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Bolsonaro repudia vitória da esquerda na Argentina como cortina de fumaça para o novo escândalo dos áudios de Queiroz

Até os mais bobocas já entenderam que Bolsonaro está lançando mil brotos no ar contra a vitória da esquerda argentina com Alberto Fernandez e Cristina Kirchner para fazer cortina de fumaça nas revelações trazidas pela Folha. São palavras ditas pela própria boca de Queiroz. Não é nenhum factoide da Veja, como ela faz contra Lula, usando Palocci e Marcos Valério no famoso alguém disse que alguém falou, etc, etc.

No áudio, quem aparece falando com aquela malandragem miliciana é o próprio Queiroz e seu palavreado característico de quem orbita no universo do clã Bolsonaro.

E é bom também lembrar que Queiroz, no penúltimo áudio divulgado pela Folha, diz ainda que quer Moro, o cão de guarda de Bolsonaro, indo para cima de Rodrigo Maia. É assim, nesse nível a relação dessa gente. Moro, o herói dos patetas, que se revelou um corrupto e ladrão, é parceirão de ações com Queiroz na conexão virtuosa das repúblicas de Curitiba e Rio das Pedras.

Nesta segunda-feira (28) vaza mais um áudio de Queiroz xingando os promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro:

“Esses depoimentos, cara, eles vão lá e pegam mesmo, esses filhos da puta, rapaz. Até demorou a pegar. O Agostinho foi depor no dia 11 de janeiro, parece que ele foi depor. Já publicaram o depoimento dele na íntegra”, disse Queiroz.

Agostinho a quem se refere Queiroz é Agostinho Moraes da Silva, ex-funcionário de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, que disse em depoimento ao MP-RJ que depositava dois terços do salário na conta de Queiroz- cerca de R$ 4 mil.

O áudio de Queiroz foi repassado por um interlocutor, no dia 21 de fevereiro deste ano, por meio do aplicativo WhatsApp. A fonte que enviou a gravação à reportagem pediu para não ter o nome revelado.

No mesmo dia, Queiroz também disse, por meio de mensagem de texto, que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tinha que agir com firmeza e colocar só general no governo. “Pena que essa pika (sic) que caiu em mim, pois não dá nem pra falar nada“, lamentou.

E alguém imagina que, debaixo dessa tempestade chamada Queiroz, que achincalha a imagem de Bolsonaro e seu governo, tem alguém constrangido no Palácio do Planalto com a derrota de Macri?

A grande crise que Bolsonaro enfrenta chama-se Queiroz, o homem que aparece pela primeira vez na cena política como o depositante de R$ 24 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro e que, de lá para cá, Bolsonaro vem derrubando as estruturas de controle do Estado para impedir que as investigações sobre Queiroz avancem, a ponto de fazer com que Toffoli, praticamente paralisasse o Coaf, a pedido de Flávio Bolsonaro, para que o esgoto em que está enfiado não passasse do nariz, o que inevitavelmente chegaria ao nariz de Bolsonaro.

Então, Bolsonaro vem com um discurso anti-esquerda depois de montar a sua quitanda e não arrumar nada na China comunista, é piada.

Até as pedrinhas do fundo do mar sabem que esse palavrório todo de Bolsonaro contra a eleição na Argentina não passa de malandragem velha de punguistas profissionais.

E aqui não se fala sequer da CPI do fake news prestes a explodir no colo de Bolsonaro que é tão letal para o seu mandato quanto as revelações contidas nos áudios de Queiroz.

Bolsonaro só engana quem quer ser enganado, ou seja, seu gado contratado, seus mercenários virtuais, como o tal Alan dos Santos e outros troços do mesmo nível.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Em um ano de sua vitória, Bolsonaro transformou a direita brasileira numa diarreia

Não se pode comparar o que está acontecendo no governo Bolsonaro a nenhum momento político da história do Brasil e nem com o que ocorre hoje na América Latina, apesar do contágio com Bolsonaro ter feito Macri se queimar além do que a crise econômica de seu governo já o queimou.

O governo Bolsonaro está subordinado a uma teia de picaretas. Cercou-se deles para vencer a eleição e, agora, está cercado por eles.

Os recados da contravenção são claros, como mostrou Queiroz, ameaçando o patrão, reclamando que está abandonado, já mostrando que não aceita ficar na condição que está, à margem do poder. Ele quer a presidência do PSL para o Rio de Janeiro.

A verdade é que os vazamentos das conversas de Queiroz com um interlocutor já são um aviso de que possíveis aliados de Bolsonaro, que hoje estão do lado oposto da guerra fratricida que se trava dentro do PSL pelo controle dos R$ 500 milhões, têm munição para detonar o presidente, seus filhos e, consequentemente o seu governo e seu mandato.

E ainda não começaram os depoimentos na CPI do fake news que deverá ser inaugurada pelo ex-aliado Alexandre Frota que promete dar os caminhos das pedras da esquadrilha da picaretagem virtual, montada pelo clã Bolsonaro.

Diante disso, não há cálculo político possível a ser feito, porque tudo isso será incluído no contexto do governo, mas também da direita brasileira que somou-se a Bolsonaro para derrotar o PT, além de votar com frequência nas pautas que estão dilapidando os direitos, emprego e renda do povo brasileiro. Ou seja, a situação da direita hoje, incluindo PSDB, Dem e o próprio centrão, além do PSL, é de contágio a tudo o que respaldou a campanha e a gestão de Bolsonaro.

