Do vovô ao cachorrinho, todo mundo da família de Adriano da Nóbrega se empregou no gabinete de Flavio Bolsonaro.
Bolsonaro e o seu primogênito, Flávio, foram as pessoas que mais deram Oscar para um dos criminosos mais frios do Brasil, que diziam gostar de matar suas vítimas à facada.
Caveira, como era conhecido pelo seu Escritório do Crime, estava na lista da Interpol, mas não estava na de Moro.
Agora, o super-Ministro da Justiça e Segurança Pública, que passou 5 anos latindo e babando raiva de petistas, está de focinheira colocada pelo seu dono ligado umbilicalmente ao miliciano morto no domingo (9), na Bahia.
Ninguém espera que a família Bolsonaro abra a boca sobre o caso, nem mesmo Eduardo, que estava na Bahia na hora da morte de Adriano, está sendo cobrado pela mídia que dê uma declaração que justifique sua estadia lá durante dois dias.
Mas Moro, que vive agora dependurado no twitter elogiando ações policiais em todo o Brasil em busca de apoio para a sua candidatura, não abrir o bico sobre a ação conjunta entre a polícia carioca e a baiana que culminou na queima de arquivo do personagem principal que liga Bolsonaro à morte de Marielle é, no mínimo, passar recibo de que o Ministro, que defendia total transparência das autoridades públicas contra o PT, aceita e abana o rabinho para a mordaça que lhe impuseram.
Xadrez de Bolsonaro, Marielle e de como está sendo sua blindagem, por Luis Nassif
Juntando todos os pontos, chega-se ao envolvimento dos Bolsonaro. Mas a cobertura hesita em ir até o fim.
Ponto 1 – o envolvimento óbvio da família Bolsonaro com as milícias que mataram Marielle.
Ponto 2 – o jogo de acomodamento da mídia. Vai até determinado ponto, para mostrar alguma independência. Mas recua imediatamente, quando percebe que bateu em matéria sólida, capaz de afundar o barco Bolsonaro.
É o caso, agora, da surpresa com a morte do ex-capitão Adriano Nóbrega, chefe do escritório do crime, depois de ter ignorado solenemente indícios veementes da ligação dos Bolsonaro com o crime e de ter se calado com a blindagem de Queiroz, o elo explícito dos Bolsonaro com as milícias.
Tema – o Coitus Interruptus da Globo
No dia 29 de outubro de 2019, o Jornal Nacional divulga a informação bombástica sobre a entrada, no condomínio de Bolsonaro, de Élcio Queiroz, o motorista que guiou o carro que conduziu Ronnie Lessa, o assassino de Marielle.
A reportagem dizia que o porteiro admitiu duas vezes que a autorização foi dada pela casa 58, de Bolsonaro. Depois de entrar, o carro rumou para a casa 66, de Ronnie Lessa.
A reportagem dava a dica para o álibi de Bolsonaro: naquele dia ele estava em Brasília e, portanto, não poderia ter recebido a ligação. Nem se preocupou em analisar as características do sistema de telefonia do condomínio, para saber se permitia ou não transferência para celulares.
Naquela madrugada, Bolsonaro fez um live com ataques pesados e ameaças à Globo.
Logo depois, seu filho Carlos Bolsonaro divulgou um vídeo mostrando o sistema de telefonia do condomínio e uma gravação no horário de entrada do carro de Élcio, na qual o porteiro supostamente liga para a casa de Ronnie, não para a casa 58.
A Globo recua, solta uma nota se explicando e não volta mais ao tema, ignorando todas as informações que surgiram posteriormente, reforçando sua tese.
As ligações da família Bolsonaro com as milícias do Rio não se resumem apenas a votos de louvor na Assembleia Legislativa. É uma ligação umbilical, que passa pelas rachadinhas, e pela ampla defesa política das milícias pelo então deputado federal Jair Bolsonaro.
Em entrevista à BBC internacional, declarou: “Elas oferecem segurança e, desta forma, conseguem manter a ordem e a disciplina nas comunidades. É o que se chama de milícia. O governo deveria apoiá-las, já que não consegue combater os traficantes de drogas. E, talvez, no futuro, deveria legalizá-las”.
