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Luis Nassif: O coronavírus, o salário do funcionalismo e os ganhos financeiros da Globo

Em nome dessa loucura institucionalizaram-se as práticas econômicas mais deletérias, como a apreciação cambial, as taxas de juros dos títulos públicos, promovendo a mais brutal transferência de renda da história.

O coronavírus está varrendo como um tsunami ideias estabelecidas e todo um edifício retórico que, nas últimas décadas, sustentou o maior processo de concentração de renda da história.

Toda a lógica que legitimou a concentração de renda das últimas décadas baseava-se em premissas falsas. Na ideia de que todo ganho corporativo reverteria em mais investimentos, que gerariam mais empregos, trazendo um ganha-a-ganha geral. O sofisma da “lição de casa” justificou todos os abusos, de Marcílio Marques, no governo Collor, passando por Pedro Malan, no governo FHC, se prolongando com Antônio Palocci e Henrique Meirelles nos governos Lula e Temer. Os erros de Dilma foram de outra natureza.

Em nome dessa loucura institucionalizaram-se as práticas econômicas mais deletérias, como a apreciação cambial, as taxas de juros dos títulos públicos, promovendo a mais brutal transferência de renda da história.

Esse modelo acabou. O coringavirus veio com pitadas de castigo divino, obrigando a uma solidariedade geral. Sem a solidariedade, haverá morte, conflitos, ranger de dentes, a dissolução do tecido social brasileiro e das barreiras sanitárias, com o coringavirus se impondo definitivamente.

Mas a síndrome do escorpião é terrível.

Ontem, o Globo fez um editorial sugerindo que o funcionalismo público deva dar sua contribuição à crise. Para justificar, recorreu à indefectível economista Zeina Latif, que montou um modelito econômico a la carte, para atender à tese proposta.

Nem vou entrar no caso da Zeina, que ganhou uma belíssima e justa bolada do banco XP por ajuda-lo, com suas análises econômicas, a galgar um reconhecimento do mercado, permitindo um IPO bilionário, que não acontecerá nunca mais, pois fruto das distorções monumentais do excesso de liquidez e de análises furadas de economistas de mercado que levaram o mundo a este situação.

O raciocínio da Globo se baseia no manual das simplificações de planilha, do cabeça de planilha tradicional. Consiste no seguinte: defino a conclusão de acordo com minhas conveniências. Depois, monto um mundo de planilha, apenas com as variáveis que ajudam a justificar meu raciocínio. O economista age como um bom Ministro do Supremo: primeiro firma a convicção política, depois vai buscar o argumento.

O mundo simplificado consiste em um país com duas variáveis apenas: os trabalhadores do setor público e do setor privado.

Como só tem duas variáveis – empregados do setor público e do setor privado – que se façam as comparações.

Diante da rápida e maciça perda de receita das empresas, é preciso agir para que elas sobrevivam. Na quarta, foi anunciado que será proposto que os empregadores possam cortar pela metade o salário de seus funcionários, na mesma proporção da redução da jornada de trabalho. O conceito de que é melhor preservar o emprego e parte da remuneração do que ser demitido é indiscutível.

Ora, se as finanças públicas estão dissolvendo, porque a recessão seca os canais que abastecem o Tesouro de impostos, e é preciso dinheiro público para salvar vidas em hospitais, postos de saúde e garantir alguma renda a dezenas de milhões de pessoas que vivem na informalidade, entre outras, os servidores precisam dar sua contribuição. Eles são um dos maiores itens de despesa nos orçamentos públicos, federal, estaduais e municipais.

Fantástico, justo e correto.

Mas vamos ampliar um pouco o mundo. Além de trabalhadores do setor privado e público, vamos incluir os beneficiários de ganhos financeiros em cima da dívida pública.

O Brasil é um caso único de ganho em cima do Tesouro. Em outros mercados, acionistas e executivos ganham em cima de operações não muito corretas, de recompra de ações, mas, em todo caso, fica entre eles e o mercado.

Veja bem, esse ganho financeiro não gerou um emprego, um aumento do nivel de atividade, não exigiu esforço algum. Bastou aplicar em títulos públicos e esperar o resultado em casa.

