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Acabou, a Ucrânia será fatiada

Após dois anos, sem presidente e com partidos de esquerda cassados, Kiev vai ter que aceitar ficar sem 20% do seu território pra Rússia e pagar meio trilhão de dólares pros EUA.

“Quero nosso dinheiro de volta. Disse-lhe que queria o equivalente a, digamos, 500 bilhões de dólares em terras-raras, e eles concordaram. Caso contrário, somos estúpidos. Eu disse-lhe: temos de conseguir alguma coisa. Não podemos continuar a gastar este dinheiro”, afirmou Trump.

“Pode ser lítio. Pode ser titânio, urânio, muitos outros. É um grande negócio”.

A Ucrânia perdeu 40% de sua riqueza em “terras raras” ao perder o território pra Rússia. Agora perde boa parte do resto pra pagar os trilhões que recebeu de armas.

Além de perder cerca de 1 milhão de vidas, 1/5 do território e quase todas as reservas naturais, será vetada a entrada da Ucrânia na OTAN e ainda terá que pagar por todo armamento que recebeu.

Uma das derrotas mais humilhantes registradas, e a Rússia alcança todos os objetivos.

E se a Ucrânia não se render, sem armas nem soldados para lutar, Trump já avisou: A Ucrânia poderá se tornar toda Rússia.

Isso se EUA e Rússia não dividirem entre si as terras restantes.

*Por Paulo Follador

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Política

‘Obviamente não são neutras’: se a economia cresce, por que as previsões do mercado são pessimistas?

Economistas afirmam que o mercado tem interesse em fazer a inflação subir para que haja aumento de juros, e usa a divulgação de previsões pessimistas sobre a economia em semanas críticas para influenciar o governo e impor sua agenda.

A economia brasileira vem apresentando um bom desempenho, tendo crescido 2,9% em 2023, com previsão de alta de 3,5% em 2024.

Apesar disso, algumas instituições financeiras têm alertado para um risco de recessão técnica no segundo semestre deste ano. Em relatório recente, Bradesco, Banco BV, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura e Tendências afirmaram que a combinação de juros altos, retração do consumo e incertezas fiscais são fatores que podem pressionar a atividade econômica.

Somado a isso, no final de janeiro o Comitê de Política Monetária (Copom) fixou a taxa básica de juros, a Selic, em 13,25% ao ano, o que encarece o crédito, reduzindo o poder de compra das famílias.

Fábio Sobral, professor de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que recessão técnica ocorre quando há dois trimestres consecutivos, ou seja, seis meses, de queda da atividade econômica, do PIB.

Segundo ele, o mercado tem dois interesses. O primeiro é que a inflação suba para que se justifiquem aumentos de juros do Banco Central.

“No ano passado, foram pagos mais de R$ 750 bilhões de juros a esses especuladores. Então cada 1% aumenta cerca de R$ 50 bilhões nos ganhos deles. O segundo interesse é que a economia realmente entre em recessão, esteja em má situação, porque politicamente esse mercado financeiro se alinha ao projeto bolsonarista e quer derrubar o atual governo de qualquer forma”, afirma.

*Sputnik

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Política

Em ato, bolsonaristas afinam e desistem de pedir impeachment de Lula

Ato do dia 16/03 será mantido, mas com outro mote, entre eles o pedido de anistia para golpistas; veja detalhes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados resolveram voltar atrás e não vão mais pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ato marcado para o dia 16 de março.

O evento, no entanto, será mantido, mas com o mote “Fora Lula 2026, anistia já”. de acordo com a Folha.

Eles chegaram à conclusão do óbvio: o impeachment de Lula é algo muito improvável. Além disso, caso Lula fosse de fato impedido, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), poderia reorganizar a base aliada com apoio do centrão.

A pesquisa Datafolha, que não por acaso foi divulgada dois dias depois da PGR mencionar 28 anos de prisão para Bolsonaro, deu a expectativa aos aliados de Bolsonaro que Lula venha a definhar até o final do mandato e seja derrotado nas eleições de 2016.

Racha na direita
O que há de concreto nisso tudo é um racha na extrema direita. Deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) são contrários ao ex-presidente e mantém a bandeira do impeachment de Lula.

Bolsonaro, por sua vez, prefere ressaltar a defesa da anistia para os golpistas.

Os dois blocos, no final das contas, estarão em palanques diferentes. Zambelli vai para a Paulista e o ex-presidente para a praia de Copacabana, no ato organizado pelo pastor Silas Malafaia.

