O que está acontecendo no Equador? Depende. Para a Globo, não está acontecendo absolutamente nada.
O levante popular vitorioso no Equador conseguiu a suspensão dos decretos firmados entre o governo e o FMI. As negociações vão prosseguir medidas pela ONU e pela Igreja Católica. Lideranças indígenas interrompem a mobilização. Manifestantes comemoram. Ou seja, tudo o que a Globo não quer que aconteça no Brasil com as medidas neoliberais de Paulo Guedes em que ela é a principal garota propaganda.
A diferença de cobertura da Globo da primavera árabe, em 2013, para a insurreição indígena que ocorre no Equador, é gritante, é escandalosa.
Se a Globo pretendia contagiar a população brasileira, em 2013, cobrindo as manifestações da primavera árabe, ela conseguiu e ainda pôde estimular, ao vivo, todas as manifestações, aqui no Brasil, manipuladas por ela. As manifestações começaram em função de 0,20 centavos e se alastraram perigosamente para um fascismo tresloucado, na clara tentativa de derrubar Dilma Roussef.
Agora, a Globo se coloca de forma oposta em um silêncio ensurdecedor, repetindo a mesma receita que ela usa para proteger Moro e sua quadrilha nos vazamentos publicados pelo Intercept.
A Globo não dá um pio sequer sobre o levante popular do Equador contra o neoliberalismo de Lenín Moreno, capacho do FMI, para que isso não contagie a população brasileira contra o desastroso governo de Bolsonaro. O que mostra que ela é tão nefasta quando ataca seus alvos para estraçalhar reputações, promover levantes quanto quando se silencia para proteger aliados e consagrar sistemas econômicos que lhe são favoráveis.
Detalhe: a Globo é uma concessão pública que não tem o menor compromisso com esse detalhe, trata a concessão como algo privado que lhe dá o direito à manipulação da opinião pública por interesses próprios, noticiando o que quer, como quer e quando quer, sem ser incomodada por ninguém.
O ministro do STF Alexandre de Moraes ordenou que a PF investigue a relação entre uma rede de mensagens de WhatsApp favoráveis a Jair Bolsonaro (PSL) e os ataques sofridos pelos ministros da Corte na internet. Cerco contra Bolsonaro se fecha cada vez mais.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou, dentro do chamado “inquérito das fake news”, que a Polícia Federal investigue a relação entre uma rede de mensagens de WhatsApp favoráveis a Jair Bolsonaro (PSL) e os ataques sofridos pelos ministros da Corte na internet. O WhatsApp cancelou ao menos 1,5 milhão de contas de usuários brasileiros desde as eleições passadas por uso de robôs, disparo em massa de mensagens e disseminação de fake news.
Muitas linhas telefônicas usadas nos disparos durante as eleições de 2018 continuam sendo usadas para administrar grupos públicos de WhatsApp a favor do governo Bolsonaro. Em parte desses grupos apenas o administrador pode enviar mensagem. O STF quer saber se a mesma estrutura é utilizada para disseminar os ataques e ameaças aos ministros.
Na eleição do ano passado, houve uma campanha ilegal contra o então presidenciável Fernando Haddad (PT) financiada por empresas com base na divulgação de fake-news (notícias falsas) no WhatsApp para prejudicá-lo e favorecer Bolsonaro. Segundo denunciou uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, cada contrato chega a R$ 12 milhões.
Em 19 de 2019, um despacho de Moraes apontou que uma das linhas de investigação no inquérito aberto pelo STF era “a verificação da existência de esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário e ao Estado de Direito”.
O ministro confirmou a suspeita naquele dia. “Essa rede alguém paga, alguém financia por algum motivo”, disse a jornalistas. “Há fortes suspeitas de que os grupos de financiamento maiores são de São Paulo”, acrescentou.
Recentemente, o gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, Ben Supple, confessou publicamente os disparos em massa ilegais nas eleições do Brasil. “Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios massivos de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, afirmou, em palestra no Festival Gabo.
Procuradores da Lava Jato no Paraná programaram a divulgação da denúncia contra Luiz Inácio Lula da Silva no caso do sítio em Atibaia fazendo um cálculo corporativista e midiático. Em maio de 2017, eles decidiram publicar a acusação numa tentativa de distrair a população e a imprensa das críticas que atingiam Procuradoria-Geral da República na época, mostram discussões travadas em chats no aplicativo Telegram entregues ao Intercept por uma fonte anônima.
À época, a equipe do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estava sob bombardeio por causa de um áudio vazado da colaboração premiada dos executivos do conglomerado JBS que atingia em cheio o presidente Michel Temer. Havia suspeitas de que o material havia sido editado. Meses depois, problemas mais graves – como o jogo duplo do procurador Marcelo Miller, que recebeu R$ 700 mil para orientar a JBS – levaram o próprio Janot a pedir que o acordo fosse rescindido.
O então procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, à época o decano da Lava Jato em Curitiba, escreveu aos colegas que a acusação que atribui a Lula a propriedade de um sítio em Atibaia poderia “criar distração” sobre a possível edição da conversa gravada entre o ex-presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, dono da JBS. Mais tarde, o diálogo seria um dos pilares da primeira denúncia que a PGR fez contra Temer, mas o que dominava o debate público até então eram suspeitas sobre a integridade da gravação.
