Em entrevista exclusiva à Fórum e ao Operamundi, Lula falou de temas recentes, como a confirmação de Michel Temer que houve um golpe para tirar Dilma Rousseff da presidência em 2016.
Em entrevista exclusiva ao editor da Fórum, Renato Rovai, e ao diretor de redação do Operamundi, Haroldo Ceravolo Sereza, nesta quarta-feira (18) na superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), o ex-presidente Lula afirmou que o ex-juiz e atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, e o procurador, chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, agem como chefes de quadrilha.
“Moro e Dallagnol são chefes de quadrilha e terão que responder por isso”, disse Lula, respondendo à pergunta de Rovai.
Segundo o editor da Fórum, Lula falou dos mais diversos assuntos na entrevista, inclusive de temas recentes, como a confirmação de Michel Temer que houve um golpe para tirar Dilma Rousseff (PT) da presidência em 2016.
A entrevista vai ao ar nesta quinta-feira (19) no canal da Fórum no Youtube. Os leitores que se cadastrarem neste link também receberão material exclusivo sobre a entrevista com Lula.
O Brasil vive o ciclo mais longo de aumento da desigualdade de sua história . Estudo do economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, mostra que a concentração de renda cresce no país há 17 trimestres, pouco mais de quatro anos.
A piora na desigualdade, segundo Neri, é resultado do aumento do desemprego no país, que ainda aflige 12 milhões de pessoas :
— O principal fator que influencia o aumento da desigualdade é o desemprego, que, embora apresente sinais de alguma recuperação, ainda é grande no país.
O economista pondera que, quando o desemprego aumenta, o mercado de trabalho tende a diferenciar ainda mais os trabalhadores de acordo com o grau de instrução. Os mais capacitados têm mais chance do que os de baixa escolaridade.
A desigualdade é medida pelo índice de Gini, que mostra a concentração de renda e varia de zero a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desigual é a distribuição de renda. No Brasil, o indicador segue tendência de alta desde o quarto trimestre de 2014, quando estava em 0,6003, até o segundo trimestre deste ano, quando alcançou 0,6291.
A concentração de renda avançou no período que abrange os governos de Dilma Rousseff, Michel Temer e o primeiro semestre da gestão de Jair Bolsonaro.
Para João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, a precariedade do mercado de trabalho é uma das causas que explicam o aumento da desigualdade no país.
— O que esses números mostram é a disparidade no mercado de trabalho. O índice de Gini abarca todas as fontes de renda, sejam elas formais ou informais. Sendo assim, inclui trabalhadores que têm renda irregular e os registrados, com salário fixo. O mercado ainda não consegue absorver o contingente de trabalhadores disponíveis. E, quando absorve, é de uma maneira muito desigual — explicou Saboia.
Impacto maior para jovens De acordo com o estudo, nem mesmo em 1989, pico histórico de desigualdade brasileira, alimentada pela inflação galopante, houve um período de concentração de renda por tantos trimestres consecutivos.
Outro indicador do avanço da desigualdade no país é a análise do comportamento dos rendimentos do trabalho de acordo com a faixa de renda. No período de 2014 a 2019, a renda da metade mais pobre da população caiu, como antecipou o colunista do GLOBO Ancelmo Gois. A perda foi de 17,1%. No mesmo período, a renda da parcela que compreende o 1% mais rico avançou 10,11%.
O levantamento tem como base a renda do trabalho per capita familiar, ou seja, considera todos os trabalhos de todos os integrantes da família, divididos pelo número de pessoas do domicílio. O cálculo desconta a inflação do período.
Os mais pobres não foram os únicos que viram seu rendimento encolher no período. Os mais jovens, com idade de 20 a 24 anos, registraram queda de 17,7% no período. As pessoas sem instrução tiveram recuo de 15%.
— Uma das explicações para a queda na renda dos jovens é que eles não conseguem inserção no mercado de trabalho. Com a crise e as demissões de chefes de família, jovens passaram a procurar ainda mais emprego. Os resultados mostram que quem mais perdeu nesta crise foram as pessoas com pouca experiência ou com pouca instrução — destaca Neri.
Segundo o estudo, o desemprego foi o principal responsável pela queda no poder de compra das famílias.
