Histórico: Palestina conquista lugar na Assembleia Geral da ONU

Nesta terça-feira (10), a Palestina fez história ao assumir um assento oficial na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Este é o primeiro assento palestino na Assembleia em mais de 70 anos de história da organização.

Imediatamente após a posse, as autoridades palestinas anunciaram a intenção de apresentar uma resolução que solicita a retirada de Israel dos territórios ocupados em um prazo de seis meses, informa Jamil Chade, no UOL.

O momento foi celebrado como histórico pela diplomacia árabe, com a delegação egípcia anunciando a chegada dos palestinos e recebendo aplausos da Assembleia. O embaixador palestino, Riyad Mansour, foi saudado por diversas delegações. A presença palestina foi destacada como um marco importante, já que 140 países reconhecem a Palestina como um estado soberano.

Israel criticou a medida e disse que Palestina não deveria ter assento

Em resposta, o governo de Israel criticou a medida, alegando que a Palestina não deveria ter um assento na Assembleia e acusando a decisão de favoritismo político. Israel argumenta que apenas estados soberanos podem ocupar tal posição e questionou se houve uma mudança na Carta da ONU para justificar a inclusão da Palestina.

Apesar da aprovação de uma resolução em maio, patrocinada pelo Brasil e que pede o reconhecimento da Palestina como um estado e sua entrada na ONU, a adesão plena ainda não foi garantida. A resolução precisa ser aprovada pelo Conselho de Segurança, onde os EUA já vetaram a proposta.

Status de observador

Atualmente, na sua função de observador, a Palestina não pode votar ou apresentar candidaturas para órgãos da ONU, mas agora tem um lugar simbólico entre os estados membros. A partir deste ponto, a delegação palestina poderá se sentar na ordem alfabética, inscrever-se para falar em assuntos não relacionados especificamente ao Oriente Médio, e propor itens para a pauta das sessões da Assembleia Geral. Além disso, poderá participar de conferências e reuniões internacionais convocadas sob os auspícios da Assembleia.

Em maio, a resolução que reconheceu a Palestina recebeu 143 votos favoráveis, com apenas 9 países se opondo e 25 se abstendo. Esse resultado evidenciou o isolamento dos EUA na questão e aumentou a pressão sobre o respeito à soberania palestina.

“Cidade subterrânea”: por que Israel não deve subestimar o poder militar do Hezbollah?

Com uma rede de túneis notavelmente sofisticada e um extenso arsenal, Hezbollah demonstra disposição e capacidade de confronto caso Israel decida intensificar ainda mais o conflito.

Redação La Haine

Prensa Latina
Beirute

“Responderemos, mas com sabedoria, e a espera israelense faz parte do castigo”, sentenciou o líder da Resistência do Líbano (Hezbollah), Hassan Nasrallah, durante a cerimônia de homenagem ao comandante Fouad Shukr.

Várias semanas transcorreram desde estas declarações e do assassinato por parte de Israel do mártir Shukr no subúrbio sul de Beirute e do chefe do Burô Político do movimento Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã.

“O governo do ultradireitista Benjamín Netanyahu recorreu a sua tática terrorista contra Estados ou indivíduos, cruzou linhas vermelhas e tomou a decisão de escalar as tensões contra o Líbano e o Irã”, enfatizou o secretário-geral do Hezbollah.

À luz das pressões para evitar a resposta prometida do Hezbollah e da República Islâmica, a máxima figura do movimento político e militar libanês exigiu, dos preocupados com um cenário pior na região, que pressionem a entidade israelense a pôr fim à guerra na Faixa de Gaza.

Mensagem de dissuasão
Desde a abertura da frente de apoio em 8 de outubro, a Resistência libanesa rejeitou um cessar-fogo no sul do país sem deter a agressão israelense contra o povo de Gaza. Depois do ataque ao subúrbio sul de Beirute em 30 de julho, Nasrallah anunciou a inclusão de novos alvos israelenses no começo de uma fase de operações como parte de sua participação na epopeia palestina Dilúvio de Al-Aqsa.

A divulgação de imagens da instalação Imad-4 confirmou a capacidade do Hezbollah para lançar mísseis pesados a partir do subsolo sobre Israel, sem serem detectados e a salvo do fogo inimigo. Em um artigo divulgado no site de análises The Cradle, o jornalista libanês Khalil Nasrallah enfatizou que a divulgação de um vídeo da vasta rede de túneis do Hezbollah não deve ser menosprezada e obriga Tel Aviv a reconhecer a capacidade estratégica do movimento.

