Categorias
Brasil

Brasil compõe seleto grupo de 5 países que pode sair vencedor do “tarifaço”

O Brasil, como importador líquido de mercadorias dos Estados Unidos, exemplifica a maneira como alguns países podem tirar proveito da guerra tarifária

Reuters – Dias após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas que chocaram vários parceiros comerciais e os mercados globais, alguns países estão surgindo como possíveis vencedores, embora o risco de uma recessão induzida limite os ganhos.

Com aliados de longa data e parceiros comerciais próximos dos EUA, incluindo a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul, entre os mais atingidos – com tarifas de 20% ou mais – rivais que vão do Brasil à Índia e da Turquia ao Quênia veem uma luz no fim do túnel.

O Brasil está entre as economias que escaparam com a menor tarifa “recíproca” dos EUA, de 10%. Além disso, o país pode se beneficiar das tarifas retaliatórias da China, que provavelmente atingirão os exportadores agrícolas dos EUA.

As mais recentes tarifas dos EUA entrarão em vigor em 9 de abril.

O Brasil, como importador líquido de mercadorias dos Estados Unidos, exemplifica a maneira como alguns países podem tirar proveito da guerra comercial que Trump está travando principalmente contra a China e outros grandes exportadores que têm superávits comerciais com os EUA.

Dias após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas que chocaram vários parceiros comerciais e os mercados globais, alguns países estão surgindo como possíveis vencedores, embora o risco de uma recessão induzida limite os ganhos.

Com aliados de longa data e parceiros comerciais próximos dos EUA, incluindo a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul, entre os mais atingidos – com tarifas de 20% ou mais – rivais que vão do Brasil à Índia e da Turquia ao Quênia veem uma luz no fim do túnel.

Marrocos, Egito, Turquia e Singapura, todos com déficits comerciais com os EUA, podem encontrar uma oportunidade nas dificuldades de países como Bangladesh e Vietnã, que têm grandes superávits e foram duramente atingidos por Trump.

Enquanto os dois últimos estão enfrentando tarifas esperadas de 37% e 46%, respectivamente, os outros, como o Brasil e a maioria de seus vizinhos, terão tarifas de 10% cada – mais como um tapinha na mão na nova ordem mundial de Trump.

“Os EUA não impuseram tarifas apenas ao Egito”, disse Magdy Tolba, presidente da joint venture egípcio-turca T&C Garments. “Eles impuseram tarifas muito mais altas a outros países. Isso dá ao Egito uma excelente oportunidade de crescimento.”

Categorias
Mundo

Guerra comercial: Trump ameaça impor tarifa adicional de 50% contra China

Afirmação foi feita em rede social que pertence ao presidente dos EUA

O presidente Donald Trump afirmou nesta segunda-feira (7) impor tarifa adicional de

50% contra a China a partir de quarta-feira (9). A medida entra em vigor caso Pequim não revogue a tarifa de 34% estabelecida em retaliação aos Estados Unidos.

O que disse Trump?
A publicação foi feita no Truth Social, que pertence ao presidente estadunidense, em meio aos derretimentos das bolsas de valores e variações do câmbio pelo mundo devido a nova política alfandegária.

O republicano afirmou que não haverá mais negociações entre os EUA e a China. Entretanto, “as negociações com outros países, que também solicitaram reuniões, começarão a ocorrer imediatamente”.

No post, ele reafirmou que qualquer medida de retaliação aos EUA será igualmente confrontado com novos impostos adicionais. Ou seja, países que taxarem os EUA acima das novas taxas alfandegárias anunciadas por Trump na quarta-feira (2), serão punidos com mais taxas.

A China havia anunciado tarifa de 34% em retaliação a nova política alfandegária anunciada pelo presidente estadunidense.

A retaliação da China
A China anunciou nesta sexta-feira (4) que vai impor tarifas de 34% sobre os produtos dos Estados Unidos (EUA) a partir do dia 10 abril, mesmo patamar das taxas impostas nesta semana pelo presidente Donald Trump às importações chinesas.