“Desemprego é sinal de desajuste do mercado de trabalho e de frustração. A maioria dos ocupados passa a temer cair no desemprego, e, por precaução, reprime sua demanda por bens e serviços”, diz o o estudo.
23,3 milhões na pobreza Além da disparidade crescente de renda entre os trabalhadores, o número de pobres no Brasil aumentou. De acordo com o levantamento, entre 2015 e 2017, a população pobre brasileira aumentou de 8,3% para 11,1% do total. Assim, este contingente representa uma parcela de 23,3 milhões de pobres no Brasil, pessoas que vivem com menos de R$ 233 por mês.
Em dois anos, o Brasil passou a ter mais 6,2 milhões de pobres. Uma das causas para esta situação de aumento da pobreza, ressalta o diretor do FGV Social, é a falta de expansão de programas sociais:
— Ao passo que o desemprego aumentou e mais pessoas perderam suas fontes de renda, as políticas públicas não conseguiram incorporar esse novo contingente de desassistidos. Um exemplo é o Bolsa Família. Foram feitas medidas para evitar fraudes e melhorar o cadastramento, mas a expansão do programa não foi suficiente para impedir o aumento significativo na pobreza do Brasil.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) está bancando uma “mansão” em Brasília (DF) para o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Quem diz é o cantor Lobão. Segundo o artista, o clã Bolsonaro queria o blogueiro na presidência da EBC. “A minha fonte lá de Brasília me mandou um whatsapp: você sabe quem está morando aqui? O Allan dos Santos. Morando numa mansão no lago Sul, que o Eduardo Bolsonaro está bancando”, disse
A ligação de Bolsonaro com fake news ganhou repercussão mais intensa durante a campanha eleitoral do ano passado. Empresas financiaram um esquema ilegal baseado em divulgação de fake news (notícias falsas) no WhatsApp para prejudicar o então presidenciável do PT, Fernando Haddad, e favorecer Jair Bolsonaro, conforme denunciou uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo. A matéria apontou, ainda, que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan.
Allan dos Santos, para quem não sabe, é um dos redatores do novelesco projeto digital de Bolsonaro. Não surpreende as vantagens correspondentes a tal empenho. Essa espécie de Napoleão digital, pelo jeito, tem como hábito viver do punho alheio para se incumbir de produzir grosserias e ataques, mostrando uma fidelidade objetiva à massa bolsonarista e ao próprio clã.
Allan é uma dessas criaturas do intermúndio virtual que vive de superstição reacionária à exaustão para conduzir o rebanho barulhento sob a guarda do pastor.
Se o seu atelier é em Brasília, não há nada de novidade no depoimento de Lobão. Agora mesmo, por esses dias, Allan dos Santos publicou contínuos posts atacando a CPI da Lava Toga, a fim de bani-la do receituário dos bolsonaristas mais ingênuos, a mando do próprio Bolsonaro que quer ver à distância essa CPI que causa frenesi, para não azedar a relação com Toffoli, que se transformou no garante de Flávio Bolsonaro no STF, ao passo que essa prodigiosa proteção blinda, sobretudo, o próprio Bolsonaro.
Por isso, não é de se espantar que Allan dos Santos seja o chefe dos balcões digitais. Medíocre e dissimulado, vulgar padrão, Allan é o cara certo, na hora certa, no lugar certo para produzir fake news às pencas e hipnotizar os débeis que caem na pobreza de suas mentiras.
Na verdade, isso só acentua o modo de imprimir à sociedade a imagem de um presidente covarde com grande dificuldade em governar, de se articular e produzir algo concreto para o país, fora do pelourinho aonde tem amarrado e açoitado os trabalhadores pelo seu conhecido ódio e desprezo com a população mais pobre do Brasil, para o deleite da elite especializada em segregação racial e social.
Desde a redemocratização, o Brasil viu um embate só. De um lado, o Partido dos Trabalhadores e, do outro, a Globo, o Partido do Mercado, o Partido do Neoliberalismo. Assim foi em 1989, com Lula (PT) versos Collor (Globo). Duas vezes, Lula (PT) versos Fernando Henrique Cardoso (Globo), esses com vitória da Globo no embate com o PT.
