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Israel controla 50% de Gaza; ataques continuam

Mais de 50 mil palestinos foram mortos durante a guerra

Israel já dominou pelo menos 50% da Faixa de Gaza de acordo com a Associated Press. Após exatos 18 meses de conflito, o que resta do território é destruição por toda parte: prédios demolidos, casas viraram pó, plantação desapareceram e até árvores sumiram.

Ataques de Israel e Hamas continuam
Ataques continuam com intensa força após primeiro cessar-fogo iniciado em 19 de janeiro ser dado como encerrado no dia 18 de março — o acordo nunca foi cumprido devidamente pelas partes que mantiveram atuações das forças armadas.

Neste domingo (6), Israel fez ofensiva que resultou na morte de 32 pessoas, sendo maior parte mulheres e crianças. A situação aconteceu enquanto o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu viaja para os Estados Unidos (EUA) para se encontrar com Donald Trump.

Em defesa, a ação foi justificada como retaliação por ataque feito pelo Hamas ao sul do país. O grupo disparou cerca de 10 projéteis, maioria foi interceptado pelo sistema de defesa israelita.

Hamas por sua vez justificou a ação devido as mortes de palestinos pelo exército de Netanyahu.

Informações da Folha de S. Paulo dizem ainda que o exército israelense escolheu conscientemente atacar uma equipe médica da Cruz Vermelha em 23 de março. Na ação 15 trabalhadores morreram.

O governo também bloqueou a importação de alimentos, combustível e ajuda humanitária durante o mês de março para o território de Gaza, que depende muito de assistência externa.

Durante a Guerra entre Israel e o Hamas, mais de 62 mil palestinos foram mortos, de acordo com o Al Jazeera. Segundo o mesmo veículo, no lado de Israel pouco mais de mil foram mortos pelas forças do Hamas.

Devido a dificuldade da imprensa de estar no território e de verificar os dados, a informação é desatualizada de 3 de fevereiro. Os números podem ser ainda maiores e mais discrepantes.

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Bolsas asiáticas e europeias desabam por temor de guerra comercial em larga escala

Nos mercados asiáticos, todos os valores foram afetados, das empresas de tecnologia até automóveis, passando por bancos.

As Bolsas da Ásia e da Europa desabaram nesta segunda-feira (7) devido ao temor de uma guerra comercial que provoque uma recessão em larga escala, desencadeada pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos contra seus parceiros comerciais.

A Bolsa de Tóquio despencou 7,8%, Seul perdeu 5,6% e Sydney 4,2%. Hong Kong teve queda de 13,22%, o pior resultado em uma sessão desde 1997, durante a crise financeira asiática.

Na Europa, os principais índices abriram em queda livre, seguindo a tendência dos mercados asiáticos.

Frankfurt cedia 7,86% depois de registrar perdas de mais de 10% durante alguns minutos. Paris abriu em queda de 6,19%, Londres recuava 5,83%, Madri 3,6% e Milão 2,32%.

O presidente Donald Trump desencadeou uma tempestade nos mercados na semana passada com o anúncio de uma série de tarifas sobre países de todo o mundo, incluindo seus principais parceiros comerciais, como China e União Europeia.

Trump acusa estes países de “saque” e, em consequência, decidiu impor uma tarifa universal de 10% a todos os produtos importados pelos Estados Unidos, medida que entrou em vigor no sábado.

A partir de quarta-feira (9) devem entrar em vigor tarifas para os principais parceiros comerciais de Washington, incluindo a União Europeia (20%) e China (34%).

Na sexta-feira, após o fechamento dos mercados asiáticos, Pequim anunciou, em retaliação, tarifas de 34% para todos os produtos americanos a partir de 10 de abril.

Também impôs controles de exportação para sete minerais raros, incluindo o gadolínio, que é utilizado em ressonâncias magnéticas, e o ítrio, utilizado em produtos eletrônicos.

