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Em guinada diplomática, Lula usa Amazônia para reposicionar Brasil no mundo

Jamil Chade – Por anos, a Amazônia esteve no centro do mundo. Mas na periferia do Brasil. Nesta quarta-feira, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva iniciou, em Sharm El-Sheikh, uma transformação dessa postura. E, em troca, vai pressionar por uma reforma na administração do mundo, mais recursos de países ricos e uma garantia de que o país precisa fazer parte das grandes decisões do planeta.

No fundo, a viagem à Conferência da ONU sobre o Clima, no Egito, não foi sobre o clima. Ao subir no palco da COP27, Lula apresentou uma profunda guinada na política externa do Brasil, usando justamente a Amazônia como instrumento para promover uma nova inserção do país no mundo.

Fugindo de sua liturgia de sempre falar sem ler um script, desta vez Lula sabia que precisava seguir um roteiro. O presidente eleito falou o que os países ricos queriam ouvir: a redução do desmatamento será prioridade máxima do governo e a cooperação internacional será necessária. Fundos serão retomados e Lula criticou a destruição da floresta, deixando claro que está ciente do papel da floresta para a sobrevivência do planeta.

Ou seja, o Brasil está aberto ao mundo.

Para as democracias ocidentais preocupadas com o populismo ultraconservador, ele citou a necessidade de vencer a extrema direita e o negacionismo, e insistiu sobre a presença de povos indígenas como protagonistas da questão climática, outro fator de pressão internacional.

Lula ainda insistiu que o mundo poderá continuar a consumir os produtos agrícolas brasileiros e acenou para a possibilidade de uma exportação que não signifique degradação ambiental.

Mas ele também deixou claro que será um momento de cobrança e lembrou como, mais de dez anos depois de as economias desenvolvidas prometerem recursos, até hoje nenhum centavo foi desembolsado. “Voltei mais cobrador”, disse Lula.

Para ele, promessas podem comprometer a credibilidade dos países ricos e deixou claro que, hoje, quem mais sofre com as mudanças climáticas são justamente as nações que menos contribuíram para o aquecimento do planeta.

Em outras palavras: está na hora de o dinheiro ser liberado.

Acenos aos países em desenvolvimento

O presidente eleito ainda deixou claro que sua participação no debate internacional também estará repleta de acenos aos países emergentes e mais pobres. Ele propôs uma aliança mundial pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, uma bandeira que tem como meta reposicionar o Brasil como líder entre os emergentes e em regiões como a África e América Latina.

Os arquitetos de sua política externa sabem que o Brasil perdeu espaço nessas regiões e, agora, uma recuperação passará por um novo esforço diplomático.

Lula insistiu em apontar para as injustiças no cenário internacional e na concentração de renda em apenas um número pequeno de países. Ao discursar, prometeu tecnologia para os países africanos e maior integração na América Latina.

Abandonando por completo o tom religioso ou a guerra cultural, o presidente eleito concentrou seu discurso em defender um “mundo mais justo”. Criticou os trilhões de dólares que são gastos em guerras, enquanto 900 milhões de pessoas passam fome.

Conforme o UOL tinha antecipado, Lula ainda deixou claro que o Brasil estará na rota das grandes cúpulas internacionais. Em 2023, uma reunião internacional entre os países Amazônicos, em 2024 a cúpula do G20 com ênfase no clima e, em 2025, a COP30.

Com isso, não apenas atrai a atenção do mundo ao Brasil. Mas posiciona a diplomacia do país na condução da agenda internacional.
Nova governança e lugar na mesa dos adultos.

Outro pilar de sua política externa será a reforma das instituições internacionais, justamente para dar mais voz aos emergentes. Para ele, a ONU precisa “avançar”. “O mundo mudou, os países mudaram”, disse.

Para ele, a instituição não pode ficar nas mãos dos vencedores da Segunda Guerra Mundial. “O mundo precisa de uma governança global, principalmente no clima”, destacou.

Um dos focos é a expansão do Conselho de Segurança da ONU e o fim do poder de veto apenas para os cinco países com assento permanente no órgão.

Lula ainda deixou claro que os temas globais são temas também brasileiros. Alertou sobre a tensão criada pela volta do debate nuclear, citou a crise do abastecimento de energia e o aumento da desigualdade.

“O Brasil está de volta”, disse. “Está de volta para reatar os laços com o mundo e combater a fome”, afirmou. Ele ainda defendeu um comércio justo, num acesso a possíveis reformas na OMC, além de defender uma ordem mundial “multipolar” e o fortalecimento do multilateralismo.

Em outras palavras: uma rejeição a um mundo dividido entre a hegemonia dos EUA e da China.

“O Brasil está pronto para se juntar aos esforços de um planeta mais saudável e um mundo mais justo”, disse.

Não se trata, porém, apenas de voluntarismo. Em troca, quer um lugar na mesa dos adultos.

*Uol

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Lula presidente

Bloomberg: Lula virou herói global na COP27

“Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU no resort egípcio de Sharm el-Sheikh”, diz a agência de notícias sobre Lula na COP27.