 

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Política

Lula deve convocar o povo a assumir seu lugar na história

O país tem uma elite golpista até a medula, subordinada ao imperialismo desde sempre.

Quando o governo Lula chega à metade do terceiro mandato presidencial, é hora de reconhecer a gravidade da situação que o país enfrentará nas próximas semanas, quem sabe meses, que irão decidir os rumos do país num delicadíssimo período de nossa História.

Nenhuma das dificuldades que o país enfrenta desde o retorno de Lula ao Planalto para o terceiro mandato, ao final de uma campanha memorável e inédita encerrada com a vitória de 2022, é novidade na evolução política do país.

O país tem uma elite golpista até a medula, subordinada ao imperialismo desde sempre, como se viu de uma vez por todas no golpe de 64, quando preferiu abandonar qualquer projeto de desenvolvim

ento autônomo, com apoio popular, para cair nos braços de Washington.

Embora as condições sejam muito diferentes, meio século mais tarde, nos aspectos fundamentais a história se repete, como farsa e tragédia ao mesmo tempo.

Há 60 anos, consumou-se um golpe de Estado sem resistência dos poderes constituídos, com a democracia em fuga e os representantes do povo no exílio e na clandestinidade, enquanto o país era submetido ao entreguismo econômico e à violência política que modificaram nosso destino para sempre.

Sabemos o que houve: o desmonte de um projeto de desenvolvimento autônomo, ainda que integrado às grandes correntes da economia mundial; a perseguição política implacável e criminosa contra partidos progressistas e organizações populares, num país redesenhado pela lâmina de baionetas e a covardia da tortura.

Mesmo assim, desmentindo entreguistas e aproveitadores de sempre, num processo delicado de resistência que levou décadas para consumar-se, a sociedade brasileira foi capaz de reconstruir sua independência política e sua riqueza econômica, fatores que permitiram a derrota do regime de 64 e a instalação de governos progressistas como a História nunca vira antes, em qualquer tempo.

Este é o desafio que o país enfrenta neste momento. Reconduzido à presidência da República para um inédito terceiro mandato, que ninguém tinha o direito de imaginar como um passeio de carruagem, cabe a Lula assumir seu lugar à frente da República e convidar o povo a impedir o desmonte de um regime democrático erguido em séculos de História, diz Paulo Moreira Leite no 247.

Alguma dúvida?

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Economia

Comércio Fecha 2024 Com Alta De 4,7%, Maior Crescimento Desde 2012

Economia está desaquecendo?

É preciso ser muito canalha pra fazer careta para os índices econômicos do governo Lula.

Vamos aos fatos

Entre os fatores que impulsionaram o crescimento está a expansão da massa salarial e aumento do número de trabalhadores ocupados, como prometeu Lula

O crédito estável e a baixa taxa de desemprego (6,6%), a menor já registrada pelo IBGE, também contribuíram de forma decisiva.

Desemprego, fome, desamparo, desesperança são marcas de um governo canalha, neofascista, como o de Bolsonaro/Paulo Guedes.

A mídia, que tem interesses diretos na alta dos juros, ataca Lula diuturnamente, além de outros ratos do agronegócio que operam como bandidos comuns porque exploraram os brasileiros com incentivo de Bolsonaro usarem o mesmo expediente.

Todos os índices econômicos do governo Lula foram tonificados e melhoraram a vida da sociedade como um todo.

Muito diferente do governo do genocida, em que a população sofreu uma azia crônica durante quatro longos anos de purgatório.

As esquerdas brasileiras, em sua grande maioria, estão cientes da abrangência desse divisor.

A candidatura para a reeleição de Lula em 2026 se afirma como a única capaz de impedir a volta de um deserto econômico que devolveu 34 milhões de brasileiros ao mapa da fome.

O resto é ataque baixo, na mídia, dos operadores do caos que dobram a aposta no veneno para tentar desgastar a imagem de Lula.

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Política

Gilmar Mendes faz críitica à anistia e alerta sobre risco à democracia

Ministro do STF defende punição a envolvidos no 8 de janeiro e questiona proposta de mudança na Lei da Ficha Limpa.

Na mais recente edição do programa Reconversa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes abordou temas centrais para a democracia brasileira, incluindo a tentativa de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, a mudança na Lei da Ficha Limpa e a evolução da Corte Suprema ao longo dos anos. Em entrevista aos jornalistas Reinaldo Azevedo e Valfrido Warde, Mendes fez duras críticas à reinterpretação dos ataques à sede dos Três Poderes e reforçou a necessidade de punição para evitar novos episódios semelhantes.

