Categorias
Política

Gilmar Mendes: “Lula tem feito um excelente governo, trouxe Brasil à normalidade” e chama Bolsonaro de “caricato”

Um dos ministros mais eloquentes do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes afirma que Brasil voltou para o rumo da estabilidade e defende controle sobre big techs e redes sociais.

O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, deu entrevista ao site Público, de Portugal. “No geral, me parece que o governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional”, diz.

Gilmar destaca ainda que os imigrantes, especialmente nas economias mais desenvolvidas, têm sido transformados em bodes expiatórios pelo populismo de direita. Ele defende a necessidade de maior controle sobre as big techs e as redes sociais. Além disso, reconhece que os crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil devem ser julgados, um tema que ganhou destaque com o filme “Ainda Estou Aqui”, que recebeu três indicações ao Oscar.

Alguns trechos:

Como o senhor viu essa questão dos brasileiros deportados dos Estados Unidos chegarem algemados, acorrentados, ao Brasil?

Tem um pouco desta fantasia americana, de justiça e ordem. Já faz algum tempo, um piloto de stock car, se não me engano brasileiro, foi acusado nos Estados Unidos de ter problema com o Fisco. E veio lá uma ordem e, em pouco tempo, ele estava algemado e acorrentado. No momento seguinte, descobriu-se que ele não tinha nada a dever e se retirou [Em 2009, Hélio Castroneves foi absolvido pelo júri de todas as acusações de sonegação fiscal, no Tribunal em Miami. O piloto, dono de uma mansão em Coral Gable, era acusado junto com sua irmã Katiucia e seu advogado americano Allan Miller de ter montado um esquema para fraudar o fisco em US$ 5,5 milhões (cerca de R$ 12 milhões) entre 1999 e 2004, quando competia pela Penske Team]. Isso não faz o menor sentido. Talvez algum cuidado se tivesse que ter, diante de tanta gente dentro de uma aeronave, mas não se tratava disto (ter criminosos). Então, me parece que acabam ocorrendo esses exageros, talvez para efeito de demonstração. Por isso, inclusive, o Governo brasileiro emitiu protestos em relação a isso. É claro que quem está ilegal num dado país, suporta a possibilidade de deportação. Em princípio, isto ocorre em todos os lugares. (…)

Como o senhor vê esse movimento da extrema-direita liderado por Trump? Qual o impacto que isso pode ter no Brasil?

Eu não atribuiria este movimento necessariamente ao Trump ou a sua liderança. É muito cedo para prognosticar como isso vai se desenvolver. Toda hora nós estamos a ver anúncios de medidas (nos Estados Unidos) e também a sua desautorização. Então, é preciso ter muito cuidado para que a gente separe o ruído do sinal. Mas, de qualquer forma, não podemos menosprezar toda a evolução que se tem tido nesse campo. O próprio movimento que ocorreu nos Estados Unidos, o 6 de janeiro (invasão do Capitólio), que foi um fato absolutamente inédito. Ninguém imaginava, com a tradição democrática americana, que aquilo pudesse ocorrer. Mas antes já tínhamos movimentos assemelhados na própria Europa do leste, com Hungria, Polônia, problemas sérios de desinstitucionalização, na Turquia também. Agora, na Itália, embora com um viés moderado, na Áustria. Há sinais de descontentamento que carrearam para este campo. A Alemanha, com a Alternativa para a Alemanha (AfD). São dados preocupantes, que mostram uma grande insatisfação. No caso alemão, é até uma curiosidade que o crescimento do populismo se deu fortemente no território da antiga Alemanha Oriental (que era comunista).

Para o Brasil, qual é o impacto do populismo de direita?

No geral, me parece que o Governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional.

Nós tivemos uma situação meio caricatural disto com o governo Bolsonaro. O que me parece é que, ao longo dos anos de democracia, começados em 1985, depois consolidados em 1988, nós conseguimos ter governos de perfil centrista. Aqui, acolá, com um viés um pouco de centro-esquerda ou de centro-direita, mas dentro de um perfil moderado. Isto ocorreu com Fernando Henrique (Cardoso), que fez uma aliança à direita com os partidos representativos, PFL, MDB, pessoas de centro, liberais clássicos, mas ele também defendendo o Estado social que já está na Constituição. Esses dias, um professor de Manchester me falava que o Brasil é um país singular, porque buscou realizar um Estado social sem ter passado por nenhuma guerra. É diferente dos Estados europeus, em que o Estado social, de alguma forma, advém desta situação.

