Hang teria ameaçado fechar lojas e demitir funcionários caso o adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT), vencesse a disputa.
A Justiça do Trabalho de Florianópolis condenou as lojas Havan e seu dono, Luciano Hang, a pagarem uma indenização de R$ 85 milhões por coagirem seus funcionários a votarem no candidato Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2018. A decisão, que ainda cabe recurso, foi proferida pelo juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, da 7ª Vara do Trabalho.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou uma ação civil pública contra os réus, alegando que eles promoveram campanhas políticas favoráveis a Bolsonaro, com a participação obrigatória dos empregados em “atos cívicos” na empresa. Além disso, Hang teria ameaçado fechar lojas e demitir funcionários caso o adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad (PT), vencesse a disputa. Os trabalhadores também foram obrigados a responder enquetes internas sobre suas intenções de voto, sendo que a preferência do empresário já era conhecida.
Para o MPT, os réus abusaram de sua condição de empregadores para impor sua opinião política sobre os candidatos à Presidência e para condicionar a manutenção dos empregos dos colaboradores, usando métodos humilhantes, vexatórios e ilegais.
Em nota, Luciano Hang criticou a decisão como “descabida e ideológica” e disse que não houve irregularidades comprovadas. Ele afirmou que o juiz não seguiu as provas e agiu por ideologia. Ele se disse vítima de perseguição e de tentativa de criminalização do empresariado.
Eleito em SC, Jorge Seif é alvo de ação por abuso de poder econômico; Coligação pede impugnação e inelegibilidade pelos próximos oito anos.
De acordo com O Globo, o senador eleito e ex-secretário Aquicultura e Pesca do governo de Jair Bolsonaro, Jorge Seif, é alvo de uma ação por abuso de poder econômico durante a disputa eleitoral deste ano. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) investiga Seif por uso indevido da frota área da Havan, empresa de Luciano Hang. A ação é movida pela coligação estadual “Bora Trabalhar”, composta pelo Patriota, PSD e União Brasil e foi distribuída nesta segunda-feira. O primeiro suplente de Seif, Hermes Klann, também é citado no processo.
De acordo com o documento inicial, o ex-secretário é acusado de usar cinco aeronaves para realizar agendas de campanha que pertenceriam à empresa Havan. Seif também teria usado recursos da empresa por não ter prestado contas referentes à combustível ou contratação de piloto. A coligação pede a impugnação do senador eleito sob o argumento de que teriam irregularidades na prestação de contas do candidato: por lei, terceiros não podem doar serviços ou bens aos postulantes. A petição pede a inelegibilidade de Seif e Hang pelos próximos oito anos.
“Diversas despesas volumosas foram propositalmente omitidas da prestação de contas pelo candidato. É inequívoco o uso indevido da estrutura material e pessoal da Havan, de propriedade do empresário Luciano Hang, que é fervoroso simpatizante de Jair Messias Bolsonaro”, diz trecho da ação que será julgada após o recesso de final de ano.
De acordo com a prestação de contas de Seif, Hang doou R$ 380 mil para a sua campanha. Duas delas, que totalizam R$ 300 mil, foram realizadas em 13 de setembro, data em que as contas do proprietário da Havan ainda estavam bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, a Corte investigava empresários pela suspeita de divulgar mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp, o desbloqueio ocorreu dois dias após as doações.
Em nota, a Havan negou “veementemente as suposições levantadas e afirma que tudo não passa de narrativas que não se sustentam em fatos”. A empresa afirma que a “verdade será restabelecida nos autos”. Seif foi procurado, mas até a data de publicação desta reportagem ainda não havia se manifestado. O espaço permanece em aberto para futuras declarações.
Viagem para Dubai
No ano passado, uma viagem de integrantes do governo a Dubai para promover o turismo no Brasil custou mais de R$7,6 milhões para os cofres públicos, como noticiado pelo GLOBO. Na época, Seif descreveu a experiência como um “trabalho-passeio”, “top demais”. O Executivo federal autorizou o envio de uma comitiva de 69 pessoas para feiras e exposições entre setembro e outubro.