Anistia e a tentativa de reescrever os ataques de 8 de janeiro
Ao ser questionado sobre o discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que minimizou os atos de 8 de janeiro ao alegar que não houve tentativa de golpe, Mendes refutou a tese. Segundo ele, os golpistas não surgiram espontaneamente na Esplanada dos Ministérios, mas partiram diretamente de acampamentos em frente a quartéis, organizados desde novembro de 2022.

“Não se faz acampamento em frente a quartel, assim como não se faz acampamento em frente a hospital. A reivindicação era clara: impedir a posse do presidente eleito. Isso não foi uma manifestação espontânea, foi algo orquestrado.”

O ministro destacou que as investigações da Polícia Federal revelaram não apenas a tentativa de golpe, mas também planos de assassinato de figuras do alto escalão, como o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o 247.

“Nós estamos falando de algo muito mais grave. Houve discussões sobre matar o presidente da República, ministros do Supremo. Isso não pode ser banalizado.”

Diante do cenário, Mendes rejeitou a possibilidade de anistia, afirmando que o julgamento dos responsáveis pelos atos golpistas deve continuar para garantir a responsabilização dos envolvidos.

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Mundo

Escândalo de criptomoedas: Milei será alvo de pedido de impeachment e denúncia criminal

Agência Anticorrupção determinará se houve conduta imprópria de alguém do governo, incluindo o próprio Presidente.

O bloco União pela Pátria na Câmara dos Deputados da Argentina anunciou neste sábado sua decisão de avançar com um pedido de impeachment contra o presidente Javier Milei , após o escândalo que surgiu depois que o chefe de Estado promoveu um token digital em suas redes sociais.

“O envolvimento de Milei em um crime de fraude de criptomoedas é extremamente grave. É um escândalo sem precedentes . Nosso bloco de Deputados Nacionais decidiu seguir adiante com a apresentação de um pedido de impeachment contra o Presidente da Nação”, disseram os deputados da oposição.

O advogado e líder social Juan Grabois busca promover uma ação judicial coletiva contra o chefe de Estado, por incentivar a compra de $LIBRA em sua conta X em suas redes sociais . Grabois disse que o presidente “foi um participante necessário em um grande golpe contra dezenas de milhares de argentinos”.

Em uma publicação na rede social X, que Milei posteriormente apagou, o presidente pediu que seus seguidores investissem em uma criptomoeda chamada $LIBRA, que subiu exponencialmente e depois despencou, fazendo com que milhares de pessoas perdessem seu dinheiro.

Grabois publicou um post no qual anunciou uma ação coletiva contra o “golpe de Milei”. No qual ele explicou que ” Javier “Cositorto” Milei foi um participante necessário em um grande golpe contra dezenas de milhares de argentinos”.

Junto com o economista Itai Hagman , Grabois entrará com uma queixa criminal contra ” os vigaristas e o participante necessário que também foi visto violando o Artigo 249 do Código Penal em flagrante delito por milhões de pessoas “. Além disso, ele compartilhou um formulário que aqueles que foram enganados podem preencher para aderir ao patrocínio de forma conjunta ou individual.

Milei será investigado por Agência Anticorrupção do governo
O escândalo sobre a criptomoeda $LIBRA que o presidente da Argentina, Javier Milei, promoveu em suas redes sociais, causando uma alta meteórica em seu preço e posterior colapso, já escalou para níveis governamentais. O Executivo argentino emitiu um comunicado no qual confirmou que todos os envolvidos serão investigados pela Agência Anticorrupção.

Da conta X da Presidência da República, foi feita uma publicação oficial onde foi comunicado que “o Presidente Javier Milei decidiu intervir imediatamente junto à Agência Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de algum membro do Governo Nacional, incluindo o próprio Presidente “.

O Governo detalhou que criará ” uma Unidade de Tarefa de Pesquisa (UTI) na órbita da Presidência da Nação , composta por representantes dos órgãos e organizações com poderes vinculados aos criptoativos, atividades financeiras, lavagem de dinheiro e outras áreas relacionadas, que integrarão suas informações para iniciar uma investigação urgente sobre o lançamento da criptomoeda $LIBRA e todas as empresas ou pessoas envolvidas na referida operação”.

“Todas as informações coletadas na investigação serão entregues à Justiça para apurar se alguma das empresas ou pessoas vinculadas ao projeto KIP Protocol cometeu um crime”, disseram eles no comunicado.

