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Política

Querem suprimir de Lula o direito de escolher o próximo ministro do STF com ampla e total liberdade

Ricardo Bruno*

Cresce a pressão de setores engajados na luta identitária pela indicação de uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal. Não bastasse a ampla difusão da proposta nas redes sociais, a campanha se multiplicou em filmes e outdoors, exibidos mundo afora, em pontos estratégicos, entre os quais a Time Square, vitrine mundial do capitalismo, e a Índia, palco da última reunião do G 20.
Em princípio, o pleito parece absolutamente correto. Irretocável. Num país com débito estrutural com a população afrodescendente, a ascensão de uma mulher negra à Suprema Corte teria forte simbolismo. Contribuiria para a quebra de paradigmas – arraigados na sociedade brasileira pelo atraso manifesto de nossas classes dominantes. Não por acaso, o Brasil ostenta a triste marca de ter sido o último país do mundo a abolir a escravidão.

A desigualdade racial é uma das mais terríveis chagas da sociedade brasileira. O vergonhoso contraste social entre brancos e pretos trai o atraso civilizatório em que continuamos imersos. Romper as amarras deste modelo é sim um desafio a ser enfrentado por nossos governantes, especialmente no momento em que o país é dirigido pela maior liderança progressista-popular do mundo contemporâneo.

Ninguém mais do que o presidente Lula contribuiu para mudar esse quadro de desigualdades profundas, abissais. Não há registro histórico de movimentos mais afirmativos em favor da população negra do que o conjunto de medidas adotadas pelo líder petista nos períodos em que governou o país. A política de cotas, por exemplo, transformou o perfil dos estudantes universitários brasileiros. De acordo com pesquisa do PNAD, pretos e pardos já são a maioria dos brasileiros matriculados em universidade públicas. Outros programas, como o Prouni e o Fies, também foram preponderantes para abrir espaço para pobres e negros nas universidades particulares. É profunda, transversal e enormemente potente a ascensão social decorrente dessas iniciativas.

A luta identitária é bem-vinda, extremamente benfazeja à sociedade brasileira, historicamente maculada por este enorme déficit social. Os grupos de representação étnica ou de minorias, como LGBT e afins, são essenciais para nossa evolução civilizatória. O movimento, contudo, não deve se sobrepor ao problema estrutural do país: o combate à pobreza, à desigualdade e à miséria. Todos os outros avanços serão impulsionados a partir do momento em que houver mais empregos e oportunidades aos brasileiros.

A escolha do próximo integrante do STF é uma das questões que transcendem a bandeira identitária. Os critérios que vão balizar a indicação não podem se restringir à pauta desses movimentos de vanguarda. Além das exigências constitucionais, é necessário observar outros quesitos, entre as quais a afinidade absoluta de princípios e visões de mundo. O presidente e o futuro ministro precisam comungar de opiniões sobre temas bem mais amplos do que o ideário identitario. Eventualmente, a indicação poder recair sobre uma mulher negra. Mas a origem étnica não pode ser exclusivamente o critério de definição.

Ademais, o presidente Lula não pode ser emparedado com um suposto estereótipo progressista para a definição do próximo ministro. A pressão pela escolha identitária vem curiosamente de grupos ligados ao megainvestidor George Soros, que através da Open Society Fundation os financia. Vem daí também o estímulo à máxima estridência na abordagem das pautas identitárias em detrimento do eixo central de atuação do governo, delimitado pela recuperação da economia nacional e o combate à fome.

De resto, não se pode suprimir de Lula o direito constitucional de escolher o próximo ministro com ampla e total liberdade. Sem limitações ou modelos previamente definidos para atender a interesses de grupos. Ainda que tais interesses sejam os mais nobres.

*Com Agenda do Poder

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Num país sério, 10% do que foi revelado pela Vaza Jato, levariam Moro e Dallagnol em cana

Na verdade, toda a força-tarefa da Lava Jato estaria atrás das grades se a justiça no Brasil fosse minimamente séria, porque, junto com Moro, formaram uma organização criminosa dentro do aparelho judicial do Estado brasileiro.

Como bem disse Gilmar Mendes, eles monetizaram a Lava Jato como um metal precioso, transformando uma operação de justiceiros em máquina de ganhar dinheiro.