Após a repercussão, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu que a Embratur tomasse providências para sanar irregularidades encontradas em gastos com a Expo Dubai, evento internacional nos Emirados Árabes. Uma auditoria da corte de contas identificou “impropriedades” como o pagamento por brindes que nunca chegaram a ser distribuídos, um “transfer” de passageiros no Rio de Janeiro não realizado e até a falta de detalhamento na contratação de dançarinos fantasiados de onça com dispensa de licitação.
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O estado de Santa Catarina foi o maior foco de manifestações golpistas com a vitória de Lula.
Segundo Patrícia Farmann, GGN, o empresário bolsonarista Luciano Hang, dono das lojas Havan, financiou parte da paralisações golpistas em Santa Catarina, com o envio de caminhões.
A informação foi apurada pela Agência Pública. Luciano Hang e outros empresários catarinenses, como Emílio Dalçoquio, que incentivou a greve dos caminhoneiros em 2018, e Luiz Henrique Crestani, dono do grupo Luke, “tiveram ativa participação nas manifestações golpistas”, informou a reportagem.
O estado de Santa Catarina foi o maior foco de manifestações golpistas desde o dia 30 de outubro, com a derrota de Jair Bolsonaro e a vitória de Lula, incluindo o polêmico episódio de bolsonaristas levantando o braço direito, em gesto nazista. O estado teve 41 bloqueios de rodovias até o dia 31, o maior do país.
E também um dos que mais entregou votos a Bolsonaro: quase 70% dos catarinenses votaram para a reeleição do atual mandatário.
Caminhões da Havan e de outros empresários
Estes atos estão sendo investigados pelas autoridades. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, foi a responsável por desfazer os bloqueios e interdições de caminhões e de pessoas nas rodovias do país. E um documento da instituição mostra que “caminhões a serviço da Havan” foram usados em bloqueios no estado do sul do país.
O dono da Havan é investigado em processos de atos antidemocráticos e já foi apontado por fazer parte do grupo de empresários que articulavam um golpe de Estado, com a vitória de Lula, ainda em agosto deste ano. Hang também doou R$ 1,02 milhão à campanha de Jair Bolsonaro.
Crestani, do grupo Luke, já admitiu publicamente nas redes sociais que seus caminhões foram usados nos bloqueios golpistas. “Nossos caminhões da @lukelogistica estão parados em Palma Sola”, escreveu.
Investigados de organização criminosa
O caso de Santa Catarina se soma a outros de São Paulo e Espírito Santo, no qual procuradores estaduais encaminharam ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, os indícios e documentos que revelam a participação de empresários nos bloqueios golpistas.
Os procuradores acreditam que o financiamento desses atos pelos empresários integra uma grande articulação nacional pelos mesmos, o que configuraria organização criminosa. Em outra frente de investigação, apura-se a omissão da PRF sobre os bloqueios e a ciência antecipada do órgão de que haveria os atos, sem movimentar mais pessoal ou trabalho de prevenção.
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Piauí – Dono de transportadora, cunhado de Luciano Hang que é prestador de serviço da Havan montou esquema para seus caminhoneiros terem acesso à urna – mas só os bolsonaristas.
Usando camisa polo cinza e calça jeans, diante de uma parede onde se vê um quadro com a bandeira do Brasil, o empresário Adriano Benvenutti dá início à sua mensagem gravada em vídeo. “Bom dia, pessoal, tudo bom?”, começa ele. Dono da transportadora Transben, sediada na cidade catarinense de Brusque e com 1 mil funcionários, ele se dirige à sua brigada de centenas de motoristas: pede explicitamente para votarem em seu candidato de preferência, Jair Bolsonaro. A mensagem:
“Voltando aqui para pedir uma coisa para vocês, em uma decisão que a gente teve. Vocês já devem ter visto o vídeo do Luciano pedindo para todos os motoristas votarem, certo? Isso foi uma ideia que surgiu em conjunto. Eu e ele conversando, estamos estimulando a todos os transportadores a fazerem isso. Vou pedir encarecidamente a todos os motoristas que votem no Bolsonaro para manter as empresas crescendo, funcionamento.”
