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Tiro de canhão no pé: Bolsonaro escolhe suas duas maiores piadas prontas para servir de “grande estratégia” eleitoral

Bolsonaro, marido da Micheque, aquela que não explicou até hoje por que Fabricio Queiroz depositou R$ 89 mil em sua conta, quer usar a propaganda eleitoral para atacar a “corrupção do PT de Lula e Dilma”.

Isso mesmo que você leu.

O candidato, apoiado por Cunha (aquele corruptaço que saiu da Lava Jato quatro vezes mais rico) é um entusiasta do impoluto patrão da fantasma, Val do Açaí, e também, ao que tudo indica, é comandante chefe do maior esquema de peculato e formação de quadrilha, carinhosamente chamada de “rachadinha”.

Mas a coisa nem de longe para por aí.

O presidente, que teve que enfrentar a repercussão de vários escândalos de corrupção em seu governo, sendo os mais destacados nos ministérios do Meio Ambiente, Saúde e Educação, quer usar a pauta de corrupção para atacar Lula.

Essa ideia infeliz deve ter vindo da cabeça vazia de algum santo que apoia Bolsonaro como Collor, Valdemar da Costa Neto, Cunha ou Roberto Jefferson.

Não é o próprio Bolsonaro que fica repetindo que não dorme porque sabe que será preso quando sair da presidência por um incontável número de acusações de crimes?

Então, de onde saiu essa piada suicida de exaltar a corda na casa de enforcado?

Para dar mais cor aos bufões bolsonaristas, sua campanha vai exaltar seus “feitos” (nenhum) nos quatro anos de governo.

Isso só pode ser um sacrifício de autoflagelo para virar gozação nacional no momento seguinte à caçoada.

Mas o deboche com a cara do povo, está longe de ser só isso.

A última parte da estratégia, da conta do “futuro”. Ao menos um futuro imaginário.

Sem passado, e presente, a turma que elabora o bate entope eleitoral de Bolsonaro, pretende se lambuzar de falácias futuras e não faltará bico na bola, chutado para onde o nariz apontar.

Aquela marca de Guedes que, do nada, tirou números mágicos da caixola para prometer uma atividade econômica anabolizada com esteroide pra elefante crescer, será a grande pedra de toque.

Seja como for, Bolsonaro só tem mesmo isso para mostrar na TV durante a campanha eleitoral. Ou seja, não vai faltar zombaria com a cara do povo.

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A amarga e crescente solidão de Bolsonaro

Uma coisa é não ter medo de viver isolado. Como disse Fernando Pessoa: “A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.

O poder é solitário. Isso é dito por quase todos os presidentes.
Mas não é dessa solidão natural que estamos falando, mas da que provoca isolamento resultante de conflitos.

Ou seja, um isolamento político provocado por atritos, confrontos que muitas vezes se tornam um ativo contra quem está sendo isolado pelos fatos. Esse retiro político que Bolsonaro amarga, é letal.

Quanto mais abandonado Bolsonaro se sente, mais agressivo fica e mais cava sua cova política.

É esse repuxo que Bolsonaro hoje não tem musculatura política para segurar.
O resultado é um festival de vai e vem como ocorreu hoje com a Globo.

Bolsonaro disse que só daria entrevista ao Jornal Nacional se fosse no Palácio do Planalto, a Globo cancelou a entrevista, anunciando o ocorrido e em seguida. Bolsonaro pipocou e se curvou à imposição dos Marinho.

Bolsonaro agora adotou uma receita política que funciona dependendo da cara e do humor do freguês.

Isso, lógico, dá uma esfriada na paixão dos bolsonaristas, que adoram as provocações do “mito”, que não tem mais cacife para, diante do isolamento crescente, produzir enfrentamentos “inesquecíveis”.

Essa ajoelhada no milho imposta pela Globo a Bolsonaro é um sinal claro de que sua sarcopenia política está em acelerada redução de massa muscular.

Ele agora quer tudo, menos bulir com a sensibilidade dos “que mandam”.

Em outras palavras, até cachorro louco picado por cobra (Fiesp) tem medo de linguiça.

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Globo rejeita pedido de Bolsonaro e expõe a covardia do mito

O grau de frouxidão de Bolsonaro, certamente, é explicitado todos os dias com seus rompantes de valentia, o que, na verdade, mostra que ele é o mais fraco, frouxo e medrado presidente da República que esse país já teve.

Por isso essa caricatura anda assombrada com a prisão, enquanto abre aquela boca com tanto bafio de sangue, ele só escancara o quanto é moral e psicologicamente covarde.

