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Bolsonaro não é um projeto solo, é parte da cultura de uma casta nacional

“Se um nazista se senta à mesa com 10 pessoas e ninguém se levanta, então há 11 nazistas.” Ditado alemão.

Bolsonaro não chegaria aonde chegou e matar tanta gente como matou por covid, se não fosse com a ajuda de figuras centrais das instituições brasileiras.

Com o mais recente vazamento envolvendo a atitude repugnante da ministra do STF, Cármen Lúcia, presidente do Supremo na época, o cientista político Carlos Alberto de Almeida foi ao ponto:

OS BRASILEIROS NÃO GOSTAM DE CUMPRIR A LEI
Nada mais emblemático disto do que uma Ministra da corte mais elevada do país sugerindo que uma decisão judicial não seja cumprida. Isso nada tem a ver com funcionamento das instituições, mas com cultura.

Aí temos três fatos extremamente relevantes. O primeiro deles, um fato bastante conhecido pela sociedade, o de Moro negociar a prisão de Lula com Bolsonaro em troca de uma recompensa, duas pastas em uma, Justiça e Segurança Pública, rumo ao seu projeto de poder em 2022. A outra foi a interferência do comandante-chefe das Forças Armadas, general Villas Bôas orgulhoso por ter pressionado o STF a não conceder habeas corpus a Lula para que ele não fosse candidato à presidência da República e que Bolsonaro, o tenente refutado, como pus de um furúnculo, pelas próprias Forças Armadas por condutas criminosas, virasse o presidente para, em seguida, Villas Bôas participar do seu governo.

Ou seja, de ideológico, nada tem, na verdade, é uma grande falta de vergonha na cara em estado puro.

Já nos episódios vazados hoje, um inclusive com áudio, o que tira qualquer dúvida sobre a veracidade dos fatos, Dallagnol confessa que pressionou a juíza Gabriela Hardt a condenar Lula. Talvez tenha sido por essa pressão que a valorosa juíza ficou muito mais conhecida no país como a juíza copia e cola, por copiar vergonhosamente a sentença de Moro contra Lula no caso do Triplex, que aplicou a Lula no caso do sítio de Atibaia.

O outro caso que fez o twitter dar cambalhotas com o nome de Cármen Lúcia, entre um dos fatos mais comentados na rede, foi num mesmo ato, três operadores da lei trabalharem nos bastidores para impedir que a lei fosse cumprida. Dallagnol, Moro e Cármen Lúcia, cada um utilizou seus próprios meios para que o mandado de soltura de Lula, expedido pelo desembargador Rogério Favreto fosse solenemente ignorado e descumprido.

Tudo isso junto somado a outras forças que ajudaram a eleger o fascista, são figuras que, hoje, estão com as mãos encharcadas de sangue por terem, em primeiro lugar, feito de tudo, inclusive se desmoralizar, como estão se desmoralizando, para manter preso um inocente atropelando as próprias leis e abrirem as portas do poder para um delinquente confesso que sempre defendeu a tortura e as mortes praticadas pela ditadura não só do Brasil, mas também em outros países latino-americanos como o Chile, país do qual ele tem Pinochet como ídolo, mais todo um histórico de corrupção que os filhos herdaram de peculato e lavagem de dinheiro no legislativo em parceria com mais sanguinários e frios milicianos do Rio de Janeiro.

Vide a mansão de Flávio esbofeteando a cara dos brasileiros e dizendo, com essa compra do imóvel de luxo que, para eles, não existe justiça na 1ª, na 2ª ou na 3ª instâncias e, muito menos, gente da mais alta patente das Forças Armadas que participa do seu governo, na ativa ou na reserva, que tenha envergadura moral para se opor ao famigerado genocídio que o Brasil vive.

Em suma, como bem disse Carlos Alberto de Almeida: “Isso nada tem a ver com o funcionamento das instituições, mas com a cultura das classes economicamente dominantes no Brasil”.

Se o Brasil está sendo considerado um pária no mundo pelo dia do fogo na Amazônia, comandado por Bolsonaro, a carnificina por covid promovida pelo mesmo, com o Brasil se transformando num celeiro de novas cepas do coronavírus e os dois episódios de hoje envolvendo tanto a juíza Hardt, quanto na época a presidente do STF, Cármen Lúcia, mostram que ainda temos motivos a mais para sermos considerados um país completamente descolado de qualquer preceito civilizatório diante das nações desenvolvidas e democráticas.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Intimidação do STF pela cúpula militar originou governo ilegítimo

O colunista Jeferson Miola avalia que a soberania popular está com um fuzil apontado na sua direção. “Estamos diante de um governo ilegítimo, que é nominalmente exercido por Bolsonaro e seu clã, mas que, em realidade, é comandado pelo “Partido Militar”.

No início de abril de 2018, a despeito do bombardeio semiótico promovido implacavelmente durante anos a fio pelo consórcio Globo-Lava Jato para criminalizar Lula, a unanimidade dos institutos de pesquisa prognosticava a vitória do ex-presidente já no 1º turno da eleição presidencial de outubro.

Ficava claro que apesar do longo e metódico processo de devastação da reputação e da imagem do Lula, não haviam conseguido inviabilizá-lo eleitoralmente.

Àquelas alturas, diante da certeza de que seria impossível derrotá-lo pela via eleitoral, decidiram então acelerar o arbítrio contra ele.

A partir daí, a identidade estratégica entre a Lava Jato e a cúpula militar em torno do projeto antipetista de poder, que transcorria com paralelismo de ação, mas com convergência de propósitos, se cruza numa intersecção política que passou a ser sincronizada e coordenada.

Sem a execução do “serviço” pela gangue de Curitiba chefiada por Moro; ou seja, sem a prisão farsesca do Lula, o plano da cúpula militar de assumir o poder por meio da eleição manipulada do Bolsonaro jamais se concretizaria.

O general-conspirador Villas Bôas sempre expressou gratidão a Sérgio Moro, considerado por ele um “protagonista da cruzada contra a corrupção”, que se destacou “para que o ‘rio da História’ voltasse ao seu curso normal” [11/1/2019], referindo-se a um Brasil “livre do Lula”.