O vice-ministro do Comércio, Ling Ji, afirmou durante uma reunião no domingo com representantes de empresas dos Estados Unidos que as tarifas chinesas “protegem firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas, incluindo as americanas”.

As contramedidas também procuram “recolocar os Estados Unidos no caminho certo do sistema comercial multilateral”, insistiu aos participantes, que incluíam representantes da Tesla, GE Healthcare e Medtronic.

“A raiz do problema das tarifas está nos Estados Unidos”, disse Ling. “A China foi, é e continuará sendo um lugar ideal, seguro e promissor para os investidores estrangeiros”, acrescentou. O ministro fez um apelo às empresas para que “adotem medidas pragmáticas para manter conjuntamente a estabilidade das cadeias de suprimento mundiais e promover a cooperação mútua e os resultados benéficos para todos”.

As esperanças de que Trump reconsidere sua política acabaram no domingo, quando ele afirmou que não chegará a um acordo a menos que, primeiro, sejam resolvidos os déficits comerciais.

“Às vezes você tem que tomar um remédio para consertar algo”, disse a bordo do Air Force One.

Bolsas asiáticas e europeias desabam por temor de guerra comercial em larga escala

Todos os setores das bolsas afetados
Nos mercados asiáticos, todos os valores foram afetados, das empresas de tecnologia até os automóveis, passando pelos bancos, cassinos ou empresas de energia.

Entre os principais perdedores estão as grandes empresas de tecnologia chinesas como Alibaba, que perdeu mais de 17%, e sua rival JD.com (14%).

“Poderíamos ver muito rapidamente uma recessão nos Estados Unidos e poderia durar aproximadamente um ano, bastante prolongada”, aponta Steve Cochrane, economista chefe para Ásia e Pacífico da Moody’s Analytics.

Além disso, a preocupação com a demanda fez o petróleo registrar queda de mais de 3% nesta segunda-feira.

O cobre, um componente vital para armazenamento de energia, veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas, também ampliou as perdas.

A previsão para o Dow Jones e o S&P 500 nos Estados Unidos também aponta grandes perdas, como as registradas na sexta-feira passada, de acordo com o ICL.

“Até agora, a equipe de Trump não está recuando (…) Está claro que Washington está utilizando as dificuldades do mercado como alavanca para negociar, e não como um sinal que os incentive a mudar de rumo”, disse Stephen Innes, da SPI Asset Management.

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Xi Jinping é o grande vencedor da guerra tarifária de Trump, aponta The Wall Street Journal

Segundo o jornal, medidas unilaterais adotadas por Trump provocaram o isolamento dos Estados Unidos e fortaleceram a posição global da China.

O presidente da China, Xi Jinping, está colhendo os maiores frutos da guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato. A análise é do The Wall Street Journal e foi repercutida neste domingo (6) pela Sputnik Brasil, que destaca os efeitos colaterais das tarifas impostas por Washington sobre as relações geopolíticas globais.

“As tarifas generalizadas do presidente Trump mudarão a ordem mundial de várias maneiras, e um vencedor já está surgindo: Xi Jinping. O presidente chinês teve uma semana excelente”, aponta o Wall Street Journal, em referência à recente escalada nas tensões comerciais.

Segundo o jornal, os Estados Unidos passaram anos pressionando países europeus a reduzir os laços econômicos com a China. No entanto, as medidas protecionistas adotadas por Trump acabaram provocando o efeito inverso. A retomada do diálogo entre Europa e Pequim, segundo a análise, é apenas uma questão de tempo.

Além da Europa, os países asiáticos também tendem a se aproximar ainda mais de Pequim, impulsionados pelo crescente sentimento antiamericano, avalia o jornal. “Insatisfeito com as tarifas dos EUA, o Ocidente mostrou à China, nesta semana, sua desconexão e fraqueza”, conclui a publicação.