A agência de notícias Bloomberg destacou nesta quarta-feira (16) o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante a COP27. Segundo a agência, o brasileiro foi recebido com boas-vindas de “herói” pela comunidade internacional com seu discurso em defesa da Amazônia.

Na reportagem, agência estadunidense de notícias disse que “Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU”. Confira abaixo a chamada da Bloomberg e a reportagem sobre o discurso em Sharm El-Sheikh, Egito.

bloomberg-lula

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se ofereceu para sediar as negociações climáticas da ONU na Amazônia em 2025, dizendo que o país priorizará a preservação da maior floresta tropical do mundo.

Lula, como é conhecido o político, faz sua primeira viagem internacional desde que derrotou o presidente Jair Bolsonaro nas eleições do mês passado. Em contraste com a posição de Lula, Bolsonaro enfraqueceu a proteção da maior floresta tropical do mundo em favor do desenvolvimento econômico.

“Estou aqui na frente de todos vocês para dizer que o Brasil está de volta”, disse ele em discurso nas negociações da COP27 em Sharm El-Sheikh, Egito, entre governadores dos estados amazônicos do Brasil e diante de um multidão entusiástica que entoava seu nome. “O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos.”

Sob a saída de Bolsonaro, as taxas de desmatamento na Amazônia atingiram níveis recordes. Pelo menos algumas partes dele pararam de capturar gases de efeito estufa e agora contribuem para o aquecimento global, de acordo com pesquisas científicas . Em seu discurso na COP27, Lula prometeu reverter um pouco disso.

“Vamos lutar fortemente contra o desmatamento ilegal”, afirmou. “Vamos criar o Ministério dos Povos Indígenas para que eles não sejam tratados como criminosos pelas indústrias – esteja preparado para isso.”

Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, com centenas não apenas de jornalistas e ativistas, mas também de indígenas vestidos com roupas tradicionais esperando por até três horas pelo presidente -chegada do eleito. Quando ele entrou na sala, eles entoaram ao som de cânticos de futebol: “Olé, Olé, Olé, Lula Lula!”

No entanto, apesar das boas-vindas entusiásticas, impedir o desmatamento da Amazônia não será fácil para Lula, dados os desafios geográficos de uma terra enorme e isolada – cerca de metade do tamanho dos EUA – difícil de policiar e cheia de gangues violentas com um governo enfrentando restrições fiscais.

Em outro discurso feito no final do dia na COP27, Lula prometeu fazer da luta contra a mudança climática uma questão central dentro de seu governo, incluindo o combate ao desmatamento e crimes ambientais. O novo governo vai reinstituir instituições que monitoram o desmatamento e estudam a Amazônia, mas foram desmanteladas durante o governo Bolsonaro.

O presidente eleito disse que também conversará com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para indicar o Brasil como país-sede para as negociações da COP30 em 2025. A cúpula deve ocorrer em um estado da Amazônia, disse ele.

“As pessoas que defendem o clima deveriam conhecer de perto o que é aquela região”, afirmou. “Devemos mudar a forma como as pessoas discutem a Amazônia a partir de uma realidade concreta e não apenas dos livros.”

O Brasil fará da agenda climática uma das prioridades do Grupo dos 20 em 2024, quando o país assumir a presidência, afirmou. Lula pretende levantar com os países ricos questões que foram aprovadas em COPs anteriores, mas nunca foram implementadas.

O presidente eleito também expressou apoio à posição dos países em desenvolvimento no que é possivelmente o assunto mais controverso debatido na COP27 – perdas e danos, ou o direito dos países pobres de obter compensação pelos impactos do aquecimento global que eles estão sofrimento, mas não causou.

“Precisamos com muita urgência de mecanismos financeiros para resolver as perdas e danos causados ​​pelas mudanças climáticas”, afirmou. “Não podemos continuar atrasando este debate – não temos mais tempo a perder.”

*Com 247

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Mídia

O Brasil voltou; Vera Magalhães também

Numa democracia, não é sacrilégio algum que jornalistas tenham preferências políticas, Isso faz parte da atividade, do processo e da própria formação da história sempre que o interesse comum e não os particulares se sobreponham.

Para isso, não é preciso ter um padrão de pensamento ou buscar um modelo constituído em determinada regra.

Não é nenhuma novidade que Vera Magalhães tem um problema com Lula, assim como com o PT. É uma espécie de código das águas que naturalmente correm para o mar nas redações da mídia nativa.

Na dificuldade de se achar carvão para manter uma fogueira acesa contra Lula, sobretudo em um histórico inédito terceiro mandato, tudo o que tiver ao alcance especulativo ganha uma adaptação especial para dar fisionomia própria a um jornalista.

Essa é uma forma de se produzir combustível em que fatos são substituídos por fatores para embaraçar o entendimento da sociedade, melhor dizendo, dos leitores.