No dia do Exército Brasileiro de 2017, Villas Bôas agraciou Moro com a condecoração da Ordem do Mérito Militar, a mais alta comenda do Exército. Uma “condecoração criada para galardoar militares, civis e instituições, nacionais ou estrangeiros, que tenham prestado serviços relevantes à nação brasileira, especialmente ao Exército Brasileiro“.

A impressionante rapidez do Moro para prender Lula.

O jogo já estava armado. No julgamento burlesco do TRF4 em 24 de janeiro de 2018 os desembargadores coincidiram, incrivelmente, até nas vírgulas dos votos; e, também, nos anos, meses, semanas, dias, horas e minutos da sentença do Lula. Ainda serão conhecidos, nas mensagens do Deltan, os bastidores daquela sessão excepcionalíssima do TRF4.

O atropelo para perpetrar o atentado jurídico e manipular a eleição presidencial ficou escrachado na velocidade atípica dos trâmites judiciais subsequentes.

Em 5 de abril de 2018, quando Moro decretou ilegalmente a prisão do Lula, o TRF4 sequer tinha publicado o acórdão da sentença, e tampouco julgado os embargos declaratórios.

A sessão na qual o STF descumpriu a Constituição e negou a liberdade do Lula enquanto a sentença condenatória não tivesse transitado em julgado [CF, inciso LVII do artigo 5º], iniciou na tarde de 4 de abril, e terminou na 1ª hora da madrugada de 5 de abril.

Às 17:31h daquele mesmo dia 5, entretanto, numa velocidade inusual para os padrões da justiça brasileira, e sem que o STF tivesse publicado o acórdão da decisão, o TRF4 oficiou Moro a determinar a “execução da pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

E, apenas 19 minutos depois, às 17:50h, num despacho de 4 páginas escrito com rapidez supersônica, Moro assinou eletronicamente a ordem de prisão sustentando que “Não cabem mais recursos com efeitos suspensivos junto ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região”.

Como um Soberano absoluto, Moro ainda arrematou que “Hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória e que deveria ser eliminada do mundo jurídico”.

O emparedamento do STF pelo “Partido Militar”

O famoso twitter do “Pinochet brasileiro” Villas Boas colocando o STF contra a parede para forçar a Suprema Corte a manter a prisão ilegal do Lula quando Moro a decretasse, saiu às 20:20h de 3 de abril de 2018, ainda a tempo de repercutir no Jornal Nacional da Globo.

A ameaça foi feita, portanto, na véspera do julgamento do habeas corpus pelo STF. E, como confessou Villas Bôas, a decisão de fazê-la foi do conjunto do Alto-Comando do Exército Brasileiro, que atuou como “diretório político” do “Partido Militar”.

Este é o episódio mais visível do garrote da cúpula militar no STF em 2018 para garantir a vitória do Bolsonaro naquela eleição fraudada pelo sequestro do Lula. Mas, além deste, outros eventos com menor carga de publicidade, mas nem por isso menos relevantes, foram fundamentais para o êxito da tutela e o desfecho do plano castrense.

A tutela do STF

Já no curso da eleição, e com Lula preso desde 7 de abril, uma matéria muito insinuante no site da Marinha em 3 de setembro de 2018 disse que “O ministro Dias Toffoli, do STF, está prestes a assumir o comando da mais alta corte do país e começa aos poucos montar a sua equipe de assessoria. Uma das ações do ministro tem sido sinalizar com as Forças Armadas. Ele teria entrado em contato com o Comandante-Geral do Exército, General Eduardo Villas Bôas, e pedido uma indicação para compor a sua assessoria pessoal. Conforme as informações, o General atendeu o ministro e apontou um nome de confiança”.

A matéria da Marinha “antevia” que “Em seu gabinete, o ministro encontrará vários assuntos polêmicos para resolver, um deles, por exemplo, é a prisão após a condenação em segunda instância”.

Numa mensagem subliminar, o site da Marinha disse que “Os procuradores da Operação Lava Jato e o juiz federal Sérgio Moro são defensores da prisão em segunda instância e, para eles, mudar a jurisprudência do tribunal, seria retroceder no combate à corrupção”.

O site G1 noticiou, em seguida, que “O nome que Villas Bôas indicou é o do general de Exército Fernando Azevedo e Silva”. Na ocasião, o hoje ministro da Defesa desempenhava funções executivas e de comando na campanha do Bolsonaro à presidência.

Reportagem do Estadão de 7 de outubro de 2018 dizia que “Exército vê em Toffoli garantia da eleição”. De acordo com o jornal, “O ministro deu aos militares três ‘sinais importantes’. Um integrante do Alto-Comando os enumerou: a decisão de não pôr em votação a prisão em segunda instância, o veto à entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Lava Jato, e o pronunciamento na Faculdade de Direito do Largo São Francisco”, no qual o revisionista Toffoli disse que “Hoje, não me refiro nem mais a golpe nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964”.

Em outro discurso, composto como música para os ouvidos castrenses entre os 2 turnos da eleição, Toffoli declarou: “Nunca mais fascismo; nunca mais comunismo”.

Episódio citado no livro Os Onze, de Felipe Recondo e Luiz Weber, sugere que o STF estava com a faca no pescoço. No dia 23 de outubro de 2018, depois da reunião do TSE que fechou os olhos para os crimes eleitorais da chapa Bolsonaro-Mourão, que deveria ter sido cassada – disseminação de fake news via WhatsApp financiada por empresários corruptos com caixa 2 – Toffoli “descreveu um cenário sombrio” [pág. 16] para colegas da Suprema Corte com assento no TSE.

E, numa espécie de rendição à intimidação armada, Toffoli “lembrou que o então comandante do Exército, general Villas Bôas, tinha 300 mil homens armados que majoritariamente apoiavam a candidatura de Jair Bolsonaro” [pág. 17].

Os políticos fardados do “Partido Militar” davam mostras ostensivas de pressão indevida. O general da reserva Luiz Gonzaga Schroeder Lessa ameaçou que “se o Supremo Tribunal Federal deixar o ex-presidente Lula solto, estará agindo como indutor da violência entre os brasileiros, propagando a luta fratricida, em vez de amenizá-la”.