Já os gastos do funcionalismo, tirando uma elite de marajás e distorções pontuais, resultam em produtos entregues: aulas, atendimento de saúde, segurança, arrecadação fiscal, regulação do setor monetário etc. Podem melhorar? Podem. Podem deixar de existir? Jamais.

E nada como analisar o próprio balanço do Grupo Globo e comparar receitas financeiras estéreis (pois não resultam em investimentos nem em mais emprego, nem exigem criatividade, inovação, melhorias) com empregos públicos essenciais.

O resultado operacional líquido (aquele que reflete receitas menos despesas) em 2019 foi negativo em R$ 572,5 milhões, contra R$ 530 milhões em 2018. Quando inclui a TV por assinatura, o resultado operacional foi melhor, mas também em queda, de R$ 573 milhões contra R$ 1 bilhão em 2018.

Quando se entra nos resultados financeiros, o quadro muda. A receita financeira em 2019 foi de R$ 752 milhões, contra R$ 1,2 bilhão em 2018. 2020, sem eventos esportivos, será pior.

Mas a questão é outra. Vamos a algumas comparações, com algumas categorias fundamentais do funcionalismo.

Confira a tabela.

O lucro financeiro da Globo em 2018 daria para contratar

* 6.944 médicos clínicos para o SUS,

* ou 25.469 professores do ensino básico,

* ou 7.234 médicos cubanos, garantida a parte de Cuba,

* ou 30.848 funcionários DAS 1 e 8.033 DAS 4,

* ou 8.286 professores com doutorado.

Representa o mesmo que os vencimentos de

– 120 Ministros do STF ou
– 6.186 Almirantes de Esquadra, ou ainda
– 3.963 fiscais da Receita.

Por que é possível essa comparação? E porque a Globo tem interesse em reduzir o salário do funcionalismo público e manter as regras fiscais? Porque todos esses gastos são medidos em reais e constam do orçamento. Saem todos da mesma boca de caixa. E, portanto, a Globo está defendendo os interesses dela e de todos os proprietários de dívida púbica. Em um momento de calamidade, a Globo está discutindo contabilidade.

Vamos comparar, agora, com programas relevantes do setor público.

penúltima coluna é a equivalência com o lucro financeiro de 2019; a última com o lucro financeiro de 2018.

Confira, então, que apenas o lucro financeiro da Globo correspondeu 1,11 o orçamento da Unifesp, a Universidade Federal de São Paulo; a 2,23 da Universidade Federal de Ouro Preto e a 3,52 da Universidade Federal do ABC.

Corresponde a 1,66 vezes mais tudo que é gasto com Vigilância Epidemiológica, 5.20 vezes mais do que os gastos com toda a população indígena e 6,25 vezes as verbas para desenvolvimento científico.

Repito, é um dinheiro estéril, que não resulta em mais investimento, em mais emprego, em mais riqueza. E representa o ganho de apenas uma grande empresa nacional.

Á medida que o coronavirus vai fazendo baixar a maré da especulação, as águas vão se esvaindo deixando à vista os detritos e comparações inevitáveis. E a dúvida que jamais será respondida: como chegamos tão baixo no nível de percepção e no conceito de justiça e de desenvolvimento?

 

 

*Luis Nassif/GGN

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Mesmo reconhecendo que palestras de Lula foram legais, PF indicia o ex-presidente

“A se considerar a missão específica das palestras proferidas pelo ex-presidente da República, não vislumbramos, isoladamente, a configuração de crime”, afirma o delegado da PF Dante Pegoraro Lemos, da Lava Jato. Apesar disso, ele indiciou Lula e dirigentes do Instituto Lula, além de Marcelo Odebrecht e do ex-ministro Antonio Palocci, por doações no valor total de R$ 4 milhões feitas pela Odebrecht ao instituto do petista.

Em relatório de 130 páginas, o delegado da Polícia Federal Dante Pegoraro Lemos, da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, concluiu que as palestras feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil e no exterior entre 2011 e 2015 por meio da empresa Lils, aberta por ele para este fim depois que deixou a Presidência no final de 2010, foram legais e aconteceram de fato.

Apesar da legalidade dos serviços, o delegado da PF indiciou Lula e dirigentes do Instituto Lula, além de Marcelo Odebrecht e do ex-ministro Antonio Palocci, por doações no valor total de R$ 4 milhões feitas pela Odebrecht ao instituto do petista.

“A se considerar a missão específica das palestras proferidas pelo ex-presidente da República, não vislumbramos, isoladamente, a configuração de crime”, afirma o delegado em seu relatório, segundo o UOL. “Ressalvamos, contudo, que apurações específicas podem vir a demonstrar que alguma palestra em si ou mesmo serviços adicionais realizados possam configurar a prática de conduta típica.”

Agora, o MPF (Ministério Público Federal) vai decidir se denuncia os acusados ou não, e a Justiça federal por sua vez decidirá se eles viram réus ou não caso receba a denúncia por corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.

Advogado de defesa do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins contestou o indiciamento de Lula pela PF. “À época das doações Lula sequer era agente público e o beneficiário foi o Instituto Lula, instituição que tem por objetivo a preservação de objetos que integram o patrimônio cultural brasileiro e que não se confunde com a pessoa física do ex-presidente”, disse Zanin Martins.

 

 

*Com informações do 247

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Gilmar Mendes: delação de Palocci são informações que estão no Google

Gilmar Mendes: delação de Palocci são informações que estão no Google

Muita coisa de “ouvi dizer”.

Foi assim que Gilmar Mendes definiu as delações premiadas, o que pra ele é entusiasmo juvenil dizendo que todas as delações feitas pela PF tem que ser reavaliadas.

Leia a entrevista de Gilmar ao Valor Econômico.

Valor: Algumas delações foram rejeitadas pelo MPF e aceitas pela PF, depois que o Supremo decidiu pela legitimidade de ambos para firmar acordos de delação.

Gilmar: Essa é uma questão que terá de ser talvez reavaliada. À época dessa decisão, sopesou muito a ideia de que era preciso ter um certo equilíbrio entre o MP e a PF. Já havia a decisão anterior do tribunal sobre o poder de investigação do MP, que acabou tendo efeitos extravagantes. Mas estamos com dois casos que são casos de escola. Um é o caso Palocci. São informações que estão no Google, muita coisa de “ouvi dizer”. Outra é o caso do Cabral. Mas isso tudo não invalida a experiência. Sabemos todos que a corrupção exige de fato meios mais enfáticos de combate, mas é preciso também ter o devido controle. Até porque os órgãos de combate à corrupção também se corrompem.

Valor: Pode dar exemplos?

Gilmar: Os exemplos brasileiros são suficientes. Todos os episódios que estão aí O que ocorreu com o Marcello Miller [ex-procurador acusado de aconselhar a JBS quando ainda era membro do MP], essa fundação de Curitiba, esses episódios envolvendo procuradores, delegados, pessoal da Receita. O chefe de programação da Lava-Jato no Rio, da Operação Calicute, está preso. Era o homem da Receita.

Valor: O senhor é muito criticado pelo número de habeas corpus que concede. É uma maneira de modular essas decisões da Lava-Jato?

Gilmar: Não. Se você olhar, segundo estatísticas do gabinete, na Segunda Turma eu sou o ministro que mais concede, mas logo depois vem o ministro Edson Fachin [relator da Lava-Jato], e em número muito próximo. Todos os casos em que eu concedi estão confirmados na turma. A prisão provisória tem pressupostos. Não pode ser feita para que o sujeito seja convencido a delatar. Isso não está escrito em lugar nenhum. A prisão diz respeito a fatos atuais? Tem risco de fuga? Houve destruição de prova ou ameaça de testemunha? Se não, não se justifica.

Valor: O senhor também é um crítico contumaz do MPF. A partir de que momento viu que, na sua avaliação, o órgão cometia abusos?

Gilmar: Há várias falas minhas dizendo que temos encontro marcado com as prisões alongadas de Curitiba. Sempre apontei que havia exageros nessa sistemática. Advogados vinham aqui e relatavam que o MP indicava as pessoas que deveriam ser delatadas, caso contrário os benefícios não seriam concedidos. Isso não é bom para o sistema. Eu desconfiava do que foi publicado pelo “The Intercept Brasil”. Eu tinha as informações – e a gente também sabe ler estrelas, fazer conexões. Nesse sentido, não me surpreendeu, mas claro que determinadas práticas chocam. Quando um procurador conversa com um auditor fiscal, um superintendente da Receita, e diz para ele olhar determinada conta sem deixar digitais, esse sujeito o faz e depois vira chefe do Coaf aí você botou a raposa pra cuidar do galinheiro. Nos trópicos ou fora deles, isso é crime.

 

 

*Do Valor Econômico

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Entrevista de Marcelo Odebrecht isenta Lula, expõe erros da Lava Jato e resguarda BNDES

Odebrecht manteve com Lula a mesma relação que tinha com FHC, mas apenas o petista é acusado de tráfico de influência a partir das distorções criadas pela Lava Jato.

Lula não privilegiava a Odebrecht em suas viagens internacionais. O pedido para que a empresa entrasse em Cuba era próprio dos interesses geopolíticos e comerciais de um País. A Odebrecht, aliás, mantinha com o petista a mesma relação que teve com FHC, intocado pela Lava Jato. E a doação eleitoral que a empresa fez ao PT, em contrapartida a uma linha de crédito em Angola, saiu da margem de seu lucro, não de acertos espúrios.

E tem mais: quando quebrou a reputação da Odebrecht no exterior, a Lava Jato também comprometeu a exportação de conteúdo nacional. E, de quebra, lançou uma cortina de fumaça sobre o BNDES, criminalizando o papel da instituição.

Tudo isso foi dito por Marcelo Odebrecht em entrevista exclusiva divulgada pela Folha de S. Paulo nesta segunda (9), embora a chamada escolhida pelo jornal não lhe faça justiça.

O diário preferiu manchetar que “Lula pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba”, dando a entender que o ex-presidente merece ter a Lava Jato em seu encalço pelo suposto crime de tráfico de influência. Mas o que Marcelo disse à Folha contraria muito do que foi construído pela Lava Jato.

Primeiro, Marcelo deixou claro que Lula, ao contrário do que alegou a força-tarefa em diversas ações, não favorecia a Odebrecht em troca de benefícios pessoais.

Quando viajava ao exterior, Lula era uma preocupação para a empresa, porque o petista “vendia” todas as companhias brasileiras competitivas. Colocava a Odebrecht no mesmo patamar que as concorrentes, sendo que a empreiteira está presente em outros países há mais de 20 anos – muito antes de Lula ser presidente, portanto.

“A gente queria se beneficiar da ida do Lula para reforçar os links com o país e, por tanto, melhorar a nossa capacidade de atuar lá. Mas, ao mesmo tempo, quando Lula chegava ele não defendia só a Odebrecht”, disse Marcelo. Mas “se um presidente chegasse lá, no outro país, e colocasse todo mundo no mesmo nível, poderia soar para o governo local do outro país como um desprestígio do Brasil em relação à Odebrecht”, explicou.

Questionado pela Folha se Lula interferia nos negócios internacionais, Marcelo respondeu objetivamente: “Eu diria que, nesses 20 anos, só uma exportação teve uma iniciativa por parte do governo brasileiro e que, apesar da lógica econômica por trás, teve uma motivação ideológica e geopolítica, que foi Cuba.”

E ponderou: “Em todos os países, nós íamos por iniciativa própria, conquistávamos o projeto e buscávamos uma exportação de bens e serviços.”

Mas Lula, depois de visitar Cuba e conhecer uma estrada deteriorada, disse que a Odebrecht poderia ajudar a levar condições melhores de infraestrutura ao local.

A obra era interessante porque Cuba teria de contratar todos os serviços do Brasil, gerando “emprego, renda e arrecadação” para os brasileiros.

Cuba, porém, preferiu investir na construção de casas depois de ser atingida por um tufão, “desprezando a estrada” sugerida por Lula.

A Odebrecht, ao final, foi quem sugeriu a construção de um porto, porque era “o melhor para o Brasil, economicamente e do ponto de vista de exportação de bens e serviços.”

A construção de um porto demandaria de Cuba a importação, do Brasil, de “estrutura metálica, maquinário, produtos com conteúdo nacional.” O financiamento do BNDES obrigava a Ilha a isso.

“Em nenhum momento, o dinheiro do BNDES vai para fora. Sempre fica no Brasil. Não é verdade dizer que o BNDES financiava projetos no exterior. O BNDES financiava conteúdo nacional, geração de trabalho no Brasil, que era exportado para o exterior”, explicou Marcelo.

Para ele, a Lava Jato ajudou a lançar uma “névoa” sobre o BNDES. “O que ocorreu nos últimos anos aqui no Brasil foi um crime. Criminalizaram algo que nunca deveria ter sido criminalizado. Se houve um crime, foi na criminalização do financiamento à exportação.”

“Do jeito que a Lava Jato foi divulgada, acabou parecendo que o Brasil é o país mais corrupto do mundo, e que as empresas brasileiras exportavam corrupção. Não é verdade — nem uma coisa nem outra. Mas nossos competidores no mundo souberam tirar vantagem disso. Vários países culpam a Odebrecht. Essa é uma questão que vamos ter de superar.”

Questionado se Lula fez orientações outras à Odebrecht no contexto internacional, a resposta foi novamente negativa e Marcelo reforçou: “Normalmente, era a gente que conquistava os projetos e tentava reforçar a importância política desse projeto.”

PROPINA NO BNDES?

Folha também perguntou diretamente a Marcelo Odebrecht se existiu superfaturamento e pagamento de propina no BNDES, durante os anos de PT. A resposta igualmente contrariou a narrativa criada na Lava Jato.

Marcelo respondeu que o único episódio que pode ser explorado foi Paulo Bernardo e Antonio Palocci pedindo doações eleitorais ao PT, porque sabiam que a Odebrecht seria a principal empresa brasileira beneficiada pela renovação de uma linha de crédito do Brasil com Angola.

“Mas esse recurso [doação eleitoral] saiu do nosso resultado e não representou nenhum prejuízo, nem para o país nem para o BNDES. Não teve nenhum envolvimento do BNDES nesse assunto e foi uma única vez”, afirmou o empresário.

A Lava Jato, por sua vez, costuma procurar contratos, apontar superfaturamento de 1% a 3%, e dizer que a doação eleitoral saiu dessa margem.

Ao final, a cereja do bolo: “Em mais de 20 anos de exportação de serviços e durante todo governo Lula, essa foi a única vez que houve uma solicitação de apoio financeiro [o pedido de Palocci e Bernardo] por conta de financiamento”, apontou Marcelo, que é delator da Lava Jato.

 

 

*Do GGN

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Marcelo Odebrecht: depoimentos contra Lula são contraditórios

Durante uma oitiva com o juiz Vallisney de Souza Oliveira Marcelo disse que nunca se envolveu em “tratativa ilícita” com o ex-presidente

O empresário Marcelo Odebrecht avaliou, nesta sexta-feira (04/10/2019), que os depoimentos realizados pelo pai, Emilio Odebrecht, e o ex-ministro Antonio Palocci, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), são “contraditórios”.

“É tremendamente injusto fazer uma condenação de Lula sem que se esclareça as contradições dos depoimentos de meu pai e Palocci”, disse Marcelo.

O empresário também afirmou que desconhece qualquer ato ilícito envolvendo o BNDES.

Na acusação, o Ministério Público diz que o ex-presidente teria facilitado o financiamentos do BNDES para obras da construtora em Angola. Marcelo disse que, embora o pedido tivesse ocorrido durante as negociações, não foi firmado o entendimento de que os pagamentos seriam uma contrapartida aos empréstimos do banco estatal. Segundo ele, com ou sem o apoio de Paulo Bernardo e de Palocci, o financiamento seria liberado, como vinha ocorrendo desde a década de 1990.