Aliás, o comportamento de Bolsonaro é clássico de pricopatas mais amedrontados diante das próprias mazelas. O resultado é essa ânsia de se proteger 24 horas por dia.

Esse capítulo da Globo, que escancara a sua mais explícita frouxidão, exigindo que a emissora o entrevistasse no Palácio do Planalto, ou seja, no seu cercadinho, no seu mundeco rodeado de generais que se dão ao desfrute de paparicar o medroso em troca de um belíssimo abono, com o dinheiro da população, é típico de uma criança medrada que tem que estar cercada de babás e cordeirinhos para que o brochão do Planalto possa se sentir minimamente seguro.

Tudo isso e mais uma fieira de absurdos, expressam que tipo de chefe de Estado esse país, que está absolutamente colapsado, tem no comando, a maior balbúrdia institucional que a presidência da República já viveu.

Um sujeito que sonhava em ser o rei dos fascistas, não consegue deixar de ser um camundongo moral, intelectual e cultural.

Então, pergunta-se, quem ainda tem coragem de votar nesse troço?

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Os bolsonaristas que não conseguem dizer o que Bolsonaro fez em 4 anos, também não sabem por que votarão nele novamente

No Brasil, todos sabem, se você quiser calar um bolsonarista, é só pedir pra mostrar algum feito de Bolsonaro que tenha melhorado o Brasil ou a vida dos brasileiros.

Ninguém mais faz essa pergunta porque sabe que não terá resposta. No entanto, outra pergunta sem resposta que expressa o drama atual dos bolsonaristas é, por que Bolsonaro merecerá novamente o voto do seu fiel eleitor? O branco que dá no bolsonarista é ainda mais constrangedor, já que nem Bolsonaro tem programa de governo e, muito menos  seu eleitor tem como responder.

Então, a coisa funciona como esparadrapo na boca do coitado, o que não deixa de ser uma situação estapafúrdia, cômica e curiosa, porque o bolsonarismo não tem como discutir o passado, o presente e o futuro de Bolsonaro, simplesmente porque é da natureza de um sujeito que não trabalha sequer rabiscar uma promessa qualquer.

Assim, não tem como o bolsonarista justificar o seu segundo voto em Bolsonaro. Talvez esse seja daqueles casos únicos na história da humanidade, porque nunca se ouviu falar de alguém que votou num presidente sem saber dizer o que ele fez de bom e, pior, novamente votar nele, sem saber o que pretende fazer num segundo mandato.

E o fiel eleitor de Bolsonaro ainda fica enfezado se você sugerir que ele é gado.

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Bolsonaro quer aproveitar o ensejo de 7 de setembro para dar aquela amarelada oficial

Se dependesse de Bolsonaro, ele cairia atirando, pelo menos atirando seus cães de guarda contra a população, porque o próprio é suficientemente covarde para criar uma temperatura e assanhar os cachorros loucos e, depois, correr para passar pomada nas queimaduras.

Essa tem sido a instrução de Bolsonaro, morde e sopra, como barata. Ele cria uma atmosfera de terror e, depois, usa toneladas de litros de hidratante para amaciar a lambança.

Foi assim no 7 de setembro passado. Logo após chamar Moraes de “Canalha”, correu como um desesperado atrás de Temer pedindo que o vampirão golpista intercedesse, como um deixa disso, na relação azeda que ele havia criado com o ministro do STF.

Possivelmente, avisado de que está abraçando jacaré em plena lagoa, Bolsonaro correu para tentar consertar o estrago, usando Temer como algodão .

Seja como for, naquele dia o Apolo pariu um rato assustado, encolhido, medrado, pedindo a todo custo que Temer aveludasse a mão do seu indicado ao STF.

Bolsonaro age por impulso. O sujeito é incapaz até de produzir alguma coisa minimamente elaborada, vide a situação miserável que fez o general Paulo Sergio Nogueira, ministro da Defesa, viver uma uma humilhação, que o Estadão, produziu um editorial ressaltando a vergonha que passou quando pediu ao TSE, em ofício urgentíssimo, acesso ao código fonte das urnas, que já estava disponível há um ano.

Isso dá a medida da esculhambação que é o governo desse presidente bagunça. O sujeito é um fuleiro e impõe suas fuleiragens aos seus mandados, que cumprem as suas ordens sem tem o menor cuidado de dar uma mancada, como o general que ocupa a pasta da Defesa.