Mesmo quando Villas Bôas confessou, em novembro de 2018, que pretendia intervir caso o STF concedesse o habeas corpus a Lula, Toffoli manteve-se em cúmplice silêncio.

Toffoli cumpriu, com isso, o rito completo do batismo de adesão à escalada militar. Além do revisionismo histórico, cassou a liberdade de imprensa e de expressão para silenciar Lula na eleição e, mais decisivo, manteve Lula incomunicável e amordaçado, como sequestrado de guerra da Lava Jato e dos militares na “Guantánamo brasileira” em Curitiba.

Intimidação do STF originou governo ilegítimo

Este processo de intimidação e de tutela militar sobre o STF para manipular a eleição de 2018 por meio do impedimento da candidatura do ex-presidente Lula resultou na vitória manipulada do Bolsonaro.

Estamos diante de um governo ilegítimo, que é nominalmente exercido por Bolsonaro e seu clã, mas que, em realidade, é comandado pelo “Partido Militar”.

A soberania popular está com um fuzil apontado na sua direção.

*Jeferson Miola/247

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Os cães ferozes de Bolsonaro

Sentiremos por muito tempo as consequências do golpe de 2016.

É difícil segurar a náusea ao assistir à gravação de 19 minutos do deputado pit bull Daniel Silveira (PSL-RJ) ameaçando ministros do STF e a democracia. Independentemente do desfecho do caso, é forçoso refletir sobre o que permitiu a incorporação de tal personagem à vida política nacional.

Silveira é subproduto do bolsonarismo, fermentado sobretudo (mas não só) a partir da assimilação do próprio Bolsonaro pelas instituições, que presenciaram mudas e inertes sua homenagem a um torturador, símbolo de torpeza e vilania, no impeachment de Dilma Rousseff. Depois disso, escandalizar-se com mais o quê ?

Ainda vamos sentir por muito tempo as ondas de choque provocadas pelas placas tectônicas que se moveram no golpe de 2016 e que produziram o desarranjo institucional vigente. Nesse sentido, o episódio envolvendo o deputado delinquente é exemplar.

Em resumo ligeiro, começa com o tuíte do general Villas Bôas, em abril de 2018, pressionando o STF na véspera da votação do HC de Lula; passa pela nebulosa presença de generais da reserva no gabinete de Dias Tóffoli quando este foi presidente da corte; segue com a afronta de que bastariam “um soldado e um cabo” para fechar o tribunal. A eleição de Bolsonaro fez o resto.

Três anos depois, Villas Bôas revela que o tuíte foi redigido pela cúpula do Exército. Edson Fachin reage e entra em cena o valentão, babando de fúria como cão feroz acorrentado. Que uma figura grotesca como Silveira esteja no centro da discussão política nacional é evidência trágica do lamaçal em que estamos metidos, enquanto avançamos para a marca de 250 mil mortos pela pandemia e Bolsonaro alimenta a matilha com a liberação de armas e munições.

*Cristina Serra/Folha

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Política

O HC foi negado a Lula, não por pressão de generais, mas pelos barões da mídia

Se os bolsonaristas ainda sonham com a volta de Trump, Elvis e o Saci Pererê, a mídia tucana sonha com a volta do PSDB, o Curupira neoliberal que quebrou o país três vezes em oito anos, sob o comando do timoneiro do caos, FHC.

O PSDB, partido enterrado pelo povo nas urnas, é um excremento neoliberal afinado com o conceito da grande mídia brasileira e sua monocultura, padronização e perfilamento com sistema financeiro.

Essa gente movida pelo lucro, vaidade e poder, nunca aceitou as vitórias de Lula. O ego de FHC , assim como o dos Marinho, não suporta imaginar a volta ao poder do maior líder popular da história brasileira.

É só ver que a Lava Jato, criada pela Globo em parceria com Moro, nunca sequer quis investigar qualquer tucano, é só lembrar que Moro disse a Dallagnol para não bulir com o instituto de FHC para não melindrar um aliado estratégico.

Ali, no tuíte do general, a questão não era a possibilidade de Lula ser candidato, porque sua condenação em 2ª instância, já o tirava da eleição, como reza a lei fascista da Ficha Limpa.

O que estava armado, era não deixar Lula rodar o Brasil em busca de votos para Haddad, como ele fez em suas próprias campanhas e nas de Dilma que venceu duas vezes, somando quatro vitórias consecutivas de Lula sobre todo o aparato midiático perfilado.

Naquela altura, a Globo e o resto da mídia já tinham mergulhado de cabeça na eleição Bolsonaro, o mesmo que, diuturnamente, é chamado de genocida pelos barões da mídia, sendo esta o ponto determinante para sua chegada ao poder.

Os militares entraram na foto apenas como espantalhos fardados com o tuíte do general boquirroto, herói do Daniel Silveira, o que dispensa apresentação de quem é e que nível cultural tem Villas Bôas.

É fato que a mídia e os militares queriam a mesma coisa. Um Robin Hood às avessas, para tirar dos pobres e beneficiar os ricos, seguindo o padrão dos neoliberais tucanos.

E não é isso que estamos vendo no governo Bolsonaro sob a batuta do lacaio dos banqueiros, Paulo Guedes?

E se a economia brasileira está sendo depauperada pelo governo Bolsonaro, como também foi na era FHC, isso é um mero detalhe.

O neoliberalismo representa a legitimação da sordidez e do atraso do pensamento da humanidade. No caso brasileiro, isso se soma ao provincianismo da nossa elite econômica, antinacional e antissocial.

Daí o ódio ao projeto político popular do PT e a tentativa de calar o presidente que saiu do seu segundo mandato com o recorde de aprovação de 87%.

Detalhe: nesses últimos 18 anos, o STF funcionou com a faca da grande mídia na nuca para criminalizar Lula e o Partido dos Trabalhadores.