Benvenutti então diz que, se o candidato de oposição vencer, o país entrará em crise econômica – e a Transben, que paga o salário holerite de todos, será drasticamente afetada.
“Se o Lula ganhar, gente, vai ter desemprego, desvalorização das coisas, o Brasil vai frear. A nossa empresa vai sofrer bastante, como todas as empresas de transporte.”
Adriano Benvenutti montou esquema para que caminhoneiros bolsonaristas tenham acesso à urna no segundo turno – Reprodução/WhatsApp
Para evitar a vitória de Lula, Benvenutti traça um plano: organizar a agenda dos caminhoneiros que rodam pelas estradas do Brasil para que estejam em seus domicílios eleitorais no dia do segundo turno. Há uma condição: apenas aqueles que forem votar em Bolsonaro. Ele diz:
“E outra coisa: eu gostaria que todos ligassem para os seus gestores e falassem para os seus gestores onde que votam. Claro, os que votam no Bolsonaro. Os que votam no Lula podem continuar viajando […]. Nós vamos tentar organizar, levar você para perto de seu lugar de votação, para todos conseguirem votar. Só que eu preciso que todos entrem em contato com os seus gestores, se isso já não foi feito, para a gente realizar isso da melhor forma possível, com menos custo, menos gastos para a empresa pra gente conseguir que todos votem. Beleza, pessoal? Agradeço e muito obrigado.”
O “Luciano” citado na mensagem é o empresário Luciano Hang, o véio da Havan. A Transben faz todo o transporte de mercadorias para as lojas Havan espalhadas pelo Brasil. Para além da relação comercial, existe a familiar: Luciano Hang é casado com Andrea Benvenutti Hang, irmã de Adriano, o autor do vídeo. A Havan também patrocina o time de corrida automotiva chamado Transben Racing, que tem entre seus pilotos o próprio Adriano.
O vídeo, ao qual a piauí teve acesso, foi enviado para os motoristas no começo desta semana, para ter impacto direto no pleito do segundo turno. Procurada na noite de quinta-feira pela reportagem, a Transbens escalou “Ricardo” para falar com a revista. A videochamada aconteceu nesta sexta-feira de manhã. Usando uma camisa polo branca da grife Tommy Hilfiger, Ricardo – que não quis dar seu sobrenome nem informar seu cargo na empresa – deu uma entrevista de dentro de seu escritório na Transben. Ele negou que o vídeo fosse a materialização do crime de assédio eleitoral, quando o patrão chantageia o empregado para votar no seu candidato. Disse que o vídeo atendeu uma demanda dos próprios funcionários. “Existe um movimento nacional em que as empresas de transporte gostariam que os motoristas que se encontram fora do domicílio eleitoral, que estivessem no local (de votação)”, disse ele. “Foi um pedido de muitos motoristas [para poder votar], que recebemos após o primeiro turno.” E completa: “Em nenhum momento estamos induzindo ou forçando. O Adriano [Benvenutti] tem uma maneira muito particular de brincar. É uma empresa familiar, temos contato com todos os funcionários[…] Somos uma empresa do bem.”
A Transben é uma das maiores empresas de logísticas de Santa Catarina. Ela opera o que no setor é chamado de “fretamento completo”. Transporta todos os tipos de carga da fábrica ou centros de distribuição até o cliente final. Até o ano de 2020, a empresa tinha uma frota de quase novecentos caminhões.
Denúncias de assédio eleitoral têm crescido no país. Segundo o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, o Ministério Público contabilizou 364 denúncias até esta sexta-feira (14). É um volume maior do que o registrado na eleição de 2018, quando 212 casos chegaram ao conhecimento dos procuradores. Naquele ano, segundo ele, as denúncias se concentraram em 98 empresas. Desta vez, porém, estão muito mais dispersas. “Nós recebemos relatos de assédio em cerca de 300 empresas até agora”, afirmou Pereira. “Isso vem aumentando desde o primeiro turno. É realmente preocupante.”