A partir de 2002, a Globo sofre uma série de derrotas seguidas para o PT, o que a leva a comandar o golpe contra Dilma.
As derrotas da Globo: em 2002, Lula versos Serra. Em 2006, Lula versos Alckmin. Em 2010, Dilma versos Serra e em 2014, Dilma versos Aécio. E perderia pela quinta vez consecutiva com a esmagadora vitória de Lula, já no primeiro turno, se não fosse a polícia política dos Marinho, comandada por Moro, prender Lula para a vitória de seu candidato Jair Bolsonaro.
Se alguém tinha alguma dúvida de que a Globo e Bolsonaro estão do mesmo lado, que é também o lado de Serra, Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e Aécio, o pedido de demissão da cúpula da Época, em reação à Globo que pediu desculpas pela matéria feita sobre a esposa de Eduardo Bolsonaro, acho que não tem mais.
Então, quando se fala em “antipetismo” no Brasil, fala-se de pró Globo. O Brizola mesmo dizia que Roberto Marinho deveria disputar a cadeira da Presidência da República, já que ele era o próprio presidente do partido de direita, mas como era covarde, não tinha coragem de disputar uma eleição limpa e, portanto, preferia jogar o peso de um monopólio da comunicação de massa contra quem era considerado inimigo do rentismo, ou seja, dela própria.
Hoje, entende-se melhor como a Globo insuflou as manifestações de 2013, propagou o ódio contra Dilma, depois contra o PT e, na sequência, contra Lula. Em 2014 convocou atos fascistas dos patos amarelos contra Dilma e, em 2018 fez a ponte, em pleno Jornal Nacional, do General Villas Bôas, a mando dos banqueiros como um bom capataz da casa grande, ameaçando o STF de golpe se Lula fosse libertado.
A Globo não é simplesmente o partido do mercado, ela é o partido da extrema direita brasileira, dos fascistas brasileiros, como foi a máquina de propaganda de todos os anos da ditadura.
E é esse embate que o Brasil terá daqui para frente, porque a Globo conseguiu avançar muito na escravidão moderna contra os trabalhadores depois do golpe em Dilma, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro.
O DCM foi até o condomínio que liga o escândalo de Itaipu a Jair Bolsonaro. Por Pedro Zambarda.
A Comissão de Relações Exteriores do Senado instalou no dia 10 de setembro uma subcomissão para investigar o escândalo do tratado secreto entre os presidentes Jair Bolsonaro e Mario Abdo Benitez, em torno da hidrelétrica de Itaipu. O relator é o senador petista Jaques Wagner e a subcomissão terá 60 dias para concluir seus trabalhos — prazo que poderá ser prorrogado por igual período.
O grupo vai investigar a empresa beneficiada pelo acordo, a Léros, e o suplente do Major Olímpio, o empresário Alexandre Luiz Giordano.
Reportagem da revista Piauí publicada no dia 9 informa que Giordano se apresentava tanto como representante da Léros quanto do próprio governo Bolsonaro. A Léros tinha interesse na venda de energia excedente do Paraguai no mercado brasileiro.
No acordo, essa venda não deixa ser exclusividade da estatal de energia paraguaia, a Ande, em parceria com a estatal brasileira do setor, a Eletrobras.
O Grupo Léros, que explora uma jazida de nióbio, tem um braço que opera na área de compra e venda de energia.
Dirigentes da estatal paraguaia caíram depois do acordo e a revelação de seus termos por pouco não levou ao impeachment do presidente Mario Abdo Benitez.
O Diário do Centro do Mundo publicou há uma semana, com exclusividade, um perfil do empresário Giordano, com base nas informações de amigos próximos dele. Essas fontes relataram que o empresário enriqueceu em 10 anos com seis empresas e proximidade com políticos, de diferentes orientações ideológicas.
Ele conseguiu contratos públicos na prefeitura de Marta Suplicy, ganhou proximidade com os tucanos Bruno Covas e José Aníbal e, por fim, chegou até a família Bolsonaro, quando se tornou suplente na chapa do senador Major Olímpio.
Um dos elos entre Giordano e a família Bolsonaro se deu através da sede do PSL em São Paulo, que é presidido pelo deputado Eduardo, o 03 de Jair.