Não há barreiras e nem fronteiras entre esses mundos. A situação do governo Bolsonaro é a mesma desses partidos, estão todos no mesmo saco.

Isso basta para mostrar que a situação da direita é de uma desinteria, um andaço com problemas maiores que a sua capacidade de solução, mesmo que o mercado seja o parceiro central de Bolsonaro, a ampliação diária de crises e conflitos causados pelos interesses do clã e de seus ex-aliados, já estabelece uma confusão dentro do campo da direita.

A direita, historicamente corrupta no Brasil, utilizando as mazelas do próprio judiciário e Ministério Público, sequestrou a pauta anticorrupção e deu no que deu. Moro, ex-juiz da Lava Jato, é considerado corrupto e ladrão e o próprio que ajudou a eleger Bolsonaro e a goma alta da milícia, está tanto na Lava Jato quanto no governo, mais imundo do que o quadro de degradação do PSL.

Lembrando que a origem de Moro é o PSDB, que tem os corruptos Aécio e FHC como seus principais protegidos e que, como confessou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a Força-tarefa da Lava Jato era toda bolsonarista.

Todos que de alguma forma se associaram à Lava Jato definiram os seus papéis na disputa política. Revendo o balanço histórico de um ano de sua vitória na eleição, vê-se que a participação da Lava Jato foi decisiva, assim como alguns ministros do STF que, desmascarados pelo Intercept, através de Glenn Greenwald, revelaram ao país a troca de figurinhas entre os criminosos da Lava Jato, como Dallagnol, Moro e cia. e os ministros Barroso, Fachin e Fux.

Toda essa aliança está sendo refeita pela história, o que faz com que cada dado dessas forças obscuras se transforme num multiplicador indispensável para cravar que a tolerância da sociedade com a direita como um todo está no limite. E não há quem exclua ou separe essa comunhão de vigaristas que se unem não por um modelo de governo, mas por uma forma de ação criminosa que transforma a democracia brasileira em democracia de mercado, para impedir que a participação social se estabeleça de forma genuína e assegure um regime político que amplie a liberdade, a igualdade e os direitos do povo que hoje está vivendo de resíduo e de migalha, enquanto os ratos que compõem essa aliança estão ficando milionários .

Assim, o poder de refletir no Brasil um levante do povo, é concreto, como assistimos no Equador, no Chile, mas também com a derrota de Macri na Argentina e a volta da esquerda ao poder.

Trocando em miúdos e sendo realista, estamos mais perto do que se imagina de uma insurreição popular contra toda a direita.

E quando se diz toda, é toda mesmo, incluindo os braços do Estado que participaram do golpe contra Dilma e da prisão política de Lula.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Bolsonaro admite proximidade com Queiroz e diz que tratava com ele demissões nos gabinetes dos filhos

Presidente também afirmou que demissão de Cileide, funcionária fantasma do gabinete de seu filho Carlos, é algo “normal”.

Presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitiu que conversava com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), sobre demissão de funcionários dos gabinetes dos filhos “até estourar o problema”, e que considera tal relação com Queiroz algo “normal”.

“Mas é mudança normal, isso aí não tem nada para espantar”, disse o presidente na manhã desta segunda (28), na saída de seu hotel em Abu Dhabi. Uma série de áudios de Whatsapp divulgados neste domingo (27) pela Folha de S.Paulo comprovam que Fabrício Queiroz tratava diretamente com Bolsonaro das indicações e exonerações em gabinetes de todo o clã.

Em um dos áudios, Queiroz afirma diretamente que conversou com Bolsonaro sobre a demissão de Cileide Barbosa Mendes, doméstica da família Bolsonaro e “laranja” na empresa do ex-marido de Ana Cristina Valle (que foi casada com o presidente), do gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Sobre o caso de Cileide, Bolsonaro considera que seja algo “normal” e que os funcionários sabiam que teriam que ser demitidos, por conta da possibilidade de mudança para Brasília do atual presidente e seu filho Flávio, caso fossem eleitos. Segundo ele, as demissões foram para “evitar problemas”.

“Agora, essa, especificamente, a Cileide, ela se formou em enfermagem tem dois anos aproximadamente, fez pós-graduação e ela sabia que não ia continuar conosco porque, eu eleito, o Flávio eleito, o eleito viria para Brasília. Se bem que ela estava no gabinete do Carlos. Mas é mudança normal, isso aí não tem nada para espantar”, continuou.

No áudio obtida pela Folha, Queiroz afirma que Bolsonaro pretendia exonerar Cileide porque “a reportagem estava indo direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento Ribeiro?”, diz o ex-assessor no áudio, gravado em março deste ano (ouça aqui).

“Não somos casados”

Bolsonaro ainda alegou que se afastou de Queiroz depois do caso de rachadinha no gabinete do filho. “Nunca neguei minha amizade por ele. Depois do que aconteceu, eu me afastei, senão seria acusado de obstruir a Justiça. Não somos casados. Uma deputada disse ontem que quando assumiu o cargo teve 28 cargos. O MP não vai fazer nada? Quero saber quem é o amigo do Queiroz. Amigo da onça é pouco”, disse.

 

 

*Com informações da Forum

 

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América Latina luta e volta à esquerda

Para o sociólogo Emir Sader, “a América Latina não apenas volta à esquerda”, mas “luta à esquerda, desmontando o modelo neoliberal no seu eixo fundamental, o Chile”. Neste cenário, diz ele, “a evolução da situação brasileira será determinante” para a terceira década do continente no século XXI.

