Empresa de chefe da Secom recebe dinheiro da igreja de Edir Macedo – cuja emissora passou a receber percentuais maiores de verba federal sob o mandato de Bolsonaro.
A FW Comunicação, empresa do chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, mantém contrato com a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo – dono da TV Record.
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, a remuneração contratual para a igreja aumentou 36% um mês depois que Wajngarten assumiu o cargo no governo Bolsonaro, por meio de um aditivo pactuado entre as duas partes.
Wajngarten foi nomeado em 12 de abril do ano passado e, já em maio, o volume de capital repassado mensalmente pela igreja de Macedo à FW saltou de R$ 25,6 mil para R$ 35 mil. É o mais vultoso num conjunto de 11 clientes.
Assim como a igreja de Macedo passou a direcionar mais dinheiro para a FW, a Record passou a ser contemplada com mais verbas publicitárias da Secom, assim como aconteceu com outras TVs clientes da empresa de Wajngarten.
Todas essas informações estão em planilha apresentada pela defesa do secretário à Comissão de Ética Pública da Presidência, pouco antes da sustentação oral realizada em julgamento que terminou por arquivar o caso de Wajngarten sem que houvesse a abertura de uma investigação a respeito.
“É impressionante como foi rápido”, diz Jamil Chade, sobre a deterioração da imagem do Brasil.
Correspondente internacional há mais de duas décadas, o jornalista Jamil Chade afirma que o governo de Jair Bolsonaro, destruiu a reputação do Brasil no cenário internacional. Em pouco mais de um ano, ele colocou em risco a imagem do país construída ao longo de mais de um século.
“Nunca vi o que está acontecendo hoje. É um desmonte de qualquer capital que o país tinha em termos de credibilidade. É impressionante como foi rápido”, afirmou Jamil aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (21). “No caso da opinião pública europeia, vai levar muito tempo para reverter essa imagem”, afirmou.
Segundo ele, a dimensão econômica do país ainda atrai os olhares de empresas multinacionais e do mercado financeiro, mas nos círculos diplomáticos o desgaste é sentido. Como exemplo, ele citou que nos últimos anos, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o principal líder sul-americano foi o presidente colombiano, Iván Duque.
Em vertigem
Segundo o correspondente, o filme Democracia em Vertigem, da diretora Petra Costa, também teve importante impacto entre a comunidade internacional. Ele diz que a obra repercutiu tanto entre os círculos diplomáticos, quanto entre os europeus de forma geral. É esse impacto que, segundo ele, explica a fúria com que foi atacado até mesmo pelo próprio governo, principalmente depois da indicação ao Oscar de Melhor documentário. “Não é por acaso a violência contra o filme, porque realmente é algo muito poderoso.”
Extrema-direita e direitos humanos
Jamil também comentou mudança que está sendo gestada pelo governo estadunidense de Donald Trump, que pretende restringir o conceito de direitos humanos. É a principal transformação, segundo o jornalista, desde 1948, quando foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. A proposta, ainda em discussão, dialoga com a ascensão das ideologias de extrema-direita de tendências xenófobas, que surgem em diversas partes do mundo.
“É uma forma de excluir qualquer outro direito que não seja o direito à vida, à liberdade, sem definir a proteção Às minorias, que desaparece da equação”, pontua. A equação pode mudar, segundo ele, caso o candidato democrata Bernie Sanders consiga a nomeação pelo Partido Democrata e saia vitorioso nas eleições de novembro. “Se mudar no EUA, muda muita coisa. Não desaparece, porque é uma tendência muito forte, e é uma realidade”, destacou.
Em plena sexta-feira de carnaval, quando se promete uma entrada significativa de dólares no Brasil, moeda norte-americana acorda com todo o apetite, batendo um novo recorde, R$ 4,40.
