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VÍDEO: Indígenas são amarrados em árvores por garimpeiros dentro da reserva Yanomami

Indígenas relatam que duas crianças e um adolescente yanomami foram amarrados a troncos de árvores e ameaçados por garimpeiros dentro da reserva.

No meio da floresta da Terra Yanomami, enquanto filmavam, um homem gritava: “Tira o cartucho, tira o cartucho, traz o celular, traz o celular. Cadê o celular? Pode amarrar. Vá buscar os cartuchos da espingarda”. Em outro momento, os três indígenas estavam amarrados a postes de madeira.

Os vídeos foram registrados na tarde de terça-feira (19) pelos próprios garimpeiros em território indígena Yanomami, na região de Surucucu. Em uma parte das gravações, os invasores acusam os yanomami de terem roubado celulares. Na tentativa de recuperar os objetos, os garimpeiros os amarraram e proferiram ameaças.

A Associação Hutukara Yanomami enviou um ofício ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Funai e ao Ibama, destacando que não foi possível determinar o desfecho do episódio, mas enfatizando a gravidade do caso, que exige uma resposta imediata das forças de segurança.

“Ocorreu uma violência brutal na região de Hakoma, onde isso aconteceu, e as crianças estão em perigo naquela área. Os garimpeiros amarraram as crianças. Recebemos essa informação. Por esse motivo, estamos profundamente preocupados. Exigimos uma investigação urgente dessa violência grave que está ocorrendo na Terra Yanomami”, afirmou Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.

A Associação Hutukara Yanomami enviou um ofício ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Funai e ao Ibama, destacando que não foi possível determinar o desfecho do episódio, mas enfatizando a gravidade do caso, que exige uma resposta imediata das forças de segurança.

“Ocorreu uma violência brutal na região de Hakoma, onde isso aconteceu, e as crianças estão em perigo naquela área. Os garimpeiros amarraram as crianças. Recebemos essa informação. Por esse motivo, estamos profundamente preocupados. Exigimos uma investigação urgente dessa violência grave que está ocorrendo na Terra Yanomami”, afirmou Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.

O maior território indígena do Brasil tem sido alvo de garimpeiros ilegais por décadas, e nos últimos anos enfrentou um aumento descontrolado dessa atividade em seu território. Em 2022, a devastação aumentou em 54% em comparação com o ano anterior, embora tenham ocorrido ações para conter a situação desde janeiro de 2023. No entanto, de acordo com dados

*Com DCM

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Cotidiano

Comunidade indígena é atacada por garimpeiros e yanomami morre após ser baleado na cabeça

Um indígena Yanomami, de 36 anos, morreu e outros dois, de 24 e 31, foram baleados na comunidade Uxiu, dentro da Terra Indígena Yanomami na tarde de ontem. Os dois feridos foram removidos à capital Boa Vista nesta manhã.

As três vítimas foram baleadas por garimpeiros ilegais que atuam na região, informou o presidente Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.

Eles foram socorridos de Uxiu por equipes que atuam em Surucucu, onde há uma unidade de referência em saúde, por volta de 15h30 desse sábado.

Ferido gravemente na cabeça, Ilson Xirixana chegou à unidade desacordado, não resistiu e morreu às 5h33 deste domingo. Ele atuava na região como agente indígena de saúde (AIS).

“A equipe de saúde trabalhou muito a noite inteira. Ele teve cinco paradas cardíacas, foi reanimado, mas na madrugada não aguentou e morreu. Os outros dois foram levados para Boa Vista”, disse Hekurari ao G1.

Os garimpeiros, segundo as primeiras informações recebidas por Hekurari, chegaram à comunidade Uxiu e abriram fogo. “Alguns estavam encapuzados”, afirmou ele, com base no relato de um dos feridos.

Quando chegaram na comunidade, a equipe de saúde encontrou Ilson Xirixana alvejado do lado direito da cabeça e desacordado.

O jovem de 24 anos levou dois tiros no abdômen e estava com sangramento constante. O outro ferido, de 31, teve dois tiros no abdômen, dois na perna e vomitava bastante. Além disso, a equipe identificou ferimento na lombar. Ambos foram removidos para o hospital em Boa Vista.

Além disso, segundo Hekurari, o corpo de Ilson Xirixana também foi transportado à capital para que a Polícia Federal possa fazer perícia.

