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O que restou de Gaza na véspera do cessar-fogo?

A esmagadora maioria dos mais de 47 mil palestinos esmagados por Israel em Gaza em 15 meses é de civis, entre eles mais de 17 mil crianças. Numa palavra, genocídio.

Salvo alguma sabotagem de última hora de Benjamin Netanyahu, o cessar-fogo “entre Israel e o Hamas” começa a valer às 8:30h deste domingo, 19, hora local da Palestina roubada aos palestinos.

Em 15 meses de “guerra entre Israel e o Hamas”, mais de 47 mil palestinos foram mortos pelo exército sionista na Faixa de Gaza, o que representa cerca de 2% da população de Gaza antes de 7 de outubro de 2023.

A esmagadora maioria dos esmagados por Israel em Gaza é de civis, entre eles mais de 17 mil crianças. Repetindo: mais de 17 mil crianças. Numa palavra, genocídio.

Até este sábado, 18, véspera do cessar-fogo, mais de 200 jornalistas, quase todos palestinos, foram assassinados por Israel na Faixa de Gaza neste capítulo mais recente da limpeza étnica da Palestina.

Num outro sábado, 14 de outubro de 2023, com uma semana de bombardeios em Gaza, o “jornalista” Jorge Pontual defendia na TV brasileira o “direito de Israel de atacar o Hamas” e dizia que “um cessar-fogo é o que o Hamas quer, né”.

Naquele mesmo dia, no mesmo canal, outro “jornalista”, Demétrio Magnoli, defendeu a “resposta devastadora” de Israel na Faixa de Gaza e afirmou que os esforços do governo Lula por um cessar-fogo não passavam de “alinhamento com a Rússia”.

Naquele dia, Israel já tinha matado 700 crianças em Gaza, 100 crianças mortas por dia. Dezessete mil cadáveres infantis depois, Pontual e Magnoli seguem pontificando sobre Gaza e sobre tudo na TV.

O mais recente capítulo do genocídio palestino produziu ainda mais de 110 mil feridos em Gaza, grande parte deles gravemente mutilados.

Além dos mortos e feridos contabilizados, outros 11 mil corpos, restos mortais, ainda estão sob os escombros. Será necessário uma década de trabalho para a remoção, sabe-se lá para onde, de 42 milhões de toneladas de escombros.

Em Gaza, 90% das moradias, 80% das lojas, 88% das escolas, 50% dos hospitais, 68% dos campos agrícolas, 65% das estradas foram total ou parcialmente destruídos.

Nas últimas horas, enquanto não dá a hora marcada para o cessar-fogo, o Estado sionista-genocida matou 23 palestinos e deixou 83 feridos na Faixa de Gaza.

É o cenário, é a catástrofe, com os cumprimentos da Casa Branca e da “comunidade internacional”.

*Come Ananás

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Brasil e 9 países expressam “grave preocupação” com promessas de Trump sobre deportação em massa

O posicionamento, embora não se refira a um país específico, está relacionado a um anúncio do presidente eleito dos Estados Unidos.

Os representantes da diplomacia de 10 países de América Latina e Caribe emitiram na 6ª feira (17.jan.2025) uma declaração em que expressam “grave preocupação” com possíveis deportações em massa. A nota não cita nenhum país. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), disse que planeja editar mais de 100 decretos voltados à imigração a partir de 20 de janeiro, data em que toma posse.

Assinaram o texto (íntegra, em espanhol – PDF – 25 kB) Belize, Brasil, Colômbia, Cuba, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México e Venezuela.

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Milei: o sicário do imperialismo estadunidense na América Latina

Javier Milei se posiciona hoje como o governante mais nocivo para os povos latino-americanos em toda a nossa história, principalmente se conseguir cumprir a missão que lhe foi confiada.

