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MP-RJ liga Flávio Bolsonaro a esquema criminoso de valor incalculável

Ministério Público do Rio liga ‘rachadinha’ a apartamentos de Flávio, aponta valor ‘incalculável’ intermediado por Queiroz e detalha ‘enriquecimento ilícito’ do senador.

Na denúncia que imputou a Flávio, Queiroz e mais 15 os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato, o Ministério Público fluminense destacou a ‘intensa atividade imobiliária’ do senador e de sua mulher e a ‘predileção pelo uso de dinheiro em espécie’.

Na denúncia em que imputa os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato ao senador Flávio Bolsonaro, sua mulher Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro e mais 15 pessoas, o Ministério Público do Rio de Janeiro usa mais de 50 páginas para detalhar como as movimentações financeiras do filho do presidente estão ligadas a um esquema que teria desviado R$ 6 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa do Rio por meio de ‘rachadinhas’. No documento, a Promotoria detalha o ‘enriquecimento ilícito’ de Flávio, destaca a desproporção entre a evolução patrimonial do senador e suas fontes de renda e diz ainda que é ‘incalculável’ o valor de dinheiro em espécie pelo ex-assessor Fabrício Queiroz para o pagamento de despesas do casal Bolsonaro.

O MP fluminense acusa Flávio Bolsonaro de constituir e liderar uma organização criminosa que tinha como objetivo desviar recursos da Alerj mediante nomeações ou manutenção de ‘fantasmas’ em cargos comissionados, que devolviam parte de seus salários a integrantes do grupo, em especial ao operador financeiro do esquema, Fabrício Queiroz.

Os promotores apontam ainda que outra peça importante da dinâmica criminosa era Miguel Ângelo Braga Grillo, o ‘Coronel Braga’, que chefiava o gabinete de do filho do presidente na Alerj e hoje recebe salário de R$ 22,9 mil na função principal do gabinete de Flávio no Senado.

Ao longo das investigações que duraram mais de dois anos, a Promotoria identificou que, do montante total desviado, R$ 2.079.149,52 foram comprovadamente repassados para a conta de Queiroz e outros R$ 2.154.413,45 foram disponibilizados à organização criminosa ‘mediante saques elevados de dinheiro em espécie na boca do caixa’. Em seu depoimento, o ex-assessor de Flávio alegou que operava o esquema sem ‘consulta ou anuência’ de Flávio e Coronel Braga.

No entanto, MP do Rio avaliou que a insinuação da defesa de Queiroz não parecia crível e então se dedicou a investigar a evolução patrimonial de Flávio e de sua mulher. O que os promotores apontam na denúncia é que após a análise dos registros de transações imobiliárias, fiscais e bancárias do casal foi que parte dos recursos arrecadados com as ‘rachadinhas’ foi transferida ao patrimônio familiar do líder da organização criminosa por meio de três métodos:

  • Pagamentos de despesas da família com dinheiro em espécie, utilizando recursos desviados da ALERJ pelo esquema das ‘rachadinhas’;
  • Depósitos em espécie realizados nas contas bancárias do casal com valores arrecadados pelos operadores financeiros da organização criminosa, em datas próximas aos vencimentos de dívidas que viriam a ser quitadas nessas contas ou para fins de investimentos financeiros e utilização futura;
  • Transações imobiliárias utilizando, de forma dissimulada, dinheiro em espécie não declarado, oriundo do desvio de recursos públicos da ALERJ;

Em razão da identificação dos métodos de lavagem, o MP fluminense pediu à Justiça que, em caso de condenação, Flávio perca todos os bens relacionados aos supostos crimes, entre eles seu apartamento na Barra da Tijuca. O MP-RJ também quer que haja interdição do senador para exercício de cargo público por oito anos e que Flávio, Queiroz e Coronel Braga arquem com reparação de R$ 6,1 milhões em razão dos supostos crimes de peculato.

Além disso, os investigadores ainda apuram supostos crimes de lavagem de dinheiro envolvendo a sociedade Bolsotini Chocolates e Café e loja Kopenhagen no Via Parque Shopping, de propriedade de Flávio.

Salas comerciais, apartamentos na Barra da Tijuca e em Copacabana, operações em dinheiro vivo e boletos pagos por Queiroz

A Promotoria se debruçou sobre as movimentações realizadas por Flávio em três períodos: de 2007 a 2009, de 2010 e 2014 e de 2015 a 2018. No segundo momento, que envolve inclusive o casamento de Flávio e Fernanda, os investigadores destacaram a ‘intensa atividade imobiliária’ do casal, com a da continuidade dos pagamentos das salas comerciais do Condomínio Barra Prime Offices, as aquisições de uma cobertura em Laranjeiras, dois apartamentos em Copacabana e outro apartamento na Barra da Tijuca.

A cobertura em Laranjeiras foi comprada em 2011, pelo valor inicial de R$ 1.753.140,00 que em razão de correção monetária chegou a R$ 2.260.000,00. Os investigadores identificaram então depósitos feitos por Queiroz (R$ 25 mil) e ‘Coronel Braga’ (R$ 20 mil) na conta de Fernanda Bolsonaro, às vésperas dos vencimentos dos pagamentos relacionados ao imóvel. O primeiro, feito pelo faz tudo da família Bolsonaro se deu no mesmo mês que o casal pagou o sinal do imóvel. Já o segundo, feito por coronel Braga se deu logo antes do vencimento da segunda parcela do financiamento do imóvel.

Segundo a Promotoria, após os ‘descuidos’ que permitiram identificar funcionários da ALERJ como autores dos depósitos em espécie realizados na conta da esposa de Flávio, o grupo criminoso passou a ser mais cauteloso, adotando a técnica de depósitos fracionados. Em outras datas próximas aos pagamentos de outras parcelas da mesma cobertura em Laranjeiras, Flávio recebeu R$ 52 mil em operações de tal natureza.

Já na compra dos apartamentos em Copacabana, o MP aponta a combinação das técnicas de subfaturamento de imóveis com o pagamento de despesas em dinheiro vivo. Um dos imóveis custou R$ 140 mil enquanto o outro, R$ 170 mil. Foi no âmbito de tais operações que a Promotoria já havia destacado a suposta lavagem de dinheiro em ‘pagamentos extraoficiais em espécie’ no valor de R$ 638 mil. Além das provas que já haviam sido reveladas pela Promotoria, a denúncia apresenta ainda anotações digitais do vendedor Glenn Howard Dillard que reforçariam as suspeitas que recaem sobre o senador.

Quanto ao apartamento na Barra da Tijuca, de valor declarado de R$ 2.550.000,00, a Promotoria destaca pagamentos em cheques e transferências bancárias, além de um financiamento bancário contratado por Flávio.

