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Justiça

Militares temem desgaste com levantamento de sigilo sobre cloroquina e Pazuello

Generais ouvidos pela coluna avaliam que divulgação de informações incômodas para as Forças Armadas pode tensionar ambiente neste início de governo.

Segundo Malu Gaspar, O Globo, a sinalização do governo Lula de rever o sigilo sobre a compra de cloroquina pelo Exército e o processo disciplinar contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello vem preocupando as Forças Armadas, que temem as consequências da divulgação de informações com alto potencial de desgastar não só a imagem do governo Bolsonaro, mas a dos próprios militares.

Na última terça-feira, o novo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho, anunciou que já constituiu um grupo de trabalho para analisar a revisão dos casos de sigilos de 100 anos impostos pelo governo Bolsonaro, uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na ocasião, Carvalho acusou o governo Bolsonaro de fazer uso “indiscriminado e indevido” dos sigilos sob o “falso pretexto da segurança nacional”, fragilizando os órgãos de fiscalização para atender a interesses pessoais.

“Não é só o governo Bolsonaro que tem sigilo”, disse à equipe da coluna um ex-ministro da Defesa, temendo o tensionamento das relações entre a caserna e o recém-inaugurado governo Lula.

É a mesma avaliação de um outro general ouvido pela coluna, que considera o levantamento do sigilo envolvendo a compra de cloroquina e o processo disciplinar de Pazuello um “erro” neste momento, em que Lula ainda tenta dissipar o clima de desconfiança entre os militares com o seu retorno ao Planalto.

Além disso, o novo governo ainda é confrontado com dezenas de manifestantes que insistem em protestar na frente de quartéis contra o resultado das eleições, levantando acusações infundadas de fraude.

“Começar um período de governo olhando o Brasil pelo retrovisor, quando há tantos desafios pela frente, é amadorismo ou vingança. Mais adiante, se julgarem necessário, poderiam rever esses temas”, disse esse segundo general.

Ao Supremo Tribunal Federal (STF), o Comando do Exército alegou que a decisão de colocar em sigilo de 100 anos o processo administrativo envolvendo a participação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em uma manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro é um “assunto interno”.

A manifestação do Exército foi enviada ao Supremo após PT, PCdoB, PSOL e PDT entrarem com uma ação no STF para derrubar o sigilo centenário sobre o processo de Pazuello.

Apesar de o regulamento interno da Força vedar a participação de militares em manifestações políticas, Pazuello não foi punido.

“Não existe absolutamente interesse público patente a motivar acesso às informações extraídas de referido processo administrativo disciplinar, o qual regulam unicamente uma relação personalíssima entre um militar e seu comandante, em que se analisa se o subordinado transgrediu ou não uma norma castrense”, alegou o Exército em junho de 2021.

O novo ministro-chefe da CGU já avisou que o novo governo pretende adotar a transparência como “regra” e o sigilo como “exceção”. Conforme mostrou O GLOBO, a decisão do Exército de decretar o sigilo centenário ignora entendimentos já firmados pela CGU, que já definiu que apuração disciplinar encerrada é de acesso público — tanto para militares quanto para civis.

Durante a transição, oficiais das Forças Armadas enviaram a emissários de Lula uma série de conselhos e dicas sobre como o presidente eleito poderia se aproximar dos militares e tentar desconstruir o legado bolsonarista.

Embora a relação seja de desconfiança mútua e até de hostilidade em alguns segmentos, a indicação do ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio para chefiar o Ministério da Defesa agradou a caserna e deu a Lula algum crédito.

Antes da eleição, o petista já tinha enviado aos militares um sinal de que não mexeria nas regras aprovadas pelo Congresso em 2019 para a aposentadoria dos militares, conforme informou a coluna em outubro.

Outras questões surgiram nas conversas, como a de que os petistas não promovam e nem defendam qualquer alteração no Estatuto dos Militares, em vigor desde 1980.

A mensagem é clara: os militares não querem intromissões do novo governo em assuntos considerados de natureza interna. Pelo visto, os militares e uma ala do governo Lula discordam da extensão do escopo “natureza interna” quando se trata de manter sob sigilo informações de interesse público.

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Política

Bolsonaro avalia indicar médico pró-cloroquina à Anvisa

O presidente Jair Bolsonaro (PL) já estuda nomes para o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ficará vago em julho. Em meio aos embates com o atual chefe do órgão, o contra-almirante Antonio Barra Torres, Bolsonaro quer agora indicar alguém com perfil alinhado ao governo e favorável às bandeiras negacionistas. As informações são da Folha de S.Paulo.