Em novembro do ano passado, a revista The Economist deu início a uma operação propagandística com o objetivo de apresentar Javier Milei ao mundo – em especial aos latinos e sul-americanos – como um herói do povo argentino. Foram uma entrevista especial, um artigo de opinião do punho do presidente argentino e três podcasts em seu site louvando o “milagre econômico” causado por sua terapia neoliberal.

Pouco depois, a publicação dos banqueiros britânicos inseriu a Argentina no top 5 de “países do ano”, entre os que supostamente mais melhoraram. “Pode ganhar nosso prêmio pela reforma econômica” – anunciou a revista –, que “deu resultado: a inflação e os custos dos empréstimos caíram, e a economia começou a crescer novamente no terceiro semestre”.

Pobreza, desemprego, carestia
Mas a revista não disse nada sobre o aumento assombroso da pobreza, da miséria e da fome. Em seis meses de governo Milei, 53% dos argentinos já eram considerados pobres (o pior índice em mais de 20 anos). Para fins de comparação, em meados de 2022 esse índice era de 36,5% e em meados de 2023 era de 40%. Dois terços dos menores de 14 anos são pobres, enquanto 18% da população vive hoje na indigência.

Os aposentados na pobreza passaram de 17,2% para 30,8% nos primeiros seis meses de gestão Milei, de acordo com pesquisadores acadêmicos – que afirmam ainda que a pobreza afeta até mesmo os trabalhadores plenamente empregados, em 38%. Antes os aposentados e os empregados formais “gozavam de certo tipo de proteção diante da pobreza”, dizem os pesquisadores. “Agora estão vendo piorar suas condições de vida e se veem atingidos pela pobreza.”

Todos os dias, centenas de argentinos enfrentam filas enormes para cruzar a fronteira com o Brasil para poder comprar produtos básicos à metade do preço. “Somos de classe média e sempre vivemos bem, mas agora ficou complicado”, disse uma senhora à reportagem do canal C5N, nos limites com Foz do Iguaçu. “Na Argentina está impossível, não dá nem para comprar bife”, afirmou um homem. As pessoas vêm ao Brasil comprar frutas, verduras, frango, carne bovina e até mesmo arroz e feijão. “Um quilo de arroz na Argentina vale o mesmo que três quilos de arroz no Brasil”, declarou outra mulher. Quando o repórter perguntou desde quando ela enfrenta essa situação, seu marido respondeu: “desde que Milei entrou.”

Trata-se de uma política de terra arrasada. Segundo o INDEC, o índice de produção industrial manufatureira é negativo e caiu mais de 10% entre janeiro e novembro de 2024 comparado com o mesmo período de 2023. A área da construção teve uma redução ainda mais assustadora: 23,6% em um ano, enquanto o setor metalúrgico diminuiu 12% entre meados de 2023 e meados de 2024 – com uma queda de 17% na produção de maquinário e outros 17% na fundição. Em um evento com industriais, o governador de Buenos Aires, Axel Kiciloff, disse que a capacidade instalada da indústria “está na metade”.

Submissão ao imperialismo
Milei está entregando a economia argentina para o capital estrangeiro – particularmente o imperialismo. Na semana passada, ele privatizou a Impsa, uma das mais importantes companhias do país, com quase 700 funcionários que participam em projetos-chave nos setores hidrelétrico, nuclear, petrolífero, gasífero e eólico. Quem comprou a empresa foi a estadunidense ARC Energy, de propriedade de financiadores da campanha de Donald Trump.

O novo ocupante da Casa Branca, por sua parte, é um defensor do protecionismo da indústria norte-americana e quer os Estados Unidos “grandes novamente”. Milei também tem se mostrado um protetor das empresas dos EUA e que quer ver os EUA tão grandes que ocupem a Argentina, ao que parece. Outro exemplo é a concessão da Hidrovía Paraná-Paraguay, administrada em conjunto por uma empresa belga e outra argentina até 2021, quando passou para as mãos do Estado. Milei abriu uma nova concessão no final do ano e retirou a possibilidade dos chineses vencerem a licitação (sendo os favoritos para tal) ao impedir que ela fique em mãos de empresas estatais. A rota é responsável por 80% das exportações da Argentina e um ativo geopolítico estratégico para os Estados Unidos, que já está bem posicionado naquela zona através da DEA – e também no Ushuaia, graças ao estabelecimento de uma “base naval conjunta” anunciada por Milei após reunião com o Comando Sul dos EUA na Patagônia em abril.