Nosso continente continua a ser o cenário das mais importantes lutas do mundo contemporâneo – contra o neoliberalismo e pela construção de alternativas ao modelo adotado pelo capitalismo no período histórico atual. O fôlego da retomada neoliberal se confirma como curto. Derrota espetacular de Mauricio Macri na Argentina, do tamanho da euforia que sua vitória havia despertado. Evo Morales, na Bolívia, aguenta firme, apesar da ofensiva da direita e da perda de apoios. No Uruguai, a Frente Ampla continua como a maior força política, mas vai ter parada dura no segundo turno, pela soma das direitas e também pela perda de apoios. Na Colômbia, as eleições municipais representam dura derrota para o atual presidente, Iván Duque, representante do uribismo, se fortalecem candidatos do campo popular e vinculados ao novo líder da esquerda, Gustavo Petro.

A Argentina confirma as fragilidades do neoliberalismo, que a direita não tem outra alternativa, que não aprendeu do esgotamento do seu modelo, que se enganou quanto ao sucesso dos governos antineoliberais, volta com sua política de ajustes fiscais e revela sua incapacidade não apenas de retomar o crescimento econômico e atacar o desemprego, como, em decorrência disso, de conquistar bases de apoio suficientes para ter governos com estabilidade política.

Apesar da recomposição da direita, Evo se apoio em suas bases populares, em grande medida o movimento indígena, para resistir, triunfar eleitoralmente, e ganhar um novo mandato, importante não apenas para completar a extraordinária recuperação econômica e as conquistas sociais e étnicas da Bolívia, como também para recompor suas forças políticas de apoio.

Na Colômbia também um governo neoliberal paga o preço do desgaste desse modelo, assim como da política repressiva e autoritária de Álvaro Uribe, retomada pelo presidente atual. O governo foi derrotado em todas as frentes, a começar por Bogotá e por Medellin, projetando derrota nas próximas eleições presidenciais, com favoritismo de Petro.

Mas a América Latina não apenas volta à esquerda, luta à esquerda, desmonta o modelo neoliberal no seu eixo fundamental, o Chile, e destrói a possibilidade de Lenín Moreno restabelecer o neoliberalismo no Equador. Explosões populares foram a resposta do povo às medidas de ajuste fiscal, que tiveram como reação o recuo aberto de Piñera e de Moreno, revelando como seu modelo é frontalmente antipopular e como o povo já o percebeu e não tolera a continuidade das medidas antipopulares. Esses governos se esgotaram. No Equador se desenha o retorno de governos ligados a Rafael Correa. No Chile, onde a direita tradicional liderava as pesquisas, a esquerda – especialmente a Frente Ampla – tem uma nova e grande oportunidade de voltar a polarizar contra o governo de Piñera.

A primeira década do século XXI na América Latina foi claramente de esquerda, com protagonismo dos governos antineoliberais, e dos seus líderes – Hugo Chávez, Lula, Néstor e Cristina Kirchner, Pepe Mujica, Evo Morales, Rafael Correa – como as principais lideranças de esquerda no mundo. A contraofensiva conservadora se impôs na segunda década do novo século, com as vitórias de Macri e de Jair Bolsonaro, a virada do governo de Moreno, o isolamento internacional do governo de Nicolás Maduro, no marco da eleição de Donald Trump e da vitória do Brexit. A China se reafirma como a grande potência do século XXI e os Brics como o projeto de construção de um mundo multipolar, alternativo à hegemonia imperial norteamericana em declínio.

Essa ofensiva revelou logo suas debilidades, a começar pelo próprio Trump e pelo Brexit, pela derrota do governo do Salvini na Itália, do Netanyahu em Israel, até que se consagrou aqui com a formidável vitória de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, de Evo e as fantásticas mobilizações populares no Equador e no Chile. A terceira década promete ser a da retomada da esquerda e do recuo da direita na América Latina.

Com todos os avanços existentes, os governos progressistas em dois dos três países mais importantes do continente – México e Argentina –, com a continuidade do governo de Evo na Bolívia, o decisivo, uma vez mais, recai sobre o Brasil. Duas tendências marcaram a política do país ao longo deste ano: a tendência a um enfraquecimento acelerado do governo de Bolsonaro e ao fracasso da sua forma de fazer política – uma caricatura de Trump. E o fortalecimento da imagem de Lula, não apenas com a reabertura de possibilidades de recuperação da sua liberdade, como da força política que sua liderança recuperou sobre o cenário político brasileiro, com reconhecimento até mesmo de setores tradicionais que sua presença se torna indispensável para a recuperação política do Brasil. Antes de tudo, uma reação de massas às tantas medidas antipopulares do governo atual, assim como a reconstrução do modelo de crescimento econômico com distribuição de renda, precedido de um projeto de reconstrução nacional, diante das políticas de destruição do país dos governos Temer e Bolsonaro.

A liderança de Lula é indispensável nesse processo, mas ela tem que contar com um movimento de massas muito mais ativo e radical nas suas reações às políticas do governo, assim como uma esquerda com espírito unitário e combativo na luta pela reconstrução de uma força que polarize diretamente contra o governo, deixando as contradições internas à direita como fenômeno secundário.

A evolução da situação brasileira será assim determinante para a terceira década da América Latina no século XXI. O país precisa recuperar seu governo popular, para recompor, junto com México e Argentina como líderes, o processo de integração regional e como baluartes mundiais na luta fundamental do nosso tempo – a da derrota e de superação do neoliberalismo.