Aliás, esse é um governo de recordistas em todas as áreas, para tanto, basta olhar não só a central de lambanças, mas as pastas de um ministério de incompetentes que é a própria expressão da tragédia, onde se busca criar problemas ao invés de soluções, inventar fantasmas para produzir monstros, ideologizando o que é pragmático e criando facções fascistas dentro de cada pasta para compor discurso alinhado com o inimigo imaginário.
Tudo isso para tentar esconder a incompetência generalizada do escrete comandado pelo mito.
Mas Paulo Guedes é um caso à parte. O Brasil, com ele no comando da economia, tem uma redução recorde na atividade industrial e todo o bojo da economia em torno. A fuga de capitais segue a mesma linha, enquanto o investimento externo no país é nulo, zero.
O mais engraçado ou trágico é Bolsonaro se eleger dizendo que não entende patavinas de economia, colocando um técnico de time de botequim para comandar a economia na orelhada com dados falsos, pensamento na década de 1980 romanceado por um discurso incompleto, mais fantasioso do que os golpes de caratê de filme japonês.
O resultado da lei de Murphy está aí, se tem tudo para dar errado, vai dar errado.
E foi isso que Guedes fez, pegou o pinochetismo tropical de FHC, que também passou pela Argentina, quebrando o Brasil três vezes em oito anos e dobrou a aposta com o velho raciocínio, se eu fizer tudo errado em dobro, desta vez dará certo. E a receita do bate entope neoliberal não poderia dar outro resultado, dólar acorda enfezado e morde o calcanhar de quem atiçou o pitbull, jurando que tinha capacidade de adestrar o cachorro louco.
Cultuado por dez em cada dez colunistas de economia da mídia industrial, Paulo Guedes, o João ratão da política econômica, que mistura Pinochet com FHC, caiu na panela de feijão, sendo triturado pelos mesmos que viviam lhe dando tapinhas nas costas.
Para a totalidade da população Guedes é um cancro, assim como todos os economistas de FHC, Collor, Sarney, Temer e os anos da ditadura militar. Todos com a gororoba neoliberal debaixo do braço promovendo riqueza aos ricos e pobreza aos pobres e, consequentemente, tirando direitos destes para produzir privilégios aos ricos, porque é assim que a central do neoliberalismo funciona. A matriz é a mesma, mesmo que as sucursais apresentem paisagens diferentes, o arrocho pelo lucro é condição primeira.
Agora, Guedes, de filé, virou carniça para o colunismo abutre da Globo.
Olhando hoje os comentários dos nossos valorosos colunistas econômicos, parece até que não apoiaram em massa o congelamento e as fiscais do Sarney. Pior, falam mal de Collor hoje pela tragédia que provocou no país quando sequestrou a poupança do povo. Só que, na época, ovacionaram Zélia Cardoso. Agora é Paulo Guedes, elevado a suprassumo da economia até dias atrás, sendo mastigado e moído pelo maxilar dos marinho e virando chacota até do Guga Chacra, que disse:
“Paulo Guedes falou que há 26 mil bancos nos EUA. Na verdade, este é um valor próximo do existente no país quando o atual ministro fazia PhD em Chicago. Em 2017, havia cerca de 6 mil. Redução se acentuou nos anos 1990. Sempre é bom se atualizar”.
O jornalismo de frete, que magnificou as reformas que tiraram direitos e a aposentadoria dos trabalhadores, agora faz de conta que não tem nada com o monstro que acariciou e prometeu adestrar. Está aí o resultado, barata voa no governo, bate-cabeça nas redações industriais servis aos abutres do mercado.
Até feder o peidinho do PIB de Paulo Guedes, pesquisa dava conta nas redações do jornalismo neoliberal, que Guedes vencia Deus nas pesquisas de intenção de voto entre os colunistas econômicos pinçados pela mídia de aluguel para elogiar a tragédia pauloguedista.