Os militares, como sempre, entram nessa como guarda patrimonial da elite, e só.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Barroso chama corrupção estrutural, sistêmica e institucionalizada da república de Curitiba de ‘eventuais excessos’

Não bastasse as declarações de um general sem grandeza nenhuma se comportar mais como o bicheiro Castor de Andrade, que pressionava o juiz com ameaças e até com agressões quando o time do Bangu estava perdendo, mostrando a gritante diferença entre Villas Bôas e o general americano, Mark Milley, chefe do Estado Maior, que se negou a cumprir as ordens de Trump de atacar seu próprio povo, temos que assistir a Luis Roberto Barroso bancando o juiz da comarca de Paraguaçu relativizando crimes estruturais, sistêmicos e institucionalizados, cometidos pelos operadores da lei, por ser amigo particular de Moro, mas principalmente de Dallagnol.

Seria correto Barroso dizer que juízes e procuradores deveriam ser os primeiros a dar o exemplo, mas não, assim como o general Villas Bôas, prefere tratar o Brasil como colônia, acentuando ainda mais o que disse Machado de Assis sobre o Brasil oficial, “caricato e burlesco”.

Isso mostra que, tanto o golpe em Dilma quanto em Lula, não foram obra solo, à capela do general falastrão que quer levar os louros de um golpista que precisa ser valorizado por Bolsonaro.

Barroso, assim como Fachin, só foi roncar grosso contra o general três anos depois do acontecido, revelando que as instituições brasileiras estão realmente funcionando, mas para os interesses dos golpistas.

No caso de Barroso, com essa declaração, praticamente evoca Maquiavel com a famosa frase, “aos amigos os favores, aos inimigos a lei”.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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As declarações de Villas Bôas, inapelavelmente, colocam as Forças Armadas como sócias de Bolsonaro no morticínio de 240 mil brasileiros

Muitos dizem que a decisão dos militares de apoiar o golpe em Dilma foi por conta da Comissão da Verdade, porque, para eles, toda a história de horror praticada por torturadores como Brilhante Ustra, tinha que ser enterrada para ser esquecida.

Agora, achando-se um gênio, o tagarela general Villas Bôas, bate no peito para dizer que foram os militares que interferiram no resultado das eleições de 2018, impedindo que o STF concedesse habeas corpus a Lula, e com isso, abrissem o caminho para a eleição de Bolsonaro.

Mas o ponto central não está simplesmente na escancarada armação dos militares para enfiarem mais de 11 mil de seus homens dentro do governo para, deliciosamente, sugar as tetas do Estado, com grandes salários e com direito à farra com bacalhau, uísque 12 anos, picanha e muita cerveja.

A incompetência dessa legião de parasitas dentro do governo Bolsonaro, que em dois anos não tem um único feito para mostrar, sem falar que o Brasil está dentro de uma crise econômica sem precedentes por conta do neoliberalismo levado na base do chutão pelo beque de fazenda, Paulo Guedes, nem é o mais grave, porque a nossa tragédia humana é muito maior.

O grave é que, como se não bastasse ter um general da ativa à frente da pasta da Saúde, dando uma aula de incompetência, descaso e desumanidade inimagináveis com a vida dos brasileiros, porque nem vacina tem, o general Villas Bôas, como todo esperto que se acha um gênio, bate no peito para dizer que o governo que aí está matando mais de mil brasileiros por dia, o faz em parceria sim com as Forças Armadas que pressionaram o STF para que o genocida assumisse o poder e dividisse com ele a tarefa de produzir a segunda maior mortalidade por Covid-19 no planeta, com 240 mil mortes. A permanecer assim, o Brasil já já ultrapassará o número de mortes dos EUA.

Aí, lá na frente, um outro general vai querer censurar uma outra Comissão da Verdade sobre essa carnificina que Bolsonaro e as Forças Armadas, como confessa agora Villas Bôas, produziram juntos e misturados.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Janio de Freitas: Habituados às delações traidoras, integrantes da Lava Jato se delataram em gravações

Dallagnol tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula.

“Presente da CIA.”

A frase começa por suscitar curiosidade com seu sentido dúbio e logo ascende, vertiginosa, à mais elevada das questões nacionais —a soberania. As três palavras vêm, e passaram quase despercebidas, entre as novas revelações das tramas ilícitas de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, envoltas em abusos de poder e de antiética no grupo de procuradores.

Seca, emitida como um repente fugidio de saberes velados, a frase de Dallagnol celebrava a informação mais desejada: Sergio Moro determinara, no começo da noite daquele 5 de abril de 2018, primórdio da campanha para a Presidência, a prisão do candidato favorito Lula da Silva. Na véspera, o Supremo Tribunal Federal acovardou-se ante a ameaça golpista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Por um voto de diferença, entregou a candidatura e, para não haver dúvida, o próprio Lula à milícia judicial de Curitiba.

A frase pode dizer presente “da CIA” porque destinado à agência do golpismo externo dos Estados Unidos. Ou “da CIA” porque vindo da articuladora do presente. Não importa o que agora Dallagnol diga. Não será crível. O mesmo sobre quem embalou e entregou o presente, Sergio Moro.

A dubiedade cede à certeza quando se trata do pré-requisito para que Dallagnol compusesse a frase. Em qualquer dos dois sentidos, a preliminar é a mesma: o coordenador da Lava Jato tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula. Nem lhe ocorreu falar de candidatos favorecidos, nem sequer do êxito da ideia fixa que dividia com Moro e disseminara nos companheiros. Era a CIA na sua cabeça.

Não faz muito, foi noticiado o envolvimento de agentes do FBI com a Lava Jato de Curitiba. FBI como cobertura, mas, por certo, também outras agências (NSA, Tesouro, CIA, por exemplo). Um grupo de 17 desses agentes chegou à Lava Jato em outubro de 2015, acobertado por uma providência muito suspeita: Dallagnol escondeu sua presença, descumprindo a exigência legal de consultar a respeito, com antecedência, o Ministério da Justiça. Eram policiais e agentes estrangeiros agindo com a Lava Jato, não só sem autorização, mas sem conhecimento oficial. Violação da soberania, proporcionada por procuradores da República, servidores públicos. Caso de exoneração e processo criminal.

O sigilo é tão mais suspeito quanto era certo que o governo nada oporia, como não veio a opor. Há até uma delegação permanente do FBI no Brasil, trabalhando inclusive em assuntos internos como as investigações de rotas do tráfico. O motivo real do sigilo é desconhecido, e só pode ser comprometedor.