Peça 2 – hipóteses iniciais sobre os Bolsonaro e Marielle
Havia as seguintes coincidências, que apontei no artigo “Juntando as peças do dia 14/03/2018 na vida de Bolsonaro”
Primeiro, vamos aos fatos objetivos:
1 – Um twitter de uma jornalista respeitável, Thais Bilenky, no dia 14 de março, informando que Bolsonaro seguiria para o Rio por estar com problemas de intoxicação. 2 – O depoimento do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, dizendo ligou para Bolsonaro para obter autorização para a entrada de Elcio Queiroz no condomínio. E a anotação no papel indicando a casa de Bolsonaro como destino. 3 – A sessão da Câmara mostrando que, naquele dia, Bolsonaro estava lá, participando das sessões. 4 – O sistema de telefonia do condomínio, que permite transferir ligações para celulares. 5 – Posteriormente, vazamentos aos Bolsonaro de trechos da investigação de interesse deles, mais a identificação de dois promotores como bolsonaristas ativos, mostrando acesso da família às investigações.
Teoria do fato
Em cima desses dados, formulei uma hipótese – repito, hipótese – sobre o que teria ocorrido naquele dia.
Bolsonaro articulou uma reunião com Ronnie Lessa (do Escritório de Crime) e Elcio Queiroz para o dia 14, no Condomínio Vivendas da Barra.
Preparou um álibi para faltar à sessão daquele dia na Câmara Federal. A jornalista Thais Belinski foi informada de que ele iria voltar para o Rio de Janeiro por um problema de intoxicação alimentar. Era um álibi curioso: viajar intoxicado, podendo descansar e ser tratado em Brasilia.
Naquele dia, trocando ideias com assessores, Bolsonaro se deu conta de que a ida para o Rio de Janeiro poderia expô-lo. Assim, decidiu ficar na sessão da Câmara, onde apareceu sem nenhum sinal de quem estava intoxicado. A reunião no Condomínio foi mantida com os demais participantes.
Ao chegar ao condomínio, Élcio deu o número da casa de Bolsonaro. O porteiro ligou para o celular anexado ao número, Bolsonaro atendeu em Brasília e autorizou a entrada. E Élcio rumou para a casa de Ronnie Lessa, que fica na mesma rua da casa de Bolsonaro, cerca de duas ou três casas depois. Quando a reunião foi identificada, após perícia no celular de Ronnie Lessa, os Bolsonaro foram informados por aliados infiltrados nas investigações, que atrasaram a perícia a fim de permitir que as provas fossem alteradas.
Peça 3 – as evidências que surgiram
Nos dias seguintes, outros indícios começaram a aparecer, fortalecendo as hipóteses apresentadas, implicando fortemente os Bolsonaro, e sendo solenemente ignorados pelas investigações e pela própria mídia. As postagens apagadas de Bolsonaro
No dia da morte de Marielle, Bolsonaro pai almoçou na residência do deputado Carlos Manato, correligionário do Espírito Santo. Comentários no post do almoço comprovam que, naquele dia, foram apagados todos as postagens de Jair Bolsonaro no Facebook.
A presença de Carlos no condomínio
Mais que isso, quando foi divulgado o depoimento do porteiro, sobre a entrada no condomínio do motorista que conduziu Ronnie Lessa para o assassinato de Marielle, a primeira reação de Carlos Bolsonaro foi dizer que não estava no condomínio naquela hora. Apresentou, inclusive, publicação do Diário Oficial do Município, para comprovar que estava em sessão.
Pouco depois, no entanto, admitiu, por descuido, que estava no condomínio na hora em que os assassinos de Mariella estavam reunidos. A confissão involuntária ocorreu quando mostrava o vídeo com as chamadas recebidas pelos porteiros do condomínio. Uma das chamadas era para sua casa, às 17 horas. Para mostrar que a chamada era inócua, Carlos clicou o arquivo e apareceu a voz do porteiro informando que havia chegado um Uber para levá-lo. Estava ali a comprovação, que foi amplamente ignorada pela imprensa.