O governo chinês anunciou restrições para exportação de minerais raros, conhecidos como terras raras, e proibiu a exportação de itens de “dupla utilização”, civil e militar, para 16 empresas estadunidenses, medidas vistas também como retaliação ao tarifaço de Trump.

O anúncio chinês ocorreu dois dias após os Estados Unidos imporem tarifas de 34% sobre todas as importações chinesas, agravando a guerra comercial iniciada pelo país norte-americano.

Após anunciar a taxação de 34%, a Comissão Tarifária do Conselho de Estado da China pediu ainda que os EUA “cancelassem imediatamente suas medidas tarifárias unilaterais e resolvessem as diferenças comerciais por meio de consultas de maneira igualitária, respeitosa e mutuamente benéfica”.

O governo chinês argumentou que a prática dos EUA não estava de acordo com as regras do comércio internacional e prejudicou os interesses da China.

“Foi uma prática típica de intimidação unilateral que não apenas prejudicou os próprios interesses dos EUA, mas também colocou em risco o desenvolvimento econômico global e a estabilidade da cadeia de produção e fornecimento”, acrescentou.

Categorias
Mundo

China sobre as tarifas de Trump: ‘Não provocamos problemas, mas também não temos medo’

Governo chinês reage duramente às novas sanções comerciais de Donald Trump e acusa Washington de violar regras da OMC e prejudicar a economia global.

A China voltou a criticar com veemência as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Em comunicado divulgado neste sábado (5), e repercutido pela agência Sputnik Brasil, o governo chinês afirmou que “não provocamos problemas, mas também não temos medo deles” e alertou que continuará a tomar “medidas decisivas” para proteger seus interesses soberanos e econômicos.

A reação ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar na última quarta-feira (2) a aplicação de novas tarifas sobre importações de uma ampla lista de países, incluindo a China. As alíquotas mínimas são de 10%, mas os percentuais variam conforme o déficit comercial dos EUA com cada país. Para a China, o novo pacote estabelece tarifas de 34%, que somadas aos 20% impostos em março por suposta negligência de Pequim no controle do tráfico de fentanil, elevam a carga total a 54%.

“O governo chinês condena e se opõe veementemente a isso”, diz o comunicado oficial de Pequim, que também acusa os Estados Unidos de violar seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), de prejudicar o sistema multilateral baseado em normas e de afetar a estabilidade econômica global. “Pressão e ameaças são a maneira errada de lidar com a China”, reforça a nota.

O governo chinês também exortou Washington a abandonar o uso de tarifas como “arma para derrubar a economia e o comércio da China” e a respeitar o “direito legítimo do povo chinês ao desenvolvimento”.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também se manifestou sobre o tema em entrevista à Sputnik. Segundo ele, o aumento das tarifas americanas “não tem fundamento” e não ajudará a Casa Branca a solucionar seus desafios econômicos internos. “Isso causará sérios danos não apenas ao mercado global e à ordem comercial, mas também à reputação dos próprios Estados Unidos”, advertiu Wang.

As crescentes tensões comerciais entre Washington e Pequim reacendem os temores de uma nova escalada protecionista com impacto direto sobre o comércio internacional e a economia global. Economistas alertam que as medidas podem agravar desequilíbrios financeiros e aumentar os riscos de recessão em várias regiões do mundo.

A resposta firme da China sugere que o segundo mandato de Donald Trump à frente da Casa Branca, iniciado em 2025, manterá o tom confrontacional com a potência asiática, especialmente em questões comerciais e geopolíticas. A disputa tarifária tende, assim, a se tornar um dos principais focos de instabilidade econômica nos próximos meses, diz o 247.

Categorias
Mundo

Como a Escola das Américas dos EUA ensinou militares sul-americanos a combaterem suas próprias populações

Formar militares para um treinamento de guerra. Foi assim que a Escola das Américas dos Estados Unidos preparou diversos integrantes das Forças Armadas de diferentes países latino-americanos durante o século 20. O objetivo de interferir na política da América do Sul foi conquistado e esse modelo de formação militar deixou um legado devastador para o continente.