Seca, emitida como um repente fugidio de saberes velados, a frase de Dallagnol celebrava a informação mais desejada: Sergio Moro determinara, no começo da noite daquele 5 de abril de 2018, primórdio da campanha para a Presidência, a prisão do candidato favorito Lula da Silva. Na véspera, o Supremo Tribunal Federal acovardou-se ante a ameaça golpista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Por um voto de diferença, entregou a candidatura e, para não haver dúvida, o próprio Lula à milícia judicial de Curitiba.

A frase pode dizer presente “da CIA” porque destinado à agência do golpismo externo dos Estados Unidos. Ou “da CIA” porque vindo da articuladora do presente. Não importa o que agora Dallagnol diga. Não será crível. O mesmo sobre quem embalou e entregou o presente, Sergio Moro.

A dubiedade cede à certeza quando se trata do pré-requisito para que Dallagnol compusesse a frase. Em qualquer dos dois sentidos, a preliminar é a mesma: o coordenador da Lava Jato tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula. Nem lhe ocorreu falar de candidatos favorecidos, nem sequer do êxito da ideia fixa que dividia com Moro e disseminara nos companheiros. Era a CIA na sua cabeça.

Não faz muito, foi noticiado o envolvimento de agentes do FBI com a Lava Jato de Curitiba. FBI como cobertura, mas, por certo, também outras agências (NSA, Tesouro, CIA, por exemplo). Um grupo de 17 desses agentes chegou à Lava Jato em outubro de 2015, acobertado por uma providência muito suspeita: Dallagnol escondeu sua presença, descumprindo a exigência legal de consultar a respeito, com antecedência, o Ministério da Justiça. Eram policiais e agentes estrangeiros agindo com a Lava Jato, não só sem autorização, mas sem conhecimento oficial. Violação da soberania, proporcionada por procuradores da República, servidores públicos. Caso de exoneração e processo criminal.

O sigilo é tão mais suspeito quanto era certo que o governo nada oporia, como não veio a opor. Há até uma delegação permanente do FBI no Brasil, trabalhando inclusive em assuntos internos como as investigações de rotas do tráfico. O motivo real do sigilo é desconhecido, e só pode ser comprometedor.

Janio de Freitas/Folha

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Depois da confissão golpista de Villas Bôas, pode-se afirmar que os militares são sócios do genocida Bolsonaro

A vacinação mal começou e a vacina já acabou.

Nesta quinta-feira, o Brasil apresentou mais uma fatura do golpe do qual o general Villas Bôas se orgulha de ter sido o porta-voz para colocar no poder justamente um tenente que foi cuspido das Forças Armadas pelo seu comportamento criminoso.

Veja bem, Bolsonaro já era bisca conhecida e refutada por sua ficha corrida dentro do exército. Então, não há desculpa ou palavras que justifiquem não só o golpe jurídico-militar do qual Villas Bôas se gaba de ser o pombo correio para, em seguida, fazer parte do governo, assim como Moro que condenou Lula sem provas para ocupar o cargo de super ministro e que, hoje, encontra-se totalmente desmoralizado. A mesma desmoralização que começa a acontecer agora com as Forças Armadas a partir de tantos escândalos de corrupção envolvendo a família do presidente e o próprio que se blindou com mais de 11 mil militares, na base da boquinha, para se proteger e aos seus.

O mais grave é toda a política genocida que Bolsonaro vem promovendo desde o início da pandemia, negando a existência do vírus, depois negando a agressividade da doença que já matou quase 240 mil brasileiros e deixou um número sem fim de pessoas com sequelas graves, além de usar um general da ativa, Eduardo Pazuello, como um vergonhoso fantoche que se diz orgulhoso de cumprir esse papel degradante.

Então, ver em depoimento para um livro, o general Villas Bôas se vangloriar disso, obriga-nos a fazer a pergunta, o que esses caras aprendem dentro das escolas que formam os oficiais para ver um ex-comandante confessar a mentalidade do comando das Forças Armadas que parece ter saído, do ponto de vista político, mas sobretudo cultural, de algum umbral do período medieval?

A irresponsabilidade de um ex-comandante das Forças Armadas com o país e com seu povo que paga as farras de churrascos e bebidas para militares, com seus impostos em cada pão que consome, em cada passagem em transportes super lotados, é de assombrar.

Sempre se soube que o povo paga a conta dos privilégios e dos soldos dos militares para que eles atendam aos interesses da elite econômica contra o povo, isso é histórico. O que assusta é a naturalidade com que o general fala que os militares pressionaram o Supremo para que o habeas corpus não fosse concedido a Lula, presidente que mais investiu recursos financeiros para a modernização das Forças Armadas.

Pelo jeito, Bolsonaro agradou mais, gastou dinheiro do contribuinte com 80 mil cervejas e 7 mil kg de picanha e investiu grana alta não nas Forças Armadas, mas no alto comando do oficialato nativo.

É certo que a elite brasileira tem tara pela pobreza. Todas as vezes que sabe que aumentou o número de miseráveis no país, ela abre um champagne. Mas se a notícia for o aumento da mortalidade infantil em decorrência da fome e da miséria, a elite dá uma festa, pois nunca teve qualquer grandeza social, ao contrário, sente-se fortalecida quanto mais vê pessoas dormindo nas ruas, sejam adultos, sejam crianças.

O duro é imaginar que as Forças Armadas obedecem às ordens dessa gente, como confessa em seu livro, o próprio general Villas Bôas, sublinhando o que disse lá atrás, ainda no século XIX, Machado de Assis, “O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco”.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Livro de general Villas Bôas é um histórico lixo golpista

Justificativa para tuítes que ameaçaram o Supremo está assentada numa mentira factual.

O general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, militar mais poderoso da Terra, enfrentou as delinquências de Donald Trump recorrendo à Constituição americana. Por aqui, um general da reserva resolve narrar, em tom que aspira ao pudoroso, a ameaça golpista que fez para intimidar o Supremo.