Assista:

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Política

Garimpeiros trocaram ouro por vacinas de Covid que eram destinadas a Yanomamis

Em documentos, povo Yanomami reclama de descaso das autoridades públicas com indígenas. Equipe médica chegou a ser barrada pela Funai.

No auge da pandemia de Covid-19, que assolou o mundo e o Brasil, indígenas que habitam a terra Yanomami precisaram brigar não apenas com o vírus, mas também com a ação de invasores. Durante a crise sanitária, garimpeiros subornaram servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) com ouro, para receber no lugar dos indígenas algumas das preciosas doses da vacina contra o coronavírus.

De acordo com o Metrópoles, a denúncia consta em ofício enviado ao coordenador do DSEI-Y, ao secretário Especial de Saúde Indígena e ao Ministério Público Federal (MPF), em abril de 2021, pela Hutukara Associação Yanomami, entidade que representa o povo. Em março daquele ano, o Brasil vivia a segunda onda da doença e conseguiu a marca de maior média diária de mortes por Covid do mundo, além de alto nível de óbitos por milhão de habitantes.

“Ainda em janeiro, fomos informados de que a então técnica de enfermagem do polo-base de Homoxi estaria desviando materiais do órgão, incluindo um gerador de energia e gasolina, em troca do ouro extraído ilegalmente no garimpo. Na mesma ocasião, fomos informados de que a funcionária do DSEI-Y estaria aplicando vacinas nos garimpeiros, igualmente em troca de ouro”, alertou a associação.

Segundo o relato, o mesmo aconteceria em outra base, no Uxiu, mas, ao invés da vacina, a funcionária do distrito sanitário teria desviado medicamentos aos garimpeiros. Os distritos sanitários indígenas são subordinados ao Ministério da Saúde. Na época do pedido de ajuda, o chefe da pasta era o médico Marcelo Queiroga.

“Ainda em janeiro, fomos informados de que a então técnica de enfermagem do polo-base de Homoxi estaria desviando materiais do órgão, incluindo um gerador de energia e gasolina, em troca do ouro extraído ilegalmente no garimpo. Na mesma ocasião, fomos informados de que a funcionária do DSEI-Y estaria aplicando vacinas nos garimpeiros, igualmente em troca de ouro”, alertou a associação.

Segundo o relato, o mesmo aconteceria em outra base, no Uxiu, mas, ao invés da vacina, a funcionária do distrito sanitário teria desviado medicamentos aos garimpeiros. Os distritos sanitários indígenas são subordinados ao Ministério da Saúde. Na época do pedido de ajuda, o chefe da pasta era o médico Marcelo Queiroga.

Equipe médica barrada

Sete meses depois, a Hutukara Associação Yanomami enviaria um outro ofício, esse mais raivoso, à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ao MPF. A razão da revolta é o fato de o órgão que, em tese, protege os povos originários impedir a entrada de uma equipe médica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na terra Yanomami. Os médicos foram chamados pelos próprios indígenas, que sofriam de doenças causadas pelo garimpo.

“Nossa floresta está invadida por mais de 20 mil garimpeiros, e nós estamos preocupados com a saúde de nossa população. O rio Mucajaí, onde seria realizado o diagnóstico, é pura lama, e dele nós não podemos beber água e nem tirar peixe para nosso alimento. Acreditamos que tanto as crianças como os adultos possam estar contaminados por mercúrio e desenvolvendo doenças perigosas”, afirma a associação.

Mais adiante, os indígenas sobem o tom: “Hoje ficamos sabendo que a Funai de Brasília negou a autorização de ingresso na Terra Indígena Yanomami para a equipe da Fiocruz. Ficamos revoltados. Por que a Funai proíbe que médicos visitem as nossas comunidades? Por que a Funai não retira os garimpeiros? Será que a Funai quer que os Yanomamis morram para dar nossa floresta aos garimpeiros?”, indagam.

A justificativa que teria sido dada aos indígenas para impedir a visita da equipe médica é, justamente, a Covid-19. Os Yanomamis argumentam no texto, no entanto, que àquela altura todos estão vacinados, assim como a própria equipe médica, e agora sofrem de outras doenças que não a causada pelo coronavírus. Na época, a Funai era comandada pelo Marcelo Xavier, investigado por oferecer apoio a acusado de crime ambiental.

