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Fabio Wajngarten, a farsa da facada 2

A ideia central das denúncias de Fabio Wajngarten à Veja é a mesma da facada de Adélio, mudou somente a estética pela simples defesa de Bolsonaro feita pelo genial ex-chefe da Secom, cheio de amabilidades no momento em que ele, do nada, às vésperas da CPI, resolve puxar a brasa a favor de Bolsonaro e com o apito na boca assinala que todas as atrocidades cometidas pelo ministério da Saúde foram uma ação deliberada de Pazuello.

Qual é o intuito de uma xaropada como essa do tamanho natural da farsa da facada de Adélio?

Para ficar mais bela e poética essa farsa, no mesmo dia da publicação da Veja, Bolsonaro blindou Pazuello e seu principal secretário com voz imperial do senhor das terras cabrálias. A isso se pode chamar de um clássico trash de uma farsa que tenta subornar a inteligência alheia.

E tanta asneira colossal encomendada pelo Palácio do Planalto que o escultor do trelelê estava mais preocupado em poupar Bolsonaro diante da opinião pública do que propriamente assinar a sentença de Pazuello.

Esse jogo supostamente de equilíbrio perfeito deixaria estática a CPI, pois a presepada joga a culpa em Pazuello, em última análise, e livra a cara de Bolsonaro dizendo, inclusive com detalhes, que não houve qualquer deslize do genocida, ao mesmo tempo em que, protegido pelo cargo, o general Pazuello não seria preso por estar blindado pelo figurino da Secretaria Geral do Exército.

Trocando em miúdos, Pazuello vira o aspone do alto escalão do governo com um padrão supremo que lhe dá foro privilegiado, pelo menos é isso que está bastante claro na saracoteada de Fabio Wajngarten no palco da Veja.

Se a Veja faz parte da farsa, ninguém sabe, mas também ninguém duvida, pois histórico pra isso é o que não falta na revistona, dependendo apenas de combinar o preço do repuxo cômico.

Uma coisa é certa, quem inventou de riscar esse caminho de boi com um conjunto de fios soltos, como foi a facada sem sangue e sem faca do Adélio, não possui talento suficiente para criar um enredo minimamente plausível.

Mas convenhamos, isso não deixa de ser um monte de capim para alimentar o cada vez mais restrito gado de Bolsonaro, pois só compra esse chulé como verdadeiro a assombrosa burrice dos bolsominions.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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A mídia insiste em sustentar uma farsa para se blindar da acusação de ser parte da tragédia

Todos os caminhos da tragédia brasileira que chega rapidamente a 400 mil mortos por covid, levam à mídia. Sem a campanha que durou mais de uma década de ataques baixos carregados de ódio contra os governos petistas de Lula e Dilma, jamais o genocida chegaria ao poder, jamais a economia chegaria a esse estado de putrefação e jamais centenas de milhares de familiares de vítimas da covid estariam chorando nesse momento.

A mídia, nessa divisão de culpas, parece mesmo não querer assumir a sua parte. A falência do próprio projeto político neoliberal que precisou lançar mão de um golpe e, depois, de um genocídio para permanecer no poder, faz a mídia ainda mais agressiva na defesa de sua honra para não assumir a sua participação decisiva nesse estado de coisas.

Assim, ela insiste num caminho que já sabe ser totalmente desmascarado porque, de forma tola, acredita que isso pode produzir uma cortina de fumaça sobre a responsabilidade que o jornalismo de banco tem em toda essa tragédia.

O fato é que a matéria da Folha tentando criar uma falsa simetria entre o governo Dilma e o governo Bolsonaro no que diz respeito à questão fiscal, mereceu uma resposta objetiva e dura de Dilma cortando as asas da Folha e recobrando a memória de que o que está aí hoje vigendo é fruto da campanha difamatória da qual a Folha, junto com o restante da grande mídia, fez parte, o mesmo pode-se dizer de Merval que, na verdade, é o pensamento em voz alta dos Marinho, tentando tirar a Lava Jato da bacia das Almas para sustentar uma narrativa contra o PT protagonizado, sobretudo pelo império da Globo, mas que hoje não tem coragem de debater os pontos da fraude jurídica da qual a emissora foi parte fundamental.

Não é possível que a imprensa mundial com os maiores jornais do mundo digam uma coisa sobre a Lava Jato e a mídia brasileira siga dizendo o oposto, porque aí já não se trata mais de uma guerra política com consequências danosas apenas para a direita, que hoje se encontra em frangalhos, mas para a própria sobrevivência empresarial dos grandes veículos de comunicação no Brasil que, por sua vez, de forma acelerada, perdem espaço para as mídias sociais.

