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Fascismo: Repressão violenta contra manifestantes em refinaria na Bolívia deixa ao menos um morto

Sob ordens da presidente autoproclamada Jeanine Áñez, policiais e militares chegaram ao local, lançaram bombas e dispararam contra manifestantes.

Manifestantes que se encontravam ao redor da refinaria Senkata, em El Alto, cidade da região metropolitana de La Paz, foram reprimidos nesta terça-feira (19/11) com violência por militares e policiais, que agiam sob ordens do governo autoproclamado de Jeanine Áñez. O bloqueio impedia a saída de combustíveis em direção à capital boliviana. Pelo menos uma pessoa morreu e outras sete ficaram feridas, mas os números podem ser maiores.

De acordo com o jornal La Razón, o morto é um manifestante de 31 anos que teria falecido após ser atingido no peito por uma bala.

Segundo um dos manifestantes, um contingente da polícia, junto com helicópteros militares, chegou ao local e lançou bombas de gás lacrimogêneo, além de disparar tiros nos que estavam na frente da planta.

O bloqueio acontecia desde o momento em que o golpe contra o então presidente Evo Morales se consumou, na semana passada. Os manifestantes no local pedem a renúncia de Áñez e a liberdade dos detidos durante a onda de protestos.

Segundo La Razón, caminhões com combustível conseguiram deixar o local, e parte do bloqueio foi retomada.

Pouco antes da operação, o ministro de Hidrocarbonetos, Víctor Zamora, disse que havia instruções da presidente para a ação. “Temos a instrução de nossa presidenta de trabalhar todo o dia para conseguir este reabastecimento. Estaremos prontos para distribuir e normalizar todo o abastecimento de líquidos aos postos da cidade baixa [La Paz] no momento em que nos deem uma via de acesso”, afirmou.

Falta de combustível

Os bloqueios impedem a chegada de gasolina e diesel à capital e levaram o país a importar combustível de Peru e Chile. Com isso, há desabastecimento em toda a cidade.

Além disso, a falta de combustível provoca outros efeitos. De acordo com La Razón, a coleta de lixo foi praticamente paralisada, já que os caminhões recolhedores não podem ser abastecidos, e o governo da cidade pediu que os moradores evitem tirar o lixo para fora de casa. A prefeitura tenta montar uma operação de emergência para recolher as cerca de 46 toneladas que estão nas ruas.

(*) Com teleSUR

*Ópera Mundi

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Abraham Weintraub, o lacrador dos idiotas

Uma das principais características dessa direita raivosa é a “lacração”. E o que vem a ser isso? Uma resposta idiota para agradar imbecis.

O MBL, com Kim e Holiday, é a cara da neoincultura, do hurra épico dos analfabetos funcionais.

Até aí, normal, afinal a burrice e a alimentação artificial de futilidades sempre foram bengala para a direita brasileira que se equilibra numa zona cinzenta do cérebro que enxerga tudo dentro de um limite ficcional.

Essa gente sempre foi adestrada para andar na trilha imposta pela elite, não seria diferente agora. Como a elite brasileira é, certamente, a mais inculta do planeta, a química dessa burguesia de rosbife não poderia ser outra.

Assim, o ilustre ministro da educação não poderia ter atitudes diferentes, mesmo que ele cause repugnância em quem tem ao menos três neurônios. Essa figura, que saiu do subterrâneo do bolsonarismo miliciano e que vem destruindo a educação no Brasil, diz-se um monarquista, um apaixonado por Caxias.

Deprimente, o sujeito fica desferindo vômitos nas redes sociais, numa linguagem tosca, mas não à altura de sua própria figura. Mas é um lacrador, ao menos para os rugidores da direita burra.

Se o Estadão se chocou com sua preferência pela monarquia, pouco ou nada falou de sua preferência pela milícia, pelos crimes, pela extorsão, pela tortura que representam esse feudo que governa o país.

Na realidade, o ministro serve a um império de pangarés, a começar pelo rei em que o filho Carluxo influencia a teocrática gestão miliciana.

Um idiota como esse chegou a uma pasta fundamental para o país, fruto do ódio antipetista exalado pelo Estadão, assim como outros veículos da mídia industrial.

Na verdade, nosso ministro da educação é um vulto da envergadura moral dos donos do jornalão e congêneres. Nessa troca de figurinhas há um teatro ambulante, uma falsa guerra, pois o jornal foi um dos principais braços do fascismo que elegeu Bolsonaro e o mesmo nomeou um completo idiota como Abraham Weintraub que um dia ainda acabará sendo colunista do Estadão. Talento para isso, não lhe falta.

Lembrando que o Estadão fez os ataques mais baixos a Fernando Haddad, o melhor ministro da educação que o Brasil já teve, para colocar Bolsonaro no poder.

 

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Deputados chilenos entram com processo que pode levar a impeachment de Piñera

Processo precisa passar pela Câmara dos Deputados, onde tem que ser aprovado com no mínimo 78 votos, e pelo Senado; governo tem maioria nas duas casas.

Onze deputados do Partido Comunista, da Frente Ampla e da coalizão Nova Maioria, que sustentou o governo de Michelle Bachelet, entraram nesta terça-feira (19/11) formalmente com um processo no Congresso que pode levar ao impeachment do atual presidente, Sebasitán Piñera, por responsabilidade na matéria de direitos humanos durante os protestos no país.

O processo ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, onde precisa ser aprovado com no mínimo 78 votos, e pelo Senado chileno, que ficaria responsável pelo julgamento final. No entanto, o bloco governista tem maioria nas duas casas.

A deputada do PC Carmen Hertz disse que “não é possível que neste país se siga com a impunidade política, moral e social que foi parte muito importante do que detonou as manifestações sociais”, e afirmou que a acusação se funda nas “graves, reiteradas, generalizadas e sistemáticas violações aos direitos fundamentais das pessoas executadas pelos agentes do Estado no último mês”.

Essa situação infringiu claramente a Constituição a as leis e isso assinalamos em um argumento sólido e responsável nesta acusação”, afirmou.

Para Hertz, dada a preocupação da comunidade internacional pelo o que está acontecendo no país, a atuação do governo de Piñera “comprometeu a honra da nação”.

O jornal La Tercera também destacou o fato de dois parlamentares do Partido Socialista (PS) terem assinado o pedido, apesar de há pouco mais de duas semanas terem se omitido das acusações contra o presidente, alertando seus colegas da oposição que seria um “erro” tentar uma ação contra o mandatário.

 

 

*Com informações do Ópera Mundi

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Vídeo: Haddad parte para o ataque a Moro: Nunca foi juiz, sempre foi um agente público

Candidato à presidência na eleição de 2018, cujo resultado foi prejudicado após Moro tirar Lula da disputa, Fernando Haddad diz que a informação de que o ex-juiz já negociava seu cargo de ministro antes mesmo de Bolsonaro vencer a corrida presidencial comprova que “como tudo o que ele faz na vida – que o Moro nunca foi juiz, ele sempre foi um agente político, sempre teve projeto de poder”. 

O ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato à presidência pelo PT em 2018, comentou nesta terça-feira 19, em entrevista ao canal no Youtube do jornalista Fábio Pannunzio, TV Giramundo, a revelação feita pelo ex-ministro Gustavo Bebianno de que o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, negociava seu cargo em encontros com Paulo Guedes, atual titular da pasta de Economia, ainda durante a campanha presidencial.

“A primeira preocupação é um ministro da Justiça que não fala a verdade. É muito grave quando você é obrigado a omitir detalhes da sua vida pública – porque ele tem uma vida pública, ele é servidor público, que tem protocolos a serem observados, dentre os quais a agenda aberta com personalidades políticas. Todo mundo sabia quem era o Paulo Guedes”, comenta Haddad.

“Ele omitiu inclusive do Congresso Nacional essa informação, o que do meu ponto de vista revela – como tudo o que ele faz na vida – que o Moro nunca foi juiz, ele sempre foi um agente político, sempre teve projeto de poder”, acrescenta, em referência aos depoimentos dados por Moro na Câmara e no Senado para esclarecer as revelações do site The Intercept, a ‘Vaza Jato’. Na ocasião, Moro negou ter tido qualquer relação com a campanha de Bolsonaro.

“O processo pelo qual ele condenou o Lula é uma verdadeira farsa, mas a ação na mídia, do Ministério Público tentando conduzir, manipular a opinião pública tentando conduzir um resultado pré-determinado definiu o resultado das eleições no ano passado”, avalia Haddad, destacando a forma como o PT foi prejudicado na disputa presidencial de 2018.

“E o que você falou”, prosseguiu Haddad, em referência à notícia trazida por Bebianno a respeito dos encontros entre Moro e Guedes, “foi uma das manobras entre muitas das que foram feitas. Essa semana mesmo houve a informação de que 400 mil números de WhatsApp foram bloqueados no Brasil”.

Na entrevista concedida a Pannunzio, Bebianno contou que aliados tiveram um encontro na casa de Bolsonaro no dia do segundo turno. “Paulo Guedes me chama e diz ‘quero conversar com um você um negócio importante’. Ele me contou já tinha tido cinco ou seis conversas com Sérgio Moro e que Moro estaria disposto a abandonar a magistratura e aceitar o desafio como ministro da Justiça”, disse o ex-ministro.

Assista à entrevista com Fernando Haddad:

 

 

*Com informações do 247

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Vídeo – Itália: Ao som de Bella Ciao, Manifestantes se mobilizam contra ex-premiê de ultradireita Matteo Salvini

‘Sardinhas’, como manifestantes se autointitulam, reuniram mais gente do que comício de Salvini nas eleições do Estado da Emilia-Romagna.

Um movimento espontâneo e organizado pelas redes sociais virou a pedra no sapato do ex-ministro Matteo Salvini, em um dos bastiões da esquerda na Itália, o Estado da Emilia-Romagna.

Autodenominado como “sardinhas”, o grupo assumiu a linha de frente para evitar que o popular secretário da Liga conquiste o governo da Emilia-Romagna, no norte do país, nas eleições regionais de 26 de janeiro.

A mobilização surgiu na última quinta-feira (14/11), quando Salvini abriu a campanha eleitoral de sua candidata a governadora, Lucia Borgonzoni, com um comício em uma arena de Bolonha com capacidade para 5,6 mil pessoas.

No Facebook, quatro internautas convocaram uma manifestação chamado “6 mil sardinhas contra Salvini”, que tinha como objetivo reunir mais pessoas do que o comício do ex-ministro do Interior. Os organizadores pediram que os participantes não levassem bandeiras de partidos, apenas cartazes representando sardinhas.

A manifestação ocorreu na Piazza Maggiore, a 1,5 quilômetro do evento de Salvini, e durou cerca de 20 minutos, reunindo entre 12 mil e 13 mil pessoas, o dobro do esperado.

A manifestação se repetiu nesta segunda-feira (18/111), mas em Modena, onde 7.000 indivíduos ignoraram o mau tempo para se espremer “como sardinhas em lata” em uma praça do centro da cidade.

Assim como em Bolonha, o ato desta segunda foi realizado paralelamente a um comício do ex-ministro e embalado pelo som de “Bella ciao!”, música símbolo da resistência italiana contra o nazifascismo, e do slogan “Modena não se liga”, em referência ao partido de extrema direita.

“Queríamos tocar um despertador coletivo, e isso aconteceu”, disse Mattia Santori, um dos organizadores do flash mob, na última sexta-feira (15/11). Segundo ele, o objetivo era acordar a esquerda, “que dormiu por tempo demais”. “Não queríamos chegar ao dia seguinte às eleições com todos se perguntando ‘como foi possível?'”, acrescentou.

Assista à manifestação em Modena:

 

 

*Com informações do Ópera Mundi

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Com medo de que protestos se alastrem pelo Brasil, governantes pedem monitoramento de atos

O temor de que um gatilho dispare ondas de protestos pelo país entrou na agenda dos governantes. São vários os sinais de cuidado: estados do Nordeste trabalham para garantir o 13º do funcionalismo em meio ao aperto fiscal para evitar mobilizações. Em outra frente, a equipe econômica é pressionada a suavizar a reforma administrativa. Em SP, as cúpulas das polícias Civil e Militar foram orientadas a monitorar convocações de atos, de direita e de esquerda, especialmente na capital.

O risco de um curto-circuito social voltou a ser tema de conversas nos gabinetes de governadores e prefeitos de partidos de centro, especialmente após a saída do ex-presidente Lula da carceragem da PF. Como a direita segue organizando manifestações –e agora a esquerda foi exortada a sair às ruas– há temor de conflitos.

Governadores mais alinhados à esquerda, porém, não veem o componente político como o maior fio desencapado do país hoje. Eles dizem que é a perspectiva de uma recuperação muito lenta da economia, aliada à degradação das contas públicas, o que mais ameaça deflagrar insatisfações sociais.

 

 

*Da Coluna Painel de Daniela Lima na Folha de S.Paulo/DCM.

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Álvaro Linera: Ódio ao índio, vingança primitiva de uma classe histórica e moralmente decadente

Como uma espessa nuvem noturna, o ódio percorre vorazmente os bairros das classes médias urbanas tradicionais da Bolívia.

Seus olhos transbordam de ira. Não gritam, cospem; não pedem, impõem. Seus cânticos não são de esperança nem irmandade, são de desprezo e discriminação contra os índios.

Montam em suas motos, sobem em suas camionetes, se agrupam em seus grêmios carnavalescos e universidades privadas e saem à caça de índios insolentes que se atreveram a lhes tomar o poder.

No caso de Santa Cruz, organizam hordas motorizadas em 4×4 com porrete em mãos para reprimir os índios, chamados por eles de collas e que vivem nos bairros marginais e nos mercados.

Suas palavras de ordem dizem que têm que matar collas, e se no caminho cruza por eles uma mulher de pollera [em tradução livre “pollera” é saia, neste caso o autor usa como expressão popular para se referir à indumentária típica indígena] a golpeiam, a ameaçam e ordenam que saia do território deles.

Em Cochabamba organizam comboios para impor a supremacia racial na zona sul, onde vivem as classes necessitadas, e avançar como se fossem um destacamento de cavalaria sobre milhares de mulheres camponesas indefesas que marcham pedindo paz.

Levam nas mãos bastões de beisebol, correntes, granadas de gás, alguns exibem armas de fogo.

A mulher é sua vítima preferida, agarram a uma prefeita de uma população camponesa, a humilham, a arrastam pela rua, a golpeiam, urinam nela quando cai no chão, lhe cortam o cabelo, a ameaçam de linchamento e quando se dão conta de que são filmados decidem jogar tinta vermelha sobre ela simbolizando o que farão com seu sangue.

Em La Paz suspeitam de suas empregadas e não falam quando elas trazem a comida à mesa, no fundo as temem, mas também as desprezam.

Mais tarde saem às ruas a gritar, insultar Evo e nele a todos estes índios que ousaram construir democracia intercultural com igualdade.

Quando são muitos, arrastam a wiphala, a bandeira indígena, e cospem, pisam, a cortam, a queimam.

É uma raiva visceral que se descarrega sobre este símbolo dos índios que eles quiseram extinguir da terra junto com todos os que se reconhecem nela.

O ódio racial é a linguagem política desta classe média tradicional. De nada serve seus títulos acadêmicos, viagens e fé; porque no fim tudo se dilui diante de sua linhagem.

No fundo a estirpe imaginada é mais forte e parece apegada à linguagem espontânea da pele que odeia, dos gestos viscerais e de sua moral corrompida.

Tudo explodiu no domingo 20 (de outubro) quando Evo Morales ganhou as eleições com mais de 10 pontos de diferença sobre o segundo, mas já não com a imensa vantagem de antes, nem os 51% dos votos.

Foi o sinal que estavam esperando as forças regressivas à espreita, desde o amedrontado candidato opositor liberal às forças políticas ultraconservadoras, à OEA e à inefável classe média tradicional.

Evo havia ganhado novamente, mas já não tinha 60% do eleitorado, e então estava mais frágil e era necessário se lançar sobre ele. O perdedor não reconheceu a derrota.

A OEA falou de eleições limpas, mas de uma vitória pouco expressiva e pediu um segundo turno, aconselhando ir contra a Constituição que afirma que se um candidato tem mais de 40% dos votos e mais de 10 pontos de diferença sobre o segundo é ele o candidato eleito.

E a classe média se lançou à caça dos índios. Na noite de segunda-feira (21) queimaram cinco dos nove órgãos eleitorais, incluídas as cédulas do sufrágio.

A cidade de Santa Cruz decretou um paro cívico que articulou os habitantes das zonas centrais da cidade, ramificando-se a paralisação às zonas residenciais de La Paz e Cochabamba. E então se desatou o terror.

Bandos paramilitares começaram a assediar instituições, a queimar sedes sindicais, a incendiar os domicílios de candidatos e líderes políticos do partido do governo, por fim até a própria casa privada do presidente seria saqueada.

Em outros lugares, as famílias, incluindo filhos, foram sequestradas e ameaçadas de ser flageladas e queimadas se seu pai ministro ou dirigente sindical não renunciasse ao cargo. Havia se desencadeado uma noite das facas longas e o fascismo espreitava os ouvidos.

Quando as forças populares mobilizadas para resistir a este golpe civil começaram a retomar o controle territorial das cidades com a presença de operários, trabalhadores mineiros, camponeses, indígenas e populações urbanas e o balanço da correlação de forças estava se inclinando para o lado das forças populares, veio o motim policial.

Os policiais haviam mostrado durante semanas uma indolência e inaptidão para proteger a gente humilde quando era golpeada e perseguida por bandos fascistoides; mas a partir de sexta [8 de novembro], com o desconhecido comando civil, muitos deles mostrariam uma extraordinária habilidade para agredir, deter, torturar e matar manifestantes populares.

Claro, antes tinham que conter os filhos da classe média e supostamente não tinham capacidade, mas agora que se tratava de reprimir índios revoltosos, o empenho, a prepotência e a sanha repressiva foi monumental. O mesmo aconteceu com as Forças Armadas.

Durante toda nossa gestão de governo nunca permitimos que saíssem a reprimir manifestações civis, nem durante o primeiro golpe de Estado cívico de 2008.

Agora, em plena convulsão e sem que alguém perguntasse nada, disseram que não tinham munição antidistúrbio, que tinham apenas 8 balas por integrante e que para se fazer presentes nas ruas de forma dissuasiva se requeria um decreto presidencial.

Contudo, não hesitaram em pedir-impor ao presidente Evo sua renúncia, rompendo a ordem constitucional; fizeram o possível para tentar sequestrá-lo quando se dirigia e quando estava em Chapare; e quando se consumou o golpe, saíram às ruas a disparar milhares de balas, a militarizar as cidades, a assassinar camponeses. Tudo sem decreto presidencial.

Claro, para proteger o índio se requeria decreto. Para reprimir e matar índios só bastava obedecer o que o ódio racial e classista ordenava. Em cinco dias já há mais de 18 mortos e 120 feridos de bala, obviamente, todos eles indígenas.

A pergunta que todos devemos responder é: como é que esta classe média tradicional pôde incubar tanto ódio e ressentimento contra o povo levando-a a abraçar um fascismo radicalizado centrado no índio como inimigo?

Como a polícia e as Forças Armadas fizeram para irradiar suas frustrações de classe e ser a base social desta fascistização, desta regressão estatal e degeneração moral?

Foi o rechaço à igualdade, ou seja, o rechaço aos fundamentos de uma democracia substancial.

Nos últimos 14 anos de governo, os movimentos sociais têm tido como principal característica o processo de igualação social, redução abrupta da extrema pobreza (de 38 para 15%), ampliação de direitos para todos (acesso universal à saúde, à educação e à proteção social), indianização do Estado (mais de 50% dos servidores da administração pública têm identidade indígena, nova narrativa nacional em torno do tronco indígena), redução das desigualdades econômicas (queda de 130 para 45 a diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres), ou seja, a sistemática democratização da riqueza, do acesso aos bens públicos, às oportunidades e ao poder estatal.

A economia cresceu de 9 bilhões de dólares para 42 bilhões, se ampliou o mercado e a reserva financeira interna, que permitiu a muita gente ter sua casa própria e melhorar sua atividade laboral.

Mas então isso deu lugar a que em uma década a porcentagem da chamada classe média, medida em renda, tenha passado de 35% para 60%, a maior parte proveniente dos setores populares, indígenas.

Se trata de um processo de democratização dos bens sociais mediante a construção de igualdade material, mas que inevitavelmente levou a uma rápida desvalorização dos capitais econômicos, educativos e políticos possuídos pelas classes médias tradicionais.

Se antes um sobrenome notável ou o monopólio dos saberes legítimos ou o conjunto de vínculos familiares próprios das classes médias tradicionais lhes permitia ascender a postos na administração pública, obter créditos, licitações de obras ou bolsas, hoje a quantidade de pessoas que disputa o mesmo posto ou oportunidade não só foi duplicada, reduzindo à metade as possibilidades de ascender a esses bens.

Mas, além disso, os ascendentes, a nova classe média de origem popular indígena tem um conjunto de novos capitais (idioma indígena, vínculos sindicais) de maior valor e reconhecimento estatal para disputar os bens públicos disponíveis.

Se trata, portanto, de um colapso do que era característico da sociedade colonial, a etnicidade como capital, ou seja, do fundamento imaginado da superioridade histórica da classe média sobre as classes subalternas, porque aqui na Bolívia a classe social só é compreendida e vista sob forma de hierarquias raciais.

Os filhos desta classe média terem sido a força de choque da insurgência reacionária é o grito violento de uma nova geração que vê como a herança do sobrenome e da pele se dissolve diante da força da democratização dos bens.

Ainda que levantem bandeiras de democracia entendida como o voto, na realidade se rebelaram contra a democracia entendida como igualdade e distribuição de riquezas.

Por isso a explosão de ódio, o excesso de violência, porque a supremacia racial é algo que não se racionaliza; se vive como impulso primário do corpo, como tatuagem da história colonial na pele.

Daí que o fascismo não só é a expressão de uma revolução falida, mas paradoxalmente, também em sociedades pós-coloniais, o êxito de uma democratização material alcançada.

Por isso não surpreende que enquanto os índios recolhem os corpos de cerca de uma vintena de mortos assassinados à bala, seus algozes materiais e morais narram que o fizeram para salvaguardar a democracia.

Mas na realidade sabem que o que fizeram foi proteger o privilégio de casta e o sobrenome.

Mas o ódio racial só pode destruir, não é um horizonte, não é mais que uma primitiva vingança de uma classe histórica e moralmente decadente que demonstra que, por trás de cada liberal medíocre, se esconde um golpista consumado.

*Álvaro García Linera é vice-presidente da Bolívia em exílio.

*Do Viomundo

 

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Cena forte: filmando com seu celular o massacre do golpe, boliviano registra sua própria morte

Uma cena chocante gravada neste domingo (17) na cidade de Achocalla, na Bolívia, mostra um jovem sendo atingido por um tiro do Exército enquanto filmava a repressão das Forças Armadas contra uma comunidade indígena que protestava contra o golpe de Estado que derrubou presidente Evo Morales.

