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Jornal inglês chama polícia militar de SP de ‘força policial mais perigosa do mundo’

Apesar da reputação atribuída pelo The Sun, a polícia mais letal do Brasil é a da Bahia, de acordo com dados de 2024.

O jornal britânico The Sun publicou neste domingo (16) uma reportagem em que define a Polícia Militar de São Paulo como a “mais perigosa do mundo”.

A reportagem fala sobre “aumento alarmante de assassinatos nas mãos da polícia”. “Mães encontram seus filhos mortos a tiros nas ruas por policiais e suspeitos são atirados de pontes em vez de serem presos. Esta é a realidade atormentadora da vida sob uma força policial desonesta”, diz a matéria.

O jornal relaciona o início do mandato de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao aumento no número de mortes. “Desde sua chegada, os policiais desencadearam violência descarada nas ruas — que já estavam cheias de problemas sociais”, relaciona a reportagem.

“Tarcísio de Freitas é o ex-soldado populista e linha dura eleito governador de São Paulo em janeiro de 2023 –e amplamente elogiado como candidato presidencial para 2026. Sua campanha eleitoral fervilhava de retórica violenta, e ele assumiu uma posição firme contra o uso de câmeras corporais da polícia”, disse o The Sun.

A reportagem também menciona também Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de Tarcísio. “Derrite tem uma reputação assustadora e costumava fazer parte da ROTA — um batalhão da polícia militar na cidade, famoso por seu rastro de morte”, diz o jornal.

“Ele foi investigado anteriormente por 16 mortes durante operações da ROTA nas quais estava envolvido, de acordo com a revista Piauí. E ele também se gabou uma vez para um podcaster de que foi expulso da força por “matar muitos bandidos”, disse o The Sun.

O veículo lista alguns casos recentes de violência policial. Um deles é o da morte de Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, ex-integrante do grupo musical Facção Central, que foi morto com onze tiros disparados por um policial militar que estava de folga, na porta de um supermercado Oxxo.

Outro exemplo utilizado pelo jornal foi o do jovem jogado de uma ponte por policiais militares. O momento em que ele foi rendido e arremessado foi gravado por uma testemunha. “O mundo assistiu novamente, boquiaberto”, relembra.

O jornal cita alguns dados para corroborar o título dado à PM de São Paulo. A reportagem cita que, entre janeiro e setembro de 2024, a polícia matou 496 pessoas em São Paulo. “Para efeito de comparação, apenas uma pessoa foi morta pela polícia em Londres durante esse período”, contrapõe a publicação.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) se defendeu das alegações. O órgão disse que “reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e a responsabilização de eventuais desvios de conduta por parte das forças de segurança”. (Veja a nota completa abaixo).

Polícia de SP não é a mais letal do Brasil
Apesar da reputação atribuída pelo The Sun, a polícia paulista não é a mais letal do Brasil. O título fica com a polícia da Bahia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em 2023, a Bahia totalizou 1.620 pessoas mortas por policiais militares. Já em São Paulo, foram 353 mortes causadas por militares em serviço e 104 por policiais fora de serviço no mesmo período.
Presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia, Eustácio Lopes estimou ao UOL, no início deste mês, um déficit de cerca de 40% no quadro da corporação. “Quando você não tem elucidação, não tem a certeza da punição, é um território para a impunidade”, disse.

A Bahia registra o pior índice de esclarecimento de homicídios dolosos do Brasil, com apenas 15% dos casos esclarecidos. O Instituto Sou da Paz define como esclarecido o homicídio doloso em que pelo menos um autor foi denunciado pelo MP até o ano seguinte à ocorrência.

“A Bahia não está fazendo o dever de casa, não tem atuado no controle democrático da atividade policial. Não há produção de evidências à altura do problema da Bahia. A Polícia Científica deveria ser priorizada”, disse Daniel Hirata, sociólogo.

Procurada pelo UOL, a SSP-BA não comentou diretamente as mortes em decorrência de intervenção policial. Porém, citou números da secretaria que mostram uma queda na criminalidade no estado, como redução de 6% das mortes violentas em 2023 e diminuição de 10% neste ano das ocorrências de homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte.

Pasta diz que atua “dentro da legalidade”. “A SSP reitera o compromisso com a atuação dentro da legalidade, buscando sempre proteger a população”, diz o órgão.

Polícia brasileira é a mais letal do G20
Policiais militares e civis do Brasil matam quase o triplo do que os agentes de segurança de 15 países do G20 somados, segundo levantamento feito pelo UOL. Foram 6.393 mortos por policiais em 2023, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho. Ao todo, 15 países do G20 somam 2.267 vítimas fatais de policiais.

Arábia Saudita, China e Rússia não entraram no levantamento por falta de dados confiáveis. Criado em 1999, o G20 reúne as maiores economias do mundo. O Brasil ocupa a 10ª posição. O grupo reúne 19 países, além de União Europeia e União Africana, que também não foram considerados.

Quando considerados os tamanhos das populações, a diferença é ainda maior. O Brasil tem 7% do número de pessoas da soma dos outros 15 países.