Segundo os investigadores, o então deputado também passou a receber depósitos fracionados em datas próximas aos vencimentos das prestações do financiamento, 141 ao todo, totalizando R$ 275 mil.

Flávio alegou que 58 dos depósitos em questão estão relacionados à permuta imobiliária, mas segundo o MP do Rio, ainda restariam R$ 159.500,00 depositados de forma fracionada sem identificação de origem.

“Dessa forma, como os depósitos não encontram lastro em valores sacados nas contas do casal, é possível novamente concluir que não provêm de suas fontes lícitas de renda, mas sim dos valores desviados da ALERJ pelos “assessores fantasmas”, por intermédio de operadores financeiros como Queiroz”, registra a denúncia.

O Ministério Público do Rio chama atenção ainda para operações com dinheiro em espécie envolvendo o pagamento de Impostos sobre Transmissão de Bens Imóveis, passagens aéreas, salários de empregadas domésticas, quitações de empréstimos em dinheiro a pessoas físicas. Além disso, lembra dos boletos de plano de saúde e mensalidade escolar da família pagos por Queiroz.

Entre as operações envolvendo valores em espécie, a Promotoria cita o pagamento de empréstimos com pessoas físicas que totalizaram R$ 285 mil, operação admitida pelo senador em depoimento. As dívidas foram quitadas entre 2011 e 2013, sendo que os empréstimos teriam sido contraídos em 2008 e 2010 com familiares e assessores de familiares. Um deles, no valor de 230 mil estaria relacionado à compra de 12 salas comerciais no Condomínio Barra Prime Offices. Cerca de 65% das despesas para a aquisição das salas comerciais no ano de 2008 foram quitadas com cheques de terceiros e depósitos em espécie, dizem os investigadores.

Segundo o MP fluminense, o volume de pagamentos em espécie realizados pelo casal Bolsonaro, entre 2010 a 2014, ‘seria incompatível com os recursos auferidos de forma lícita e declarados à Receita Federal, restando evidente a utilização de dinheiro em espécie desviado a ALERJ pelo esquema das ‘rachadinhas’ no pagamento de despesas pessoais do líder da organização criminosa e de sua família’.

Analisando as receitas e despesas do casal, os investigadores identificaram ‘um saldo a descoberto’ de R$ 977.611,26, ‘correspondente à estimativa de parte do enriquecimento ilícito de Flávio e Fernanda’.

“Ou seja, mesmo sem considerar todos os gastos ordinários que podem ter sido pagos com dinheiro em espécie pelo casal, como contas de condomínio, luz, gás, telefone, TV por assinatura, internet, seguros, viagens, restaurantes, festas infantis, presentes, babás, diaristas, combustíveis, móveis, reformas e manutenção de residência e veículos, o resultado do fluxo de caixa anual indica que o somatório das receitas lícitas não seria suficiente para cobrir as despesas do casal e suas filhas, resultando em uma injustificável evolução patrimonial a descoberto no período”.

COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS RODRIGO ROCA, LUCIANA PIRES E JULIANA BIEREENBACH, QUE DEFENDEM FLÁVIO BOLSONARO

Após a denúncia, os advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, que defendem o senador Flávio Bolsonaro, divulgaram uma nota classificando as imputações do Ministério Público do Rio como ‘crônica macabra e mal engendrada’ e afirmando que ‘todos os defeitos de forma e de fundo’ da denúncia serão pontuados na formalização da defesa.

“Em função do segredo de Justiça, a defesa está impedida de comentar detalhes, mas garante que a denúncia contra Flávio Bolsonaro é insustentável. Dentre vícios processuais e erros de narrativa e matemáticos, a tese acusatória forjada contra o senador se mostra inviável e não passa de uma crônica macabra e mal engendrada, influenciada por grupos que têm claros interesses políticos e que, agora, tentam voltar ao poder. A denúncia, com tantos erros e vícios, não deve ser sequer recebida pelo Órgão Especial. Todos os defeitos de forma e de fundo da denúncia serão pontuados e rebatidos em documento próprios e no momento adequado”.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO PAULO EMÍLIO CATTA PRETA, QUE DEFENDE FABRÍCIO QUEIROZ

Após a denúncia, o advogado Paulo Emílio Catta Preta, que defendeu Fabrício Queiroz, divulgou a seguinte nota:

“A defesa de Fabrício Queiroz tomou conhecimento da notícia do oferecimento de denúncia pelo MPRJ, sem, no entanto, ter tido acesso ao seu conteúdo. Inaugura-se a instância judicial, momento em que será possível exercer o contraditório defensivo, com a impugnação das provas acusatórias e produção de contraprovas que demonstrarão a improcedência das acusações e, logo, a sua inocência”.

 

*Do Estadão

*Foto destaque: Época

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“Uma parceria de Moro com EUA visou destruir Lula”, dizem advogados do ex-presidente

Em entrevista ao DN, a propósito do lançamento em Portugal do livro Lawfare: Uma Introdução, os defensores do antigo sindicalista que foi presidente entre 2003 e 2011 afirmam ainda que sem a prática da “guerra jurídica” Bolsonaro não seria hoje presidente do Brasil.

Os advogados de Lula da Silva acreditam numa parceria de interesses entre os líderes da Operação Lava Jato e o governo dos EUA para acusar Lula da Silva e, com isso, deixá-lo de fora das eleições de 2018, que acabaram ganhas por Jair Bolsonaro. Sem essa “guerra jurídica”, Bolsonaro, que convidaria o líder da operação Sérgio Moro para seu superministro da Justiça e da Segurança, não seria eleito, afirmam ainda ao DN Cristiano Zanin e Valeska Martins, autores, ao lado do também jurista Rafael Valim, de Lawfare: Uma Introdução.

O livro, à venda no Brasil há quase um ano, chega hoje a Portugal, editado pela Almedina e com prefácio de Francisco Louçã. A apresentação online terá a presença de Ana Rita Duarte de Campos e do deputado Pedro Bacelar de Vasconcelos, a partir das 18.00.

Eis a conversa do DN com os três autores, a propósito de Lawfare, mas também de Lula.

