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Justiça

Moraes mantém em sigilo mensagens entre Aras e empresários golpistas

Ministro negou pedido de senadores que pretendiam acesso aos diálogos entre Aras e empresários bolsonaristas.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negou nesta semana o pedido feito por quatro senadores governistas para retirar o sigilo de mensagens trocadas entre o ex-procurador-geral da República Augusto Aras e empresários bolsonaristas.

A ação foi apresentada ao STF em agosto de 2022, depois de o site Jota noticiar que a Polícia Federal havia localizado diálogos envolvendo Aras ao apreender celulares de empresários que trocavam mensagens de teor golpista em um grupo no WhatsApp. As conversas golpistas no grupo “Empresários & Política” foram reveladas pela coluna naquele mês. Seus integrantes defendiam um golpe de Estado caso Lula fosse eleito presidente.

O repórter Aguirre Talento noticiou em agosto de 2023 o conteúdo de um diálogo entre Aras e o dono da Tecnisa, Meyer Nigri, um dos integrantes do grupo. Na conversa, Nigri encaminha ao então procurador-geral dois links da coluna, um com a reportagem que revelou as mensagens golpistas e uma outra, que noticiou a intenção do senador Randolfe Rodrigues de pedir ao STF que determinasse à PGR avaliasse a prisão dos empresários.

Aras, então, respondeu, referindo-se ao senador: “Vou localizar o expediente, pois se trata de mais um abuso do fulano”.

O pedido ao STF por acesso às mensagens havia sido feito por Randolfe, líder do governo no Congresso, Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, Humberto Costa, do PT de Pernambuco, e Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo. Eles solicitavam que o material se tornasse público ou que o Senado, enquanto Casa responsável por analisar eventuais crimes de responsabilidade pelo procurador-geral da República, pudesse acessá-lo.

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Opinião

Já vai tarde

O termo PGR, no Brasil, tem mais força que a sigla, justamente por se transformar numa muleta da Faria Lima bolsonarista por conveniência. Cada qual dos mais recentes PGRs trouxe um embrulhinho de doces, balas e pastéis debaixo do braço para servir aos poderosos, ou seja, operaram como desmancha prazeres do povo brasileiro.

Gurgel, Janot, Dodge e Aras, cada um a seu modo, tiraram o cochilo dos justos em benefício do ódio estimulado pelos ricos contra os pobres. E sempre eram vistos pelo povo em festas como idiotas úteis aos andares de cima.

O brasileiro, em sua grande maioria, não sabe o que é e para que serve a PGR.

As recordações que o brasileiro tem de um PGR, se muito, é de uma figura, na maioria das vezes, um glutão pançudo que operava como uma espécie de Napoleão que chega na praça zumbindo o circo.

Aras é o que se pode dizer, uma pessoa errada, no lugar errado, na hora errada. Se puxar no baú seu comportamento durante a pandemia, na blindagem a Bolsonaro, consegue-se entender que sua participação, como Procurador-Geral da República, não valeu um níquel sequer, pois todos os seus passos confluem com os de Bolsonaro.

Na verdade, sua omissão serviu de lenha grossa para o comportamento genocida do monstro. Suas inúmeras atitudes em defesa de Bolsonaro, enquanto esteve à frente da PGR, deu unidade ao seu governo para o criminoso, responsável por 700 mil mortes por covid, fazer o que fez contra o povo brasileiro. Ou seja, Aras foi um sujeitinho bem feito para servir, coisa por coisa, a um moleque que sentava na cadeira da presidência da República.

Por isso a saída de Aras não divide a atenção do país. Não há ninguém berrando a favor ou contra sua saída, no máximo, um chamusco crítico aqui, outro acolá. Afinal, pelo que se sabe de Bolsonaro, ele jamais manteria Aras na PGR se este não fosse o que é.

Fim.

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Política

CPI de 8 de Janeiro: e-mails indicam ‘agendas privadas’ de Bolsonaro com Lindôra e Aras

Encontros foram registrados por ajudantes de ordens; PGR não comenta.

E-mails analisados pela CPI do 8 de Janeiro indicam “agendas privadas” à noite do ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada com o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o seu braço-direito, Lindôra Araújo. Essas reuniões, registradas por ajudantes de ordens, não foram divulgadas pelo governo nem pelo Ministério Público Federal, segundo O Globo.