O que nos resta é a pergunta do sempre cirúrgico Saul Leblon, no twitter da Carta Maior:
“A aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário que optou pela barbárie pra destruir o PT e revogar a Carta de 1988 agora quer devolver o cachorro louco ao canil. ‘Liberais’ do PSDB farão autocrítica do sinistro econômico ou só querem trocar a mandíbula que mastiga o povo?” (Saul Leblon – Carta Maior)
Guedes é a pinguela que segura Bolsonaro, ainda. O mercado não se importou, como jamais se importará com nomes e biografias, mas com o compromisso de seu protegido de oferecer respostas ao que ele quer, lucro sobre lucro, papel sobre papel, especulação sobre especulação, agiotagem sobre agiotagem.
O primeiro compromisso de Bolsonaro foi dizer que Guedes, um homem, um especulador que agia como Bolsonaro no baixo clero da política, seria seu posto Ipiranga e que ele não se meteria, como de fato não se mete, nos rumos da economia que mostram o país, novamente, naufragando no receituário neoliberal.
Nem é preciso voltar à era FHC ou Temer, Bolsonaro já era presidente quando Macri, depois de levar a Argentina à bancarrota, com o mesmo tipo de programa, foi apeado do poder.
Hoje, o Brasil sente o que é entregar a nação nas mãos de um sujeito que, apesar de estar cercado de militares da alta patente, foi expulso do exército por conduta marginal, por se envolver em garimpagem em que sublinhou-se um traço de sua personalidade como alguém que carregava dentro de si uma indisfarçável ganância compulsiva, sem a menor aptidão para a carreira militar.
Bolsonaro foi para o congresso agir como age um parasita, três décadas sem um único projeto aprovado, somente os projetos pessoais, daqueles bem vagabundos que representam a vigarice mais baixa da política feita de forma suja, como Cunha e outros ratos que se apropriam do poder para benefício próprio, tanto que Bolsonaro montou um clã familiar com três filhos delinquentes moldados para reproduzirem não só os discursos, mas as práticas do pai.
Quando se candidatou à Presidência e o mercado viu que o PSDB havia se autodestruído depois do golpe em Dilma, Bolsonaro foi a opção de quem estava determinado a mergulhar no inferno, no lodo, na lama, na mentira, em tudo o que é repugnante no ser humano para ganhar a eleição e levar em frente a agenda neoliberal que motivou tanto o golpe quanto a prisão de Lula.
Moro já estava servindo ao mercado, porque era uma invenção da mídia industrial, de banco, de rico, de gente que comanda esse país sem sequer nele morar.
O Brasil está diante de um impasse que não se limita à queda de Bolsonaro, mas ao modelo não só econômico, mas comportamental que o fascismo neoliberal adotou para saquear populações inteiras em prol de 1% dos mais ricos do país.
O Brasil tem uma enorme tarefa pela frente, muito além de discutir um Estado dominado por milícias, as do Rio das Pedras, entre outras, mas também da milícia midiática, principalmente a milícia financeira, a mais violenta de todas ao lado do baronato da comunicação. Aliás, essa tabelinha de porcos da mídia industrial com os abutres do Brasil, que não se saciam com uma agiotagem sem limites de extorsão e partem para sugar os trabalhadores em qualquer condição que eles estejam, porque o sistema financeiro intermediará essas relações de forma absolutamente selvagem e sem focinheira.
Não falta muito para a sociedade como um todo entender isso e construir um grande movimento para que isso não mais se repita no Brasil, que as fraudes não sejam aceitas e que as instituições do Estado não continuem capturadas pelos interesses do mercado.
Bolsonaro não vai durar, nisso não há novidade. A questão é o dever de casa que o Brasil terá que fazer daqui por diante e inverter cada ponto dessa lógica ensandecida que faz a vida no Brasil se tornar um inferno para a grande maioria dos brasileiros depois do golpe.