O nome de Hélio Angotti, médico pró-cloroquina que comanda atualmente a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, é um dos cotados para a vaga. Integrantes do governo ouvidos ela Folha afirmam que a proposta agradou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que deseja afastar Angotti da pasta, sem entrar em atritos com o médico.

Angotti, que é seguidor do escritor Olavo de Carvalho, é um dos líderes do núcleo pró-cloroquina do Ministério da Saúde, também integrado pela secretária Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”.

A indicação do presidente precisa ser aprovada pelo Senado. No entanto, integrantes dos partidos do Centrão dizem que as chances de Angotti chegar à Anvisa são pequenas.

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Política

Bolsonaro manda Ministério da Saúde redigir nota “técnica” que cloroquina é segura, mas vacinas não

Nota “técnica” publicada nesta sexta-feira (21) pelo Ministério da Saúde de Bolsonaro contraria a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade científica. A nota afirma que vacinas não têm demonstração de segurança, mas a hidroxicloroquina, segundo o governo genocida, é classificada como segura.

O que precisa ser investigado é o que motivou Bolsonaro a voltar a carga contra as vacinas e receitar kit cloroquina.

As diretrizes da Conitec, aprovadas em maio e dezembro do ano passado, eram de não usar remédios como a cloroquina, a azitromicina, a ivermectina e outros medicamentos sem eficácia para tratar a doença, tanto em ambulatórios (casos leves) como em hospitais, quando o paciente está internado.

Isso é um crime contra a população brasileira que tem que ser freado e Bolsonaro punido pela justiça.

De que adianta o Procurador Geral da República? Ele foi e está sendo cúmplice de um verdadeiro atentado contra a saúde pública. Na verdade, Augusto Aras está deitado eternamente em berço esplêndido.

Em qualquer lugar do mundo isso seria considerado crime contra a humanidade.

O STF tem que responder: será mais um crime do governo impune?

Bastaria prender o Queiroga que, em dois minutos, o monstro declinaria de atacar a saúde pública para atender seus interesses escusos.

Serviu pra quê a CPI?

Veja a nota:

Tabela encontrada em nota técnica publicada pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (21). — Foto: Reprodução

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Política

Produtos com a imagem de Bolsonaro encalham; é derretimento que chama

Caneca de Bolsonaro e cloroquina vende poucas unidades no ecommerce
Novos modelos do produto vendem só algumas dezenas de peças, informa a Folha.

A oferta de produtos ilustrados com a imagem de Bolsonaro em sites de ecommerce está com baixa procura.

No Mercado Livre, um modelo de canecas temáticas com desenho da figura do presidente e sua cloroquina teve apenas 11 compradores até esta sexta-feira para um estoque de 1.000 unidades. Um exemplar parecido, ofertado por outro vendedor no marketplace, teve 44 canecas compradas de um estoque de 110 peças.

O produto leva uma imagem estampada com a frase “Venda sob prescrição do Mito”, como Bolsonaro é conhecido por seus apoiadores. Na ilustração, o presidente aparece com traços de personagens do Simpsons fazendo mão de arminha, gesto característico do mandatário.

Outra caneca semelhante, mas com a caixa da ivermectina, vermífugo indicado para sarna e piolho, teve 32 unidades vendidas no Mercado Livre até agora, também de um estoque de 1.000. No marketplace da Shopee, foram 10 compradores.

As opções de produtos com as estampas dos dois medicamentos não param por aí. Na internet, também é possível encontrar itens como mouse pad, lixeira para carro e porta-cartão.

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Vídeo: Não satisfeito com a morte de mais de 620 mil brasileiros, Bolsonaro dobra a aposta na assassina Cloroquina

É hoje que Augusto Nunes, Ana Paula do Vôlei e Guilherme Fiuza vão se refestelar na cloroquina. Não porque eles acham que a cloroquina seja benéfica na cura da covid, mas porque eles são muito bem pagos com dinheiro público, via Secom que faz transfusão para a Jovem Pan e, de lá, direto para as contas dos picaretas, assim como Alexandre Garcia e outras figuras que vivem do tutu saído dos cofres públicos. Essas figuras são encarregadas de compartilhar todas as zombarias de Bolsonaro que culminam sempre na morte de brasileiros.

