“Vai-se a primeira pomba despertada… Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas” (Raimundo Correia).
Se a pomba é vista como sinônimo de liberdade, de efemeridade da vida e de esperança, lá se foram embora mais duas, para angústia de Bolsonaro que só coleciona más notícias desde que deixou a presidência frustrado com o golpe que não conseguiu aplicar. Bem que tentou. Não foi por falta de empenho, mas de apoio.
De forma unânime, inclusive com o voto de um ministro nomeado por ele, o Tribunal Superior Eleitoral negou recurso de Bolsonaro e do seu companheiro de chapa, o general Walter Braga Netto, contra a declaração de inelegibilidade por oito anos. Os dois foram condenados por fazer campanha eleitoral com dinheiro público.
O julgamento de mérito fora concluído no ano passado quando, por 5 votos a 2, o tribunal entendeu que os então candidatos a presidente e a vice-presidente cometeram abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência em 7 de setembro de 2022, a um mês das eleições que os derrotariam.
No fim da tarde da sexta-feira (3/5), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, deixou a prisão e voltou para casa, em Brasília. Moraes manteve a “integralidade” do acordo de delação premiada de Cid.
Para decepção de Bolsonaro, escreveu Moraes no seu despacho:
“Foram reafirmadas a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade”.
Cid estava preso pela segunda vez porque, em conversa gravada por um amigo, disse que a Polícia Federal pusera em sua boca afirmações que ele jamais fizera a respeito de Bolsonaro, e que o incriminavam. Não bastasse, ainda atacou Moraes dizendo que ele prendia quem bem quisesse, comportando-se como um ditador.
À época, discretamente, Bolsonaro comemorou o desabafo de Cid, imaginando que se abriria com ele uma eventual passagem para recuperar a elegibilidade. Mas Cid renegou seu desabafo, alegando que o fizera em um momento de desespero, e que estava arrependido. Então, a segunda pomba voou para não mais ser vista.
*Blog do Noblat