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Política

Para acelerar saída de garimpeiros, governo Lula autoriza acesso de barcos para retirar invasores da Terra Ianomâmi

Passageiros das embarcações são fichados ao passar por pontos de bloqueio das autoridades; Polícia Federal, Ibama e Forças Armadas continuam com operação para destruir equipamentos do garimpo.

Segundo O Globo, o governo Lula passou a autorizar a partir deste fim de semana o acesso de embarcações para a retirada de garimpeiros ilegais da reserva indígena Ianomâmi, em Roraima.

Desde o início da semana, o Ibama, Funai e Força Nacional vinham montando pontos de bloqueio nos rios para impedir a entrada de barcos que levavam alimentos e combustível às áreas de garimpo. Com a nova ordem, os agentes recolhem os suprimentos e deixam o barqueiro seguir viagem.

Ao regressar ao bloqueio, os passageiros dos barcos são fichados pelas autoridades e liberados. Posteriormente, eles podem ser investigados em inquéritos instaurados pela Polícia Federal para apurar o garimpo ilegal no território Ianomâmi.

Com o espaço aéreo fechado pela Força Aérea Brasileira (FAB), os trabalhadores do garimpo começaram a fugir a pé pela floresta fechada, o que aumentou o risco de conflito com povos indígenas isolados que habitam a reserva. Segundo eles, o tempo de uma caminhada para chegar a Alto Alegre (RR), um dos municípios mais próximos da região, é de cerca de um mês.

Não há números oficiais, mas associações de garimpeiros estimam que há ainda 10.000 invasores na terra indígena. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que serão presos os que permanecerem na reserva.

— É importante que os garimpeiros saiam logo dali. A presença deles ali traz um risco fatal aos isolados, por isso aqueles que se recusarem a sair devem ser presos pela operação — disse ela. O ministro da Justiça, Flávio Dino, havia dito anteriormente que o plano era que as operações policiais começariam quando o território tivesse uma desocupação de quase 80%.

A ação da Polícia Federal, Ibama e Forças Armadas começou nesta sexta-feira, sem prazo para acabar. Os agentes sobrevoam à região em busca de acampamentos de garimpeiros, pistas de pouso clandestinas e ramais abertos na floresta. O maquinário encontrado está sendo destruído.

A fuga dos garimpeiros passou a ser incentivada pelas autoridades federais como forma de fazer a desocupação rápida do território Ianomâmi sem precisar recorrer à força. Três corredores aéreos foram criados pela FAB para retirar os garimpeiros, mas o frete subiu de preço e os mais pobres ficaram sem condições de sair pelo meio de transporte mais rápido.

Em Boa Vista, os garimpeiros fizeram na última quinta-feira um ato em protesto contra as ações do governo federal. Eles pedem o acesso de embarcações com comida e combustível para viagens de sete dias; e aeronaves para retirar os não indígenas do território Ianomâmi.

Neste sábado, as autoridades encontraram um acampamento de garimpo situado a menos de 15 quilômetros de uma comunidade de indígenas isolados Moxihatëtëa – o que aumentou o alerta para eventuais confrontos.

A tenda de lona dos invasores foi incendiada pelas autoridades.

Desde 2017, o Ministério Público Federal (MPF) faz alertas sobre a ameaça causada pelo garimpo ilegal aos Moxihatëtëa. Em 2021, houve relatos de dois nativos mortos por ação de garimpeiros na região.

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Garimpeiros começam a deixar terra Yanomami, em Roraima

A região e os Yanomami que lá habitam vêm sendo afetados pela atividade ilegal dos garimpeiros. Dezenas de indígenas já morreram.

Vídeos que circulam na internet, mostram pessoas se retirando das terras indígenas dos povos Yanomami, em Roraima. A região e os indígenas que lá habitam vêm sendo afetados pela atividade ilegal de garimpo. Dezenas adultos, crianças e idosos indígenas já morreram e outros estão hospitalizados.

No sábado (4/2), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que o governo federal recebeu informações de que um fluxo grande de garimpeiros está deixando espontaneamente a terra indígena Yanomami. Ela também garantiou que havia pelo menos 20 mil garimpeiros instalados na região.

“Temos informações que garimpeiros já estão saindo. É bom que saiam, é bom que reduz nosso trabalho. São 20 mil garimpeiros para serem retirados”, declarou a ministra. “Se eles saem sem precisar da força policial, é melhor para todo mundo.”