“Olhem, estão usando balas, estão usando munição”, diz um jovem que encontra o dono do celular caído no chão ainda com uma transmissão ao vivo ligada.

As cidades de Achocalla e El Alto, localizadas no departamento de La Paz, tem sido palco de forte repressão das Forças Armadas após a consumação do golpe de Estado. Estas cidades são formadas por grandes comunidades indígenas que se rebelaram com a queda de Evo e com o desrespeito dos golpistas com a bandeira Whipala, símbolo dos povos originários.

No vídeo, é possível ver algumas Whipalas no chão em meio ao ataque dos militares promovido pela autoproclamada presidenta Jeanine Añez. Segundo a Defensoria Pública, são 23 mortos entre 30 de outubro e 16 de novembro, sendo 20 desde 11 de novembro, um dia após a renúncia forçada de Evo Morales.

Assista ao vídeo:

https://twitter.com/DenisRogatyuk/status/1196221895223459840?s=20

 

*Com informações da Forum

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Asco

Augusto Nunes, como disse Monica Bergamo, é um ser asqueroso.

Qual a novidade?

O sujeito passou a vida lambendo coturnos de ditadores, assim como hoje lambe as botas de Bolsonaro.

O que pouco se comenta é a sua atitude servil a Olavo de Carvalho.

Ele, que faz de seus ataques baixos ao PT, profissão, usa o caminho invertido para conseguir colocação rentável na direita como a que acaba de escancarar quando conseguiu com Bolsonaro um emprego na Record.

Mas a vida de Augusto Nunes não é fácil não.

Olavo de Carvalho humilhou o asqueroso nas redes sociais porque Nunes o chamou de astrólogo.

E o que fez Augusto Nunes?

Rastejou como um peçonhento pedindo perdão ao charlatão, como é próprio da condição de servo.

Desesperado, o baba-ovo escreveu inúmeros posts se desculpando.

Tudo por um único motivo, a influência que Olavo tem sobre o clã Bolsonaro.

Augusto Nunes, na verdade é a cara da mídia nativa, um lacaio do grande capital que vive farejando oportunidades no ninho dos ratos.

Na verdade, ele tem a mesma patente rasa de troços como Mainardi, José Roberto Guzzo, José Nêumanne Pinto, Alexandre Garcia e outras hienas do jornalismo de esgoto que viveram das tetas tucanas até elas secarem e, agora, são bolsonaristas desde criancinhas.

Monica Bergamo, que se indignou com Augusto Nunes pelo seu ataque baixo a Lula, chama esse rato de esgoto de asqueroso. Ela foi até generosa.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo – Bolívia: Mãe indígena diz ao filho militar: como você pode fazer isso com seu povo?

Que cena! Assistam à conversa de gestos entre mãe e filho na encruzilhada boliviana. Ela, indígena a caminho da marcha; ele, militar fardado, a postos para a repressão. Nos próximos dias esse diálogo decidirá o futuro da democracia boliviana. Muitos filhos já desertaram. Oremos. (Saul Leblon)

Chorando, a mãe fala para o filho na língua deles: como você pode fazer isso com seu povo?

É a lei do império americano e as linhas internas de um sistema em que os senhores da terra são os grandes neoliberais do planeta, numa guerra insana contra os pobres, contra os índios que não conseguem encobrir suas próprias contradições.

Mediante a violência de um soldado escravo das ordens dos EUA, ele se depara, através de seu ofício, com sua própria mãe num momento de rebeldia contra a servidão, numa desobediência, a linguagem de guerra formalizada pelos brancos num país marcado por uma divisão racista aonde soldados de origem indígena matam seus próprios irmãos através de um poder fardado que não aceita desobediência ao grande capital.

Nesse caso, o opressor era filho da oprimida e escravo do sistema. A mãe encontra com o filho em linhas cruzadas, com uma frase final que serve como pena de morte para ele: como você pode fazer isso com seu povo?

Imagina o coração dessa mãe. Imagina a dor. Ao mesmo tempo, não dá para ignorar a sua altivez, a sua conduta.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas