era magistrado também seria considerada dura de roer, até porque esse tipo de consultoria inocente não costumava aparecer para a força-tarefa de Curitiba. Na capital da Lava Jato, a porta giratória que levou um juiz de mostruário a abrir uma consultoria para atuar do outro lado do balcão resultaria numa experiência desagradável.

Se tivesse que apresentar ao juiz Moro as explicações que desfiou na sua live de sexta-feira, o consultor Moro estaria em apuros. Dificilmente escaparia de uma quebra de sigilo e de uma batida de busca e apreensão.

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Política

Contrato de Moro com consultoria dos EUA pode gerar questionamento da Receita

Contratação de ex-juiz como pessoa jurídica no Brasil permitiu reduzir impostos, dizem especialistas.

Ao revelar detalhes de sua relação com a consultoria Alvarez & Marsal, o ex-juiz Sergio Moro abriu o flanco para questionamentos da Receita Federal sobre a maneira como seus rendimentos foram pagos nos meses em que trabalhou para os americanos, antes de entrar na corrida presidencial, informa a Folha.

O ex-juiz recebeu a maior parte do dinheiro no Brasil, por meio de uma empresa de consultoria que criou após deixar o governo Jair Bolsonaro. Isso permitiu que Moro recolhesse menos impostos e livrou a Alvarez & Marsal de encargos que precisaria pagar se o tivesse contratado como funcionário.

Moro e seus ex-empregadores dizem ter agido de acordo com a legislação brasileira, mas especialistas consultados pela Folha afirmam que eles podem ter problemas se a fiscalização da Receita Federal entender que o objetivo da contratação de Moro como pessoa jurídica foi pagar menos tributos no Brasil.

O ex-juiz deixou a Alvarez & Marsal em novembro para se filiar ao Podemos e se lançar candidato a presidente. Alvo de uma investigação do Tribunal de Contas da União, que ele considera abusiva, Moro divulgou seus ganhos para tentar afastar desconfianças que cercam sua relação com a empresa.

O TCU abriu investigação sobre o ex-juiz e a Alvarez & Marsal para examinar suspeitas de conflito de interesse. Moro foi responsável pelas ações da Operação Lava Jato, e a empresa hoje administra processos de recuperação judicial da Odebrecht e de outras empresas atingidas pelas investigações.

Moro e a Alvarez & Marsal rejeitam as suspeitas, porque ele trabalhou para uma unidade do grupo voltada para disputas empresariais e investigações internas, separada da administradora judicial. Além disso, uma cláusula de seu contrato o impedia de prestar serviços para empresas como a Odebrecht.

Na sexta-feira (28), o ex-juiz disse que acertou com a Alvarez & Marsal um salário bruto de US$ 45 mil por mês, equivalente hoje a R$ 243 mil. Além disso, ele recebeu US$ 150 mil como bônus de contratação, um tipo de incentivo comum no mercado para altos executivos. A cifra corresponde hoje a R$ 809 mil.

No mesmo dia, a consultoria americana informou que pagou a Moro, por 12 meses de trabalho, US$ 656 mil em valores brutos, ou R$ 3,5 milhões pela cotação atual do dólar. A empresa de consultoria do ex-juiz recebeu 65% dos rendimentos, no Brasil. O restante foi pago diretamente, nos Estados Unidos.

De acordo com Moro e a Alvarez & Marsal, ele foi contratado inicialmente como pessoa jurídica no Brasil porque só poderia ser contratado como funcionário nos EUA após obter visto de trabalho como estrangeiro. O processamento do pedido de visto para o ex-juiz demorou meses para ser concluído.

Segundo a assessoria de imprensa da Alvarez & Marsal, o contrato com a consultoria de Moro no Brasil foi assinado em 23 de novembro de 2020 e vigorou até 2 de junho do ano passado. O contrato como empregado nos EUA foi assinado em 7 de abril do ano passado e encerrado em 26 de outubro.

Moro divulgou duas notas fiscais emitidas pela sua empresa nesse período. Segundo ele, a de maior valor se refere ao bônus de contratação, pago em fevereiro do ano passado. A outra representa o pagamento do seu salário de março, R$ 253 mil brutos, ou US$ 46 mil pelo câmbio da época.

As notas fiscais indicam que a Alvarez & Marsal e a empresa de consultoria de Moro recolheram tributos equivalentes a 19% dos valores brutos, porcentual típico para prestadores de serviço como a empresa do ex-juiz. Se ele tivesse sido contratado como pessoa física, teria que pagar 27,5% de Imposto de Renda.