Quando começou

Durante a coletiva, concedida em Boa Vista, a ministra disse ainda afirmou que a informação do movimento dos garimpeiros veio de serviços de inteligência do governo, servidores que estão na região, por sobrevoos de equipes do Distrito Sanitário Especial Indígena e por integrantes de associações de indígenas.

Segundo Guajajara, a saída dos garimpeiros começou no dia 30 de janeiro, dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou o bloqueio dos tráfegos aéreo e fluvial de garimpo ilegal na região.

Em nota, o Palácio do Planalto disse, na ocasião, que corte no tráfego tinha o objetivo de “impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças”.

“As iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos”, informou o governo.

*Com Metrópoles

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Política

Como o garimpo ilegal dominou o Rio Madeira e por que é tão difícil acabar com ele

Mineradores clandestinos ouvidos pela reportagem do Brasil de Fato ajudam a explicar proliferação da atividade que preda população ribeirinha.

A nova “corrida do ouro” que atraiu os olhares para o município de Autazes (AM) na última semana está longe de ser um fato isolado. Ao contrário, é um sintoma da crescente dependência econômica provocada pela mineração ilegal no rio Madeira nos últimos anos.

Sem incentivos para permanecer na agricultura, integrantes pobres das comunidades ribeirinhas vêm abandonando o roçado para se dedicar ao garimpo, que oferece alta e rápida lucratividade, enquanto produz graves danos socioambientais e acentua a histórica desigualdade social na região.

Depoimentos de garimpeiros colhidos pelo Brasil de Fato em agosto deste ano demonstram por que ações repressivas como a que destruiu dezenas de balsas no rio Madeira no último fim de semana não são capazes, por si só, de livrar a região dos crimes ambientais.

“Na roça o colega se ferra. É um trabalho sofrido, mas o dinheiro é abençoado. Eu comparo assim porque o dinheiro que eu pego em ouro no final de semana eu compro qualquer coisinha e já era, já acabou.”

O depoimento é de um ribeirinho que vive em uma comunidade às margens do rio Madeira, perto do Município de Manicoré (AM). Aos 28 anos, ele se alterna entre o cultivo de bananas e a lavra garimpeira para sustentar esposa e seis filhos.

“Se hoje eu plantar, tipo, 500 pés de banana, vou tirar R$ 1 mil e pouco em cinco ou seis meses. Na balsa, se você trabalhar um mês, dependendo do ouro, você faz uns R$ 8 mil. Na roça você só se lasca”, calcula o homem, que pediu anonimato.

Seu primeiro “mandado” – nome dado ao trabalho freelance no garimpagem – foi na draga de propriedade do sogro, quando descobriu o potencial financeiro da atividade ilegal. Ele explica como os ganhos são divididos entre trabalhadores e os patrões.

“Em três dias eu e meu cunhado fizemos nove gramas [de ouro]. Saiu 40% para mim e para o meu parceiro, aí nós dividimos. Para cada um ficou R$ 1800. Meu sogro ficou um pouquinho mais porque ele comprou o rancho [alimentos] e o óleo para a balsa dele”, relembra.

Epidemia

Há aproximadamente 150 comunidades ribeirinhas espalhadas pelas margens do rio Madeira, apenas no trecho de 700 km entre Porto Velho (RO) e Manicoré (AM). Pelo menos 40% delas estão ou já estiveram envolvidas com a extração mineral.

A estimativa é de Jordeanes Araújo, antropólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “É importante perceber como o garimpo ilegal imobiliza a força de trabalho local, por causa do intenso comércio de ouro e outros produtos. Isso mexe com a própria estrutura agrária dessas comunidades”, explica o docente.

“Várias comunidades estão praticamente envolvidas o ano todo com garimpo. Em muitos casos, 70% da renda acaba vindo dele. Tenho alunos da Ufam que abandonam a universidade em um determinado momento do ano para ficarem nas balsas”, observa o antropólogo, que acompanha indígenas e ribeirinhos no sul do Amazonas há mais de um década.

“Todos os anos nós trabalhamos mesmo só para alimentar nossa família, para se manter. Mas tem cara que não quer e está mais do que certo. É um trabalho ruim. Quando é bom é bom, mas tem dia que você passa uma semana na balsa e não consegue nada. Aí é prejuízo”.

Para ele, o garimpo significou uma oportunidade única de ascensão social. Com R$ 22 mil obtidos na coleta do ouro, construiu uma casa simples de madeira na comunidade, onde mora com a esposa e filhos.