Lula é ou foi alvo de mais de uma dezena de ações: não fica um pouco difícil argumentar perante a opinião pública que todos esses processos são devidos apenas a uma guerra política?
Cristiano Zanin: Todos os processos têm em comum o facto de serem desprovidos de qualquer materialidade. São hipóteses acusatórias construídas não com base em elementos concretos, mas com base na “convicção”, ou seja, naquilo que alguns membros do Sistema de Justiça brasileiros que não gostam do ex-presidente Lula imaginaram com o objetivo de o pôr na prisão e para o retirem da política. Tanto é verdade que até ao momento nós conseguimos a absolvição de Lula em cinco processos em que o ex-presidente foi julgado fora da Lava Jato de Curitiba. Ou seja, quando juízes imparciais e independentes analisaram as acusações à luz da defesa que apresentamos, eles absolveram Lula. Só nos processos originados em Curitiba, onde a condenação de Lula estava predefinida, é que esse resultado ainda não ocorreu. Mas temos a real expectativa de que esses processos da Lava Jato de Curitiba sejam anulados pelo Supremo Tribunal Federal diante da indiscutível parcialidade do então juiz Sérgio Moro, que fez toda a instrução e ainda julgou um deles.

Temos um habeas corpus que está pendente de julgamento desde dezembro de 2018 na Suprema Corte, que foi bastante reforçado pelos incríveis diálogos entre os procuradores e o então juiz Sérgio Moro divulgados pela série que ficou conhecida no Brasil como Vaza Jato, capitaneada pelo portal The Intercept Brasil. O facto é que, mesmo com toda a campanha mediática e as operações psicológicas realizadas pela Lava Jato, o nosso trabalho técnico, associado a alguns factos recentes, acabou escancarando o lawfare praticado contra Lula, e isso está sendo notado por parte significativa da população, com reflexos também nos processos envolvendo o ex-presidente.

Quais são então os momentos nos processos de Lula que ilustram lawfare?
Cristiano Zanin: Todos os processos abertos contra o ex-presidente Lula são desprovidos de materialidade e buscavam resultados políticos, inclusive o de retirá-lo das eleições presidenciais de 2018, e por isso fazem parte indistintamente do lawfare que denunciamos desde 2016.

Por outro lado, não há dúvida de que a causa para a abertura desses processos está na atuação parcial do ex-juiz Sergio Moro, dos procuradores da Lava Jato de Curitiba e da parceria informal e estratégica que eles fizeram com autoridades norte-americanas. Moro e os procuradores usaram a lei como uma arma contra Lula, porque queriam destruí-lo.

Para viabilizar essa atuação ilegítima, como é parte do lawfare, conseguiram o apoio de uma parte significativa dos media para promover uma verdadeira campanha visando criar um ambiente artificial de culpa contra Lula. Uma parte dos media brasileiros dedicou muitas horas de televisão e muitas páginas de jornais e revistas para atacar Lula com base exclusivamente no material que era divulgado pela Lava Jato.

Os agentes da Lava Jato também utilizaram operações psicológicas, definidas em manuais, para realizar a gestão da perceção de uma parte da população em desfavor do ex-presidente e de sua defesa. Enfim, o lawfare é uma prática que possui táticas e técnicas definidas, como mostramos no livro agora lançado também em Portugal. Todas estão presentes no caso do ex-presidente Lula.

Moro e os Estados Unidos estariam então por trás dos processos contra Lula?
Valeska Martins: A partir das provas que coletámos ao longo dos últimos anos, concluímos que houve uma conjugação de interesses geopolíticos dos Estados Unidos e de interesses políticos e pessoais de alguns agentes do Sistema de Justiça do Brasil que compuseram a Lava Jato.

Após ter descoberto petróleo na camada pré-sal e definido a sua partilha, o Brasil se tornou um alvo dos EUA, tanto é que em 2013 houve uma primeira investida com a espionagem da Petrobras, da então presidente da República Dilma Rousseff e membros do alto escalão de seu Governo.

Havia, da parte dos EUA, o interesse de mudar esse jogo e viram no Sistema de Justiça do Brasil o maior aliado para isso. Levámos aos processos como prova disso, por exemplo, um vídeo em que um procurador norte-americano, em uma reunião em 2017 com o então procurador-geral da República do Brasil, afirmou claramente que fez uma aliança com procuradores brasileiros baseada na “confiança” e fora dos canais oficiais para construir acusações contra Lula.

Isso somente foi possível porque o então juiz Moro e os procuradores da Lava Jato queriam fama e poder e também porque tinham a ambição de realizar muitas palestras que tinham as acusações contra o ex-presidente Lula como ponto central.

Cristiano Zanin (L) and Valeska Teixeira Zanin Martins,

No seu entendimento, é justo concluir que, sem a prática de lawfare, Bolsonaro não seria hoje presidente do Brasil?
Cristiano Zanin: Entendo que sim. Primeiro, porque Lula era o primeiro colocado nas intenções de voto nas eleições presidenciais de 2018 quando foi impedido de concorrer pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil – mesmo após Valeska, eu e Geoffrey Robertson [advogado internacional de Lula] termos obtido em favor do ex-presidente uma liminar obrigatória e vinculante no Comité de Direitos Humanos da ONU, inédita no país, para que ele pudesse concorrer.

Segundo, porque a Lava Jato, com a campanha mediática e as operações psicológicas que ela utilizou para praticar lawfare, especialmente contra Lula, acabou por induzir a população à negação da política, e o presidente Jair Bolsonaro é o resultado disso. Recentemente, o professor Fábio Sá e Silva, da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, publicou uma pesquisa em que analisou 194 entrevistas do ex-juiz Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato, mostrando que as ideias por eles difundidas, sobretudo de perseguição ao inimigo e de um exagerado quadro de corrupção sistémica, serviram de plataforma para a extrema-direita chegar ao poder no Brasil.

O ex-juiz Moro, segundo notícias da semana passada, vem conversando com outros protagonistas tendo a eleição 2022 em mente. Pensam que foi motivado por pretensões políticas individuais?
Valeska Martins: Em 2016, quando levámos ao Comité de Direitos Humanos da ONU o comunicado individual em favor do ex-presidente Lula – o primeiro recurso dessa natureza feito por um cidadão brasileiro -, descrevemos que o então juiz Sérgio Moro estava se utilizando do cargo de magistrado para tracionar uma carreira política. Dissemos já naquela oportunidade perante a ONU que Moro queria ser um político e que ele desejava ser candidato, até mesmo ao cargo de presidente da República.

É sempre preciso lembrar que logo após ter impedido Lula de participar das eleições presidenciais de 2018, o ex-juiz foi participar do Governo do presidente Jair Bolsonaro, que foi eleito fundamentalmente em virtude dessa circunstância. Não é novidade alguma para nós, portanto, que após ter ficado 16 meses no Governo Bolsonaro, Moro esteja agora trabalhando para ser candidato ou para continuar participando da política do Brasil, inclusive com pronunciamentos que tentam polarizar com Lula.

Pessoalmente veem algum mérito na Operação Lava Jato?
Rafael Valim: É comum dentro e fora do Brasil relativizarem-se os abusos da Operação Lava Jato pelo seu suposto efeito “moralizador” e por ter atingido relevantes políticos e empresários brasileiros. A verdade, porém, é que a Operação Lava Jato foi um projeto autoritário de poder cujos propósitos agora estão completamente desnudados.

A título de combater a corrupção, arruinou-se a economia brasileira e abriu-se caminho para uma profunda crise democrática, de que são exemplos eloquentes a destituição ilegítima de uma presidente da República e a ascensão de um líder de extrema-direita antitético aos nossos valores constitucionais.

Do ponto de vista económico, convém lembrar que, segundo um estudo recente, estima-se que apenas no seu primeiro ano a Lava Jato tenha subtraído cerca de 142,6 mil milhões da economia brasileira. Significa dizer que a operação produziu pelo menos três vezes mais prejuízos económicos do que aquilo que ela aponta ter sido desviado com corrupção. Some-se a isso a devastadora demissão de 2,5 milhões de trabalhadores de empresas investigadas ou das suas fornecedoras nos três primeiros anos da operação.

Rafael Valim © Twitter

O lawfare é a tradução, no século XXI, das velhas guerras, com tanques e munições?
Rafael Valim: O lawfare constitui um novo tipo de guerra, muito sofisticado e menos custoso do que as “velhas guerras”; não substitui os tanques e as munições, senão que se coloca como uma alternativa ou um complemento muito eficaz para a destruição de inimigos. Até pelo hermetismo da linguagem jurídica, incompreensível para a maioria das pessoas, o lawfare é uma modalidade de guerra silenciosa, discreta, porém de consequências tão ou mais devastadoras do que as guerras convencionais.

Naturalmente, não estamos com isso defendendo o uso do direito como arma de guerra. É justamente o contrário. No livro procuramos demonstrar que o lawfare é uma completa negação do direito, cujo objetivo é a construção da paz social.

No livro são referidos os casos Siemens e Ted Stevens: o lawfare não persegue apenas políticos de esquerda e nem sequer persegue apenas políticos?
Valeska Martins: Exatamente. O conceito de lawfare que propusemos no livro consiste no uso estratégico do direito para fins de deslegitimar, prejudicar ou aniquilar um inimigo. O lawfare envolve, como detalhamos na obra, a utilização ilegítima do direito nas mesmas dimensões da guerra tradicional que pode resultar na destruição de pessoas e também de empresas. Políticos de todas as ideologias estão sujeitos ao lawfare, assim como empresas.

Aliás, as empresas geralmente são a porta de entrada do lawfare para atacar políticos e agentes públicos, por isso precisam estar bastante atentas ao fenómeno, necessitam fazer permanentes análises de riscos também sob essa perspetiva.

Para ilustrar essa situação, citamos no livro os casos da Siemens e do Senador Ted Stevens. A Siemens foi submetida a uma bateria de processos decisivos (bet-the-company) após os EUA descobrirem que a empresa estava vendendo produtos para o Irão.

Ted Stevens era um senador republicano que seria reeleito e poderia ser um voto decisivo no Congresso norte-americano contra o Obamacare, mas a sua candidatura foi impedida em virtude de acusações inconsistentes que foram feitas contra ele por alguns procuradores do Departamento de Justiça dos EUA. Aliás, essas acusações frívolas feitas contra o senador republicano nos EUA são parecidas com as acusações feitas contra o ex-presidente Lula no Brasil.

Pergunta em particular para Cristiano Zanin: como vê a inclusão do seu nome na Operação E$quema, com operações de busca e apreensão autorizadas pelo juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato, no Rio de Janeiro?
Cristiano Zanin: Conforme registámos no livro já na sua versão originária lançada no Brasil em 2019, uma das táticas de lawfare consiste justamente no ataque feito a advogados que denunciam a sua prática. Sabíamos, portanto, que isso poderia ocorrer. É lamentável, porém, que o Sistema de Justiça do Brasil, depois de ter ficado bastante desgastado em virtude da perseguição imposta ao ex-presidente Lula, ainda tenha protagonizado um ataque a mim por meio de acusações nitidamente infundadas, atualmente suspensas por decisão da Suprema Corte brasileira.

Acho pedagógico para quem quer entender o lawfare que assista o vídeo que está disponível na internet e mostra como uma procuradora da Lava Jato dirige o depoimento de uma pessoa para que ela fizesse acusações contra mim. A procuradora define o que deveria ser dito e escrito por essa pessoa, que, em troca, deixou de ir para prisão a despeito de ter confessado crimes e ainda ficou com o valor que havia desviado para o estrangeiro. Além disso, a essência da acusação reporta-se à cobrança de honorários por serviços jurídicos realizados pelo nosso escritório a uma entidade privada. Isso é constrangedor para qualquer Sistema de Justiça. Tanto isso é um disparate que diversas entidades brasileiras e internacionais de juristas prontamente se manifestaram para prestar solidariedade a mim e aos meus colegas de escritório e também para repudiar o ataque. Também o Relator Especial da ONU para independência do Judiciário e da Advocacia emitiu um pronunciamento cobrando explicações do Brasil, inclusive pelo facto de o juiz que autorizou as medidas invasivas contra mim e contra o meu escritório ser um notório apoiante político do presidente Jair Bolsonaro e um aliado do ex-juiz Sérgio Moro.

Infelizmente, esse jogo baixo da Lava Jatocontra advogados que cumprem o seu papel não é uma novidade. Em 2016 a Lava Jato tentou intimidar a defesa técnica do ex-presidente Lula de outras formas. O então juiz Moro chegou até a autorizar a gravação do principal ramal do nosso escritório sob a desculpa de ter-se confundido, para ficar ouvindo as conversas que nós mantínhamos entre advogados e também as minhas conversas com Lula sobre a estratégia de defesa. Quando levamos o caso do ex-presidente Lula ao Comité de Direitos Humanos da ONU sabíamos que o Sistema de Justiça do Brasil passava por grandes problemas. E está na raiz desses problemas justamente o lawfare.

Na apresentação do livro no Brasil esteve presente o ex-primeiro-ministro português José Sócrates; pelo que conhecem do seu caso, ele pode ter sido vítima de lawfare?
Rafael Valim: Não tive acesso aos autos do processo que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates e, portanto, não tenho elementos para opinar sobre a sua culpabilidade. Entretanto, pelo que conheço do caso, posso dizer que estão presentes típicas táticas de lawfare, tais como a figura de um “superjuiz”, a decretação de uma longa prisão cautelar, uma maciça cobertura mediática (o trial by media) e obstáculos ao trabalho dos advogados. São sinais que sugerem a instrumentalização do processo penal para deslegitimar uma pessoa que se considera inimiga.

 

*Diário de Notícias – Porttugal

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Depois de disseminar ódio durante duas décadas contra o PT, Globo fala do fim da era dos extremos

Lógico que esse pombo-correio tem endereço e é direcionado a São Paulo, mais precisamente à disputa no segundo turno, Bruno Covas, que faz parte da do esteio BolsoDória, e Boulos, que terá apoio maciço do PT.

Neste domingo, os tucanos já tinham instruído Bruno Covas a vir com esse slogan funesto para que a mídia, sobretudo a Globo, reproduzisse o bate entope.

Eliane Cantanhêde, a madrinha de bateria do tucanato limpinho e cheiroso, já se arvorou a dar a vitória a Covas, ou seja, aos tucanos e, de forma marota, foi tentando criar a ideia de que os tucanos são golpistas moderados, essa nova modalidade que os neoliberais arrumaram, o que é uma gigantesca piada, já que o governo Bolsonaro carrega debaixo do braço a cópia da política econômica de FHC, tendo Maia como pajem desse casamento.

Em todas as reformas contra o povo, PSDB e Dem votaram uniformemente com Bolsonaro e, agora, querem se vender como moderados, assim como no golpe contra Dilma quando votaram em massa para derrubá-la com a farsa da pedalada fiscal e falam em moderação.

A Globo, central do ódio nesse país, que faz inveja a qualquer gabinete do ódio bolsonarista, é de um cinismo infinito, mas claro, conta inutilmente com a amnésia da população, mesmo sabendo que, ano após ano, sua credibilidade jornalística vale tanto quanto o caráter de Bolsonaro, quem ela, junto com Moro, enfiaram na cadeira da presidência.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Não há mal que sempre dure: A derrota acachapante de Bolsonaro

Principal aposta, Celso Russomanno fracassa em SP; no Rio, Crivella tem difícil 2º turno.

Colocado em teste nas eleições deste domingo (15), o capital político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu um abalo com o resultado das urnas. Além de nenhum de seus apoiados ou aqueles que buscaram se associar a ele ter conseguido vencer em cidades importantes, o presidente assistiu a alguns reveses simbólicos.

Seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), candidato à reeleição para vereador no Rio de Janeiro, foi reeleito, mas encolheu cerca de 35 mil votos em relação a 2016, quando foi o campeão na capital do estado. Ele ficou em segundo, com cerca 71 mil votos, perdendo o posto para o oposicionista Tarcisio Motta (PSOL), que teve cerca de 86 mil votos.

Wal do Açai, funcionária fantasma de seu gabinete da Câmara dos Deputados, conforme revelado em reportagens da Folha, recebeu o apoio em peso da família Bolsonaro, incluindo o do próprio presidente, mas não conseguiu se eleger vereadora em Angra dos Reis (RJ). Teve apenas 266 votos.

A aposta mais importante do presidente era Celso Russomanno (Republicanos-SP), que passou boa parte da campanha liderando a disputa à Prefeitura de São Paulo, mas acabou ficando em quarto.

Bruno Engler (PRTB) até conseguiu subir na reta final, em Belo Horizonte, mas não conseguiu evitar a reeleição de Alexandre Kalil (PSD). No Rio, Marcelo Crivella (Republicanos) enfrentará um difícil segundo turno contra o favoritismo de Eduardo Paes (DEM).

Bolsonaro chegou a apagar neste domingo um post com apoia a candidatos. À noite, divulgou mensagem minimizando os apoios dados e afirmou que a esquerda sofreu uma “histórica derrota”, o que indicaria, em sua visão, que a onda conservadora de 2018 chegou para ficar. “Para 2022, a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado”, afirmou.

Bolsonaro declarou adesão abertamente a 59 candidatos. Foram 14 a prefeito, 1 a senador (Mato Grosso terá eleição suplementar) e 44 a vereador. A maioria deles obteve o apoio durante o que o presidente batizou de “lives eleitorais gratuitas”.

Além desses, vários outros candidatos pelo país tentaram associar o seu nome ao do presidente, mas a maioria dos bolsonaristas acabou embolada nas últimas posições.

Rogéria Bolsonaro (Republicanos), mãe dos três filhos mais velhos do presidente, se candidatou a vereadora no Rio e teve pouco mais de 2.000 votos, uma votação baixa. Até as 23h30 o Tribunal Superior Eleitoral não informava se ela havia sido eleita ou não.

Uma das exceções dentro do fracasso dos simpáticos ao presidente era Belém, onde o Delegado Eguchi (Patriota) foi para o segundo turno contra Edmilson Rodrigues (PSOL).

Entre os apoiados por Bolsonaro que tiveram mais sorte neste domingo estava o ex-governador cassado Mão Santa (DEM), que deveria conseguir se eleger prefeito em Parnaíba, no Piauí.

Entre os apoiados por Bolsonaro que foram para o segundo turno, Capitão Wagner (PROS) também deve enfrentar uma dura disputa em Fortaleza contra Sarto (PDT), candidato da família Gomes.

No Recife, o apoio de Bolsonaro não conseguiu alavancar a candidatura da delegada Patrícia Domingos (Podemos).

Bolsonaro foi o principal beneficiado com a onda conservadora e antipolítica que marcou as eleições de 2018.

Além de ter sido eleito mesmo tendo promovido uma campanha caótica, sem quase nenhum amparo partidário e contrariando praticamente todas as previsões do mundo político, ele viu triunfar nas urnas uma legião de políticos que buscaram se associar ao seu nome.

Entre eles estavam os governadores eleitos dos três principais estados do país —João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG).

Os dois primeiros acabaram rompendo e virando adversários de Bolsonaro. Doria é visto como um dos principais nomes que devem concorrer contra o presidente nas eleições de 2022.

O abalo no status quo político há dois anos animou candidatos do entorno bolsonarista que mantêm o foco no discurso antipolítica a tentar a sorte.

Após um início em que titubeou em entrar na campanha de aliados, Bolsonaro acabou anunciando apoios a determinados candidatos, entre eles Russomanno e Crivella.

As pesquisas do Datafolha e Ibope mostraram em todo o percurso da campanha, porém, que nomes apoiados pelo presidente nas principais disputas ou que, mesmo sem a menção direta, procuraram se associar à imagem de Bolsonaro, não figuraram em boa posição na maioria dos casos.

 

*Com informações da Folha

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Vídeo: A queda de braço tardia dos militares com Bolsonaro

Nessa troca de farpas entre militares e Bolsonaro, ficam evidentes a falência e o naufrágio do governo e a batida em retirada das tropas militares depois de vários episódios de humilhação.

Assista:

*Da redação

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Merval, o insuperável, solta sua maior pérola: ‘tirando sua idolatria por um torturador assassino, Mourão é nota 10’

Mais uma vez ele se sobressai, com posições razoáveis e sensatas, em relação ao presidente Bolsonaro que, para se vingar, já disse que Mourão é muito mais “tosco” do que ele, como se avisasse: não adianta querer me derrubar porque o Mourão é pior ainda. Pouco provável, pela formação acadêmica de um general de quatro estrelas, e pelas posições que tem tomado, pessoalmente ou na presidência do Conselho da Amazônia. (Merval Pereira)

Existem muitos jornalistas estúpidos na grande mídia, mas Merval Pereira consegue ser mais estúpido que ele próprio. Foi assim que despejou hoje 1kg de cocô com bicarbonato.

Explico: pela frase que segue abaixo, Merval quer fazer um jogo casado entre o crápula e o anjo no seu refinadíssimo bolostrô conceitual com um mata-leão na lógica:

Com exceção da admiração por Ustra, Mourão tem defendido teses razoáveis. (Merval Pereira).

Dito assim numa frase solta numa manchete em garrafais, muita gente pode não enxergar, pela fresta da porta, a monstruosidade dessa espécie de guerra fria que Merval propõe, e vai apostar que Mourão é um dos vestais do sagrado direito que um militar tem de dar um beliscão em alguém, se não obedecer às ordens dos generais da ditadura.

Mas não, Merval está falando das maxilas de uma hiena, sem um traço qualquer de humanidade, um monstro aos moldes dos piores nazistas, alguém que tinha prazer em torturar, Brilhante Ustra, em nome do “guerra é guerra”, que Mourão usa para justificar sua devoção ao monstro.

Só o fato de ser vice de quem ele é, já tira de Mourão qualquer possibilidade de relativizar as declarações da cavalgadura. Mas, diante do próprio Merval, em entrevista na Globonews, Mourão foi enfático ao afirmar que, assim como Bolsonaro, seu livro de cabeceira é o de Brilhante Ustra.

Esse artigo do pirotécnico Merval não deixa de ser didático, primeiro porque mostra como ele e toda a bancada jornalística da Globo relativizaram um candidato com histórico como o do bandoleiro Bolsonaro. segundo porque, nesse artigo, Merval, certamente, a mando dos Marinho, solta um balão de ensaio na base do “vai que cola” e, numa possível queda do cavalão, encaixar na vaga, seu burro de carga mais servil.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Inspirado em Bolsonaro e Moro, cresce muito o envolvimento de milícias na política do Rio e São Paulo

Se existe uma coisa da qual a Lava Jato pode se orgulhar é a destruição da disputa política minimamente civilizada no Brasil. A Lava Jato mergulhou o país nessa selvageria bolsonarista em que vive.

Na verdade, se Bolsonaro é o autor de uma política genocida contra a Covid-19, que já matou quase 165 mil brasileiros, esse feito tem que ser dividido com a Lava Jato que, por sua vez, produziu o monstro que preside o Brasil.

Neste sábado, a Folha, em uma matéria, mostra que nos dois maiores estados do país, Rio e São Paulo, houve um aumento exponencial do envolvimento das milícias com a política, mas nada diz sobre o herói da mídia e sua decisiva participação no governo de um presidente entusiasta da milícia, vide Fabrício Queiroz e Adriano da Nóbrega, mas também com a absoluta leniência de Moro com a mesma, por motivos óbvios, quando esteve à frente da pasta da Justiça e Segurança Pública.

Se parar para pensar no que está acontecendo no país, onde um PM carioca como Gabriel Monteiro transformou-se num youtuber, através da participação no MBL, e agora é candidato a vereador no Rio de Janeiro, escoltado 24 horas por dia por PMs sem farda, como relatou o jornal o Dia nesta sexta-feira (13), observa-se que Moro fez escola com o uso da grande mídia e, em seguida, seu primeiro passo na vida política, chegou chegando, assumindo o super ministério no governo Bolsonaro, depois de fazer um toma lá dá cá em que a cabeça de Lula era toma lá e o dá cá a pasta que lhe daria o primeiro degrau em sua trajetória política que ruma agora para a disputa presidencial em 2022.

Dito isso, não há como negar que esse foi o grande legado da Lava Jato, destruir muitos partidos, inclusive o PSDB, empresas de ponta e, junto, a economia brasileira, e colocar em seu lugar o lixo da política brasileira, o baixo clero, não só  do Congresso, mas da vida política do país, desembocando no assustador crescimento da milícia e a consequente violência e assassinatos a que se assiste na política brasileira.

Não há a menor dúvida, essa mídia que não faz autocrítica por ter transformado Moro num herói nacional, mesmo sendo ele tão ou mais tóxico que Bolsonaro, o apoiará em sua ambiciosa e desmedida trajetória em busca da cadeira presidencial.

Tudo para que a mídia não veja o PT, mas sobretudo Lula, voltar a ocupar o Palácio do Planalto.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Russomanno e Crivella não assinam compromisso contra o trabalho escravo

Iniciativa prevê comprometimento em não promover empresas que tenham utilizado mão de obra escrava ou infantil e implementação de atendimento jurídico e social a trabalhadores migrantes brasileiros e estrangeiros.

Desde 2006, a iniciativa da Carta-Compromisso contra o Trabalho Escravo recolhe assinaturas de candidatas e candidatos a cargos no Poder Executivo que se comprometem a colocar o combate à escravidão contemporânea como prioridade em suas gestões. Como resultado, políticas públicas adotadas tiveram origem no documento, como a criação de planos municipais e estaduais para a erradicação dessa forma de exploração, além da aprovação de leis para o atendimento de vítimas.

Na edição de 2020, as 12 entidades — incluindo a Repórter Brasil — que atuam no combate à escravidão e organizam a iniciativa convidaram todos os que disputam as prefeituras de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, São Luís e Belém para endossarem o documento. Mas, a Carta-Compromisso está aberta para o endosso de candidatos de municípios de todo o país.

Até este momento, esta era a lista de quem haviam assinado a carta nessas cinco capitais:

São Paulo – Bruno Covas (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselman (PSL), Márcio França (PSB), Marina Helou (Rede) e Vera Lúcia (PSTU)

Rio de Janeiro – Benedita da Silva (PT), Clarissa Garotinho (Pros), Eduardo Paes (DEM), Luiz Lima (PSL), Martha Rocha (PDT) e Renata Souza (PSOL)

Recife – Delegada Patrícia (Podemos) e Marília Arraes (PT)

São Luís – Bira do Pindaré (PSB), Neto Evangelista (DEM), Professor Franklin (PSOL), Silvio Antonio (PRTB) e Yglésio Moyses (Pros)

Belém – Cássio Andrade (PSB), Cleber Rabelo (PSTU) e Edmílson Rodrigues (PSOL)

Entre os primeiros colocados em São Paulo, a campanha de Celso Russomanno (Republicanos) foi contatada, mas ainda não assinou. No Rio, a campanha de Marcelo Crivella também não endossou em 2020 – o prefeito da capital fluminense havia assinado a versão da Carta-Compromisso na campanha de 2016.

Entre os primeiros colocados em Recife, João Campos (PSB) ainda não assinou. Em São Luís, Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos) também não. E, em Belém, Priante (MDB) e Thiago Araújo (Cidadania) também não.

Entre os compromissos, está o de não promover empresas que tenham utilizado mão de obra escrava ou infantil. E, por outro lado, apoiar aquelas que combatem a incidência desse crime em seus setores produtivos. Também está o de implantar atendimento jurídico e social aos trabalhadores migrantes brasileiros e estrangeiros. E apoiar uma política de atendimento aos trabalhadores resgatados com ações específicas voltadas à assistência psicossocial, à educação básica e profissionalizante e à reintegração socioeconômica.

Os candidatos prometem exonerar qualquer pessoa que ocupe cargo público de confiança sob responsabilidade dos eleitos que vier a se beneficiar desse tipo de mão de obra. E a renunciar ao mandato caso fique comprovado que foram responsabilizados por esse tipo de exploração em seus negócios pessoais.

Neste ano, a carta é uma iniciativa da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), do Instituto Trabalho Decente, do Instituto Trabalho Digno, do Ministério Público do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Repórter Brasil e do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait).

Mais de 55 mil foram libertados desde 1995 no Brasil

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar o trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).

Desde 1995, quando o Brasil criou seu sistema de combate à escravidão contemporânea, mais de 55 mil pessoas foram resgatadas em fazendas de gado, soja, algodão, café, frutas, erva-mate, batata, sisal, na derrubada de mata nativa, na produção de carvão para a siderurgia, na extração de caulim e de minérios, na construção civil, em oficinas de costura, em bordeis, entre outras atividades.

As cartas com as assinaturas dos candidatos podem ser encontradas nas páginas criadas para a Carta-Compromisso de 2020 no Facebook e no Instagram.

Compromissos assumidos pelos candidatos:

1) Combater o trabalho escravo e o tráfico de pessoas como uma das prioridades de meu mandato;

2) Atuar pela erradicação do trabalho escravo contemporâneo;

3) Não permitir influências de qualquer tipo em minhas decisões, que impeçam a aprovação de leis ou a implementação das ações necessárias à erradicação do trabalho escravo;

4) Efetivar as ações constantes do 2º Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, bem assim, se for o caso, as previstas em Planos Estaduais e Municipais, além de apoiar a implantação e/ou a manutenção de comissões municipais voltadas à erradicação do trabalho escravo;

5) Reconhecer e defender a definição de trabalho análogo ao de escravo presente no artigo 149 do Código Penal, caracterizado pelo trabalho forçado, pela servidão por dívida, por condições degradantes ou jornadas exaustivas;

6) Não promover empreendimentos ou empresas que tenham se utilizado de mão de obra escrava ou infantil, dentro ou fora do Município a que me encontro vinculado, bem como apoiar empresas para o desenvolvimento e a implementação de ações e medidas de combate ao trabalho análogo ao de escravo em suas cadeias de valor;

7) Apoiar articulações políticas destinadas à aprovação de leis que possam contribuir para a erradicação do trabalho análogo ao de escravo;

8) Buscar e assegurar medidas de proteção dos defensores dos direitos humanos e de líderes sociais que atuam no combate à escravidão e na defesa dos direitos dos trabalhadores;

9) Apoiar a criação e implantação de estruturas de atendimento jurídico e social aos trabalhadores migrantes brasileiros e estrangeiros em todo o território nacional;

10) Informar aos trabalhadores de seus direitos por intermédio de campanhas de informação, que incluam as entidades públicas competentes, e buscar a inclusão da temática do trabalho escravo contemporâneo nos parâmetros curriculares da rede pública de ensino municipal;

11) Apoiar a implementação de uma política de atendimento aos trabalhadores resgatados com ações específicas voltadas à assistência psicossocial, à educação básica e profissionalizante e à reintegração socioeconômica;

12) Buscar a aprovação ou a regulamentação de projetos de lei municipais que condicionem a formalização de contratos com órgãos e entidades da administração pública à declaração, pelas empresas contratadas, de que não utilizam trabalho análogo ao de escravo na produção de seus bens e serviços;

13) Apoiar o cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo, conhecido como a “lista suja”, mantido pelo Governo Federal desde 2003, cuja constitucionalidade foi reafirmada, em setembro de 2020, por decisão plenária do Supremo Tribunal Federal.

 

*Leonardo Sakamoto/Repórter Brasil

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Datafolha: Rejeição a Bolsonaro em SP chega a 50%, aprovação cai 6 pontos no Rio

Candidatos do presidente vão mal nas duas principais cidades do país; veja dados de Recife e BH.

A imagem do presidente Jair Bolsonaro piorou nos dois principais centros urbanos do país, São Paulo e Rio de Janeiro, aponta pesquisa do Datafolha.

Os levantamentos foram feitos nos dias 9 e 10, com margem de erro de três pontos para mais ou menos. Eles também ocorreram em Belo Horizonte e Recife, que registraram estabilidade na avaliação do presidente ante a rodada anterior, nos dias 3 e 4 passados.

Em São Paulo, a rejeição a Bolsonaro é de 50%, oscilação positiva sobre os 48% da pesquisa anterior. Já a aprovação oscilou para baixo, de 25% para 23%, com a avaliação regular estável (26% ante 27%).

Bolsonaro é mais bem avaliado (30%) entre os mais velhos, e tem maior rejeição (66%) entre os mais jovens.

Na cidade, seu candidato, o deputado Celso Russomanno (Republicanos), derreteu ao longo da campanha eleitoral. Ele a começou no fim de setembro na frente, com 29%, e marca agora 14%, um terceiro lugar numérico em situação estatística de empate com Guilherme Boulos (PSOL, 16%) e Márcio França (PSB, 12%).

Entre os eleitores de Russomanno, a aprovação de Bolsonaro mais que dobra, chegando a 50%, enquanto 27% o acham ruim ou péssimo. Assim, é possível dizer que a aposta do deputado fidelizou eleitores de nicho, mas o afastou do eleitorado mais amplo.

O líder da pesquisa, o prefeito Bruno Covas (PSDB, com 32% de intenções), vê 21% dos seus apoiadores aprovando Bolsonaro, enquanto 44% o rejeitam. Previsivelmente para eleitores de esquerda, só 1% dos que votam em Boulos acham o presidente ótimo ou bom, enquanto 88% o veem como ruim ou péssimo.

Já França, que acenou ao presidente no começo da campanha mas agora busca distância comedida, tem 44% de seus eleitores rejeitando Bolsonaro. O aprovam 29%.

No Rio de Janeiro, a piora da imagem do presidente se deu no lado da aprovação, que caiu seis pontos desde a semana passada, passando de 34% para 28%. A rejeição seguiu estável (41% para 42%), enquanto o contingente dos que o acham regular subiu de 25% para 29%.

Lá, o candidato do Planalto é o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que está num distante segundo lugar na pesquisa com 14%. Entre seus eleitores, 66% apoiam Bolsonaro e 9%, o rejeitam.

Crivella está empatado tecnicamente com Martha Rocha (PDT, 11%), de quem 49% dos apoiadores dizem achar o presidente ruim ou péssimo, enquanto 23% o avaliam ótimo ou bom.

No terceiro lugar numérico está Benedita da Silva (PT, 8%), empatada tecnicamente com a pedetista e, no improvável limite da margem da erro, com o prefeito. De forma previsível, seu eleitor rejeita ainda mais o presidente: 70% de ruim/péssimo, ante 6% de aprovação.

No conjunto da população, Bolsonaro é mais bem avaliado por quem tem mais de 60 anos (34% de aprovação) e pior pelos mais ricos (61% de rejeição) e jovens (60%).

Na capital mineira, Belo Horizonte, o quadro é de estabilidade. Bolsonaro, que tinha sofrido uma queda de cinco pontos na pesquisa anterior sobre o resultado do começo de outubro, segue agora com a mesma aprovação (35%) e rejeição (38%) da semana passada.

Ali, ele recebe mais apoio de quem tem entre 45 e 59 anos (42%) e sofre maior rejeição de quem é mais rico (52%).

A corrida eleitoral é dominada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD, 63% de intenções). Entre seus eleitores, o presidente é bem visto por 32% e mal, por 38%. Os segundos colocados têm uma posição antagônica de seus apoiadores, óbvia dadas as suas siglas.

João Vitor Xavier (Cidadania, 8%) tem 51% de ótimo e bom para o presidente no seu eleitorado. Já quem diz que vai votar em Áurea Carolina (PSOL, 6%) rejeita amplamente (82%) Bolsonaro, com apenas 6% de apoiadores que o aprovam.

Em Recife, outra situação análoga à da semana passada. A rejeição (45% ante 44% na rodada anterior) segue maior que a aprovação (27% ante 28%), com 27% (28% antes) achando o presidente regular.

Na cidade há disparidades claras entre o apoio a Bolsonaro e os líderes da pesquisa.

Na frente, João Campos (PSB, 29%) tem 22% de eleitores considerando o presidente ótimo ou bom e 45%, ruim ou péssimo.

Marília Arraes (PT, 22%) vê o previsível 81% de rejeição ao ocupante do Planalto entre seus eleitores, enquanto 5% o aprovam. Já Mendonça Filho (DEM), empatado tecnicamente com ela marcando 18%, tem eleitores mais bolsonaristas: 41% acham o presidente ótimo ou bom, ante 25% que o avaliam ruim ou péssimo.

Empatada tecnicamente com Mendonça, Delegada Patrícia (Podemos, 15%), tem uma base de apoio ainda mais pró-Bolsonaro: 51% de aprovação, 28% de rejeição. No conjunto da população, a imagem presidencial é melhor (32% de ótimo/bom) entre pessoas de 34 a 45 anos e pior (53% de ruim/péssimo) entre quem tem de 25 a 34 anos e os que cursaram ensino superior.

As pequisas foram encomendadas pela Rede Globo e pela Folha. Em São Paulo, seu registro no Tribunal Regional Eleitoral é o SP-05584/2020 e foram ouvidas 1.512 eleitores. No Rio, o número é RJ-02768/2020 e o universo é de 1.148 pessoas.

Em Belo Horizonte, 1.036 pessoas foram ouvidas na pequisa MG-03799/2020, mesmo universo entrevistado em Recife, cujo levantamento é o PE-03799/2020.

 

*Com informações da Folha

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Militares da ativa dizem que Bolsonaro faz Brasil virar piada

Interlocutores de militares da ativa disseram ao blog nesta quarta-feira (11) que eles não gostaram nem um pouco da fala do presidente Jair Bolsonaro na qual diz que, quando acaba a saliva da diplomacia, tem de ter pólvora.

Para esses militares, Bolsonaro transformou o Brasil em motivo de piadas e chacotas, gerando mais um mal estar para as Forças Armadas, que, segundo eles, jamais topariam entrar numa aventura bélica.

Durante discurso nesta terça-feira (10) no Palácio do Planalto, Bolsonaro citou ameaças feitas por Joe Biden de que poderia impor sanções econômicas ao Brasil caso não haja uma reversão no desmatamento na Amazônia.

Sem citar nominalmente o democrata, o presidente afirmou: “Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora senão não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos”.

Antes dessa fala, Bolsonaro disse que um candidato a chefe de Estado fez a ameaça de impor sanções econômicas contra o Brasil caso o país não acabasse com os incêndios na Amazônia. No primeiro debate nas eleições americanas, Biden citou essa possibilidade.

Entre os militares da ativa, há um claro clima de desconforto com as posições do presidente da República. Eles já questionaram o fato de Bolsonaro ter colocado no Ministério da Saúde um general da ativa, Eduardo Pazuello. O ministro foi escolhido para fazer na pasta exatamente o que o presidente defende, independente de decisões técnicas e científicas.

Em relação às declarações desta terça, os militares se perguntavam se Bolsonaro não percebeu que fez uma alusão a um conflito militar com os Estados Unidos.

Segundo interlocutores dos militares da ativa, eles estão preocupados com os “rompantes” e “improvisos” do presidente que estão prejudicando a imagem das Forças Armadas.

Eles lembram que o presidente sempre usa o argumento de que os militares estão do seu lado em caso de alguma crise grave, mas tem tomado decisões que prejudicam as Forças Armadas.

Na avaliação destes militares, a continuar neste ritmo, Bolsonaro acabará forçando os colegas das Forças Armadas a repensarem se vale a pena seguir em seus cargos no governo. Pois, se permanecerem, é como se os militares dessem aval às polêmicas e confusões criadas pelo presidente da República.

 

*Valdo Cruz/G1

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