Um vereador bolsonarista está entre as lideranças do motim no quartel da Polícia Militar do Ceará onde o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado na quarta-feira (19). Filiado ao Solidariedade, Sargento Ailton é ligado a movimentos de direita e se engajou na campanha do presidente Jair Bolsonaro e participa de atos de apoio a ele no estado ao menos desde 2017.
Sargento Ailton estava na espécie de trincheira improvisada pelos policiais no batalhão da cidade no momento em que o senador foi baleado. À frente da manifestação, era um dos poucos presentes que não estavam encapuzados. Instantes antes de os tiros serem disparados, o vereador —que é sargento da Polícia Militar do Ceará— bateu boca com Cid, que chegou a tentar agarrá-lo pela camisa.
Sargento Ailton afirma em seu perfil no Facebook ter atuado como uma das lideranças da última greve de policiais militares no Ceará, entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012. Na ocasião, Cid Gomes era governador do estado e decretou estado de emergência em razão da paralisação. Homens das Forças Armadas e da Força Nacional foram deslocados pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para patrulhar as ruas do Ceará. Ele foi dirigente da Aspra-CE (Associação dos Praças do Estado do Ceará).
Ao menos desde meados de 2017, ele demonstra estar integrado à liderança da militância bolsonarista no estado. Ligado a grupos de direita da região, ele participou em novembro daquele ano de uma carreata e da inauguração de um outdoor em homenagem a Bolsonaro na cidade. Ao lado dele estava o hoje deputado federal Heitor Freire, presidente do PSL no Ceará e responsável pela organização da campanha de Bolsonaro no estado.
Sargento Ailton e Heitor Freire voltaram a estar juntos em um evento bolsonarista em Sobral em dezembro de 2017. Na ocasião, também estava presente o youtuber André Fernandes, eleito o deputado estadual mais votado do Ceará pelo PSL.
Em 2018, Sargento Ailton lançou-se candidato a deputado estadual pelo Solidariedade, em dobradinha com o ex-deputado federal Cabo Sabino —apontado como líder do motim em todo o estado. Apesar de seu partido formalmente ter feito parte da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB), ele fez campanha abertamente para Bolsonaro, deixando-se fotografar constantemente com camisas em homenagem ao presidente.
Mesmo assim, obteve apenas 7.387 votos e não conseguiu se eleger.
No ano passado, o vereador também participou de manifestações de rua em apoio ao governo Bolsonaro em Sobral.
Em transmissão no Facebook após o tumulto, Sargento Ailton negou que tenha mobilizado policiais para a greve.
“Quando me viram, muitos me ameaçaram de morte. Atribuindo culpas que eu não tenho. Vim como qualquer outro servidor, não instiguei ninguém.
Quem está aqui, está porque quer”, disse. O UOL tentou contato com o gabinete do vereador na Câmara Municipal de Sobral, mas ninguém respondeu às chamadas.
Vereador filmou momento em que Cid foi baleado Ativo nas redes sociais, Sargento Ailton fez transmissões ao vivo no Facebook durante o ato de ontem.
Em uma das transmissões, gravava a retroescavadeira usada por Cid Gomes quando o senador foi baleado. Imagens obtidas pelo jornal Diário do Nordeste, do Ceará, mostram que ao menos três homens atiraram contra o senador.
Dois deles estavam próximos a Sargento Ailton, na primeira fileira de manifestantes.
Antes do tumulto, o vereador havia gravado outra live onde ironizou Cid Gomes, que já havia anunciado sua ida ao local. Ele disse que não havia policiais armados no piquete.
“Estão todos desarmados, ninguém quer confronto. Sei que ele quer tirar a nossa situação de ânimo para que a gente possa revidar, mas ele não vai encontrar isso”, afirmou.
Na insurreição dos policiais militares do Ceará, que são facilmente associados a milicianos, há um movimento insuflando a insubordinação. Isto é público. O que pode parecer estranho, porém, é a participação de assessores diretos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) na defesa de tais manifestantes. Dois deles estavam, na quarta-feira (20/02), ao lado do deputado federal e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (Pros), na tentativa frustrada de uma audiência com o governador Camilo Santana (PT), para “mediar os interesses da categoria”, como noticiou o jornal cearense O Povo. O governador não recebeu o grupo.