Essa turma faz isso com a mão no peito cantando o hino nacional, e a outra mão na botica, porque ninguém é de ferro.

Pois bem, o maldito Bolsonaro, que não tem um discurso que não seja falsificado, voltou à histérica campanha pela cloroquina, certamente, com os aplausos do PGR, Augusto Aras.

Para quem tem o torturador Ustra como herói absoluto, Bolsonaro só não tem coerência com o seu intestino e, agora, viu na cepa ômicron a possibilidade de requentar seu lobby para a venda da cloroquina, o que, na verdade, nunca saiu do seu forno, esperando a oportunidade de colocá-la novamente na vitrine para dar lucros sabe-se Deus lá pra quem, além dos fabricantes.

A ômicron está num grau avançado de ebulição no mundo e já acendeu todas as luzes vermelhas e provoca uma agitação no planeta, mas Bolsonaro faz uma live solene mentindo mais uma vez que uma tal universidade, que ele não sabe o nome, constatou que as únicas coisas que podem frear a nova cepa ou rivalizar com ela, é a cloroquina ou charanga da imunidade de rebanho.

Lógico que o gado do seu ranchinho, cada vez menor, que vive de uma raiva cega e surda, enxerga nisso tudo uma palavra mágica que tudo explica e tudo cura.

Para quem vê o governo de Bolsonaro como um paraíso sem conseguir mostrar um feito dessa bactéria que está na presidência da República há três anos, as palmas caducas e cada vez mais ralas, estão garantidas. Aliás, muitos que estão enfiados numa toca, agora vão colocar a cabecinha de fora para defender mais essa mórbida receita do genocida.

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Bolsonaro cancela homenagem a pesquisador que é contra cloroquina para covid

Bolsonaro cancelou a homenagem que havia concedido a dois cientistas críticos da condução do combate à pandemia de covid-19 feitos pelo governo federal.

Em edição extra do Diário Oficial publicada hoje, Bolsonaro tornou sem efeito o decreto que concedia a Ordem Nacional do Mérito Científico a Adele Schwartz Benzaken, que é diretora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, e a Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, pesquisador da Fundação de Medicina Tropical “Doutor Heitor Vieira Dourado”.

Marcus Vinícius liderou um estudo conduzido no Amazonas que concluiu que a cloroquina não deve ser usada no tratamento da covid-19. O medicamento comprovadamente ineficaz contra a doença é frequentemente defendido por Bolsonaro e seus apoiadores.

O decreto que concede a Ordem Nacional do Mérito Científico a 32 personalidades foi assinado na última quarta-feira (3) e publicado no Diário Oficial ontem. Hoje, Bolsonaro voltou atrás em relação ao nome dos dois pesquisadores.

A honraria foi criada em 1993 pelo então presidente Itamar Franco com o objetivo reconhecer “personalidades nacionais e estrangeiras que, por relevantes contribuições prestadas à ciência e à tecnologia, tenham-se tornado merecedoras de distinção”.

*Com informações do Uol

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Vídeo: Senador da CPI trabalhou com ‘gabinete paralelo’ para popularizar cloroquina

O senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo e membro da CPI da Covid, trabalhou com o gabinete paralelo que orientou o uso de medicamentos e políticas públicas inúteis contra a covid-19. Em uma longa reunião privada, classificada pelo empresário Carlos Wizard como um “encontro nacional” com médicos de “27 estados”, o senador foi apresentado como o “padrinho político” da iniciativa.

Uma gravação do encontro foi entregue agora ao Intercept por uma fonte que pediu para se manter anônima por medo de represálias. O material, com confissões até então inéditas, não faz parte dos documentos recolhidos pela CPI. Para preservar a identidade da fonte, o Intercept optou por não publicar a íntegra do vídeo, mas apenas trechos dele.

Numa fala de quase dez minutos, do Val afirmou que trabalhava para convencer autoridades para que adotassem o chamado kit covid, assim como para organizar a distribuição de fármacos comprovadamente ineficazes contra o novo coronavírus. O senador mencionou tratativas dele com as Forças Armadas, governadores, prefeitos, o Ministério Público e a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A reunião ocorreu em 28 de junho de 2020.