A escola foi fundada em 1946 no Panamá. O objetivo do Pentágono era treinar militares estadunidenses que estavam no Caribe. Ano após ano, no entanto, a escola foi crescendo e passou a receber centenas de militares de todos os países da região depois da criação da OEA (Organização dos Estados Americanos). Em 1984, a escola muda para os EUA como parte dos acordos assinados para a cessão do Canal do Panamá.

Conhecida por promover técnicas de tortura e uma formação para a guerra interna nos países, a Escola das Américas ficou marcada por treinar militares para confrontos contra grupos que eram chamados de “insurgentes”, ou seja, a esquerda.

Ao longo de todo esse período, mais de 66 mil estudantes passaram pela Escola das Américas. Alguns deles se tornaram ditadores como Leopoldo Galtieri e Roberto Viola na Argentina e Juan Velasco Alvarado no Peru. Integrantes do “esquadrão da morte” que mataram 6 jesuítas em El Salvador também passaram pela unidade de ensino. O grupo Tortura Nunca Mais indica que 21 soldados e oficiais brasileiros que foram acusados de torturar durante a Ditadura Militar no Brasil estudaram na unidade estadunidense.

Para o Exército brasileiro, a influência da Escola das Américas também foi fundamental para a reorientação de correntes políticas. Até a Segunda Guerra Mundial, havia uma tradição europeia dentro das Forças Armadas do Brasil. O governo francês modernizou os equipamentos das tropas e muitos militares passaram a seguir uma corrente pró-Alemanha nazista. No entanto, havia outros grupos com tendências ligadas ao liberalismo estadunidense e até grupos comunistas.

Depois da Segunda Guerra, os Estados Unidos passam a atuar com força no Exército do Brasil e promovem uma nova modernização generalizada. Isso, somado a uma formação da Escola das Américas, acabou com essa diversidade ideológica dentro das Forças Armadas e, principalmente, iniciou uma perseguição a grupos de esquerda.

Segundo o ex-deputado e professor de História da Universidade Federal Fluminense, Manuel Domingos Neto, o anticomunismo já era uma tendência dentro da linha francesa, mas ganha força e passa a ser determinante na linha do exército depois da Segundo Guerra.

“Quando os EUA entram, abre-se a luta contra o comunismo. Os franceses já tinham essa tendência nos anos 20, mas isso se radicaliza com os EUA. Quando acaba a guerra, os EUA tinham que cuidar dessa influência, porque o Exército Vermelho foi fundamental na vitória. A escola das Américas acaba com as diferentes correntes dentro do Exército, havia gente de esquerda até na alta patente. Prevalecia o lado reacionário, mas tinham diferentes correntes que não questionavam a organização militar pré-guerra. O próprio [Luís Carlos] Prestes era admirador da corrente francesa”, afirmou ao Brasil de Fato.

Formação anticomunista
Essa linha-política de perseguição ao comunismo não se resumiu às Forças Armadas brasileiras. Os regimes militares sul americanos também adotaram essa postura. As esquerdas passaram a ser perseguidas e comunistas de Brasil, Argentina, Chile e Paraguai, por exemplo, tiveram que se exilar em outros países.

A professora de Relações Internacionais da Universidade Tiradentes Lívia Milani avalia que essa doutrina da Escola das Américas incluiu uma série de opositores que não necessariamente estavam ligados ao comunismo, mas que, por serem opositores, eram enquadrados como “ameaça nacional”.

“A escola foi formada depois da Revolução Cubana em um contexto no qual se entendia como a principal ameaça para a América Latina. Na contenção do comunismo. Então o que eles aprendiam lá era contra insurgência. Era lidar com comunismo percebido como ameaça. A partir de uma definição muito ampla de comunismo, então oposição política de forma geral, ela era definida como comunista”, afirmou ao Brasil de Fato.

Mesmo com a generalização desse programa de formação para todos os países latino-americanos, o Brasil era visto como o grande balizador da América do Sul. A influência sobre a política brasileira era entendida pelos Estados Unidos como determinante para o resto do continente: para onde o Brasil se inclina, eclipsa as outras nações.