Além disso, tanto ele como a empresa teriam que contribuir com a Previdência Social, e caberia à Alvarez & Marsal pagar outros encargos previstos pela legislação trabalhista. Mesmo que a redução da carga tributária não tenha sido o motivo da contratação de Moro como pessoa jurídica, é certo que ela o beneficiou.

Conforme a legislação brasileira, os dividendos recebidos pelo ex-juiz de sua empresa de consultoria são isentos do pagamento de Imposto de Renda, o que lhe permitiu usufruir dos recursos recebidos da Alvarez & Marsal no Brasil sem pagar nada ao fisco além dos tributos recolhidos pela sua empresa.

O governo Bolsonaro chegou a propor a taxação dos dividendos e mudanças no Imposto de Renda para eliminar vantagens oferecidas pela chamada pejotização para empresas e seus funcionários, mas resistências no Congresso impediram o avanço dessa e de outras propostas de reforma.

Situações em que o vínculo empregatício entre o prestador de serviço e a empresa que o contratou é evidente, como no caso de Moro, estão sujeitas a exame mais rigoroso pelo fisco, segundo os especialistas consultados pela Folha, mas eventuais sanções dependeriam de análises aprofundadas.

Em resposta a questionamentos da Folha, a Alvarez & Marsal afirmou que a contratação do ex-juiz se deu inicialmente no Brasil “por questões burocráticas”. A Folha enviou 11 perguntas à assessoria de Moro na sexta-feira, mas ele as deixou sem resposta, preferindo enviar uma declaração genérica sobre o assunto.

Nos EUA, o ex-juiz foi contratado como diretor, não mais como prestador de serviços de consultoria. O imposto de renda americano, com alíquotas de até 37% para assalariados, e outros tributos recolhidos na fonte comeram 46% dos salários de Moro, segundo dois contracheques que ele divulgou na sexta.

Considerando as alíquotas indicadas nos documentos divulgados, é possível estimar que Moro tenha ficado com US$ 470 mil dos US$ 656 mil pagos pela consultoria americana, ou R$ 2,5 milhões. Se tudo tivesse sido pago nos EUA, o valor líquido teria caído para US$ 354 mil, ou R$ 1,9 milhão.

O ex-juiz mudou-se para os EUA no período em que trabalhou para a Alvarez & Marsal, mas manteve seu domicílio tributário no Brasil. Isso significa que ele continuou obrigado a prestar contas ao fisco brasileiro, declarando os rendimentos recebidos no exterior para que sejam tributados no país também.

Na transmissão ao vivo que Moro fez com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) nas redes sociais para se explicar, o parlamentar chegou a brincar com ele. “Então você ainda vai mandar um pouquinho de dinheiro para o caixa do Bolsonaro”, disse Kataguiri. “Pois é”, respondeu o ex-juiz.

O mais provável é que Moro não precise pagar nada à Receita Federal quando declarar os rendimentos recebidos nos EUA, segundo os especialistas ouvidos pela Folha. Em casos assim, a legislação tributária permite que o imposto pago lá fora seja compensado no cálculo dos tributos a serem recolhidos no Brasil.

A reportagem ouviu cinco pessoas sobre o caso do ex-juiz, incluindo dois ex-dirigentes da Receita Federal, um advogado tributarista, um especialista em programas empresariais de controle interno e um contador. Eles pediram anonimato para analisar a situação, por não conhecer todos os detalhes do caso concreto.

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Moro agora é juiz ladrão em português e francês? Que chique hein!

Sergio Moro, neste sábado (29), conseguiu o título de “a nossa maior caricatura”.

Moro, hoje, representa o próprio brasileiro “culto”, saído de uma casa de ensino superior que não distingue sequer o papel de um juiz com o de comandante de uma força-tarefa policial.

O fundamental, segundo o ansioso ex-juiz, é o objeto da ação. Essa meia cultura dos nossos “cultos”, sobretudo dos entendidos que tratam as regras mais básicas da lei a partir da estética, é como se fosse uma forma superior de entender a chamada grande arte. Assim educam o gosto da população a partir de uma ótica de espetáculo e não da constituição.

Talvez esteja aí o grande erro do orgulho de Rosângela Moro. O conje tomou os pés pelas mãos tirando a armadura togada para mergulhar no mundo político que, segundo ele, essa vontade irrefreável de se transformar no chefe da nação, nasceu por exigência do meio, ou seja, da sociedade, do povo. E a partir daí ficou estabelecido que, perfeitamente radicado no mundo do qual ele não tinha o menor conhecimento, que uma legião de anônimos jogaria por terra o novo artista da bola da vez que entrou em campo com pose de craque, antes do jogo começar a ser jogado.