A notícia da presença destes dois assessores de Damares Alves aparece perdida no meio de uma reportagem do mesmo jornal na qual o Capitão Wagner tenta sustentar o insustentável. Alega que os tiros dados no senador Cid Gomes (PDT) foram legítima defesa – Wagner diz que tiros em Cid foram “legítima defesa” e pretende registrar B.O contra senador. Na reportagem consta o que destacamos na ilustração abaixo.
“Estavam com Wagner o secretário nacional de Proteção Global, Sérgio Queiroz, o diretor de Proteção e Defesa de Direitos Humanos, Herbert Barros, ambos vinculados ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e os deputados federais Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM) e Major Fabiana (PSL-RJ)”.
Já soa estranho a presença, em Fortaleza, de uma deputada do PSL do Rio de Janeiro, Major Fabiana, em pleno dia de funcionamento do Congresso Nacional. Estava ali para defender policiais militares como ela. Apesar de eles estarem amotinados, promovendo a insegurança pública e descumprindo a Constituição que impede movimentos grevistas dos servidores que recebem armas do governo para defender a população. Porém, parece mais inexplicável a participação nesta movimentação de dois servidores públicos federais, cujas funções, aparentemente, são de defender os Direitos Humanos.
Certamente alegarão que estavam negociando uma solução pacífica. Defendendo o Direito Humano dos policiais militares amotinados e seus familiares. Alegação que dificilmente fará sentido quando se percebe que ambos acompanhavam o deputado Capitão Wagner.
Afinal, o passado deste capitão registra outros atos de insubordinação da polícia militar. Foi o líder do movimento de paralisação da Polícia Militar e Bombeiros no Ceará, no final de 2011 e início de 2012. Na época, já tinha concorrido a deputado estadual pelo Partido da República. Sem falar que, como todo o povo cearense sabe, está em campanha aberta pela prefeitura de Fortaleza.
Mais estranha ainda a presença em Fortaleza de Queiroz, um pastor evangélico e procurador da Fazenda Nacional licenciado desde que assumiu o cargo no MDH. Pois, na mesma quarta-feira em que ele se juntava ao deputado Capitão Wagner, anunciou-se que não mais atuará no ministério em que se encontra. Como registrou Eduardo Barreto, na Revista Época, o passe” do servidor foi requisitado por Onyx Lorenzoni, para lhe auxiliar no Ministério da Cidadania.
Queiram ou não, a presença, em Fortaleza, na quarta-feira, destes dois servidores federais – Queiroz e seu subordinado, Barros -, junto a políticos que defendem policiais militares que estavam praticando atos contrários à Constituição e relacionados às atividades de milicianos, só aumenta a convicção de muitos que o governo de Bolsonaro insufla as milícias. Tal e qual fez no Rio de janeiro ao longo de sua carreira parlamentar. Inclusive com seu filho, o hoje senador Flavio Bolsonaro, empregando parentes de milicianos em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – ALERJ. Mais ainda, visitando milicianos presos, como ocorreu com o ex-capitão Adriano Nóbrega e foi noticiado pelo O Globo, nesta quinta-feira (20/02) – Flávio Bolsonaro visitou ex-PM Adriano Nóbrega na prisão, diz vereador.
Enfrentamento necessário
Não se deve perder de perspectiva que os policiais militares insubordinados que foram enfrentados pelo senador Cid Gomes (PDT, em Sobral, município distante 230 quilômetros de Fortaleza, promoveram o tumulto típico de traficantes e milicianos.
Ameaçaram comerciantes, obrigando-os a fecharem suas lojas. Como noticiou o G1-Ceará, na tarde de quarta-feira – Homens encapuzados em carro da PM ordenam, e comerciantes fecham as portas em Sobral. Levaram o pânico à cidade de 147 mil habitantes.