Das 364 denúncias contabilizadas pelo Ministério Público até esta sexta-feira (14), a maior parcela (134) veio de empresas da região Sul. Mas nos últimos dias cresceu o número de casos no Sudeste. Já são 104. Minas Gerais é o estado brasileiro com maior volume de denúncias por assédio eleitoral (58), seguido por Paraná (50) e Rio Grande do Sul (46).
De acordo com o Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT), o estado notificou nestas eleições um total de 44 empresas. O caso da Transben é um dos que estão sendo investigados. Um funcionário da empresa denunciou de forma anônima o comportamento do patrão, Adriano Benvenutti.
Na terça-feira, 11 de outubro, o MPT, em parceria com o Ministério Público de Santa Catarina e o Ministério Público Federal, já havia divulgado uma nota alertando para o assédio eleitoral, que é crime. “É ilegal qualquer prática que busque excluir ou restringir a liberdade de voto dos trabalhadores”, dizia a nota. “Ameaças a empregados para que votem ou deixem de votar em qualquer candidato(a) […] podem configurar assédio eleitoral e abuso do poder econômico pelo empregador.”
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Luciano Hang não retornou às mensagens e ligações da piauí. A Havan já se envolveu em dois casos semelhantes. Em um deles, diretores e gerentes trocaram mensagens de WhatsApp falando sobre a importância do voto num candidato específico – Bolsonaro, no caso.
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A pequena empresa Saúde & Vida recorreu aos serviços de um escritório conhecido como “o maior de advocacia empresarial do Brasil”.
A empresa “Saúde & Vida Comercial de Alimentos Eireli” divulgou uma nota nesta quarta-feira (27) através de seu advogado, Nelson Williams, em que nega que tenha fechado contratos de R$ 12 milhões ou R$ 15 milhões com o Executivo Federal. Os valores vieram à tona após a repercussão do carrinho de compras de R$ 1,8 bilhão do governo Jair Bolsonaro.
Conforme informações extraídas do Portal da Transparência pelo jornalista Fernando Boscardin e pela escritora Daniela Abade, a empresa Saúde & Vida, de Azenate Barreto Abreu, fechou um contrato de R$ 12 milhões com o alto comando do Exército. Além disso, através dos dados levantados pela dupla no site do governo é possível verificar mais R$ 25 milhões para o filho de Azenate, Elvio Rosemberg da Silva Abreu Júnior, através da DFX Comercio e Importação Eireli. Isso totalizaria R$ 37 milhões para os familiares.
Na nota, Williams afirma que “a empresa nunca fechou qualquer contrato no valor de 15 milhões para o fornecimento de leite condensado para qualquer órgão do governo, tampouco fechou qualquer contrato no valor de 12 milhões como chegou a ser divulgado por alguns veículos de comunicação”.
A Saúde & Vida foi uma das empresas que vendeu leite condensado para o Executivo, item que custou mais R$ 15 milhões aos cofres públicos apenas em 2020. Em uma das compras sem licitação que constam no Portal da Transparência, é possível identificar o pagamento de R$ 162 por caixa de 395 g de leite condensado. Esse valor foi destinado para a empresa de Azenate, que afirma que haveria um equívoco no Portal e que essa quantia seria para uma caixa de 27 unidades do produto.
Para além da simples negativa do que aparece em contratos, o autor da nota chama a atenção. Segundo consta na Wikipedia, Willians é “sócio fundador do escritório Nelson Wilians e Advogados Associados (NWADV), considerado o maior escritório de advocacia empresarial do Brasil”, além de colunista da Revista Forbes.
No site oficial da NWADV aparece a seguinte descrição: “O NWADV tem hoje uma carteira com mais de 12 mil clientes pessoas jurídicas e centenas de clientes pessoas físicas e cerca de 500 mil processos ativos. Esse trabalho tem sido reconhecido por diversas publicações especializadas; recentemente o escritório recentemente o escritório recebeu o Latin Lawyers Awards, um dos maiores rankings de escritórios de advocacia do mundo”.
O advogado também foi o representante legal das Lojas Havan em processo em que a empresa de Luciano Hang conseguiu garantir seu funcionamento durante a pandemia. Hang é investigado no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal como suposto dos financiador da rede de difamação bolsonarista.