Nos dias seguintes, Carlos foi obrigado a apagar todas as suas postagens e aceitou-se passivamente a explicação de que a razão foi a irritação do pai com um comentário dele sobre a administração.
O sistema de telefonia que ligava para celular
O principal álibi de Bolsonaro, para rebater a versão do porteiro, de que o motorista tinha pedido autorização na casa de Bolsonaro, é que estava em Brasília naquele momento. Logo em seguida, mostramos aqui (com base no depoimento de um visitante do condomínio) que o sistema interno não tinha interfone. As chamadas eram remetidas para os telefones fixo ou celular dos moradores.
Logo depois, um blog do Rio de Janeiro comprovou que o sistema de telefonia do condomínio permitia essas transferências de ligação.
As informações foram completamente ignoradas pela imprensa. As investigações sequer procuraram levantar as chamadas para celular e os registros do sistema.
Peça 4 – as interferências nas investigações
Em nenhum momento o MPE do Rio de Janeiro solicitou uma perícia real no equipamento de telefonia do condomínio.
Logo após a matéria da Globo com o depoimento do porteiro, o Ministério Público Estadual convoca uma coletiva e informa sobre uma falsa perícia, feita em tempo recorde, que teria desmentido o porteiro. Não houve perícia alguma no equipamento, mas apenas a constatação de que o áudio divulgado por Carlos Bolsonaro (com o porteiro ligando para a casa de Ronnie Lessa, e não a de Bolsonaro), era verdadeiro. Não foi periciado se foi incluído no sistema depois.
Posteriormente, descobriu-se que a promotora chefe das investigações era bolsonarista ativa.
A Polícia Federal empreendeu uma ofensiva inédita de intimidação do porteiro, para que mudasse seu depoimento, mostrando a face mais ostensiva do estado policial.
O Ministro da Justiça Sérgio Moro não incluiu o chefe do Escritório do Crime, Adriano Nóbrega, na lista de criminosos procurados, alegando que seu caso não demandava cooperação com outros estados.
No mesmo momento, uma cooperação da Polícia Civil do Rio com a da Bahia cercava e calava Adriano para sempre.
Depois de ter consagrado a condução coercitiva, de ter levado coercitivamente até 32 funcionários sérios de um banco público, nem Ministério Público, nem Polícia, conseguiram, até agora, um depoimento de Queiroz, o elo maior de ligação dos Bolsonaro com as milícias.
Ontem, foi assassinado Adriano Nóbrega que, antes de morrer, afirmava que seria alvo de “queima de arquivos”.
Peça 5 – as explicações para o descaso
Não é pouca coisa. É um presidente da República – e seu grupo – suspeito de participação no assassinato de uma vereadora. Mais que isso, com um conjunto de medidas visando facilitar o comércio de armas, o enfraquecimento das alfândegas, a cooptação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a compra da mídia.
O recuo dos grupos de mídia do 1º time se deve ou à intimidação ou à lógica de permitir o fortalecimento de Bolsonaro, para que ele entregue as tais reformas.
Em qualquer caso, uma clara marcha para a insensatez.
Quem assiste à Globonews nesta segunda-feira, acredita que assiste ao programa do Datena, porque todas as equipes de jornalismo da emissora estão focadas no projeto enche linguiça com a chuva de São Paulo para fugir do assunto Bolsonaro e o miliciano Adriano da Nóbrega.
É nítida a intenção da Globo de ganhar tempo a favor do Presidente da República para não associá-lo ao principal assunto do país, a queima de arquivo do nome efetivamente ligado ao assassinato de Marielle e à família de Bolsonaro.
Fosse Lula e seus filhos envolvidos com a milícia e com as mortes de possíveis testemunhas do assassinato de Marielle, a Globo inventaria um dia de 48 horas e passaria a narrar, a seu modo e gosto, o episódio da morte do miliciano para escandalizar o país.
Isso mostra que a Globo é muito mais perigosa, na sua tática de omitir do que de inventar notícias, porque, quando se inventa, naturalmente obriga a uma reação de quem foi acusado, mas a omissão não, ela tem justamente o propósito de calar qualquer assunto relacionado a um fato grave como esse que envolve o chefe do Escritório do Crime, considerada a milícia mais violenta do Brasil, com o Presidente da República e seus filhos, um, o senador Flávio Bolsonaro, o outro, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro e, por último, o vereador, Carlos Bolsonaro.