O tempo foi curto demais para a coisa evoluir para uma das maiores tragédias políticas da história desse país. Moro, a cada dia, fala de um a dez degraus abaixo do coliseu que a mídia o elevou. Isso explica por que o nosso homem de preto, que encarnava o espírito fascista, desabou de forma quase instantânea quando menosprezou a própria bola e todo o eldorado criado pela mídia corporativa, foi ao chão.

Moro, definitivamente não caiu no gosto popular, daí o efeito planador que sua campanha sofre, assim como a de Bolsonaro, com um adendo, ele começou sobrevoando, impulsionado pelos holofotes da Globo, com 15%, o que o fez supor, assim como seus aliados, que já estava com meio caminho andado.

Pois bem, Moro virou a maior chacota nacional e piorou ainda mais a sua imagem quando escolheu pela segunda vez Lula para lhe servir de muleta. Uma estratégia absolutamente suicida, antipopular, porque é, em última análise, antipovo. Querer disputar com Lula no campo em que ele é o próprio Pelé, quando seus objetivos deveriam ser o de detonar o ex-patrão Bolsonaro, é um grande erro. Mas aí complica, porque qualquer ataque que ele fizer ao genocida, imediatamente as pessoas lembram que foi ele, Moro, que o colocou no poder prendendo Lula sem provas para participar governo e, consequentemente, dividir com ele uma parcela desse poder.

Certamente, nada disso foi pensado por ele ou pelos idealizadores de sua campanha. O fato é que o significado da desmoralização de Moro está justamente na principal aposta dele e da mídia, que era a condenação e prisão de Lula.

Lógico que isso, para quem entende minimamente de política, sabe que seria um suicídio imperdoável, pois a vítima de sua estratégia não foi ninguém menos que o mais bem avaliado presidente da história do Brasil, com 87% de aprovação e míseros 3% de reprovação.

Para piorar, Moro, vendo-se esganiçado pelas mãos do TCU, que quer saber com detalhes sua relação com a consultoria Alvarez & Marsal, tentou fazer linha de impedimento, antecipando-se aos fatos, apresentando um cadico do que de fato ganhou na barganha com a empresa da qual se tornou sócio, revelando um valor alto para o padrão brasileiro, sobretudo para os milhões de trabalhadores que ele ajudou a jogar na rua ao perder o emprego e, consequentemente produziu uma artilharia contra si, incluindo a história que virou piada do “juge voleur”, juiz ladrão.

Talvez o tolo, agora, comece a raciocinar que ele foi um mero parafuso de uma engrenagem muito maior que, de tão gasta pela burguesia, acabou espanando. E como não tem serventia para mais nada além de ser citado como juiz ladrão em português e francês, tudo indica que, em poucos dias, o gabola, que achou que tinha o mundo a seus pés, jogará a toalha antes mesmo do jogo de fato começar.

Na verdade, Moro acreditou que, pendurando Lula numa cruz, tudo estaria resolvido.

Não foi por falta de aviso, Lula, em seu primeiro depoimento, deixou claro a Moro que isso aconteceria.

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“Juge voleur”: ‘Juiz ladrão’ ganha versão em francês após recibos de Moro

O ex-juiz Sergio Moro virou piada nas redes sociais por conta dos recibos milionários divulgados na sexta-feira.

O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) protagonizou mais uma situação curiosa nas redes sociais neste sábado (29). Durante live realizada ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), Moro divulgou um recibo com rendimentos milionários que recebia da consultoria estadunidense Alvarez & Marsal. Nesse documento havia um e-mail que acabou virando alvo de piada nas redes sociais.

O correio eletrônico usado pelo ex-ministro era “[email protected]”. O termo “juge” foi ironizado nas redes. Muitos viram ali um erro ortográfico. Em inglês, juiz se escrever “judge”, com um d. Tendo em vista que Moro trabalhava para uma empresa estadunidense, o erro parecia óbvio.

Após a repercussão negativa nas redes, o ex-magistrado alegou que o termo, na verdade, está grafado em francês.

“Para quem não entendeu: juge é juiz em francês. Voleur é ladrão. Importante diferenciar uma coisa da outra”, escreveu Moro no Twitter.

A mensagem foi uma deixa para que a combinação “juge voleur” viralizasse e ocupasse os Assuntos do Momento do Twitter. Moro foi considerado como juiz suspeito por quebra de imparcialidade na condução dos processos da Lava jato contra o ex-presidente Lula (PT), seu adversário nas eleições de outubro.

Moro chegou a ser chamado de “juiz ladrão” pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) durante audiência pública com a participação do ex-ministro na Câmara dos Deputados em 2019.