Vera Magalhães, como se sabe, é aquela protagonista de um vídeo na Jovem Pan, que, falando de Moro em tom de elogio, o tratava como juiz parcial, quando dizia que ele tinha oponente na hora de fazer seus julgamentos.

Esse é o tipo de elogio às avessas, porque peca pelo sincericídio, mas também pelo deslumbramento de quem solta essa lapada inacreditável de boca própria.

Para piorar, a moça grifou que, quando juiz, Moro era um grande enxadrista, ou seja, ele jogava com quem ele deveria apenas se limitar a julgar a partir de provas colhidas pelo Ministério Público, coisa que ela sabe que Moro nunca teve contra Lula, porque simplesmente Dallagnol, representante do MPF na Lava Jato e chefe da Força-tarefa, nunca as apresentou.

Por óbvio, fica esclarecido o seguinte, Dallagnol jamais apresentou qualquer prova contra Lula. Por isso Moro sapecou na condenação do, então, ex-presidente, o termo vazio, “ato de ofício indeterminado”.

Isso escancarou que Moro não tinha nada em mãos que pudesse comprometer a honra de Lula. Aliás, Reinaldo Azevedo vive desafiando Moro a apresentar provas que incriminem Lula, mas até hoje, nada.

Vera Magalhães sempre soube disso, mas insiste na premissa fundamental de que, se eu não posso provar nada contra Lula, provado está, já que, segundo a teoria introduzida por Dallagnol no debate público, numa instância estranha, o grande corrupto produz uma situação cega aos olhos da justiça, admitindo que jamais teve qualquer prova contra Lula.

Essa abstração verborrágica ganhou cultura própria no vocabulário mimético que Vera pinçou no ar da graça da Lava Jato, como se estivesse falando de uma excelência e, consequentemente, de um grande escândalo de corrupção.

E é a partir dessa ilimitada eficiência de transformar nada em carvão, que Vera Magalhães usa as chamas de sua fogueira para dar forma e rendimento a uma narrativa fácil de algo vindo de uma grande mentira, com fonte totalmente queimada, diante da comunidade jurídica nacional e internacional na insistência de convencer a população que uma mentira tem lá suas verdades. Tudo para não perder a última chance que lhe resta de sapecar em Lula a pecha que convém à jornalista, que segue absolutamente deslumbrada com Sergio Moro que parece coincidir com o restante da grande mídia, salvo algumas honrosas exceções.

O fato é que ao menos uma matéria grotesca publicada no Globo de hoje, como a de Vera, com a volta de Lula e, consequentemente, com a volta da democracia no Brasil, a jornalista pôde se lambuzar em sandices sem que seja acossada por um ditador estatutário, como Bolsonaro, como foi o caso de sua participação no debate da Band, porque, como foi cantado hoje no Egito pela plateia que assistiu Lula falar na COP27, o Brasil voltou, e Vera Magalhães, também.

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Opinião

Com questão fiscal e jatinho, quem tem “mau começo” é a imprensa, não Lula

Reinaldo Azevedo – Apontem o tipo penal no qual incidiu Luiz Inácio Lula da Silva ao aceitar a carona no jatinho do empresário José Seripieri Filho, na viagem ao Egito, para participar da COP27, e talvez eu possa indicar algum caminho para que o presidente eleito responda por seu… Por seu o quê? Não havendo nada disponível no Código Penal, tentem a Lei da Improbidade Administrativa tão logo se descubra o cargo público ora exercido pelo petista e por que a viagem, por si, evidenciaria ser ele um homem improbo. Quem sabe se deva evocar a Lei 1.079, que pune crimes de responsabilidade… Coragem, valentes! Vistam uma camiseta amarela, caiam de joelhos, evoquem os demônios golpistas e proponham o impeachment de Lula antes da posse. Nem seria assim tão original — afinal, em 2018, ele foi, de modo muito particular, cassado antes mesmo de ser eleito.

Uma coisa é noticiar que o petista viajou de carona no avião de Júnior, como o empresário é conhecido. Outra, bem distinta, é fazer disso um escarcéu. O homem foi eleito há 16 dias. Na imprensa internacional, o Brasil deixou as seções dedicadas à delinquência política e voltou a ser tratado como um ator global, especialmente em razão da questão climática — razão da viagem, note-se. No front interno, indicou o centrista Geraldo Alckmin para comandar a transição e chegou até a despertar ciumeira no PT, dada a quantidade de não companheiros que participam do processo. Deu início a diálogo respeitoso no Congresso para encontrar uma resposta econômica e política para o teto de gastos.