“Na maioria das vezes a pessoa entra no ramo pensando em ter a balsa dele. Com 10 mil você compra uma pequenininha. Uma média, simplesinha, dá uns R$ 25, R$ 30 mil”, relata o ribeirinho.

Mesmo assim, o ribeirinho diz não querer deixar a vida de agricultor para se tornar patrão do garimpo em tempo integral.

“Se eu tiver uma balsa, vou ter que me preocupar no rio e em terra, né, no bananal e na balsa. Aí, se eu deixo de fazer um trabalho e o outro não dá certo… Não quero ser rico, quero ter dinheiro para manter minha família”, afirma.

Quase sempre ocorrendo à beira das comunidades, a atividade garimpeira afasta os ribeirinhos do extrativismo e da conservação do ambiente, potencializando a poluição ambiental e dando espaço a outras ilegalidades, como o tráfico de drogas e a prostituição.

“Sabe o que estraga o garimpo? É esses caras que vem de fora. Se ‘amostram’, vão trabalhar tudo armado, cheio de bala. Aí já pega a culpa tudinho na gente”, diz, ao reconhecer a presença do narcotráfico em meio à extração ilegal do minério.

O Agro é garimpo

A explosão da mineração ilegal na bacia do Madeira foi traduzida em estatísticas por um levantamento do Mapbiomas. Segundo a organização, a área atingida mais do que dobrou entre os anos de 2007 e 2020, saltando de 37,5 para 96,6 quilômetros quadrados, o equivalente a todo o perímetro urbano de São Bernardo do Campo, cidade na região metropolitana de São Paulo.

A principal responsabilidade sobre esse crescimento recai sobre o agronegócio, que injeta dinheiro no garimpo, sob incentivo direto do governo federal. O presidente Jair Bolsonaro (PL) encoraja publicamente a atividade predatória e desmontou a política de fiscalização ambiental.

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Cotidiano

Garimpeiros matam a tiros dois indígenas isolados na terra Yanomami

Dois indígenas da comunidade isolada Moxihatëtëma, na Terra Yanomami, foram mortos a tiros durante conflito com garimpeiros, divulgou a Hutukara Associação Yanomami (HAY) nessa terça-feira (2). A área do confronto fica na região do alto rio Apiaú, em Mucajaí, região Sul de Roraima.

As mortes teriam ocorrido há cerca de dois meses e meio, mas a informação foi repassada à Hutukara na segunda-feira (1º) por lideranças da Comunidade Apiaú.

Segundo o relato, os indígenas Moxihatëtëma foram mortos após se aproximarem de um garimpo chamado “Faixa Preta”, na intenção de expulsar os invasores do seu território. No entanto, entraram em confronto com os garimpeiros.

“Os isolados acertaram 3 garimpeiros com flechas, e os garimpeiros mataram dois Moxihatëtëma com armas de fogo. Uma das flechas atiradas pelos guerreiros Moxihatëtëma foi recolhida por um jovem indígena da região do alto mucajaí que frequentava o garimpo na ocasião, e testemunhou o episódio. O objeto hoje se encontra em uma comunidade da região do Apiaú”, relata a HAY.

De acordo com a HAY, o garimpo “Faixa Preta” está localizado a cerca de quatro dias de barco, desde o posto de saúde Rio Apiaú. Conforme a Associação, essa região é vizinha ao território dos isolados Moxihatëtëma e, por esse motivo, “deve ser uma das zonas prioritárias para as ações de combate ao garimpo”.

Um documento com o relato, assinado pelo vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa, foi encaminhado para a Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami da Fundação Nacional do Índio (Funai), para a Superintendência da Polícia Federal em Roraima (PF-RR), para a 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército (1ª Bis) e para o Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR).

Ao g1, o MPF-RR informou que, por ser feriado “a equipe de plantão fica apenas por conta de atendimento de demandas urgentes”, não sendo impossível “levantar as informações” a tempo.

A reportagem também entrou em contato com a Funai, PF-RR e 1º Bis, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.

“Quero que a Funai, a Polícia Federal e o Ministério Público encaminhem a investigação do que aconteceu com os nossos parentes isolados, que foram assassinados. Duas lideranças foram assassinadas. Uma situação muito preocupante. Nós já divulgamos a nota da Hutukara, então queremos que autoridades nacionais, internacionais façam uma investigação bem forte”, disse Kopenawa.