No dia 3 de abril de 2018, véspera do julgamento de um habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, o então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, escreveu no Twitter: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem d e repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.

Os que dele discordavam não eram “homens de bem”. Comandar tanques corresponderia a ter razão. O general ainda distinguiu os que pensavam “no bem do País” dos que estariam preocupados “com interesses pessoais”. Adivinhem em que lado ele se via. A propósito: quantas divisões tinha o adversário?
Lembro: cinco dos seis ministros que votaram contra a concessão do habeas corpus foram indicados por Lula ou por Dilma. Três dos cinco favoráveis, por outros presidentes.

Villas Bôas concedeu um depoimento a Celso Castro, diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da FGV. A fala está condensada no livro “General Villas Bôas: Conversa com o Comandante”.

Não é exatamente novidade. O próprio militar já havia tratado do assunto em entrevista, mas fica ainda mais claro desta feita que seus tuítes ameaçadores reproduziam o pensamento do Alto Comando do Exército —ao menos é isso o que diz. Não havendo contestação, assim é. Querem passar um paninho na biografia do general e nas tentações golpistas?

Então fiquem com a versão de que, ao mandar um ultimato ao Supremo, Villas Bôas evitou coisa pior —quem sabe uma tentativa de quartelada, à revelia do Alto Comando, estimulada por pijamas inflamados. Conhecemos, desde Castello Branco, a cascata do militar honrado, que resiste à quebra da hierarquia, mas acaba cedendo a contragosto… A versão vale uma dose de cloroquina contra o coronavírus, ministrada por Eduardo Pazuello, general da ativa.

Uma mentira essencial constitui o pano de fundo do relato de Villas Bôas: a de que Lula poderia concorrer à Presidência se deixasse, então, a cadeia. Falso. Tivesse acontecido, tratar-se-ia apenas de cumprir o que dispõe o inciso LVII do artigo 5º da Constituição.

O petista continuaria inelegível segundo a Lei da Ficha Limpa. Ainda que elegível fosse, a suposta legitimidade da intervenção, à qual o militar pretende emprestar dimensão constitucional, emana de que título legal?

Estou enganado, ou ele pretende legitimar com as baionetas a leitura do artigo 142 da Constituição no esforço de impedir o cumprimento de disposição do artigo 5º, que é cláusula pétrea?

Os militares teriam seus motivos para tanto rancor: estavam revoltados com as conclusões da Comissão da Verdade —jamais um golpista sofreu qualquer prejuízo pessoal–; viam a Amazônia submetida à cobiça de organizações estrangeiras, consideravam a demarcação de terras indígenas um risco à soberania…

Pouco me importam os fantasmas que povoam a imaginação criativa do golpismo. Fato: Lula foi o presidente que mais investiu no reaparelhamento das Forças Armadas desde a redemocratização. E desafio que se evidencie o contrário. A ideia de que se forjou um espírito antipetista num ambiente de penúria e de política entreguista (ao onguismo internacional) vale uma dose do vermífugo do astronauta.
Não tenho apreço por quem me ameaça. Os tuítes de Villas Bôas marcaram o engajamento explícito das Forças Armadas na candidatura de Bolsonaro. Um dos generais do poder organizou uma lista de compra de votos para eleger o presidente da Câmara. Outro, da ativa, poderá, no fim de fevereiro, discursar sobre 250 mil cadáveres.

Seriam esses os “anseios dos cidadãos de bem?” O depoimento de Villas Bôas tem óbvio interesse histórico. Merece um lugar na prateleira do lixo golpista.

*Reinaldo Azevedo/Folha

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General Villas Bôas, um Bolsonaro que sabe falar Português

O livro recém-lançado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) a partir de depoimento concedido em 2019 pelo general reformado e ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas deve ser recebido como um relato unilateral, sem espaço para o contraditório.

Como em outros livros produzidos pela FGV a partir de depoimentos de oficiais militares relevantes no país, a obra recorre à história oral, metodologia usada pelo seu CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) desde os anos 70.

Entrevistas assim não costumam trazer contestações e perguntas mais duras. Estão mais para um bate-papo amistoso, como indica o próprio título de “Villas Bôas: conversa com o comandante” (Editora FGV, 2021, 244 págs).

É importante ressaltar que o depoimento, concedido ao longo de cinco dias entre agosto e setembro de 2019, num total de 13 horas, enfrentou séria limitação. O general é portador da ELA, doença degenerativa do sistema nervoso, e na época se expressava e respirava com dificuldade, embora a capacidade intelectual estivesse totalmente preservada, como frisa o entrevistador, o professor e pesquisador Celso de Castro, autor de diversos livros sobre a temática militar, que atua há mais de três décadas no CPDOC da FGV.

Não era o objetivo do livro. Mas a ausência de contrapontos à narrativa do general deixa no ar ideias que ele apenas apresenta mas não desenvolve nem esclarece.

Dito isso, é um livro que agrega ao menos duas informações. Primeiro, temos um alto militar às voltas com suas grandes contradições. Em segundo lugar, mesmo que não reconheça e mesmo negue, Villas Bôas acaba por revelar como a democracia vive no país em um arranjo extremamente frágil, enquadrada pelas posições de um grupo de oficiais militares que acredita numa agenda política ultrapassada, quando não bizarra, banhada em teorias conspiratórias e uma compreensão distorcida da realidade.

Conversas com candidatos sobre “projeto nacional”

As contradições são muitas. O general defende, por exemplo, que os quartéis fiquem longe da política, mas em seguida relata uma conversa que manteve com o então vice-presidente Michel Temer antes do impeachment de Dilma Rousseff – na qual Temer teria indagado como o Exército reagiria em caso de impeachment – e como, depois, uma indicação sua levou à nomeação do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Temer. Incoerências como essas aparecem e morrem no livro sem maiores debates. Para percebê-las, o leitor precisa ir e voltar na obra a fim de colocar a fotografia dentro do filme inteiro.

Em outro trecho, o general reitera que sua “preocupação era grande, talvez excessiva, de que a política pudesse voltar a entrar nos quartéis”. Diz enxergar na caserna, aliviado, “uma postura apolítica e totalmente profissional”.