Não obstante, no intervalo de cinco dias, setores da imprensa já anunciaram dois “maus começos” para o terceiro mandato de Lula. Eu sei que é preciso ser um empirista empedernido para acreditar, mas o presidente da República ainda é Jair Bolsonaro. Não que eu esteja a sentir falta de sua retórica…

O primeiro mau começo teria acontecido ao supostamente relativizar a responsabilidade fiscal — coisa que ele efetivamente não fez. Basta que nos atenhamos às suas palavras, e se verá que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Persio Arida, que está na transição, afirmaram praticamente a mesma coisa. E o segundo teria se dado agora, com a viagem ao Egito. A seriedade com que Lula tratará a questão fiscal se vai verificar no curso do governo, sempre considerando que foi ele a vencer a eleição, não Bolsonaro-Guedes. A propósito: a dupla arrombou o teto o quanto quis, também na boca da urna, e muitos especuladores viram naquilo sinal de esperteza. Quanto ao avião, indago: qual é a questão?

“Ah, Reinaldo, pode não ser ilegal, mas não é moral”. Então falemos a respeito. Sempre notando que Lula ainda não exerce função pública, noto que a moralidade na administração tem disciplina constitucional. Diz o caput do Artigo 37 da Constituição:
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”

E se seguem 22 Incisos mais 16 Parágrafos. Depois do Artigo 5º, deve ser o mais longo da Carta. E há, reitero, a Lei da Improbidade Administrativa. Saibam: ainda que Lula já fosse presidente — e ele não é —, não haveria nada de irregular na carona.

“Ah, vai agora passar pano?”

PANO EM QUÊ? Está a se falar de qual irregularidade? Se alguém conseguir responder, a gente pode seguir nessa conversa.

O FANTASMA DA LAVA JATO
Júnior foi uma das vítimas da Lava Jato, que é a mãe de boa parte dos desastres em curso no país, muito especialmente do golpismo. Ao tratar da carona, a imprensa fez questão de lembrar que ele chegou a ser preso. De fato, teve a prisão temporária decretada no âmbito de uma monstruosidade legal apelidada de “Lava Jato Eleitoral” no dia 21 de julho de 2020 e foi solto três dias depois. À época, escrevi a respeito e evidenciei o abuso. A minha crítica, pois, não é de ocasião.

Que sentido fazia decretar em julho de 2020 a prisão temporária no âmbito de uma investigação que remetia a doação eleitoral feita seis anos antes? Pareceu-me tratar de uma intimidação. Júnior acabou fazendo delação. Torço para que um dia saibamos os bastidores de todas as delações feitas no país. Assim poderemos avaliar o estrago que faz uma lei mal pensada quando manipulada por interesses políticos.

Lamento constatar, mas me parece que se tenta fazer a escandalização do nada. E, nesse caso, quem está diante de um mau começo é a imprensa, não Lula. Não me interessam nem ao país as prosopopeias e adjetivos torrenciais com que se tenta fazer a tempestade no copo d’água. Falem-me de leis, e assim se poderá, quem sabe?, manter uma conversa que diga respeito ao interesse público. Como se faz um debate às cegas, tateando o puro moralismo rombudo, fica-se no escuro dos achismos e das sentenças condenatórias biliosas.

Lula passou 580 dias na cadeia. Até hoje, não há juiz, jornalista ou golpista que consigam dizer em quais páginas da sentença de Moro estão as provas contra o agora presidente eleito. Sintomas daquele mal voltam a se manifestar nesse caso do jatinho: tem-se a condenação, mas não se sabe para qual crime. Lamento constatar que, nas expressões mais virulentas, essa doença produz os zumbis golpistas que estão às portas dos quartéis ou a atacar ministros do Supremo.

Bastou a Lula um dia no Egito para falar com os respectivos representantes dos governos americano e chinês. No que respeita à diplomacia, conserta em horas o que o ainda presidente destruiu em quatro anos. “Ah, mas e o jatinho?” Sabendo de algum crime, avisem. Farei o mesmo.

Agora vou combater golpistas.

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Opinião

Desta vez, cerco da mídia a Lula começou antes da posse

De quem é este avião? Quanto custou? Quem está pagando?

Em todas as campanhas anteriores de Lula, esta era a primeira pergunta que os repórteres me faziam quando a gente chegava no aeroporto num avião executivo.

Na primeira, em 1989, ainda viajando em avião de carreira, um passageiro ficou indignado ao ver Lula a bordo:

“Olha aí, o Lula, o metalúrgico… Agora só quer saber de viajar de avião…”

Fui perguntar ao elemento se ele queria que Lula fizesse a campanha para presidente de ônibus ou montado num cavalo.

A esta altura, Fernando Collor, o candidato empresário, já cruzava os céus do país só viajando em aviões particulares e ninguém queria saber quem pagava o voo.

Nessa época, Lula não podia jantar num bom restaurante, mesmo que fosse a convite de alguém (ele nunca foi de botar a mão no bolso), que logo começavam os comentários nas mesas ao lado.

“Olha aí, o Lula, o metalúrgico, agora só quer saber de comer camarão…”

A pedido do próprio, parei de querer tirar satisfações quando ouvia essas coisas, mas aquilo me incomodava profundamente.

Uma vez presidente, eleito e reeleito, esse preconceito de classe nunca deixou de existir, mesmo depois dele ser recepcionado com tapete vermelho nos mais elegantes palácios do mundo.

Durante o governo de transição de FHC para Lula, em 2002, certa vez os assessores dele estavam jantando num restaurante na Academia de Tênis, às margens do Lago Paranoá. Os repórteres que nos seguiam vieram me perguntar o que a gente estava comendo, que vinho era aquele, quanto custava, quem estava pagando.

Ali eu vi que esse preconceito se estendia também à equipe do presidente eleito. Na verdade, era dirigido não às pessoas físicas, mas ao PT, o Partido dos Trabalhadores, que ousou chegar ao poder neste país de uma elite ainda fortemente escravocrata, dividido entre quem manda e quem obedece, como bem sabe o general Pazuello.

Na campanha deste ano, as coisas mudaram um pouco. Notei que, à medida em que a eleição se aproximava, Lula contou com uma cobertura mais simpática de setores importantes da imprensa, até porque, a terceira via não deu certo e o único adversário que sobrou era simplesmente indefensável.

Vimos nas redes sociais, certamente publicado por bolsonaristas, um vídeo mostrando como a redação da Globo vibrou com a vitória de Lula na noite de 30 de outubro. A imprensa em geral, principalmente no exterior, recebeu o resultado com um misto de alívio e satisfação por ter evitado o pior.

Mas essa lua de mel durou muito pouco, não chegou nem até a posse. Como se tivesse um comando unificado, a mídia brasileira inteira caiu matando num discurso que Lula fez na semana passada, ao priorizar a responsabilidade social sobre a responsabilidade fiscal, para atender às emergências da miséria e da fome, um drama que ele conhece bem de perto, e o fez chorar.

Não havia nada de novo no discurso. Desde a sua primeira campanha, o presidente eleito sempre disse que o mais importante era garantir três refeições por dia a todos os brasileiros, algo que foi alcançado nos seus dois mandatos. Vinte anos depois da primeira posse e às vésperas da terceira, o Brasil tinha voltado ao Mapa da Fome.

A questão nem é ideológica, política, econômica. Esta relação neurótica da mídia com Lula, entre o amor e o ódio, vem desde que ele deixou de ser mero líder do novo sindicalismo para criar um partido político de baixo para cima, e se tornar a maior liderança popular do país em todos os tempos.

O dólar subiu, a Bolsa caiu, foi um fuzuê danado no “mercado” nervoso, que simplesmente não se conforma com o relevo que Lula conquistou na cena política mundial, como estamos vendo agora mesmo na sua viagem ao Egito para participar da COP-27.

É uma questão de classe social. Será que esse tal de Lula não se enxerga? Quem ele pensa que é? Nunca será do nosso clube.

Como é que um pau-de-arara, sobrevivente dos sertões nordestinos, e ainda por cima operário, que perdeu um dedo trabalhando no torno de uma metalúrgica, sem ter diploma universitário e sem saber falar inglês, se atreveu a furar a fila dos nobres brasileiros do andar de cima, militares e civis, que ocuparam a Presidência desde a Proclamação da República, festejada neste 15 de novembro?

Dois dias depois de recepcionar a Janja, mulher de Lula, numa entrevista amistosa no Fantástico, o braço impresso do império global fez um editorial criticando a proeminência que ela assumiu na campanha do marido. A mídia invocou até com a blusa que Janja usou na entrevista, que custou mais de R$ 2 mil, vejam só, que absurdo!, logo a mulher de Lula, o ex-metalúrgico.

Para completar, Lula viajou ao Egito de carona no avião particular de um empresário amigo enrolado com a Justiça, um assunto que ganhou mais espaço no noticiário do que as propostas do presidente eleito para trazer o país de volta ao protagonismo na discussão do clima.

Queriam que ele viajasse num avião de carreira, para ser hostilizado pelos fanáticos bolsonaristas em transe patriótico após a derrota, que atacaram os ministros do Supremo Tribunal Federal em plena Nova York?

Assim voltamos ao início dessa história: de quem é o avião, quem pagou?

Pois é, se Lula tivesse um jatinho particular como João Doria e tantos outros políticos, não haveria esse problema. No Brasil, só tem avião executivo quem manda, quem tem pedigree e muita grana, não quem obedece. Por nunca obedecer, não nomear quem o mercado quer e não manter o teto de gastos que nem existe mais, Lula vai continuar apanhando sempre, estando certo ou errado.

Quem manda ninguém do PT ter um jatinho para oferecer a Lula?

Eles não roubaram tanto, a maior corrupção mundial, segundo o probo juiz Sergio Moro, e suas viúvas na grande imprensa?

Vida que segue.

*Kotscho/Uol

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Democracia

Picuinhas brejeiras da mídia contra Lula revelam que a democracia está de volta

Nada melhor do que a volta da democracia.

Se lembrarmos que, num ato de total submissão a Moro, no dia 1º de novembro de 2018, a mídia corporativa exaltava em garrafais o ingresso de Moro no governo Bolsonaro, numa das mais inescrupulosas ações políticas da história desse país, porque se tratava do ex-juiz, elevado à condição de herói pela mídia, que deixava, de maneira escancarada, que havia prendido Lula em troca de uma super pasta no governo Bolsonaro.

Detalhe, as tratativas aconteceram bem antes da prisão de Lula que o tirou da disputa presidencial em que as pesquisas apontavam sua vitória já no primeiro turno.

Isso foi confidenciado por um dos homens mais próximos de Bolsonaro durante a campanha de 2018, Gustavo Bebianno.

Para a mídia isso era e continua sendo um detalhe tolo, que até hoje não merece sequer uma notinha nos jornalões. Afinal, Moro é o eterno aliado e, Lula, o inimigo.

E essa memória afetiva levada a ferro e fogo pela mídia não permite até os dias atuais qualquer ataque à vilania de Moro.

Tanto naquele momento quanto hoje, a mídia não se mostrou, como não se mostra interessada em qualquer notícia que dirija seus canhões contra o juiz mais corrupto da história da República. E por isso mesmo ou em consequência disso, Bolsonaro agiu como agiu durante os quatro anos de seu mandato, chegando ao cume da extravagância humana apresentando como resposta, 700 mil brasileiros mortos por covid, por culpa exclusiva de Bolsonaro. Porém não dá para separar Moro dessa tragédia, até porque a presidência da República de Bolsonaro é descendente da Lava Jato de Moro.

Mais que isso, Moro se manteve no governo, mesmo de forma cambota, sem dar uma única palavra sobre o morticínio que Bolsonaro já tinha promovido de forma acelerada.

Ou seja, não nos iludamos, a crítica feita à futura primeira-dama, Janja, com palavras textuais de que ela deveria voltar aos costumes do século XIX, quando a mulher era proibida de frequentar o salão da casa grande, ficando reservada apenas à cozinha, aonde o custo de sua blusa também vira assunto de manchete e, lógico, o jatinho em que Lula viajou para a COP27, no Egito, ser de um empresário que foi delator na Lava Jato.

O refil da Lava-Jato ainda rende um caldo para essa mídia que fechou os olhos, os ouvidos, mas sobretudo a boca para falar de todos os crimes cometidos, principalmente pela dupla de pilantras, Moro e Dallagnol, que se esbaldaram dos recursos privados para dar palestras, contratados por agenciadores do mercado de capitais e uma atenção especial a banqueiros que queriam a garantia de que Lula seria preso e que Bolsonaro teria o caminho livre para assumir o país e promover a tragédia que promoveu.

Convenhamos, não é preciso tanto raciocínio para oficializar a mídia brasileira como o tribunal supremo desse país. Lógico, que a sua constituição é adaptável de acordo com as cartas que tem na manga, que podem facilitar ou complicar a vida de quem ela quiser.

Por isso a direção dos jornalões, que fazem questão de esquecer o que representou de verdade a operação policial Lava Jato, com revelações do Intercept e pelos caminhos políticos que Moro tomou, junto com Dallagnol, para entender que a infame mídia brasileira, que surgiu para ser um panfleto da oligarquia, segue firme gastando vela com aquilo que ela enxerga como lucro.

Esse grotesco obelisco que nos cobre de vergonha, assim nasceu, assim se mantém e assim morrerá.

Viva a volta da democracia!

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Opinião

Enquanto um jornal francês anuncia Lula como a estrela da COP27, aqui no Brasil bolsonaristas não aceitam sua eleição

Através de transmissão em redes e podcast de direita,  bolsonaristas tentam alucinadamente a anulação controlada das eleições. Ou seja, as urnas eletrônicas que elegeram Lula, mas que também elegeram governadores, deputados, senadores bolsonaristas, mas para o gado premiado as urnas foram fraudadas, mas de forma seletiva.

A fraude, segundo eles, foi só com os votos em Lula, o que, por si só, é uma piada pronta. Na verdade, é uma rua sem saída para esses idiotas.

Na realidade, Bolsonaro sabe que não há a menor chance de anular a eleição, o que ele tenta é fazer uma barreira de contenção no judiciário para se livrar da cadeia, utilizando manifestações em frente a quartéis do exército, como assombração de lençol, ao passo que joga com a mesma técnica da milícia contra o STF, ameaçando a integridade física dos ministros, inclusive fora do país.

O fato é que Bolsonaro já não existe mais como governante, nem para os brasileiros, nem para o mundo. Hoje, Bolsonaro está reduzido a uma vertigem do gado que não tem nada para fazer na vida.

Duas semanas após sua derrota, somente os abestados acreditam na volta do Messias. Eles ficam tomando chuva na cabeça enquanto Bolsonaro usa a manete para controlar essa xepa de zumbis que sobrou para ele.

O fato é que acabou o discurso com um desgaste gigantesco para as Forças Armadas, sobretudo por culpa de generais da reserva que, já com os pés na cova e com a calça de pijama e a gandola verde oliva empoeirada.