Segundo site oficial, o PSL está sediado em São Paulo avenida General Ataliba Leonel, 1205, Santana, Zona Norte da capital.
Consultando informações da Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), no mesmo endereço constam duas empresas de Giordano, o suplente de Olímpio.
A primeira é a IBEF (Indústria Brasileira de Estruturas de Ferro), uma empresa do setor de mineração com capital de apenas R$ 100.
A segunda empresa dele no mesmo endereço da sede do PSL-SP é a Família Giordano Indústria e Comércio, que tem capital declarado de R$ 920.
O DCM foi até o endereço. O nome do edifício comercial é Mahattan Tower, ao lado de um sex shop e em frente a um batalhão da Polícia Militar.
Na recepção, o porteiro contou que o PSL não funciona mais lá.
“Eles se mudaram há três meses, em junho. Hoje ficam perto lá da Alesp (Assembleia Legislativa), no Ibirapuera”. A saída do PSL do prédio se deu no mesmo momento em que o escândalo estourou.
Perguntamos se ele conhecia as empresas IBEF ou Família Giordano. “Desconheço. Entrei há pouco tempo aqui. Mas outras pessoas vieram perguntar se a sede é aqui. Na internet, eles não mudaram o endereço, né?”, disse.
Confirmamos que não, e ele completou: “pois é, a sala que eles tinham aqui hoje está vazia”.
Eduardo impede o depoimento de Giordano
Reportagem de André Barrocal na revista CartaCapital, publicada no dia 13, informa que o deputado Eduardo Bolsonaro conseguiu evitar que Alexandre Giordano falasse no Congresso sobre o caso Itaipu.
A oposição queria uma audiência pública com o empresário, mas Eduardo obteve votos para impedir sua realização. Foi uma manobra incomum: como não havia votos suficientes para impedir a convocação de Giordano, Eduardo segurou a votação por uma hora e meia e saiu à caça de deputados alinhados ao presidente, via celular, para que fossem votar.
A proposta foi rejeitada por 20 votos, numa sessão com quórum mínimo.
Chamou a atenção o empenho de Eduardo Bolsonaro nesse assunto e fez aumentar a suspeita, dada como fato na imprensa paraguaia, de que a família Bolsonaro é ligada ao Grupo Léros.
Nesse caso, o acordo secreto entre o Brasil e Paraguai seria a concretização de um negócio privado da família, o que colocaria Bolsonaro, uma vez mais, sujeito a um processo por crime de responsabilidade.
O DCM entrou em contato por telefone e e-mail com os deputados Eduardo Bolsonaro (presidente do PSL SP) e Gil Diniz (o vice de Eduardo), além do senador Major Olímpio e seu suplente, Alexandre Giordano. Nenhum deles respondeu às perguntas da reportagem.
Ao contrário do que diz Bolsonaro, e mesmo fontes da Polícia Federal, citado pelo líder da quadrilha da fraude do INSS, Hélio Negão é o amigo do presidente, e não um homônimo. As fontes da PF dizem que o nome de Negão foi colocado indevidamente para comprometer o superintendente da PF no Rio de Janeiro.
Consta nos autos que o servidor Luiz Henrique Nunes da Silva foi preso em flagrante no momento em que estava no atendimento na APS Santa Cruz – IPL 382/2009-5/DELEPREV/SR/DPF/RJ (peça 1, p. 64) . Ao ser interrogado perante a Polícia Federal o servidor confirmou as irregularidades ao relatar que (peça 1, p. 91) :
‘ (…) na ocasião da sua prisão confirma que estava processando benefícios sem a presença dos segurados; que isso foi feito por pedido do Sr. HÉLIO NEGÃO, – que HÉLIO NEGÃO era um despachante previdenciário que atuava na APS Santa Cruz; que o declarante o conhecia em virtude da presença do mesmo na APS e de contados (sic) feitos em uma padaria próxima, onde os mesmos tomavam café; que HÉLIO NEGÃO pediu ao declarante para conceder os referido benefícios, independentemente das pessoas estarem presentes; que HÉLIO NEGÃO se dizia candidato ao cargo de vereador no município do Rio de Janeiro e ofereceu ao (sic) uma eventual vaga de emprego para o filho do declarante, caso fosse eleito; que afirma que fez outras concessões a pedido de HÉLIO NEGÃO; que essas concessões eram feitas sem a presença de qualquer segurado (…) ’
Ora, em 2016 Hélio Negão foi candidato a vereador pelo PSC em Nova Iguaçu.