Proporcionalmente, os policiais brasileiros matam 36 vezes mais do que a média dos agentes das outras nações. A taxa é 7,5 vezes a da África do Sul, cuja polícia é a segunda que mais mata por habitantes entre os países analisados.

O que diz a SSP de São Paulo
“A SSP reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e a responsabilização de eventuais desvios de conduta por parte das forças de segurança. Desde 2023, 465 policiais foram presos e outros 335 demitidos ou expulsos, refletindo o rigor das investigações e a postura intransigente do Governo contra irregularidades. Para reduzir a letalidade, a atual gestão investe em formação contínua dos agentes, capacitações práticas e teóricas, e na adoção de equipamentos de menor potencial ofensivo, como armas de incapacitação neuromuscular, segundo o ICL.

Além disso, comissões especializadas analisam as ocorrências para promover ajustes nos procedimentos operacionais e aprimorar a atuação da tropa. Todas as mortes decorrentes de intervenção policial são rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Vale destacar que o confronto armado é uma reação ao criminoso. Ao atacar com armas pesadas, como fuzis e pistolas de alto calibre, esses indivíduos colocam em risco a vida de policiais e da população. A polícia, por sua vez, age dentro da lei e das estratégias de segurança pública, com o objetivo de proteger a sociedade e neutralizar a ameaça.

Assim, a atuação das forças de segurança é uma resposta direta ao comportamento dos criminosos que optam pelo confronto para evitar a captura. Em relação ao primeiro caso mencionado, as investigações estão em andamento sob segredo de Justiça, conduzidas pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos. Pela Polícia Militar, as mortes foram apuradas por meio de Inquérito Policial Militar (IPM), já relatado à Justiça Militar, e os agentes envolvidos seguem afastados das atividades operacionais.

Sobre o caso do estudante, o inquérito conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi relatado à Justiça, com pedido de prisão preventiva do autor por homicídio doloso eventual. No âmbito militar, o policial foi indiciado em IPM pelo mesmo crime e também permanece afastado de suas funções.”

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Brasil

IBGE confirma boom agrícola! Safra de 2025 impressiona

Com crescimento de 11,1% em relação a 2024, a produção de grãos no Brasil deve atingir 325,3 milhões de toneladas, impulsionada pelo avanço da soja e do milho Em janeiro, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2025 deve totalizar 325,3 milhões de toneladas, 11,1% maior que a obtida em 2024 (292,7 milhões […]

Com crescimento de 11,1% em relação a 2024, a produção de grãos no Brasil deve atingir 325,3 milhões de toneladas, impulsionada pelo avanço da soja e do milho

Em janeiro, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2025 deve totalizar 325,3 milhões de toneladas, 11,1% maior que a obtida em 2024 (292,7 milhões de toneladas com aumento de 32,6 milhões de toneladas; e 0,8% acima da informada em dezembro, com acréscimo de 2,7 milhões de toneladas. A área a ser colhida foi de 80,9 milhões de hectares, acréscimo de 2,4% frente à área colhida em 2024, com aumento de 1,8 milhão de hectares, e acréscimo de 0,6% (472.102 hectares) em relação a dezembro.

Segundo o IBGE, o arroz, o milho e a soja são os três principais produtos deste grupo, que, somados, representam 92,9% da estimativa da produção e respondem por 87,5% da área a ser colhida. Em relação ao ano anterior, houve acréscimos de 2,9% na área a ser colhida do algodão herbáceo (em caroço); de 6,7% na do arroz em casca; de 0,6% na do feijão; de 2,8% na da soja, de 2,1% na do milho (declínio de 1,4% no milho 1ª safra e crescimento de 3,0% no milho 2ª safra) e de 2,7% na do sorgo, ocorrendo declínio de 2,6% na do trigo.

Em relação à produção, houve acréscimos de 1,6% para o algodão herbáceo (em caroço); de 8,3% para o arroz; de 10,9% para o feijão, de 14,9% para a soja, de 8,2% para o milho (crescimento de 10,0% para o milho 1ª safra e de 7,8% para o milho 2ª safra), de 5,4% para o sorgo, bem como decréscimo de 3,3% para o trigo.

A estimativa de janeiro para a soja foi de 166,5 milhões de toneladas. Quanto ao milho, a estimativa foi de 124,1 milhões de toneladas (25,2 milhões de toneladas de milho na 1ª safra e 98,9 milhões de toneladas de milho na 2ª safra). A produção do arroz foi estimada em 11,5 milhões de toneladas; a do trigo em 7,3 milhões de toneladas; a do algodão herbáceo (em caroço) em 9,0 milhões de toneladas; e a do sorgo, em 4,2 milhões de toneladas.

A estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou variação anual positiva para as Regiões Centro-Oeste (10,1%), Sul (15,4%), Sudeste (10,8%), Nordeste (9,8%) e Norte (3,6%). Quanto à variação mensal, apresentaram aumentos na produção a Região Norte (0,1%), a Nordeste (0,1%) e a Centro-Oeste (2,7%). A Região Sudeste apresentou estabilidade, enquanto a Sul apresentou declínio (-1,6%), de acordo com o Cafezinho.

Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 29,7%, seguido pelo Paraná (13,4%), Rio Grande do Sul (12,4%), Goiás (11,1%), Mato Grosso do Sul (7,8%) e Minas Gerais (5,4%), que, somados, representaram 79,8% do total. Com relação às participações regionais, tem-se a seguinte distribuição: Centro-Oeste (48.9%), Sul (27,8%), Sudeste (8,8%), Nordeste (8,7%) e Norte (5,8%).

Destaques na estimativa de janeiro de 2025 em relação ao mês anterior

Em relação a dezembro, houve aumentos nas estimativas da produção do sorgo (8,9% ou 341 793 t), da batata 3ª safra (5,0% ou 42 246 t), do feijão 1ª safra (4,7% ou 54 579 t), do milho 2ª safra (3,6% ou 3 395 514 t), do feijão 3ª safra (3,4% ou 26 722 t), do tomate (2,1% ou 91 134 t), da cevada (2,0% ou 8 300 t), do algodão herbáceo – em caroço (1,6% ou 137 530 t), da batata 1ª safra (1,5% ou 30 400 t), do milho 1ª safra (0,7% ou 173 667 t), da batata 2ª safra (0,2% ou 2 520 t), do café canephora (0,0% ou 329 t), e declínios nas estimativas da produção do trigo (-7,7% ou -609 361 t), do feijão 2ª safra (-2,2% ou -31 335 t), da mandioca (-2,0% ou -417 807 t), do café arábica (-1,7% ou -36 855 t), da cana-de-açúcar (-1,3% ou -9 347 810 t) e da soja (-0,4% ou -750 197 t).

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Brasil

Brasil divulga prioridades do BRICS para 2025; desdolarização segue na pauta, pesem ameaças dos EUA

As prioridades que guiarão os debates do BRICS e os objetivos a serem alcançados em 2025 foram divulgados nesta quinta-feira (13) pelo governo brasileiro, que está na presidência rotativa do agrupamento, que é anual.

Chamadas de notas temáticas (ou Issue Notes, em inglês), as diretrizes apresentam temas como cooperação política, de segurança, econômico-financeira, cultural e pessoal.

De acordo com o documento, estão entre as prioridades os países do Sul Global; a mudança do clima; a governança de inteligência artificial; e a reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança.

Pesem as recentes e insistentes ameaças do presidente americano, Donald Trump, de prejudicar o BRICS caso o grupo tente desdolarizar transações comerciais, o documento assegura que os países-membros seguirão trabalhando a favor do uso de moedas locais em transações comerciais internas.

“A presidência do Brasil dará continuidade aos esforços de cooperação para desenvolver instrumentos de pagamento locais que facilitem o comércio e o investimento, aproveitando sistemas de pagamento mais acessíveis, transparentes, seguros e inclusivos entre os membros do BRICS. Além disso, medidas de facilitação de comércio, entre elas a cooperação regulatória, poderão contribuir para o aumento do intercâmbio comercial e de investimentos.”

Ao citar os conflitos internacionais que assolam o planeta e a baixa efetividade das instâncias multilaterais de paz e segurança internacionais, o texto defende que o BRICS pode contribuir para uma reforma abrangente da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo seu Conselho de Segurança, “com o objetivo de torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente”:

“A presidência brasileira pretende discutir o seguimento do “Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global”, emanado da reunião aberta de ministros das Relações Exteriores do G20 realizada em Nova York, à margem da 79ª Assembleia Geral da ONU”, reafirma a nota.
Inteligência artificial (IA) (imagem de referência) – Sputnik Brasil, 1920, 13.02.2025

Panorama internacional
BRICS planeja criar políticas conjuntas para regular inteligência artificial

Além disso, segundo o documento, o Brasil proporá a formação de uma Força-Tarefa sobre Desenvolvimento Institucional para manter a coesão, harmonização e eficiência dentro do grupo, além de facilitar a transferência da presidência, melhorar as metodologias de trabalho e integrar melhor os novos membros à estrutura do BRICS.

Esses e outros tópicos serão discutidos e transformados em compromissos coletivos pelo grupo na cúpula de chefes de Estado, programada para ocorrer no segundo semestre deste ano, no Rio de Janeiro.

Criado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a articulação vem crescendo e já ganhou seis membros nos últimos dois anos: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão se tornaram países parceiros na 16ª Cúpula do BRICS, realizada em Kazan, em agosto de 2024.

A primeira cúpula de chefes de Estado ocorreu em 2009, na cidade de Ecaterimburgo, na Rússia, e desde então ocorre anualmente com sedes rotativas.

*Sputnik

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Brasil

Com Bolsa Família de exemplo, Brasil vai presidir Aliança Global contra a fome e pobreza

O Brasil foi eleito, na última terça-feira (11/02), o país para presidir a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Segundo o governo Lula, políticas públicas nacionais como o Cadastro Único e o Bolsa Família “servirão de exemplo” para que outros países impulsionem ações concretas contra a vulnerabilidade social.