O fato é que, sabendo do histórico de Bolsonaro, sobretudo, quando ainda no exército, ameaçou explodir a barragem do Guandu e, depois, jurar de pés juntos que não fez isso, para ele repetir mais de uma vez a sua tática covarde, não custa.

Bolsonaro não tem nada a perder, a não ser a própria liberdade, a sua, a dos filhos e de alguns derivados que o rodeiam.

E esse, com certeza, é o ingrediente que pesará no dia 7 de setembro.

De uma coisa, todos sabem, Bolsonaro é um trapalhão, capaz de, sob medida, praticar as maiores tolices, o que faz do capítulo de 7 de setembro uma incógnita, principalmente se o próprio perder o controle do veneno que está espalhando, que pode ser algo genérico, mas dependendo da falta de prevenção das instituições, Bolsonaro pode se sentir confortável em seu círculo para, carregado de medo de ir para a cadeia, como não para de confessar, produzir algo fora do controle, mesmo que ele amarele, como vai amarelar.

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Arregou: Bolsonaro foge da sabatina da Fiesp

Algum ingênuo tinha mesmo crença de que um sujeito com o histórico de covardia e de fuga de debates, enfrentaria a mais importante federação da indústria brasileira?

Bolsonaro é a expressão do medo, isso é tradição no camarada e, lógico, não suportaria o peso de aparecer na Fiesp sem apresentar um dado positivo dos seus 4 anos de governo, menos ainda apresentaria, mesmo por projeção, alguma coisa que ao menos parecesse um borralho de projeto voltado ao fomento ao desenvolvimento industrial brasileiro.

Bolsonaro hoje é apenas um refil mais barato de 2018.

Foram 4 anos em que o nulo não produziu absolutamente nada de bom para esse país. Ele não tem sequer um printzinho que possa colar na sua pasta para apresentar ao empresariado. O extrato de feitos de Bolsonaro é vazio, está em branco e, claro que, para tal covardia, ele precisaria justificar seu arrego outra vez.

Um sujeito que cria uma farsa burlesca como a da facada para fugir dos debates em 2018, não agiria de forma diferente agora, ou não seria o mesmo.

Por isso bordou uma desculpa esfarrapa, dizendo-se indignado com a adesão da Fiesp ao manifesto pela democracia.

O que tem na Fiesp para Bolsonaro fugir da sabatina? Ora, a sabatina.

Seja como for, e com a desculpa que Bolsonaro deu, ele já avisa que aquela amarelada padrão de 2018 seguirá pipocando em 2022, porque um sujeito que tem canela e, sobretudo, telhado de vidro, não vai entrar em dividida em hipótese nenhuma.

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Pela primeira vez na história do Brasil um presidente se confessa com medo de ser preso

O nível de desespero de Bolsonaro a cada dia aumenta de forma exponencial. Sua declaração de que receberia autoridade policial à bala, dizendo “atiro pra matar, mas ninguém me prende. Prefiro morrer”, é mais do que uma declaração de um paranoico, mas uma afronta a autoridade policial, pior, é um incentivo para qualquer um reagir contra os agentes de segurança do Estado.

Talvez nós brasileiros estejamos normalizando a luz crua de uma receita vinda do presidente da República para que qualquer brasileiro adote como norma a desobediência civil. Sim, é uma repetição do modus operandi que Bolsonaro utilizou nas Forças Armadas para desestabilizar o comando do exército, sendo expulso, acusado de ameaçar colocar bomba no banheiro do quartel.

Por isso esse anacronismo que berra cotidianamente em defesa de sua cabeça, buscando motivos para reagir à justiça em razão de uma penca de acusações que ele terá que responder quando perder o foro.

Isso não é uma asneira dita entre quatro paredes, é a declaração do presidente da República saída do intestino em que, emparedado pelo próprio extrato de malfeitos que sabe que cometeu e pelo julgamento que o próprio faz de si, tenta se refugiar na veneração religiosa de parte do seu eleitorado e também adestrar, numa arquitetura macabra, os militares da reserva que fazem parte do seu governo.

Talvez esse seja o principal ponto a ser tocado, que é a consciência que Bolsonaro não consegue disfarçar seu passado recente, pior, ele pilha diuturnamente com tentativas burlescas de tratorar a justiça com truques e manobras como a que produz uma couraça privilegiada, como foi o caso de Pinochet, que se antecipou a criar um monstrengo político que lhe dava a condição de senador vitalício e, assim, cristalizar sua impunidade.