Para salvar a cara do Ministro Sérgio Moro, a Policia Federal resolveu encontrar um bode expiatório, o delegado Leonardo Tavares, da Delegacia de Repressão a Crises Previdenciários do Rio de Janeiro, acusado de “tentar direcionar uma apuração de crime previdenciário para um alvo chamado Hélio Negão, o mesmo apelido usado pelo deputado Hélio Fernando Barbosa Lopes, amigo do presidente Jair Bolsonaro”.
A possibilidade de inclusão indevida do nome em um inquérito foi o que motivou o ministro da Justiça, Sérgio Moro, a determinar uma apuração sobre o caso na segunda-feira, 9. Ainda não está claro para a Polícia Federal, porém, se o alvo da investigação era o próprio deputado ou um homônimo”.
É evidente que a coincidência entre o nome e a candidatura a vereador atropela qualquer análise de probabilidade.
Haddad ainda recorda, em sua coluna deste sábado na Folha que, “de maneira sóbria, Greenwald veio a público esclarecer que os valores divulgados são referentes a seus rendimentos profissionais declarados, que, inclusive, já estavam publicados no site da fonte pagadora”.
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou, em sua coluna deste sábado (14), publicada na Folha de S.Paulo, que “Moro teria a obrigação funcional de mandar investigar e punir o vazamento de dados bancários do deputado federal David Miranda”, para, logo em seguida, dizer: “aposto que prevaricará e nem pedirá escusas”.
O deputado federal David Miranda (Psol-RJ) passou a ser investigado, juntamente com seu marido, o jornalista Glenn Greenwald, pelo Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) e pelo Ministério Público. O Coaf, a mando do governo de Jair Bolsonaro (PSL), tenta encontrar alguma irregularidade como forma de retaliação pela série de reportagens que ficou conhecida como Vaza Jato, onde fica provada uma série de irregularidades no processo da Operação Lava Jato praticadas pelo ex-juiz, hoje ministro, Sergio Moro e dos procuradores do MP. David Miranda afirma que abre todas as suas contas para acabar com qualquer suspeita e desafia a família Bolsonaro, “inclusive o Queiroz”, a fazer o mesmo.
Haddad lembra que “Moro cometeu um ato indefensável ao vazar telefonema de Lula que serviu de base para impedi-lo de assumir a Casa Civil do governo Dilma”. O ato, de acordo com o ex-prefeito, foi “qualificado por três circunstâncias: 1) os grampos foram feitos após o horário permitido pelo próprio juiz; 2) envolvia um presidente da República; 3) foi selecionado a dedo apenas 1 dos 22 telefonemas gravados, o único que levaria o STF ao erro de imaginar que Lula buscava foro privilegiado. Moro ficará impune porque pediu exoneração do cargo de juiz e escusas ao STF. Um caso extravagante de excludente de culpa”, ironiza.
Haddad afirma que a investigação sobre o marido de Greenwald, sugere, “subliminarmente, que ele estaria envolvido em práticas pelas quais Flávio e Carlos Bolsonaro são investigados, conhecidas por rachadinha: leia-se, peculato”.
Ao final, ele ainda recorda que, “de maneira sóbria, Greenwald veio a público esclarecer que os valores divulgados são referentes a seus rendimentos profissionais declarados, que, inclusive, já estavam publicados no site da fonte pagadora”.
É questão de horas a queda do diretor-geral da PF indicado por Sérgio Moro e sua substituição pelo delegado bolsonarista Anderson Torres. O site O Antagonista, porta-voz de Moro, já reconheceu a derrota do ministro e informa que o atual delegado-geral, Maurício Valeixo, está limpando as gavetas enquanto Torres já monta sua equipe. Moro pedirá demissão, como tem ameaçado nos bastidores?