O também apresentador de programas políticos considerou que o centro Imad-4, batizado em homenagem ao comandante militar, Imad Mughniyeh, abriga uma fração do avançado arsenal de mísseis e contém mensagens importantes não só para a atual guerra regional centrada em Gaza, como também para acontecimentos que abrangem pelo menos duas décadas e meia.

*Diálogos do Sul

Delegado que investiga Bolsonaro relatou ameaça, diz site

O boneco de um macaco azul foi pendurado no limpador traseiro do carro de Fabio Shor em Brasília. Responsáveis não foram identificados.

O delegado Fabio Shor, responsável por investigações que envolvem Jair Bolsonaro (PL), relatou em e-mail à PF que ele e sua família foram ameaçados. Isso aconteceu uma semana após ele indiciar o ex-presidente no inquérito das joias.

O que aconteceu
O relato de Fabio Shor foi encaminhado em 15 de julho para o colega Elias Milhomens de Araújo, delegado da PF que investiga desde março a mobilização de bolsonaristas para expor e atacar policiais federais que atuam em inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) que envolvam Bolsonaro e seus apoiadores.

Uma semana antes, no dia 5 de julho, o delegado apresentou ao STF o relatório final do inquérito das joias. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de peculato, que é o desvio de dinheiro público, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além dele, outras 11 pessoas foram indiciadas por terem participado do suposto esquema que teria desviado presentes de autoridades estrangeiras recebidos por Bolsonaro.

E-mail do delegado

E-mail do delegado
E-mail do delegado Fabio Alvarez Shor relatando ameaças a ele e sua família

Delegado encontrou pelúcia em seu carro
O boneco de um macaco azul foi pendurado no limpador traseiro do carro de Fabio Shor. O veículo estava estacionado em seu endereço residencial, em Brasília. Por ser o responsável pelos principais inquéritos envolvendo o ex-presidente e seus apoiadores, incluindo os blogueiros bolsonaristas investigados nos inquéritos

das fake news e das milícias digitais, Fabio Shor acionou a PF formalmente.

O inquérito não cita bolsonaristas. Apesar de o episódio ocorrer pouco tempo depois do indiciamento, não há no inquérito da PF, ao qual o UOL teve acesso, nenhuma referência a eventual envolvimento de Bolsonaro ou de outros indiciados nas ameaças feitas a delegados.

“Diante dos últimos acontecimentos envolvendo ameaças a este subscritor e seus familiares, encaminho o presente para ciência a avaliação”.

Fabio Alvarez Shor, delegado da Polícia Federal, sobre ameaças recebidas
O depoimento foi incluído na investigação sobre campanha de difamação. Desde março, a Diretoria de Inteligência Policial monitora as postagens de Allan dos Santos, que começou em 8 de março uma campanha para expor delegados da PF que atuam nos inquéritos que atingem diretamente bolsonaristas. Atuação passou a ser investigada em um inquérito conduzido por Milhomens.

Milhomens destacou o episódio envolvendo Shor na representação ao STF na qual pediu novamente a prisão de Allan dos Santos e de Oswaldo Eustáquio (ambos foragidos da Justiça), além de medidas cautelares envolvendo o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e buscas em endereços de outros blogueiros bolsonaristas. O delegado também destacou que blogueiros bolsonaristas intensificaram a exposição dos delegados nas redes após o indiciamento de Bolsonaro e inclusive passaram a divulgar uma foto de um documento oficial dele no dia 13 de julho deste ano.

Os responsáveis por colocar objeto no veículo de Shor não foram identificados. Ao menos, não houve indicação de nomes até a deflagração da operação policial, em 14 de agosto. Não há mais detalhes sobre a apuração.

Foi no âmbito dessa investigação sobre as ameaças aos delegados que o ministro Alexandre de Moraes acabou por determinar a suspensão do X no Brasil. A plataforma se recusou a cumprir ordens para remover portagens dos investigados, incluindo do senador Marcos do Val, e acabou deixando o país.

O objeto em si não representa ameaça, contudo, transmite um claro recado de que seus autores conhecem o veículo e o local de residência do servidor, como mais uma forma de intimidar sua atuação nas apurações de ORCRIM [organização criminosa] em curso no STF.

Trecho de representação do delegado da PF Elias Milhomens, ao STF

A apuração de tal fato se encontra em curso, a partir da análise das imagens de CFTV disponíveis, não sendo possível, até o presente momento, a identificação dos autores. É inegável, contudo, que a campanha iniciada nas redes sociais ultrapassou os limites do âmbito cibernético e alcançou fisicamente o local de residência do servidor e seu veículo, demonstrando que a conduta, uma vez incitada, possui desencadeamentos imensuráveis, mesmo que seu autor se encontre em outro país.

Trecho de representação do delegado da PF Elias Milhomens, ao STF.

*ICL

EUA acusam Irã de fornecer mísseis balísticos à Rússia e anunciam sanções

MRE do Irã negou as informações da mídia dos EUA.

Os Estados Unidos anunciarão novas sanções contra o Irã ainda hoje, incluindo sobre a companhia aérea nacional Iran Air, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta terça-feira durante uma coletiva de imprensa em Londres, ao lado do secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy.

“Os Estados Unidos anunciarão mais sanções contra o Irã ainda hoje, incluindo medidas adicionais sobre a Iran Air. Esperamos que aliados e parceiros também anunciem suas próprias medidas contra o Irã”, disse Blinken.

Blinken afirmou que a medida dos EUA vem após Washington confirmar relatórios de que a Rússia recebeu carregamentos de mísseis balísticos do Irã, e que Moscou usaria essas armas nas próximas semanas.

Ele também mencionou que a Rússia estava compartilhando tecnologia com o Irã, incluindo questões nucleares.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã negou na segunda-feira relatos da mídia dos EUA sobre o suposto fornecimento de armas à Rússia.

Na semana passada, a CNN relatou, citando fontes, que o Irã teria transferido mísseis balísticos de curto alcance para a Rússia para uso em operações militares na Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao comentar o relatório da CNN, disse que tais informações nem sempre correspondem à realidade.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, afirmou anteriormente que quaisquer tentativas de vincular a cooperação entre Rússia e Irã ao conflito na Ucrânia foram feitas apenas para justificar o contínuo fornecimento de armas do Ocidente para Kiev.

*Sputnik

Que pátria é a deles?

É preciso ser uma besta quadrada para desafiar desta forma a soberania brasileira.

Que coisa extraordinária. Que coisa absolutamente extraordinária. Uma multidão entusiasmada celebra o dia nacional aplaudindo um empresário americano e execrando um juiz que é seu compatriota. No dia da independência do Brasil os celebrantes usam cartazes em inglês e os oradores frases em inglês. Tudo para agradar ao seu novo herói americano. Desculpem, mas que espécie de patriotismo é aquele? Que pátria celebram — a do juiz ou a do empresário?

O empresário. É preciso ser uma besta quadrada para desafiar desta forma a soberania brasileira. A penosa história do Brasil do século vinte está repleta de ilegítimas intervenções do governo dos Estados Unidos da América na sua soberania, mas, desta vez, não é sequer o governo americano, mas um bilionário americano. Um megalômano. Um ativista político disfarçado de empresário que espreita a oportunidade de liderar a extrema direita brasileira na sua batalha pela liberdade de insultar os outros e desrespeitar os princípios básicos de civilidade democrática.

E, no entanto, bem vistas as coisas, o episódio resultou numa première: finalmente, um Estado de economia de mercado fechou uma rede social. Assim se construiu uma proeza brasileira cujo significado politico ainda não foi inteiramente percebido no plano internacional (a suspensão do TikTok nos Estados Unidos não foi fundamentada no incumprimento da lei, mas em razões de segurança nacional).

A multidão. O mais difícil de explicar não é o comportamento do empresário americano, mas a atitude daqueles que no Brasil o apoiam. Que espetáculo grotesco. A multidão aplaude o bilionário americano e maldiz o juiz brasileiro. Entre o poder da lei e a lei do dinheiro a extrema direita brasileira faz a sua escolha nas ruas berrando impropérios contra o Tribunal Supremo do País. Liberdade? Mas nada nesta história tem a ver com liberdade, só com poder. A cegueira política só encontra explicação no ódio. Um ódio existencial ao adversário político que impede qualquer diálogo democrático.

A soberba do bilionário é fácil de compreender. Ela é filha da maluquice neoliberal dos últimos anos que entende que o Estado deve servir o mercado, não regulá-lo. Já não se trata do liberalismo clássico do laisser faire, isto de demarcar uma zona de racionalidade econômica que deve ser deixada aos mecanismos de mercado e uma outra de racionalidade política, de interesse geral, que deve ser deixada ao Estado. Não. Para a nova utopia neoliberal é a economia que funda a política, não a política que define as regras da economia. A arrogância do empresário compreende-se assim: o juiz devia pôr a lei ao serviço dos seus interesses, não ao serviço do interesse geral.

Quanto à extrema direita, ela não aprende nem esquece: ela imita. Imita de forma quase perfeita o que vê acontecer nos Estados Unidos — “as eleições foram conduzidas de forma parcial”; os “patriotas e inocentes do 8 de janeiro devem ser anistiados”; o juiz é “psicopata” e deve sofrer um “processo de impeachment”.

Eis o seu programa político. Um pouco mais e reclamavam que a última eleição foi roubada. Não, eles nunca perderam uma eleição. Como poderiam, aliás? Como poderiam perder se são eles que representam o povo, o povo autêntico e virtuoso? Os outros? Os outros não são do povo, são um não-povo envenenado por ideologias estranhas à tradição popular. Enfim: o Brasil acima de tudo, Elon Musk acima de todos.

Não tenho especial simpatia pela atuação do juiz Alexandre de Moraes. Pelo contrário, sou dos que veem sérios problemas para o Estado de direito democrático quando o mesmo juiz abre um processo, investiga o processo e julga esse processo. Incluo-me entre aqueles que pensam que uma das mais nefastas doenças brasileiras é a judicialização da política. Não gosto de ver juízes tutelarem escolhas políticas e detesto profundamente o paternalismo corporativo das classes que se julgam acima das escolhas democráticas, como é agora o caso dos juízes e antes foi o dos militares.

Todavia, isto dito, o que é absolutamente repulsivo nesta disputa entre o juiz e o bilionário americano é o desrespeito deste último pela dignidade nacional do Brasil. É isto que está em causa. Nesta disputa o juiz é mais do que ele próprio. Pela minha parte, como para todos aqueles que prezam a dignidade dos povos, tenho gosto em estar do seu lado.

*José Socrates/ICL

IPCA cai 0,02% em agosto, na primeira deflação do ano

Dois grupos registraram queda e puxaram o índice geral para baixo: Alimentação e bebidas, e Habitação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, mostra que os preços caíram 0,02% em agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Neste mês, dois grandes grupos tiveram queda, puxando a primeira deflação de 2024. O grupo Alimentação e bebidas registrou queda de 0,44% em agosto, contribuindo para recuo de 0,09 ponto percentual (p.p.) do índice geral. Já em Habitação, a baixa foi de 0,51% e redução de 0,08 p.p.

Assim, o resultado geral de julho representa uma desaceleração contra o mês anterior, já que o IPCA havia fechado de julho teve alta de 0,38%. Em agosto de 2023, os preços haviam subido 0,23%.

O país tem, portanto, uma inflação acumulada de 4,24% em 12 meses, dentro do intervalo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No acumulado do ano, a alta é de 2,85%.

Veja o resultado dos grupos do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: -0,44%;
  • Habitação: -0,51%;
  • Artigos de residência: 0,74%;
  • Vestuário: 0,39%;
  • Transportes: 0,00%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,25%;
  • Despesas pessoais: 0,25%;
  • Educação: 0,73%;
  • Comunicação: 0,10%.

Bolsonaro chutou fora e a próxima jogada é de Moraes e Gonet

“O quase fiasco do 7 de Setembro abate a extrema direita e pode fortalecer as ações do PGR e do ministro”, afirma o colunista Moisés Mendes.

Se o embate entre o bolsonarismo e Alexandre de Moraes fosse um jogo com alternância de lances e movimentos, a jogada da vez seria do ministro do Supremo, desde que receba o passe de Paulo Gonet.

No 7 de Setembro da Avenida Paulista, o bolsonarismo jogou a bola para longe, em direção ao Itaim Bibi. Mesmo que parte da grande imprensa tenha achado que não foi bem assim, a aglomeração foi uma derrota para todos eles, das antigas e das novas facções.