Na verdade, o que a chamada grande mídia brasileira precisa é de uma reformulação geral, começando pela demissão dessas figuras toscas pra lá de comprometidas com o grande capital e colocar sangue novo para tentar uma sobrevida aos negócios que estão cada dia menos rentáveis, mais pelo conteúdo que produz do que pela quebra de paradigma que a internet impôs à comunicação no mundo.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bastou o nome de Carlos Bolsonaro aparecer na mídia como suspeito da morte da Marielle para Moro falar em federalizar o caso

A raposa de Curitiba, a todo custo, quer tomar conta do galinheiro, federalizando o caso do assassinato de Marielle. Pior, Moro corre na mídia para para dar palpite sem ter em mãos o caso e já crava que ninguém do clã Bolsonaro é culpado.

Pior ainda é ele afirmar categoricamente que a Polícia Civil produziu uma fraude, uma farsa. Trocando em miúdos, chamou de corruptos os policiais envolvidos na investigação. Isso, no dia seguinte que é noticiado que o porteiro, que estava sumido, trocou a versão de seu depoimento, dizendo que foi pressionado sem dizer quem o pressionou.

O mais curioso é que o porteiro não só disse em depoimento que tocou para a casa 58, mas que alguém atendeu e ele reconheceu a voz como sendo do Seu Jair. Este é um ponto, mas o crucial é ele ter anotado na época no registro do condomínio, no dia 14 de março de 2018, quando Bolsonaro ainda era Deputado Federal e nem confirmado como candidato à presidência, que Élcio de Queiroz, com quem Bolsonaro tem foto abraçado, pediu para ele chamar na casa 58, e assim foi feito e anotado. Aonde tem fraude aí, Moro?

Está lá anotado, tinha alguém pressionando ele na portaria do condomínio para anotar a ligação para a casa 58, quando o crime ainda nem tinha sido praticado pelo miliciano?

O fato é que Moro, com essa declaração em defesa da família Bolsonaro, coloca ainda mais gasolina na fogueira contra quem ele defende e contra a sua própria imparcialidade que já é considerada uma piada no país como juiz da Lava Jato.

Aí vem o cachorrinho de Bolsonaro acusando a Policia de produzir fraude e quer para ele o caso.

Ganha uma bala quem adivinhar o porquê.

No vídeo de Gregório Duvivier, apesar de ser de humor, descreve com perfeição todo esse processo, lembrando ponto a ponto porque a família Bolsonaro, mas principalmente o Carlos, são os principais suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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A troca de mensagens sigilosas entre Moro e Dallagnol entrega a grande farsa

É só mais um aperitivo. Vem muito mais por aí.

Chats privados revelam colaboração proibida de Sergio Moro com Deltan Dallagnol na Lava Jato.

Moro sugeriu trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobrou novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão, mostram conversas privadas ao longo de dois anos.

Sergio Moro e Deltan Dallagnol trocaram mensagens de texto que revelam que o então juiz federal foi muito além do papel que lhe cabia quando julgou casos da Lava Jato. Em diversas conversas privadas, até agora inéditas, Moro sugeriu ao procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal.

“Talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”, sugeriu Moro a Dallagnol, falando sobre fases da investigação. “Não é muito tempo sem operação?”, questionou o atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro após um mês sem que a força-tarefa fosse às ruas. “Não pode cometer esse tipo de erro agora”, repreendeu, se referindo ao que considerou uma falha da Polícia Federal. “Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação. Estou entao repassando. A fonte é seria”, sugeriu, indicando um caminho para a investigação. “Deveriamos rebater oficialmente?”, perguntou, no plural, em resposta a ataques do Partido dos Trabalhadores contra a Lava Jato.

“VIRAM ISSO????”, escreveu no Telegram Athayde Ribeiro Costa, um dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná. “PqP!”, respondeu Roberson Pozzobon, membro da equipe e do grupo FT MPF Curitiba 2, no qual procuradores da Lava Jato de Curitiba discutiam estratégias para as investigações que transformaram a política brasileira.

As mensagens eram uma reação à notícia “Diretor da Odebrecht que acompanhava Lula em suas viagens será solto hoje”, publicada naquele 16 de outubro de 2015 no blog de Lauro Jardim, do Globo.

Minutos depois, Dallagnol usou o chat privado do Telegram para discutir o assunto com Moro, até então responsável por julgar os casos da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba.

“Caro, STF soltou Alexandrino. Estamos com outra denúncia a ponto de sair, e pediremos prisão com base em fundamentos adicionais na cota. […] Seria possível apreciar hoje?”, escreveu Dallagnol.

“Não creio que conseguiria ver hj. Mas pensem bem se é uma boa ideia”, alertou o então juiz. Nove minutos depois, Moro deu outra dica ao procurador: “Teriam que ser fatos graves”.

Depois de ouvir a sugestão, Dallagnol repassou a mensagem de Moro para o grupo de colegas de força-tarefa. “Falei com russo”, anunciou, usando o apelido do juiz entre os procuradores. Em seguida, os investigadores da Lava Jato passaram a discutir estratégias para reverter a decisão, mas Alencar não seria preso novamente, numa demonstração clara de que os diálogos entre Moro e Dallagnol influenciaram diretamente os desdobramentos da operação.