Para Domingos Neto, a formação era tão forte e incisiva que os militares que iam a Escola das Américas incorporavam essas doutrinas de promoção de violência sem contestação.

“Ela ganha o apelido ‘escola de assassinos’. O militar brasileiro, o policial, passava por lá e se sentia autorizado a tudo. Foram enviados para gerar repressão, de orientação social, promover a chamada contra-insurgência, isso dominou os espíritos. Qualquer um que serviu o Exército tinha isso como ponto inquestionável: o combate ao comunismo”, afirmou.

Orientação à guerra
A mudança de mentalidade que a escola promove para os militares latino-americanos é não só um olhar para os inimigos externos, mas também para as “ameaças internas”. A vertente comunista é a que mais se sobressai no período das ditaduras, mas há uma mudança na perspectiva dos militares em relação à função do Exército no território. A organização deixa de ser entendida pelos próprios militares como uma instituição de defesa do território ante ameaças estrangeiras e também é interpretada como um ente para o combate aos crimes nacionais.

Essa caracterização, segundo Domingos Neto, criou uma “crise de identidade” nos policiais e militares brasileiros e sul-americanos. Se de um lado havia uma aproximação com a ideia de proteção das fronteiras e contra ataques externos, passou então a existir o dilema em relação à forma de atuar dentro do território, contra a própria população.

“A Escola das Américas orientou para a guerra, para além da guerra internacional, orientando para o caráter policialesco, de controle interno. Esse é o grande dilema hoje. A influência estadunidense é arrasadora nesse sentido. O foco passa a ser a guerra interna também depois da Segunda Guerra Mundial, foi isso que a Escola das Américas ensinou”, disse.

De acordo com ele, isso também faz com que os militares passem a ter uma maior incidência sobre a política, mesmo que a instituição já se sentisse responsável por definir os destinos políticos da pátria desde a fundação da República.

Ao longo dos anos, mudanças de governo na Casa Branca também colocaram contradições para a escola. Uma das principais foi a chegada de Jimmy Carter ao poder. Com uma linha de defesa dos direitos humanos, o governo dos EUA passa a encarar uma ambiguidade: na política externa, a tentativa de costurar acordos tendo como base a defesa dos direitos humanos; do outro, a preparação de militares para uma atuação violenta nos países do continente.

“Ao mesmo tempo que os militares continuam sendo treinados para a chamada contra-insurgência com técnicas de tortura, o Departamento de Estado e outros órgãos da administração dos Estados Unidos estavam defendendo a pauta de direitos humanos. Esse é o grande marco, a grande diferenciação entre os governos de Washington durante a existência da Escola das Américas”, afirmou Milani.

Legado
A Escola passou por uma reestruturação em 2001 depois de uma forte pressão de grupos ligados à defesa dos direitos humanos. A unidade passou a se chamar Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação em Segurança (WHINSEC, na sigla em inglês). Com sede na Geórgia, havia uma forte atenção sobre como seria a atuação do novo modelo, que, segundo o Pentágono, passaria a ter um viés mais voltado ao respeito aos cidadãos.

De acordo com Milani, há uma mudança na forma de seleção dos militares e policiais que entrarão no programa e uma mudança na linha pedagógica. Foram elaboradas disciplinas para a segurança, cooperação e respeito aos direitos humanos. Além de tudo, há uma mudança de gestão. Se antes o responsável pela Escola era o Departamento de Defesa, agora quem cuida da unidade é o Departamento de Estado.

Ela, no entanto, questiona até que ponto essas mudanças são concretas e representam um giro na rota que essa unidade tem junto aos militares, já que os EUA continuam com uma mentalidade de combate às ameaças no continente.

“Até que ponto essas mudanças são efetivas? A gente tá falando da ida de militares da América Latina, de uma instituição que lida com a força. Para os EUA o que muda é a percepção que eles têm sobre quais são as ameaças provenientes da América Latina, na época da Guerra Fria era o comunismo. Hoje eles percebem ameaças como narcotráfico, crime organizado nacional. Então continua uma percepção de ameaças”, afirmou.