“Estou aqui não só como padrinho, mas como ponta de lança para entrar onde vocês vão ter dificuldade”, disse o senador no encontro. “Até peço: não entre na seara política, que é muito complicada. Pode contar comigo que vou estar na neutralidade, não quero e não vou fazer publicidade disso. Para mim, fazer publicidade disso é um crime”.

A confissão do senador – que meses depois mentiu a respeito, como mostram notas taquigráficas de sessão da CPI – foi feita em uma reunião fechada de duas horas do grupo, que se autodenomina “conselho científico independente”.

No mesmo encontro virtual, o médico Emmanuel Fortes, que é um dos vice-presidentes do Conselho Federal de Medicina, o CFM, e membro ativo do gabinete paralelo, confirma que a entidade trabalhou alinhada aos defensores do tratamento precoce para dar garantias a quem prescrevesse a medicação inútil a pacientes de covid-19.

Além disso, o vídeo confirma o papel central de Wizard no gabinete paralelo montado por Jair Bolsonaro para aconselhá-lo no combate à covid-19. Ao longo de mais de duas horas, é ele quem preside a reunião, distribui tarefas e faz pedidos aos médicos que participam do encontro virtual.

A mentira do senador

Marcos do Val jamais revelou detalhes de sua atuação junto aos médicos, apesar do grupo ser um dos focos centrais da investigação de que ele mesmo faz parte. Pior: durante o depoimento de Wizard à CPI, em 30 de junho passado, do Val apenas disse que foi convidado para uma live com Wizard e que nunca lhe pediram nada.

“Não me foi pedido nada, apoio de nada, absolutamente nada. Então, eu queria deixar claro isto pra sociedade, pra todos que estão assistindo: como eu acabei te conhecendo, como eu acabei conhecendo a equipe de médicos e cientistas”, disse, na CPI.

O encontro secreto mostra outra fotografia. Um ano antes do depoimento prestado por Carlos Wizard, do Val disse que tinha proximidade com o empresário, com o presidente Jair Bolsonaro, e se cacifou como representante dos médicos que buscavam promover um medicamento sem eficácia contra o coronavírus.

O parlamentar revelou que por seus esforços conseguiu “fazer com que as Forças Armadas disponibilizassem oficialmente o Exército aqui no meu estado para armazenar a medicação e fazer a distribuição”. “Consegui recursos com o Ministério da Saúde para compra de mais de 200 mil kits para o meu estado, são 4 milhões de moradores”, orgulhou-se.

Adiante, ele repetiu a afirmação: “A gente está conseguindo fazer o movimento mesmo com o governador [do Espírito Santo, Renato Casagrande, do PSB] ter sido contrário, do secretário de Saúde ser extremamente contrário a isso. Consegui [empurrar a distribuição da cloroquina] via Ministério Público, via CRM”, falou, referindo-se ao Conselho Regional de Medicina capixaba.

*Íntegra da reportagem: Intercept Brasil

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Bolsonaro arma ciranda de mentiras para limpar a própria barra

Presidente bateu recorde com invencionices sobre vacina, mortes, cloroquina e eleições.

Jair Bolsonaro bateu mais um recorde pessoal. Em 19 minutos de pregação num culto religioso, ele despejou informações falsas sobre a segurança das eleições, os efeitos da cloroquina, a eficácia de vacinas e o número de vítimas da Covid-19. O presidente armou uma ciranda de mentiras para limpar a própria barra, escapar de punições e se reeleger.

A prioridade de Bolsonaro é fraudar a história da pandemia. No início da semana, ele foi ao cercadinho do Palácio da Alvorada e disse que metade das mortes por Covid-19 registradas no país não foram provocadas pela doença. Para lustrar a balela, o presidente disse que a conclusão era do Tribunal de Contas da União.

O episódio é um retrato acabado da máquina bolsonarista de invencionices. O TCU disse que nunca havia feito aquela constatação. Logo depois, soube-se que a tese malfeita havia sido incluída por um auditor no sistema do tribunal horas antes da declaração do presidente. O tal funcionário seria filho de um militar que é amigo de Bolsonaro.

Como a mentira é sua principal arma política, o presidente até admitiu o erro, mas continuou espalhando a lorota. Na cerimônia evangélica de quarta-feira (9), ele disse que as “possíveis fraudes” fazem com que o Brasil seja o país “com menor número de mortos por milhão de habitantes por causa da Covid”. E atribuiu o milagre, é claro, à cloroquina.