 

*Emir Sader/247

 

 

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Olavo de Carvalho: Bolsonaro foi de “caçador de comunistas” a vendedor de frangos a China

Olavo de Carvalho, o filósofo de si mesmo, conseguiu criar um personagem que daria sustentação a todo o desastre promovido pela teia de interesses barra pesada que cercam o governo Bolsonaro, o “caçador de comunistas”. O guru da turma do QI negativo está fulo, porque Bolsonaro foi chorar suas pitangas na China comunista, lugar que é considerado por Olavão como ” a capital mundial da maldade”.

Olavo de Carvalho bate de frente com a afirmação de Bolsonaro de que a China é um país capitalista e chama, a seu modo, Bolsonaro de banana, de rainha assustada com os reluzentes brasões da China comunista.

Não é para menos a irritação do filósofo gabola. O anticomunismo foi a tipoia que acomodou a falta de discurso de Bolsonaro e sua incapacidade de produzir uma ideia própria. Então, era preciso não desafiar o comunismo, mas ao menos não falar de negócios políticos em público com a China, desfilando na muralha como quem gozava a vida.

Por isso a revolta de Olavo de Carvalho que anda aos tapas com seus ex-principais sacristãos e coroinhas e, com eles, uma tripulação inteira que, a cada dia, abandonam o guru e borram ainda mais a caricatura estética de Bolsonaro criada por ele.

Para Olavão, Bolsonaro se transformou num vendedor de carne de frango, humilhado e reduzido a pó pelo Partido Comunista Chinês. Isso está nas rugas de sua testa e na expressão do olhar quando fala sobre o assunto. A coisa ainda piora quando ele resolve escrever sobre o furdunço, pois aí Olavo de Carvalho imprime toda aquela baixaria clássica de alguém que carrega nas costas a frustração pessoal do mundo e assume a sua personalidade mais idiota, frisando seus pensamentos com palavrões e outras desdobradas paspalhices.

Na realidade, Olavo de carvalho acha que essa viagem de Bolsonaro para a China tirou todos os músculos da armadura heroica do caçador de comunistas que eles haviam pintado e, na velha técnica da política da boa vizinhança, Olavo revela um herói esmorecido que oferece a produção de carne brasileira e as estatais mais estratégicas do país.

Não que Olavo seja contra a privatização, mas suas labaredas retóricas, em nome de um patriotismo da carochinha, o destino de nossas estatais deveria seguir os interesses dos EUA.

Por isso, o paranoico anticomunista, anuncia agora, em seus twitter, de cinco em cinco minutos, que o governo Bolsonaro está bichado.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro quer se distanciar de Queiroz; Bolsonaro quer se distanciar de Bolsonaro

Depois dos mais recentes vazamentos dos áudios de Queiroz em que ele mostra uma alinhamento perfeito entre ele e o clã Bolsonaro, com aquelas expressões típicas da malandragem, Bolsonaro quer romper a aliança que tem com establishment miliciano?

Ora, a definição de Bolsonaro se confunde com a própria definição de milícia. Na verdade, ele é a própria expressão da teia criminosa que envolve as múltiplas formas de atuação da milícia. Todas elogiadíssimas e condecoradas pelo clã.

Na realidade, essa sempre foi a profissão de fé de Bolsonaro. Ele caminhou durante 28 anos pelo esgoto da política, sendo guiado por suas afirmações positivas a grupos de extermínio, extorsões de milicianos e, sobretudo da contaminação do crime nas polícias brasileiras e até nas Forças Armadas. É só rever o balanço histórico do sujeito.

Bolsonaro tem um elevado número de seguidores por suas discriminações a minorias, mas principalmente pelo racismo em que transforma seus discursos em pura emoção de supremacia branca. Ou seja, com Bolsonaro os negros devem ser tratados com tolerância zero. Isso agrada em cheio a classe média brasileira extremamente racista, além de alimentar um ódio racial silencioso que só se revela em ataques a movimentos negros e da própria cultura protagonizada pelos negros.

Queiroz foi uma figura indispensável em sua trajetória e não há quem exclua ou separe Queiroz de Bolsonaro, um está tatuado no outro. O mesmo Queiroz fala com emoção que jamais trairia o chefe.

Não falamos de alguém que é considerado residual por Bolsonaro, mas de quem atua como seu braço direito no maravilhoso mundo militante da causa miliciana.

Não há solução possível para Bolsonaro diante das revelações contidas nos áudios vazados, até porque, na fala de Queiroz existe um plano político de PSL, comandar o PSL num dos principais colégios eleitorais do país, o Rio de Janeiro, prometendo fazer uma limpeza na área. Pelo jeito, é uma de suas especialidades que anda, como mostram as gravações, irritado com a balbúrdia do partido.

Não há cálculo político possível que tire de Bolsonaro seu principal guarda-costas nos negócios escusos do clã. O que se espera é que o Ministério Público avance nas investigações no caso Queiroz e revele ao país, com todas as provas, que tipo de bandido usa a faixa presidencial hoje no Brasil.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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A derrota de Macri é a derrota do Bolsonaro

Depois de sua inútil viagem gastando monumentais recursos públicos sem trazer resultado positivo nenhum de integração com o Japão, China e países árabes, Bolsonaro ainda tem que engolir o resultado das urnas na Argentina, que condena o neoliberalismo de Paulo Guedes, assim como o povo chileno impõe uma derrota a um sistema que faz com que os ricos fiquem mais ricos e pobres mais pobres.

Isso seria fatal. O neoliberalismo é a semente da degeneração no mundo e o resultado na Argentina é somente o reflexo disso.