Torres está montando a nova equipe a quatro mãos, com Jair Bolsonaro. Ele foi, desde sempre, o candidato dos filhos de Bolsonaro para o cargo. O pai preferia o atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, o também delegado da PF Alexandre Ramagem, que coordenou a segurança da campanha de Bolsonaro após a facada em Juiz de Fora. Mas, aparentemente, a vontade dos filhos prevaleceu mais uma vez: os três fizeram campanha por Torres, atual secretário de Segurança do Distrito Federal.
O virtual novo delegado-geral da PF já respondeu a um processo por tortura. Ao término do processo, que correu entre 2007 e 2018, Torres foi absolvido.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Torres e uma equipe de cinco agentes teriam sequestrado, diante de testemunhas e à luz do dia, dois rapazes suspeitos de furtarem a residência de dois policiais federais. Ele também foi acusado de abrir um inquérito paralelo, embora a competência fosse da Polícia Civil. As investigações da Polícia Militar do DF, contudo, inocentaram os dois jovens.
Delegado da PF há 16 anos, Torres passou metade do tempo da carreira como chefe de gabinete do deputado de extrema-direita Fernando Francischini (PSL-PR), ele também delegado da Polícia Federal.
Levar ao debate público a volta da CPMF, tratada apenas nos porões do Planalto, foi a gota d’água para a demissão do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, que já estava sendo fritado por Bolsonaro após divulgação de informações sobre parentes que atuaram em gabinetes do clã.
Levar ao público o tema da volta da CPMF, tratada apenas nos porões do Planalto, foi a gota d’água para a demissão do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. No entanto, Cintra começou a sofrer um processo de fritura no cargo desde que informações sobre parentes de Jair Bolsonaro que teriam atuado como funcionários fantasmas em gabinetes do clã vieram à tona.
Reportagem de Bruno Boghossian, na Folha de S.Paulo desta quinta-feira (12), mostra que Bolsonaro reclamava abertamente de uma “devassa” que era feita pela Receita sobre as contas de seus parentes. “O Cintra às vezes levanta a cabeça, mas eu vou lá e dou uma nele”, teria dito o presidente na semana passada.
As informações sobre as contas dos parentes do presidente, que são investigados pelo Ministério Público Federal por atuarem como funcionários fantasmas, foram divulgadas em reportagens da revista Época, que traçou uma “genealogia do esquema bolsonarista”.
Ao menos 13 parentes participaram do esquema, que teria como elo a ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle – mãe do seu quarto filho, Renan.
Nesta quarta-feira (11), data da demissão de Cintra, vereador licenciado, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), virou alvo de investigação do Ministério Público (MP) do estado do Rio por denúncias de colocar ao menos sete parentes como funcionários fantasmas em seu gabinete. Eles seriam contratados para a prática da “rachadinha”, deixando parte dos salários com o filho de Jair Bolsonaro (PSL).
Presidente em exercício, Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que a decisão definitiva para a demissão de Cintra se deu porque a discussão em torno da criação de um imposto nos moldes da CPMF se tornou “pública demais”, e não devido à proposta em si. Mourão disse que Bolsonaro não tem uma “decisão” sobre o imposto. No entanto, o presidente escreveu mais cedo em uma rede social que a CPMF está descartada da reforma.
“É a questão do Imposto de Transação Financeira que o presidente Bolsonaro não tem uma decisão a este respeito e ele acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele”, afirmou Mourão, que ressaltou que Bolsonaro não gostou que o debate tenha chegado às redes sociais.
“Antes de ter passado por ele, antes de ter discutido com ele, esse troço transbordou, já estava sendo discutido em rede social, essas coisas todas, e o presidente não gostou”, disse.
O Ministério Público estadual do Rio abriu dois procedimentos para investigar as denúncias de uso de funcionários fantasmas e a eventual prática de “rachadinha”, como é conhecida a devolução de salários, no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). As investigações foram abertas com base em reportagem publicada por ÉPOCA em junho que revelou que Carlos empregou sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e sua madrasta. Dois admitiram à reportagem nunca terem trabalhado para o vereador, embora estivessem nomeados. O MP ainda apura suspeitas de que outros três profissionais nunca deram expediente na Câmara.