O documento também relembrou que dois indígenas da mesma comunidade isolada foram mortos em 2019 por tiros de espingarda de garimpeiros. Na ocasião, a HAY afirma que informou os órgãos competentes, mas não obteve respostas sobre uma eventual investigação.

Com essas duas novas mortes e as de 2019, ainda conforme a HAY, a casa-coletiva dos Moxihatëtëma sofreu perda de 5% da população por morte em conflitos, visto que as últimas fotografias aéreas disponíveis da comunidade indicam a existência de 17 seções familiares, ou seja, uma população de pelo menos 80 pessoas.

A associação solicitou aos órgãos responsáveis que investiguem o ocorrido, considerando “a grande vulnerabilidade epidemiológica das famílias em isolamento voluntário, e tomem medidas urgentes para proteger o grupo de novos confrontos e contatos forçados.

“Solicita-se que sejam adotadas urgentemente ações de repressão do garimpo ilegal nas proximidades do território dos Moxihatëtëma, e sejam plenamente retomadas as atividades da BAPE Serra da Estrutura, com rotina de incursões para identificar e desmantelar núcleos garimpeiros instalados na região”, pediu no documento.

*Com informações do G1

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Crianças indígenas são sugadas por draga de garimpeiros, diz liderança Yanomami

Bombeiros seguem buscas por garoto de 8 anos; primo dele, de 5 anos, foi encontrado sem vida no rio Uraricuera, no município de Alto Alegre, em Roraima.

O que era para ser mais um dia de brincadeiras no rio que banha a comunidade Makuxi Yano, região do Parima, Terra Indígena Yanomami, em Roraima, acabou em tragédia no final da tarde desta terça-feira, dia 12 de outubro. Duas crianças que nadavam perto de uma balsa de garimpeiros foram , de acordo com lideranças locais, “sugadas” pela draga que faz a retirada de minérios na região do rio Uraricuera, no município de Alto Alegre. Nesta quarta-feira, um dos meninos, de 5 anos, foi encontrado sem vida. O outro, primo dele, de 8 anos, segue desaparecido.

– A draga gigante puxou as crianças, sugou as crianças e elas desapareceram. É uma situação grave, estamos preocupados, muito tristes e revoltados. Para nós Yanomami e Yekuana as vidas das crianças são sagradas, pois serão futuros guerreiros – afirmou ao GLOBO Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, nesta quinta-feira.

De acordo com Dario, as crianças estavam brincando quando foram sugadas e cuspidas para o meio do rio e depois levadas pelas correntezas.

– As crianças estavam brincando no rio, banhando. Elas já são acostumadas. Não precisam ir acompanhados dos pais, porque desde que quando nascem já aprendem a atravessar e nadar nos rios. Tudo isso faz parte da nossa cultura, isso nunca tinha acontecido.

Dario afirma que a balsa de garimpeiros onde está localizada a draga fica a apenas 300 metros da comunidade Makuxi Yano, na calha do rio Uraricuera e atua, de maneira ilegal, há seis anos sem que nunca tenha sido incomodada pelas autoridades.

– Um dos mais antigos garimpos da região do Parima e que nunca teve uma operação contra eles, nem Polícia Federal, Exército, Ibama, nunca pisou lá. Os maquinários continuam na ativa.

Bombeiros continuam as buscas

A denúncia do desapareciimento das crianças foi feita pelo Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY). Dario afirma que a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi avisada, mas não deu retorno aos indígenas. Procurada pelo GLOBO, o órgão ainda não se manifestou.

Tragédia virou rotina

Mais de 20 mil garimpeiros continuam a explorar ilegalmente a Terra Indígena Yanomami mesmo com ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Justiça Federal para a retirada dos invasores. De acordo com a Hutukara, até setembro de 2021, a área de floresta destruída superou a marca de 3 mil hectares – um aumento de 44% em relação a dezembro do ano passado.

Somente na região do Parima, onde está localizada a comunidade de Macuxi Yano e uma das mais afetadas pela atividade ilegal, 118,96 hectares de floresta foram devastados, o que representa um aumento de 53% sobre dezembro de 2020. Além das regiões já altamente impactadas, como Waikás, Aracaçá, e Kayanau, o garimpo avança sobre novas regiões: em Xitei e Homoxi, a atividade teve um aumento de 1000% entre dezembro e setembro de 2021.

