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Lula: ‘Trump não foi eleito para governar o mundo’

Presidente brasileiro pediu a Trump que se concentre em governar os Estados Unidos.

O presidente Lula criticou nesta quinta-feira (6) o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que o chefe da Casa Branca deve se concentrar em governar seu próprio país, e não o planeta todo.

“Eu respeito a eleição do presidente Trump. Ele foi eleito presidente da República pelo povo americano. Portanto, ele tem todo o meu respeito para governar os Estados Unidos, para manter as relações democráticas e civilizadas com os Estados Unidos”, disse Lula em entrevista à rádio Metrópole.

“Ele não foi eleito para mandar no mundo. Ele foi eleito para governar os Estados Unidos”, acrescentou.

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Impeachment de Lula é rejeitado por Hugo Motta: ‘deixa traumas’

“Se pudermos evitar todo e qualquer tipo de instabilidade, eu penso que é o melhor caminho para a nossa nação”, afirmou o presidente da Câmara.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou que não pretende apoiar iniciativas que possam estremecer a relação entre os Poderes. O parlamentar comentou, na terça-feira (4), em entrevista ao SBT, sobre a defesa do impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por parte da oposição.

“Toda construção que leva ao processo de impedimento deixa traumas”, afirmou. “Então, se pudermos evitar todo e qualquer tipo de instabilidade, eu penso que é o melhor caminho para a nossa nação, para que, com isso, ajustemos aquilo que precisa ser feito e, de fato, os problemas possam ser atacados.”

Motta também ressaltou que a Câmara buscará atuar em favor de matérias que não amplifiquem as tensões entre os Poderes.

“Quando trazemos mais fatores que geram instabilidade, esses problemas acabam crescendo, se avolumando, e isso não é bom para o País. Pode ter certeza que vamos atuar sempre em favor da estabilidade, de matérias que não venham a trazer algum tipo de estremecimento nas relações entre os Poderes”, afirmou.

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Política

Lula faz críticas às “bravatas” de Trump e defende “direito” do BRICS à desdolarização

“Os BRICS significam praticamente metade da população mundial, quase metade do comércio exterior. Os Estados Unidos também precisam do mundo”, pontuou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à política externa e ao comércio internacional, com destaque aos BRICS. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (5) a rádios de Minas Gerais, Lula condenou declarações recentes de Trump sobre a Faixa de Gaza e destacou a necessidade de os palestinos administrarem seu próprio território.

Além da questão do Oriente Médio, o presidente brasileiro reprovou a forma como Trump conduz sua política internacional, classificando suas ações como “bravatas”. Para Lula, o republicano adota uma postura provocativa que prejudica as relações diplomáticas globais. “Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim, ele agora tomou posse e já anunciou ocupar a Groenlândia, já anunciou anexar o Canadá, já anunciou mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, já anunciou reocupar o Canal do Panamá. Ou seja, sinceramente, nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo a todo tempo”, afirmou.

Defesa do BRICS e da desdolarização
Durante a entrevista, Lula também enfatizou a importância do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na economia global e defendeu a possibilidade de adoção de uma moeda alternativa ao dólar nas transações comerciais. “Os BRICS significam praticamente metade da população mundial, significam quase metade do comércio exterior desse mundo e nós temos o direito de discutir a criação de uma forma de comercialização que a gente não dependa só do dólar. Não foi o mundo que decidiu que o dólar seria a moeda, foram os Estados Unidos”, ressaltou.

O presidente reforçou a necessidade de um debate mais amplo sobre a autonomia financeira dos países e criticou a dependência global da moeda norte-americana. Para ele, o mundo deve buscar maior equilíbrio no comércio internacional e evitar imposições unilaterais por parte dos Estados Unidos. “Não é o mundo que precisa dos Estados Unidos. Os Estados Unidos também precisam do mundo, precisam conviver harmonicamente com o Brasil, com o México, com a China. Ninguém pode viver de bravata a vida inteira. Ninguém pode viver ameaçando todo mundo a vida inteira”, completou.