Logo em seguida, contudo, o general narra: “Com vistas nas eleições, convidei os candidatos para conversar. Essa rodada de entrevistas aconteceu antes que as candidaturas fossem oficializadas. Nelas eu expunha temas relativos à importância de reconstrução de um projeto nacional. Discorria sobre a Amazônia, os problemas e as soluções cabíveis e, por fim, tratava de defesa, das Forças Armadas e de questões importantes que lhes dizem respeito. Minha expectativa de que esses assuntos fossem discutidos por ocasião dos debates eleitorais acabaram frustradas [acabou frustrada]. Nos poucos que ocorreram, esses temas não foram provocados pelas emissoras.”

Em outro trecho, afirma que “Bolsonaro deu ênfase ao combate ao politicamente correto, do qual a população estava cansada. A Globo, o reino do politicamente correto, foi o mais importante cabo eleitoral do presidente eleito”.

Em uma frase é o comandante técnico avesso à política, na outra se reúne com vários políticos dentro da instituição e debate supostos projetos nacionais. Afirma uma “postura apolítica”, mas na sequência engole idiotices contra a mídia disseminadas por propagandistas incendiários de extrema-direita.

Villas Bôas não vê problema em um político populista que mente sobre um falso problema no seu país com o objetivo de ser eleito; errada está a Rede Globo. É uma abordagem primária sobre a sociedade brasileira, que elege um meio de comunicação como foco dos problemas nacionais, recurso frequentemente usado por bolsonaristas e pelo próprio Bolsonaro.

Tuíte que pressionou STF foi discutido previamente na alta cúpula do Exército

As perguntas são muitas: cabe ao comandante do Exército exercer o papel de articulador de programas de candidatos a cargos eletivos? Está autorizado, por algum trecho da Constituição, a ajudar na elaboração de planos de governo alheio ou cobrar que certo candidato debata determinado assunto em algum lugar? Quem lhe concedeu esse poder?

Chegamos ao episódio do seu tuíte de abril de 2018, pelo qual praticamente exigiu dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que dessem uma decisão contrária a um habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O general revela, no livro, que o conteúdo do tuíte foi previamente discutido nos altos escalões do Exército. Um rascunho passou por várias mãos, dos integrantes do Alto Comando aos “comandantes militares de área”. O general repetiu o que já havia dito, com outras palavras em entrevista anterior, que “tínhamos a consciência de estarmos realmente tangenciando o limite da responsabilidade institucional do Exército”.

Para um brasileiro preocupado com o futuro da democracia, seria preferível que o tuíte tivesse partido da cabeça apenas do comandante, num gesto tresloucado. Nada disso. Agora sabemos que foi fruto de uma autêntica conspiração nos altos escalões dos quartéis, que calcularam todos os termos, efeitos e consequências da mensagem.

É estarrecedor que militares conscientemente afrontem, com propósitos políticos, ministros da mais alta corte do Judiciário. Podemos agora afirmar que há um amplo grupo na oficialidade mais alta que não fica constrangido com o risco de atuar no “limite da responsabilidade institucional”. Uma pergunta: quando voltarão a agir assim de novo?

General reclama de demarcação de terras indígenas em Roraima

Não há nenhuma garantia de que não volte a acontecer, e com desdobramentos ainda mais sérios.

É sob esse prisma que o livro de Villas Bôas pode ser visto como a confirmação de que a democracia no país corre, sim, risco real. É a conclusão inversa do que pretendia o general com seu depoimento aparentemente cândido. Porque às vezes um pedaço da verdade se esconde, mas pode ser achado, exatamente onde não é dito.

Temos que juntar a denúncia do “politicamente correto” da TV Globo, o apoio a Bolsonaro, o tuíte, as conversas políticas de Villas Bôas com as razões de fundo que ele também pontua ao longo do livro. Razões que apontam para dois temas caros aos militares: a teoria conspiratória da “internacionalização” da Amazônia e a ditadura militar.

Por duas vezes Villas Bôas reclama de demarcações de duas terras indígenas em Roraima, diz que supostamente os militares não foram “ouvidos” antes da decisão. Aqui ele fabula, a reclamação é enganosa e infelizmente não foi contraditada na conversa.

No primeiro caso, a Terra Indígena Yanomâmi teve sua portaria de reconhecimento do Ministério da Justiça assinada em 1991 por ninguém menos que o coronel da reserva do Exército Jarbas Passarinho, então ministro da Justiça, um expressivo representante das Forças Armadas, um dos conspiradores do golpe militar de 1964 e um dos políticos e militares mais ouvidos e considerados pelos quartéis ao longo de décadas. A homologação ocorreu pelas mãos do presidente Fernando Collor, em 1992, um expoente da direita brasileira e hoje aliado de Bolsonaro.

É verdade que parte dos oficiais não concordava que a demarcação incluísse faixas de fronteira (ou seja, eram contra um pedaço da demarcação, não toda ela), mas Villas Bôas convenientemente pulou o papel de Passarinho e Collor, que podem ser tudo, menos de esquerda. Para a teoria conspiratória de Villas Bôas que envolve ONGs e países estrangeiros, é importante deixar de lado a elite da direita brasileira.

Demarcação foi debatida durante 16 anos e aprovada pelo Supremo

A segunda demarcação, da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, ocorreu já sob o rito estabelecido pelo decreto 1775/1996, que envolve um amplo direito ao contraditório dentro de um processo administrativo que inclui diferentes instituições e esferas públicas. O parágrafo 8° prevê que “desde o início do procedimento demarcatório até noventa dias após a publicação” do relatório de identificação do território, os Estados e municípios em que se localize a área sob demarcação “e demais interessados” podem se manifestar. Ou seja, o Exército a qualquer momento poderia protocolar manifestações no processo administrativo se entendesse que havia algum problema na demarcação.

A realidade é que poucas demarcações de uma terra indígena foram tão debatidas e analisadas por tantas esferas na história do Brasil do que a da Raposa/Serra do Sol. Ela foi delimitada em 1993 e somente 12 anos depois, em 2005, foi homologada pela Presidência. Mesmo assim, o caso foi parar no STF, que chegou ao requinte de mandar à região um grupo de ministros antes de decidir, em plenário, sobre a ação. A decisão final ocorreu em 2009, 16 anos depois da identificação.