O mais recente movimento de Trump ocorreu na quarta-feira (3), quando o presidente norte-americano assinou uma ordem executiva determinando tarifas recíprocas sobre importações dos Estados Unidos. A taxa mínima estabelecida foi de 10%, com percentuais mais elevados para países que apresentam déficit comercial com os norte-americanos. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, a medida visa equilibrar as balanças bilaterais.

Em resposta, o governo chinês anunciou tarifas adicionais de 34% sobre todos os produtos importados dos Estados Unidos. A medida entrará em vigor em 10 de abril, intensificando ainda mais a disputa entre as duas maiores economias do mundo.

*The Wall Street Journal /247

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Tarifaço de Trump: Índices futuros desabam e o mundo pode viver um dos maiores colapsos da história nesta segunda-feira

Investidores se preparam para perdas históricas nos mercados de ações.

Reuters – Os mercados globais estão prestes a enfrentar uma das semanas mais turbulentas da história recente, após a imposição inesperada de tarifas comerciais pelo governo dos Estados Unidos. Os índices futuros das bolsas norte-americanas abriram em forte queda na noite deste domingo (6), indicando que o movimento de liquidação que já derrubou trilhões de dólares em valor de mercado pode continuar com intensidade nesta segunda-feira.

Os contratos futuros do S&P 500 caíam 4% nas negociações noturnas, enquanto os do Dow Jones recuavam 3,8%. O Nasdaq 100, mais sensível às expectativas de crescimento, registrava queda ainda maior, de 4,6%. Os temores são consequência direta do chamado “tarifaço” anunciado pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira, surpreendendo os mercados com medidas mais agressivas do que o esperado.

Nos dois dias seguintes ao anúncio, o índice S&P 500 acumulou uma queda de 10,5%, perdendo cerca de US$ 5 trilhões em valor de mercado — o pior desempenho em dois dias desde março de 2020. Com esse movimento, o índice já acumula um recuo superior a 17% em relação ao pico histórico registrado em 19 de fevereiro, aproximando-se do chamado território de bear market, definido por uma queda superior a 20%.

“O bull market está morto”, afirmou Mark Malek, diretor de investimentos da Siebert Financial, antes da abertura dos futuros. “Podemos até ver algum ganho pontual nos próximos dias, mas por enquanto nada será sustentável.” Para ele, o impacto das tarifas, combinado com o início da temporada de divulgação de resultados do primeiro trimestre, está criando um cenário especialmente pessimista.

Apesar da escalada das perdas, a equipe econômica de Trump tentou minimizar os riscos. Em entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC News, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou que “não há razão” para esperar uma recessão, tentando acalmar os investidores.

Alguns analistas, no entanto, ainda enxergam espaço para uma recuperação técnica nos próximos dias. “É provável que vejamos um dia de alta nesta semana”, avaliou Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers. Já Alex Morris, diretor de investimentos da F/m Investments, destacou que uma recuperação mais duradoura pode levar tempo: “Talvez tenhamos um dia com as telas em verde, mas um rali verdadeiro pode demorar três ou quatro semanas. Só então as pessoas começarão a dizer que já tiramos ar suficiente do balão”.

Diante de um cenário global cada vez mais instável, o mundo acompanha atento a abertura dos mercados nesta segunda-feira. As próximas horas serão cruciais para determinar se o impacto do tarifaço de Trump se limitará a uma correção pontual ou desencadeará um dos maiores crashes financeiros da história.

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China sobre as tarifas de Trump: ‘Não provocamos problemas, mas também não temos medo’

Governo chinês reage duramente às novas sanções comerciais de Donald Trump e acusa Washington de violar regras da OMC e prejudicar a economia global.

A China voltou a criticar com veemência as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Em comunicado divulgado neste sábado (5), e repercutido pela agência Sputnik Brasil, o governo chinês afirmou que “não provocamos problemas, mas também não temos medo deles” e alertou que continuará a tomar “medidas decisivas” para proteger seus interesses soberanos e econômicos.