A partir de um pedido com base na Lei de Acesso à Informação, o MP confirmou os dois procedimentos, mas informou que ambos tramitam sob segredo de justiça. A investigação criminal está a cargo do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, com apoio do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim). Já na esfera cível, onde se apura eventual improbidade administrativa, a investigação ocorre na 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
Um dos principais alvos da investigação é a situação de Marta Valle — professora de educação infantil e cunhada de Ana Cristina Valle. Moradora de Juiz de Fora, em Minas Gerais, ela passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete entre novembro de 2001 e março de 2009. Procurada por ÉPOCA, Marta disse que nunca trabalhou para Carlos. “Não fui eu, não. A família de meu marido, que é Valle, que trabalhou”. O salário bruto de Marta Valle chegou a R$ 9,6 mil, e, com os auxílios, chegava a R$ 17 mil. Segundo a Câmara de Vereadores, ela não teve crachá como assessora.
Outro caso descoberto pela reportagem foi Gilmar Marques, ex-cunhado de Ana Cristina Valle e morador de Rio Pomba, em Minas Gerais. Com a correção inflacionária, o salário bruto dele chegou a R$ 7,9 mil, mas somados os auxílios chegou a R$ 14 mil. Questionado, não se recordava da nomeação e disse: “Meu Deus do céu. Ah, moça, você está me deixando meio complicado aqui. Eu ganhava? Isso aí você deve estar enganada”. Ele também nunca teve identificação funcional da Câmara Municipal do Rio.
A situação se repetiu em relação ao advogado Guilherme Henrique de Siqueira Hudson que constou como assessor-chefe do vereador Carlos Bolsonaro durante dez anos – entre abril de 2008 e janeiro de 2018. Guilherme é primo de Ana Cristina Siqueira Valle e, apesar de todo o tempo em que ficou lotado na chefia do gabinete, ele jamais teve crachá. Desde 2012, possui residência fixa em Resende, onde casou e abriu um escritório de advocacia, além de uma loja de decoração. Desde 2012, o site do Tribunal de Justiça do Rio mostra que ele atuou em 68 processos na região de Resende e em cinco na capital. Resende fica a cerca de 170 quilômetros da capital.
No período em que Hudson foi relacionado como assessor-chefe, Ananda Hudson, sua mulher, foi nomeada no gabinete para ocupar o cargo e salário deixados por Marta Valle, quando ela foi exonerada, em 1º de março de 2009. Ananda constou como assessora até agosto de 2010. No mesmo período, porém, ela cursava faculdade de Letras em Resende.
Depois que Ananda Hudson saiu, o cargo dela foi repassado a Monique Hudson, cunhada de Guilherme. Monique é outra que nunca teve crachá da Câmara. Ela também mantém residência fixa em Resende há pelo menos duas décadas. Monique ficou lotada no gabinete da Câmara Municipal até dezembro de 2014, mas, nesse período, também cursou Letras na Associação Educacional Dom Bosco, mesma faculdade de Ananda.
A investigação também inclui Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina. Ela constou como servidora de Carlos entre os anos de 2006 e 2008. Fisiculturista, ela também foi nomeada nos gabinetes de Jair e de Flávio. Ao todo, ficou lotada por 20 anos. Mas, fora as listas de frequência entregues pelos próprios parlamentares, não há registro do trabalho dela. Andrea também não teve crachá da Câmara do Rio.
Segundo a Câmara Municipal do Rio, “a emissão dos crachás dos servidores ocorre preferencialmente no dia da sua posse”.
Procurado por meio de seu chefe de gabinete, Carlos Bolsonaro não respondeu à ÉPOCA. A reportagem também não teve retorno de Marta, Gilmar, Guilherme, Ananda e Monique.
Os casos de funcionários com dificuldade de comprovar que trabalharam no gabinete de Carlos, embora estivessem nomeados, não se restringem aos parentes da ex-mulher de Bolsonaro.
Reportagem do jornal O GLOBO de agosto deste ano mostrou as histórias de Diva da Cruz Martins e a filha, Andrea da Cruz Martins. A primeira esteve lotada entre fevereiro de 2003 e agosto de 2005 e a segunda, de 2005 até fevereiro deste ano. Em novembro de 2013, no entanto, quando Andrea deu entrada nos papéis de seu casamento no cartório de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela identificou-se como “babá”.