O efeito dessa formação para o Exército brasileiro também persiste até os dias de hoje. Para Domingos Neto, a Constituição de 1988 preservou a ideia de que as Forças Armadas têm a tarefa também de manter a ordem interna.

“O legado não acabou, persiste. O exército continua com o que eu chamo de perturbação identitária. eles não sabem se são policiais ou militares. Tanto que a Constituição de 1988 impõe a missão de controlar a ordem interna. Isso está nos outros países também. Não há um exército latino-americano que foi preparado para enfrentar o inimigo externo, com exceção à Cuba”, disse.

*BdF

Categorias
Mundo

O bicho pegou neste sábado contra Trump nos EUA

Protestos em massa em todo o país mostram resistência a Trump.

Uma ação em massa chamada “Hands Off!” foi planejada em um momento em que muitos na esquerda lamentavam o que consideravam uma falta de forte resistência ao presidente Trump.

Os protestos são contra Donald Trump e Elon Musk pelo esforço agressivo de Trump para reverter a globalização.

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Washington e de outras cidades dos Estados Unidos neste sábado (5) em protesto contra as políticas do presidente Donald Trump. Os atos, que também se espalharam por cidades da Europa, foram os maiores desde o retorno do republicano à Casa Branca, no fim de janeiro.

A mobilização, organizada por uma coalizão de mais de 50 grupos progressistas, como MoveOn e Women’s March, foi batizada de “Tire Suas Mãos”. Mais de mil cidades e municípios americanos aderiram ao movimento, segundo os organizadores. Só em Washington, mais de 5 mil pessoas participaram do ato no National Mall, nas proximidades da sede do governo.

A manifestação contou com a presença de políticos democratas, como o congressista Jamie Raskin, além de ativistas veteranos. “Despertaram um gigante adormecido, e ainda não viram nada”, declarou Graylan Hagler, ativista de 71 anos. “Não vamos nos calar, não vamos nos sentar e não vamos embora.”

Categorias
Mundo

Milei viaja aos EUA para obter apoio de Trump que não o recebe e volta à Argentina de mãos vazias

O presidente argentino, Javier Milei, viajou aos Estados Unidos por 24 horas apenas para se reunir com Donald Trump, mas, segundo os organizadores da viagem, deixou o local do encontro 20 minutos antes da chegada do colega norte-americano. A repentina viagem a Mar-a-Lago, na Flórida, buscava apoio político para um empréstimo do FMI e para um acordo comercial que amenize o “tarifaço” promovido pelo líder republicano.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

“Tudo corria bem até que, de repente, Milei foi embora. Cerca de 20 minutos depois, Trump chegou. Os dois presidentes teriam uma reunião privada para a qual estava tudo preparado. Não entendemos por que Milei foi embora”, descreveu Glenn Parada, diretor-executivo do MACA (Make American Clean Again), a entidade organizadora do evento, dedicado à limpeza de espaços públicos e ao combate do tráfico de crianças.

Em Buenos Aires, o governo argentino difundiu a versão de que Trump se atrasou por ter tido um problema com o helicóptero, algo que o organizador desmente. “Estava tudo pronto para os dois se reunirem. Nós sabíamos que Trump chegaria mais tarde. Não sabemos qual informação o governo argentino tinha para abandonar o evento”, contou Parada.

“O chanceler Werthein ficou furioso porque Trump não chegava. Se eles tivessem esperado 20 minutos, teriam tido uma reunião. Werthein estava fora de si”, relembrou Parada.

Antes do evento, o ministro argentino das Relações Exteriores garantia que Milei e Trump se reuniriam. “Seguramente, haverá um encontro informal com o presidente Trump. Prevemos esse encontro com Donald Trump na sua casa”, disse Gerardo Werthein na quarta-feira (2), quando, repentinamente, Javier Milei decidiu viajar aos Estados Unidos.