A eleição brasileira foi feita durante um evento realizado em Roma, na Itália, onde a primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva será pelo papa Francisco nesta quarta (12/02) para tratar do tema.

“Para mim, é uma honra participar desse momento histórico da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Essa luta pelo povo mais pobre do mundo é uma grande bandeira do presidente Lula, que, por sua história e vivências, sabe o quanto isso é importante”, afirmou Janja.

“A Aliança propõe o caminho de unir esforços de diversos países do mundo. Hoje estamos colhendo esse fruto”, acrescentou a primeira-dama ao lado do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, eleito como presidente do Conselho de Campeões da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza..

A eleição de Dias ocorreu na sede do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência da ONU voltada para o combate à insegurança alimentar, em Roma, durante a primeira reunião do Conselho.

A reunião formalizou a composição do grupo e instaurou as presidências e vice-presidências, além de aprovar as regras de funcionamento

A eleição de Dias ocorreu na sede do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência da ONU voltada para o combate à insegurança alimentar, em Roma, durante a primeira reunião do Conselho.

Segundo o governo brasileiro, ministro Dias deverá promover “um debate estratégico entre os países e órgãos membros sobre ações imediatas a serem tomadas para criar melhores condições de funcionamento da Aliança”.

Como presidente da Aliança contra a Fome, Dias propôs a “operacionalização” dos objetivos estabelecidos na cúpula do G20 no Rio de Janeiro- que teve a pauta do combate à fome e pobreza como central, impulsionando “parcerias concretas e ações orientadas para resultados”.

*Opera Mundi

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Brasil Política

Acordo de Bolsonaro permite humilhação a brasileiros deportados dos EUA

Modelo de deportação que permite às autoridades dos EUA tratar brasileiros deportados com humilhação, racismo e maus-tratos foi anulado em 2006, mas retomado por Bolsonaro.

Muitos discutiram o caso dos brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram ao Brasil algemados nos pulsos e nos tornozelos, além de terem denunciado humilhações, racismo e maus-tratos pelas autoridades americanas. Mas poucos se questionaram o porquê desse tratamento humilhante.

Alguns argumentaram que isso já era sintoma do fascismo implantado por Donald Trump em seu novo governo. Mas os agentes que algemaram e transportaram os brasileiros como escravos já estavam nas mesmas funções muito antes de Trump tomar posse. Além disso, Joe Biden deportou mais brasileiros do que Trump, inclusive sob as mesmas condições desumanas.

Também se poderia dizer que os americanos são supremacistas e consideram os latino-americanos seres inferiores. Isso já está mais próximo da verdade.

Mas o principal motivo é que o Brasil deixa os Estados Unidos tratarem os brasileiros como lixo. As deportações em voos fretados eram um procedimento comum e legal até 2006, quando o Brasil decidiu que não permitiria mais essa modalidade. Tal decisão dificultou a deportação de brasileiros dos EUA.

7,5 mil deportados sob Bolsonaro
Contudo, a paixão de Jair Bolsonaro pelos Estados Unidos fez com que o Brasil voltasse a aceitar essa humilhação. O primeiro voo fretado de brasileiros deportados dos EUA em 13 anos chegou em outubro de 2019, com 60 imigrantes. O segundo, em janeiro de 2020, com 80. Depois, em março. As denúncias de maus-tratos, assim, também voltaram. Até mesmo um menor de idade relatou ter sido acorrentado nos braços e pés.

Bolsonaro recebeu mais de 7,5 mil brasileiros deportados dos EUA, após concordar com a vinda de dois voos por mês – uma média de mais de 200 a cada mês retornaram ao Brasil. Em geral, sob essas condições subumanas. Segundo a imprensa, o Itamaraty teria tentado, tanto durante o primeiro mandato de Trump quanto no governo Biden, um acordo para liberar os brasileiros do uso humilhante de algemas pelo corpo. Mas outros relatos mostram que o aparato diplomático brasileiro nos EUA atuou contra os direitos de seus cidadãos para favorecer as autoridades norte-americanas.

O acordo de Bolsonaro para retomar as deportações humilhantes passou despercebido, ao contrário do escândalo que gerou a medida que acabou com a necessidade de visto para turistas americanos, sem a tradicional reciprocidade. Uma decisão, complementando a outra, evidencia a que o Brasil foi reduzido: uma colônia de onde bancos e indústrias dos EUA recolhem as riquezas, desgraçando o país, gerando miséria e êxodo, e cujos cidadãos são tratados como animais por tentarem uma nova vida na metrópole. Já os superiores estadunidenses vêm ao Brasil desfrutar de prostitutas e água de coco.

Fulgencio Batista sentiria inveja de Bolsonaro.

*Eduardo Vasco/Diálogos do Sul

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Tarifas da China sobre o petróleo dos EUA são oportunidade para o Brasil

A decisão da China de impor tarifas de 10% sobre as importações de petróleo bruto dos EUA abre uma “janela de oportunidade” para o Brasil aumentar as exportações de petróleo para o país asiático, disse o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) nesta terça-feira.