A reação ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar na última quarta-feira (2) a aplicação de novas tarifas sobre importações de uma ampla lista de países, incluindo a China. As alíquotas mínimas são de 10%, mas os percentuais variam conforme o déficit comercial dos EUA com cada país. Para a China, o novo pacote estabelece tarifas de 34%, que somadas aos 20% impostos em março por suposta negligência de Pequim no controle do tráfico de fentanil, elevam a carga total a 54%.

“O governo chinês condena e se opõe veementemente a isso”, diz o comunicado oficial de Pequim, que também acusa os Estados Unidos de violar seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), de prejudicar o sistema multilateral baseado em normas e de afetar a estabilidade econômica global. “Pressão e ameaças são a maneira errada de lidar com a China”, reforça a nota.

O governo chinês também exortou Washington a abandonar o uso de tarifas como “arma para derrubar a economia e o comércio da China” e a respeitar o “direito legítimo do povo chinês ao desenvolvimento”.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também se manifestou sobre o tema em entrevista à Sputnik. Segundo ele, o aumento das tarifas americanas “não tem fundamento” e não ajudará a Casa Branca a solucionar seus desafios econômicos internos. “Isso causará sérios danos não apenas ao mercado global e à ordem comercial, mas também à reputação dos próprios Estados Unidos”, advertiu Wang.

As crescentes tensões comerciais entre Washington e Pequim reacendem os temores de uma nova escalada protecionista com impacto direto sobre o comércio internacional e a economia global. Economistas alertam que as medidas podem agravar desequilíbrios financeiros e aumentar os riscos de recessão em várias regiões do mundo.

A resposta firme da China sugere que o segundo mandato de Donald Trump à frente da Casa Branca, iniciado em 2025, manterá o tom confrontacional com a potência asiática, especialmente em questões comerciais e geopolíticas. A disputa tarifária tende, assim, a se tornar um dos principais focos de instabilidade econômica nos próximos meses, diz o 247.

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Como a Escola das Américas dos EUA ensinou militares sul-americanos a combaterem suas próprias populações

Formar militares para um treinamento de guerra. Foi assim que a Escola das Américas dos Estados Unidos preparou diversos integrantes das Forças Armadas de diferentes países latino-americanos durante o século 20. O objetivo de interferir na política da América do Sul foi conquistado e esse modelo de formação militar deixou um legado devastador para o continente.

A escola foi fundada em 1946 no Panamá. O objetivo do Pentágono era treinar militares estadunidenses que estavam no Caribe. Ano após ano, no entanto, a escola foi crescendo e passou a receber centenas de militares de todos os países da região depois da criação da OEA (Organização dos Estados Americanos). Em 1984, a escola muda para os EUA como parte dos acordos assinados para a cessão do Canal do Panamá.

Conhecida por promover técnicas de tortura e uma formação para a guerra interna nos países, a Escola das Américas ficou marcada por treinar militares para confrontos contra grupos que eram chamados de “insurgentes”, ou seja, a esquerda.

Ao longo de todo esse período, mais de 66 mil estudantes passaram pela Escola das Américas. Alguns deles se tornaram ditadores como Leopoldo Galtieri e Roberto Viola na Argentina e Juan Velasco Alvarado no Peru. Integrantes do “esquadrão da morte” que mataram 6 jesuítas em El Salvador também passaram pela unidade de ensino. O grupo Tortura Nunca Mais indica que 21 soldados e oficiais brasileiros que foram acusados de torturar durante a Ditadura Militar no Brasil estudaram na unidade estadunidense.

Para o Exército brasileiro, a influência da Escola das Américas também foi fundamental para a reorientação de correntes políticas. Até a Segunda Guerra Mundial, havia uma tradição europeia dentro das Forças Armadas do Brasil. O governo francês modernizou os equipamentos das tropas e muitos militares passaram a seguir uma corrente pró-Alemanha nazista. No entanto, havia outros grupos com tendências ligadas ao liberalismo estadunidense e até grupos comunistas.