A vitória de Alberto Fernandez atinge diretamente um governo em crise permanente como o de Bolsonaro, até porque tanto a Argentina quanto o Chile foram explorados como referência pela grande mídia nativa. Com a derrota de Macri na Argentina e a insurreição popular no Chile contra o governo neoliberal de Sebastián Piñera, campanhas e movimentos neoliberais na América Latina perdem muito de sua consistência e espaço, o que consequentemente refletirá na chegada de uma onda que abarcará o Brasil.

Assim, acelera ainda mais a putrefação de um governo fascista que dependeu do adormecimento da classe média ludibriada pelo neoliberalismo e o ódio aos pobres que, se não percebeu ainda a precariedade que isso está causando ao país, também não verá a propaganda dos Chicago Boys derrotados na América Latina que passaram a ser símbolos do bolsonarismo.

Mas estes não são os únicos fatos que despertam a possibilidade de uma outra consciência oposta à pretendida pelos neoliberais, a de que somente um sistema solidário cultivado dentro da sociedade brasileira em que vivem todos os brasileiros, não apenas alguns privilegiados, é que tem futuro.

Cada um de nós, que repudia o que se assiste hoje no Brasil de Bolsonaro, tem que comemorar junto com o povo argentino a vitória da solidariedade contra o egoísmo.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Aos 74 anos, Lula está mais Lula do que nunca

Parece uma contradição, mas para Lula é uma condição, crescer na adversidade. Esta sempre foi a sua forma de encarar a vida. Por isso, veio de onde veio e chegou aonde chegou.

Não foi uma integração casual que Lula, fugindo da miséria e da fome num pau de arara, transformou-se no melhor Presidente da República do Brasil, o mais popular, o que teve a maior aprovação e o que levou a economia e o nome do Brasil ao centro do debate global, porque, vindo de um modelo cívico residual que segrega as pessoas que não fazem parte da essência dos “incluídos”, Lula transformou cada uma das carências de quem passou a vida sob o regime de exceção social em aprendizado, não se subordinando a essa condição, ao contrário, lutando para que não só a sua vida, mas o modelo herdado por ele como Presidente da República fosse visto a partir dos mais pobres, dos miseráveis, dos desvalidos que o capitalismo ensandecido produz.

Lula, aos 74 anos, recebeu muitas homenagens tanto do Brasil quanto do exterior, mas, sem dúvida que a vitória de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner, na Argentina e a vitória em primeiro turno de Evo Morales na Bolívia foram o seu maior presente, até porque houve contra Cristina uma tentativa idêntica ao Brasil, do braço armado da direita no judiciário para impedi-la de novamente chegar ao poder, como fizeram com Lula e, em certa medida, também com Dilma.

E aí está o ponto central de uma nova etapa e talvez uma das maiores vitórias de Lula, mobilizar de dentro de seu cativeiro político todas as forças progressistas do mundo para denunciar esse velho, viciado e carcomido pacto entre a elite quatrocentona e decadente do Brasil com o aparelho judiciário do Estado brasileiro.

Foi essa parceria secular que azedou com a Lava Jato. Foi esse braço pesado do Estado, secularmente parceiro das classes economicamente dominantes, que Lula expôs ao sol do meio-dia, a ponto de Luis Roberto Barroso, filho de uma longa tradição da elite econômica do baronato do café, ter que se colocar na vitrine do ridículo na falsa defesa dos pobres contra os ricos, sendo festejado em seu voto pelos maiores milionários do Brasil.

Sim, essa elite sem modos, grotesca e inculta deu para sair da toca e, embalada pela onda bolsonarista, soltou fogos com a preocupação de Barroso punir “poderosos”. Só a reação dos poderosos se refestelando no voto de Barroso contra Lula, sendo a favor da prisão após condenação em segunda instância já denunciaria o hipócrita com o rabo de fora.

Mas há algo ainda mais concreto que desmonta o teatro carregado de afetações eruditas proferidas pelo minúsculo Barroso, que é a absoluta ausência, em sua fala e conduta, da punição dos “poderosos” da Lava Jato que usaram o próprio Estado para enriquecer com uma quantia bilionária inimaginável em nome de uma fundação privada que abarcaria a bolada da Petrobras, os ladrões que se venderam como heróis pela salvação da Petrobras.

E nesse tempo inteiro de Vaza Jato, Barroso limitou-se à medíocre frase, “é fofoca”, escancarando a sua proteção a Moro e aos procuradores, mas sobretudo a Dallagnol por quem nutre um afeto especial que salta aos olhos.

Trocando em miúdos, Barroso está tão contaminado nessa esbórnia da Lava Jato quanto Fachin e Fux,  aliados nas falcatruas da Força-tarefa da Lava Jato.

E foi tudo isso junto, somado à implosão do PSDB, por osmose, mesmo que nenhum corrupto num partido com uma cúpula quase que exclusivamente corrupta, tenha sido punido. Mas foi também por essa impunidade funcional histórica no PSDB que a Lava Jato, com sua parcialidade, causou um constrangimento geral levando o partido a mais humilhante derrota política de sua história.

Assim, pela cabeça de Lula, sobrou o que existia de mais podre, de mais vil na política brasileira, um troço tão ornitorrinco que mistura milícia, contravenção, tráfico com as camadas mais bem sucedidas do empresariado e dos rentistas brasileiros para que o povo pobre não voltasse a ser incluído no orçamento do Estado, como foi na era do PT com Lula e Dilma.

Para colocar Lula na cadeia, tiveram que se autodestruir, implodir suas próprias bases que estão hoje em frangalhos.

E Lula, depois desse bombardeio e confinamento, no dia em que completa 74 anos, como está? Lula está mais Lula do que nunca, muito maior que quando o sequestraram.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Áudio: Queiroz diz que quer assumir PSL no Rio e “blindar” Bolsonaro: “Espertalhão não vai se criar com a gente”

“Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí”, diz o amigo miliciano do clã Bolsonaro.

Em novo áudio, divulgado neste domingo (27) pela Folha de S.Paulo, Fabrício de Queiroz, ex-assessor responsável pelo esquema de rachadinhas do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), diz que quer assumir o PSL no Rio de Janeiro para blindar Jair Bolsonaro.

“Politicamente, eu só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí. Espertalhão não vai se criar com a gente”, disse no áudio, que não identifica quem é o interlocutor com quem Queiroz está falando.

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro diz ainda estar agoniado com a “pica” que o Ministério Público estaria preparando para ele, em relação ao processo que responde, junto com Flávio Bolsonaro, sobre as movimentações suspeitas no Coaf.

“Torcendo para essa pica passar. Vamos ver no que vai dar isso aí para voltar a trabalhar, que já estou agoniado. Estou agoniado de estar com esse problema todo aí, atrasando a minha vida e da minha família, a porra toda.”

Queiroz afirma que quer assumir a sigla no Rio para lapidar “essa porra”. “Resolvendo essa pica que está vindo na minha direção, se Deus quiser vou resolver, vamos ver se a gente assume esse partido aí. Eu e você de frente aí. Lapidar essa porra”

Segundo a reportagem, os áudios foram enviados por Queiroz a um interlocutor não identificado, por meio do WhatsApp, e a fonte que repassou as gravações pediu para não ter o nome revelado.

Ouça:

https://youtu.be/sB-fPhAH-cA

 

 

*Com informações da Forum

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Haiti à beira de uma insurreição popular

No fim de maio, o Tribunal Superior de Contas haitiano submeteu ao Senado uma auditoria de 600 páginas do programa PetroCaribe. Essa auditoria se seguiu a um informe prévio expondo a corrupção e era muito esperada. Ela detalhou a corrupção massiva e o roubo de fundos e mostrou que o próprio Moïse havia embolsado milhões de dólares como parte de um esquema de apropriação indébita para roubar fundos do povo haitiano no valor de bilhões de dólares destinados a gastos sociais e de infraestruturas através do programa PetroCaribe.

De fato, agora parece que três diferentes empresas controladas por Moïse estão envolvidas no escândalo de corrupção. A auditoria comprovou o que todos já sabiam: a classe dominante haitiana e as elites políticas roubaram cerca de 2 bilhões de dólares ao faturar duas vezes o Ministério de Obras Públicas, que também distribuiu fundos às elites corruptas e suas empresas antes que os projetos fossem concluídos e, em alguns casos, antes mesmo que os projetos fossem iniciado.

Depois do terremoto em 2010, foi iniciada a construção de centenas de estradas, escolas. hospitais, etc., mas, em muitos casos, esses projetos nunca foram concluídos. Um artigo explicava que “Ao sul de Porto Príncipe, um gigantesco hospital semiconstruído e uma ponte que não liga nada com nada servem como lembretes diários da apropriação indébita do governo”.

O movimento de massas, que fluiu e refluiu ao longo do último ano e meio, irrompeu novamente em junho com o lançamento da auditoria e com a oposição cada vez mais decidida pedindo a renúncia do presidente Moïse.
Escassez de combustíveis e alimentos

Tendo perdido o acesso ao petróleo venezuelano subsidiado no início de 2018, o governo haitiano foi forçado a recorrer principalmente às empresas petrolíferas estadunidenses e a pagar preços de mercado por seu suprimento de combustíveis. O governo não podia pagar por isso e se endividou com essas empresas de energia, que se recusam a fornecer combustível até que essas dívidas, no montante de cerca de 100-130 milhões de dólares, sejam liquidadas.

A escassez de combustível no país, que já estava em nível de crise, continuou a piorar durante no último verão. Lojas e escolas foram fechadas como resultado da escassez e os hospitais mal estão funcionando. Há longas filas nos postos de abastecimento, com muito pouco combustível disponível. Os apagões são frequentes e duradouros, e, com o aumento dos preços, muitos não têm acesso aos combustíveis.

Com o desemprego agora em mais de 70% e com a inflação em torno de 20%, muitos não podem se permitir pagar os poucos combustíveis e alimentos disponíveis. Para piorar a situação, uma seca severa deixou agora muitas pessoas sem acesso à água. A situação ficou mais aguda quando a República Dominicana fechou sua fronteira com o Haiti, cortando uma rota essencial para suprimentos.

Diante da escassez cada vez mais severa de produtos básicos, as massas tomaram as ruas durante o mês de setembro em uma série contínua de manifestações e greves, que fecharam completamente Porto Príncipe e paralisaram o restante do país.

As manifestações e greves aumentaram chegando a proporções insurrecionais durante a semana passada, quando aliados de Moïse no senado tentaram empossar a escolha do presidente para primeiro-ministro, um cargo que foi formalmente deixado vazio durante meses depois de uma série de renúncias. A sessão do senado se converteu em caos, com um senador aliado a Moïse sacando uma arma de fogo e disparando contra os manifestantes quando saía do prédio do senado, ferindo um jornalista da AP e um guarda de segurança.
Equilíbrio das forças de classe

O Haiti esteve efetivamente em uma situação pré-revolucionária ou revolucionária durante vários anos, com certeza desde pelo menos o verão passado, quando protestos e greves em massa eclodiram devido à crise do combustível e à corrupção.

Naturalmente, em particular devido à ausência de uma liderança determinada, revolucionária e da classe trabalhadora, houve vários fluxos e refluxos no movimento das massas. Nos momentos chave, parecia que o governo Moïse cairia, mas todas as vezes o governo evitou o colapso ou sua derrubada à medida que o movimento diminuía.

Em muitos aspectos, a situação no Haiti é um microcosmo da situação mundial. Globalmente, a classe trabalhadora é muito forte e cada vez mais determinada a reagir aos ataques da classe dominante. Isso explica a intensificação em escala mundial da luta de classes e a polarização da sociedade. No entanto, o movimento é retido a cada passo por sua liderança. Isso impediu a classe trabalhadora em muitos países de avançar diretamente na direção de ações revolucionárias para mudar a sociedade.

Por outro lado, a classe dominante é muito fraca. Para todos os lugares que se olhe, os partidos do establishment e os principais elementos da classe dominante estão se tornando cada vez mais isolados – e odiados pelas massas trabalhadoras e pela juventude. Isso criou uma situação em que, devido à força geral da classe trabalhadora e da juventude e à fraqueza geral da classe dominante, os capitalistas em muitas áreas não podem avançar diretamente para uma ação contrarrevolucionária (golpes, ditaduras etc.). Isso criou algo semelhante a um impasse, embora seja um impasse em que todo o impulso recai nos trabalhadores e na juventude.

A situação no Haiti, com greves e manifestações insurrecionais de massas, está muito mais avançada do que em muitos outros países. Isso não é por acaso – a cadeia do capitalismo global está de fato se rompendo por seus elos mais fracos. No entanto, também podemos ver que o equilíbrio das forças de classe é semelhante ao de todo o mundo e que há algo como um ponto morto em que as massas não puderam derrubar o governo e mudar a sociedade. As massas tentaram repetidamente tomar o seu destino em suas próprias mãos, derrubar seu governo apodrecido e tomar o controle de suas vidas, mas todas às vezes o governo sobreviveu.

Como explicamos no início deste ano:

“Sem acesso a fundos ou combustível, o governo haitiano não tem meios de comprar qualquer paz social temporária. Não tem meios econômicos à sua disposição para apaziguar as massas, nem, tem qualquer capital político para apaziguar as demandas políticas do movimento. Com a força policial nacional vacilando, o governo se encontrará em grandes dificuldades para reprimir o movimento com força física. Isso não significa que a polícia não possa atacar e que não atacará as manifestações e os trabalhadores em greve, mas dado o equilíbrio de forças parece improvável que o governo possa derrotar o movimento somente com a ação policial”.

Naturalmente, existem elementos na classe dominante e entre certos setores da pequena burguesia que estariam muito interessados em se mover na direção de algum tipo de golpe para resolver a situação. The Guardian informou recentemente que Nicholas Duvalier (o filho de Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier e neto de François “Papa Doc” Duvalier) esteve recentemente em Miami para pedir apoio à comunidade haitiana de lá. Quando perguntado se havia algum apoio no Haiti à família dos ex-ditadores, um entrevistado no Haiti disse: “Sim. Entre pequenos empresários. Conheci um. Ele quer fazer pregos, mas a família Bigio, que tem o monopólio do aço aqui, empurrou-o para o lado. É o tipo de pessoa que apoiaria Nicolas, e existem muitos mais como ele”.

No entanto, dada a debilidade do estado e da polícia haitianos, um golpe bem-sucedido parece improvável – embora possa ser tentado em determinado momento se a crise continuar sem algum tipo de solução.

Naturalmente, um fator importante na política haitiana são os imperialistas – particularmente os EUA, Canadá e França – que, no passado, não temeram intervir política e militarmente de forma direta na política haitiana para preservar seus interesses, investimentos e lucros. Durante os últimos 15 anos, eles tentaram exercer seu domínio e controle através da força de ocupação da ONU. No entanto, deve-se notar que a “a missão de manutenção da paz da ONU” está programada para encerrar suas funções em 15 de outubro e ser substituída por uma “missão política”.

Uma intervenção direta do imperialismo EUA (ou canadense, francês, etc.) parece improvável, dada a situação política nos países imperialistas. No entanto, não se pode excluir algum tipo de acordo seja mediado pelos imperialistas e a classe dominante haitiana para manter as tropas da ONU no Haiti para forçar o fim do movimento de massas e “resolver” a crise, isto é, algum tipo de golpe apoiado ou liderado pelas tropas da ONU.

Cuidado com a Frente Popular

A oposição parece mais decidida do que nunca a derrubar o governo Moïse. Greves e manifestações em massa ocorreram na sexta-feira passada. Foram levantadas barricadas e postos policiais e tribunais foram atacados e incendiados. As massas entraram em confronto direto com o Estado para impor sua vontade sobre a situação e obrigar o governo a renunciar.

Os moradores de Cité Soleil, uma das maiores e mais pobres áreas da capital e, de fato, do mundo, e centro da atividade revolucionária no Haiti, se levantaram e expulsaram de lá as odiadas forças de segurança. De fato, a polícia foi ultrapassada pelo movimento das massas e está sendo desarmada e/ou forçada a se retirar. Um manifestante explicou que, “Estamos dizendo às pessoas que vivem na área de Cité Soleil e à população haitiana para se levantar e derrubar esse governo porque o presidente Jovenel Moïse não está fazendo nada por nós, apenas nos matando”.