*Arte: diodotus / DeviantArt

*Diálogos do Sul

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Gabinete de segurança de Israel aprova acordo, mas cessar-fogo em Gaza ainda depende do aval de Netanyahu

Ministros israelenses se reuniram para debater trégua com Hamas na Faixa de Gaza.

O gabinete de segurança de Israel aprovou, nesta sexta-feira (17), o acordo de trégua com o Hamas na Faixa de Gaza que permitirá a troca de reféns por prisioneiros palestinos, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

A pré-aprovação pelo gabinete de segurança vêm após Israel acusar o Hamas, na última quinta-feira (16) de “não ter cumprido partes do acordo em uma tentativa de obter concessões de última hora”. Mas um alto dirigente do movimento islamista palestino, Sami Abu Zuhri, respondeu que as acusações não tinham “nenhum fundamento”.

A denúncia veio acompanhada de uma ameaça de que o governo Netanyahu não se reuniria para aprovar o cessar-fogo enquanto o grupo palestino não recuasse nos supostos descumprimentos. Apesar da advertência, as autoridades israelenses recuaram.

O governo Netanyahu se reunirá ainda nesta sexta-feira para decidir o veredito final sobre o acordo. Caso aprovado, o cessar-fogo deve entrar em vigor no próximo domingo (19). De acordo com manifestações de seus ministros nos últimos dias, alguns ministros de extrema direita do governo Netanyahu devem rejeitar o acordo, mas sendo minoria, o cessar-fogo deve ser aprovado.

O ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, declarou que renunciaria se o governo adotasse a resolução, que classificou como “terrível” e alegou que “conhecia bem os seus detalhes”, mesmo antes de sua publicação. No entanto, enfatizou que seu partido, Poder Judaico, não deixaria a coalizão com Netanyahu, do Likud.

Acordo de três fases

O acordo anunciado pelo Catar e Estados Unidos após 15 meses de genocídio na Faixa de Gaza prevê, em uma primeira fase de seis semanas, liberar 33 reféns em Gaza, em troca de mil prisioneiros palestinos que estão presos em Israel.

Um responsável governamental israelense declarou à AFP que as famílias dos reféns foram informadas e estavam realizando os preparativos para recebê-los. Neste primeiro momento, mulheres e crianças devem ser libertados.

Como parte do acordo, as tropas israelenses se retirarão das áreas densamente povoadas no enclave palestino. A segunda fase, ainda em negociação, verá a libertação dos reféns restantes, homens e soldados, e a retirada das tropas israelenses do território palestino.

A terceira e última fase terá como foco a reconstrução da Faixa de Gaza e o retorno dos corpos dos reféns mortos.

Pontos delicados como o futuro político de Gaza não estão sendo debatidos ainda. Netanyahu exige que o Hamas, que atua como um grupo armado de resistência e administra partes do enclave, e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) – governo limitado estabelecido para o enclave após os acordos entre Tel Aviv e Gaza em 1993, não façam parte da administração.

Já o primeiro-ministro palestino, Mohammed Mustafa, da ANP, defende a pressão internacional sobre Israel para garantir a criação do Estado Palestino. As autoridades de Gaza também rejeitam qualquer interferência estrangeira.

Israel intensifica ataques

Antes do cessar-fogo entrar em vigor, bombardeios israelenses no território palestino ainda ocorrem. Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde de Gaza registrou 88 mortes. Essa cifra eleva o número total de mortos em Gaza para 46.876 em mais de 15 meses de conflito, a maioria civis, entre mulheres e crianças, de acordo com dados considerados confiáveis pela ONU.