Depois da Segunda Guerra, os Estados Unidos passam a atuar com força no Exército do Brasil e promovem uma nova modernização generalizada. Isso, somado a uma formação da Escola das Américas, acabou com essa diversidade ideológica dentro das Forças Armadas e, principalmente, iniciou uma perseguição a grupos de esquerda.

Segundo o ex-deputado e professor de História da Universidade Federal Fluminense, Manuel Domingos Neto, o anticomunismo já era uma tendência dentro da linha francesa, mas ganha força e passa a ser determinante na linha do exército depois da Segundo Guerra.

“Quando os EUA entram, abre-se a luta contra o comunismo. Os franceses já tinham essa tendência nos anos 20, mas isso se radicaliza com os EUA. Quando acaba a guerra, os EUA tinham que cuidar dessa influência, porque o Exército Vermelho foi fundamental na vitória. A escola das Américas acaba com as diferentes correntes dentro do Exército, havia gente de esquerda até na alta patente. Prevalecia o lado reacionário, mas tinham diferentes correntes que não questionavam a organização militar pré-guerra. O próprio [Luís Carlos] Prestes era admirador da corrente francesa”, afirmou ao Brasil de Fato.

Formação anticomunista
Essa linha-política de perseguição ao comunismo não se resumiu às Forças Armadas brasileiras. Os regimes militares sul americanos também adotaram essa postura. As esquerdas passaram a ser perseguidas e comunistas de Brasil, Argentina, Chile e Paraguai, por exemplo, tiveram que se exilar em outros países.

A professora de Relações Internacionais da Universidade Tiradentes Lívia Milani avalia que essa doutrina da Escola das Américas incluiu uma série de opositores que não necessariamente estavam ligados ao comunismo, mas que, por serem opositores, eram enquadrados como “ameaça nacional”.

“A escola foi formada depois da Revolução Cubana em um contexto no qual se entendia como a principal ameaça para a América Latina. Na contenção do comunismo. Então o que eles aprendiam lá era contra insurgência. Era lidar com comunismo percebido como ameaça. A partir de uma definição muito ampla de comunismo, então oposição política de forma geral, ela era definida como comunista”, afirmou ao Brasil de Fato.

Mesmo com a generalização desse programa de formação para todos os países latino-americanos, o Brasil era visto como o grande balizador da América do Sul. A influência sobre a política brasileira era entendida pelos Estados Unidos como determinante para o resto do continente: para onde o Brasil se inclina, eclipsa as outras nações.

Para Domingos Neto, a formação era tão forte e incisiva que os militares que iam a Escola das Américas incorporavam essas doutrinas de promoção de violência sem contestação.

“Ela ganha o apelido ‘escola de assassinos’. O militar brasileiro, o policial, passava por lá e se sentia autorizado a tudo. Foram enviados para gerar repressão, de orientação social, promover a chamada contra-insurgência, isso dominou os espíritos. Qualquer um que serviu o Exército tinha isso como ponto inquestionável: o combate ao comunismo”, afirmou.

Orientação à guerra
A mudança de mentalidade que a escola promove para os militares latino-americanos é não só um olhar para os inimigos externos, mas também para as “ameaças internas”. A vertente comunista é a que mais se sobressai no período das ditaduras, mas há uma mudança na perspectiva dos militares em relação à função do Exército no território. A organização deixa de ser entendida pelos próprios militares como uma instituição de defesa do território ante ameaças estrangeiras e também é interpretada como um ente para o combate aos crimes nacionais.

Essa caracterização, segundo Domingos Neto, criou uma “crise de identidade” nos policiais e militares brasileiros e sul-americanos. Se de um lado havia uma aproximação com a ideia de proteção das fronteiras e contra ataques externos, passou então a existir o dilema em relação à forma de atuar dentro do território, contra a própria população.