A chuva em São Paulo foi forte e alagou a cidade? Sim, mas com anos e anos de administração tucana, parceira da mídia, São Paulo já sofreu com enchentes inúmeras vezes durante todos esses anos de governo do PSDB, mas a Globo sempre fez questão de esconder para proteger o partido da casa. Hoje, porém, ela faz o oposto, mostra cada poça d’água, narra cada drama familiar, num nítido bate entope jornalístico para o tempo passar e não dar o devido foco ao mais grave acontecimento da história do Brasil, que envolve a Presidência da República e o crime organizado. Ainda assim, não há qualquer crítica aos governos do PSDB.
Para piorar, ainda coloca no ar um dos maiores vigaristas da Globo, Cesar Tralle, o mesmo que armou a farsa dos aloprados contra Lula na eleição de 2006, mostrando que a esquerda deverá ter um foco especial acima de todos os outros com o trabalho imundo que a grande mídia, mas sobretudo a Globo cumprirá para reeleger Bolsonaro, um presidente ligado umbilicalmente à maior rede criminosa do país para sustentar o projeto neoliberal de desmonte da nação.
Em meio a uma crise gerencial e sob pressão dos governos Wilson Witzel e Jair Bolsonaro para privatização, a Cedae-RJ é o grande chamariz das empresas à venda.
Descartada a fake news sobre a “caixa-preta” propalada por Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se prepara agora para servir de linha auxiliar para o projeto privatista de Paulo Guedes, retomando a função que teve nos tempos do governo tucano de FHC, como financiador de empresas e fundos de investimentos transnacionais na compra de empresas públicas brasileiras.
Na esteira da aprovação do chamado marco legal do saneamento básico, aprovado em dezembro na Câmara federal e que abre caminho para a exploração do serviço pela iniciativa privada, o BNDES montou um cronograma que prevê ao menos cinco leilões neste ano para privatização da água nos Estados. Para isso pretende abrir uma linha de crédito para emprestar dinheiro para empresas privadas comprarem as estatais.
“O banco avalia dar crédito para todos eles [os projetos], mas vamos privilegiar uma composição com o setor privado”, afirmou o diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão, em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (10).
A previsão é que o montante chegue a R$ 42 bilhões nos cinco leilões já previstos, de concessões plenas, parciais e uma parceria público-privada (PPP) nos estados de Alagoas, Acre, Amapá, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em meio a uma crise gerencial e sob pressão dos governos Wilson Witzel e Jair Bolsonaro para privatização, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) é o grande chamariz das empresas à venda. Responsável pela água de 64 municípios fluminenses, com 13,7 milhões de consumidores, a Cedae está estimada em R$ 32,5 bilhões, segundo estimativa do BNDES.
Com a crise da qualidade da água que já dura mais de um mês, Wilson Witzel (PSC) já disse que a solução do problema “só será possível com a privatização da Cedae, pelo menos a distribuição e o esgoto”.
Na sexta-feira (7), o líder do partido Novo na Câmara, o deputado federal Paulo Ganime (RJ), protocolou uma indicação ao ministro Paulo Guedes para que ele pressione Witzel a privatizar a companhia.
O líder do Novo quer o efetivo cumprimento do acordo por parte do Rio de Janeiro para que o estado recolha recursos necessários para quitar os compromissos assumidos com a União e também que a companhia de água fluminense “tenha condições de prestação adequada dos serviços à população”, pontuou.
O Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio de Janeiro, produzido em 2017, prevê a alienação das ações da estatal “no prazo máximo de 3 anos”.
Bolsonaro, nesta segunda, está fugindo dos microfones e holofotes da mídia mais do que o diabo da cruz.
O motivo, até o mais pateta dos bobocas sabe qual é, não fazer comentário sobre a morte de um amigão de longa data da família Bolsonaro.
Como sabemos, Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, e sócio de Ronnie Lessa, era o principal elo entre a família Bolsonaro e a morte de Marielle.