Moro multiplicou salário de ministro por oito na Alvarez & Marsal

A repercussão do e-mail vem na esteira das investigações feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o contrato de Moro com a consultoria Alvarez & Marsal.

Moro recebeu um total de US$ 656 mil, o equivalente a R$ 3,537 milhões, nos 12 meses em que atuou na consultoria estadunidense. O contrato foi firmado em 23 de novembro de 2020 e terminou em 26 de novembro de 2021. Esse salário milionário representa um soldo de cerca de R$ 10 mil por dia.

Apesar de dizer que não enriqueceu ao trabalhar na Alvarez & Marsal, Sergio Moro multiplicou o salário bruto que recebia do Governo Brasileiro por oito ao ingressar no escritório estadunidense.

*Com informações da Forum

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Para quem não sabe o que é basculho, é algo que está abaixo do lixo; é o caso de Moro

Para quem transformou a Força-tarefa da Lava Jato em uma espécie de Big Brother policialesco, de olho na cadeira da presidência da República, Moro foi de herói nacional a uma condição abaixo do lixo da história.

Ou seja, um basculho histórico, exemplar. Esse termo que, no BBB-21, provocou uma curiosidade instantânea de seu significado, depois de ser proferido por Gil do Vigor, não tem exemplo melhor para sintetizar o próprio Sergio Moro.

Depois de tudo o que já se sabia, em termos de patifaria, que Moro e os procuradores da Lava Jato praticaram, revelada pelo site Intercept, Moro, que já estava relativamente desgastado por ter virado ministro de Bolsonaro em troca da cabeça de Lula, começou de fato a cair em desgraça.

Quando saiu do governo e perdeu o apoio dos bolsonaristas que passaram a chamá-lo de traidor, o não menos fascista de Curitiba perdeu muita musculatura no núcleo mais duro do fascismo pátrio.

Mas a coisa não parou aí, sua candidatura não desceu na goela de quase ninguém, nas que desceu, foi de forma quadrada e enviesada.

A denúncia do TCU sobre suas relações promíscuas com a Consultoria Alvarez & Marsal, obrigando-o a confessar um ganho de R$ 3,6 milhões, o que possivelmente é a ponta do iceberg, colocou Moro ladeado com Bolsonaro na condição de basculho fascista, lixo do lixo.

Isso ocorre justamente no dia em que, por falta absoluta de provas, a acusação leviana que a Lava Jato fez a Lula no caso do triplex, assim como nos demais casos, foi totalmente anulada, enterrada pela justiça sacramentando que Moro sempre fez parte da escória do judiciário, sublinhando com caneta piloto o que disse o deputado Glauber Braga (Psol) quando o chamou de juiz corrupto e ladrão.

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O dia que Moro foi avisado que seria massacrado por Lula, mas o ego já tinha deixado o jacu cego

A reação de Lula e da sociedade no dia da condução coercitiva, deixou a força tarefa de cabelo em pé. Estavam numa coletiva aquelas figuras teatrais da Força Tarefa, ao vivo na Globo, exibindo Lula como se fosse um animal selvagem em que todos queriam fazer pose de caçador ao lado de sua caça abatida e sangrando.

Em determinado momento, um deles mostra para o outro que o jogo não tinha acabado, mas apenas começado. O celular ligado nas notícias heroicas dos bravos lavajatistas mudou de vento e rumo.

A reação da sociedade revoltada com a tentativa de humilhação de Lula, foi o primeiro aviso que Sergio Moro não escutou.

Em seguida, Lula dá uma entrevista coletiva que inverte as manchetes na hora e ganha uma dimensão muito maior do que sua condução coercitiva. Moro, que já sonhava em ser presidente, fingiu que não viu.

Hoje, Moro é a figura do cara que tomou uma surra, dentro e fora de campo. É um fiasco eleitoral e um corrupto totalmente desmoralizado. O que ele não pode reclamar é de falta de aviso de que ele cairia em desgraça com sua ambição desmedida, ambição que não permitiu que ele enxergasse o seu real tamanho e muito menos o de Lula, dentro e fora do país. Deu no que deu.

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Wadih Damous vai ao ponto: Moro não foi empregado da Alvarez & Marsal, ele foi sócio diretor

Isso muda completamente o rumo da narrativa farsesca de Moro que já escandaliza pelo valor declarado de 3,6 milhões recebidos da A&M.

Damous foi preciso quando disse que as empresas quebradas por Sergio Moro contrataram a Alvarez & Marsal para promover a reestruturação financeira e não mera recuperação judicial.

E Damous vai mais longe quando alerta que o TCU fará uma festa, pois, como alerta, são milhões de reais. Moro abocanhou muito mais do que revelou.

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