Outra figura “graúda” que recorreu aos serviços de Willians foi Rose Mirian Di Matteo, mãe dos filhos de Gugu Liberato. Além disso, ele atua como cônsul honorário da Hungria no Rio de Janeiro desde 2016. O governo húngaro, comandado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, é muito próximo do governo Bolsonaro – ambos são de extrema-direita.
Com esse volumoso currículo, é de se estranhar que uma empresa de pequeno porte/microempresa do tipo Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), como é o caso da Saúde & Vida, contrate os seus serviços.
Após a declaração de que não iria cumprir a determinação que bloqueava as contas de Luciano Hang, Roberto Jefferson, Allan Santos, Sara Winter e outros, no âmbito internacional, o Facebook decidiu recuar, já que a determinação de multa diária à rede social foi a saída encontrada polo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes.
Diante a arrogância da maior rede social do planeta, Moraes determinou a responsabilização criminal de funcionário no Brasil, para que fossem removidas as contas. A rede social se manifestou, então:
Devido à ameaça de responsabilização criminal de um funcionário do Facebook Brasil, não tivemos alternativa a não ser cumprir com a ordem de bloqueio global das contas enquanto recorremos ao STF”, disse o Facebook em comunicado.
O não cumprimento da determinação, em ato arrogante do Facebook, quando afirmou não ser jurisdição da justiça brasileira, as contas de brasileiros abertas no Brasil, em nome de outros países, o ministro Alexandre de Moraes intimou o presidente do Facebook Brasil a cumprir imediatamente a ordem, sob pena de pagamento de multa de R$ 1,92 milhão, por não cumprimento da primeira ordem.
A legislação brasileira não responsabiliza plataformas conectadas, caso do Facebook, pelo conteúdo publicado por terceiros. Mas prevê punições caso elas descumpram decisões judiciais. É isso o que prevê o artigo 19 do Marco Civil da Internet (MCI), encarado como a “Constituição da Internet do Brasil”.
Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de Internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.”.
As empresas alvo do boicote incluem Havan e outras marcas brasileiras conhecidas, como as lojas de roupas Riachuelo , as lojas de esportes Centauro e a cadeia de restaurantes Coco Bambu.
Os brasileiros horrorizados com o fanatismo e o autoritarismo de Jair Bolsonaro estão pedindo boicotes às grandes empresas cujos fundadores ou proprietários apoiam o presidente de extrema direita.
Bolsonaro frequentemente ataca pessoas LBGT , indígenas e jornalistas e expressa admiração pela ditadura militar, mas o gatilho imediato dos boicotes foi uma manifestação planejada contra as instituições democráticas do país, apoiadas por alguns líderes empresariais – e pelo próprio presidente.
“Estou tentando combater um sentimento de impotência”, disse Edwin Carvalho, 39 anos, professor de jornalismo na cidade de Florianópolis, no sul, que postou uma mensagem em um grupo fechado do Facebook LGBT com 320.000 membros pedindo um boicote à toda a cadeia de academias Smart Fit.
“Sou professor universitário, jornalista, gay”, disse Carvalho. “Sou tudo o que Bolsonaro mais detesta no mundo.”
A publicação de Carvalho foi motivada por relatos de que o fundador do Smart Fit, Edgard Corona, havia compartilhado vídeos atacando Rodrigo Maia, presidente da câmara baixa do congresso, no grupo WhatsApp do Brasil 200, uma poderosa organização empresarial.
Os apoiadores do presidente estão planejando protestos em todo o país em 15 de março e inundaram a mídia social com memes atacando o congresso – e até propondo um retorno ao regime militar.
Vários membros do Brasil 200 – incluindo Luciano Hang, o proprietário abertamente pró-Bolsonaro da cadeia de lojas de departamentos Havan – manifestaram apoio para os antidemocratas manifestações.
Um investidor, Otavio Fakhoury, até se ofereceu para pagar por caminhões de som para a demonstração. O grupo disse que não está apoiando os protestos, mas deixando os membros decidirem se eles participarão.