Como disse o mais antipetista dos jornalistas da grande mídia, Josias de Souza: “Presidente e miliciano coabitam o mesmo noticiário” e seguiu: “Espantosa época a atual, em que o presidente da República, seu filho mais velho e um miliciano apelidado de Caveira coabitam a mesma notícia. Neste domingo, a coisa tornou-se ainda mais horripilante, pois aos nomes de Jair Bolsonaro, do primogênito Flávio Bolsonaro e do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega acrescentou-se uma expressão macabra: “Queima de arquivo.”
E Josias segue as pegadas de Bolsonaro
Chefe da milícia de Rio das Pedras, no Rio, Adriano era amigo de Fabrício Queiroz, o faz-tudo dos Bolsonaro. Trabalharam juntos na PM. A mãe e a mulher do miliciano foram enfiadas dentro da folha salarial ‘rachadinha’ do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.
A despeito das complicações penais, o Caveira foi condecorado por Flávio com a Medalha Tiradentes, a mais elevada comenda da Assembleia Legislativa do Rio.
Em 2005, Jair Bolsonaro, então deputado, subiu à tribuna da Câmara para criticar uma condenação imposta ao miliciano.
A polícia diz ter matado o Caveira numa troca de tiros.
A família do morto alega que ele não estava armado.
Josias de Souza fala também da participação de Moro nessa geleia miliciana do clã.
Curioso, muito curioso, curiosíssimo. No final do mês passado, o Ministério da Justiça divulgou uma lista dos bandidos mais procurados do Brasil. Excluiu-se o nome do Caveira Adriano. A equipe do ministro Sergio Moro alegou que o amigo dos Bolsonaro praticava crimes em âmbito local, não nacional.
Por mal dos pecados, havia na lista da Justiça um par de milicianos em condições análogas às de Magalhães. A esse ponto chegamos: o discurso de campanha de Bolsonaro em defesa da lei e da ordem, que já soava como conversa mole, vai ficando desconexo. Presidente e miliciano coabitando o mesmo noticiário não é algo trivial. diz Josias.
Por essa e por outra que hoje, Bolsonaro não quer papo com a imprensa porque sabe que vai se enrolar na hora de falar sobre a morte do miliciano envolvido na morte de Marielle Adriano da Nóbrega, amigo íntimo de longa data da família Bolsonaro.
Para a Globo, Flávio Bolsonaro não é o primogênito herdeiro do esquema criminoso de corrupção comandado por Queiroz há décadas. Para a Globo, o fato do Presidente da República ter, por inúmeras vezes, elogiado o papel das milícias e seu filho Flávio ter condecorado vários milicianos, inclusive Adriano da Nóbrega e de brinde ainda empregar pessoas de sua família, não altera a sua fala displicente sobre tudo isso, tentando separar Bolsonaro de sua família, de seus três filhos e até mesmo de sua mulher que recebeu o cheque de Queiroz.
Para a Globo, Bolsonaro é um e seu clã, é outro, como se os filhos, a esposa e o próprio Queiroz tivessem autonomia para agirem à margem do Presidente da República. Tudo para não dizer que o Brasil é presidido por uma pessoa envolvida até o último fio de cabelo com os criminosos mais violentos e que mais ganharam espaço na vida política e social no Brasil.
Nos últimos tempos, nada cresceu mais nesse país do que as milícias, a ponto de deixar de ser um Estado paralelo para, no caso do Rio de Janeiro, por exemplo, reduto eleitoral do clã Bolsonaro, ser o próprio Estado.
Mais nefasta ainda a Globo se torna quanto ao papel de Sergio Moro nessa podridão. Neste caso, é como se Moro fosse Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil independente, sem qualquer vínculo com o governo Bolsonaro, sem que tenha sido colocado na pasta pelo próprio presidente miliciano, como se suas ações em proteção à família fosse algo absolutamente normal, incluindo a vergonhosa pressão que Moro exerceu sobre o porteiro do condomínio de Bolsonaro para que ele invertesse sua versão no depoimento, transformando o coitado de testemunha a réu confesso.