Na quinta-feira, o Exército israelense indicou que atacou “50 alvos” em 24 horas. As Forças de Defesa Israelenses (IDF) apostam na narrativa da eliminação de “terroristas do Hamas”, quando, na verdade, a maioria das vítimas são civis. Os ataques de Tel Aviv na Faixa de Gaza causaram mais de cem mortos, segundo as equipes de emergência, desde o anúncio do acordo na última quarta-feira (15).

O genocídio de Israel contra os palestinos, que deixou Gaza com um nível de destruição “sem precedentes na história recente”, de acordo com a ONU, eclodiu em 7 de outubro de 2023 após um ataque do Hamas em solo israelense.

Os comandos palestinos mataram 1.210 pessoas, em sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Eles também sequestraram 251 pessoas, 94 das quais permanecem em Gaza. Pelo menos 34 delas teriam morrido, de acordo com o Exército israelense. De acordo com o Hamas, os reféns mortos foram vítimas dos próprios bombardeios de Tel Aviv no enclave.

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Suprema Corte dos EUA: TikTok pode ser banido a partir de domingo. Bolsonaristas no Brasil se calam

Vamos ver o que a direita bolsonarista dirá sobre isso.
A Suprema Corte mantém lei que determina venda ou banimento do

TikTok nos EUA
Imagina o STF fazer o mesmo aqui no Brasil com o Facebook, Twitter e Instagram.

O que essa direita bolsonarista, que está hoje umbilicalmente ligada a essas big techs esperneariam.

Lógico que diriam que vivemos uma ditadura do STF.

Mas, nas terras de Trump, pode né.

A Suprema Corte dos EUA decidiu nesta sexta-feira (17) contra o TikTok, que contestou uma lei federal que exige que o aplicativo de vídeos fosse vendido por sua empresa controladora chinesa ByteDance até 19 de janeiro. Dessa maneira, segundo a lei, o aplicativo pode ter sua operação bloqueada no país a partir deste domingo.
Então vem a pergunta: quem vai ficar com o Tik Tok nos EUA?
Já dá para imaginar.

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Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo e libertação de reféns

Após intensas negociações mediadas pelo Catar, Israel e o Hamas fecharam um acordo de cessar-fogo, que inclui a libertação de reféns e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A notícia foi confirmada nesta quarta-feira (15) pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O acordo ocorre 15 meses após o início do conflito em outubro de 2023, que resultou na captura de 251 reféns pelo Hamas. Destes, 94 permanecem em Gaza; acredita-se que 60 estejam vivos.

A data de início foi definida para o dia 19, domingo próximo, de acordo com uma alta autoridade de um dos países mediadores e duas altas autoridades israelenses. O acordo precisa ser formalmente ratificado pelo gabinete israelense, de acordo com as autoridades. Também há detalhes técnicos que precisam ser trabalhados. Duas outras autoridades disseram que houve uma disputa de última hora sobre a fronteira Egito-Gaza, que atualmente é controlada por forças israelenses, segundo o Vermelho.

O gabinete de Netanyahu deve votar o acordo nesta quinta-feira (16), sob pressão contrária da ultradireita do governo. A primeira fase da libertação de reféns está prevista para começar no domingo, enquanto negociações para uma segunda rodada, incluindo a libertação de homens em idade militar, devem ocorrer após 16 dias.

Para implementar o acordo, a equipe de negociação do Hamas nas negociações em Doha, no Catar, precisa obter o consentimento dos comandantes do grupo em Gaza, incluindo Muhammad Sinwar, cujo irmão Yahya liderou o grupo antes de ser morto por Israel em outubro.