É exatamente isso que sobrou do tal bolsonarismo, tanto que essa gente agora fala sozinha, enquanto Lula fala ao planeta como a grande estrela da COP27 no Egito.

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Lula “é esperado como estrela” na COP, segundo jornal francês; Bolsonaro nunca foi ao evento

Presidente eleito fará pronunciamento em área da ONU destinada a negociações.

Brasil de Fato – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá agenda de chefe de Executivo durante sua participação na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 27) no Egito, nesta semana. O jornal francês Les Echos afirmou que o petista “é esperado como estrela no Egito”, em matéria publicada nesta segunda-feira (14).

Lula tem encontros confirmados com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente do país anfitrião, o general Abdel Fattah El-Sisi, e com lideranças de outros países interessados em auxiliar no combate ao desmatamento.

Na quarta-feira (16), Lula participa do evento “Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática”, na qual tamvém estão presentes os governadores Waldez Góes (PDT-AP), Gladson Cameli (PP-AC), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO) e Coronel Marcos Rocha (União Brasil-RO).

O grupo de governadores deve entregar um planejamento com ações de controle do desmatamento, como parte de um movimento para conseguir financiamento e realinhamento internacional após a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Helder Barbalho foi o responsável pelo convite feito a Lula para participar da COP.

No mesmo dia, Lula fará um pronunciamento na Zona AzuL, que é uma área administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU), onde ocorrem negociações entre lideranças dos países. No local, todos os participantes devem ser credenciados pelo Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.

“Este ano, serão 156 pavilhões dentro da Zona Azul, o dobro do que em Glasgow [que sediou a COP de 2021]. Muitas agências da ONU, países e regiões estarão representados, e também haverá pela primeira vez um pavilhão da Juventude e um Pavilhão Agroalimentar”, divulgou o escritório da ONU no Brasil em seu site.

No dia seguinte, Lula tem um encontro com representantes da sociedade civil brasileira, no Brazil Climate Action Hub – trata-se de um espaço criado em 2019, durante a COP25, realizada em Madri, na Espanha, com o objetivo de dar visibilidade à ação climática brasileira. Mais tarde, ainda no mesmo dia, o presidente eleito tem um encontro com o Fórum Internacional dos Povos Indígenas para Mudanças do Clima.

Presença de Lula contrasta com ausência de Bolsonaro

A expectativa em torno da presença de Lula na COP27 contrasta com a ausência de Jair Bolsonaro, que segue na Presidência da República até 31 de dezembro. Em seu lugar, o atual mandatário mandou para o evento o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que chega ao Egito nesta terça-feira (15).

No segundo dia de evento, em 9 de novembro, Leite participou de um painel online no qual afirmou que a agricultura brasileira “é a maior agricultura regenerativa do mundo por uma característica da nossa agricultura tropical, que protege o solo, que melhora o solo, que fixa carbono no solo e ao mesmo tempo cuida de florestas nas áreas de reserva legal, de preservação permanente, cuida de suas nascentes, cuida do seu solo em relação à erosão”.

O ministro ignorou, entretanto, o desmonte das agências de fiscalização do meio ambiente no governo Bolsonaro. Dados do relatório “O financiamento da gestão ambiental no Brasil: uma avaliação a partir do orçamento público federal”, publicado em agosto pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostram que, enquanto o orçamento para políticas ambientais atingiu o pico de R$ 13,3 bilhões em 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT); o valor diminuiu para R$ 3,7 bilhões, em 2021, no governo Bolsonaro. O valor representa um tombo de 71%.

O governo também já recebeu do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) o dado anual do desmatamento na Amazônia, mas deve divulgá-lo somente após a COP27, segundo apuração da Folha de S. Paulo.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) repercutiu a notícia em seu perfil no Twitter. “Bolsonaro já recebeu do INPE o dado anual de desmatamento da Amazônia, mas só vai divulgar depois da COP27 porque a destruição é recorde. É por isso que Lula será recebido na COP como chefe de Estado e Bolsonaro continuará em seu cantinho, calado e insignificante”, publicou.

Não é a primeira vez que Bolsonaro decide publicar os dados do Inpe após a realização do evento, indo contra uma tradição que vinha se estabelecendo desde 2005, no primeiro governo Lula. No ano passado, os dados só vieram a público após o fim da COP26, que ocorreu na Escócia. Embora a informação sobre o desmatamento na Amazônia estivesse disponível desde 27 de outubro de 2021, o governo Bolsonaro divulgou os dados somente em novembro.

Bolsonaro nunca foi à COP

Bolsonaro também não foi à COP26 e enviou o ministro Joaquim Leite. Na ocasião, o presidente enviou um vídeo para o evento, no qual afirma que “o combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema”.

O presidente também não deu as caras na COP25, em 2019, em Madri, na Espanha. Mais do que isso, Bolsonaro defendeu que o evento não fosse realizado no Brasil. “Eu não aceitei, eu que decidi. Estariam fazendo um carnaval aqui no Brasil. Eu quero saber: alguma resolução para a Europa começar a ser reflorestada? Alguma decisão ou só ficam perturbando o Brasil? É um jogo comercial”, afirmou Bolsonaro à imprensa na ocasião.