As empresas alvo do boicote incluem Havan e outras marcas brasileiras conhecidas, como as lojas de roupas Riachuelo, as lojas de esportes Centauro e a cadeia de restaurantes Coco Bambu.
Pablo Corroche, 38 anos, professor em Porto Alegre, cancelou sua inscrição no Smart Fit e não mais visita Havan. “Estamos passando por um momento antidemocrático em Brasil e não vou concordar com isso”, afirmou.
Em um e-mail, o Smart Fit disse: “A Smart Fit não apoia nenhum político ou partido. Nossa principal missão é tornar democrático o acesso ao fitness de alto padrão.” A empresa apoia a causa LGBTQIA+, acrescentou.
Isso não parece ter dissipado a raiva do cliente.
Luiz Pimentel, 44, funcionário público no Rio, disse que, quando foi cancelar a associação ao Smart Fit, o casal à sua frente estava fazendo o mesmo. “Os líderes empresariais estão defendendo seus próprios interesses e não as pessoas. Por isso escolhi boicotar não apenas o Smart Fit, mas também outras empresas”, afirmou.
Pedro Parente, 56, dono de uma empresa de informação em Fortaleza, também se juntou ao boicote. “É como descobrir que uma empresa está usando trabalho escravo”, disse ele. “Eu tenho o direito de não consumir seus produtos ou serviços.”
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) está bancando uma “mansão” em Brasília (DF) para o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Quem diz é o cantor Lobão. Segundo o artista, o clã Bolsonaro queria o blogueiro na presidência da EBC. “A minha fonte lá de Brasília me mandou um whatsapp: você sabe quem está morando aqui? O Allan dos Santos. Morando numa mansão no lago Sul, que o Eduardo Bolsonaro está bancando”, disse
A ligação de Bolsonaro com fake news ganhou repercussão mais intensa durante a campanha eleitoral do ano passado. Empresas financiaram um esquema ilegal baseado em divulgação de fake news (notícias falsas) no WhatsApp para prejudicar o então presidenciável do PT, Fernando Haddad, e favorecer Jair Bolsonaro, conforme denunciou uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo. A matéria apontou, ainda, que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan.
Allan dos Santos, para quem não sabe, é um dos redatores do novelesco projeto digital de Bolsonaro. Não surpreende as vantagens correspondentes a tal empenho. Essa espécie de Napoleão digital, pelo jeito, tem como hábito viver do punho alheio para se incumbir de produzir grosserias e ataques, mostrando uma fidelidade objetiva à massa bolsonarista e ao próprio clã.
Allan é uma dessas criaturas do intermúndio virtual que vive de superstição reacionária à exaustão para conduzir o rebanho barulhento sob a guarda do pastor.
Se o seu atelier é em Brasília, não há nada de novidade no depoimento de Lobão. Agora mesmo, por esses dias, Allan dos Santos publicou contínuos posts atacando a CPI da Lava Toga, a fim de bani-la do receituário dos bolsonaristas mais ingênuos, a mando do próprio Bolsonaro que quer ver à distância essa CPI que causa frenesi, para não azedar a relação com Toffoli, que se transformou no garante de Flávio Bolsonaro no STF, ao passo que essa prodigiosa proteção blinda, sobretudo, o próprio Bolsonaro.
Por isso, não é de se espantar que Allan dos Santos seja o chefe dos balcões digitais. Medíocre e dissimulado, vulgar padrão, Allan é o cara certo, na hora certa, no lugar certo para produzir fake news às pencas e hipnotizar os débeis que caem na pobreza de suas mentiras.
Na verdade, isso só acentua o modo de imprimir à sociedade a imagem de um presidente covarde com grande dificuldade em governar, de se articular e produzir algo concreto para o país, fora do pelourinho aonde tem amarrado e açoitado os trabalhadores pelo seu conhecido ódio e desprezo com a população mais pobre do Brasil, para o deleite da elite especializada em segregação racial e social.
Integrantes do MTST fizeram um protesto inusitado em uma loja da Havan, do empresário Bolsonarista Luciano Hang, em São Paulo nesta quinta-feira (4).