O Brasil foi o sétimo maior fornecedor de petróleo para a China no ano passado, com uma média de 720.000 barris por dia, de acordo com dados da StoneX até setembro.

“Pode acontecer realmente um incremento”, disse Roberto Ardenghy, do IBP.

Cerca de 30% das exportações de petróleo da Petrobras foram para a China no quarto trimestre do ano passado, disse a empresa na segunda-feira, ante 44% no mesmo período de 2023.

As tarifas criam uma “assimetria de mercado” que pode levar ao aumento das vendas “oportunisticamente” para a Petrobras na China, disse o diretor de Logística Comercialização e Mercados da estatal, Claudio Schlosser, a repórteres no evento.

Mas a mudança não é estrutural e pode ser revertida, observou ele.

Na China, tarifas sobre os produtos dos EUA entram em vigor na próxima segunda-feira.

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Racismo é um dos grandes obstáculos no enfrentamento à doença no Brasil

Dados indicam que população negra tem menos acesso a diagnóstico precoce e tratamento e está mais sujeita a óbitos.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o Brasil registra mais de 700 mil casos de câncer por ano desde 2023 e, neste ano, a estatística deve se manter. Embora não existam dados específicos sobre a prevalência da doença por grupo étnico, a população negra é a que mais sofre com casos graves e situações que evoluem para óbito.

No Dia Mundial de Combate ao Câncer – 4 de fevereiro – o país reafirma a desigualdade racial como um dos principais fatores para esse cenário. O racismo se impõe como um obstáculo considerável para a diminuição dos casos graves da doença e se manifesta de maneira cruel no cenário oncológico brasileiro.

Diversos estudos corroboram essa conclusão e demonstram o impacto direto do preconceito racial no diagnóstico, tratamento e sobrevida de pacientes. Em conversa com o Brasil de Fato, o oncologista e pesquisador Jesse Lopes da Silva afirma que a falta de acesso e informação e as condições econômicas estão na lista de fatores que mais exercem influência nessa realidade.

“Essas desigualdades se manifestam na disponibilidade limitada de serviço de saúde, na qualidade dos serviços oferecidos e nas barreiras financeiras que dificultam o acesso a tratamentos eficazes. Fatores econômicos e socioeconômicos, como baixo nível de escolaridade, desemprego, condições de vidas mais precárias e falta de acesso à informação exacerbam essa vulnerabilidade e levam diagnósticos mais tardios e piores desfechos de saúde”, alerta.

Pesquisador do Inca, o especialista também atua no Grupo Oncoclínicas e é fundador do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Ele está entre os autores e autoras de alguns dos estudos que corroboram a percepção de que a população negra é a que mais sofre com as consequências do câncer no Brasil.

Uma dessas pesquisas mostra que, em comparação com as mulheres brancas, as mulheres negras apresentaram 44% mais chances de incidência do câncer de colo do útero. O risco de morte é 27% maior. O dado relativo às mulheres indígenas é ainda mais preocupante e chega a 82%.

“Esses dados impressionam e mostram como fatores sociodemográficos e esses medidores impactam negativamente nos desfechos clínicos dessas pacientes, principalmente de mortalidade”, ressalta o especialista.

O câncer de mama também apresenta uma face mais perversa quando acomete mulheres negras. Uma pesquisa internacional indica que elas têm mais chance de morte, independentemente do subtipo da doença. O chamado triplo-negativo, conhecido por sua maior agressividade, é mais frequente nessa população. Jesse Lopes da Silva salienta que fatores biológicos podem até aparecer, mas novamente, o principal problema está nas barreiras de acesso.

“Em um estudo que publicamos no ano passado sobre padrões de disparidade étnica no Brasil, avaliamos o registro de bancos de dados populacionais e vimos que mulheres negras eram mais propensas a viver em áreas subdesenvolvidas, tinham níveis educacionais mais baixos e maior consumo de álcool quando comparadas a mulheres brancas. São fatores que podem explicar a velocidade mais significativa da taxa de mortalidade nessa população específica”.

Estudos também mostram incidência maior de câncer de próstata entre homens negros. Nesse caso o risco de morte também é mais exacerbado. Adicionalmente, a população negra também é mais afetada por câncer de estômago e fígado, doenças frequentemente associadas a condições como hepatites e infecção por H. pylori, mais comuns em populações vulneráveis.

Em todos os casos, há estudos que indicam o peso de predisposições biológicas nos dados. No entanto, isso também demonstra que essas populações precisam contar com mais assistência, diagnóstico precoce e acesso à informação e prevenção. Novamente, o cenário sofre impacto de fatores sociais.

A solução para esses problemas, segundo Jesse Lopes, passa por uma série de ações, que vão desde a geração de dados por meio de pesquisas até campanhas específicas para a população negra, focadas na detecção precoce e no acesso ao tratamento oncológico. O pesquisador também aponta a urgência de proporcionar formação antirracista a profissionais de saúde e o estabelecimento de alianças com organizações para o direcionamento de recursos.