Relações comerciais e possíveis taxações
Lula também abordou a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, enfatizando que ambos os países mantêm um fluxo significativo de comércio. Segundo ele, o Brasil não aceitará medidas protecionistas unilaterais sem resposta. Questionado sobre a possibilidade de taxar produtos norte-americanos em caso de retaliação econômica, Lula foi direto: “É lógico. O mínimo de decência que merece um governo é utilizar a lei da reciprocidade. Você tem na Organização Mundial do Comércio uma permissão para que você possa taxar qualquer produto até 35%. Para nós, seria importante os Estados Unidos baixarem a taxação e nós baixarmos a taxação, mas se eles ou qualquer país aumentarem a taxação do Brasil, nós iremos utilizar a reciprocidade e taxá-los também”.

O presidente também fez um apelo para que os EUA abandonem uma postura isolacionista e retomem o diálogo internacional. “Os Estados Unidos estão se isolando do mundo, e isso não é importante, nem para eles e nem para o mundo. É importante que a diplomacia volte a funcionar e que a gente restabeleça a harmonia. Como é que a gente vai prescindir de um país do tamanho da China, da Índia, de uma força como a Rússia, do México, dos países africanos?”, questionou.

A fala de Lula reforça a postura do Brasil em defesa do multilateralismo e da cooperação internacional, contrapondo-se ao discurso protecionista e beligerante de Trump. O debate sobre a desdolarização no BRICS ganha cada vez mais força, sinalizando uma possível mudança nos rumos do comércio global nos próximos anos. Com 247.

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Lula na jugular de Bolsonaro: “Quem tentou golpe não merece absolvição”

Lula mandou a letra sem rodeios, como deve ser.

Até porque o próprio presidente seria o primeiro alvo a ser abatido pelos capatazes de Bolsonaro se o golpe não talhasse.

Seria um suicídio político Lula aliviar para um animal fascista.

Lula ainda foi didático. “Se ele não fosse um homem que tivesse preparado toda essa podridão de comportamento, ele teria ficado, teria dado posse, como qualquer ser humano civilizado faria”, disse o presidente.

Lula disse ainda que, caso Bolsonaro seja inocentado e possa concorrer à Presidência em 2026 contra o petista, “vai perder outra vez”.

“Eu acho que quem tentou dar um golpe, quem articulou inclusive a morte do presidente, do vice-presidente e do presidente do tribunal eleitoral, não merece absolvição”, respondeu Lula durante entrevista a rádios mineiras.

“A verdade, só o Bolsonaro sabe. Se ele quis dar golpe, ele sabe que quis dar. Por isso que ele fugiu para Miami. Se ele não fosse um homem que tivesse preparado toda essa podridão de comportamento, ele teria ficado, teria dado posse, como qualquer ser humano civilizado faria. Mas ele, não”, acrescentou ainda o presidente.

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Lula alerta sobre a volta de um ‘aloprado’ ao poder

Presidente falou sobre a necessidade de investimentos robustos e manter as conquistas sociais dos últimos anos.

O presidente Lula fez um alerta nesta terça-feira (4), afirmando que a volta de um “aloprado” à presidência poderia desfazer anos de conquistas sociais obtidas no atual governo no campo da educação. No passado, Lula se referiu a Jair Bolsonaro como aloprado, mas não citou o ex-capitão no discurso de hoje.

Falando no evento da abertura do 6° Encontro do Pnae, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, em Brasília-DF, Lula afirmou que para “construir leva décadas, e destruir basta um aloprado ganhar as eleições”.

A declaração surge em meio à indefinição na extrema direita sobre quem será o candidato em 2026. Enquanto Bolsonaro continua inelegível, nomes como Gusttavo Lima e Tarcísio de Freitas são sondados em pesquisas de opinião.

Em relação ao programa de alimentação nas escolas, Lula voltou a defender investimentos robustos na educação pública, afirmando: “Escola pública depende do respeito do poder público, do carinho dos professores e da dedicação” e “nossa dívida histórica com a educação é impagável”.

O presidente também disse que “a comida tem que ser saudável e gostosa”, após o Ministério da Educação anunciar a meta de reduzir de 20% para 15% o limite de alimentos processados no cardápio escolar. Em 2026, a meta é de 10%, siz Leonardo Sobreira, 247.

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Governo Bolsonaro, a era da fila do osso

Bolsonaro foi o único presidente da história da humanidade que devolveu o país ao mapa da fome.

Lula e Dilma tiraram o país do mapa da fome livrando 45 milhões de brasileiros da mais absoluta miséria.