Os termos do acordo

Embora os detalhes finais ainda estejam em negociação, as principais cláusulas incluem:

Libertação de reféns: O Hamas libertará 33 reféns, incluindo mulheres, crianças, idosos e feridos, em troca da liberação de cerca de 1.000 prisioneiros palestinos por Israel.
Cessar-fogo inicial de seis semanas: Um período de trégua permitirá a entrada de 600 caminhões diários com ajuda humanitária, incluindo alimentos, medicamentos e combustível.
Retirada de tropas israelenses: Israel começará a se retirar das áreas densamente povoadas de Gaza, mantendo uma zona de segurança ao leste da Faixa.
Reabertura da passagem de Rafah: A fronteira entre Gaza e o Egito será gradualmente reaberta para civis desarmados e ajuda humanitária.

Impactos humanitários

O acordo promete aliviar a crise humanitária em Gaza, onde 2 milhões de pessoas enfrentam deslocamento, escassez de alimentos e colapso dos serviços básicos. Com o envio de combustível, hospitais poderão retomar operações e sistemas de água e esgoto serão reparados.

A notícia foi recebida com celebrações nas ruas de Gaza e de cidades israelenses. No entanto, tanto o Hamas quanto o governo de Israel destacaram que questões importantes, como a governança futura de Gaza, ainda precisam ser negociadas.

Organizações humanitárias da ONU, já se mobilizam para implementar o plano de ajuda, enquanto diplomatas afirmam que o acordo representa um avanço crucial, mas frágil, para a resolução do conflito.

Com 45 mil mortos desde outubro de 2023, a esperança é de que o cessar-fogo marque o início de um caminho para a paz duradoura, apesar da intransigência de Israel. O acordo na mesa vem depois que meses de diplomacia de vaivém falharam em acabar com a guerra em Gaza, que começou depois que o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e fez 250 reféns. Cerca de 105 cativos foram libertados posteriormente em um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023 em troca de 240 prisioneiros palestinos.

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Vitória do povo de Cuba: EUA retiram o país da lista de supostos patrocinadores de terrorismo; TeleSur ao vivo

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Por que Israel bombardeia as casas dos palestinos no meio da noite?

Bombardeios noturnos de Israel são parte da estratégia de forçar os palestinos a fugirem de suas casas; quase mil famílias palestinas já foram aniquiladas,

s 22 horas do dia 28 de outubro de 2024, a força aérea israelense atingiu um prédio de cinco andares em Beit Lahiya, na área norte de Gaza. Esta região tem sido bombardeada pelos israelenses desde 8 de outubro de 2023. Não houve trégua para os moradores dessa cidade, que fica ao norte do campo de refugiados de Jabaliya. Durante os primeiros meses do bombardeio, Sahar, de 42 anos, fugiu da área com seu filho de onze anos e o restante de sua família. Ela disse à Human Rights Watch que isso se deu “devido ao bombardeio excessivo contra casas de civis, que matou famílias inteiras”. Asma, de 32 anos, saiu de Beit Lahiya para a área supostamente segura de al-Mawasi. “Vivemos em um cenário de desastre”, diz ela. “E não temos esperança, morremos de fome e estamos sitiados.”

A família Abu Nasr não deixou a região de Beit Lahiya. Na verdade, encontraram abrigo no prédio da outra parte da família, achando que a localização do prédio, em uma área residencial, poderia lhes dar alguma imunidade contra os ataques israelenses. Na noite de 28 de outubro de 2024, havia 300 pessoas morando nos dez apartamentos do edifício. O local estava cheio, mas eles se sentiam seguros.