Para afirmar isso nem precisa de Vaza Jato, basta olhar a olhos nus o que tentaram fazer com R$ 2,5 bi da Petrobras, com a esparrela de dizer que usariam esse dinheiro público para que o juiz e os procuradores corruptos criassem uma ONG privada com o objetivo de combater a corrupção.

O “combate à corrupção”, no Brasil, transformou-se num mote para pilantra virar herói de combate a crimes praticados pelos próprios. E isso está escancarado na tentativa de Dallagnol e cia. de tungar esses R$ 2,5 bi da Petrobras.

Glenn prestou um serviço inestimável ao pais desmascarando essa corja que não teve nem como negar a veracidade das mensagens gravadas.

Eles tiveram que apelar para um suposto hacker e criminalizar quem revelou os crimes praticados em série por Moro e seus miquinhos amestrados do MPF de Curitiba, tão vigaristas quanto o atual ministro da justiça.

Mas como estamos no Brasil, um ministro do STF como Barroso faz discursos calorosos de apoio a esses bandidos com a justificativa de que as revelações, que são 100% verdadeiras, foram adquiridas de forma ilegal.

Para Barroso, no país do nonsense total, isso prova que a organização criminosa não é assim tão criminosa e, com isso, o país vai assistindo ao judiciário mergulhar na inédita e maior desmoralização da história da República.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vaza Jato: Para fechar delação, Lava Jato levou ministro do STF a manter empreiteiros presos

Novas mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas pela Folha mostram que Teori Zavascki engavetou habeas corpus após dar aval a prisão domiciliar de executivos da Andrade Gutierrez, em 2016.

O novo capítulo da Vaza Jato revela que os procuradores da Lava Jato usaram prisões como instrumento para obter delações premiadas – e que a manobra contou não apenas com o apoio do ex-juiz Sergio Moro como também de Teori Zavascki, ministro do STF que morreu num misterioso acidente aéreo.

O ministro Teori Zavascki do Supremo Tribunal Federal foi convencido por procuradores da Operação Lava Jato a manter dois executivos da empreiteira Andrade Gutierrez presos para conseguir fechar delação premiada em 2016.

Segundo mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas pela Folha de S. Paulo e pelo site, mensagens trocadas por integrantes da operação mostram que a iniciativa foi executada com apoio do então juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, cuja opinião os procuradores consultaram antes de levar a proposta ao Supremo.

Os diálogos apontam que foi o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que conversou com o ministro Teori Zavascki, que era relator dos processos da Lava Jato no STF. Teori tinha sobre a mesa dois habeas corpus impetrados pelos executivos da Andrade Gutierrez que haviam sido presos.

Ficou firmado no acerto com a empresa que os dois sairiam da cadeia no Paraná para ficarem um ano em prisão domiciliar, trancados em casa e monitorados por tornozeleiras eletrônicas.

Conforme mostraram as imagens, Moro concordara em revogar as ordens de prisão preventiva que os mantinham atrás das grades, mas faltava convencer Teori do plano.

Como relator da Lava Jato, o ministro seria o responsável pela homologação dos acordos de delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez, que prometiam implicar em seus depoimentos políticos que tinham direito a foro especial e só podiam ser investigados e processados no Supremo.

A preocupação com a longa duração das prisões dos investigados pela Lava Jato era crescente, e os procuradores acreditavam que Teori estava inclinado a soltar os empreiteiros.

No dia 4 de fevereiro de 2016, Teori deu seu aval e pediu os nomes dos executivos presos. “Pq ele vai travar os hcs aqui esperando vcs”, escreveu o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Janot, ao dar a notícia ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol.

É provável que, caso não fosse acionado pelos procuradores, o ministro do STF determinasse a soltura dos dois executivos. Eles poderiam aguardar em liberdade o julgamento de seus processos e a homologação dos acordos de colaboração, e poderiam até rediscutir seus termos.

Com os habeas corpus engavetados por Teori, Moro transferiu os executivos para o regime de prisão domiciliar no dia seguinte. Os procuradores do caso se organizaram então para tomar seus depoimentos, sem medo de que os delatores fossem soltos e cogitassem abandonar o acordo negociado pela empreiteira.