Bolsonaro, em quatro anos, produziu 33 milhões de miseráveis. Gente faminta, incluindo sobretudo crianças das mais variadas idades.

Na verdade, Bolsonaro sempre fez carga contra qualquer programa social dos governos Lula e Dilma.

Excomungava com um ódio nos olhos, não só o Bolsa Família como as famílias beneficiadas pelo programa.

Soma-se a isso, não só a fila do osso para os remediados, mas uma epidemia de desemprego e inflação galopante que cupinizou o poder de compra dos trabalhadores.

Óleo de soja virou artigo de luxo. Feijão nem tem graça comentar.

Carne bovina triplicou de preço assim como a carne de frango.

Detalhe, foram quatro anos sem aumento real dos salários.

Os brasileiros em sua grande maioria ficaram a mingua, enquanto banqueiros, latifundiários e outros bichos soltos nunca ganharam tanto dinheiro e com tanta facilidade.

Bolsonaro sempre odiou o Brasil, mas principalmente o brasileiro pobre.

Dizia que pobre só servia para votar e viver de esmola do governo.

Por isso sua vingança perversa contra quem nem tinha o que comer até a chegada de Lula e Dilma no governo.

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Política

Lula pede a membros do PT para reforçar a polarização com Bolsonaro

Segundo o presidente, petistas devem ir para o enfrentamento nas redes, e fazer comparações com o governo bolsonarista.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pedido a parlamentares petistas da Câmara para que os deputados federais do partido fortaleçam a polarização com Jair Bolsonaro (PL).

Deputados que participaram do encontro relataram que o presidente afirmou ser o momento de os petistas partirem para o enfrentamento nas redes e compararem os dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula com os dois anos iniciais da gestão Bolsonaro. A informação foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

No último dia 27 de janeiro, a primeira pesquisa Genial/Quaest de 2025 apontou que a aprovação de Lula caiu de 52% em dezembro para 47% em janeiro. A avaliação negativa aumentou de 31% para 37% no mesmo período. Ao comentar os números, o presidente disse que pesquisas servem para orientar ajustes, e não para causar preocupação.

No caso de Bolsonaro, o ex-mandatário está inelegível por disseminação de fake news, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral em 2023. O motivo foram declarações golpistas feitas em 2022, quando ele afirmou a embaixadores, em Brasília (DF), que o sistema eleitoral brasileiro não tem segurança contra fraudes.

Em 2010, Lula terminou seus dois mandatos consecutivos com aprovação popular recorde, conforme informou o Datafolha: 83% avaliaram a gestão como ótima ou boa. Para 13%, o governo foi regular, e 4% consideraram a administração ruim ou péssima.

Possível candidato em 2026, Lula concorreu em 2022 e venceu a eleição contra Bolsonaro por 50,9% (60 milhões de votos) a 49,1% (58 milhões de votos).

O petista ainda não confirmou sua candidatura para a próxima eleição. A ideia é não antecipar demais o pleito, e atrapalhar a agenda do governo. Na centro-direita, alguns nomes vêm sendo especulados, como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) – pessedista que é filho do apresentador Carlos Roberto Massa, conhecido como Ratinho.

 

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Política

Em encontro com Lula, Hugo Motta colcou-se “100% à disposição” e Alcolumbre fala em “apoiar a agenda do governo”

Encontro ocorre após a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado e marca compromisso de harmonia entre os Poderes.

No primeiro compromisso institucional após a eleição para o comando das Casas Legislativas, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se reuniram nesta segunda-feira (3) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. O encontro, realizado dois dias após a definição do novo comando do Legislativo, simboliza um alinhamento entre os Poderes e um compromisso de cooperação institucional.

Durante a reunião, Hugo Motta enfatizou a disposição da Câmara para trabalhar em parceria com o Executivo, destacando a importância da harmonia entre os Poderes. “Esse é um momento que marca o início da caminhada deste próximo biênio. Hoje, no primeiro dia útil, estamos eu e o senador Davi fazendo esta visita institucional para dizer que a Câmara, e penso eu que também o Senado, estará à disposição para construirmos uma pauta positiva para o país”, afirmou Motta. O deputado também ressaltou a necessidade de manter um diálogo constante para avançar em temas prioritários. “Agradeço ao senhor [presidente Lula] mais uma vez, me coloco 100% à disposição para, juntos, trabalharmos em favor do nosso Brasil, porque quem ganha com isso são os mais de 200 milhões de brasileiros que dependem desse nosso relacionamento”, disse.