“o aumento da atividade garimpeira ilegal na Terra Indígena Yanomami está se refletindo em mais insegurança, violência, doenças, e morte para os Yanomami e Ye’kwana. As autoridades brasileiras precisam continuar atuando para proteger a Terra-Floresta, e impedir que o garimpo ilegal continue ameaçando nossas vidas”, diz nota da Hutukara.

*Com informações de O Globo

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Entre militares e milicianos, Bolsonaro escolhe proteger Ronnie Lessa, miliciano, traficante de armas e assassino de Marielle

Reinaldo Azevedo: “Ao assim agir, ou seja, ao impedir a edição de normas compatíveis ao ordenamento constitucional e que são necessárias para o exercício da atividade desempenhada pelo Comando do Exército, o Sr. Presidente da República viola a Constituição Federal, na medida em que impede a proteção eficiente de um bem relevante e imprescindível aos cidadãos brasileiros, que é a segurança pública, e possibilita mecanismos de fuga às regras de controle da utilização de armas e munições”, escreveu Raquel Branquinho.

“O presidente Jair Bolsonaro revogou nesta sexta-feira (17) três portarias do Exército que estabeleciam regras para rastreamento e identificação de armas de fogo no Brasil. As normas também tratavam da obrigatoriedade de dispositivos de segurança em armas de fogo”.

“Atiradores e colecionadores: determinei a revogação das portarias Colog [Comando Logístico do Exército] nº 46, 60 e 61, de março de 2020, que tratam do rastreamento, identificação e marcação de armas, munições e demais produtos controlados por não se adequarem às minhas diretrizes definidas em decretos”, escreveu o mandatário em sua conta no Twitter. (Folha)

A imprensa publicou nesta terça-feira que os militares se disseram decepcionados com Moro, depois que o ex-juiz e ex-ministro, Sergio Moro revelou, através do Jornal Nacional, mensagens trocadas entre ele e a deputada (PSL) Carla Zambelli e entre ele e Bolsonaro, uma mistura explosiva e perigosa para a própria imagem das Forças Armadas a um governo que tem como oposição não só o PT, a esquerda e os tais “comunistas” que sempre criaram para justificar seus atos autoritários.

O mundo todo trata Bolsonaro como a figura mais repugnante do planeta por suas ações criminosas em parceria com garimpeiros, madeireiros, grileiros nos incêndios da Amazônia, como agora na ação criminosa contra o povo brasileiro, aliando-se ao coronavírus em benefício do mercado.

No caso das Forças Armadas, ainda surge o fato de esmagar a autoridade da instituição para beneficiar traficantes de armas, milicianos, traficantes de drogas e assassinos de aluguel como os do escritório do crime, comandado por Adriano da Nóbrega, morto recentemente na Bahia, e sobretudo Ronnie Lessa, seu vizinho no condomínio Vivendas da Barra que, preso por ter assassinado Marielle Franco e Anderson Gomes, a polícia descobriu 117 fuzis em sua posse, mostrando que o mesmo que matou Marielle é o maior traficante de armas do Rio de Janeiro, cidade em que circula o maior tráfico de armas do país.

Pergunta inevitável: aonde foi parar a sanidade do comando das Forças Armadas para seguir, como bolsonaristas fanáticos, um maníaco, expulso da instituição, além de ser ligado à cúpula mais pesada das organizações criminosas cariocas?

O tal Bolsonaro grosseirão que às vezes serve de mote para alguns textos elogiosos, vendendo sua suposta simplicidade, neste caso expõe de maneira despudorada, sua intenção de proteger criminosos e se, depois dessa desmoralização das Forças Armadas, o oficialato ainda se mantiver cego, surdo e mudo como um gado bolsonarista, a instituição está completamente falida no propósito mais simples de garantia da defesa do território nacional.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Bolsonaro já tentou implantar uma ditadura no “Dia do Fogo” e o mundo repudiou

Por que teríamos uma ditadura num país que vive uma democracia de mercado com as cúpulas das Forças Armadas, do judiciário, do congresso e do próprio governo perfeitamente harmonizadas com o presente momento?

Essa integração entre os poderes não é casual. O golpe em Dilma e em Lula, impedindo-o de disputar a cadeira da presidência e, naturalmente ganhar, teve total apoio dessas instituições afinadíssimas com o status quo que impõe goela abaixo do povo um modelo neoliberal tucano, que quebrou o Brasil três vezes em oito anos, agravando no governo do golpista sabotador, Temer e, mais ainda, no governo miliciano, aonde foi instalado um regime autoritário “legal” do mercado e se agrava perigosamente nessa suposta democracia brasileira.