Um líder da oposição disse:

“Em 27 de setembro de 2019, o povo demitiu Jovenel Moïse como seu presidente… Jovenel Moïse é um presidente que se esconde… ele não está mais liderando o país”.

Moïse não é visto desde 25 de setembro, quando fez um discurso às 2 horas da madrugada (que ninguém podia ouvir porque estava dormindo ou por falta de acesso à eletricidade devido à escassez de combustível), pedindo “calma”. Embora seus apoiadores insistam em que ele ainda está no controle e “refletindo como um bom treinador”, acredita-se amplamente que, de fato, ele está se escondendo.

A oposição o está buscando ativamente para forçá-lo a renunciar e levá-lo à justiça. Enquanto a oposição caracterizava as manifestações da sexta-feira como “a batalha final na guerra para se livrar de Jovenel”, um dos líderes afirmou que:

“[Se] Jovenel não renunciar hoje, o que acontecer a ele não é de nossa responsabilidade. Jovenel Moïse será responsabilizado por tudo o que acontece no país hoje”.

Dada a escala do movimento para derrubá-lo e a determinação das massas, parece improvável que Moïse fique no poder por muito mais tempo. No entanto, é claro que, embora o movimento esteja unido em seu objetivo de derrubar Moïse, há muitos riscos à frente.

The Guardian informou que a organização Batay Ouvriye está circulando panfletos proporcionando uma análise marxista da situação e pedindo que o movimento revolucionário se arme para se defender. Isso é, sem dúvida, uma boa coisa e um passo necessário para o movimento tomar.

Contudo, Andre Michel, porta-voz do Setor Democrático e Popular, disse algumas coisas que representam um risco direto para o movimento. Há alguns dias ele tuitou que: “O Setor Democrático acompanhará a população em sua mobilização até arrancarmos Jovenel Moïse. A população necessita permanecer mobilizada até instalarmos um presidente e um governo provisório no país”. Mais tarde, ele também disse em uma entrevista que, “Jovenel Moïse não é mais o presidente; o povo o demitiu, mas o povo deve permanecer mobilizado. Os obstáculos devem continuar e a mobilização deve ir além até que instalemos um governo provisório”.

Michel está correto quando diz que as massas devem permanecer mobilizadas para se livrar de Moïse. No entanto, a divisão de classes na oposição se revela claramente no que ele disse. Quando ele diz que as massas devem permanecer mobilizadas “até instalarmos um presidente e um governo provisório”, ele está refletindo os interesses da burguesia e das camadas pequeno-burguesas da oposição, que querem usar as mobilizações e as greves de massas para dar um golpe contra seus oponentes no governo e se colocarem no poder. Uma vez no poder, naturalmente vão querer que as massas vão para casa e parem as mobilizações.

Do ponto de vista das massas, a derrubada do podre governo de Moïse somente representaria o início real da Revolução Haitiana, e não o seu fim. A classe dominante haitiana provou mais de uma vez que é completamente incapaz de liderar o país ou de resolver os problemas de pobreza e desemprego que as massas enfrentam.

Movimentos e greves de massas não podem ser ligados e desligados como uma torneira. Embora os elementos burgueses na oposição tentem, as massas haitianas não serão usadas como peões em um tabuleiro de xadrez. A derrubada de Moïse será um tremendo avanço e uma vitória para o movimento, mas por si só não resolverá nada para o povo do Haiti. Não resolverá os problemas da corrupção, da pobreza esmagadora, do desemprego e da inflação, da escassez de combustíveis e alimentos e da crise econômica geral.

Se Moïse for derrubado, um novo governo burguês, governando com base no capitalismo e no interesse dos imperialistas, será totalmente impotente para fazer qualquer coisa com respeito à situação. A corrupção continuará. As necessidades do povo não serão atendidas, a crise econômica continuará a se aprofundar e as massas se encontrariam na mesma situação em que estão agora (ou até mesmo em situação pior).

As massas haitianas não podem confiar nos elementos burgueses na oposição para resolver a crise e só podem confiar em suas próprias forças. Se o governo de Moïse cair – algo que parece cada vez mais provável a cada dia que passa – as massas não podem se conformar em esperar por um novo governo provisório baseado no capitalismo e na cooperação com os imperialistas. O povo haitiano não pode esperar que outro governo burguês fracasse.

O movimento de massas de trabalhadores, jovens e pobres deve tomar o poder em suas próprias mãos. Esta será a única maneira de lidar com os problemas econômicos que o país enfrenta, a corrupção e a pobreza, e a única maneira de lidar com a escassez de combustíveis e alimentos. Comitês de greve devem ser criados e interligados por todo o país para coordenarem as ações de greve e as atividades que o governo é incapaz de realizar.

As fontes de combustível, alimento e água devem ser expropriados e distribuídos de acordo com a necessidade pelos comitês de greve. Esses comitês devem começar organizando a coleta e distribuição de produtos básicos como alimentos, água e combustível, e organizar o transporte, a educação, o saneamento e os cuidados de saúde. Nenhum governo burguês, provisório ou qualquer outro, será capaz de fazer isso.

Isso coloca a transformação socialista da sociedade na ordem do dia no Haiti. A situação que as massas haitianas enfrentam é verdadeiramente socialismo ou barbárie. Só um governo dos trabalhadores, agricultores e pobres do Haiti será capaz de resolver a crise atual. Só o socialismo oferece um caminho a seguir para o povo do Haiti.

 

 

*Com informações do Diálogos do Sul