Certamente, a Globo não vê fascismo nisso. Se visse esse fato de maneira minimamente séria, republicana, Bolsonaro, assim como Moro, não aguentaria um dia de Jornal Nacional. Mas, ao contrário, a Globo vai construindo uma narrativa carregada de platitudes que mantém Bolsonaro na rédea curta, até porque é um grande medroso e arrota valentia contra a emissora somente em questões secundárias, num claro combinado entre os Marinho e o Palácio do Planalto para forjar uma independência tosca que não serve como enredo para o pior teatro com os piores atores.
Assim, o Brasil vai vivendo, depois da pantomima contra o crime e contra a corrupção, uma nova era conduzida pela mesma Globo da relativização da corrupção e do crime, mesmo que ele esteja no topo dos mais bárbaros, tudo em nome dos interesses do deus mercado do qual Bolsonaro é 100% devoto.
Se é para o bem do mercado e felicidade geral dos banqueiros, diga ao povo que Bolsonaro e Moro ficam. (Globo)
Se Moro sabia da operação “queima de arquivo” que matou o Adriano, o clã Bolsonaro também sabia e Eduardo foi para a Bahia.
Isso é mais do que evidente. O mesmo painel da Folha que publicou a notícia, também noticia que a PF, via Moro, foi sondada para dar apoio à operação, mas que não participou do cerco a Adriano da Nóbrega porque o pedido não foi formalizado.
Filigranas à parte, a análise dessa situação não pode ser outra, senão a que agrava, e muito, a situação da família Bolsonaro no envolvimento da morte de Marielle, pelo simples fato de estar umbilicalmente envolvida, de forma direta, com Adriano da Nóbrega, seja por Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro no condomínio, seja por seus parentes empregados no gabinete de Flávio Bolsonaro ou pelo próprio Adriano, condecorado pelo Flávio.
Isso, por si só, já sintetiza a célebre fala de Brizola dando conta do clã Bolsonaro no assassinato de Marielle: “Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”
Sem falar na inexplicável presença de Eduardo Bolsonaro na Bahia no dia em que a polícia carioca comanda a operação que culminou na morte do miliciano Adriano da Nóbrega, sendo considerado por dez em cada dez brasileiros como queima de arquivo.
Seja como for, isso pesa ainda mais nos ombros de Bolsonaro, não só pelo ato, mas pelo desespero do ato, pela necessidade de se livrar de algo ameaçador.
Para piorar, Moro, Bolsonaro e os três filhos do presidente, que vivem elogiando operações policiais que terminam em morte dos criminosos, para colocar ainda mais fervura no apito da chaleira sobre o covarde assassinato de Marielle e Anderson.
Não há justificativa ou direção possível que leva todos a uma conclusão que o próprio desenha dos fatos mostra, que o clã Bolsonaro, que é um bloco único da família, está até o pescoço nesse brutal assassinato.
Como disse Fernando Brito, no Blog Tijolaço: “Governo de milícia não é mais uma metáfora.”
A mídia trata uma organização criminosa, cujas atividades estão submetidas a uma direção violenta que se infiltrou na política, como algo angelical, “rachadinha”.
Isso é quase uma “caixinha de música” ou um jogo da loterj, tipo “raspadinha”.
Pior, trata o tempo todo de descolar a imagem de Flávio Bolsonaro quando todos sabem que ele é um mero testa de ferro do pai.
Queiroz não é homem de confiança de Flávio, mas sim do pai.
O esquema do miliciano Queiroz com Bolsonaro existe antes mesmo de Flávio nascer.
Então, o “Poderoso Chefão” desse esquema criminoso é Jair Bolsonaro, o seu Jair da casa 58, do condomínio Vivendas da Barra que, segundo o porteiro, deu o ok para Élcio de Queiroz, o comparsa de Ronnie Lessa, vizinho de porta de Bolsonaro, entrar no condomínio no dia do assassinato de Marielle.
O que não falta é vídeo no youtube com Bolsonaro defendendo as práticas criminosas da milícia e nem condecorações a marginais através dos mandatos dos filhos que ele elegeu para serem parasitas como parlamentares, assim com ele, além de chefes de um esquema entre a milícia e o legislativo.
A lista de parentes de milicianos como Adriano da Nóbrega no esquema de fantasmas e laranjas do clã Bolsonaro, é gigantesca e antiga.
Fosse Lula com um único miliciano envolvido em seu mandato parlamentar, a mídia já teria escaramuçado todos os seus crimes e virado bate-estaca no Jornal Nacional 365 dias do ano durante toda a sua trajetória política.
Mas a mídia, por Bolsonaro ser 100% lacaio do mercado, contemporiza, não só esse esquema criminoso como, da mesma forma, faz de conta que Moro não tem o menor conhecimento e de que é Ministro da Justiça e Segurança Pública da maior e mais violenta organização criminosa com raízes na mais cruel e implacável sociedade anônima que funciona com empreendimentos imobiliários, tráfico de drogas, gatonet, agiotagem, crime por encomenda e parceria com uma gama de políticos cada vez maior que atua dentro do Estado Brasileiro.
O pior disso tudo é que Bolsonaro, o poderoso chefão desse esquema ligado à milícia, é o Presidente da República. E Moro, que se transformou no guarda-costas dessa organização criminosa extremamente violenta, agindo como milícia da milícia dentro do Estado.
Monica Benício questiona Moro e partido afirma que Adriano da Nóbrega ‘era peça chave para revelar os mandantes do assassinato’ da vereadora.
A Executiva Nacional do Psol vai pedir uma audiência com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia para cobrar esclarecimentos sobre a morte de Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como chefe da milícia ‘Escritório do Crime’, suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018.
Foragido há 14 meses, Nóbrega foi morto na manhã desde domingo, após trocar tiros com policiais, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Segundo o Psol, é importante saber as circunstâncias da morte de Nóbrega porque ele “era peça chave para revelar os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson”. O partido avalia medidas que envolvam também autoridades federais.
Também na manhã deste domingo, a viúva de Marielle, a arquiteta Mônica Benício cobrou providências do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro. Ao compartilhar a notícia da morte de Nóbrega, ela escreveu “Moro, cadê o Queiroz”, em referência a Fabrício Queiroz, amigo de Nóbrega e ex-assessor parlamentar de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
A ex-mulher e a mãe de Nóbrega trabalharam no gabinete de Flávio na Alerj. Além de empregar as parentes do miliciano, o filho do presidente Jair Bolsonaro já o homenageou com a Medalha Tiradentes, honraria mais alta do Legislativo do Rio, em 2005, quando o então policial estava preso acusado de homicídio. Adriano foi expulso da Polícia Militar por causa de envolvimento com a contravenção.
Como na novela da Globo, “A Próxima Vítima”, o miliciano Adriano da Nóbrega, ligado a Flávio Bolsonaro e ao vizinho de Bolsonaro, Ronnie Lessa, pelo jeito foi só mais uma queima de arquivo entre outras, ligadas ao assassinato de Marielle, que também foram executadas.
De acordo com informações publicadas no jornal O Globo, Lucas do Prado Nascimento da Silva, conhecido como Toddynho e suspeito de clonar o carro usado no assassinato de Marielle Franco, foi executado. A Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro (RJ) que investiga o caso considera que foi “queima de arquivo”.
Toddynho teria sido executado quando fazia a entrega de outro carro, também clonado, na Zona Oeste do Rio.
A Polícia Civil identificou pelo menos três mortes que podem ter relação com o assassinato da vereadora Marielle e do motorista Anderson Gomes.
O mais conhecido é o do líder comunitário Carlos Alexandre Pereira Maria, o Alexandre Cabeça, de 37 anos, morto com vários tiros na Taquara, também na Zona Oeste.
Cabeça atuava como colaborador informal do vereador Marcelo Siciliano (PHS), mencionado no inquérito que apura as mortes de Marielle e Anderson
Há ainda ligação entre a morte de Marielle e a do empresário Marcelo Diotti da Mata, assassinado no mesmo dia no estacionamento de um restaurante na Barra da Tijuca, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Marcelo era marido da ex-mulher de Cristiano Girão, acusado de chefiar a milícia da Gardênia Azul, na Zona Oeste. Com a prisão dele, o miliciano Ronnie Lessa, suspeito de executar Marielle, teria assumido o controle daquela comunidade.