Um mês depois, Sergio Moro enviou uma questão a Deltan Dallagnol pelo Telegram.

“Olha está um pouco dificil de entender umas coisas. Por que o mpf recorreu das condenacoes dos colaboradores augusto, barusco emario goes na acao penal 5012331-04? O efeito pratico é impedir a execução da pena”, reclamou a Dallagnol. Em teoria, o juiz não deveria ter interesse em resultados do processo, como, por exemplo, o aumento ou redução de penas de um acusado – nem muito menos tirar satisfação com o Ministério Público fora dos autos.

Num despacho publicado às 14h01, o juiz chamou o recurso do MPF de “obscuro”. Minutos depois, às 14h08, Dallagnol respondeu pelo Telegram. Moro rebateu, também pelo aplicativo de mensagens:

“Na minha opiniao estao provocando confusão. E o efeito pratico sera jogar para as calendas a existência [da] execução das penas dos colaboradores”.

Em 21 de fevereiro de 2016, Moro se intrometeu no planejamento do MP de forma explícita.

“Olá Diante dos últimos . desdobramentos talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”, afirmou Moro, numa provável menção às fases seguintes da Lava Jato. Dallagnol disse que haveria problemas logísticos para acatar a sugestão. No dia seguinte, ocorreu a 23ª fase da Lava Jato, a Operação Acarajé.

Dias depois, Moro cometeu um deslize de linguagem que revela como a acusação e o juiz, que deveria avaliar e julgar o trabalho do MP, viraram uma coisa só.

“O que acha dessas notas malucas do diretorio nacional do PT? Deveriamos rebater oficialmente? Ou pela ajufe?”, escreveu o juiz em 27 de fevereiro, usando a primeira pessoa do plural, dando a entender que as reações do juiz e do MP deveriam ser coordenadas.

Em 31 de agosto de 2016, Moro mais uma vez escancarou seu papel de aliado dos acusadores ao questionar o ritmo das prisões e apreensões. “Não é muito tempo sem operação?”, perguntou o então juiz ao procurador às 18h44. A última fase da Lava Jato havia sido realizada 29 dias antes – a operação Resta Um, com foco na empreiteira Queiroz Galvão.

A periodicidade – e até mesmo a realização de operações – não deveria ser motivo de preocupação do juiz, mas Moro trabalhava com Dallagnol para impulsionar as ações do Ministério Público, como comprovam os diálogos e comentários habituais nas conversas entre os dois.

“É sim”, respondeu Dallagnol mais tarde. A operação seguinte ocorreu três semanas depois.

E mais mensagens secretas trocadas por Moro e Dallagnol:

Dallagnol – 22:19:29 – E parabéns pelo imenso apoio público hoje. […] Seus sinais conduzirão multidões, inclusive para reformas de que o Brasil precisa, nos sistemas político e de justiça criminal. […].
Moro – 22:31:53. – Fiz uma manifestação oficial. Parabens a todos nós.
22:48:46 – Ainda desconfio muito de nossa capacidade institucional de limpar o congresso. O melhor seria o congresso se autolimpar mas isso nao está no horizonte. E nao sei se o stf tem força suficiente para processar e condenar tantos e tao poderosos.

Três dias depois, Dilma tentaria nomear Lula para a Casa Civil:

Dallagnol – 12:44:28. – A decisão de abrir está mantida mesmo com a nomeacao, confirma?
Moro – 12:58:07. – Qual é a posicao do mpf?
Dallagnol – 15:27:33. – Abrir

Sobre as críticas à divulgação de áudios

Dallagnol – 21:45:29. – A liberação dos grampos foi um ato de defesa. Analisar coisas com hindsight privilege é fácil, mas ainda assim não entendo que tivéssemos outra opção, sob pena de abrir margem para ataques que estavam sendo tentados de todo jeito…
[…]
Moro – 22:10:55. – nao me arrependo do levantamento do sigilo. Era melhor decisão. Mas a reação está ruim.

Outro conselho veio em em 15 de dezembro de 2016, quando o procurador atualizou o juiz sobre as negociações da delação dos executivos da Odebrecht.

Dallagnol – 16:01:03 – Caro, favor não passar pra frente: (favor manter aqui): 9 presidentes (1 em exercício), 29 ministros (8 em exercício), 3 secretários federais, 34 senadores (21 em exercício), 82 deputados (41 em exercício), 63 governadores (11 em exercício), 17 deputados estaduais, 88 prefeitos e 15 vereadores […].
Moro – 18:32:37 – Opinião: melhor ficar com os 30 por cento iniciais. Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do mp e judiciário.

Continuem acompanhando os próximos capítulos dessa novela asquerosa.

 

 

*Matéria completa no Intercept