Alcolumbre reforçou a mensagem de cooperação, destacando que a função do Congresso é colaborar com o governo na formulação de políticas que atendam às demandas da população. “O Poder Legislativo não pode se furtar em ajudar o governo do Brasil a melhorar a vida dos brasileiros. Tenho certeza de que este é o espírito colaborativo e quero registrar publicamente, em nome dos meus colegas senadores, das minhas colegas senadoras, do Congresso Nacional, assim como tenho certeza e convicção de que o é sob a liderança do presidente Hugo, na Câmara dos Deputados”, afirmou.

O presidente do Senado também fez questão de destacar que o momento exige compromisso com a estabilidade política e avanços sociais. “Nosso país ainda tem muitas desigualdades. A gente não tem tempo de criar crise onde não existe, porque nosso tempo tem que ser aproveitado integralmente para entregar para as pessoas”, disse Alcolumbre, reforçando a necessidade de um Legislativo ativo na formulação de políticas públicas.

A reunião também foi marcada por elogios de Alcolumbre às capacidades de articulação de Lula. O senador destacou a importância da colaboração entre os Poderes para que as iniciativas do governo possam avançar de maneira produtiva. “Precisamos apoiar a agenda do governo, precisamos debater na casa do povo, o Congresso, aprimorar todas essas agendas importantes que são prioritárias para o governo, inclusive participar mais, propondo mais iniciativas a partir do parlamento”, afirmou o presidente do Senado. Com 247.

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Pesquisa

Pesquisa Genial/Quaest: Lula venceria todos os adversários se a eleição fosse hoje

Gusttavo Lima é o candidato da oposição que se sairia melhor na disputa com o petista, segundo o levantamento.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (3) mostra que o presidente Lula venceria todos os seus adversários se a eleição presidencial fosse hoje. Em todos os cenários possíveis de primeiro e segundo turno o petista sairia vitorioso.

A pesquisa é parte do levantamento divulgado na semana passada e que mostrou a reprovação do governo Lula maior do que aprovação pela primeira vez. Também inclui os nomes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e do cantor sertanejo Gusttavo Lima (sem partido).

Os entrevistados foram confrontados com quatro cenários para o primeiro turno e seis para o segundo. No primeiro turno, a pesquisa listou oito candidatos: Lula, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Gusttavo Lima, o influenciador Pablo Marçal (PRTB), Eduardo Bolsonaro, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).

Lula tem entre 28% (cenário sem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas) e 33% (sem Tarcísio, Marçal e Eduardo Bolsonaro). Tarcísio tem 13% das intenções de voto, seguido por Gusttavo Lima, com 12% a 18%. No segundo turno, a lista de candidatos exclui Ciro Gomes.

Contra Lula, melhor desempenho é de Gusttavo Lima
Lula tem mais de 40% das intenções de voto em todos os cenários. Gusttavo Lima é o candidato da oposição que se sairia melhor. Ele teria 35% dos votos, contra 41% do presidente, uma diferença de 6 pontos percentuais. Contra Eduardo Bolsonaro e Pablo Marçal, Lula abriria 10 pontos de vantagem (44% a 34%) e contra Tarcísio, 9 pontos (43% a 34%).

O índice de indecisos varia de 19% a 25%. Na pesquisa espontânea, 78% declaram-se indecisos. Apenas três nomes foram citados: Lula, que aparece com 9% das intenções de voto, empatado com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Gusttavo Lima tem 1%, mesmo percentual de “outros”.

A pesquisa submeteu 12 nomes aos entrevistados para avaliar o grau de conhecimento, o potencial de voto e a rejeição de cada um deles. Além dos que compuseram a lista de candidatos, aparecem ali o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

As maiores rejeições são de Haddad (56% o conhecem e não votariam nele) e de Eduardo Bolsonaro (54%). Lula é conhecido e apoiado por 47%, índice muito próximo dos 49% que dizem conhecê-lo e não votar nele. O ex-presidente Bolsonaro tem rejeição maior, de 53% e 41% de intenção de voto.