De um lado: onde estavam as Forças Armadas nesse tempo todo? Se queriam ser ouvidas sobre a demarcação, como diz Villas Bôas, o que fizeram a respeito? De outro lado: o general diz que a caserna é “totalmente profissional”, mas não aceita até hoje uma decisão do Supremo Tribunal Federal, pilar do estado democrático de direito? É de novo preocupante, pois demonstra a rejeição de um alto oficial, que mesmo na reserva tem muita influência sobre o seu público, ao controle da constitucionalidade pelo Judiciário.

O fato incontornável e que realmente importa – igualmente não abordado pelo general – é que essas duas terras indígenas jamais trouxeram qualquer problema de soberania nacional ao país. Militares contrários à Terra Indígena Yanomami – um deles, aliás, se chamava Jair Messias Bolsonaro, que chegou a ir à Justiça para barrar a demarcação – diziam que havia risco de uma espécie de insurreição dos Yanomami, momento em que indígenas, ONGs e interesses estrangeiros se juntariam para criar uma “Nação Yanomami”, declarando independência do Brasil.

Essa besteira foi totalmente desmentida pela passagem do tempo. Depois de quase 30 anos da demarcação, nada do que foi previsto aconteceu. Jamais se ouviu da boca do líder yanomami Davi Kopenawa qualquer insinuação nesse sentido. Hoje chamaríamos de fake news, na época era pura mentira mesmo.

General atribui ao governo Bolsonaro um fundo que existe desde 2008

As coisas se complicam mais quando Villas Bôas desenvolve, no livro, seu raciocínio sobre a Amazônia. Ele atribui ao governo Bolsonaro a criação do Fundo Amazônia, que na verdade existe há quase 13 anos. Primeiro ele critica a política ambiental adotada pelo país nas últimas décadas – a mesma que levou o Brasil a ser reconhecido em todos os fóruns internacionais. Depois diz que “vemos o governo Bolsonaro caminhar em sentido contrário, ao criar o Fundo Amazônia, entregando a responsabilidade para um profundo conhecedor daquela região, o general Mourão, vice-presidente”.

O Fundo Amazônia, ao contrário do que diz Villas Boas, foi criado em 2008, durante o governo Lula, e justamente em 2019 todas as novas contratações foram paralisadas em consequência de ações do governo Bolsonaro, que implodiu a governança do Fundo. Mais de R$ 2,9 bilhões deixaram de entrar na Amazônia na forma de projetos apoiados pelo Fundo durante o governo Bolsonaro. É um dinheiro já depositado e não utilizado.

Villas Bôas diz genericamente que “há muita desinformação, até de caráter intencional, principalmente sobre os temas meio ambiente e questão indígena”. Haveria um “filtro” que impediria que “a realidade” chegasse “aos centros econômicos culturais e políticos”. Critica a imprensa, de novo a Rede Globo, que teria “alguns setores dominados pelo politicamente correto”, o “jornalismo investigativo”, ao qual teriam faltado “vontade ou competência”. Ataca a memória de Chico Mendes (1944-1988), líder ambientalista covardemente assassinado numa emboscada, a quem ele qualifica como “um mito” que teria sido “construído”.

Aqui o general é basicamente um Bolsonaro que sabe falar português.

Infelizmente o general não explica sobre qual desinformação está falando. A Amazônia não está sendo desmatada, destruída por garimpos ilegais, não tem sua madeira roubada por quadrilhas? Acha que não há muitos incêndios? Os indígenas isolados não correm risco de morte? Tudo é invenção da mídia?

Sobre o desmatamento, não é. Porque Villas Bôas reconhece também que “há inúmeras razões pelas quais devemos impedir que o desmatamento avance”. Mas não é exatamente isso que a TV Globo, os ambientalistas, os indígenas, os especialistas, afinal de contas, cobram? É mais uma contradição acumulada por Villas Bôas nas páginas de suas memórias.

Villas Bôas revela por que militares não pediram desculpas por crimes na ditadura

O tema da ditadura é obviamente caro ao general. Ele deixa bem claro que a instalação da Comissão Nacional da Verdade, determinada pela então presidente Dilma Rousseff em 2012, foi um ingrediente na panela de ódio e pressão dos militares contra ela e seu governo. Nesse ponto ele faz uma das revelações mais interessantes do seu livro, ao apresentar um dos motivos pelos quais os militares não produziram, até hoje, um pedido de desculpas pelos crimes cometidos durante a ditadura militar.

Ele conta que, ao observarem os casos do Chile e da Argentina, os militares brasileiros perceberam que alguns pedidos de desculpa nesses países “foram considerados confissão de culpa, motivando a intensificação dos procedimentos de investigação”.

Em suma, a falta do pedido de desculpas dos militares brasileiros foi por medo mesmo. Medo de que os crimes viessem à tona e militares fossem enfim punidos.

Quando a então presidente Dilma Rousseff (2011-2016) o nomeou comandante do Exército, em janeiro de 2015, Villas Bôas foi saudado como um conciliador que poderia conduzir a Força de forma menos “solitária” – foi o termo usado na época – do que seu antecessor Enzo Peri.

Em sua primeira ordem do dia, em abril daquele ano, Villas Bôas disse que o Exército era uma instituição que continuava “democrática e apartidária”. Menos de dois anos depois, ele se converteu em um ativo ator político, que confabulou com políticos em momentos de crise e se posicionou publicamente sobre assuntos afetos a outros Poderes, como o Judiciário.

A principal marca deixada por Villas Bôas na sua gestão de quatro anos (2015-2019) no Comando do Exército é justamente a que ele procura negar no seu livro de memórias. Ele foi, sim, o responsável por reintroduzir a prática, frequente até a década de 80, de militares tomarem partido em disputas políticas, opinarem e intervirem nos rumos do país. Pelo menos desde o governo Sarney, encerrado em 1990, não se via uma atividade política tão intensa em um chefe militar. É de certa forma surpreendente que, em seu livro, ele não compreenda ou não enfrente esse dado da realidade.

*Rubens Valente/Uol

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