“Eu costumo dizer que a nossa principal arma é gerar dados. Dessa forma, nós temos como desvendar e tornar público esses desfechos tão díspares, quando se comparam populações vulneráveis com populações mais privilegiadas do ponto de vista racial. Capacitação de profissionais de saúde, promover e proporcionar treinamento sobre diversidade, inclusão para profissionais de saúde, elevando o nível de letramento desses profissionais e ajudando a reconhecer e abordar questões relacionadas ao acesso ao tratamento em diferentes grupos vulneráveis.”

Baixa escolaridade

A baixa escolaridade emerge como um fator de risco adicional, impactando negativamente o enfrentamento do câncer no Brasil. Dados do Observatório da Saúde Pública (OSP) da Umane revelam que, em 2022, 56,3% das pessoas que morreram de câncer de traqueia, brônquios e pulmão tinham até 7 anos de estudo.

Elas também enfrentam mais dificuldades em acessar informações sobre prevenção e tratamento e chegar ao sistema de saúde. Em contrapartida, apenas 9,2% das vítimas desse tipo de câncer possuíam 12 anos ou mais de estudo.

A prevalência do tabagismo, um fator de risco para diversos tipos de câncer, também é maior entre pessoas com menor escolaridade. Em 2023, 12,1% dos fumantes nas capitais brasileiras tinham até 8 anos de estudo, enquanto a média nacional era de 9,3%.

Historicamente mais afetada pela falta de acesso à educação, a população negra é, consequentemente, mais vulnerável aos efeitos nocivos do tabagismo e outros fatores de risco relacionados ao câncer. O racismo estrutural perpetua um ciclo de desigualdade em que a falta de oportunidades educacionais contribui para piores indicadores de saúde.

*BdF

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Brasil

Segundo maior frigorífico do país lucra na Bolsa com lavagem de gado e desmatamento ilegal

Minerva usa recursos do Fiagro e de Certificados de Recebíveis para bancar fornecedores que compram de desmatadores.

Margeado pelas últimas castanheiras que sobreviveram ao desmatamento, o trecho da estrada de terra da RO-370 foi recentemente terraplanado para a chegada do asfalto. A Transboiadeira recebeu máquinas frenéticas antes da temporada de chuvas amazônicas, em outubro de 2024, quando passamos por ela para acessar as fazendas que são o último destino de parte do dinheiro arrecadado pelo Fiagro, o Fundo de Investimento das Cadeias Produtivas Agroindustriais.

Outros dois apelidos do caminho, “estrada do boi” e “estrada do progresso”, reforçam a principal atividade econômica do Cone Sul rondoniense, ao lado da soja. Várias propriedades nesta região criam, recriam e engordam gado para os frigoríficos da Minerva Foods, segunda maior processadora de carnes do Brasil.

Segundo investigação inédita do Joio, a empresa recebeu crédito de ao menos R$ 10,8 bilhões por meio de títulos de dívida do mercado de capitais desde dezembro de 2019, os chamados Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que foram incorporados a vários Fiagro. .

A investigação aponta que ao menos 11 fundos de investimento do agro incluíram, entre seus ativos, três CRA da Minerva, oferecidos a investidores na Bolsa de Valores do Brasil (B3):.

AAZQ11 e AZQA11, da AZ Quest Investimentos;
BBGO11, do BB Asset Management, gestora de ativos do Banco do Brasil;
CPTR11, da Capitania Investimentos;
CRAA11, da Sparta Fundos de Investimento; I
AAG11, do Inter Asset;
JGPX11; da JPG Asset Management;
KNCA11, da Kinea Investimentos, do grupo Itaú;
VCRA11, da Vectis Gestão;
XPAG11 e XPCA11, da XP Investimentos.
O dinheiro de um dos CRA, o CORP Minerva VI, foi usado para reembolsar a empresa pelos gastos com o pagamento de fornecedores de gado num período de dois anos antes do encerramento da oferta. Parte destes fornecedores possuem histórico de desmatamento e participam de redes de lavagem de gado ilegal, conforme revela levantamento do Centro para Análise de Crimes Climáticos (CCCA, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos projetada para apoiar e ampliar a ação climática em todo o mundo, feito a pedido do Joio.

 Foto: Fernando Martinho/O Joio e O Trigo

Entre os fornecedores da Minerva vinculados aos CRA figuram pecuaristas que possuem embargos do Ibama por desmatamento não autorizado e que são partes interessadas em impedir a demarcação de terra indígena Tanaru, conhecida por ter sido o refúgio do “Índio do Buraco”. Em vez da demarcação definitiva da área, os fazendeiros sugerem a criação de um “memorial” em uma parte restrita dos mais de oito mil hectares, de forma que o restante seja entregue para eles.

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) também fornece gado à empresa. Além de “limpar a ficha” de fornecedores que praticam desmatamento, Bagattoli é autor do Projeto de Lei (PL) 3334/2023, que propõe reduzir de 80% para 50% as áreas de Reserva Legal em propriedades privadas no bioma amazônico, o que beneficiaria a todos os pecuaristas desta região – inclusive ele.