Perderam, no sábado, o velho bolsonarismo cansado da guerra de Bolsonaro, o pretenso novo bolsonarismo dos seguidores de Pablo Marçal e os rejeitados da arca de Malafaia, acomodados no caminhão de som de Carla Zambelli.

Qualquer aprendiz de ações políticas sabe que, após um movimento ou uma ação política de massa, o próximo ato precisa superar ou se igualar ao primeiro gesto, em tamanho e repercussão.

Foi assim nas grandes mobilizações da história recente: nos esforços pelo fim da ditadura, pelas Diretas, pela queda de Collor e até, é preciso admitir, pelo golpe contra Dilma Rousseff.

Pela democracia ou pelo golpismo, a lição é clara: não há como avançar com fracassos em sequência. E os últimos dois atos do bolsonarismo, no Rio e agora novamente na Paulista, ficaram muito abaixo do primeiro, ocorrido em 25 de fevereiro, em São Paulo.

Os três atos contra Moraes reuniram 185 mil pessoas em fevereiro, 33 mil em abril e 45 mil agora. Houve retração e estagnação de público. Juntando as aglomerações dos últimos dois atos, não chega à metade do primeiro. E a rua sempre foi a melhor expressão do ativismo dos apoiadores de Bolsonaro.

E agora? Agora, Bolsonaro sabe que a capacidade de mobilização da extrema direita está em declínio. Ele é um líder questionado tanto pelos grupos que se expressam, como os de Marçal e Zambelli, quanto pelos que se calam e desaparecem, como muitos que sumiram da Paulista.

A extrema direita fracionada (até Silas Malafaia tenta ocupar espaço nessa guerra) está sem forças para continuar nas ruas, gritando com o ímpeto do início do ano.

No jogo do “agora é a tua vez”, Moraes tem a preferência, mas, se quiser, pode adotar a estratégia de ficar no mesmo lugar. Fingir inércia pode ser seu jogo, mesmo sabendo que Bolsonaro está enfraquecido.

Moraes e Gonet sabem que as divisões no bolsonarismo tendem a se intensificar e que mais pessoas subirão em caminhões diversos, muito mais para afrontar Bolsonaro do que para se somar às tropas envelhecidas do tenente cansado.

Mas chegamos ao momento em que os prazos começam a se esgotar para quase tudo que envolve os acertos de contas do fascismo com a Justiça, nas mais variadas frentes. A bola está com Gonet e Moraes.

*Moisés Mendes/247

A descoberta de Moraes sobre gastos de Bolsonaro com o X de Elon Musk

Rede social tinha somente R$ 2 milhões em suas contas no Brasil; ministro do STF achou estranho e pediu valores de repasses do governo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), descobriu que o governo Bolsonaro gastou aproximadamente R$ 12,3 milhões em campanhas publicitárias no X (antigo Twitter), rede social do bilionário Elon Musk. Esse valor corresponde a quase metade (47%) do total investido pelo governo federal em publicidade na plataforma desde 2015, que soma R$ 26,3 milhões.

Os dados referem-se aos repasses feitos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) ao X, sugerindo que o valor total pode ser ainda maior, já que outros ministérios também promovem publicidade na plataforma.

Moraes solicitou esses números ao governo Lula após estranhar que apenas R$ 2 milhões foram encontrados em contas bancárias da empresa de Musk no Brasil. A solicitação faz parte da investigação do ministro sobre a rede social, que foi suspensa no país por descumprimento de decisões judiciais, falta de pagamento de multas que chegam a R$ 18 milhões e a recusa em nomear um representante legal no Brasil para responder aos processos.

O maior repasse ao X durante o governo Bolsonaro foi registrado em 2022, ano eleitoral, com R$ 5,7 milhões gastos em campanhas publicitárias na rede social. Em comparação, no ano anterior, o valor investido foi de “apenas” R$ 1,1 milhão.

Apreensão de bens da Starlink
A Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, deve ter veículos, aeronaves e embarcações apreendidos no Brasil. O motivo é o fim do prazo para a companhia recorrer da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que bloqueou suas contas bancárias e ativos no país. O prazo se encerrou na última segunda-feira (2), e, com isso, outros bens da empresa também devem ser bloqueados, diz a Forum.

A decisão de Moraes, proferida em 24 de agosto, visava garantir o pagamento de multas impostas ao X (antigo Twitter), por descumprimento de ordens judiciais. Como o X encerrou suas atividades no Brasil e não indicou um representante legal no país, além de bloquear o acesso à rede social, Moraes decidiu estender a sanção à Starlink, pertencente ao mesmo conglomerado de Elon Musk.

As multas impostas ao X totalizam mais de R$ 18 milhões, e a apreensão de bens da Starlink é uma forma de assegurar o pagamento desses valores à Justiça. A empresa foi notificada sobre o bloqueio de suas contas no dia 27 de agosto e, como não apresentou recurso no prazo legal, terá bens como veículos, aeronaves, embarcações e imóveis no Brasil bloqueados. Ao invés de recorrer, a Starlink apresentou um mandado de segurança, instrumento incorreto para contestar decisões individuais no STF e que, inclusive, foi rejeitado pelo ministro Cristiano Zanin.

Com o fim do prazo para recurso, o STF acionou o Sistema Nacional de Indisponibilidade de Bens, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Capitania dos Portos, para garantir o cumprimento da decisão de bloqueio e apreensão dos bens da Starlink.

SP: Pior ar do mundo

Poluição é mais grave que em Pequim.

A qualidade do ar em áreas da cidade de São Paulo e da região metropolitana já começou a manhã desta segunda-feira (9) entre ruim e muito ruim em meio a mais um dia de calor, tempo seco e fumaça de incêndios. A situação fez de São Paulo a metrópole com a pior qualidade de ar no mundo por volta das 10h, de acordo com o site suíço IQAir.

Com registro de 160 no índice usado pelo site, a capital paulista não apenas superou as cidades de Ho Chi Minh, no Vietnã, e Lahore, no Paquistão –segunda e terceira colocadas, respectivamente–, mas também Jerusalém, em Israel, Doha, no Catar, e Pequim, na China, a quinta e a sexta com o ar mais poluído.

Dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) indicavam qualidade muito ruim, segundo pior da escala, nas estações de Carapicuíba, Itaim Paulista e Osasco. Na capital, o nível foi registrado na marginal Tietê (altura da ponte dos Remédios), no Parque Dom Pedro 2º (região central), em Perus e em Santana (ambos na zona norte).

Outras estações, como Ibirapuera, Interlagos e Santo Amaro, registravam o nível ruim. Apenas Itaquera e Mooca, ambas na capital, tinham qualidade boa na manhã desta segunda.

A categoria muito ruim pode agravar sintomas de quem tem doenças pulmonares e cardiovasculares, além de causar transtornos à população em geral.

Estações em outras áreas do estado, como Jundiaí e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, também apontavam qualidade do ar muito ruim.

Segundo a Defesa Civil estadual, 48 municípios paulistas seguem em alerta máximo para incêndio, e havia oito focos de fogo ativos nesta manhã, identificados, em General Salgado, Dois Córregos, Santo Antônio do Aracanguá, Pedregulho, Itirapuã, Mairiporã, São João da Boa Vista e Elias Fausto.

Quase todo o estado, com exceção do litoral, está em emergência para risco de incêndio, nível máximo de perigo apontado pela Defesa Civil, até o próximo sábado (14).

Lula escolhe deputada Macaé Evaristo como substituta de Silvio Almeida

Presidente Lula escolheu a deputada estadual mineira Macaé Evaristo (PT) para o lugar de Silvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos.

O presidente Lula escolheu a deputada estadual mineira Macaé Evaristo (PT) como nova ministra dos Direitos Humanos. Ela assumirá o cargo no lugar de Silvio Almeida, demitido na semana passada após denúncias de assédio sexual contra mulheres reveladas pelo Metrópoles, na coluna Guilherme Amado.

Macaé é professora desde os 19 anos de idade e já foi secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC) entre 2013 e 2014, período em que Aloizio Mercadante era ministro. A parlamentar é próxima de Gleide Andrade, atual tesoureira nacional do PT.

No sábado (7/9), a coluna já havia noticiado que Lula queria nomear uma mulher negra para o ministério. A decisão faz parte de uma estratégia para tentar amenizar a repercussão negativa da demissão de Silvio Almeida, após as denúncias de assédio que envolveram a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, segundo o Metrópoles.

Após a demissão do ministro na sexta-feira (6/9), Lula nomeou a ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, como titular interina dos Direitos Humanos. A expectativa inicial era de que a pasta fosse assumida pela então secretária-executiva, Rita Cristina, mas ela pediu exoneração após a demissão de Silvio Almeida.