Pela lógica de Bolsonaro, os brasileiros sufocados sem oxigênio em Manaus estão vivos ou morreram de outras doenças. E os médicos que emitiram laudos de centenas de milhares de mortes por Covid-19 são farsantes. Ele ainda investiu mais uma vez no aumento desses números ao inventar que as vacinas não têm comprovação científica.

Bolsonaro ainda ressuscitou a acusação vazia de fraude na eleição de 2018 e repetiu a versão fantasiosa de que foi eleito no primeiro turno. Disse ter “provas materiais disso”, mas não explicou por que nunca apresentou um farelo dessa evidência. O presidente dobrará a aposta na mentira enquanto permanecer impune.​

*Bruno Boghossian/Folha

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Cloroquina tem Bolsonaro como maior influenciador do mundo

Postagens do presidente brasileiro no Facebook sobre droga sem eficácia para tratar a covid-19 geraram 11 milhões de interações e 1,7 milhão de compartilhamentos.

Estadão – O presidente Jair Bolsonaro é o maior influenciador digital da cloroquina no Facebook. Em todo o mundo, nenhum usuário da plataforma provocou tanto engajamento ao citar o remédio – o resultado foi uma onda de desinformação sobre seu uso no tratamento de covid-19. As postagens que ele publicou sobre o assunto geraram 11 milhões de interações e 1,7 milhão de compartilhamentos na rede social.

Do início da pandemia, em março de 2020, até o final de maio de 2021, considerando os 100 textos no Facebook com mais interações sobre cloroquina, em português e outras línguas, o presidente foi o autor de 42 – ou seja, quatro em cada dez.

O medicamento, cuja bula indica utilização contra malária e doenças autoimunes, se transformou em símbolo da desinformação sobre a pandemia no Brasil por ter sido apresentado por Bolsonaro como elemento principal do que chamou de “tratamento precoce” – suposta cura contra a covid-19. Estudos rigorosos, porém, não demonstraram eficácia contra os efeitos do coronavírus, e alguns indicaram risco de efeitos adversos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda “fortemente” que não seja utilizada contra covid-19. Os alertas da ciência foram ignorados ou contestados por Bolsonaro, que, ao propagandear uma falsa cura, desprezar medidas de isolamento social e apostar na chamada “imunidade de rebanho”, criou no país um ambiente propício ao aumento de contágios e de mortes.

No ranking global de engajamento sobre a cloroquina, Bolsonaro ficou à frente do ex-presidente americano Donald Trump (1,1 milhão de interações) e até da OMS (491 mil), segundo análise feita com a ferramenta CrowdTangle, que permite dimensionar o envolvimento dos usuários da plataforma com determinados conteúdos. A análise revela ainda que as mensagens de Bolsonaro que promoveram o chamado tratamento precoce foram bem recebidas por seu público: menos de 1% das reações foram negativas.

Diferentemente do que ocorre na maioria dos demais países, a desinformação sobre a pandemia ganhou no Brasil um caráter institucional. Nos últimos 15 meses, além do presidente, outras autoridades e aliados políticos do governo utilizaram redes sociais e a estrutura oficial de comunicação para boicotar sistematicamente orientações de especialistas sobre distanciamento social, medicamentos, uso de máscaras e até mesmo a importância das vacinas. Nesse contexto, o Brasil acabou entre os dez países do mundo com maior mortalidade per capita por covid-19.

Corrente. As páginas de parlamentares brasileiros no Facebook publicaram quase 4,5 mil textos com os termos “cloroquina” e “hidroxicloroquina” (um derivado da droga) desde março de 2020, gerando nada menos que 43 milhões de interações. O predomínio dos bolsonaristas nesse debate foi avassalador. Entre os 100 posts mais populares da lista, apenas um era de um integrante da oposição e três de um deputado independente; os outros 96 provinham de governistas. Encabeçam o ranking a deputada federal Carla Zambelli (3,6 milhões de interações) e Eduardo e Flávio Bolsonaro (850 mil e 379 mil), filhos do presidente.

Bolsonaro foi também um dos políticos que geraram mais engajamento ao fazer postagens sobre outros medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19: ivermectina (157 mil interações); azitromicina (750 mil) e nitazoxanida (231 mil).