Viagem em vão
No entanto, os dois presidentes não se cruzaram. O argentino ficou sem a foto do encontro que lhe daria um sinal de apoio político em meio à nova rodada de tarifas de importação anunciadas por Trump, e em um momento frágil da sua política cambial, que valoriza artificialmente o peso argentino às custas de reservas negativas no Banco Central. Milei não conseguiu conversar com Trump sobre a necessidade de um apoio político da diretoria do Fundo Monetário Internacional e de uma negociação que amenize o impacto do “tarifaço” de Trump na economia argentina.

O objetivo formal da viagem de Milei era o evento de gala “Americanos Patriotas” (American Patriots, em inglês), realizado na noite desta quinta-feira (3) em Mar-a-Lago, residência de verão de Donald Trump, em West Palm Beach. Os organizadores convidaram o argentino de última hora para receber o prêmio “Leão da Liberdade” (“Lion of Liberty Award”), dedicado a personalidades comprometidas com a liberdade econômica, o mercado livre e os valores conservadores.

Donald Trump era o outro homenageado na noite de gala e o argentino viu nessa premiação a chance de um encontro informal com o amigo, com quem mantém uma “relação estratégica”. Porém, esgotado de uma intensa agenda num dia de turbulências financeiras no mundo, Trump chegou a Mar-a-Lago apenas às 22h51 (horário local). Antes, ainda passou pela sua residência, no setor privado do complexo.

Ao entender que Trump não iria mais ao evento, Milei retirou-se e foi diretamente para o aeroporto, de onde voltou a Buenos Aires.

*RFI

Categorias
Mundo

China dá o troco, impõe tarifas de 34% a todos os produtos dos EUA e abre espaço para mais exportações do Brasil

Exportações brasileiras do agro concorrem diretamente com o agronegócio dos Estados Unidos.

Em mais um movimento de escalada nas tensões comerciais com os Estados Unidos, o governo da China anunciou nesta quinta-feira (4) que aplicará uma tarifa adicional de 34% sobre todos os produtos norte-americanos a partir de 10 de abril.

De acordo com a nota oficial, a nova alíquota será acrescida às tarifas atualmente em vigor, ampliando significativamente o custo de entrada de mercadorias dos EUA no território chinês. A medida vem acompanhada de uma série de outras sanções comerciais, incluindo o endurecimento de controles sobre exportações de itens considerados estratégicos.

Exportações de terras raras na mira – O Ministério do Comércio da China também informou que, a partir de 4 de abril, passará a restringir a exportação de elementos de terras raras do tipo médio e pesado para os Estados Unidos. Entre os elementos listados estão o samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio — todos fundamentais para setores de alta tecnologia, como a indústria de semicondutores, armamentos e carros elétricos.

A decisão, segundo o ministério, está ancorada na legislação nacional de segurança e visa proteger os interesses estratégicos do país, além de “cumprir obrigações internacionais, como as relacionadas à não proliferação”, conforme destaca o comunicado: “o objetivo da implementação dos controles de exportação pelo governo chinês sobre os itens relevantes, de acordo com a lei, é melhor salvaguardar a segurança nacional e os interesses do país, bem como cumprir obrigações internacionais como a não proliferação”.

Empresas norte-americanas sob sanção – Além disso, a China incluiu 16 entidades dos Estados Unidos em sua lista de controle de exportações e adicionou outras 11 à chamada “lista de entidades não confiáveis”. A inclusão nesta última permite que Pequim tome ações punitivas diretas contra empresas estrangeiras, incluindo a proibição de atividades comerciais no país, congelamento de ativos e outras sanções administrativas. Com 247.

Categorias
Política

Aqui jaz o neoliberalismo globalizado

Bolsas da Europa e da Ásia derretem, repercutindo tarifaço de Trump e resposta da China.

É preciso enfatizar que o neoliberalismo é hoje um estado de repouso eterno.

Está enterrada a era do neoliberalismo globalizado.

A nova ordem mundial já não vive mais.

Os mercados globais viveram um dia muito negativo na véspera, mas o pregão desta sexta-feira (4) se encaminha para ser ainda pior.

Isso significa que é uma forma do mercado reconhecer a existência anterior de alguém e, ao mesmo tempo, marcar o silêncio que envolve a morte de todo o sistema capitalista como o que conhecíamos.