Quando o míssil foi lançado às 22h, a escada foi destruída e, portanto, impediu a fuga de qualquer pessoa que não estivesse no térreo do edifício. Muhammed Abu Nasr, de 29 anos, morava no térreo com sua esposa e filhos. Eles pularam o muro do edifício e foram para a casa de um vizinho. Mais tarde, Muhammed disse ao escritor Asil Almanssi: “Não dormi aquela noite inteira, pensando em meus pais, meus irmãos, minhas sobrinhas e sobrinhos. Como pude deixá-los e fugir? Eu fui realmente um covarde, um traidor? Os pensamentos me atormentavam, e eu não conseguia saber se tinha feito a coisa certa ou não.” Mas era a única coisa que ele poderia ter feito. Ter ficado em um prédio com uma escada bombardeada teria sido insensato. As famílias presas no prédio ligaram para a Defesa Civil de Gaza. Não havia nada que pudesse ser feito por elas até a manhã seguinte. Eles fizeram as malas e aguardaram o amanhecer, quando esperavam que pudessem ser resgatados dos andares superiores do prédio danificado.

Então, como se tivessem previsto isso durante toda a noite, às 4h da manhã, os israelenses atacaram esse edifício residencial mais uma vez. Dessa vez, eles atingiram o núcleo dos apartamentos. Muhammed Abu Nasr, agora deitado na casa de um vizinho, ouviu “uma explosão mais alta do que qualquer outra coisa que eu já havia ouvido. Parecia que um terremoto havia sacudido toda a área, com o chão tremendo violentamente e partes das paredes da casa em que eu havia me refugiado desabando”. Era uma bomba enorme. Muhammed ouviu sua família pedindo ajuda e gritando que havia cadáveres entre eles. Não havia nada a ser feito. Os aviões israelenses enchiam os céus. Era possível que houvesse outro ataque.

Quando as equipes de resgate começaram a remover os escombros, encontraram sobreviventes, feridos com pernas quebradas e pulmões perfurados. Mas também descobriram que mais de 100 pessoas da família Abu Nasr estavam mortas. Esse foi um massacre horrendo de uma família em uma área residencial bem conhecida. Carroças e ombros resistentes transportaram os feridos para o Hospital Al-Helou, uma maternidade que sofreu ataques israelenses em novembro de 2023, mas que agora segue funcionando parcialmente. Foi no hospital que Asil Almanssi ouviu Bassam Abu Nasr (de cinco anos), o único sobrevivente de sua família imediata, dizendo repetidamente: “Quero meu pai”. Mas seu pai havia sido morto pelos israelenses.

Por que às 4 horas da manhã?
Durante a Primeira Grande Guerra (1914-1919), ambos os lados usaram aeronaves para transportar bombas que pudessem ser lançadas em alvos inimigos, inclusive em áreas residenciais. Essas aeronaves não possuíam bons dispositivos de navegação, mas seus adversários tampouco tinham algo além de holofotes para encontrá-las no céu. Voar com bombardeiros lentos à luz do dia os teria exposto aos velozes caças, e é por isso que eles voavam sob a cobertura da escuridão da noite. É por isso que os bombardeios durante a Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial foram realizados à noite. Após a Grande Guerra, o primeiro-ministro britânico Stanley Baldwin disse à Câmara dos Comuns a verdade sobre o uso do bombardeio aéreo naquela época: “O bombardeiro sempre conseguirá passar. A única defesa está no [ataque], o que significa que você precisa matar mais mulheres e crianças e mais depressa do que o inimigo se quiser se salvar” (10 de novembro de 1932).

Os comentários de Baldwin em 1932 ocorreram sete anos após duas outras potências europeias (Espanha e França) terem incentivado mercenários dos Estados Unidos a bombardear a cidade marroquina de Chefchaouen em plena luz do dia. A Espanha e a França queriam acabar com a rebelião liderada por Abd el-Krim, conhecida como a Guerra do Rif (1921-1926). Os pilotos dos Estados Unidos, que formavam o Esquadrão Lafayette, voaram em bombardeiros biplanos Breguet 14 e realizaram 350 bombardeios. Como os combatentes do Rif tinham armas antiaéreas razoáveis onde estavam localizados, o Esquadrão Lafayette foi instruído a bombardear áreas indefesas, como a cidade de Chefchaouen e seus vilarejos vizinhos.