Seja como for, o que assistimos é o presidente denunciando sua própria consciência, que parece ser bem mais pesada do que imaginamos, e não é de maneira vaga, mas de maneira crescente. A evolução de seus ataques às instituições de controle do país está cada vez mais espetaculosa para tentar ofuscar os quatro anos trágicos de seu governo com o objetivo de produzir cortina de fumaça política, mas também de uivar ameaças contra o próprio poder do Estado de fazer cumprir as leis e a ordem.

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Não há espaço para “isentões” nessas eleições

Se você é incapaz de se indignar com declarações racistas, com políticas públicas de perseguição aos negros, movidas por ódio racial em nome de uma suposta alergia à política, você não é isento, mas cúmplice dos racistas.

Não há como, diante dessa prática perversa, manter os músculos faciais imóveis. Isso não é isenção, e sim incentivo ao crime de racismo.

Quem tem uma opinião frouxa sobre o morticínio por covid, provocado por Bolsonaro, que beira a 700 mil vítimas, não é imparcial, ao contrário, é um fomentador entusiasmado de práticas criminosas que, indiscutivelmente, sobretudo no caso de uma pandemia, poderia ter sido mais uma vítima fatal junto com as centenas de milhares de brasileiros vitimados por essa vilania que o país sofreu, comandada pelo presidente da República.

Vir com uma resposta clássica dos “isentos” que não querem “tomar partido”, dos oprimidos, nem dos opressores é, na verdade, a expressão nua e crua de quem pretende azeitar o fascismo, porque imagina que tem algum tipo de benefício com a tragédia alheia.

Há um caso bastante emblemático na disputa entre Lula, que tirou 40 milhões da miséria em 8 anos, e Bolsonaro, que deve fechar seus quatro anos de governo, com 40 milhões de brasileiros na mais absoluta miséria e fome, enquanto 65% da população vive insegurança alimentar.

Não há argumentação possível para se dizer isento diante de um quadro tão escandalosamente oposto. De um lado, uma visão humanista, do outro, o que existe de mais perverso. E, se assim mesmo você discursa neutralidade em nome de uma isenção, você tem lado, e é o da perversão. Ou seja, pouco se importa com os famintos e miseráveis, quando não aplaude, de forma silenciosa e perfumada, esse tipo de política nefasta.

Como alguém pode se dizer neutro diante de um sujeito que se declara a favor da ditadura, da tortura, dos assassinatos promovidos pela repressão?

Quem se diz isento a uma tragédia como essa, presta? Está fazendo um discurso para proteger quem, que usa luvas de látex para não se contaminar com a disputa política?

Não há seda possível para amaciar o discurso do isentão, porque não há no dicionário uma palavra que substitua a velha malandragem dos que se fazem de ingênuos, mas posam para retratos de intelectuais e pensadores, empresários ou trabalhadores que não querem se envolver em disputas de classe, porque é de sua natureza aceitar como normal todos os crimes cometidos por um psicopata que ainda exalta seus feitos, como quem ergue um troféu.

Bolsonaro construiu, tijolo a tijolo, essa tragédia que o Brasil vive hoje, e não há isenção que apague isso.

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Discurso de Bolsonaro estourou prazo de validade

73% dos eleitores não acreditam mais na lorota de que a corrupção acabou, diz Datafolha.

No último dia da campanha de 2018, Jair Bolsonaro não saiu de casa. Limitou-se a fazer uma aparição nas redes sociais. Com a vitória garantida, o capitão repetiu seu número preferido: prometeu combater a corrupção e acabar com o loteamento de ministérios e estatais.

“O que está em jogo não é a democracia, não. O que está em jogo é a perpetuação dessa máquina podre que nós temos aí, que vive da corrupção”, pontificou. “O que está em jogo é a corrupção, são os grupos que não querem sair de lá porque vivem mamando nas tetas do Estado”.

O discurso de Bolsonaro estava amparado em pesquisas. Depois de quatro anos de Lava-Jato, a corrupção aparecia no topo das preocupações dos brasileiros. No sétimo mandato de deputado, o capitão conseguiu fazer mágica e se vender como um outsider. A aliança com o juiz Sergio Moro, que aceitou abandonar a magistratura para virar ministro, deu o toque final no personagem.

O ilusionismo se sustentou por pouco tempo. Antes de chegar à metade do mandato, Bolsonaro se acertou com partidos e políticos que demonizava. Entregou a chave do cofre ao Centrão, que conquistou poderes inéditos sobre a divisão do Orçamento.