Mas veio o desgaste que tivemos com a sucessão de governos do PT. Diante dos problemas, das crises, pensou-se, talvez, que a resposta pudesse estar num certo populismo, que, inicialmente, se traduziu num populismo judicial, do Ministério Público que alimentou a ascensão de Bolsonaro ao poder, com a eliminação praticamente de todas as lideranças políticas mais expressivas, de alguma forma atingidas por todo o processo da Lava-Jato. É um pouco isto que permitiu a ascensão de Bolsonaro, que nós não saberíamos prever, um ano antes, que iria ocorrer. E isto vira um pouco também a caricatura desse movimento no mundo, é o antivax, é o negacionismo pelo negacionismo. Mas não acredito que, mesmo as forças políticas que o apoiaram, possam ser timbradas como de extrema-direita. A gente percebe hoje um movimento no sentido forte de pessoas que não comungam do chamado esquerdista ou esquerdizante, mas que também não subscrevem as pautas agressivas da extrema-direita. Então, a mim, parece que talvez hoje o próprio Congresso se traduza numa maioria conservadora, mas não de extrema-direita. Acho até que, na verdade, os personagens que possam ser no Congresso timbrados como tais, seriam em número reduzido.

O regime semipresidencialista seria o ideal para o Brasil? O Congresso ganhou muito poder sobre o Orçamento federal, deixando o Executivo a reboque.

Nós temos discutido isso, inclusive, vocês já acompanharam, no Fórum de Lisboa, esse debate. Algo teremos que fazer em termos de reforma do sistema de Governo, porque estamos vivendo uma anomalia. Isto tem a ver um pouco com a debilitação do poder do Executivo, acentuada a partir da administração de Dilma (Rousseff). O Congresso transformou as chamadas emendas propositivas em emendas orçamentárias impositivas. Isso virou lei. Além desse passo, as emendas foram crescendo, atingindo, no último ano, alguma coisa como R$ 50 bilhões. Portanto, daquilo que sobra para investimentos, uma boa parte é feita por meio das emendas parlamentares e, talvez, muito disto se perca em projetos locais, paroquiais, sem uma visão ou uma projeção estratégica. Isso se tornou um grave problema. O Congresso delibera sem qualquer responsabilidade.

Então, se caminhássemos para um modelo parlamentarista, em que a maioria congressual governaria, e teria responsabilidade governamental, certamente isso seria positivo. Mas é claro que envolveria outras reformas. Agora, temos de resolver esse dilema. Não podemos viver esta situação a que estamos nos acostumando, de uma série de confusões de atribuições. Precisamos organizar esse maracatu e buscar uma reforma que seja razoável. Ninguém é contra, considerando a complexidade política do Brasil, que o Congresso participe, inclusive com a indicação de emendas. A questão é saber qual é o valor adequado e que isso seja completamente transparente. Nós estamos falando de verba pública, de dinheiro público, que tem que ser destinado a finalidades públicas.

Não é razoável que uma questão de alta indagação política, e uma tarefa complexa, do ponto de vista político-administrativo, se transforme daqui a pouco num caso policial. Ninguém almeja isso.

O STF, inclusive, entrou nisso, por meio das decisões do ministro Flávio Dino.

Antes disso, o processo era da relatoria da ministra Rosa Weber. Veio para o ministro Dino por sucessão. E o que o Supremo está dizendo é mais ou menos óbvio: que as emendas parlamentares têm que ser rastreáveis, transparentes, que os autores sejam identificados e que haja fiscalização da aplicação dos recursos. Criou-se uma opacidade, uma névoa em torno disto, que, na verdade, é perigosa para o próprio Congresso Nacional. Não é razoável que uma questão de alta indagação política, e uma tarefa complexa, do ponto de vista político-administrativo, se transforme daqui a pouco num caso policial. Ninguém almeja isso. (…)

A popularidade do presidente Lula está em queda. O índice de desaprovação já supera o da aprovação. Como o senhor avalia o Governo hoje?

A popularidade vai e vem. Quando muito jovem, eu integrei o governo do Fernando Henrique Cardoso. Tenho muito orgulho disso, porque era uma equipe de pessoas muito qualificadas. Entre elas, tinha Pelé (risos). O Fernando Henrique dizia que a gente pode perder a popularidade, mas não pode perder a credibilidade. Então, acho que isso é fundamental. Muitas vezes, o Governo tem que tomar medidas que são à vista das pessoas, de imediato, impopulares. Por isso, pagará com o preço da impopularidade. Não me parece que isso seja decisivo, e me parece que a grande vantagem do Governo Lula é que ele devolveu ao Brasil um senso de normalidade. As instituições voltaram a dialogar e a funcionar. E é um governo difícil, talvez, seja até um governo de aprendizado, depois da inorganicidade, da desorganização perpetrada no Governo Bolsonaro, porque é praticamente a construção de um Governo de minoria.

Diante desse fenômeno das emendas parlamentares, um parlamentar da Câmara talvez disponha por ano, de emendas impositivas para destinar para o seu reduto, alguma coisa como R$ 50 milhões. Um senador, talvez, algo em torno de R$ 80 milhões. Isso pode variar de acordo com o ranking. Ao todo, estamos falando de R$ 50 bilhões. No modelo anterior, do chamado presidencialismo de coalizão, essas verbas eram distribuídas a partir de uma regra de fidelização, de quem apoiava ou não o Governo. Agora, não. Este é um outro modelo. Portanto, o Lula está governando sobre um outro estamento institucional e político, e precisa construir maioria nesse contexto. Também não basta distribuir ministérios. No modelo anterior era a fidelização via emendas propositivas, que eram liberadas ou não pelo Governo, discricionariamente, e a distribuição de ministérios para determinadas forças políticas. Hoje, muitos ministérios são extremamente débeis e dependem inclusive das emendas dos parlamentares.

Então, é um quadro muito singular. Não obstante, reformas importantes foram aprovadas, como a tributária. Tem-se construído soluções e, nesse sentido, eu avalio o Governo como positivo. É inevitável que, agora, com a retomada dos trabalhos do Congresso, certamente haverá uma nova formação ministerial. Mas, no geral, me parece que o Governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional, como se pode avaliar.

Há uma queixa geral entre os parlamentares de que o Supremo legisla e tira poder do Congresso. O STF está extrapolando seus poderes?

Eu não vejo assim. É notório que o texto da Constituição de 1988 reforçou imensamente o poder do Supremo Tribunal Federal como corte constitucional, permitindo que um partido político, com um representante, leve ao Supremo a impugnação de leis votadas pelo Congresso Nacional. Mas isso foi uma opção do constituinte, considerando que, no passado, só o procurador-geral poderia fazê-lo. Entendeu que era necessário dar essa abrangência. Eu sempre digo que o Supremo não tem uma banca ali na frente pedindo que venham causas. As causas são provocadas, normalmente, pelo próprio sistema político, pelas suas dissidências. Por outro lado, o texto constitucional valorizou muito as situações de omissões inconstitucionais, casos em que a Constituição prevê um dever de legislar, que não foi satisfeito pelo Congresso Nacional. São casos em que o Supremo acaba por fazer a intervenção.

Se quisermos ficar num exemplo recente, vamos considerar a pandemia. Nós temos um sistema de saúde, o SUS, que é altamente complexo, porque exige a integração de União, estados e municípios. É claro que a cabeça do sistema é a União, inclusive provendo a maioria dos recursos. Com um Governo negacionista na pandemia, nós tivemos problemas seríssimos, porque era um Governo que, como os senhores sabem, recomendava a ivermectina ou a cloroquina para cuidar da Covid e avaliava que 3 mil pessoas ficariam doentes e haveria a imunidade de rebanho. E não era isto. Governadores e prefeitos de grandes cidades passaram a enfrentar o problema, porque eles administravam os hospitais, e foram ao Supremo pedindo para usar medidas que a OMS (Organização Mundial de Saúde) já recomendava: isolamento social, restrição de transporte, fechamento de atividades. E o Supremo, então, autorizou estados e municípios a tomarem essas medidas. Isso colocou o tribunal numa via de colisão com o Executivo federal.

Categorias
Política

Flavio Bolsonaro na presidência da Comissão de Segurança Pública do Senado, é piada pronta

Se pode um troço desses, o que não pode o mais perigoso bandido das penitenciárias brasileiras?

O gerente de negócios do clã Bolsonaro, Fabrício Queiroz, deve estar dando gargalhadas.

Flavio é muito competente, comprou uma cinematográfica mansão em um dos metros quadrados mais caros do Brasil, com dinheiro de uma misera birosquinha de chocolate. Gênio!

Queiroz, o multibanco do clã, vai gerenciar os fantasmas e laranjas da

Comissão de Segurança Pública do Senado?

Essa é a pergunta que vem a cabeça de qualquer brasileiro minimamente descente.

Categorias
Mundo

Canadá, México e China reagem a medidas de Trump e entram na guerra comercial

em retaliação a medidas do governo dos Estados Unidos, Canadá impôs taxas de 25% a produtos estadunidenses.

Os governos do México, China e Canadá reagiram ao anúncio do presidente Donald Trump, no sábado (1) de sobretaxar produtos oriundos desses países. Os três são os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos. Segundo a Casa Branca, a partir de 4 de fevereiro serão aplicadas as tarifas de 10% aos importados chineses e de 25% aos canadenses e mexicanos. Apenas o petróleo canadense terá uma taxa menor, de 10%. O governo Trump também ameaçou aumentar ainda mais as tarifas caso os países reagissem, o que não impediu duras reações.

Dessa forma, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ativou o princípio da reciprocidade e impôs uma sobretaxa de 25% aos produtos estadunidenses, ainda no sábado. As medidas devem afetar uma grande variedade de produtos que o Canadá importa dos Estados Unidos, como a cerveja, vinho, frutas, sucos, roupas e eletrodomésticos. “Não queríamos isso, mas o Canadá está preparado”, disse Trudeau.

Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, reuniu na tarde de sábado, pouco antes do anúncio de Donald Trump, um grupo de empresários mexicanos para discutir a resposta às pré-anunciadas medidas do governo estadunidense, que qualificou como “arbitrariedade comercial”. “Não é impondo tarifas que os problemas são resolvidos, mas falando e dialogando, como fizemos nas últimas semanas com seu Departamento de Estado para abordar o fenômeno da migração”, disse Sheinbaum.

Por sua parte, o governo chinês afirmou que “deplora e se opõe firmemente” às medidas de Trump, e avalia levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

*BdF

Categorias
Mundo

Empresas norte-americanas preparam-se para a inflação e receiam que os direitos aduaneiros de Trump representem um problema

As taxas de 25% sobre os produtos canadianos e mexicanos e de 10% sobre os produtos chineses entrarão em vigor na terça-feira. A energia canadiana, incluindo o petróleo, o gás natural e a eletricidade, será tributada a uma taxa inferior de 10%.

O Laboratório de Orçamento da Universidade de Yale estima que as tarifas de Trump custarão ao agregado familiar americano médio entre 1.000 e 1.200 dólares em poder de compra anual.

Gregory Daco, economista-chefe da empresa de consultoria e fiscalidade EY, calcula que as tarifas aumentariam a inflação, que estava a uma taxa anual de 2,9% em dezembro, em 0,4 pontos percentuais este ano. Daco também projecta que a economia dos EUA, que cresceu 2,8% no ano passado, cairá 1,5% este ano e 2,1% em 2026 “à medida que os custos de importação mais elevados diminuem os gastos dos consumidores e o investimento das empresas”.

A Penny Ice Creamery em Santa Cruz, Califórnia, teve de aumentar os preços dos seus gelados, incluindo os populares sabores “morango com pimenta rosa” e “chocolate com caramelo e sal marinho”, repetidamente nos últimos anos, uma vez que o aumento da inflação fez aumentar o custo dos seus fornecimentos.

Sinto-me mal por ter de estar sempre a aumentar os preços”, disse o coproprietário Zach Davis. “Estávamos à espera que a inflação baixasse, que a economia estabilizasse em 2025… Agora, com as tarifas, podemos estar de volta a essa situação”.

Segundo Davis, os direitos aduaneiros de Trump ameaçam fazer subir o custo dos frigoríficos, congeladores e misturadores, na sua maioria fabricados na China, de que necessitará se a Penny Ice Creamery avançar com os planos de aumentar as suas seis lojas. Ainda tem recordações dolorosas dos custos adicionais de equipamento que a empresa teve de absorver quando Trump impôs tarifas maciças à China durante o seu primeiro mandato.

As novas tarifas também aumentarão o preço de um produto favorito dos clientes – os granulados – que a Penny Ice Creamery importa de uma empresa em Whitby, Ontário. A aplicação de um imposto de importação de 25% a uma coisa tão pequena como essa pode prejudicar uma pequena empresa como a dele.

As margens são muito reduzidas”, afirmou. “Poder oferecer esse suplemento pode talvez gerar um lucro adicional de 10 cêntimos por colher. Se uma tarifa acabar com isso, pode ser a diferença entre ser rentável e estar no limiar da rentabilidade ou mesmo estar debaixo de água no final do ano”.

Em Asheville, na Carolina do Norte, Casey Hite, diretor executivo da Aeroflow Health, espera sofrer um golpe porque a sua empresa adquire mais de metade dos seus produtos, incluindo bombas tira leite, a fabricantes chineses, fornecendo-os a pacientes americanas através de planos de seguro. A Aeroflow Health é paga pelas seguradoras a taxas pré-negociadas, estabelecidas antes de Trump decidir sobre as suas tarifas.

Hite afirmou que o imposto sobre as importações chinesas afectaria as finanças da empresa, obrigando-a a adquirir produtos mais baratos e de menor qualidade ou a repercutir os custos mais elevados através do aumento dos prémios dos seguros de saúde. Estes custos poderão demorar dois anos a concretizar-se, mas acabarão por afetar os orçamentos dos consumidores.

“O impacto far-se-á sentir nos doentes”, afirmou Hite. “Com o tempo, os pacientes pagarão mais pelos produtos”.

Mesmo os pensos absorventes para incontinência fabricados nos EUA que a Aeroflow Health compra não estão a salvo dos impostos de importação de Trump. Podem incluir pasta de papel do Canadá, alvo de tarifas, e plásticos e embalagens da China, segundo a Aeroflow Health, que alerta para as “turbulências” das tarifas.

“Isto vai afetar o nosso negócio? Pode apostar que sim”, disse Linda Schlesinger-Wagner, proprietária da Skinnytees, uma empresa de vestuário feminino em Birmingham, Michigan, a norte de Detroit, que importa vestuário da China. Segundo ela, o imposto de 10% aumentaria os seus custos, embora planeie absorver a despesa extra em vez de a transferir para os clientes.

Não gosto do que se está a passar”, disse, referindo-se ao impacto mais amplo das tarifas. “E acho que as pessoas vão ficar verdadeiramente chocadas com os preços que vão ver nos carros, na madeira, na roupa, na comida. Isto vai ser uma confusão”.

William Reinsch, antigo responsável comercial dos EUA, atualmente no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, afirmou que muitas empresas se abasteceram de bens importados com antecedência para evitar as tarifas. Poderão utilizar os seus stocks acumulados durante semanas ou alguns meses, atrasando o sofrimento dos seus clientes.

George Carrillo, CEO do Hispanic Construction Council, um grupo de defesa da indústria, disse que as empresas de construção têm acumulado materiais em antecipação às acções de Trump, mas preocupa-se com a possibilidade de a inflação disparar dentro de três a seis meses.

“Assim que o inventário começar a ficar baixo, vamos começar a sentir os efeitos”, disse Carillo numa entrevista telefónica no sábado, antes do anúncio. “Os promotores imobiliários e os empreiteiros gerais têm de acompanhar o ritmo e vão começar a comprar mais produtos, a um preço mais elevado.”

Tudo isto será exacerbado por uma repressão emergente da imigração que já está a assustar a mão de obra da indústria da construção, disse ele.

“A imposição de tarifas e a instabilidade da mão de obra vão provocar grandes atrasos nos projectos. Vai provocar um aumento dos preços devido à falta de disponibilidade”, disse Carrillo.

Depois, há as indústrias que não se podem dar ao luxo de fazer reservas, incluindo os supermercados, cujos produtos agrícolas se vão estragar. Por isso, o impacto dos direitos aduaneiros vai aparecer nas prateleiras das mercearias dentro de dias.

Não se armazenam abacates”, disse Reinsch. “Não se armazenam flores de corte. Não se armazenam bananas”.

No centro de comércio de tomate de Nogales, Arizona, o vendedor de produtos Rod Sbragia, que seguiu o seu pai no negócio há quase quatro décadas, preocupa-se com o facto de as taxas de importação obrigarem algumas empresas de distribuição a fechar o negócio e “serem prejudiciais para o consumidor americano, para as escolhas que têm no supermercado”.

Sbragia votou em Trump nas últimas três eleições e diz-se um “republicano convicto”. O presidente, segundo ele, não deve ter sido devidamente aconselhado sobre o assunto.

Quando estamos preocupados com os custos para os consumidores, com as pressões inflacionistas e com a saúde geral da nossa população”, perguntou, “porque é que vamos dificultar o acesso a frutas e legumes frescos?”

Os agricultores americanos também são susceptíveis de serem apanhados na luta comercial de Trump com o Canadá, a China e o México. Os apoiantes do presidente na América rural são um alvo tentador para as tarifas de retaliação. Foi o que aconteceu no primeiro mandato de Trump, quando outros países, nomeadamente a China, reagiram aos direitos aduaneiros do presidente com as suas próprias taxas sobre produtos como a soja e a carne de porco. Em resposta, Trump gastou milhares de milhões em dinheiro dos contribuintes para os compensar pela perda de vendas e pela descida dos preços.

Muitos agricultores estão agora a contar com o presidente para os proteger de represálias.

“A administração Trump forneceu uma rede de segurança”, disse o antigo produtor de tabaco Lee Wicker, vice-diretor da Associação de Produtores da Carolina do Norte, um grupo de 700 explorações agrícolas que legalmente traz trabalhadores temporários estrangeiros para trabalhar nos campos através de um programa federal de vistos. Muitos dos agricultores da associação “confiam que ele vai cuidar de todos os que forem prejudicados pelas tarifas, e isso é realmente tudo o que podemos pedir”. Estadão.

Categorias
Política

Novo presidente do Senado, Alcolumbre admite que anistia ‘não vai pacificar o país’

Alcolumbre explica que “discutir o assunto não quer dizer que está apoiando o tema”.

Eleito neste sábado (1º) como novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) comentou o projeto que pretende anistiar os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quandos sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram depredadas. A pauta é uma das principais bandeiras da extrema direita no Congresso Nacional.

Alcolumbre disse que a Casa precisa priorizar pautas que promovam a pacificação do país. Mas em entrevista à Globo News, ele concordou com o jornalista Octávio Guedes e disse que esse não é o caso do PL da Anistia.

“Esse assunto não vai pacificar o Brasil. Se continuarmos revisitando assuntos que trazem a discórdia em vez da concórdia, a gente vai passar nos corredores e ver senadores de diferentes partidos agredindo uns aos outros. E quando um senador agride um ao outro por causa de uma única agenda, ele não está interessado na agenda do brasileiro”, disse.

Para ele, a prioridade do brasileiro, neste momento, é o combate à pobreza e essa deve ser a principal pauta do parlamento. Também voltou a afirmar que a agenda vitoriosa nas urnas em 2022 foi a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Espero ter a coragem de dizer àqueles que insistem em trazer uma pauta que não é a agenda do parlamento para o debate principal. Ela pode existir, ela vai existir, nós não vamos tirar o direito de ela existir. Mas ela não é a prioridade do Brasil e do Parlamento brasileiro”.

8/1: NÃO ESQUECEREMOS Sobem os créditos, mas 'Ainda estou aqui' segue em Brasília

Oposição colocou na mesa PL da Anistia
Nas negociações para apoiar Alcolumbre na eleição, os oposicionistas colocaram na mesa o PL da Anistia. O senador se comprometeu a não impedir a discussão da proposta. No entanto, ele nega que tenha tratado do tema quando esteve reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que poderia ser um dos principais beneficiados pela anistia.

“Na minha conversa com Bolsonaro, tratamos de liberdade partidária. Nunca houve imposição de uma agenda. Nem do PL, nem do PT. O que houve é o desejo de parte do Senado e da Câmara de debater a anistia. E nós não podemos nos furtar de debater qualquer assunto. Discutir o assunto não quer dizer que está apoiando o tema”.

A bancada do PL pretende cobrar Alcolumbre, após a eleição, para garantir a tramitação do projeto de lei, ainda em discussão na Câmara dos Deputados, e também de uma segunda proposição que beneficiaria figuras com direitos políticos cassados por relação com as invasões aos prédios públicos naquela data.

O intuito da articulação é pavimentar a aprovação de uma proposta para derrubar a condenação de Bolsonaro à inelegibilidade e facilitar que ele concorra na próxima eleição. Com ICL.

Categorias
Mundo

Após nova troca de prisioneiros palestinos são recebidos por multidão em Gaza

Acordo de cessar-fogo permitiu libertação de três reféns israelenses e 183 palestinos.

Em mais uma etapa do acordo de cessar-fogo firmado em janeiro, três presos israelenses em troca de 183 prisioneiros palestinos mantidos por Israel. A troca aconteceu em dois locais distintos da Faixa de Gaza e envolveu a participação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Os três presos israelenses, Ofer Kalderon, Keith Siegel e Yarden Bibas, foram entregues a equipes humanitárias em Khan Yunis, no sul de

Entre os palestinos libertados estão dezenas de pessoas que haviam sido presas após o ataque de 7 de outubro de 2023, além de condenados a penas longas e até prisão perpétua. Muitos passaram meses sob detenção administrativa, um mecanismo israelense que mantém prisioneiros encarcerados sem acusações formais ou julgamento.

Os ônibus que transportavam os libertados chegaram ao Hospital Europeu de Khan Yunis, no sul de Gaza, onde uma multidão se reuniu para saudar os prisioneiros. Entre eles, um idoso que precisou ser transportado em uma cadeira de rodas e jovens que foram arrancados de suas famílias durante a ofensiva israelense.

Gaza. Enquanto isso, um primeiro grupo de prisioneiros palestinos foi levado da prisão de Ofer para Ramallah, na Cisjordânia ocupada, onde foram recebidos por familiares e apoiadores.

Os três presos israelenses, Ofer Kalderon, Keith Siegel e Yarden Bibas, foram entregues a equipes humanitárias em Khan Yunis, no sul de Gaza. Enquanto isso, um primeiro grupo de prisioneiros palestinos foi levado da prisão de Ofer para Ramallah, na Cisjordânia ocupada, onde foram recebidos por familiares e apoiadores.

Palestinos comemoram libertação e abertura da passagem de Rafah

A libertação dos palestinos provocou uma onda de emoção entre familiares e amigos que aguardavam ansiosamente pela chegada dos ônibus. Em Ramallah e Khan Yunis, as ruas foram tomadas por celebrações, com gritos de resistência e alegria. Muitos dos libertados, no entanto, relataram as duras condições que enfrentaram nas prisões israelenses.

“Estávamos sendo tratados como se não fôssemos humanos”, disse um dos prisioneiros libertados. Atualmente, cerca de 4.500 palestinos seguem encarcerados, incluindo mulheres e crianças.

*BdF

Categorias
Política

Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado

Davi substitui o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ficou quatro anos no comando da Casa.

O senador Davi Alcolumbre (União-AP) foi eleito, pela segunda vez, presidente do Senado Federal, neste sábado (1º). O novo presidente, que também comandará o Congresso Nacional, teve 73 votos, contando com apoio de parlamentares da base do governo e da oposição. Davi substitui o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ficou quatro anos no comando da Casa.

Além de Davi, disputaram a presidência do Senado Marcos Pontes (PL-SP), com quatro votos, e Eduardo Girão (Novo-CE), com quatro votos. Os senador Marcos do Val (Podemos-ES) e Soraya Thronicke (Podemos – MS) desistiram das candidaturas durante o processo.

Davi Alcolumbre volta ao cargo depois de ocupá-lo por um mandato entre 2019 e 2021. Nos últimos anos, ele presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), conhecida como a mais importante da Casa. Ao deixar o comando do Congresso, ele elegeu como sucessor o aliado político Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que exerceu dois mandatos

Antes do resultado, o senador afirmou, em discurso de candidato na tribuna, que a questão das emendas é um “desafio” e pediu respeito às prerrogativas dos parlamentares. “Hoje, mais uma vez, enfrentamos desafios. O relacionamento entre os Poderes, embora seja regido pela Constituição e pela harmonia, tem sido testado por tensões e desentendimentos. Entre esses desafios, destaco a recente controvérsia envolvendo as emendas parlamentares ao orçamento, que culminou em debates e decisões e com o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo”, afirmou o senador.

“É essencial respeitar as decisões judiciais e o papel do Judiciário em nosso sistema democrático. Mas é igualmente indispensável respeitar as prerrogativas do Legislativo e garantir que este Parlamento possa exercer seu dever constitucional de legislar e representar o povo brasileiro”, completou.

Durante a sua fala, o senador também afirmou que é um “defensor intransigente do diálogo”. Ele também lembrou o seu mandato anterior, entre 2019 e 2021, afirmando que se tratou de um dos períodos mais difíceis da história, em referência à pandemia da Covid-19. Disse que foi o “timoneiro na tempestade”.

Mesa Diretora
Após eleger o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a presidência da Casa, o Senado elegeu, por aclamação, os candidatos da chapa única para a Mesa Diretora no biênio 2025-2026. Confira, a seguir, a lista de senadores.

Primeira-Vice-Presidência: Eduardo Gomes (PL-TO)
Segunda-Vice-Presidência: Humberto Costa (PT-PE)
Primeira-Secretaria: Daniella Ribeiro (PSD-PB)
Segunda-Secretaria: Confúcio Moura (MDB-RO)
Terceira-Secretaria: Ana Paula Lobato (PDT-MA)
Quarta-Secretaria: Laércio Oliveira (PP-SE)
Durante a reunião preparatória, também foram definidos os senadores suplentes.

Chico Rodrigues (PSB-RR)
Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
Styvenson Valentim (PSDB-RN)
Soraya Thronicke (Podemos-MS)
Lula parabeniza Davi Alcolumbre
Nas redes sociais, o presidente Lula (PT) parabenizou o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Lula afirmou que ambos caminharão juntos na “defesa da democracia e na construção de um Brasil mais desenvolvido e menos desigual”.

“Parabéns ao senador Davi Alcolumbre pelo novo mandato na Presidência do Senado e do Congresso Nacional. Um país cresce quando as instituições trabalham em harmonia. Caminharemos juntos na defesa da democracia e na construção de um Brasil mais desenvolvido e menos desigual, com oportunidades para todo o povo brasileiro. Um forte abraço.”, publicou.

Quem é Davi Alcolumbre
Davi Alcolumbre está no segundo mandato como senador. Antes, foi deputado federal três vezes entre 2003 e 2015 e vereador em Macapá, de 2001 a 2003. Casado, é pai de dois filhos.

Davi é avaliado como um perfil mais independente em relação ao Executivo, em comparação ao seu antecessor, senador Rodrigo Pacheco. Como presidente do Senado de 2019 a 2021, Alcolumbre se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No Governo Lula, Davi chegou a indicar um dos ministros do primeiro escalão petista: Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional. Com ICL

Categorias
Economia

Gás de cozinha fica mais barato a partir deste sábado

A partir deste sábado (1º), cozinhar ficará mais barato para a maioria dos brasileiros. Entra em vigor a redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo arrecadado pelos estados, sobre o gás. Cada quilo de gás liquefeito de petróleo (GLP) pagará R$ 0,02 a menos de ICMS.

A exceção será para os consumidores baianos. Na quinta-feira (30), a refinaria privatizada de Mataripe anunciou a elevação do gás de cozinha em 9,2%, o que levará a um aumento de até R$ 8 por botijão, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).

Com base nos preços médios pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) de fevereiro a setembro do ano passado, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão que reúne os secretários estaduais de Fazenda, decidiu reduzir de R$ 1,41 para R$ 1,39 por quilo o ICMS do gás de cozinha. Segundo o conselho, a média de preços mais baixa em 2024 justificou a redução do imposto.

Embora tenha reduzido o ICMS para o gás de cozinha, o Confaz elevou o tributo para a gasolina, o etanol, o diesel e o biodiesel. Pelo modelo em vigor desde o ano passado, o conselho decide em outubro de cada ano, as alterações no ICMS que entram em vigor em fevereiro do ano seguinte.

Categorias
Política

PGR pede ao STF condenação de Carla Zambelli dois dias após ser cassada

Paulo Gonet solicitou ao STF que os dois sejam considerados culpados por invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica.

A Procuradoria-Geral da República ( PGR) pediu a condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica. Os dois são réus no Supremo Tribunal Federal ( STF) pela suspeita de invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça ( CNJ).

Os dois foram responsáveis, segundo a PGR, pela elaboração e divulgação de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que foi elaborado como se tivesse sido assinado pelo próprio Moraes. O documento foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.

Em manifestação foi apresentada ao STF na sexta-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ainda a aplicação do trecho do Código Penal que determina o aumento de pena de um terço a dois terços caso a invasão resulte em prejuízo econômico.

De acordo com Gonet, Zambelli atuou “com objetivo de gerar ambiente de desmoralização da Justiça brasileira, para obter vantagem de ordem política”

Em depoimento à PF, Walter Delgatti confirmou sua participação no episódio e afirmou que ela ocorreu a pedido de Zambelli. A deputada federal, contudo, nega seu envolvimento.

Categorias
Brasil

Brasil vai ‘beber da fonte’ da DeepSeek para desenvolver Inteligência Artificial própria

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos”, disse a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em entrevista à CNN.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, disse que a chinesa DeepSeek mostrou que é possível aos países emergentes desenvolver uma tecnologia de inteligência artificial (IA) de baixo custo. Portanto, o país vai “beber da fonte” da empresa, mas com a finalidade de construir modelos próprios.

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos. Mas é óbvio que a gente bebe na fonte daquilo que é mais avançado, até para ter agilidade no desenvolvimento”, disse a ministra em entrevista à CNN.

“O aspecto que considero mais importante é: há um debate de que o volume de investimentos necessário para competir em IA seria inalcançável para emergentes. A DeepSeek conseguiu, com menos recurso, ter a mesma resposta que ChatGPT e outras. Isso reforça a viabilidade do que planejamos”, completou.

No ano passado, a pasta apresentou um plano com R$ 23 bilhões em investimentos em IA para o período entre 2024 e 2028. Cerca de R$ 14 bilhões serão destinados a projetos de inovação empresarial, enquanto mais de R$ 5 bilhões serão investidos em infraestrutura e desenvolvimento de IA.

Há um otimismo dentro do governo de que é possível competir, em pé de igualdade, dentro dessa seara.

Sobre isso, Luciana elencou como vantagens competitivas do Brasil a abundância em energia limpa e água, recursos vitais para IA.

Efeito DeepSeek pode acelerar investimento em IA no Brasil
Os R$ 23 bilhões previstos para investimento em inteligência artificial aproxima o Brasil do padrão de países europeus, embora ainda esteja muito atrás de Estados Unidos e China. “Quando concebemos o plano, reforçamos que não havia razão para estar atrás nesta corrida tecnológica”, disse a ministra.

Em uma entrevista à CNN, o secretário de Inovação do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio), Uallace Moreira, disse que o Brasil está entre os países emergentes com capacidades internas preparadas para, com os incentivos adequados, aproveitar janelas de oportunidade em tecnologias disruptivas, como a IA.

Na semana passada, a startup de tecnologia sediada em Hangzhou lançou um assistente digital gratuito que, segundo ela, usa menos dados e custa uma fração do custo dos modelos de empresas já estabelecidas, possivelmente marcando um ponto de virada no nível de investimento necessário para a IA.

O jornalista do ICL André Graziano testou o aplicativo do DeepSeek e descobriu que ele tem outras características marcantes além das inovações técnicas. Segundo informou o próprio DeepSeek no teste, as informações entregues pela sua IA têm restrições impostas em assuntos considerados sensíveis pelo governo da China.

O teste de Graziano partiu da seguinte pergunta: será que o DeepSeek é livre em todos os sentidos? Para saber o que aconteceu, clique aqui.

A chinesa DeepSeek chacoalhou os mercados financeiros globais nesta semana. Na segunda-feira (27), a empresa ultrapassou o rival norte-americano ChatGPT em downloads na App Store, pois oferece alternativa mais barata de IA.

O movimento colocou em xeque a sustentabilidade do nível de gastos e investimentos em IA por empresas ocidentais, incluindo Apple e Microsoft, segundo o Infomoney.