“Nosso objetivo”, escreveu o capitão Paul Rockwell, “era Chefchaouen, a cidade sagrada das tribos Djebala”. A cidade, observou ele, “já havia sido bombardeada anteriormente e, devido ao seu prestígio e sacralidade como santuário sagrado, esperava-se que um ataque aéreo contra ela intimidasse os Djebalas e fosse eficaz para afastá-los da causa de Abd el-Krim”. Em outras palavras, o bombardeio não tinha como fim atingir alvos militares, mas causar sofrimento psicológico entre os combatentes do Rif. O esquadrão bombardeou a cidade e seus arredores cerca de cinco vezes por dia, lançando “mais de quatro toneladas de projéteis”, o que era muito para aquela época. Eles até bombardearam um vilarejo que já havia se rendido. Não sabemos o número de mortes de civis. Esse número não foi registrado.

“A cidade parecia adorável vista do ar”, escreveu Rockwell, “abraçada por sua alta montanha e cercada por muitos jardins e plantações verdes”. A cidade foi bombardeada para enviar uma mensagem aos rebeldes do Rif. Essa foi a guerra colonial em sua forma mais voraz. E, por ter ocorrido nas colônias, o massacre em Chefchaouen foi esquecido (ao contrário, por exemplo, do bombardeio espanhol e alemão de Guernica – uma cidade europeia – em 1937, agora eternizado na famosa pintura de Pablo Picasso).

Na década de 1970, as autoridades municipais determinaram que as paredes da cidade fossem pintadas de azul para atrair turistas e – dizem alguns – para repelir mosquitos; a cidade, quando a visitei há uma década, é lembrada por suas paredes azuis e não pelo massacre de 1925. Nunca aprendemos as lições da história.

O povo de Gaza não tem capacidades antiaéreas. Eles não podem abater as aeronaves israelenses. No máximo, eles conseguem atingir drones que voem baixo. As aeronaves que bombardeiam as áreas residenciais de Gaza não voam à noite porque têm medo de serem abatidas. Eles voam à noite porque são capazes de amedrontar totalmente a população, matando famílias inteiras em suas casas e, assim, ameaçando outras famílias com a aniquilação. “Intimide os Djebalas”, escreveu Rockwell, o que pode ser facilmente atualizado para “intimide os palestinos”. Uma bomba que cai em uma casa às 4h da manhã com certeza matará os civis que estiverem dormindo lá. Isso faz com que os civis queiram fugir de suas casas. Criar as condições para essa fuga é o crime de limpeza étnica. “Vivemos em um desastre”, disse Asma, que fugiu de sua casa, mas não saiu de Gaza.

O inimaginável
Para muitos palestinos, mesmo depois desse ano terrível de genocídio, sair de Gaza é perder a Palestina, ou seja, fazer parte da Nakba (catástrofe) permanente que foi iniciada pelos israelenses em 1948. Eles não se abalarão, mesmo com as ondas de bombardeios noturnos que exterminam família após família. Até o momento, quase mil famílias foram totalmente aniquiladas. Uma investigação da Al Jazeera registra que 393 membros da família al-Najjar foram mortos, 226 membros da família al-Masry e 225 da família al-Astal.

Em 10 de outubro de 2023, às 20h30, uma bomba de 2 mil libras (907 kg) aterrissou na casa da família al-Najjar em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza. A bomba matou 21 membros da família, parte dos 393 membros da família al-Najjar mortos ao longo do ano passado. Suleiman Salman al-Najjar, de 48 anos, estava no Hospital Mártires de al-Aqsa naquela noite. Ele sobreviveu à bomba. Mas sua esposa, Susanne Subhi Asalam Najjar, de 40 anos, e quatro de seus filhos – Farah (23 anos), Nadim (20 anos), Yazan (14 anos) e Safa (17 meses) – morreram. Mais tarde, ele disse à Anistia Internacional que, embora tenha conseguido recuperar o corpo de seu filho Nadim, só conseguiu encontrar uma mão da filha Safa. “Todos estavam sob os escombros. A casa foi completamente pulverizada. Os corpos foram reduzidos a pedaços. Nossas vidas foram destruídas em um momento. Nossa família foi destruída. Algo que era impensável agora é nossa realidade.”