Assim, a Casa Rosada destacou que “o Presidente Milei, que demonstrou com suas ações sua vocação pela verdade, está comprometido com o devido esclarecimento deste fato até as últimas consequências” , após ter reconhecido que houve uma reunião prévia com os representantes do Protocolo KIP em 19 de outubro de 2024.

No comunicado da Presidência, o Governo tenta se desvincular de uma relação próxima com o CEO da Kelsier Ventures, Hayden Mark Davis , líder da empresa que deu início ao projeto, ao lançamento do token e à criação do mercado $LIBRA, a criptomoeda promovida pelo presidente Javier Milei e que gerou um escândalo político: “O Sr. Davis não tinha e não tem nenhuma ligação com o governo argentino e foi apresentado por representantes do KIP Protocol como um de seus parceiros no projeto “, esclareceu.

Embora Davis tenha se apresentado como “assessor de Javier Milei” após a queda abrupta da criptomoeda, a partir da conta oficial X, eles comunicaram que “em 30 de janeiro de 2025, o Presidente manteve uma reunião na Casa Rosada com Hayden Mark Davis, que, segundo o que foi expresso pelos representantes do KIP Protocol, forneceria a infraestrutura tecnológica para seu projeto “.

*ICL

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Mundo

A grande ameaça

A democracia dos EUA provavelmente entrará em colapso durante o segundo governo Trump, no sentido de que deixará de atender aos padrões para a democracia liberal: sufrágio adulto completo, eleições livres e justas e ampla proteção das liberdades civis.

O colapso da democracia nos Estados Unidos não dará origem a uma ditadura clássica em que as eleições são uma farsa e a oposição é presa, exilada ou morta. Mesmo no pior cenário, Trump não será capaz de reescrever a Constituição ou anular a ordem constitucional. Ele será limitado por juízes independentes, federalismo, militares profissionalizados do país e fortes barreiras à reforma constitucional. Haverá eleições em 2028, e os republicanos podem perdê-las.

Mas o autoritarismo não requer a destruição da ordem constitucional. O que está por vir não é uma ditadura fascista ou de partido único, mas um “autoritarismo competitivo” — um sistema em que os partidos competem nas eleições, mas o abuso de poder do titular inclina o campo de jogo contra a oposição.

A maioria das autocracias que surgiram desde o fim da Guerra Fria se enquadra nessa categoria, incluindo o Peru de Alberto Fujimori, e os contemporâneos El Salvador, Hungria, Tunísia e Turquia. Sob o ‘autoritarismo competitivo’, a arquitetura formal da democracia, incluindo eleições multipartidárias, permanece intacta. As forças de oposição são legais e abertas, e disputam seriamente o poder. As eleições são frequentemente batalhas ferozmente disputadas, nas quais os incumbentes têm que suar muito. E de vez em quando, os incumbentes perdem, como aconteceu na Malásia em 2018 e na Polônia em 2023. Mas o sistema não é democrático, porque os incumbentes manipulam o jogo ao aparelhar a máquina do governo para atacar oponentes e cooptar críticos. A competição é real, mas injusta.

O autoritarismo competitivo transformará a vida política nos Estados Unidos. Como a onda inicial de ordens executivas duvidosamente constitucionais de Trump deixou claro, o custo da oposição pública aumentará consideravelmente: os doadores do Partido Democrata podem ser alvos do IRS; empresas que financiam grupos de direitos civis podem enfrentar maior escrutínio tributário e legal ou encontrar seus empreendimentos bloqueados por reguladores. Veículos de comunicação críticos provavelmente enfrentarão processos de difamação custosos ou outras ações legais, bem como políticas de retaliação contra suas empresas controladoras. Os americanos ainda poderão se opor ao governo, mas a oposição será mais difícil e arriscada, levando muitas elites e cidadãos a decidirem que a luta não vale a pena. Uma falha em resistir, no entanto, pode abrir caminho para o entrincheiramento autoritário — com consequências graves e duradouras para a democracia global.

O ESTADO APARELHADO

O segundo governo Trump poderá violar as liberdades civis básicas de maneira a subverter inequivocamente a democracia. O presidente, por exemplo, pode ordenar que o exército atire em manifestantes, como ele supostamente queria fazer durante seu primeiro mandato. Ele também poderá cumprir sua promessa de campanha de lançar a “maior operação de deportação da história americana“, atacando milhões de pessoas, em um processo repleto de abusos, que inevitavelmente levará à detenção equivocada de milhares de cidadãos dos EUA.