Todos encapuzados, como encapuzados estavam os policiais amotinados no quartel usando seus familiares como escudo. Velha e conhecida tática que Bolsonaro já usou quando promovia protestos de familiares de militares por aumentos salariais. Mas o movimento dos policiais militares no Ceará, por tudo o que se viu, não era apenas reivindicatório. Soou como atentatório à ordem.
Pode-se criticar a atitude de Cid Gomes e até classificá-la de tresloucada, insana. Mas não deixa de ter sua boa dose de coragem. Afinal, de peito aberto e desarmado, ele enfrentou a insubordinação antes que as milícias dominem a polícia cearense.
Como ocorreu no Rio de Janeiro e foi muito bem lembrado por seu irmão, o também ex-governador Ciro Gomes, ao responder às críticas do deputado Eduardo Bolsonaro: “Será necessário que nos matem mesmo antes de permitirmos que milícias controlem o Estado do Ceará como os canalhas de sua família fizeram com o Rio de Janeiro”, escreveu Ciro nas redes sociais.
Um enfrentamento que a sociedade brasileira precisará promover, caso não queira ser totalmente dominada. Não necessariamente pegando em armas. Mas há que se descobrir formas de evitar que a democracia brasileira descambe para a barbárie, como pregam os Bolsonaros e foi muito bem lembrado por Ricardo Bruno, no Brasil 247 – A barbárie já começou.
A necessidade do enfrentamento ficou patente nos tiros disparados pelos policiais militares insubordinados dentro do quartel contra Cid Gomes. Demonstram o tipo de movimento que ali nascia e acabou de certa forma abortado, ou paralisado. Nem se alegue que foi legítima defesa, como tenta vender em seu discurso o deputado Capitão Wagner, com a explicação de que o senador iria atropelar mulheres, crianças e militares. Algo que se torna apenas hipótese, sem que se possa dizer que aconteceria.
Hipótese por hipótese, pode-se alegar que se todos sentassem e cruzassem os braços, em atitude ensinada por Mahatma Gandhi, o senador jamais aceleraria a retroescavadeira.
Mas, assim como soa estranho explicar a presença dos assessores da ministra Damares em Fortaleza, também parece ridículo esperar de milicianos atitudes pacíficas. Isso passa longe dos objetivos deles e, pelo que temos visto, ainda mais nos exemplos dos últimos dias, é o que demonstra também o governo Bolsonaro.
As imagens, gravadas em um ângulo lateral mostra um dos PMs amotinados, que está mascarado, sair de trás dos demais e dar um soco no rosto do senador.
Um vídeo divulgado nesta quinta-feira (20) revela que o senador Cid Gomes (PDT-CE) tomou um soco no rosto de um dos amotinados enquanto negociava uma tentativa de colocar fim ao motim de policiais militares em um quartel de Sobral, no Ceará.
As imagens, gravadas em um ângulo lateral mostra um dos PMs amotinados, que está mascarado, sair de trás dos demais e dar um soco no rosto do senador.
Logo depois, Cid pegou um megafone e tentou convencer os oficiais a interromperem o motim nesta quarta-feria (19).
“Essa greve é ilegal. Vocês tem cinco minutos para pegarem os seus parentes e sair daqui em paz”, disse Cid antes de ser interrompido pelos manifestantes encapuzados que se amotinaram em quartel.
Na sequência, o senador sobe em uma retroescavadeira e parte para cima dos policiais, quando é atingido por dois tiros.
O poder miliciano se ramifica com apoio ostensivo do Chefe da nação. Bolsonaro teria recusado pedido de tropas de Zema para enfrentar chantagem de policiais que ameaçavam se retirar das ruas em pleno carnaval entregando a sociedade ao vale tudo. (Saul Leblon – Carta Maior)
O assunto que virou moeda corrente no Brasil é a atitude destrambelhada de Bolsonaro em estimular a insurreição das PMs do Brasil, comandadas por grupos milicianos dentro das corporações para chantagear a sociedade, as instituições, mas principalmente o Ministério Público e o judiciário.