Gusttavo Lima é rejeitado por 50% e apoiado por 29%, enquanto 21% dizem não conhecê-lo – empate dentro da margem de erro com Michelle. A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 23 de janeiro, e ouviu presencialmente 4.500 brasileiros de 16 anos ou mais. A margem de erro é de 1 ponto percentual.

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Política

Gilmar Mendes: “Lula tem feito um excelente governo, trouxe Brasil à normalidade” e chama Bolsonaro de “caricato”

Um dos ministros mais eloquentes do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes afirma que Brasil voltou para o rumo da estabilidade e defende controle sobre big techs e redes sociais.

O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, deu entrevista ao site Público, de Portugal. “No geral, me parece que o governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional”, diz.

Gilmar destaca ainda que os imigrantes, especialmente nas economias mais desenvolvidas, têm sido transformados em bodes expiatórios pelo populismo de direita. Ele defende a necessidade de maior controle sobre as big techs e as redes sociais. Além disso, reconhece que os crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil devem ser julgados, um tema que ganhou destaque com o filme “Ainda Estou Aqui”, que recebeu três indicações ao Oscar.

Alguns trechos:

Como o senhor viu essa questão dos brasileiros deportados dos Estados Unidos chegarem algemados, acorrentados, ao Brasil?

Tem um pouco desta fantasia americana, de justiça e ordem. Já faz algum tempo, um piloto de stock car, se não me engano brasileiro, foi acusado nos Estados Unidos de ter problema com o Fisco. E veio lá uma ordem e, em pouco tempo, ele estava algemado e acorrentado. No momento seguinte, descobriu-se que ele não tinha nada a dever e se retirou [Em 2009, Hélio Castroneves foi absolvido pelo júri de todas as acusações de sonegação fiscal, no Tribunal em Miami. O piloto, dono de uma mansão em Coral Gable, era acusado junto com sua irmã Katiucia e seu advogado americano Allan Miller de ter montado um esquema para fraudar o fisco em US$ 5,5 milhões (cerca de R$ 12 milhões) entre 1999 e 2004, quando competia pela Penske Team]. Isso não faz o menor sentido. Talvez algum cuidado se tivesse que ter, diante de tanta gente dentro de uma aeronave, mas não se tratava disto (ter criminosos). Então, me parece que acabam ocorrendo esses exageros, talvez para efeito de demonstração. Por isso, inclusive, o Governo brasileiro emitiu protestos em relação a isso. É claro que quem está ilegal num dado país, suporta a possibilidade de deportação. Em princípio, isto ocorre em todos os lugares. (…)

Como o senhor vê esse movimento da extrema-direita liderado por Trump? Qual o impacto que isso pode ter no Brasil?

Eu não atribuiria este movimento necessariamente ao Trump ou a sua liderança. É muito cedo para prognosticar como isso vai se desenvolver. Toda hora nós estamos a ver anúncios de medidas (nos Estados Unidos) e também a sua desautorização. Então, é preciso ter muito cuidado para que a gente separe o ruído do sinal. Mas, de qualquer forma, não podemos menosprezar toda a evolução que se tem tido nesse campo. O próprio movimento que ocorreu nos Estados Unidos, o 6 de janeiro (invasão do Capitólio), que foi um fato absolutamente inédito. Ninguém imaginava, com a tradição democrática americana, que aquilo pudesse ocorrer. Mas antes já tínhamos movimentos assemelhados na própria Europa do leste, com Hungria, Polônia, problemas sérios de desinstitucionalização, na Turquia também. Agora, na Itália, embora com um viés moderado, na Áustria. Há sinais de descontentamento que carrearam para este campo. A Alemanha, com a Alternativa para a Alemanha (AfD). São dados preocupantes, que mostram uma grande insatisfação. No caso alemão, é até uma curiosidade que o crescimento do populismo se deu fortemente no território da antiga Alemanha Oriental (que era comunista).

Para o Brasil, qual é o impacto do populismo de direita?

No geral, me parece que o Governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional.

Nós tivemos uma situação meio caricatural disto com o governo Bolsonaro. O que me parece é que, ao longo dos anos de democracia, começados em 1985, depois consolidados em 1988, nós conseguimos ter governos de perfil centrista. Aqui, acolá, com um viés um pouco de centro-esquerda ou de centro-direita, mas dentro de um perfil moderado. Isto ocorreu com Fernando Henrique (Cardoso), que fez uma aliança à direita com os partidos representativos, PFL, MDB, pessoas de centro, liberais clássicos, mas ele também defendendo o Estado social que já está na Constituição. Esses dias, um professor de Manchester me falava que o Brasil é um país singular, porque buscou realizar um Estado social sem ter passado por nenhuma guerra. É diferente dos Estados europeus, em que o Estado social, de alguma forma, advém desta situação.

Mas veio o desgaste que tivemos com a sucessão de governos do PT. Diante dos problemas, das crises, pensou-se, talvez, que a resposta pudesse estar num certo populismo, que, inicialmente, se traduziu num populismo judicial, do Ministério Público que alimentou a ascensão de Bolsonaro ao poder, com a eliminação praticamente de todas as lideranças políticas mais expressivas, de alguma forma atingidas por todo o processo da Lava-Jato. É um pouco isto que permitiu a ascensão de Bolsonaro, que nós não saberíamos prever, um ano antes, que iria ocorrer. E isto vira um pouco também a caricatura desse movimento no mundo, é o antivax, é o negacionismo pelo negacionismo. Mas não acredito que, mesmo as forças políticas que o apoiaram, possam ser timbradas como de extrema-direita. A gente percebe hoje um movimento no sentido forte de pessoas que não comungam do chamado esquerdista ou esquerdizante, mas que também não subscrevem as pautas agressivas da extrema-direita. Então, a mim, parece que talvez hoje o próprio Congresso se traduza numa maioria conservadora, mas não de extrema-direita. Acho até que, na verdade, os personagens que possam ser no Congresso timbrados como tais, seriam em número reduzido.

O regime semipresidencialista seria o ideal para o Brasil? O Congresso ganhou muito poder sobre o Orçamento federal, deixando o Executivo a reboque.

Nós temos discutido isso, inclusive, vocês já acompanharam, no Fórum de Lisboa, esse debate. Algo teremos que fazer em termos de reforma do sistema de Governo, porque estamos vivendo uma anomalia. Isto tem a ver um pouco com a debilitação do poder do Executivo, acentuada a partir da administração de Dilma (Rousseff). O Congresso transformou as chamadas emendas propositivas em emendas orçamentárias impositivas. Isso virou lei. Além desse passo, as emendas foram crescendo, atingindo, no último ano, alguma coisa como R$ 50 bilhões. Portanto, daquilo que sobra para investimentos, uma boa parte é feita por meio das emendas parlamentares e, talvez, muito disto se perca em projetos locais, paroquiais, sem uma visão ou uma projeção estratégica. Isso se tornou um grave problema. O Congresso delibera sem qualquer responsabilidade.

Então, se caminhássemos para um modelo parlamentarista, em que a maioria congressual governaria, e teria responsabilidade governamental, certamente isso seria positivo. Mas é claro que envolveria outras reformas. Agora, temos de resolver esse dilema. Não podemos viver esta situação a que estamos nos acostumando, de uma série de confusões de atribuições. Precisamos organizar esse maracatu e buscar uma reforma que seja razoável. Ninguém é contra, considerando a complexidade política do Brasil, que o Congresso participe, inclusive com a indicação de emendas. A questão é saber qual é o valor adequado e que isso seja completamente transparente. Nós estamos falando de verba pública, de dinheiro público, que tem que ser destinado a finalidades públicas.

Não é razoável que uma questão de alta indagação política, e uma tarefa complexa, do ponto de vista político-administrativo, se transforme daqui a pouco num caso policial. Ninguém almeja isso.

O STF, inclusive, entrou nisso, por meio das decisões do ministro Flávio Dino.

Antes disso, o processo era da relatoria da ministra Rosa Weber. Veio para o ministro Dino por sucessão. E o que o Supremo está dizendo é mais ou menos óbvio: que as emendas parlamentares têm que ser rastreáveis, transparentes, que os autores sejam identificados e que haja fiscalização da aplicação dos recursos. Criou-se uma opacidade, uma névoa em torno disto, que, na verdade, é perigosa para o próprio Congresso Nacional. Não é razoável que uma questão de alta indagação política, e uma tarefa complexa, do ponto de vista político-administrativo, se transforme daqui a pouco num caso policial. Ninguém almeja isso. (…)

A popularidade do presidente Lula está em queda. O índice de desaprovação já supera o da aprovação. Como o senhor avalia o Governo hoje?

A popularidade vai e vem. Quando muito jovem, eu integrei o governo do Fernando Henrique Cardoso. Tenho muito orgulho disso, porque era uma equipe de pessoas muito qualificadas. Entre elas, tinha Pelé (risos). O Fernando Henrique dizia que a gente pode perder a popularidade, mas não pode perder a credibilidade. Então, acho que isso é fundamental. Muitas vezes, o Governo tem que tomar medidas que são à vista das pessoas, de imediato, impopulares. Por isso, pagará com o preço da impopularidade. Não me parece que isso seja decisivo, e me parece que a grande vantagem do Governo Lula é que ele devolveu ao Brasil um senso de normalidade. As instituições voltaram a dialogar e a funcionar. E é um governo difícil, talvez, seja até um governo de aprendizado, depois da inorganicidade, da desorganização perpetrada no Governo Bolsonaro, porque é praticamente a construção de um Governo de minoria.

Diante desse fenômeno das emendas parlamentares, um parlamentar da Câmara talvez disponha por ano, de emendas impositivas para destinar para o seu reduto, alguma coisa como R$ 50 milhões. Um senador, talvez, algo em torno de R$ 80 milhões. Isso pode variar de acordo com o ranking. Ao todo, estamos falando de R$ 50 bilhões. No modelo anterior, do chamado presidencialismo de coalizão, essas verbas eram distribuídas a partir de uma regra de fidelização, de quem apoiava ou não o Governo. Agora, não. Este é um outro modelo. Portanto, o Lula está governando sobre um outro estamento institucional e político, e precisa construir maioria nesse contexto. Também não basta distribuir ministérios. No modelo anterior era a fidelização via emendas propositivas, que eram liberadas ou não pelo Governo, discricionariamente, e a distribuição de ministérios para determinadas forças políticas. Hoje, muitos ministérios são extremamente débeis e dependem inclusive das emendas dos parlamentares.

Então, é um quadro muito singular. Não obstante, reformas importantes foram aprovadas, como a tributária. Tem-se construído soluções e, nesse sentido, eu avalio o Governo como positivo. É inevitável que, agora, com a retomada dos trabalhos do Congresso, certamente haverá uma nova formação ministerial. Mas, no geral, me parece que o Governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional, como se pode avaliar.

Há uma queixa geral entre os parlamentares de que o Supremo legisla e tira poder do Congresso. O STF está extrapolando seus poderes?

Eu não vejo assim. É notório que o texto da Constituição de 1988 reforçou imensamente o poder do Supremo Tribunal Federal como corte constitucional, permitindo que um partido político, com um representante, leve ao Supremo a impugnação de leis votadas pelo Congresso Nacional. Mas isso foi uma opção do constituinte, considerando que, no passado, só o procurador-geral poderia fazê-lo. Entendeu que era necessário dar essa abrangência. Eu sempre digo que o Supremo não tem uma banca ali na frente pedindo que venham causas. As causas são provocadas, normalmente, pelo próprio sistema político, pelas suas dissidências. Por outro lado, o texto constitucional valorizou muito as situações de omissões inconstitucionais, casos em que a Constituição prevê um dever de legislar, que não foi satisfeito pelo Congresso Nacional. São casos em que o Supremo acaba por fazer a intervenção.

Se quisermos ficar num exemplo recente, vamos considerar a pandemia. Nós temos um sistema de saúde, o SUS, que é altamente complexo, porque exige a integração de União, estados e municípios. É claro que a cabeça do sistema é a União, inclusive provendo a maioria dos recursos. Com um Governo negacionista na pandemia, nós tivemos problemas seríssimos, porque era um Governo que, como os senhores sabem, recomendava a ivermectina ou a cloroquina para cuidar da Covid e avaliava que 3 mil pessoas ficariam doentes e haveria a imunidade de rebanho. E não era isto. Governadores e prefeitos de grandes cidades passaram a enfrentar o problema, porque eles administravam os hospitais, e foram ao Supremo pedindo para usar medidas que a OMS (Organização Mundial de Saúde) já recomendava: isolamento social, restrição de transporte, fechamento de atividades. E o Supremo, então, autorizou estados e municípios a tomarem essas medidas. Isso colocou o tribunal numa via de colisão com o Executivo federal.