“A Escola das Américas orientou para a guerra, para além da guerra internacional, orientando para o caráter policialesco, de controle interno. Esse é o grande dilema hoje. A influência estadunidense é arrasadora nesse sentido. O foco passa a ser a guerra interna também depois da Segunda Guerra Mundial, foi isso que a Escola das Américas ensinou”, disse.

De acordo com ele, isso também faz com que os militares passem a ter uma maior incidência sobre a política, mesmo que a instituição já se sentisse responsável por definir os destinos políticos da pátria desde a fundação da República.

Ao longo dos anos, mudanças de governo na Casa Branca também colocaram contradições para a escola. Uma das principais foi a chegada de Jimmy Carter ao poder. Com uma linha de defesa dos direitos humanos, o governo dos EUA passa a encarar uma ambiguidade: na política externa, a tentativa de costurar acordos tendo como base a defesa dos direitos humanos; do outro, a preparação de militares para uma atuação violenta nos países do continente.

“Ao mesmo tempo que os militares continuam sendo treinados para a chamada contra-insurgência com técnicas de tortura, o Departamento de Estado e outros órgãos da administração dos Estados Unidos estavam defendendo a pauta de direitos humanos. Esse é o grande marco, a grande diferenciação entre os governos de Washington durante a existência da Escola das Américas”, afirmou Milani.

Legado
A Escola passou por uma reestruturação em 2001 depois de uma forte pressão de grupos ligados à defesa dos direitos humanos. A unidade passou a se chamar Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação em Segurança (WHINSEC, na sigla em inglês). Com sede na Geórgia, havia uma forte atenção sobre como seria a atuação do novo modelo, que, segundo o Pentágono, passaria a ter um viés mais voltado ao respeito aos cidadãos.

De acordo com Milani, há uma mudança na forma de seleção dos militares e policiais que entrarão no programa e uma mudança na linha pedagógica. Foram elaboradas disciplinas para a segurança, cooperação e respeito aos direitos humanos. Além de tudo, há uma mudança de gestão. Se antes o responsável pela Escola era o Departamento de Defesa, agora quem cuida da unidade é o Departamento de Estado.

Ela, no entanto, questiona até que ponto essas mudanças são concretas e representam um giro na rota que essa unidade tem junto aos militares, já que os EUA continuam com uma mentalidade de combate às ameaças no continente.

“Até que ponto essas mudanças são efetivas? A gente tá falando da ida de militares da América Latina, de uma instituição que lida com a força. Para os EUA o que muda é a percepção que eles têm sobre quais são as ameaças provenientes da América Latina, na época da Guerra Fria era o comunismo. Hoje eles percebem ameaças como narcotráfico, crime organizado nacional. Então continua uma percepção de ameaças”, afirmou.

O efeito dessa formação para o Exército brasileiro também persiste até os dias de hoje. Para Domingos Neto, a Constituição de 1988 preservou a ideia de que as Forças Armadas têm a tarefa também de manter a ordem interna.

“O legado não acabou, persiste. O exército continua com o que eu chamo de perturbação identitária. eles não sabem se são policiais ou militares. Tanto que a Constituição de 1988 impõe a missão de controlar a ordem interna. Isso está nos outros países também. Não há um exército latino-americano que foi preparado para enfrentar o inimigo externo, com exceção à Cuba”, disse.

*BdF

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O bicho pegou neste sábado contra Trump nos EUA

Protestos em massa em todo o país mostram resistência a Trump.

Uma ação em massa chamada “Hands Off!” foi planejada em um momento em que muitos na esquerda lamentavam o que consideravam uma falta de forte resistência ao presidente Trump.

Os protestos são contra Donald Trump e Elon Musk pelo esforço agressivo de Trump para reverter a globalização.

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Washington e de outras cidades dos Estados Unidos neste sábado (5) em protesto contra as políticas do presidente Donald Trump. Os atos, que também se espalharam por cidades da Europa, foram os maiores desde o retorno do republicano à Casa Branca, no fim de janeiro.