Tudo foi feito com discrição, porque a força-tarefa não queria melindrar o ministro do STF, com quem mantinha uma relação tensa, e pretendia evitar que uma ordem de soltura da corte reduzisse seu poder de barganha nas negociações com outras empresas que estavam na fila para negociar delações premiadas. “Acho melhor manter o sigilo”, disse Pelella a Deltan. “Só pro Teori ficar tranquilo”, acrescentou.

Resposta – À Folha, a força-tarefa comentou sobre as mensagens, limitando-se a dizer que não houve ilegalidade nas gestões no STF e que os executivos foram assistidos por seus advogados durante as negociações.

Moro disse que houve respeito aos direitos da defesa e que discussões entre procuradores e juízes como as reveladas pelas mensagens são normais.

Acordo – Das grandes empreiteiras atingidas pela Lava Jato, a Andrade Gutierrez foi a segunda a colaborar com as investigações, depois da Camargo Corrêa. A empresa reconheceu sua participação em fraudes e aceitou pagar multa de R$ 1 bilhão para voltar a fazer negócios com o setor público.

Teori homologou os acordos dos executivos em abril de 2016, depois de analisar os depoimentos colhidos pelos procuradores em Brasília e Curitiba em fevereiro e março. O ministro do STF morreu num acidente aéreo em janeiro de 2017.

A operação foi concluída em 5 de fevereiro, um dia após o aval de Teori. Num processo até hoje mantido sob sigilo em Curitiba, a força-tarefa pediu a transferência dos executivos para prisão domiciliar, argumentando que haviam decidido cooperar com as investigações. Moro concordou.

A lei que estabelece regras para os acordos de delação premiada no Brasil diz que os benefícios negociados com os colaboradores devem ser avaliados pelo juiz responsável ao fim dos processos em que eles forem acusados, na hora da sentença. Na Lava Jato, porém, muitos acordos garantiram benefícios imediatos aos delatores.

Otávio Azevedo, que presidiu o grupo Andrade Gutierrez de 2008 a 2015, deixou a cadeia após sete meses, ficou mais um ano trancado em casa e hoje presta serviços numa vara da Justiça Federal em São Paulo durante algumas horas por semana. Ele pagou multa de R$ 2,7 milhões à Lava Jato.

Teori homologou os acordos dos executivos em abril de 2016, depois de analisar os depoimentos colhidos pelos procuradores em Brasília e Curitiba em fevereiro e março. O ministro do STF morreu num acidente aéreo em janeiro de 2017. As informações são da Folha.

 

 

*Com informações do Jornal Bahia

 

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Vaza Jato: Thamea Danelon, Dallagnol conspiraram contra ministro do STF; a procuradora foi convidada por Aras a ingressar na PGR

Reinaldo Azevedo: Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a Procuradoria Geral da República, manifestou a intenção de nomear a procuradora Thaméa Danelon, do MPF em São Paulo, para chefiar o grupo da força-tarefa que atua na Procuradoria Geral da República. Mais do que uma aliada de Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, ela é uma espécie de sua serviçal. Pior, quando atua por conta própria, dispõe-se a praticar irregularidades com o desassombro do seu amigo mais famoso. Se Aras escolher Thaméa, estará indicando uma candidata certa a ter seus atos censurados pelo Conselho Nacional do Ministério Público se um pingo de vergonha na cara restar à maioria de seus 14 membros.

No dia 3 de maio de 2017, num chat privado no Telegram com Dallagnol, Thaméa passa uma informação que diz bastante sobre o caráter dos envolvidos (leia no pé do texto a íntegra da conversa). Ela procura o amigão e informa:
“O Professor Carvalhosa [Modesto Carvalhosa, advogado] vai arguir o impeachment de Gilmar. Ele pediu para eu minutar para ele”. E acrescenta três daqueles emoticons inspirados no quadro “O Grito”, de Munch, que costumam ser empregados quando o emissor da mensagem chama a atenção para algo absurdo, aberrante, escandaloso mesmo.

Vale dizer: a própria procuradora achava estupefaciente que um advogado experimentado tivesse de recorrer a uma procuradora para redigir uma petição de impeachment. Quem sabe houve até um tanto de autocrítica por ela própria estar metida nesse tipo de conversa. Afinal, procurador da República está cometendo um ato ilícito quando passa, na prática e por baixo dos panos, a atuar a serviço de um advogado — e não um advogado qualquer, como se verá mais adiante.

Como coordenador da força-tarefa, Dallagnol tem uma função institucional a mais. Alguém que estivesse com meridianos da ética, do bom senso e da velha vergonha na cara no lugar, convenham, passaria um pito na sua colega de São Paulo. Não o buliçoso chefão da operação em Curitiba e no Brasil. Chamando a amiga pelo apelido na turma, ele responde: “Sensacional Tamis!”

Reitere-se: ele acabara de ler uma mensagem de uma colega avisando que iria cometer um ato ilícito, metendo-se numa operação privada contra um ministro do Supremo. Ele acha “sensacional”. Estimula mesmo: “Manda ver”. E ainda dá uma dica: “Fala com o pessoal do RJ QUE TEM tudo documentado quanto à atuação do sócio da esposa”. Ela diz que já fez isso: “Já estou em contato com El Hage”, emendando ser o apoio do chefe muito importante para ela.

Esclarecimento: ela se refere ao procurador Eduardo El Hage, coordenador da Lava Jato no Rio. O “sócio da esposa” de Mendes é o advogado Sérgio Bermudes, a cujo escritório pertence Guiomar Feitosa Mendes, advogada. Ela é “sócia” do escritório de Bermudes porquanto é esta uma prática corriqueira nos escritórios de advocacia: profissionais, mesmo iniciantes, tornam-se sócios dos escritórios e vão aumentando sua participação acionária, sempre como minoritários, à medida que vão evoluindo na carreira.

Na sequência, Dallagnol apela ao superlativo para evidenciar que não tem escrúpulo moral nenhum sobre o que a dupla acaba de combinar: “Apoiadíssima”. E acrescenta nove símbolos de “aplauso”. Era apoio mesmo. Para valer. Poderia parar por aí. Mas Dallagnol é do tipo que não se intimida. Depois de ter ultrapassado o limite da lei, dá mais um passo.

Duvidando da capacidade de que a colega pudesse redigir uma arguição eficiente, ele se oferece para supervisionar o trabalho. Segue-se o seguinte diálogo:
13:59:52-Deltan: Se quiser olhamos depois de Vc redigir
13:59:53-Thamea: Eba!!!! Obrigada!!!
13:59:57-Thamea: Já estou escrevendo!!!
14:00:11-Thamea: Quero sim!!! Lógico!! Obrigada!!

SABEM SER ILEGAL
É claro que a dupla sabe que o que está sendo feito é ilegal. E, portanto, alguns cuidados precisam ser tomados. Aqueles, então, que têm, segundo lembrou o ministro Celso de Mello, decano do Supremo na sessão de despedida de Raquel Dodge, a função de zelar pela Constituição e pelas leis, falam sobre a necessidade de manter tudo em sigilo.

14:00:15-Deltan: Ng pode ficar sabendo que olhamos se não enfraquece
14:00:29-Deltan: Vão dizer que é vinganca pq soltaram Dirceu
14:00:37-Deltan: Precisa sair da sociedade mesmo
14:00:58-Thamea: Entendi
14:01:27-Thamea: Não falarei para ninguém de vc!!
21:16:16-Thamea: Um pergunta. Por q o Gebran demorou pra julgar o recurso do Dirceu?
21:16:43-Thamea: Pois ele sendo condenado em segunda instância, e pelo q o próprio STF falou, ele poderia voltar pra prisão

EXPLICAÇÕES
Como se nota, Dallagnol se dedica a uma de suas especialidades que é criar a impressão de que movimentos orquestrados por ele e sua turma contra alvos selecionados têm origem, na verdade, na sociedade.

No dia 2 de maio, a Segunda Turma do STF havia concedido, por três votos a dois, habeas corpus a José Dirceu, que estava em prisão preventiva desde agosto de 2015. Ele havia sido condenado em primeira instância por Sergio Moro, mas seu recurso não havia ainda sido julgado pela 8ª turma do TRF-4, cujo relator é o desembargador João Pedro Gebran Neto. Mendes foi um dos três votos a favor da soltura.

DE VOLTA A AUGUSTO ARAS
Augusto Aras, indicado por Bolsonaro para a Procuradoria Geral da República, será submetido a uma sabatina no Senado é precisa de pelo menos 41 votos favoráveis para ser aprovado para o cargo.

Diante do que se expõe, da ligeireza com que uma procuradora da República se dispõe a mandar para o lixo suas obrigações funcionais, cumpre que se pergunte: se escolher Thaméa Danelon para coordenar a força-tarefa na Lava Jato na PGR, ele está disposto a colocar a operação nos trilhos da lei e da Constituição? Quem participa de uma armação contra um ministro do Supremo poderia fazê-lo contra quem mais? Que tal contra o próprio titular da PGR?

O noticiário informa que Deltan também andou a dar piscadelas para Aras, prometendo sua fidelidade e disciplina ao provável futuro novo chefe da PGR, depois de ter recorrido às redes sociais para criticar o fato de Bolsonaro ter ignorado a lista tríplice votada pela Associação Nacional dos Procuradores da República.

 

*Com informações do A Postagem/Conversa Afiada

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Bolsonaro diz que indicará para o STF um ministro “terrivelmente evangélico”

O presidente Jair Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados e participou de um culto evangélico numa das casas do Poder Legislativo. Procede? Tanto quanto procede organizar uma sessão deliberativa da Câmara num templo evangélico — ou de qualquer outra religião. Ali, ele fez uma promessa: disse que vai nomear para uma vaga no Supremo um ministro “terrivelmente evangélico”.

Bolsonaro tinha muitos advérbios à mão para modificar o adjetivo “evangélico”. Cito alguns que integram o paradigma ligado à força e à convicção: “profundamente”, “convictamente”, “serenamente”, “inquestionavelmente” e, até, sob certo sentido, “generosamente”. Só é generoso quem é forte. A mesquinharia é apanágio dos fracos — nem que seja de espírito.

Mas estamos falando de Bolsonaro, não é? Não por acaso, a sua divisa é “João 8;32”: “Conhecereis a verdade, e ela vos libertará”. João é também aquele do Apocalipse. Assim, ao anunciar que vai nomear um ministro para o Supremo dessa corrente do cristianismo, ele não fez por menos: afirmou que será alguém “terrivelmente evangélico”.

“Terrivelmente” é o advérbio de modo do adjetivo “terrível”, que tem origem na palavra latina “terribilis”, que quer dizer “pavoroso, medonho, horrendo”. Também em português, “terrível” quer dizer “aquele que infunde ou causa terror; assustador, temível”, que “produz resultados funestos”, “muito ruim, de má qualidade, péssimo”. Por associação de ideias, designa também o “invencível”, o “ameaçador”. Pode até haver algum sentido positivo para a palavra, mas, ainda assim, ligado à ameaça: “Cristiano Ronaldo é um atacante terrível”. Ao empregar essa palavra, seus admiradores o imaginam a destruir os adversários.

Dissesse um “nomearei um evangélico”, e a impropriedade já estaria dada. E não em razão da religião do escolhido, mas da suposição de que a convicção religiosa tomará o lugar dos postulados do direito. Mas ele não quer apenas um evangélico. Imagina o seu escolhido não com a toga do equilíbrio, que é o sentido da Justiça, mas com a espada do anjo vingador contra os adversários. E os vingadores sempre são terríveis porque querem causar terror, assustar, infundir medo. E por que seria assim? Porque também o Brasil seria, segundo o presidente, “é laico, mas é terrivelmente cristão”.

ata-se de uma lição aprendida pelo avesso. A frase certa é outra. O Brasil é laico, mas não é oficialmente ateu — e isso quer dizer que não combate ou repudia a religião como política de estado. Afirmar que o “Brasil é laico, mas profundamente cristão” é só um paradoxo que apela ao absurdo.

Em qualquer circunstância, o adjetivo “terrível” não cabe a Cristo. Quando menos porque está na origem da religião dos gentios: não havia precondição para aderir a seus postulados a não ser a conversão. E tal conversão como ato de vontade. Os homens que se apoderaram do cristianismo e que falaram em seu nome foram, com frequência, terríveis. Mas Cristo nunca. Há católicos, protestantes tradicionais e evangélicos pentecostais que são, com efeito, “terrivelmente cristãos” — o que é certamente uma deformação da mensagem atribuída ao Messias.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) não estava presente. Segundo Bolsonaro, o deputado lhe telefonou e afirmou que estava cansado em razão da maratona da sessão da Câmara, que havia avançado madrugada adentro. Bolsonaro, no entanto, o chamou de “nosso general” na Casa, referindo-se a seu papel na reforma. Também uma conversa indevida. O governo atrapalhou a reforma, em vez de ajudar.

Um dos oradores da turma foi Onyx Lorenzoni, hoje, na prática, um ministro sem pasta. Não é exatamente conhecido por seu senso de adequação. Foi um dos oradores: “Aqui, entre nós, está o escolhido, Jair Messias Bolsonaro, um homem simples. Hoje vivemos em um Brasil sem medo e hoje teremos uma grande vitória no plenário da Câmara dos Deputados para começar a transformar o Brasil”.

A palavra “o escolhido”, que fique claro, não se referia à vontade do povo, mas à suposta vontade de Deus. Onyx estava sugerindo que o “Jair Messias” é o nosso Messias… E isso, meus caros, é terrivelmente anticristão. Na verdade, trata-se de uma heresia.

 

*Por Reinado Azevedo

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Gilmar Mendes sobre abuso de autoridade: “Temos de encerrar o ciclo de falsos heróis”

O Ministro do STF, Gilmar Mendes, é defensor do projeto aprovado pelo Senado que prevê punição para abuso de autoridade. Ele, que também votou pela liberdade de Lula, disse,

“O cemitério está cheio desses falsos heróis. Eles são apresentados por vocês (mídia) como tal e acreditam nisso. Depois, coitados, passam a ter um grande problema de depressão, obviamente antes de desaparecerem por completo”.

Na avaliação de Gilmar Mendes, a proposta aprovada no Legislativo é apenas o ponto de partida para uma reforma na legislação e a correção de rumos contra exageros cometidos por juízes, promotores e policiais. A entrevista foi concedida ao jornal O Estado de S.Paulo.

Segundo o Ministro, o projeto pode evitar o surgimento de “falsos heróis” que cometem excessos “em nome supostamente” de um combate à criminalidade.

“O cemitério está cheio desses falsos heróis. Eles são apresentados por vocês (mídia) como tal e acreditam nisso. Depois, coitados, passam a ter um grande problema de depressão, obviamente antes de desaparecerem por completo”, conclui.

 

*Com informações do 247

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Gilmar Mendes sobre Moro, Dallagnol e a condenação de Lula: “Eles anularam a condenação”

Para ministro do STF, conversas entre procurador e ex-juiz podem resultar em anulação da condenação de Lula.

O Ministro do STF, Gilmar Mendes, em entrevista à revista Época, fez duras críticas a Sergio Moro e Dallagnol pelo tom dos diálogos divulgados pelo The Intercept Brasil e falou sobre as consequências para a Lava Jato que o conteúdo das conversas pode trazer.

Segundo Gilmar Mendes, conforme mensagens divulgadas, “o chefe da Lava-Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é um bobinho. É um bobinho. Quem operava a Lava-Jato era o Moro”, disse ele à Época.

O Ministro complemente que as revelações têm implicações diretas com o andamento da operação, “Eu acho, por exemplo, que, na condenação do Lula, eles anularam a condenação”.

Gilmar Mendes viu prática de crime nas conversas vazadas, “Um diz que, para levar uma pessoa para depor, eles iriam simular uma denúncia anônima. Aí o Moro diz: ‘Formaliza isso’. Isso é crime”, ao se referir a um trecho da mensagem onde Dallagnol diz que faria uma intimidação baseado em notícia duvidosa diante da negativa de uma fonte do MPF de falar. E Moro respondeu que seria “melhor formalizar”. 

“Simular uma denúncia não é só uma falta ética, isso é crime.” Mendes ressalta não ser contra o combate à corrupção, mas sim contra o que ele chamou de “modelo de Curitiba”.

 

 

 

*Com informações da Época