Ainda, herdeiros do fundador da Minerva Foods recebem diretamente pagamentos com recursos da Bolsa. Suas fazendas nesta região de Rondônia são um núcleo concentrador de gado de outras propriedades que não estão livres de irregularidades socioambientais.

Os recursos para comprar gado com origem do desmatamento são possíveis por meio do sistema de securitização de dívidas baseado na avenida Faria Lima, no centro financeiro do Brasil, em São Paulo. Escritórios de securitização são responsáveis por estruturar títulos de dívida para empresas, cooperativas ou produtores rurais que queiram financiar suas atividades comerciais sem passar pelo escrutínio de bancos tradicionais.

A Virgo, antiga Isec e responsável por todas as emissões de títulos da Minerva, também emitiu CRA para a gaúcha Vinícola Salton, flagrada com trabalho análogo à escravidão em 2023. No ano seguinte, a securitizadora adiantou R$ 100 milhões para a empresa com a emissão do título de dívida.

Investir nesses títulos e fundos é bastante simples. Até pouco tempo, apenas investidores de alto poder aquisitivo tinham condições de arcar com altas taxas administrativas para fazer negócios na B3, no balcão, por telefone ou em pregões.

Com o avanço das plataformas digitais, a difusão de informações sobre investimentos nas redes sociais e a facilidade de cadastro em aplicativos de corretoras de valores, usando apenas o CPF, qualquer cidadão pode investir no agro e, por vezes, no desmatamento.

As emissões de títulos da Minerva têm prazos de vencimento para os próximos dez anos, até 2034. Isso significa que a empresa tem até uma década para pagar a remuneração acordada com investidores e devolver o valor principal emprestado, seja parcelado ou à vista na data de vencimento.

Para distribuir esses títulos entre investidores, os coordenadores líderes das emissões definem estratégias de alcance dos clientes. Quanto maior o banco de investimento, mais chances têm os fundos e os títulos de decolar no mercado.

Metade dos oito CRA emitidos para a Minerva foram distribuídos pelo BTG Pactual. Ao mesmo tempo em que emplaca, no mercado de capitais, produtos que financiam o desmatamento, o banco também sugere a Amazônia como destino de “paraíso natural” para seus clientes nas redes sociais.

Além do Banco BTG Pactual, a XP Investimentos e o BB Banco de Investimentos, do Banco do Brasil, também figuram como coordenadores líderes de emissões da Minerva.

Os fornecedores da Minerva Foods estão listados nos Termos de Securitização de CRA, documento obrigatório para a emissão dos títulos. O Joio cruzou estas informações com dados públicos de desmatamento. Em nota, a empresa informou que “considerando o fornecimento direto, não foram identificados passivos ambientais ou comercialização irregular” a partir das fazendas identificadas pela reportagem. A empresa também declarou não rastrear seus fornecedores indiretos, meta que deve atingir somente em 2030.

Irmãos na Bolsa

O “CRA Minerva IV” – a 179ª emissão de CRAs pela Virgo – foi lançado ao mercado em setembro de 2023 para arrecadar R$ 2 bilhões. Investidores receberam a oferta para comprar debêntures no valor de R$ 1 mil cada uma. Com a venda de duas milhões de debêntures, a Minerva teve sucesso no lançamento do título.

Uma vez flutuando no mercado, o CRA foi incorporado como ativo de sete Fiagros. O Fiagro é uma espécie de “pacote” em que vários ativos do agronegócio – como imóveis, direitos creditórios e outros títulos – são reunidos e oferecidos em cotas a milhares de investidores –, sendo cada cota um “pedaço” do pacote. Ao adquirir cotas de Fiagro, o investidor aplica em todos os ativos escolhidos pelo gestor do fundo. No caso destes fundos, a aplicação ocorreu em vários CRA, entre eles o da Minerva.

No mercado financeiro, os títulos de dívida da Minerva são considerados por gestoras de fundos como um ativo “high-grade”, ou seja, de alto grau de confiança.

“Enxergamos como sólidos tanto o business da empresa quanto sua posição de caixa, e é uma empresa que pretendemos seguir investindo”, afirma a gestora AZ Quest no relatório gerencial do Fiagro AZ Quest Sole (AAZQ11), de maio de 2024.

Por meio de títulos de dívida e fundos de investimento do agro, herdeiros da Minerva lucram duas vezes.

A primeira, pela injeção de capital na empresa para alavancar a compra de matéria-prima que servirá ao processamento e à exportação de carne e, consequentemente, na valorização da empresa na Bolsa, isto é, elevando o preço de suas ações.

A segunda, pelos pagamentos que, individualmente, parte dos acionistas, que também são pecuaristas, recebem por fornecer gado diretamente à empresa da família.

Esse é o caso dos quatro irmãos Vilela de Queiroz: Ismael, Ibar, Izonel e Edivar. Juntos, eles receberam, entre fevereiro de 2022 e setembro de 2023, R$ 30,9 milhões pelo fornecimento de gado para as unidades frigoríficas da Minerva.