O primeiro registo de “agenda privada” de Bolsonaro é de 11 de abril do ano passado, entre 19h e 20h. Na ocasião, Lindôra havia acabado de ser promovida ao cargo de número dois de Aras — a nomeação havia saído uma semana antes. Os e-mails mostram a participação do senador Flávio Bolsonaro (PL), filho mais velho do presidente e apontado como um dos padrinhos da indicação da subprocuradora. Não há anotação sobre a presença de Aras nesta reunião.

Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) oito dias depois do registo do encontro, Lindôra afirmou que não via indícios de crime do ex-presidente no inquérito instaurado para apurar a atuação de dois pastores lobistas na liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC). “Se a mera citação de autoridade com foro prerrogativa por função pelo investigado não é suficiente para atrair a competência do STF, depreende-se que tal situação tampouco é capaz de imputar àquele a condição de investigado”, escreveu ela.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que não se pronuncia sobre agendas privadas. Bolsonaro e Flávio não se manifestaram.

Os e-mails indicam ainda outra reunião reservada de Lindôra com Bolsonaro, em 2 de maio de 2022, entre 19h10min e 19h40min. Desta vez, o encontro contou com a participação de Augusto Aras. Três semanas depois, a vice-procuradora-geral entendeu que o ex-presidente não havia cometido crime de racismo por declaração dirigida a um apoiador negro, na qual perguntou se ele pesava “mais de sete arrobas”.

A terceira reunião que consta da “agenda privada” de Bolsonaro foi registrada em 10 de agosto entre 20h45min e 21h30min do ano passado. No dia 24 do mesmo mês, a vice-procuradora geral defendeu no Supremo Tribunal Federal (STF) que fosse arquivado um pedido feito por parlamentares para abrir uma investigação contra o então presidente por ter atacado o sistema eleitoral em um encontro com embaixadores. Na época, Lindôra afirmou que considerava “prematuro” abrir o inquérito e decretou o início de uma apuração preliminar sobre o caso. “A averiguação preliminar dos fatos deve ocorrer em sede de notícia de fato criminal na PGR ou em petição perante o STF, evitando-se a instauração prematura de inquérito”, afirmou ela em ofício.

 

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Aras vê fatos novos em relatórios sigilosos sobre pandemia e ordena envio à PGR e STF. Bolsonaro e Pazuello serão incriminados

O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou na manhã deste sábado (29) que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) enviem “com urgência” ao Ministério Público e ao gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes os relatórios sigilosos produzidos pelos dois órgãos de governo durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021 (no período em que Jair Bolsonaro (PL) era presidente).

Os relatórios, divulgados nesta sexta-feira (28) pelo jornal Folha de S. Paulo, que chegou a eles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelam que Bolsonaro, assessores dele no Palácio do Planalto e o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, agiram sempre contra avisos e advertências da Abin e do GSI quanto à determinação de políticas de distanciamento social, uso de equipamentos de segurança como máscaras e outros, destinados a dificultar o contágio e a disseminação do vírus; tais relatórios ainda demonstram que o colapso do sistema de saúde no Amazonas, por falta de oxigênio medicinal disponível para a população, podia ser antevisto desde os primeiros meses de 2020. Em novembro daquele ano, primeiro ano pandêmico, centenas (talvez um milhar) de pessoas morreram no estado do Amazonas em razão da falta de oferta de oxigênio.

“Estes relatórios da Abin e do GSI, revelados pela Folha de S. Paulo, jamais tinham sido enviados ao MP ou à PGR no curso das investigações e ações que tinham sido feitas”, disse Aras ao Brasil 247. “Eles são o ‘fato novo’ que determina, sim, a reavaliação de todos os casos”.

Na sexta, a PGR fez um amplo trabalho de cotejamento das informações publicadas pelo jornal e as apurações dos atos de governo durante a Covid. Os relatórios da Abin e do GSI, agora revelados, tinham sido escondidos dos procuradores. >>> Além das diretrizes de saúde, Bolsonaro ignorou e escondeu relatórios de inteligência que previam caos no Brasil na pandemia

Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes, do STF, já tinha determinado o desarquivamento de denúncia de leniência e prevaricação contra Bolsonaro, assessores e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello que corria na Justiça Federal em Brasília.