A denúncia do sítio já estava pronta para ser apresentada em 17 de maio de 2017, dia em que o jornal O Globo publicou reportagem acusando Temer de dar aval a Joesley para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, do MDB. Diante da notícia, que caiu como uma bomba em Brasília, o coordenador das investigações no Paraná, Deltan Dallagnol, decidiu adiar o oferecimento e a divulgação da acusação contra Lula, inicialmente programadas para o dia seguinte.
Quatro dias depois, num domingo, a força-tarefa debatia no Telegram o tratamento dado pela imprensa ao áudio de Temer e Joesley. Peritos entrevistados ou contratados por veículos de comunicação identificaram cortes na gravação e apontaram que poderia ter havido edição do arquivo.
A Lava Jato do Paraná, que não teve participação na delação da JBS, se preocupava: além de considerarem as falas de Temer inconclusivas do ponto de vista jurídico, os procuradores – que nunca lidaram bem com críticas da imprensa – se incomodavam com a repercussão das suspeitas de adulteração do material.
Convencidos da integridade da gravação, os procuradores esperavam que viesse a público o quanto antes um laudo da Polícia Federal sobre o áudio. Foi durante essa discussão que Santos Lima expôs seu plano no grupo Filhos do Januario 1, restrito aos integrantes da força-tarefa: “Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”. Após seu chefe, Deltan Dallagnol, se certificar de que o plano poderia ser posto em prática, ele comemorou, no mesmo grupo: “Vamos criar distração e mostrar serviço”.
A denúncia contra Lula foi apresentada à justiça e divulgada à imprensa no final da tarde do dia seguinte, dia 22.
‘anunciaram batom na cueca. E com relação ao Temer, não tem’
Como quase todo o Brasil, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná ficou sabendo do áudio em que Joesley Batista incriminava Michel Temer pela imprensa. Às 19h54 de 17 de maio, o procurador Athayde Costa enviou ao grupo de Telegram Filhos do Januario 1 o link da reportagem de O Globo. A informação abalou Brasília a tal ponto que forçou Temer a fazer um pronunciamento no dia seguinte para garantir, em seu português empolado, que não renunciaria à Presidência.
Enquanto os procuradores da Lava Jato discutiam o vazamento, a procuradora Jerusa Viecili avisou aos colegas que a denúncia do sítio estava pronta para ser apresentada. Dallagnol, porém, avaliou que a acusação seria “engolida pelos novos fatos”, ou seja, os desdobramentos das revelações contra Temer.
17 de maio de 2017 – Filhos do Januario 1
Jerusa Viecili – 20:11:21 – pessoal, terminamos a denuncia do sitio. segue em anexo caso alguem quiera olhar. a ideia era protocolar amanha, mas devido aos novos acontecimentos ….. Deltan Dallagnol – 20:11:26 – Por isso Janot me disse que não sabe se Raquel è nomeada pq não sabe se o presidente não vai cair Dallagnol – 20:11:38 – Esperar Dallagnol – 20:11:45 – Amanhã será engolida pelos novos fatos Dallagnol – 20:11:56 – E cá entre nós amanhã devemos ter surpresas Viecili – 20:11:56 – [anexo não encontrado] Viecili – 20:12:06 – [anexo não encontrado] Athayde Ribeiro Costa – 20:12:09 – Tem que ser segunda ou terca Viecili – 20:12:18 – sim, por isso podem olhar. pq eu nao aguento mais esse filho que não é meu! hehehehe Costa – 20:12:39 – É nosso Costa – 20:12:47 – E de todos
As primeiras conversas dos procuradores sobre a delação da JBS revelam um clima de excitação. “To em êxtase aqui. Precisamos pensar em como canalizar isso pras 10 medidas”, escreveu Dallagnol em 17 de maio, no mesmo grupo, referindo-se ao projeto de medidas contra a corrupção capitaneado por ele.
“Bem que poderia vir uma gravação do Gilmau junto né?!”, escreveu minutos mais tarde o procurador Roberson Pozzobon, em alusão ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, visto como um arqui-inimigo pela força-tarefa. O procurador Orlando Martello retrucou, pouco depois: “Defendo uma delação com temer ou Cunha para pegar Gilmar”.
Passada a euforia inicial, no entanto, alguns procuradores começaram a expressar ceticismo sobre o real impacto do áudio contra Temer.