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Lula presidente

Enquanto o mundo trata Lula como a grande personalidade global, nossa elite o trata com desprezo. Quem está errado?

Lembro-me que uma das conversas que a Rainha Elizabeth teve com Lula foi sobre economia em um país considerado berço do neoliberalismo.

A rainha queria saber como Lula obteve tanto sucesso econômico em um país que pegou quebrado.

Aqui, em nome de uma suposta segurança fiscal, a elite brasileira não usa sequer luva de pelica para atacar Lula. No geral, o rico brasileiro, salvo algumas honrosas exceções, tem dois problemas com Lula, o primeiro, a inveja de seu estrelato internacional jamais dispensado a um presidente brasileiro. O outro problema, não menos importante, é a inabalável popularidade de Lula nas camadas mais pobres da população brasileira.

Os discursos contra Lula e também contra Dilma não contêm qualquer significado técnico, é um monte de coisa nenhuma em que se conta com a ignorância de uma classe média que não sabe nem de si para malhar um presidente que o mundo reverencia.

Todos os destacados chefes de Estado no mundo tratam Lula com reverência máxima.

Agora mesmo já se sabe que, na COP27 no Egito, Lula será a grande estrela. E ao sabor de sua fala, uma nova agenda ambiental para o planeta estará na pauta. Uma agenda que definirá os caminhos da modernidade na economia no mundo, inclusive e sobretudo a forma de produção.

E Lula, que aqui é tratado com ataques baixos por essa elite, é o centro desse debate.

Em sua agenda não consta comer pizza na rua como Bolsonaro que, quando ia a encontros internacionais, voltava de mãos vazias, no máximo, com resíduos de óleo das pizzas que comia com as mãos, o que não assegurou a ele uma passagem despercebida.

Bolsonaro, o queridinho da elite brasileira, é tido como o inimigo do planeta, o inimigo do desenvolvimento moderno, mas sobretudo inimigo da vida. Isso não é pouca coisa.

Uma coisa pode-se destacar, nessa deformação estrutural da nossa elite, é que as classes dominantes jamais se mostraram tão chucras, provincianas, caricatas e burlescas como agora.

O mundo está cada vez mais globalizado, para o bem e para o mal, onde o extrato de convívio pacífico com a comunidade internacional impõe uma relação fluida para que os povos possam se integrar, e os governos naturalmente seguirem essa lógica.

Por isso mesmo Lula é visto como o grande símbolo dessa polifonia, isso de forma natural sem ter que se enrabichar por uma rabeira de proteção que Bolsonaro tentou inutilmente com Trump. Como vimos, ele não obteve qualquer vantagem nessa relação de uma só via, com tapinhas nas costas, imagens fabricadas para o seu consumo interno, que é o do cercadinho.

Há muita coisa por trás disso. Ninguém faz de estalão esse creme de estupidez, isso é cultural numa classe dominante que até hoje não sabe conviver com a abolição, não saiu do Brasil da casa grande, do Brasil fazendão, das sesmarias e da hereditariedade dos bem nascidos, que vivem de sobrenomes e rentismo, que não produz nada e quer assegurar no universo especulativo o status adquirido no berço.

Nossa elite econômica é cada vez mais elite e menos econômica, e não quer imaginar estar num Brasil que se relacione com o mundo através de sua capacidade produtiva, sua inteligência, seu dinamismo econômico.

Essa gente quer viver no mundo dela, cercada de segurança e de costas para o país e para o planeta, como fez o governo Bolsonaro em sua essência.

Só há um jeito disso mudar, é o Estado se colocar a serviço de um país que interaja com o resto do mundo, que tenha capacidade produtiva para enfrentar a competitividade internacional, ao mesmo tempo em que gera emprego e renda para os trabalhadores e riqueza ao país como um todo.

É disso que trata, em última análise, essa aversão que a elite tem de Lula por ser tão amado por líderes e chefes de Estado mundo afora, das mais diferentes correntes e colorações partidárias.

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Lula presidente

Ciro Nogueira deu um tchau querido em Bolsonaro

Ciro Nogueira deu um tchau querido em Bolsonaro, tipo, a fila anda e tem que respeitar as urnas.

Ciro Nogueira pode ter todos os defeitos do mundo, mas sabe ler e interpretar a mensagem que veio das urnas com a vitória de Lula.

Mais que isso, Ciro Nogueira, um dos ícones do Centrão, sabe identificar a diferença entre uma página inicial que chega com o novo governo, de uma página virada com a derrota de Bolsonaro.

Esse é o perfil do Centrão pragmático, coerente com seu histórico de funcionar como filtro ou bomba de um governo a partir de uma lista de reivindicações que devem ser negociadas dentro do mundo da política.

Por isso o desembarque explícito nesse fio, que segue abaixo, publicado por Ciro Nogueira no twitter:

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