 

 

*Com informações do Metrópoles

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Mino Carta: Moro, este sim é o culpado

Moro e a Lava Jato são o primeiro motor de um golpe inédito à Brasileira que deságua no governo Bolsonaro, antes demente que totalitário.

Nada de mais fácil entendimento do que a entrega do ministério da injustiça, com amplos poderes de investigar quaisquer cidadãos, a alguém que com a Justiça não tem o mais pálido achego. Em compensação Sérgio Moro e sua Lava Jato são os primeiros responsáveis pela desgraça que se abate sobre todos nós, cientes ou não.

O prêmio a Moro dispensa explicação. Ninguém como este oportunista recalcado e provinciano, disposto a se atribuir alcances impensáveis e a mantê-los com o beneplácito de uma suprema corte de fancaria, foi tão eficaz para atingir o objetivo principal do golpe urdido desde antes do impeachment de Dilma Rousseff à sombra da inquisição curitibana: eliminar Luiz Inácio Lula da Silva do cenário político.

A viagem do processo capaz de unir a tantos em nome desse denominador comum demora cerca de cinco anos para juntar passageiros díspares, de Eduardo Cunha a Michel Temer, dos chamados ministros do STF à mídia nativa, dos delatores acovardados a Antonio Palocci para nos conduzir à eleição de Jair Bolsonaro e sua turma tresloucada. Recheada também de generais entreguistas que por ora o mantêm na Presidência. Nisso tudo campeia Sérgio Moro.

Luigi Ferrajoli, jurista italiano respeitadíssimo mundo afora, inclusive no Brasil por quem entende das coisas, em novembro de 2017 escreveu em Carta Capital que, fôssemos um país democrático e civilizado, Moro teria sido removido das suas funções por desacato às regras mais elementares do processo justo. É peça impecável a mostrar como a politização da injustiça só pode acontecer nestas nossas infelizes latitudes. E tal é o ponto, o prego que volta e meia me ponho a percutir a bem da verdade factual.

É preciso entender que Bolsonaro não é neofascista, representa apenas a demência no poder, é seu intérprete, e talvez venha a ser sua vítima ao longo do vagaroso andar da história. Talvez? Corrijo, insuflado pela esperança: certamente será. Ele é a consequência de 519 anos de prepotências e desmandos e de um entrecho cujo primeiro motor é a Lava Jato. Bolsonaro é a aberração criada pelo constante ataque à Razão e à Lei, e nesta tarefa Sérgio Moro revelou-se imbatível.

A já invocada verdade factual soletra que o inquisidor curitibano, secundado pelo pregador da cruzada Deltan Dallagnol, desde 2009 colocou-se à disposição de Washington, onde Lula, embora tivesse sido o “cara” de Obama, era considerado entrave fatal à devolução do Brasil ao quintal de Tio Sam. A política exterior independente não poderia ser do agrado estadunidense e os passos dados no campo social quem sabe abrissem os olhos de muitos ex-miseráveis.

Os lacaios dos EUA não se sabe exatamente o que ganham com a subserviência, mas conseguiram impedir uma nova vitória eleitoral do ex-presidente e, portanto, a volta integral a um projeto de governo do qual Dilma havia em boa parte se afastado. Impressa na minha memória a noite de 7 de abril do ano passado, quando Lula se entregou à PF, e o desfile sinistro dos carros pretos, como conviria a um enterro, a conduzir o ex-presidente ao primeiro paradeiro, antes de tomar o avião que o levaria a Curitiba. Enfim, a chegada ao telhado da PF curitibana, onde o aguardavam figuras desfocadas como fantasmas, prontas a acompanhá-lo escada abaixo até as entranhas do edifício.

Nada tão simbólico da ofensa a todo brasileiro consciente da cidadania, e dos que vivem no limbo, embora poucos se deem conta dela. Estamos, porém, no país da casa-grande e da senzala. E é por aí que se deve entender a presença impune dos canalhas que enchem a boca com a palavra pátria. Somente no Brasil a mídia em peso aplaude a prisão de Lula, somente no Brasil até agora faltou a manifestação fluvial de protesto e raiva, somente no Brasil quem se diz de esquerda não reagiu em proveito de uma automática e desassombrada união em torno do grande injustiçado.

Consta, entretanto, que a celebrar um ano de infâmia está previsto um embate futebolístico, não se apurou se entre casados e solteiros, mas todos de declarada crença esquerdista, mesmo aqueles que no gramado atuam pela direita. E a torcida gritará gooooooool! Espero com todo o empenho e o máximo de fé, que outros eventos nas capitais do Brasil e do mundo programados para o domingo 7 ponham finalmente os pingos nos is.

Manifestações populares mais significativas deram-se no Carnaval, diria, contudo, mestre Ferrajoli: Carnevale ogni scherzo vale (Carnaval, toda brincadeira vale). Onde sobraram os beneficiados pelo governo Lula, sem contar o importante banqueiro que em junho de 2014 perguntava: “Mas por que Lula não tira Dilma do páreo e assume a candidatura?” Fica a constatação: o presidente que ao cabo de dois mandatos contava com 89% de aprovação está preso há um ano e, se depender da malta insana que pretende nos governar por obra de um regime antes demente que totalitário, vai apodrecer na cadeia.

O ex-presidente, constrangido no despojado espaço de 25 metros quadrados (banheiro incluso) que sequer admite janelas, mantém a altivez e a serenidade que lhe garantiram o respeito dos carcereiros. Já escrevi não saber se ele percebeu que mesmo dentro do seu PT há quem hoje o tenha como incômodo, e tampouco sei até onde o atormenta a ideia do tempo perdido, do vazio político, da insensibilidade das ruas.

Aos meus olhos o metalúrgico que sentou no trono é figura shakespeariana obrigada a viver um enredo kafkiano ao despertar de um sonho efêmero de grandeza. Da areia movediça em que se move a política, a pasta da cordialidade brasileira, exalam maus humores para aturdir a plateia ignorante e por natureza velhaca. O verbo a ser conjugado é maneirar, o provérbio “deixa como está para ver como fica”. Lula tentou maneirar, mas nunca o bastante. Contrariou interesses graúdos quando impôs sua liderança e conquistou o favor popular. Paga por isso.

E paga o Brasil, incapaz de registrar a profunda ofensa recebida com a prisão de Lula, enquanto o conge de dona Rosângela ganha farto alimento para a sua devastadora vaidade. Já disse e repito: eu me sinto pessoal e gravemente golpeado entre o fígado e a alma.

 

*Da Carta Capital

 

 

 

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Lavando as mãos, STJ deve deixar decisão do semiaberto do ex-presidente Lula para Curitiba

O STJ avalia que o julgamento da progressão de pena do ex-presidente Lula deve ser feito pela Vara de Execuções Penais de Curitiba.

O Ministério Público Federal afirmou que Lula já tem direito ao regime semiaberto por ter cumprido tempo suficiente na prisão.

A subprocuradora Áurea Lustosa apresentou parecer ao STJ solicitando a discussão sobre a progressão de pena do ex-presidente Lula. Áurea Lustosa também sugeriu a redução da multa de R$ 16 milhões para R$ 2,4 milhões.

Já os advogados de Lula apresentaram no mês passado um recurso com o pedido da progressão para o regime aberto.

Em contrapartida à decisão favorável ao ex-presidente, nesta quinta-feira (6), o juiz Vallisney de Souza Oliveira da 10ª Vara Federal do Distrito Federal aceitou a denúncia contra lula, feita pelo Ministério Público Federal no que se refere à operação sobre a atuação da Odebrecht em Angola, o que torna Lula réu mais uma vez.

De acordo com a denúncia, Lula e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo praticaram corrupção passiva. Segundo o Ministério Público Federal, ao aceitar o valor de R$ 64 milhões da Odebrecht, em 2010, para aumentar a linha de crédito para financiamento da exportação de bens e serviços Brasil Angola.