A primeira postagem que o presidente fez sobre a cloroquina foi em 26 de março de 2020, quando anunciou a eliminação do imposto de importação do medicamento. A mensagem que obteve o maior alcance no Facebook foi publicada quando ele próprio estava com covid-19, em julho de 2020. Na ocasião, ele escreveu: “Aos que torcem contra a hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso e, com a graça de Deus, viverei ainda por muito tempo”. Foram 101 mil compartilhamentos. A maioria dos afetados por covid-19 se recupera, tomando ou não medicamentos inócuos. Estima-se que a letalidade seja próxima de 2% do total de infectados.

Promoção. Bolsonaro fez propaganda da droga em diversas ocasiões. Recentemente, disse ter retomado o consumo de cloroquina, “antes mesmo de procurar o médico”. “Olha só o exemplo que estou dando: tomei aquele remédio porque estava com sintoma”, afirmou, em uma transmissão de vídeo pelo Facebook. “Tomei, fiz exame, não estava (doente). Mas, por precaução, tomei.”

Apesar de ter se referido claramente à cloroquina, o presidente não disse o nome da droga. Isso se deve ao fato de o Facebook, no início de abril, ter apagado um vídeo em que Bolsonaro espalhou falsidades sobre a cloroquina – segundo a rede social, o conteúdo violou as normas da plataforma. “Não vou falar o nome para não cair a live. Aquele negócio que o pessoal usa para combater malária, usei lá atrás e no dia seguinte estava bom.”

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga a resposta federal à pandemia está reunindo indícios sobre a existência de um “gabinete paralelo” que assessorou Bolsonaro durante a pandemia, formado por entusiastas da cloroquina e da tese da imunidade de rebanho.

A análise sobre o impacto de Bolsonaro no cenário de desinformação da pandemia foi feita pelo Estadão Verifica em conjunto com a LatamChequea, coalizão de agências de checagens de fatos da América Latina.

*Estadão

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Nise Yamaguchi entrega personagem central da trama da cloroquina

Depoente desta terça-feira na CPI da Covid, a médica Nise Yamaguchi trouxe elementos que jogam luzes sobre um personagem central na trama da cloroquina: o tenente-médico Luciano Dias Azevedo, que tentou empurrar o remédio ineficaz contra a covid-19 à toda a população brasileira, por meio da rede pública de saúde. “Oi Luciano este decreto não pode ser feito assim, porque não é assim que regulamenta a pesquisa clínica. Tem normas próprias. Exporia muito o Presidente”, disse Nise Yamaguchi, no documento levado à CPI. Luciano foi o autor da minuta do decreto que mudaria a bula da cloroquina.

Por Ricardo Brito (Reuters) – A médica Nise Yamaguchi apresentou nesta terça-feira à CPI da Covid do Senado a minuta de um decreto discutido pelo governo que permitiria o uso em toda a rede pública da cloroquina e outras medicações sem eficácia comprovada contra a Covid-19, segundo cópia do documento entregue por ela à CPI e visto pela Reuters.

No documento que teve sua autenticidade reconhecida em um Cartório de Notas, Nise reproduz toda a minuta e faz um alerta sobre a sua eventual divulgação, que poderia comprometer o presidente Jair Bolsonaro.

“Oi Luciano este decreto não pode ser feito assim, porque não é assim que regulamenta a pesquisa clínica. Tem normas próprias. Exporia muito o Presidente”, alertou.

A discussão sobre a confecção pelo governo de um decreto que poderia liberar um uso em massa da cloroquina e outras medicações sem eficácia comprovada contra Covid-19 foi revelada em depoimentos anteriores na CPI, como do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

Na minuta de decreto entregue à CPI, consta que a “adesão ao tratamento medicamentoso ora em estudo da Covid” deverá ser acordado entre médico e paciente, sendo que este último deveria assinar um termo de livre consentimento.

No depoimento à CPI, Nise continuou a defender o uso da cloroquina e outras medicações do chamado tratamento precoce. No entanto, a médica negou que tenha havido uma minuta de decreto para mudar a bula da cloroquina para incluir o medicamento no tratamento contra a doença.

Ela também negou ter feito parte de um gabinete paralelo que tomaria decisões sobre o enfrentamento da pandemia à revelia de orientações dadas pelo Ministério da Saúde, mas admitiu ter atuado como uma espécie de “consultora eventual” do governo.

A médica chegou a receber diárias do governo por esse último trabalho e, na documentação que entregou à CPI, fez uma devolução de 224,20 reais em diárias que disse ter recebido a mais para desempenhar o seu trabalho.

*Com informações do 247/Reuters

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