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Trump mostra o tamanho do pepino em que os EUA estão nas mãos

Trump é o retrato do barata voado império escancaradamente decadente

A questão não é se Trump fará ou não o que ameaça, mas a decadência dos EUA pra ter um sujeito desses na presidência.

Muito antes de se mostrar totalmente inepto para lidar com catástrofes como os incêndios de Los Angeles, os EUA não produziu um único aparelho respirador durante a pandemia de Covid. Ficou 100% dependente da China.

Trump é só mais um falastrão que não tem a menor ideia de como tentar frear o trem chamado China que está atropelando o império.

Só a mídia nativa, 100% pró EUA, vive da nostálgica visão de um país que um dia foi um império. Desde Buch os EUA estão procurando a bola. Daí, ficam estampando em garrafais as ameaças funestas de um presidente condenado por inúmeros crimes como Trump.

Enquanto o cão Trump ladra, a caravana da China tratora os Yankees com recorde de superávit comercial de trilhão.

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Superávit comercial da China atinge recorde de quase 1 trilhão de dólares em 2024

Autoridades chinesas afirmam que o resultado não é um objetivo traçado pela política econômica na China.

O saldo da balança comercial da China foi de 7 trilhões de yuans (R$ 5,8 tri ou quase 1 trilhão de dólares) em 2024, atingindo um novo recorde para a crescente economia do país.

O valor das exportações de bens da China em 2024 foi de 25,45 trilhões de yuans (R$ 21,18 trilhões), o que representou um aumento de 7,1% em comparação com 2023, e o oitavo ano de crescimento consecutivo, segundo dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas (AGA) nesta segunda-feira (14). As importações tiveram um crescimento de 2,3% e somaram 18,39 trilhões de yuans (R$ 15,3 tri) em 2024.

O resultado tem a ver com o nível de oferta e demanda globais, “a divisão industrial do trabalho e a competição de mercado”, disse Wang Lingjun, vice-chefe da Administração Geral de Alfândegas da China em coletiva de imprensa, onde frisou que o superávit comercial não é um objetivo da política econômica da China.

No final do ano passado, a Conferência Central de Trabalho Econômico da China afirmou que há no país “insuficiente demanda interna, dificuldades de produção e operação para algumas empresas”, e que “emprego e crescimento da renda” estão sob pressão.

Assim, a conferência, que é a reunião anual mais importante sobre economia do país, determinou como tarefas prioritárias para 2025, entre outras, impulsionar o consumo interno, aumentar a renda e reduzir os custos para grupos de renda média e baixa. 2025 é o último ano do 14° Plano Quinquenal.

O nível de superávit comercial “não é sustentável”, disse o economista Yao Yang, em entrevista ao Brasil de Fato. “Há muitos países adicionando tarifas sobre as exportações chinesas, incluindo o Brasil. Haverá ações defensivas tomadas por outros países”.

Yao, que é reitor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim, afirma que há uma transformação na estrutura econômica da China e que a conjuntura econômica global está levando o governo a tentar acelerar o processo de mudança.

“Há uma espécie de urgência para acelerar a transformação de uma economia impulsionada pela exportação para uma economia impulsionada pelo consumo doméstico, então é por isso que o governo colocou o consumo como primeira prioridade neste ano”, explica o economista.

Destino e tipo das exportações

O setor manufatureiro foi responsável por 98,9% das exportações da China em 2024, de acordo com o diretor do Departamento de Estatística e Análise da AGA, Lyu Daliang.

A exportação de circuitos integrados da China aumentou 18,7%, a exportação de módulos de tela plana aumentou 18,1% e a de equipamentos de engenharia naval e marítima aumentou 60,1% em 2024, de acordo com o funcionário.