Os irmãos são sócios da VDQ Holdings S.A., empresa da família que detém 22,3% das ações da Minerva Foods. Outros membros da família, como Isabel Cristina de Alcantara Queiroz, Alexandre Vicentini de Queiroz, Rafael Vicentini de Queiroz e Frederico Alcântara de Queiroz, receberam juntos a quantia de R$ 8,7 milhões no mesmo período.

Os valores somados entre irmãos e outros sócios correspondem a 2% da destinação de recursos do CRA da Minerva.

*ICL

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Brasil vai ‘beber da fonte’ da DeepSeek para desenvolver Inteligência Artificial própria

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos”, disse a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em entrevista à CNN.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, disse que a chinesa DeepSeek mostrou que é possível aos países emergentes desenvolver uma tecnologia de inteligência artificial (IA) de baixo custo. Portanto, o país vai “beber da fonte” da empresa, mas com a finalidade de construir modelos próprios.

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos. Mas é óbvio que a gente bebe na fonte daquilo que é mais avançado, até para ter agilidade no desenvolvimento”, disse a ministra em entrevista à CNN.

“O aspecto que considero mais importante é: há um debate de que o volume de investimentos necessário para competir em IA seria inalcançável para emergentes. A DeepSeek conseguiu, com menos recurso, ter a mesma resposta que ChatGPT e outras. Isso reforça a viabilidade do que planejamos”, completou.

No ano passado, a pasta apresentou um plano com R$ 23 bilhões em investimentos em IA para o período entre 2024 e 2028. Cerca de R$ 14 bilhões serão destinados a projetos de inovação empresarial, enquanto mais de R$ 5 bilhões serão investidos em infraestrutura e desenvolvimento de IA.

Há um otimismo dentro do governo de que é possível competir, em pé de igualdade, dentro dessa seara.

Sobre isso, Luciana elencou como vantagens competitivas do Brasil a abundância em energia limpa e água, recursos vitais para IA.

Efeito DeepSeek pode acelerar investimento em IA no Brasil
Os R$ 23 bilhões previstos para investimento em inteligência artificial aproxima o Brasil do padrão de países europeus, embora ainda esteja muito atrás de Estados Unidos e China. “Quando concebemos o plano, reforçamos que não havia razão para estar atrás nesta corrida tecnológica”, disse a ministra.

Em uma entrevista à CNN, o secretário de Inovação do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio), Uallace Moreira, disse que o Brasil está entre os países emergentes com capacidades internas preparadas para, com os incentivos adequados, aproveitar janelas de oportunidade em tecnologias disruptivas, como a IA.

Na semana passada, a startup de tecnologia sediada em Hangzhou lançou um assistente digital gratuito que, segundo ela, usa menos dados e custa uma fração do custo dos modelos de empresas já estabelecidas, possivelmente marcando um ponto de virada no nível de investimento necessário para a IA.

O jornalista do ICL André Graziano testou o aplicativo do DeepSeek e descobriu que ele tem outras características marcantes além das inovações técnicas. Segundo informou o próprio DeepSeek no teste, as informações entregues pela sua IA têm restrições impostas em assuntos considerados sensíveis pelo governo da China.

O teste de Graziano partiu da seguinte pergunta: será que o DeepSeek é livre em todos os sentidos? Para saber o que aconteceu, clique aqui.

A chinesa DeepSeek chacoalhou os mercados financeiros globais nesta semana. Na segunda-feira (27), a empresa ultrapassou o rival norte-americano ChatGPT em downloads na App Store, pois oferece alternativa mais barata de IA.

O movimento colocou em xeque a sustentabilidade do nível de gastos e investimentos em IA por empresas ocidentais, incluindo Apple e Microsoft, segundo o Infomoney.

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Brasil

Brasil já é a sétima maior economia do mundo em paridade do poder de compra

A PPC é um método de comparação entre as economias que leva em conta o custo de bens e serviços em diferentes países.

Dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que o Brasil ocupa a 7ª posição no ranking de países com maior paridade do poder de compra (PPC). Segundo o levantamento, o país aparece à frente de nações como Indonésia, França e Reino Unido. A lista é liderada pela China.

A PPC é um método de comparação entre as economias que leva em conta o custo de bens e serviços em diferentes países. Em vez de usar apenas taxas de câmbio de mercado, que podem distorcer o valor real da economia por variações cambiais ou especulação, a PPC ajusta os valores para refletir quanto é possível comprar em cada país com a mesma quantidade de dinheiro.

Biggest Economics in the World 🌎 (PPP)

1. 🇨🇳 China – $37.07T
2. 🇺🇸 United States – $29.17T
3. 🇮🇳 India – $16.02T
4. 🇷🇺 Russian Federation – $6.91T
5. 🇯🇵 Japan – $6.57T
6. 🇩🇪 Germany – $6.02T
7. 🇧🇷 Brazil – $4.7T
8. 🇮🇩 Indonesia – $4.66T
9. 🇫🇷 France – $4.36T
10. 🇬🇧 United Kingdom – $4.28T

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