Daí o pedido de Aras para que os relatórios sejam enviados também ao gabinete de Mendes. “O ministro Gilmar Mendes agiu com muita propriedade ao solicitar o desarquivamento daquelas ações, pois o arquivamento era impróprio”, disse Aras neste sábado. “Esses relatórios podem mudar o curso dos processos”, concluiu.

Os relatórios projetavam diferentes cenários de avanço da Covid-19, e os dados registrados durante a pandemia se aproximaram das estimativas feitas pela Abin. Bolsonaro, por sua vez, contrariou as recomendações dos técnicos de saúde e dos agentes de inteligência, minimizando a gravidade da doença e promovendo aglomerações.

*Com 247

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Opinião

Campanha de Aras é armadilha contra Lula

Enquanto Lula ocupa a presidência pela terceira vez, após a mais apertada campanha eleitoral em décadas de História, não custa lembrar que o país permanece em plena travessia institucional.

Neste ambiente, inevitavelmente tumultuado, irá ocorrer uma primeira definição importante, após a vitória que impediu a reeleição de Jair Bolsonaro — a escolha do novo Procurador Geral da República, posto estratégico na cúpula do Estado, ainda mais na conjuntura atual.

Como já é tradição, os procuradores definiram uma lista tríplice de concorrentes ao posto, oferecida como sugestão ao presidente Lula, que tem o direito à palavra final, inclusive anunciando um novo um nome fora da lista do MP. Há outro candidato no horizonte, contudo.

Após dois mandatos como PGR, cargo que ocupou por escolha de Jair Bolsonaro, o primeiro presidente da República a desconsiderar a lista tríplice, o atual PGR Augusto Aras tenta um terceiro mandato. Desta vez, suas chances se resumem a uma única possibilidade: ser indicado por Lula a permanecer na função até agosto de 2025, poucos meses antes da próxima eleição presidencial.

Só para recordar: o primeiro mandato de Augusto Aras como PGR foi iniciado em setembro de 2019. Indicado por Bolsonaro, tomou posse num ambiente marcado pelos dois episódios decisivos do retrocesso brasileiro mais recente — a prisão de Lula, em abril de 2018, e a derrota de Haddad, meses depois.

O segundo mandato de Aras foi iniciado em agosto de 2021, quando sua recondução foi aprovada no Senado por 55 votos a 10. A marca principal que permitiu a ascenção de Aras como PGR residiu no espírito Lava-Jato, que fortaleceu um punitivismo primitivo, enfraquecendo os princípios constitucionais básicos da presunção da inocência que ocupam a espinha dorsal da Constituição de 1988.

Essa postura alimentou o golpe contra Dilma Rousseff e os ataques à Petrobras, mostrando que os adversários da presidente do PT tinham fôlego, dentro do Ministério Público, para indicar um novo PGR. Seu nome era Nicolau Dino, irmão mais novo de Flávio Dino, o ministro da Justiça de Lula. Primeiro colocado na escolha interna, com 651 votos, ele não sobreviveu até a chegada do novo governo, contudo. Michel Temer optou por Raquel Dodge, que Bolsonaro iria trocar por Augusto Aras.

Embora sua campanha contasse com o patrocínio declarado de Jair Bolsonaro & filhos, além de estrelas do primeiro escalão do Congresso, nunca faltaram vozes amigas no Ministério Público com disposição para retocar a imagem do candidato, espalhando a noção de que o punitivismo de Aras seria apenas teatro eleitoral, que seria substituído por sólidos princípios garantistas quando o candidato a PGR já estivesse firme no cargo e pudesse demonstrar sua vocação democrática.

Como o país pode constatar nos anos seguintes, o Aras da vida real nada tinha a ver com essa fantasia ingênua e/ou interesseira. Em vez de manter uma postura vigilante diante dos abusos cometidos pelo governo Bolsonaro, atitude que constitui obrigação número 1 da função, o PGR cultivou uma indisfarçável capacidade de adaptação aos gestos e atitudes de um governo que tentava encaminhar o país para uma ditadura.

O mal-estar contra sua atuação atingiu tal ponto que em agosto de 2021 quatro lideranças históricas do Ministério Público sentiram-se no dever de abandonar o descanso para tomar uma atitude inédita, cuja gravidade os estudiosos dos meios jurídicos do país conseguem avaliar com mais precisão. Enviaram ofício ao Conselho Superior do MP para acusar o PGR de “não cumprir a missão constitucional” em casos de óbvio interesse nacional.

Aras foi acusado de “omissão” diante da atuação de personalidades notórias como ex-ministro Ricardo Salles e o primogênito Flavio Bolsonaro. Os procuravam fizaram acusação pior. Escreveram que o PGR “por si próprio ou por intermédio de pessoa de sua mais estrita confiança, vem, sistematicamente, deixando de praticar, ou retardando, a prática de atos funcionais para favorecer a pessoa do presidente da República ou pessoas do seu entorno”. Sua omissão na tragédia de 700 000 mortos na covid-19 também foi lembrada com pesar.

Pelo histórico, resta perguntar se o perfil de Augusto Aras se encaixa na conjuntura de um país que procura reconstruir o regime democrático. O PGR tem a prerrogativa única de investigar políticos com foro especial — a começar pelo presidente da República.

Também é o único membro do Ministério Público que pode iniciar ações penais contra senadores e deputados federais, além de ministros e, mais uma vez, o presidente da República. Resumindo: para o bem ou para o mal, o PGR é um personagem destinado a se mover no olho dos furacões — jurídicos, políticos, econômicos — que costumam explodir cotidianamente na República.

Diante de um histórico conhecido, um Presidente da República comprometido com o Estado Democrático de Direito não tem nenhum interesse em entregar tamanho poder a Augusto Aras.

Alguma dúvida?

*Paulo Moreira Leite/247

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Justiça

Aras pede inquérito contra Magno Malta por ofensas racistas a Vini Jr

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de um inquérito contra o senador Magno Malta (PL-ES) por ofensas ao jogador de futebol Vinicius Junior.

Na terça-feira (23), o parlamentar criticou a imprensa por estar “revitimizando” o atleta por Ibope e ainda cobrou associações da causa animal para que “defendam os macacos”, já que o bicho estava sendo exposto, segundo a Folha.

Aras pediu à corte autorização para apurar a gravidade das declarações do senador.

No domingo (21), Vinicius Junior foi alvo de racismo na partida entre Valencia e Real Madrid. Torcedores do Valencia começaram a gritar “mono” (“macaco” em espanhol) nos momentos em que o brasileiro esteve perto da lateral.

Um grupo formado por artistas, jogadores, ativistas, advogados, apresentadores e intelectuais como Camila Pitanga, Raí, Cléber Machado e Teresa Cristina também reagiu às declarações, como mostrou a colunista Mônica Bergamo. Eles vão acionar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado pedindo a cassação do mandato de Magno Malta.

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Justiça

Aras acabou com grupos das procuradorias que atuavam contra atos antidemocráticos

Miriam LeitãoO procurador-geral da República, Augusto Aras, em ofício de 10 de novembro, acabou com os grupos das procuradorias que atuavam no combate aos atos antidemocráticos. Criou uma comissão ligada a ele diretamente, em substituição a todos os grupos que foram criados no Brasil, inclusive da procuradoria do Distrito Federal.

No ofício, Aras criou o que chamou de “Comissão Permanente de Atuação Coordenada para a Prevenção e Resolução de Crises e Conflitos” (CPAC), com ele mesmo e pessoas ligadas a ele. E determinou que fossem revogadas todas as “eventuais portarias” que tenham criado “grupos especiais de atuação”, e disse que “a criação de tais grupos não consta do rol das atribuições dos procuradores chefes.

Esse grupo ligado a ele atuaria em caso de “crises e conflitos quando comprometa gravemente a ordem ou ameace a ordem pública”. Foi definido por um procurador federal como “mequetrefe”, porque na verdade o objetivo seria tirar das procuradorias, inclusive a do DF, o acompanhamento dos atos democráticos.

O objetivo principal de Aras, segundo fontes do Ministério Público, era acabar principalmente com o grupo da procuradoria que atuava no Distrito Federal no combate aos atos antidemocráticos.

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Braço-direito de Aras choca integrantes da PGR com fala sobre orçamento secreto

Péssima repercussão de manifestação de Lindôra Araújo dominou as rodas de conversa e os grupos de WhatsApp dos integrantes do MPF.

Segundo Malu Gaspar, O Globo, Braço-direito de Augusto Aras, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, deixou chocados integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) com a sua fala no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em que saiu em defesa do Congresso, minimizou a gravidade do orçamento secreto e desdenhou reportagens jornalísticas que revelaram desvios no uso do dinheiro público.

— O Supremo neste momento não é um palco político. Ele não deveria, como foram feitos durante as sustentações, receber apenas uma crítica ao Congresso Nacional, que fez isso. Os políticos estão lá pelo voto popular, que também deve ser respeitado, disse Lindôra em recado aos ministros da Corte.

— A ADPF (tipo de ação apresentada por quatro partidos contra o mecanismo pouco transparente de distribuição de verbas milionárias) foi para colocar transparência que não foi feita do Orçamento Secreto, mas não como palco para dizer que a pobreza é evidente. Isso aí temos há séculos.

A manifestação de cinco minutos deixou perplexos integrantes da PGR ou que ocuparam postos-chave em administrações passadas.

Após o fim da sessão plenária do STF, a péssima repercussão da fala de Lindôra dominou as rodas de conversa e os grupos de WhatsApp dos integrantes do MPF.

Em um deles, um procurador resumiu a postura de Lindôra da seguinte maneira: “Manifestação de improviso e mal elaborada, sem fundamento jurídico, com considerações vagas e genéricas”.

“Foi de se espantar mesmo: uma fala sem fundamentação jurídica”, disse à equipe da coluna um subprocurador-geral da República ouvido reservadamente.

Um segundo integrante do Ministério Público Federal (MPF) ficou particularmente incomodado com a tentativa de Lindôra Araújo de negar a gravidade dos desvios de recursos do esquema do orçamento secreto no Estado do Maranhão, que foram trazidos à tona em reportagens publicadas pela revista piauí.

Um dos casos abordados pela reportagem mostra que o município de Afonso Cunha, a 370 km de São Luís, introduziu informações falsas no sistema do SUS para conseguir mais dinheiro via orçamento secreto. Como, por exemplo, a de que teriam sido realizadas 30 mil ultrassonografias de próstata entre 2020 e 2021 – número que é quatro vezes maior que o total da população da localidade.

“Não pode uma mídia determinar… Não se sabe se o Maranhão errou de fato. Pode não ter errado. Foi falado que a mídia publicou ‘está errado’, não sabemos. Foi apenas dito”, minimizou a aliada de Aras, desconsiderando a atuação do próprio MPF.

Não só no Maranhão, mas também no Rio Grande do Norte, o próprio MPF investigou casos de desvios de verbas das emendas, o que já resultou na abertura de inquéritos e bloqueio de recursos.

Em outubro deste ano, a pedido do MPF, a Justiça Federal maranhense determinou o bloqueio de R$ 78 milhões das contas dos fundos de saúde de 20 municípios do estado.

Os procuradores investigam o esquema que envolve a utilização de dados fraudulentos no Sistema Único de Saúde (SUS) o limite para o recebimento de emendas parlamentares.

“Ou seja, há trabalho do próprio MPF, que é de conhecimento geral. Lindôra menosprezou o trabalho dos nossos colegas. Foi irresponsável”, disse um subprocurador.

Um terceiro integrante do MPF ouvido pela equipe da coluna considera que Aras e Lindôra são “uma dupla que está na contramão do avanço civilizatório da nossa democracia”.

“A regra de uma República, a sua base de formação, é a transparência, principalmente daquilo que eu mais importante para a vida em comum, o orçamento”, defende esse terceiro integrante, que já atuou na cúpula da PGR.

Também chamou a atenção, tanto dentro do MPF quanto no Supremo, a ausência do procurador-geral da República, Augusto Aras, no julgamento.

Procurada pela equipe da coluna na noite desta quarta-feira, a PGR não esclareceu o motivo da ausência de Aras, nem o que ele fazia no horário do julgamento, nem respondeu se Lindôra queria se defender das críticas.

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Investigação

Em carta ao Papa Francisco, Lula cita ‘urgência’ no combate à fome

Sobre as eleições, Lula afirmou que “a batalha ainda está longe de terminar”, e citou ameaças golpistas de Bolsonaro num eventual segundo turno.