Mas muito do autoritarismo vindouro assumirá uma forma menos visível: a politização e aparelhamento da burocracia governamental.

Os estados modernos são entidades poderosas.

O governo federal dos EUA emprega mais de dois milhões de pessoas e tem um orçamento anual de quase US$ 7 trilhões. Autoridades governamentais servem como árbitros importantes da vida política, econômica e social. Eles ajudam a determinar quem é processado por crimes, quem terá seus impostos auditados, quando e como regras e regulamentos são aplicados, quais organizações recebem status de isenção de impostos, quais agências privadas obtêm contratos para credenciar universidades e quais empresas obtêm licenças, concessões, contratos, subsídios, isenções tarifárias e resgates críticos.

Mesmo em países como os Estados Unidos, que têm governos relativamente pequenos e laissez-faire, essa autoridade cria uma infinidade de oportunidades para os líderes recompensarem aliados e punirem oponentes. Nenhuma democracia está totalmente livre dessa politização. Mas quando os governos aparelham o Estado usando seu poder para sistematicamente prejudicar e enfraquecer a oposição, eles minam a democracia liberal. A política se torna como uma partida de futebol em que os árbitros e seus auxiliares trabalham para um time sabotar seu rival’‘.

Este é um trecho de recente artigo publicado na Foreign Affairs, por Steven Levitsky e Lucan A. Way, intitulado The Path to American Authoritarianism. Steven publicou, junto com Daniel Ziblatt, o famoso livro “How Democracies Die”.

Esclareço que tanto Levitsky quando a Foreign Affairs são de tendência conservadora, o que mostra que a preocupação com Trump estende-se ao establishment tradicional dos EUA.

Segundo os autores, a democracia sobreviveu ao primeiro mandato de Trump porque ele não tinha experiência, plano ou equipe. Ele não controlava o Partido Republicano quando assumiu o cargo em 2017, e a maioria dos líderes republicanos ainda estava comprometida com as regras democráticas do jogo. Trump governou com republicanos e tecnocratas do establishment, e eles o restringiram amplamente. Nenhuma dessas coisas é mais verdade. Desta vez, Trump deixou claro que pretende governar com quadros leais a ele e ao MAGA.

Deve-se destacar que o aparelhamento do Estado norte-americano estava já previsto no Projeto 2025, da Heritage Foundation, think tank de extrema direita.

Não há dúvida de que esse aparelhamento político está seguindo a pleno vapor, nos EUA.

Portanto, a ameaça citada por Levitsky e Lucan A. Way é real.

Mas não é apenas uma ameaça à democracia estadunidense; é também uma ameaça às democracias do mundo, pois Trump pretende articular a extrema direita, em nível internacional.

Para tanto, conta não apenas com o apoio do novo aparelho de Estado dos EUA, mas também com o decisivo suporte das Big Techs norte-americanas.

Hoje mesmo, o vice-presidente JD. Vance deu “bronca” nos europeus por combaterem os partidos de extrema direita daquela região, alguns francamente nazistas.

Essa ameaça à democracia mundial virá de duas formas:

1- Pelo enfraquecimento da multipolaridade e pelas agressões e paralisações das instituições multilaterais (OMS, OMC etc.), o que comprometerá ainda mais uma governança mundial inclusiva e eficaz, que leve em consideração os interesses do Sul Global. Multilateralismo nada mais é que democracia em nível global.

2- Pelas tentativas de inviabilização de democracias progressistas, principalmente aquelas que não se dobrem aos imperativos geopolíticos e geoeconômicos do novo Império.

Nesse sentido, acredito que a guerra híbrida contra o governo Lula já foi deslanchada, com o objetivo de desequilibrar o BRICS e recolocar a América Latina sob a hegemonia exclusiva dos EUA.

A resposta a essas ameaças globais não pode ser isolada. Será necessário concertação internacional para defender as regras civilizatórias que permitem, ainda que com muitos limites, a construção de uma ordem internacional pacífica, previsível, simétrica e democrática.

O Brasil, na presidência do BRICS, pode contribuir com essa resistência à ordem mundial hobbesiana que Trump intenta implantar.

Como já observei anteriormente, muitos trágicos ditadores começam como risíveis bravateiros.

*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais/Viomundo

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Antropofagista”.

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Desembargador que deu prisão domiciliar a assassino de petista segue Bolsonaro e critica STF

Scaff se mostrou a favor do voto impresso e defendeu cloroquina para tratamento da covid-19.