A mobilização, organizada por uma coalizão de mais de 50 grupos progressistas, como MoveOn e Women’s March, foi batizada de “Tire Suas Mãos”. Mais de mil cidades e municípios americanos aderiram ao movimento, segundo os organizadores. Só em Washington, mais de 5 mil pessoas participaram do ato no National Mall, nas proximidades da sede do governo.

A manifestação contou com a presença de políticos democratas, como o congressista Jamie Raskin, além de ativistas veteranos. “Despertaram um gigante adormecido, e ainda não viram nada”, declarou Graylan Hagler, ativista de 71 anos. “Não vamos nos calar, não vamos nos sentar e não vamos embora.”

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Milei viaja aos EUA para obter apoio de Trump que não o recebe e volta à Argentina de mãos vazias

O presidente argentino, Javier Milei, viajou aos Estados Unidos por 24 horas apenas para se reunir com Donald Trump, mas, segundo os organizadores da viagem, deixou o local do encontro 20 minutos antes da chegada do colega norte-americano. A repentina viagem a Mar-a-Lago, na Flórida, buscava apoio político para um empréstimo do FMI e para um acordo comercial que amenize o “tarifaço” promovido pelo líder republicano.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

“Tudo corria bem até que, de repente, Milei foi embora. Cerca de 20 minutos depois, Trump chegou. Os dois presidentes teriam uma reunião privada para a qual estava tudo preparado. Não entendemos por que Milei foi embora”, descreveu Glenn Parada, diretor-executivo do MACA (Make American Clean Again), a entidade organizadora do evento, dedicado à limpeza de espaços públicos e ao combate do tráfico de crianças.

Em Buenos Aires, o governo argentino difundiu a versão de que Trump se atrasou por ter tido um problema com o helicóptero, algo que o organizador desmente. “Estava tudo pronto para os dois se reunirem. Nós sabíamos que Trump chegaria mais tarde. Não sabemos qual informação o governo argentino tinha para abandonar o evento”, contou Parada.

“O chanceler Werthein ficou furioso porque Trump não chegava. Se eles tivessem esperado 20 minutos, teriam tido uma reunião. Werthein estava fora de si”, relembrou Parada.

Antes do evento, o ministro argentino das Relações Exteriores garantia que Milei e Trump se reuniriam. “Seguramente, haverá um encontro informal com o presidente Trump. Prevemos esse encontro com Donald Trump na sua casa”, disse Gerardo Werthein na quarta-feira (2), quando, repentinamente, Javier Milei decidiu viajar aos Estados Unidos.

Viagem em vão
No entanto, os dois presidentes não se cruzaram. O argentino ficou sem a foto do encontro que lhe daria um sinal de apoio político em meio à nova rodada de tarifas de importação anunciadas por Trump, e em um momento frágil da sua política cambial, que valoriza artificialmente o peso argentino às custas de reservas negativas no Banco Central. Milei não conseguiu conversar com Trump sobre a necessidade de um apoio político da diretoria do Fundo Monetário Internacional e de uma negociação que amenize o impacto do “tarifaço” de Trump na economia argentina.

O objetivo formal da viagem de Milei era o evento de gala “Americanos Patriotas” (American Patriots, em inglês), realizado na noite desta quinta-feira (3) em Mar-a-Lago, residência de verão de Donald Trump, em West Palm Beach. Os organizadores convidaram o argentino de última hora para receber o prêmio “Leão da Liberdade” (“Lion of Liberty Award”), dedicado a personalidades comprometidas com a liberdade econômica, o mercado livre e os valores conservadores.

Donald Trump era o outro homenageado na noite de gala e o argentino viu nessa premiação a chance de um encontro informal com o amigo, com quem mantém uma “relação estratégica”. Porém, esgotado de uma intensa agenda num dia de turbulências financeiras no mundo, Trump chegou a Mar-a-Lago apenas às 22h51 (horário local). Antes, ainda passou pela sua residência, no setor privado do complexo.