Além disso, o mercado também reage à resposta anunciada pela China nesta sexta.

O país asiático, que recebeu uma tarifa de 34% a mais sobre todas as importações para os EUA, retaliou o país americano com taxas da mesma magnitude.

Os analistas que anunciam a decomposição do neoliberalismo provocada por Trump, cravam que a hecatombe atingirá pesadamente o planeta todo, mas sobretudo os EUA.

Os mercados financeiros globais vivem mais um dia de grande aversão aos riscos nesta sexta-feira (4), com as bolsas de valores registrando quedas ainda mais acentuadas do que as observadas na véspera.

Categorias
Economia Mundo

China diz que tarifaço de Trump ‘coloca em perigo’ economia mundial e terá resposta

Gigante asiático já havia respondido com taxas sobre uma série de produtos agrícolas estadunidenses.

A China disse nesta quinta-feira (3) que “se opõe firmemente” às novas e abrangentes tarifas dos EUA sobre suas exportações, prometendo “contramedidas” para proteger seus direitos e interesses. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou uma guerra comercial global, depois de impor taxas sobre as importações de todo o mundo e tarifas extras severas sobre seus principais parceiros comerciais.

O republicano anunciou tarifas de 34% sobre as importações da China, um de seus maiores parceiros comerciais. O Ministério do Comércio da China pediu a Washington que “cancele imediatamente” as novas medidas, que “colocam em perigo o desenvolvimento econômico mundial”. A China já havia respondido às tarifas dos EUA com taxas de até 15% sobre uma série de produtos agrícolas estadunidenses, incluindo soja, carne suína e frango.

Um porta-voz diplomático criticou “o protecionismo e o assédio” dos Estados Unidos e pediu uma solução das divergências econômicas e comerciais “por meio de consultas justas, respeitosas e recíprocas”. O Ministério do Comércio de Pequim afirmou em um comunicado que essas tarifas “não estão em conformidade com as regras do comércio internacional e prejudicam seriamente os direitos e interesses legítimos das partes relevantes” e acusou os Estados Unidos de uma “típica prática unilateral de intimidação”.

As tarifas se somam a uma taxa de 20% imposta no mês passado. Em uma reunião semanal na quinta-feira, o Ministério do Comércio criticou o “protecionismo e a intimidação” de Washington, mas também disse que os dois lados estavam “mantendo a comunicação” sobre as fontes de discórdia em questões comerciais e econômicas. Na prática, as taxas sobre importações chinesas passam a ser de 54%.

Proibições para empresas estadunidenses
Em um primeiro documento publicado pelo ministério chinês, a China incluiu dez empresas estadunidenses no sistema de Listas de Entidades Não Confiáveis, o que significa que as empresas não poderão comercializar com a China e nem investir no país.

O sistema é utilizado, de acordo com o governo chinês, para garantir “as regras econômicas e comerciais internacionais e o sistema de comércio multilateral, se opor ao unilateralismo e ao protecionismo comercial e salvaguardar a segurança nacional da China, os interesses públicos sociais e os direitos e interesses legítimos das empresas”.

Em comunicado à parte, a corporação Illumina Inc. também foi incluída nesse mesmo mecanismo, mas com a medida específica de proibição de exportação de sequenciadores genéticas (máquinas que identificam a sequência de informações genéticas de organismos) para a China. A terceira medida colocou outras 15 empresas na Lista de Controle de Exportação.

Quais são as companhias
As primeiras dez vendem armamento ou fornecem serviços de vigilância e análise de dados para Taiwan. Segundo o Ministério do Comércio chinês, a decisão tem base em diversas leis, como a de Segurança Nacional, a de Sanções Antiestrangeiras. As ações, ainda segundo o ministério, prejudicam “seriamente a soberania nacional, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China”.