O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou nesta terça-feira (20) uma carta ao papa Francisco. Na mensagem ao líder da Igreja Católica, Lula destacou seu comprometimento com “medidas urgentes” para combater a fome no Brasil.

De acordo com a Folha de S. Paulo, o documento será entregue pelo vereador Eduardo Suplicy. O vereador integra uma delegação de jovens brasileiros que terá um encontro com o papa, na cidade de Assis.

Sobre as eleições, apesar de todas as pesquisas apontarem o seu favoritismo na disputa pelo Palácio do Planalto, Lula escreveu ao papa que “a batalha ainda está longe de terminar”. “Temos todos os riscos de um eventual segundo turno e depois a necessidade, em caso de vitória, de assegurar nossa posse”, afirmou o ex-presidente. Além disso, Lula mencionou ao religioso o seu candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin, que é católico praticante.
Histórico de correspondências

Em abril de 2019, quando foi mantido preso político pela Lava Jato, em Curitiba, Lula também escreveu a Francisco. Na ocasião, ele agradeceu a contribuição do pontífice na defesa dos diretos dos mais pobres. E citou as “dores e privações” da prisão injusta. “O amor ao meu povo e minha fé me animam, mesmo que às vezes as provações, como a morte de minha esposa, de meu irmão e do meu neto Arthur, de apenas 7 anos, me façam duvidar de tudo”, escreveu o petista.

No mês depois, Lula recebeu resposta de Francisco. “Tendo presente as duras provas que o senhor viveu ultimamente, especialmente a perda de alguns entes queridos – sua esposa Marisa Letícia, seu irmão Genival Inácio, e mais recentemente, seu neto Arthur – quero lhe manifestar minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”.

Posteriormente, em fevereiro de 2020, em sua primeira viagem internacional após a sua liberdade, Lula foi ao Vaticano visitar o papa Francisco. Lá, agradeceu à solidariedade recebida durante a prisão, e mais uma vez enalteceu o compromisso do papa pela dedicação ao “povo oprimido”. No encontro, Lula ainda tratou da experiência brasileira no combate à miséria e sugeriu ao papa desencadear um movimento global de combate à fome. Esses planos, no entanto, foram adiados, em função do agravamento da pandemia de covid-19.

*Com Rede Brasil Atual

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Justiça

Randolfe pede ao STF cópias das mensagens entre Aras e empresários bolsonaristas

Jota – O senador Randolfe Rodrigues (REDE) solicitou nesta terça-feira (23/8) uma cópia das mensagens entre o procurador-geral da República Augusto Aras e empresários bolsonaristas que foram alvo mais cedo de mandados de busca e apreensão. A informação foi adiantada pelos jornalistas Guilherme Amado e
Paulo Cappelli, do Portal Metrópoles, e confirmada pelo JOTA com o próprio senador.

“Estou peticionando neste momento e pedindo acesso às mensagens, para ser compartilhada com o Senado e orientar eventual pedido de impeachment do procurador-geral da República”, afirmou. Leia aqui a petição, assinada também pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES).

Conforme o JOTA noticiou com exclusividade mais cedo, nos celulares apreendidos pela Polícia Federal com empresários bolsonaristas há troca de mensagens com Augusto Aras. A informação foi confirmada por fontes da PF, do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).

A notícia de que esses empresários trocavam mensagens com Aras traz constrangimento para ele, que também é o procurador-geral eleitoral. Ainda segundo fontes do MPF, PF e STF, nas mensagens haveria críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes e também comentários sobre a candidatura Bolsonaro. As mensagens ainda são mantidas sob sigilo, mas já viraram tema de conversas entre ministros do STF.

A PF cumpriu nesta terça oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga atos antidemocráticos, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. A operação se deu contra empresários que participavam de um grupo de mensagens por aplicativo em que foi feita uma defesa de um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.

Momentos depois, a PGR se queixou de que Moraes só comunicou a operação depois de iniciada. Posteriormente, Moraes divulgou prints das certidões em que uma assessora da PGR e do gabinete da vice-procuradora-geral da República dão ciência da decisão que autorizava a operação e que receberam uma cópia.

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