Não são poucos os relatos e análises que dão conta de que Bolsonaro, no desespero, está indo para o enfrentamento, usando as milícias como antídoto das acusações que lhe pesam nas costas, assim como nas de Flávio sobre o envolvimento não só com Queiroz, Adriano da Nóbrega, mas também com a milícia de Rio das Pedras.
O Globo, nesta quinta-feira, engordou o caldo de acusações do envolvimento de Flávio com o miliciano Adriano, revelando que o, então deputado estadual, visitou, mais de uma vez, o miliciano na cadeia.
O fato é que, estando diretamente ou não envolvido nos motins dos PMs comandados pela milícia, como vemos em Sobral, no Ceará, encapuzados e com os carros da própria polícia, dando ordens para comerciantes fecharem suas lojas, esses fatos revelam que o bolsonarismo e o banditismo andam de braços dados.
A liga entre esses dois universos é o próprio Presidente da República, o que faz lembrar o “dia do fogo”, quando, a partir do Palácio do Planalto, houve uma ação coordenada na Amazônia para produzir a maior queimada da história da floresta, chamando a atenção do mundo com uma reação global contra Bolsonaro.
A verdade é que Bolsonaro é um psicopata. E se não partir desse ponto, que é absolutamente escancarado por sua fixação por extermínio do índios, massacre dos negros, violência contra as mulheres, gays e outras minorias, não se terá como estabelecer de fato um parâmetro entre o que disse Bolsonaro nos 28 anos como parlamentar e o que ele faz como Presidente da República.
Tudo indica que um psicopata com ideia fixa, não tem limites para alcançar êxito com sua loucura. E é aí que mora o perigo para a democracia brasileira.
“Apatifar”, nos diz o Aurélio, significa tornar desprezível, aviltar, envilecer. Pessoas se apatifam, nações inteiras podem se apatifar, ou serem apatifadas. O mundo hoje vive uma assustadora onda de contágio viral que, espera-se, acabará controlada ou, eventualmente, desaparecerá. Já patifaria não mata, mas também contagia, com a diferença de que não tem nem perspectiva de cura.
É impossível observar o Brasil de hoje sem a sensação de estar assistindo a uma pantomima tragicômica, à decomposição de um Estado que, dissessem o que dissessem de governos anteriores – inclusive os lamentáveis -, mantinha, pelo menos, a linha, o que é mais do que se pode dizer da atuação de Bolsonaro & Filhos no palco do poder.
Agora se entende por que Bolsonaro insistia em dizer que não houve um golpe em 64 nem uma ditadura militar nos 20 anos seguintes: ele queria montar o seu próprio regime militar, enchendo o Planalto de generais de fatiota que deixam seus tanques no estacionamento e entram pela rampa principal, rindo da gente. Implícita nessa original tomada do poder está a ideia imorredoura de que só uma casta iluminada, os militares, sabe governar um país.
O apatifamento de uma nação começa pela degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira, adotadas nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida. Apatifam-nos pelo exemplo. Milícias armadas impõem sua lei do mais forte e mais assassinos com licença tácita para matar. Há uma guerra aberta com a área de cultura e a ameaça de um retrocesso obscurantista nas prioridades de um governo que ainda não aceitou Copérnico, o que dirá Darwin. Aumentam os cortes de gastos sociais, além de cortes em direitos históricos dos trabalhadores. Aumenta a defloração da Amazônia. Aumentam as ameaças à imprensa.
E aumenta a suspeita de que, na Universidade de Chicago, o Paulo Guedes só assistiu às aulas de bobagens para dizer, caso a economia não deslanche.