Apesar do empenho presidencial para capturar os órgãos de controle, os casos de corrupção voltaram a pipocar. No fim de junho, a Polícia Federal prendeu o ex-ministro Milton Ribeiro, suspeito de montar um balcão de negócios no MEC. Um mês depois, veio à tona um propinoduto na Codevasf, estatal comandada pelo Centrão e abastecida com as chamadas emendas do relator. A PF apreendeu R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo com um dos investigados.

Além de lidar com as suspeitas contra aliados, o presidente é assombrado pelos rolos da própria família. Até hoje não apresentou uma desculpa razoável para os R$ 89 mil depositados pelo operador da rachadinha na conta da primeira-dama. Nem explicou a mansão de R$ 6 milhões comprada pelo filho Zero Um em Brasília.

No último domingo, Bolsonaro lançou sua campanha à reeleição com uma tropa de profissionais. Subiram ao palanque o ex-presidente Fernando Collor, o ex-deputado Valdemar Costa Neto e o ex-governador José Roberto Arruda. Mesmo com as novas companhias, o candidato insistiu na retórica moralista. “Não tem jeitinho no nosso governo. Três anos e meio sem corrupção”, afirmou.

Para a maioria do eleitorado, esse discurso já estourou o prazo de validade. De acordo com o Datafolha, 73% veem corrupção no governo. Apenas 19% acreditam na lorota do capitão, e 8% não sabem opinar.

Para a sorte de Bolsonaro, o combate à roubalheira despencou no ranking de prioridades da população. O eleitor de 2022 se diz mais preocupado com saúde, desemprego, fome e inflação. O presidente está atrás na pesquisa porque também não convence ao prometer soluções para esses problemas. Segundo os números divulgados na sexta, 52% dos brasileiros não acreditam mais em nada do que ele diz.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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Entre a cruz e a caldeirinha, Bolsonaro tenta se equilibrar, e não consegue, com um pé na canoa do fascismo, e outro, na canoa da democracia

Bolsonaro está experimentando o amargo de ver pipocar em todos os cantos do país o esvaziamento do seu público mais fiel.

Na verdade, quem conhece a dinâmica que dita o retiro dos fascistas, sabe que é a do confronto, da guerra, do ódio, do sangue e da morte. Isso é o que eles chamam de rede de conservadores, os chamados cidadãos de bem que aplicam na conduta aquilo que acusam seus oponentes.

Pois bem, essa unidade praticamente não existe mais. E se ainda não virou pó, hoje representa a expressão de um movimento sorumbático que vem definhando semana após semana ao sabor das lambanças de Bolsonaro que, ao mesmo tempo em que convoca os fascistas para um ato de irracionalidade no dia 7 de setembro, tenta colocar mel na boca da burguesia que assinou a carta em defesa da democracia, encolhendo-se e não voltando a tocar no assunto 7 de setembro.

Ou seja, ele plantou a semente do golpe no dia da convenção do PL quando lançou sua candidatura, até porque não tinha o que mostrar dos seus quase 4 anos de governo e, agora, faz-se de morto se esquivando de sublinhar a convocação, como fez em sua última live em que tal assunto não passou nem de raspão por seus comentários.

Lógico que, para um eleitorado ávido por um golpe, em nome de “Deus e da família”, o silêncio de Bolsonaro ganhou destaque, porque teve a clara intenção de mudar de prosa para ver se consegue cicatrizar feridas que ele abriu no seio do grande empresariado, dos banqueiros e rentistas. Isso, sem dizer que ficou ainda mais acuado com a reprimenda americana de que não toleraria em hipótese nenhuma uma aventura golpista no Brasil, principalmente vida do maior lambe-botas de Trump.

Bolsonaro, agora, está em um não lugar, tentando se equilibrar com um pé na canoa do fascismo e, outro, na democracia, no momento de maior polarização.

Isso significa que aquela paixão bolsonarista pelo mito, ou assume uma nova linha com textura mais aveludada e fragrâncias mais leves para não ferir a sensibilidade da burguesia, ou abandona de vez quem arrastou a boiada até aqui.

Na verdade, Bolsonaro está experimentando outro momento completamente diferente daquele de 2018 em que muitos tucanos se cadastraram na seara do fascismo, da violência e da agressão que foram a grande marca de um movimento inspirado num idiota recalcado como Olavo de Carvalho.

Bolsonaro, agora, vai sentindo que os dois pés nas duas canoas antagônicas já estão dentro de uma poça d’água, prontas para afundar junto com as canoas.

Ele não consegue agradar a burguesia e nem os fundamentalistas que, juntos, deram-lhe suporte até dias atrás.

O que significa que Bolsonaro está sendo consumido pelo próprio inferno que criou.

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