Responsável por conceder liminar que permitiu ao bolsonarista Jorge Guaranho cumprir pena em prisão domiciliar um dia após condenação a 20 anos em regime fechado, por ter matado o petista Marcelo Arruda, o desembargador Gamaliel Seme Scaff, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), expressa nas redes sociais opiniões muito parecidas com Jair Bolsonaro. Ele é, inclusive, seguidor do ex-presidente e de Michelle Bolsonaro no Instagram, além de políticos como Marcos Feliciano e Carla Zambelli.

No perfil do Facebook, Scaff se mostrou a favor do voto impresso, defendeu cloroquina para tratamento da covid-19, insinua que houve omissão do governo de Lula no 8 de Janeiro, elogia Donald Trump e trata as punições aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal a Elon Musk como censura.

O desembargador determinou que Guaranho, que assassinou o tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, em 2022, cumpra pena em casa com monitoramento por tornozeleira eletrônica. O magistrado alegou problemas de saúde do assassino, que depois de ferir mortalmente Arruda, também foi baleado. “Entendo que não se pode desprezar a precária condição da saúde do paciente”, escreveu, ressaltando que o Guaranho passa por “tratamento médico especializado em decorrência de ter sido alvo de nove disparos de arma de fogo e severos espancamentos por mais de cinco minutos”.

A viúva de Arruda, Pamela Silva, mostrou-se inconformada com a decisão.

“Aqui no Paraná temos o complexo médico-penitenciário, que é o hospital de presos”, disse ela, ao ICL Notícias. “Depois da sentença o assassino já foi encaminhado para lá, onde eles têm enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, médicos…”

Há quatro anos, o desembargador mostrou-se penalizado com outro bolsonarista preso, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, notório divulgador de fake news e incitador de golpe de Estado. Scaff criticou a punição aplicada pelo Supremo. “Que o STF aplique a este homem a Lei de Proteção aos Animais já que o está tratando como um, mas faça cessar essa vingança privativa, inadmissível numa sociedade que busca evitar a barbárie”.

Desembargador defendeu tratamento precoce na pandemia
O magistrado é conhecido por manifestar nas redes sociais opiniões em sintonia com a extrema direita.

Chamou muita atenção na época da pandemia por defender tratamentos ineficazes como cloroquina e invermectina, além de louvar o ex-presidente Bolsonaro por divulgar esses medicamentos, repetindo histórias falsas, amplamente desmentidas, de que o chamado “tratamento precoce” estaria dando certo em algumas regiões do país. Com ICL.

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Hamas liberta três prisioneiros, mas Israel diz que planeja novos “ataques” em Gaza

Liberação ocorreu via Cruz Vermelha após mediação do Egito e Catar; segunda fase das negociações permanece incerta.

AFP
O Hamas libertou neste sábado (15) mais três prisioneiros israelenses como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A Cruz Vermelha fez o transporte dos libertados até Khan Younis, onde foram entregues ao governo de Israel.

Há uma semana, o estado judeu ameaçava retomar ataques contra a população de Gaza, frente à paralisação nas liberações. O principal motivo foi o descumprimento dos termos do acordo por Israel, que bloqueava o acesso de palestinos ao território, assim como de mantimentos e materiais para reconstrução da região desolada pelo massacre.

Mediadores egípcios e cataris foram os responsáveis por articular as conversas entre o Hamas e o governo de Israel para manter o acordo de cessar-fogo. Após a libertação dos três prisioneiros, o Hamas aguarda a soltura de 369 palestinos e palestinas mantidos por Israel.

Mesmo com o gesto palestino, o chefe do Estado-maior de Israel, tenente-general Herzi Halevi afirmou que as forças do país estão preparando “planos de ataque”, sem dar detalhes sobre as possíveis ações militares.

A primeira fase do acordo se encerra em março. Ainda há incertezas se será possível alcançar a segunda fase, que colocaria fim ao genocídio israelense em Gaza. Em mais de um ano de ataques, mais de 47 mil pessoas morreram, grande parte delas mulheres e crianças.

Na segunda-feira (10) passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou provocar um “inferno” em Gaza se os prisioneiros israelenses não fossem libertados até este sábado, como estabelece o acordo de trégua que está em vigor desde 19 de janeiro.

O Hamas reagiu afirmando que as ameaças não tinham valor. “Trump deve lembrar que há um acordo [de trégua] que ambas as partes devem respeitar, e que essa é a única forma de fazer com que os prisioneiros retornem”, declarou Sami Abu Zuhri, um dos líderes do movimento.

*BdF