Para pagar a compra realizada na loja, os integrantes do movimento levaram um cheque simbólico, no valor de R$ 168 milhões, que seria o montante devido pelo empresário à Receita Federal e ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
“É preciso expor a hipocrisia de caloteiros que defendem a Reforma da Previdência”, afirmou, em sua página no Facebook, o líder do MTST, Guilherme Boulos, que compartilhou as fotos do protesto.
O MTST acabou de realizar manifestação em loja da Havan em São Paulo. Sem-tetos entraram na loja, encheram os carrinhos e apresentaram um cheque simbólico de R$168 milhões, dívida que o dono da empresa tem com a Receita e o INSS. É preciso expor a hipocrisia de caloteiros que defendem a Reforma da Previdência.
De acordo com a equipe da BITES, especializada em captura e análise de grandes quantidades de dados (Big Data), as manifestações de domingo (26) “podem surpreender e iniciar um novo ciclo dentro do universo bolsonarista”.
Abaixo, a íntegra da análise da BITES:
O interesse pelas manifestações de domingo, dia 26 de maio, parece não ter aumentado na véspera do evento, como era de se esperar. Mesmo diante dessa latência, considerando o intervalo de cinco dias anteriores aos atos, até às 20h de hoje, o volume de menções, no Twitter, a protestos, manifestações ou as hashtags de apoio ao 26 de maio era seis vezes maior que as menções aos protestos do dia 15.
Foram 1,2 milhão de posts contra 206 mil para os atos da semana passada. Os dados do Sistema Analítico BITES indicam, até agora, mesmo com algum arrefecimento da oposição ao centrão, após a aprovação da MP 870, e as dúvidas sobre as pautas da manifestação, que os atos do próximo domingo podem surpreender por sua consistência e capilaridade.
A peculiaridade do evento deste dia 26 é a inexistência de uma pauta unificada, nem lideranças fortes facilmente identificáveis. Isso demonstra que, com o desembarque da mobilização de grupos responsáveis pelas manifestações contra Dilma Rousseff, como o MBL e o Vem Pra Rua, há um vácuo no bolsonarismo a ser ocupado. E como o poder não permite o vazio, alguém assumirá a posição.
Lobão só perdeu seguidores desde o dia 10 de maio – 42,9 mil até agora. Da base de Kim desembarcaram 100,7 mil seguidores desde 18 de maio.* No mesmo período, o empresário Luciano Hang, da Havan, ganhou 44,4 mil; Allan dos Santos, do site bolsonarista Terça Livre, 8,9 mil; Olavo de Carvalho, 16,3 mil. Os três apoiam as manifestações.
Mesmo sem declarar apoio público, Bolsonaro pode terminar o domingo mais conectado aos aliados fiéis. A possível cristalização da relação irá se refletir diretamente nos próximos passos do governo junto ao Congresso Nacional, especialmente no debate da reforma da Previdência e em projetos ligados à pauta de costumes.
A propaganda das manifestações se alastra pelo Whatsapp. Em uma centena de grupos monitorados por BITES nessa plataforma digital há uma intensa atividade em torno do próximo domingo, incluindo a divulgação de uma lista de manifestação em 350 cidades.
O grupo pró-Bolsonaro que vai às ruas domingo certamente não terá a mesma força que as manifestações antipetistas de 2015 e 2016. Apesar disso, terá capilaridade e espontaneidade. A partir de domingo, haverá uma busca por líderes alinhados às causas desse novo ciclo.
No Google, as buscas pelos protestos ou por Bolsonaro não cresceram consideravelmente nos últimos dias. Desde o dia 19, as buscas pela palavra-chave 26 de maio ou por manifestações e protestos se mantêm estáveis. O volume de buscas está abaixo do volume no dia 15 – mas ainda acima das buscas nas vésperas da manifestação de estudantes.
As buscas pelo próprio Bolsonaro estão num patamar abaixo de 40% do volume de buscas sobre ele no dia 16, dia seguinte ao protesto contra ele. Pode parecer indício de fracasso – mas é amanhã que deve começar a aparecer, de forma mais consistente, esse interesse pelos eventos.