Então, as chances de Bolsonaro dar um auto golpe, são nulas. Se ele tentou? Sim, tentou peitar esse paredão institucional para ampliar os negócios da família, do já conhecido internacionalmente clã Bolsonaro, quando coordenou do Palácio do Planalto o dia do fogo, associado às milícias rurais que, como sabemos, o mundo inteiro repudiou e o elegeu o inimigo número 1 do planeta.

Nada disso estava na cartilha dos senhores da terra, nem dos nativos, nem dos globais. Mas Bolsonaro, com a sua psicopatia cega, ainda dobrou a aposta tentando emparedar os tais globalistas na ONU, afrontando a própria instituição e o universo de ambientalistas mundo afora que somou cientistas do mundo inteiro que denunciaram que o mundo caminhava para um trágico acontecimento ambiental se Bolsonaro não fosse freado.

Qualquer um, por mais bobo que seja, sabe que Bolsonaro estava defendendo comparsas, travestidos de apoiadores, garimpeiros, madeireiros, grileiros e a pistolagem patrocinada por esse caldo de monstruosidade para atacar os povos originários da floresta, mas sobretudo os índios, donos das terras pelas quais Bolsonaro tem verdadeira e doentia cobiça. Daí sua fixação em produzir discursos contra esses povos com a ridícula e paspalha conversa mole de que os índios querem shopping center, jet ski e computadores de última geração.

Bolsonaro promoveu o desmonte da Funai, demitiu até um general que não aceitou fazer o seu serviço sujo, pois percebeu que não era um projeto de governo, mas de família, assim como todos os projetos criminosos aos quais Bolsonaro, verdadeiramente, dedicou-se como presidente.

Se olhar com calma as ações diretas de Bolsonaro, a conclusão será de que ele é presidente de si próprio e de sua família, como fez quando era deputado inútil ao país, mas emplacou três delinquentes na política para que a família ampliasse seus negócios no submundo do baixo clero e expandisse o laranjal em parceria com os velhos comparsas da milícia.

Isso está tão cristalino que, de tão evidente e primitivo, parece inverossímil, mas não é. A família Bolsonaro controla pessoalmente todos os projetos de governo que Bolsonaro toca em prol do clã.

Por isso, sempre se vê um membro da família marcando presença na cena do crime, seja na morte Marielle, seja na morte do miliciano Adriano da Nóbrega ou no motim da PM do Ceará, há sempre um Bolsonaro envolvido no caso.

Assim também foi feito no dia do fogo, quando Bolsonaro, pessoalmente, numa estratégia que o mundo logicamente descobriu, promoveu uma queimada sem precedentes na Amazônia para que não houvesse qualquer forma de reação contra o incêndio. E assim, a operação que beneficiava as milícias do entorno da Amazônia poderiam instalar seus negócios, expandir seu território e explorar a Amazônia a modo e gosto da família.

Lembrem-se, um dos motivos da expulsão de Bolsonaro do exército, foi sua cobiça pelo garimpo em que levou outros subordinados para um garimpo ilegal em busca do enriquecimento fácil e da sua promoção social.

Por isso também a família ataca tanto o papel dos intelectuais no Brasil e no mundo, como artistas e cientistas nacionais e internacionais. Ou seja, qualquer um que se oponha ao seu projeto pessoal de poder familiar, é considerado inimigo.

O que Bolsonaro está entendendo, no tranco, é que ele tem muito menos poder do que imaginava e terá que cumprir, sem malabarismos ou esperteza, o papel que lhe cabe, o de vaca de presépio do mercado, para que o bezerro de ouro que Guedes tragicamente impõe ao país seja cumprido à risca e que o ciclo neoliberal, iniciado por FHC no desmonte do país, siga seu curso natural sem sobressaltos.

Fica a pergunta: como Bolsonaro daria um auto golpe se não consegue ficar de pé nem sobre suas próprias pernas?

Essa sua convocação para o dia 15 de março contra o congresso e STF é uma tentativa de mostrar alguma força popular para que não saia literalmente algemado do Palácio do Planalto por seu envolvimento com a nata da bandidagem carioca.

Quem leu a reportagem da revista IstoÉ, hoje nas bancas, sabe que Bolsonaro está por um fio.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas