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As 15 ‘mentiras’ que Pazuello contou na CPI, segundo Renan Calheiros

G1 – Relator da CPI da Covid elaborou lista com 15 tópicos, entre eles declarações de Pazuello de que nunca sofreu pressão de Bolsonaro. Renan afirmou que vai pedir para o MP investigar ‘omissões’ nos depoimentos.

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), listou o que para ele foram as mentiras contadas pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na CPI da Covid.

Pazuello deu depoimento em dois dias, na quarta-feira (19) e na quinta (20).

Senadores da oposição se indignaram com os momentos em que, segundo eles, Pazuello deixou de apresentar a verdade sobre a condução da pandemia pelo governo.

O relator anunciou que pretende contratar uma agência de checagem para apurar as declarações feitas pelos depoentes à comissão. Renan afirmou que vai encaminhar um relatório preliminar ao Ministério Público para que seja apurado se houve omissões nos depoimentos.

Vejas as “mentiras” listadas por Renan:

Ordens do presidente

Na quarta-feira (19), Pazuello foi questionado se a nomeação dele no Ministério da Saúde se deu sob a condição de cumprimento de alguma ordem específica, entre elas a recomendação de tratamento precoce com cloroquina ou outro medicamento.

O ex-ministro respondeu: “Em hipótese alguma. O presidente nunca me deu ordens diretas para nada”.

O relator, porém, ressaltou vídeo divulgado por Jair Bolsonaro em outubro do ano passado. Ao lado do presidente, um dia após ter sido desautorizado a fechar contrato para a aquisição da CoronaVac, o ex-ministro afirmou: “É simples assim: um manda e outro obedece”.

“Aqui, tenta justificar que o que se fala em redes sociais são falas políticas, que não correspondiam a sua ação. Se essa desculpa pudesse prevalecer, seria impossível a esta CPI avaliar as ações do Ministério e do Governo, que são o principal objeto desta CPI, pois as declarações públicas não serviriam de nada e, como Vossa Excelência respondeu várias vezes ontem, não havia produção de documentos”, afirmou o relator.

Divulgação do aplicativo TrateCov

Também na quarta, o ex-ministro afirmou que o aplicativo TrateCov, plataforma que prescrevia o chamado tratamento precoce, não chegou a ser distribuída aos médicos. “A plataforma nunca entrou em operação”, disse Pazuello.

A plataforma previa o tratamento a pacientes que têm sintomas que podem ou não ser da Covid-19 O “tratamento” indicado incluía medicamentos que, segundo demonstraram diferentes estudos, não funcionam contra a doença, como a cloroquina, a hidroxicloroquina e a azitromicina.

Calheiros ressalta, porém, que o aplicativo foi lançado pelo Ministério da Saúde no dia 11 de janeiro, durante evento em Manaus. O lançamento da plataforma foi noticiado na TV Brasil.

Na quinta, ao ser novamente questionado sobre o aplicativo, Pazuello afirmou que um hacker vazou o conteúdo.

Limitação do STF

Logo em sua fala inicial, o ex-ministro afirmou que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) limitou a atuação do governo na pandemia e que não havia “a possibilidade de o Ministério da Saúde interferir na execução das ações dos estados na saúde sem usurpar as competências dos estados e municípios”.

O relator, no documento, rebate a declaração: “Em nenhum momento o Supremo proibiu ou limitou ações federais. A decisão na Ação de Direta de Inconstitucionalidade nº 6341 permite que estados e municípios tomem suas medidas, mas não impede que o Ministério da Saúde tome as suas. O STF diz que o entendimento foi reafirmado pelos ministros em diversas ocasiões”.

Ranking de imunização

À CPI, Pazuello afirmou que o Brasil figura entre os países que mais imunizaram no mundo. “Ficamos atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia”, disse.

“A informação visa a confundir. Não faz sentido comparar números absolutos. O que importa é imunização percentual, ou seja, quantos por cento da população receberam a vacina. Além disso, começamos a vacinar no final de janeiro, quando poderíamos ter começado em dezembro do ano passado, como tantos países conseguiram. Nosso ritmo é um dos mais lentos do mundo”, avalia o senador.

Atuação da cloroquina

O ex-ministro da Saúde também declarou que a cloroquina “é um antiviral e um anti-inflamatório conhecido pelo Brasil”. “Pelo menos é o que me é trazido, eu não sou médico”, acrescentou.

“A cloroquina não é um antiviral nem um anti-inflamatório, e sim um antimalárico, utilizado no combate ao plasmódio da malária, que é um protozoário”, pontuou Renan.

Na sessão, o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico, também advertiu Pazuello.

Cloroquina contra o zika vírus

Sobre o remédio, Pazuello também afirmou que em 2016, na crise do zika vírus, a cloroquina foi utilizada e colocada como protocolo pelo Ministério da Saúde. “Cloroquina em altas doses – isso para grávidas”, reforçou.

Segundo o relator, “nunca houve administração de cloroquina para pacientes contaminados pelo Zika vírus”.

“Iniciou-se uma pesquisa em ratos, com resultados que não se replicaram em humanos. Por isso, a pesquisa foi interrompida. Além disso, o zika vírus não é semelhante ao coronavírus. A afirmação servia para confundir, para tentar passar uma ideia de versatilidade à cloroquina e, assim, tentar justificar seu uso para outras doenças”, afirmou Calheiros.

Impeditivos legais para a vacina

O relator também questiona a declaração de Pazuello de que o governo não teria como comprar a vacina da Pfizer sem a autorização do Congresso.

Renan destaca que, à época das primeiras tratativas, o então ministro e o presidente reclamavam das cláusulas da Pfizer, mas não citavam a necessidade de uma lei.

“Ao contrário, retiraram esse dispositivo do anteprojeto da Medida Provisória 1.026. Vossa Excelência disse que não sabe por que o governo fez isso e que não foi decisão do ministério. Ainda assim, afirma que a Presidência não tinha ingerência sobre sua gestão. A alteração legislativa veio de um projeto do Senado. O governo, que tinha a iniciativa legislativa, nada fez”, pontua o relator.

CoronaVac

Pazuello disse que Jair Bolsonaro “nunca” determinou que ele desfizesse qualquer contrato ou acordo com o Instituto Butantan para a aquisição da CoronaVac. “Nunca houve a ordem” (…) “Uma postagem na internet não é uma ordem”, afirmou.

Em outubro, o próprio presidente afirmou, porém, que havia mandado cancelar o protocolo de intenções. “O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós”, disse Bolsonaro.

À CPI, o ex-ministro disse que a declaração não representava uma ordem de cancelamento, mas somente uma “posição política”.

“O Presidente do Butantan, Dimas Covas, antes mesmo do depoimento de Vossa Excelência, fez questão de enviar ofício para esta Casa, afirmando que, após a contraordem do Presidente da República, em outubro de 2020, houve uma completa paralisação do processo de negociação, só sendo realmente assinado em 7 de janeiro de 2021”, escreveu Renan.

Tratamento precoce

Apesar de o ex-ministro ter dito que não haveria a possibilidade de o Ministério da Saúde interferir na execução das ações de estado da saúde, o relator apontou que Pazuello, em evento com Bolsonaro no dia 11 de janeiro, confirmou a atuação pelo tratamento precoce.

“Você entrou com o tratamento precoce em Manaus, não entrou?”, perguntou Bolsonaro ao então ministro.

“Já está funcionando com a nova gestão”, respondeu Pazuello.

Colapso no oxigênio

Sobre o colapso do oxigênio hospitalar em Manaus, Pazuello afirmou que ele fora alertado da situação apenas na noite do dia 10 de janeiro. Ele reforçou ainda que no dia 13 de janeiro houve uma queda de 20% na demanda e no consumo e que no dia 15 o estoque voltou a ser positivo.

Renan pontuou que faltou oxigênio em Manaus por mais de 20 dias.

“Ofício que a Advocacia-Geral da União enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro afirma que o governo federal sabia do “iminente colapso do sistema de saúde” do Amazonas dez dias antes de a crise estourar e faltar oxigênio para pacientes no estado”, disse o relator.

Covax Facility

Já sobre a adesão da menor quantidade de doses de vacina oferecida pelo consórcio Covax Facility, o ex-ministro disse que “estar presente no consórcio era mais importante” do que a aquisição de um número elevado de imunizantes no primeiro momento.

Ele reforçou que se houvesse uma aceleração de entrega, seria possível comprar mais vacinas em um segundo momento.

“A informação não condiz com a realidade. O consórcio era capitaneado pela OMS, praticamente todos os países já haviam aderido e o Brasil, naquele momento, não tinha perspectiva de outras contratações que justificasse a reserva de valor tão pequeno de doses da vacina”, ressaltou Renan.

Veto à Pfizer

O ministro afirmou que órgãos de controle, entre eles o Tribunal de Contas da União (TCU), deu orientação contrária à assinatura do contrato de compra de vacina da Pfizer.

Após a declaração, o TCU publicou nota de esclarecimento dizendo que “nenhum de seus ministros se posicionaram de forma contrária à contratação da empresa Pfizer”.

Produção de cloroquina pelo Exército

Segundo Renan, Pazuello “afirmou desconhecer que a produção de cloroquina para Covid pelo Exército tenha passado pelo Ministério da Saúde”.

Para o relator, o “Ministério da Defesa informou textualmente que foi o Ministério da Saúde que determinou a produção de cloroquina pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército”.

Pressão pró-cloroquina

Pazuello disse na CPI que não sofreu pressão do presidente Jair Bolsonaro para estimular o uso de cloroquina. Renan lembrou que os dois antecessores de Pazuello, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, afirmaram que sofreram pressão. Para Renan, é “inverossímil” que o mesmo não tenha acontecido com Pazuello.

“Contraditoriamente, o depoente quis convencer a Comissão de que ele, justamente o único que não tinha qualquer formação médica, foi o único que não sofreu qualquer pressão, orientação ou determinações do Presidente da República. Essa declaração é absolutamente inverossímil considerando os outros depoimentos e as condições de sua chegada ao ministério”, afirmou Renan.

Plano de contingência

O relator contesta relatos de Pazuello sobre o plano nacional de contingência contra a pandemia.

De acordo com o Renan, diante dos resultados “pífios” do plano e de uma cobrança do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministério, em vez de melhorar a execução, trocou palavras no projeto para facilitar a meta. Onde havia, por exemplo, a palavra “garantir”, entrou “apoiar”.

“O depoente não explicou por que foi feita alteração do normativo após a notificação do TCU, tendo ficado claro que o movimento foi para driblar as ordens da autoridade de controle. Evidentemente o TCU não se deixou enganar e já está investigando a manobra”, explicou Renan.

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Bolsonaro é um dos poucos líderes a faltar à cúpula do G-20 sobre pandemia

O mundo se reuniu para buscar uma resposta à crise sanitária. Mas o presidente Jair Bolsonaro optou por não participar. Ele foi um dos poucos líderes do G-20 a não participar da cúpula do grupo, realizada nesta sexta-feira, para tratar do maior desafio do planeta em décadas. O evento, organizado pelo governo italiano, contou com alguns dos principais chefes-de-estado e de governo do mundo, com um compromisso de garantir acesso às vacinas e um plano para que a atual crie seja a “última pandemia”.

Entre os pontos aprovados pela Declaração de Roma, governos estabeleceram o que é a base de uma futura defesa coletiva contra pandemias.

A cúpula – virtual – contou com os líderes do Reino Unido, Holanda, México, Indonésia, Itália, Japão, Canada, Espanha, França, Alemanha, China, Argentina, Turquia, África do Sul e Coreia do Sul, além dos chefes da FAO, Banco Mundial, UE, OMC, OCDE, FMI, OMS, ONU e outras instituições internacionais. Outros países convidados e que não fazem parte do G-20 também enviarão seus presidentes ao evento, como Noruega, Portugal (presidente do Conselho Europeu), República Democrática do Congo (presidente da União Africana), Cingapura, Suíça, Ruanda e outros.

Nem todos falaram ao vivo e os organizadores ofereceram a possibilidade de gravar as mensagens. No programa distribuído pela UE em sua transmissão do evento por redes sociais, o nome do presidente fazia parte da lista de participantes.

Mas um dos epicentros da pandemia no mundo, o Brasil foi representado apenas pelo chanceler Carlos França. Por uma questão de protocolo, seu discurso foi deixado para o final da fila, quase o último do evento e depois mesmo dos países que sequer fazem parte do G-20 e apenas tinham sido convidados.

Além do Brasil, apenas a Austrália mandou um ministro para o evento. Já a Rússia foi representada pela vice-primeira-ministra. Joe Biden enviou sua vice, Kamala Harris. Ela anunciou investimentos na Covax, o mecanismo de distribuição de vacinas. “Vamos continuar a fazer doações”, disse.

Harris ainda confirmou que o mundo precisa investir em preparação. No discurso, ela criticou ainda presidentes que não dão prioridade à saúde e que relegam o assunto apenas aos ministros. “Precisamos de líderes da Saúde”, defendeu.

A ausência de Bolsonaro não foi recebida por negociadores estrangeiros como uma surpresa, diante da postura do presidente às iniciativas multilaterais e de seu histórico de usar os eventos internacionais para atacar parceiros.

Mas, segundo os europeus, o envio apenas de um ministro ao evento alimentou a imagem de que a cooperação internacional contra o vírus não é prioridade do presidente.

Durante a cúpula, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreysus, alertou que ações precisam ser tomadas e que os compromissos assumidos devem ser traduzidos em iniciativas concretas. Segundo ele, há um “fracasso da humanidade” na distribuição de vacinas. “A pandemia mata nove pessoas no mundo por minuto e isso vai continuar”, alertou. “O G-20 acumula 90% das vacinas do mundo e tem condições de vacinar o mundo”, insistiu.

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, lamentou como a comunidade internacional está “desunida” na resposta à crise, enquanto os líderes do setor de saúde indicaram que, com vacinas, poderão salvar a vida de 800 mil pessoas nos países mais pobres até o final do ano.

Países e empresas anunciam doações de vacina, mas não há acordo sobre patentes

Mas sem um acordo sobre como suspender patentes de vacinas, líderes do G-20 se limitaram a aprovar uma declaração que prevê o compromisso da doação de bilhões de doses para as economias mais pobres do mundo e que, por enquanto, têm ficado à margem da distribuição dos imunizantes.

De acordo com os organizadores da cúpula, realizada nesta sexta-feira, as empresas do setor farmacêutico estão dispostas a enviar 1,3 bilhão de doses de vacinas para os países mais pobres e emergentes, seja sem lucros ou com preços mais baixos. Para 2022, mais 1,3 bilhão está garantido.

Países como Noruega, Espanha, Itália, França e Alemanha anunciaram mais de 100 milhões de doses em doações aos países mais pobres.

Mas governos como o da Índia, África do Sul, Argentina e China defendiam a ideia de que a declaração final fizesse uma referência explícita à suspensão de patentes, o que permitiria que as doses pudessem ser produzidas pelo mundo e com preços mais baixos.

O governo de Joe Biden surpreendeu o mundo ao dar seu sinal verde à proposta. Mas o projeto é alvo de resistência na Europa, que insiste que as patentes precisam ser protegidas e que a melhor forma de garantir vacinas é a de fechar acordos entre empresas e países mais pobres.

Sem um entendimento, a cúpula do G-20 terminou nesta sexta-feira com um texto que apenas falará em transferências voluntárias de tecnologia e uma resposta à crise baseada em doações.

Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, fez questão de alertar que a pandemia continua a causar uma profunda crise nos países em desenvolvimento, muitos deles ainda sem vacinas. “Temo que o pior esteja ainda por vir”, alertou.

*Jamil Chade/Uol

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Pazuello pode responder a três processos criminais e um cível por depoimento na CPI

Já ações contra Bolsonaro só ocorreriam caso a Procuradoria Geral da República encontre responsabilidade do presidente nos atos e peça autorização à Câmara, onde o Governo tem maioria parlamentar.

El País – Pelo que se apresentou nos interrogatórios na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, o general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, poderia responder judicialmente a ao menos três processos, dois criminais e um cível. Nos dois dias de depoimentos, Pazuello chamou para si a responsabilidade por quase todas as decisões tomadas no enfrentamento do coronavírus e, ao poupar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acabou abrindo espaço para que fosse processado por prevaricação, por falso testemunho, por crimes contra a saúde pública e por improbidade administrativa, conforme analisado por advogados consultados pela reportagem.

Iniciar essas ações contra o ex-ministro não caberia aos senadores da CPI, mas ao procurador-geral, Augusto Aras, e outros membros do Ministério Público Federal. Processá-lo não depende, necessariamente, do fim da apuração dos parlamentares. A apresentação desses processos, ainda é incerto, se considerarmos a PGR, já que 15 meses após o início da pandemia de covid-19 o procurador-geral, Augusto Aras, e seus assessores ainda não buscaram nenhum tipo de responsabilização da União, mesmo diante de 441.000 óbitos em decorrência da doença. Aras, no entanto, já pediu investigação de Pazuello sobre sua suposta omissão na crise de Manaus.

A prevaricação é quando um agente público retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou o pratica contra a disposição expressa da lei. Está previsto no artigo 319 do Código Penal e tem pena de até um ano de detenção. “Se for comprovado que, por questão ideológica, o Governo, apostou na imunidade de rebanho, apostou na campanha de desinformação sem o uso de máscara ou distanciamento social, estaria provado que ele agiu de uma maneira contrária ao expresso na lei”, diz o advogado Guilherme Amorim, professor do mestrado em direito constitucional na Uninove.

Já o crime contra a saúde pública poderia ser enquadrado no artigo 268 do Código Penal, que trata da infração de medida sanitária preventiva. Conforme esse dispositivo, seria necessário comprovar que o agente teve o objetivo de infringir determinações que tinha como objetivo impedir a introdução ou a propagação de doença contagiosa. A pena também é de um ano de detenção. Na esfera cível, conforme o professor Amorim, haveria a possibilidade de o general ser enquadrado na lei de improbidade administrativa desde que se comprove em que medida os atos praticados por ele que causaram prejuízo, não só do ponto de vista financeiro, mas do atendimento do interesse público primário. “Em uma pandemia qual é o primeiro interesse público que deve ser observado? É a saúde da população, é a vida”, disse o especialista.

O falso testemunho, que é quando uma pessoa mente em declarações à Justiça, pode ser replicado na CPI. Nos Estados Unidos é conhecido como perjúrio. No Brasil, ele está previsto no artigo 342 do Código Penal e tem pena de dois a quatro anos de prisão. Durante a sessão desta quinta-feira, os senadores já sinalizaram que vão encaminhar a transcrição do depoimento de Pazuello ao Ministério Público para os procuradores apurem se ele cometeu esse crimes especificamente. O mesmo expediente já fora usado na semana passada, quando o ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten mentiu continuadamente à CPI.

Na prática, contudo, dificilmente algo será feito neste momento contra o ex-ministro ou contra seu antigo chefe, Bolsonaro. O presidente só poderia ser investigado por crimes comuns caso houvesse uma autorização de 342 dos 513 deputados, em uma situação semelhante à enfrentada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2017, quando ele conseguiu barrar a abertura de dois processos contra ele no Legislativo. Sem autorização, qualquer eventual crime comum cometido pelo presidente só poderia ser investigado após ele deixar o Governo.

O remédio político contra Bolsonaro, então, seria um processo de impeachment pelo crime de responsabilidade. O que teria uma chance mínima de passar pela mesma razão: o presidente ainda tem apoio parlamentar e, principalmente, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é quem dá o pontapé inicial em qualquer processamento no Legislativo.

“As instituições brasileiras demoraram um ano para reagir, incluindo o Congresso Nacional, que só agora conseguiu fazer uma CPI, e a PGR, que se omitiu na investigação só se voltou para apurar os casos de corrupção nos Estados no repasse de recursos para a covid-19”, avaliou o doutor em direito e em política Fábio de Sá e Silva, professor de estudos brasileiros na Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. Na visão deste estudioso, a PGR, contudo, decidiu deixar o Executivo brasileiro “solto”. “É evidente que o problema do Brasil não foi corrupção, foi a má gestão e incapacidade de planejamento e coordenação dos vários entes. Além do negacionismo em relação às medidas restritivas, às vacinas e o apoio a medicamentos ineficazes contra o coronavírus”, ponderou.

A omissão da PGR era algo esperado pelo meio político em Brasília, onde o procurador Augusto Aras é visto como um apoiador do presidente Bolsonaro. Chamado por alguns de advogado-geral da União substituto, Aras é um dos cotados para ocupar a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal, que será aberta em julho, com a aposentadoria do decano Marco Aurélio Mello. “O que parece é que o PGR tem agido muito politicamente e pouco funcionalmente”, diz o advogado Amorim.

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Estratégia do partido dos generais para se safar na CPI está sendo exitosa

“O SR. RENAN CALHEIROS – Quem indicou o seu nome, Ministro, para o Presidente Bolsonaro?

O SR. EDUARDO PAZUELLO – Eu acredito que as indicações vieram dos oficiais generais … Eu não sei qual deles, mas acredito que veio do grupo de oficiais que trabalhavam com o Presidente”.

Sessão da CPI da Pandemia no Senado, 19/5/2021.

A CPI da Pandemia está acertando nos alvos secundário e terciário, que são o presidente Jair Bolsonaro e o general Eduardo Pazuello. Mas, até aqui, na sua 3ª semana de funcionamento, a Comissão está tangenciando o alvo principal da cadeia de responsabilidades pelo genocídio de quase 500 mil brasileiros e brasileiras, que é o partido dos generais.

São eles que de fato controlam o governo militar e presidem as escolhas, as omissões, as negligências e os desatinos oficiais – não só no desastre pandêmico, como também na catástrofe humanitária, na devastação social, ambiental e econômica do país e na destruição da soberania nacional.

Ao ser perguntado pelo relator Renan Calheiros sobre quem o indicou para o cargo, o general Pazuello não poderia ter sido mais previsível a respeito de quem, de fato, está no comando: “Eu acredito que as indicações vieram dos oficiais generais …. acredito que veio do grupo de oficiais que trabalhavam com o Presidente”, ele declarou.

No momento inaugural do depoimento, em pronunciamento lido com suor no rosto, Pazuello já tinha mencionado que “entre os dias 14 e 16 de abril de 2020, recebi algumas ligações telefônicas dos oficiais-generais que estavam no Governo Federal, para discutir uma possível indicação para que eu pudesse auxiliar na transição do Ministro Mandeta para o ministro que seria nomeado”.

Numa frase meticulosamente construída para aparentar falsa desvinculação do Comando do Exército com sua alocação política no governo, Pazuello leu que “no dia 16 de abril à tarde, quando o Comandante Supremo das Forças Armadas, o nosso Presidente da República, me ligou e se posicionou de forma clara e direta para eu vir”.

E ele complementou, traindo-se em relação à real subordinação hierárquica, que na verdade é devida aos chefes do partido dos generais, e não a Bolsonaro: “A partir daquele momento, organizei a minha partida, peguei meus uniformes, embarquei com meu assistente-secretário, para vir cumprir a missão”.

Se se tratasse de um governo civil comandado por um presidente civil, o general da ativa não seria convocado para cumprir missão civil trazendo seu uniforme militar e assistente-secretário idem.

A geração atual no comando das Forças Armadas, especialmente os generais que comandam o Exército, acalentam um plano duradouro de poder. Trata-se da geração cultivada no “porão fétido do velho regime e fermentada numa cultura conspirativa e autoritária, que possui forte ambição política” e que nunca aceitou o fim da ditadura, em 1985.

O problema é que este ajuntamento partidário de militares fora da lei não contava que no meio do caminho do seu projeto de poder aparecesse a pandemia do coronavírus e que a farsa da gangue da Lava Jato contra Lula fosse descoberta.

Com a perda de popularidade dos militares e o aprofundamento da crise de legitimidade do regime, os militares rapidamente passaram a ajustar o posicionamento em relação a Bolsonaro, procurando marcar distância da aberração parida por eles mesmos.

A “demissão” do ministro da Defesa e dos comandantes das 3 Forças, em abril passado, como se tivessem sido demitidos por discordarem da escalada autoritária do Bolsonaro, é parte da pantomima para incutir a narrativa do falso papel “legalista, democrático e profissional” das Forças Armadas.

Na CPI, esta estratégia militar está sendo explorada com êxito. O partido dos generais está entregando Bolsonaro, Pazuello e quaisquer atores militares coadjuvantes, que são os anéis. Assim, preservam seus dedos, braços, corpo, cérebro …

A presença de Pazuello em traje civil ao invés da farda militar, como seria o esperável para um general da ativa em missão oficial, é parte do planejamento para desvinculá-lo da instituição militar. Jogaram-no aos leões, em certo sentido.

A CPI, por enquanto, não está conseguindo – ou não está querendo – chegar nos reais responsáveis pela barbárie que promove o morticínio evitável de centenas de milhares de brasileiras e brasileiros, e que faz do Brasil uma ameaça biológica, humanitária e civilizatória em escala planetária.

Esta realidade não caracteriza, evidentemente, um fracasso na prioridade fundamental de desgastar, sangrar e inviabilizar a continuidade do facínora que exerce o poder nominal como biombo do partido dos generais, mas é uma clara evidenciação do limite de alcance da CPI até aqui, que permite que os militares estejam se livrando de suas responsabilidades criminais e históricas.

*Jeferson Miola/247

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Acredite, tucano Aloysio Nunes defende candidatura de Lula

O ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse avaliar como “natural” e “importante” uma possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. O petista confirmou, em entrevista a uma publicação francesa, que disputará o Palácio do Planalto contra Bolsonaro.

“Recuperou os direitos políticos, tem que ser candidato”, afirmou o ex-senador à coluna Radar. “Ele deve ser candidato mesmo, porque é um líder importante. É natural que seja, estranho seria se não fosse. Só não foi antes porque foi condenado por processos que agora já foram anulados por decisões do Supremo”, disse.

Outro tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também sinalizou que votará no ex-presidente Lula, ao dizer, neste mês de maio, que o petista “simboliza e tem eco”. O tucano havia dito, em março, que o principal nome do PT tem “tem jeito para a coisa”.

Nessa quarta-feira (19), Lula agradeceu ao aceno de FHC e disse que também votaria no tucano em um duelo contra Bolsonaro. “Fico feliz que ele tenha dito que votaria em mim e eu faria o mesmo se fosse o contrário”, afirmou ao jornal Folha de Pernambuco.

Pesquisas apontam vitória de Lula

Um levantamento divulgado pelo Instituto Datafolha, no dia 12 deste mês, mostrou o ex-presidente Lula com 41% dos votos e Bolsonaro com 23% no primeiro turno. Também teria 55%, contra 32% do seu oponente no segundo turno.

*Com informações do 247

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CPI da Covid: Bolsonaro, na busca pela imunidade de rebanho, levou o Brasil à tragédia

O Brasil chegou à marca macabra de mais de 440 mil mortes por covid e a responsabilidade por grande parcela desses óbitos se deve às ações do governo Bolsonaro.

Essa foi a síntese da senadora Zenaide Maia (PROS-RN) ao se dirigir a Pazuello que, não satisfeito em ser submisso a Bolsonaro, como ministro da Saúde, numa servidão vergonhosa, está assumindo toda a responsabilidade das mortes em decorrência da pandemia pelo projeto de imunidade de rebanho.

Não há novidade nisso, lógico, mas agora ganha caráter oficial. Talvez por isso, na CPI, Flávio Bolsonaro esteja marcando homem a homem cada fala dos senadores. E todas as vezes que os absurdos cometidos pelo seu pai são expostos à luz do dia, ele usa a sua fábrica de chocolate, não para explicar os depósitos de Queiroz em sua conta, mas como codinome de cloroquina.

Daí Flávio, no desespero, diz que a CPI não derrubará seu pai e corre o risco de implodir.

O tolo acha que ninguém percebe seu desespero na própria CPI, comportando-se como um moleque nas tolices que fala, mostrando o quanto o clã Bolsonaro está se borrando de medo dos desdobramentos, superando Pazuello, até porque Manaus, como já foi dito inúmeras vezes por senadores na CPI, serviu como laboratório desse crime hediondo estimulado por Bolsonaro, o que causou o colapso da falta tanto de oxigênio quanto de insumos.

Não foi um mero desprezo de gestão, mas um projeto de pagar para ver quantos sobreviveriam e quantos morreriam.

Então, não há como a CPI não desembocar numa responsabilização do presidente da República. Todos os seus atos, sejam eles políticos ou pelas ações do próprio governo diante da pandemia, levam ao mesmo destino, a busca pela imunidade de rebanho.

“Se isso é verdadeiro, o presidente incorreu em um grave crime, que representa um dolo eventual, ou seja, que ele correu o risco de causar um dano irreversível às pessoas com essa tese. E isso se transforma em um grave crime de responsabilidade”, diz o senador Humberto Costa.

Este é o ponto central que será cada vez mais colocado às claras para que a sociedade tenha pleno conhecimento do porquê o Brasil chegou à pior tragédia sanitária de sua história.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Governo Bolsonaro prepara decreto para impedir redes sociais de apagar publicações

Texto foi elaborado pela Secretaria de Cultura e já recebeu parecer favorável da Advocacia-Geral da União.

Segundo o Globo, o governo Bolsonaro prepara um decreto para limitar a atuação de redes sociais no Brasil e proibir que sites e redes sociais apaguem publicações ou suspendam usuários de suas plataformas. O texto foi elaborado nas últimas semanas pela Secretaria de Cultura e recebeu parecer favorável da Advocacia-Geral da União. O decreto é uma resposta do governo à atuação das principais plataformas e, caso seja editado, pode permitir que a propagação de informações falsas e o discurso de ódio cresça ainda mais. Nos últimos meses, publicações e vídeos do presidente Bolsonaro foram retirados do ar pelo Facebook e pelo Google sob a alegação de que propagavam informações falsas ou sem comprovação e receberam críticas do presidente. Influenciadores bolsonaristas e o presidente Donald Trump também já tiveram suas contas suspensas pelas plataformas.

Segundo o decreto, os provedores de serviço só poderão agir por determinação da Justiça ou para suspender perfis falsos, automatizados ou inadimplentes. O bloqueio de conteúdos sem decisão judicial também só poderá ocorrer em casos específicos, como nudez, apologia ao crime, apoio a organizações criminosas ou terroristas, violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente e incitação de atos de ameaça ou violência. O decreto foi encaminhado ao Palácio do Planalto e a outros ministérios na última semana.

O controle sobre as plataformas é uma das bandeiras defendidas pela ala mais radical do governo, que vê na política atual das redes sociais uma forma de censura. Recentemente, expoentes do bolsonarismo tiveram suas contas bloqueadas ou limitadas. Além disso, publicações propagando o uso de tratamentos contra a Covid-19 sem comprovação científica foram tirados do ar. Na CPI da Covid no Senado, um dos temas investigados pelos parlamentares é exatamente a forma como o presidente, seus auxiliares e até mesmo órgãos do governo usaram as redes sociais para divulgar o uso de medicamentos contra a covid-19, como a cloroquina.

De acordo com a minuta do decreto, a Secretaria Nacional de Direitos Autorais ficaria responsável por fiscalizar e apurar casos em que sites e redes sociais retirassem publicações do ar.

O órgão atualmente é comandado pelo advogado Felipe Carmona Cantera, ex-assessor parlamentar do deputado estadual de São Paulo Gil Diniz, conhecido como “Carteiro Reaça”. Diniz foi acusado na Assembleia Legislativa de São Paulo de criar e propagar fake news contra adversários. Além disso, foi citado no inquérito do Supremo Tribunal Federal que apura atos contrários à democracia.

Pelo documento, a Secretaria Nacional de Direitos Autorais poderia até mesmo proibir o uso de determinadas plataformas que cometessem as infrações previstas no decreto. A medida afeta não apenas grandes sites, mas também os de menor porte, como páginas de vaquinha virtual, por exemplo.

Especialista: ‘Mudança radical’

O projeto quer regulamentar um ponto do Marco Civil da Internet que trata da responsabilização por conteúdos publicados nas internet. Segundo a lei, provedores de serviço na internet não podem ser responsabilizados pelo conteúdo publicado nas redes. De acordo com Francisco Brito Cruz, advogado e diretor do InternetLab, centro de pesquisa especializado em direito e tecnologia, entretanto, o teor do projeto vai contra o que determina a legislação.

— O projeto subverte o Marco Civil. Se o decreto fosse publicado, mudaria radicalmente como as redes sociais funcionam no Brasil. Além disso, instituiria um órgão público que vai dizer como as plataformas vão aplicar medidas de moderação na internet — afirma Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab.

Para o especialista em Direito Digital, Omar Kaminski, o decreto entende que a remoção de conteúdos pelas redes sociais por infração aos termos de uso interno do site pode ser considerado “censura privada”.

— Mas, ao que parece, em diversos casos a intenção extrapola este objetivo e peca pelo excesso, pedindo, por sua amplitude e subjetividade, não mais um simples decreto presidencial mas a propositura de um projeto de lei a ser debatido por parlamentares na Câmara e Senado — disse.

No documento, a Secretaria Nacional de Direitos Autorais justifica que o decreto é necessário para regulamentar o Marco Civil em relação aos direitos e garantias dos usuários. O governo argumenta que, como não podem ser responsabilizados, também não poderiam retirar qualquer conteúdo por suposta infração às suas regras.

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Câmara aprova MP da privatização da Eletrobras

“Existem interesses não republicanos por trás dessa privatização”, disse Fabiola Latino Antezana, do Stiu-DF e da CUT-DF.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19) uma medida provisória apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro que prevê a privatização da Eletrobras (MP 1031/21). Parlamentares do campo da oposição e sindicatos denunciaram atropelo na pauta, que teve aprovação relâmpago, em apenas 23h.

Por 313 votos a favor, 166 contra e 5 abstenções, o texto foi aprovado na Câmara e agora será enviado ao Senado Federal. Apenas PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB, Novo e Rede orientaram voto contra o texto. Ao contrário doo bloco oposicionista, o Novo era favorável à privatização, mas contra o texto do relator Elmar Nascimento (DEM-BA).

Segundo informações da Agência Câmara, o modelo de desestatização previsto no relatório de Nascimento prevê a emissão de novas ações a serem vendidas no mercado sem a participação da empresa, resultando na perda do controle acionário de voto mantido atualmente pela União. O relatório prevê também que esse modelo poderá ser usado por outras empresas públicas.

Parlamentares de oposição criticaram o fato de o tema não ter passado por audiência pública, por especialistas, pelos operadores do sistema ou pela população. “Vamos votar, no seco, aqui, uma medida provisória para entregar essa empresa que é patrimônio do povo brasileiro à iniciativa privada. Por que a pressa?”, questionou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). “A Eletrobras dá lucro. Nos últimos 3 anos, foram 30 bilhões de reais de lucro e 15 bilhões de reais de reserva. Por que o Governo não tomou a decisão de fazer investimento?”, completou.

“Qual a justificativa para, em um momento de pandemia, liquidar o patrimônio público do povo brasileiro, e fazer isso no momento em que os países desenvolvidos estão reestatizando as suas companhias?”, questionou o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP). “Estamos falando da sexta empresa mais importante do Brasil. É essa empresa que estamos dando para o setor privado, na contramão do mundo”, destacou Marcelo Freixo (PSOL-RJ), líder da Minoria. “Isso é um atentado contra os trabalhadores”, disse o líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PCdoB-PE).

O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que os projetos passem por comissões de forma virtual.

*Com informações da Forum

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General Cloroquina: Tudo o que falei na CPI é mentira, ponto

Nem a gravata de Pazuello é verdade, Bolsonaro é que mandou imitar o Lula, como tem feito ultimamente em seus tuítes.

Na república da cloroquina, Pazuello é o general kit covid. O sujeito, na CPI, foi cada enxadada, uma minhoca; cada declaração, uma mentira. Com aquela convicção de comandante da tropa da ordem unida.

É uma figura patética. A CPI perguntava uma coisa e ele respondia outra. A pergunta voltava à tona e ele enrolava ainda mais, ao mesmo tempo em que ia se enrolando e, pego na mentira por inúmeras vezes, Pazuello foi se esfarelando.

A pior das mentiras, foi ele dizer que Bolsonaro não lhe dava ordens, ou seja, Pazuello revelou que o presidente é mais relapso e mantém mais desprezo pela saúde do povo do que se imagina.

Talvez isso explique ele ter colocado a pessoa mais inepta do Brasil para comandar a pasta da Saúde.

Mas a coisa não para aí. Pazuello contou uma de suas lorotas sobre a assistência do governo Bolsonaro à crise da falta de oxigênio em Manaus e foi rigorosamente espinafrado pelo senador Eduardo Braga (MDB) e até pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD).

Os dois senadores foram bastante claros ao afirmar que a tragédia só não foi pior porque a Venezuela, através do presidente Maduro, foi muito mais eficaz e solidária do que o nosso ministério da Saúde enviando para Manaus caminhões carregados de oxigênio. Sem falar dos artistas brasileiros que também doaram cilindros de oxigênio, inclusive Paulo Gustavo que perdeu a vida para a covid, justo pela falta de responsabilidade de Bolsonaro com a população brasileira.

E é aí que entra a história da Pfizer que Pazuello tentou explicar o que não tem explicação, pois foi a falta de vacina que foi sabotada por Bolsonaro que resultou nessa catástrofe do Brasil, 440 mil vidas perdidas.

O mais cruel, e que foi enfatizado pelos senadores Amazonenses, é que foi o projeto criminoso de Bolsonaro, da tal imunidade de rebanho que provocou o colapso em Manaus, ou seja, tudo indica que foi proposital, pois neste caso, a capital do Amazonas seria o projeto piloto.

Em síntese, é disso que Pazuello tentou esquivar com trololós para aliviar a sua culpa e a de Bolsonaro, mas não teve sucesso.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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