As companhias são da indústria armamentista e/ou aeroespacial (Cubic Corporation, TCOM, L.P, Teledyne Brown Engineering,Inc., S3 AeroDefense e ACT1 Federal); aviação (Stick Rudder Enterprises LLC ); da construção naval e defesa (Huntington Ingalls Industries Inc; de análise de dados (Exovera e TextOre), e de engenharia (Planate Management Group)

Algumas destas empresas já tinham sido objeto das chamadas contramedidas em setembro de 2024. Elas foram implementadas em resposta ao anúncio do Departamento de Estado dos EUA de uma aprovação de venda de armamento militar a Taiwan em um valor de US$ 228 milhões (R$ 1,3 bi), que acabou se confirmando em outubro por um valor muito maior, US$ 2 bilhões (R$ 11,2 bi).

Já a Illumina, de acordo com o Ministério do Comércio, “violou os princípios normais de negociação do mercado, interrompeu transações normais com empresas chinesas, adotou medidas discriminatórias contra empresas chinesas e prejudicou seriamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”.

As outras 15 empresas possuem laços (em maior ou menor grau) com o Complexo Militar Industrial dos EUA. As medidas implementadas pela China, nesta terça, proibiram as empresas chinesas de exportar para essas empresas os chamados bens de dupla utilização (que podem ser utilizados tanto para fins pacíficos como militares). Veja a lista abaixo:

  • Leidos
  • Gibbs & Cox, Inc.
  • IP Video Market Info, Inc.
  • Sourcemap, Inc.
  • Skydio, Inc.
  • Rapid Flight LLC
  • Red Six Solutions
  • Shield AI, Inc.
  • HavocAI
  • Neros Technologies
  • Group W
  • Aerkomm Inc.
  • General Atomics Aeronautical Systems, Inc.
  • General Dynamics Land Systems
  • AeroVironment

*BdF

Categorias
Política

Brasil espera ‘tarifaço de Trump’ e se prepara para retaliar

Presidente dos EUA prometeu anunciar taxas para proteger empresas locais da concorrência internacional.

residente Donald Trump em relação a tarifas contra a entrada de produtos estrangeiros nos EUA. A promessa do mandatário é revelar novas taxas nesta tarde, marcando o que ele batizou de “Dia da Libertação”. Essas taxas devem afetar empresas brasileiras que exportam para os EUA, e o Brasil se prepara para retaliar as ações.

Na segunda-feira (1º), o Senado aprovou o projeto que autoriza o governo brasileiro a tomar medidas de resposta a barreiras comerciais impostas por outros países a produtos nacionais. O projeto tramitava na casa desde 2023. Após ameaças de Trump, o texto foi aprovado pela manhã na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, de tarde, no plenário por unanimidade.

A proposta agora será avaliada na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o projeto deve ser votado ainda nesta semana. O parlamentar destacou o esforço de apoiadores do governo e da oposição para acelerar a votação.

“O episódio entre Estados Unidos e Brasil deve nos ensinar definitivamente que, nas horas mais importantes, não existe um Brasil de esquerda e um de direita, existem apenas representantes do povo”, afirmou.

A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi ministra da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro (PL), disse que o ideal seria “sentar à mesa e dialogar”. Concordou, porém, que o Brasil precisa ter mecanismos de retaliação.

“Este projeto é de interesse do país. Por isso a urgência, para que o Brasil tenha instrumentos de defesa, se tiver alguma retaliação aos seus produtos”, afirmou.

Reciprocidade
O projeto já aprovado no Senado leva em consideração o princípio da reciprocidade. Ou seja, se um país taxa o Brasil, o Brasil pode taxá-lo de volta.

A proposta dá ao Executivo o poder de: impor tributos, taxas ou restrições sobre importações de bens ou serviços de um país; suspender de concessões comerciais ou de investimentos; e concessões relativas a direitos de propriedade intelectual, segundo o Brasil de Fato.

O texto também prevê a realização de consultas diplomáticas para mitigar ou anular os efeitos das medidas e contramedidas.

Aço
Desde 12 de março, os EUA passaram a cobrar tarifas extras sobre a importação de aço, alumínio e outros metais. A medida afeta diretamente o Brasil. Afinal, o país é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, exportando para lá cerca de 18% de todo metal que as siderúrgicas brasileiras produzem.

O governo brasileiro não retaliou a medida até o momento.