Ao entender que Trump não iria mais ao evento, Milei retirou-se e foi diretamente para o aeroporto, de onde voltou a Buenos Aires.

*RFI

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União Europeia considera multar Elon Musk em mais de R$ 5 bilhões

Elon Musk está na mira dos reguladores europeus. A União Europeia (UE) está considerando multar a rede social X (antigo Twitter) em mais de 1 bilhão de dólares – cerca de R$ 5,8 bilhões na cotação atual. O motivo seria a violação de uma lei que combate conteúdo ilícito e desinformação.

Em 2022, a União Europeia criou a Lei de Serviços Digitais (Digital Services Act) que passou a ser aplicada em 2024. O objetivo é obter transparência das plataformas digitais e proteger os usuários.

Tensões políticas e comerciais

De acordo com o jornal estadunidense New York Times, a informação da possível multa e de algumas penalidades veio de quatro fontes anônimas. As penalidades devem ser anunciadas ainda neste ano. A União Europeia também deve criar uma nova lei para forçar as empresas de mídias sociais a monitorar os seus serviços.

A medida demanda uma avaliação política, já que a ação pode aumentar as tensões com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Elon Musk é um dos principais conselheiros da Casa Branca. As relações dos EUA com diversos países ficaram estremecidas após o anúncio do tarifaço, nesta semana. Trump apresentou uma tarifa mínima de 10% sobre a maioria dos produtos importados para os EUA com taxa de 20% para a União Europeia.

Ainda, segundo as fontes do jornal, o valor da multa pode chegar a 1 bilhão de dólares, mas ainda será definido pelas autoridades. Além da multa, a UE também deve exigir mudanças na plataforma. A ideia é que a medida demova outras empresas de violarem a Lei de Serviços Digitais.

Investigação do X

Desde 2023, a União Europeia iniciou uma investigação sobre o X. Elon Musk é dono da rede social desde 2022. Na época, a suspeita era de manipulação dos algoritmos para finalidades políticas. A investigação começou em 2023, e os reguladores emitiram, no ano passado, uma decisão preliminar de que o X havia violado a lei.

O entendimento foi de que as contas verificadas, que apresentavam uma marca azul, afetavam negativamente a capacidade dos usuários de tomar decisões livres sobre a autenticidade das contas. Além disso, a rede de Elon Musk foi acusada de bloquear o acesso de pesquisadores a dados públicos.

Ainda segundo a reportagem, o X também enfrenta uma segunda investigação da União Europeia, que é mais ampla e pode levar a novas penalidades. Nessa investigação, duas pessoas disseram que os oficiais da União Europeia estão construindo uma hipótese, de que, a abordagem “sem interferência” do X para fiscalizar o conteúdo gerado pelos usuários, fez da plataforma um centro de discurso de ódio e desinformação – material que é visto como prejudicial à democracia em todo o bloco de 27 países.

*TVTNewss

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Muito engraçado o comentário de Trump sobre a reação da China ao seu tarifaço. Ele acusa a China de ter entrado em “pânico”

Ora, a China, ao contrário dele, estudou por anos o que deveria fazer.

Vai acelerar o decoupling e explorar suas oportunidades pelo mundo. Quem entrou em pânico foi o mercado estadunidense. Até o FED está com muito medo.

Trump e sua Armada de Brancaleone de parvos fazem tudo de forma improvisada. Taxaram até pinguins. A fórmula para fazer as taxações é uma piada matemática.

Trump inventou a fake news aritmética. Quis dar uma aparência de cientificidade a algo tosco e primário. Não há uma estratégia bem-estudada em nada do que eles fazem.

Querem reverter décadas de globalização da noite para o dia. Querem reverter até mesmo o nearshoring. E na marra.

Trump vai se liquefazer em pouco tempo. Tudo que é sólido.

*Emir Sader