19 de maio de 2017 – Filhos do Januario 1
Carlos Fernando dos Santos Lima – 07:14:59 – Os áudios do Temer não são matadores, mas são bem melhores que eu imaginava. Santos Lima – 07:21:31 – E quanto a participação do Miller, ele até poderia negociar valores, mas tratar do escopo é algo inadmissível, pois é justamente aí que há a possibilidade de uso de informações privilegiadas. Houve ingenuidade em aceitar essa situação como se ela não fosse aparecer na imprensa. Santos Lima – 07:28:11 – [anexo não encontrado] Santos Lima – 07:28:52 – Júlio. Você que é especialista, conhece essa dupla sertaneja? Viecili – 07:31:41 – Problema foi que anunciaram batom na cueca. E com relação ao Temer, não tem. Viecili – 07:35:21 – Kkkkk desconheço; só apareceram nas paradas recentemente Santos Lima – 07:40:28 – Os diálogos são indefensaveis no contexto politico. Não há volta para o Temer. Ainda mais que a Globo não está aliviando como os jornais de São Paulo. Santos Lima – 07:40:33 – http://m.oantagonista.com/posts/exclusivo-a-integra-do-anexo-9 Viecili – 07:44:22 – Sim. No contexto político. Mas com relação a crime, os áudios não são tão graves como anunciado.
‘aí mata a repercussão’
À medida que os dias passavam, crescia a preocupação dos procuradores com questões que a força-tarefa considerava perigosas à imagem da Lava Jato. Uma delas era a situação delicada do ex-procurador Marcello Miller, que veio à tona no dia seguinte à reportagem de O Globo.
A imprensa apontava que Miller, braço-direito de Janot na Lava Jato até o início de 2017, havia sido contratado pelo escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe, que trabalhava no acordo de leniência – a delação premiada de pessoas jurídicas – da JBS em outra operação, a Greenfield. À época, a PGR limitou-se a afirmar que Miller não participou das negociações da delação.
A força-tarefa também se preocupava com as condições do acordo com a JBS, que previa, inicialmente, total imunidade aos delatores: eles não seriam denunciados criminalmente, ficariam livres da prisão e de tornozeleira eletrônica e poderiam se manter no comando das empresas. Dallagnol reportou aos colegas que apoiadores da Lava Jato consideraram “absurdo os batistas nos EUA rindo da nossa cara”, referindo-se aos irmãos Joesley e Wesley Batista, que deixaram o Brasil no mesmo dia em que fecharam a delação.
O procurador Athayde Costa considerava que o Ministério Público estava “perdendo a guerra da comunicação” no caso da JBS. Concordando, Dallagnol angustiava-se com o silêncio de Janot, que não havia se manifestado publicamente desde a revelação de O Globo. Um trecho do diálogo entre os dois no Telegram mostra que Dallagnol tentou orientar o procurador-geral da República sobre como abafar a crise.
20 de maio de 2017 – Chat privado
Deltan Dallagnol – 15:50:31 – Caro segue o que postei mais cedo para mais de 100 colegas. Conte comigo e com a FT. Dallagnol – 15:50:32 – Caros a FTLJ não participou dos acordos e ficamos sabendo com a matéria do globo, como todos. É fácil quem não está na mesa de negociacao criticar. Há muitas peculiaridades no caso que justificam os termos do acordo. A questão é utilitária. Esse acordo entregou mais de 1800 políticos; o presidente da república e alguém que poderia ser o próximo, com provas bastante consistentes de ilícitos graves. Como creio que a PGR esclarecerá em breve, Miller não atuou no acordo, nem mesmo a empresa Trench, que só trabalha na leniencia, que é conduzida pela Greenfield e ainda não foi fechada. Está começando, como outras vezes, uma intensa guerra de comunicação. A imunidade é justificável, mas será um desafio na área da comunicação. A PGR conta com nosso apoio nesse contexto porque temos plena confiança na correção do procedimento e no interresse público envolvido na celebração dos acordos como feitos, considerando inclusive as peculiaridade do ambiente de negociação, feita com empresários que não tinham sequer condenações ou um ambiente adverso muito claro. Lembremos que o mais importante agora são as reformas que poderão romper com um sistema político apodrecido e as revelações desse acordo poderão contribuir muito nessa direção, se soubermos canalizar a indignação para o ponto certo, que é a podridão do sistema e a necessidade de mudanças. Dallagnol – 15:50:41 – Na minha opinião, precisamos focar em esclarecer os seguintes pontos em redes sociais e entrevistas: 1) Falsa estabilidade não justifica mantermos corruptos de estimação e crises intermitentes decorrerão da omissão em enfrentar esse mal. 2) A gravação é regular – tem a matéria da Folha que postei. Quanto à edição, há análises periciais com resultado pendente, mas tudo indica que confirma a ausência de edições. 3) Miller não atuou nos acordos feitos. 4) A excepcionalidade dos benefícios se justifica pela excepcionalidade das circunstâncias, pela exclusividade do que foi entregue, pela força dos fatos e provas, pela pela ausência de condenações e disposição em correr riscos na ação controlada. 5) A podridão revelada justifica priorizar a reforma anticorrupção. O ideal é que a PGR tome a frente nisso. Esse caso é um desafio pelo prisma da comunicação, com a máquina de marketeiros profissionais e duvidas naturais e legítimas da população. Dallagnol – 15:51:17 – Eu creio que um pronunciamento seu em vídeo ou exclusiva no JN seria muito pertinente e daria o tom para nós todos.
Janot não respondeu naquele sábado, mas fez uma declaração, pela primeira vez desde a eclosão do escândalo, horas após as mensagens de Dallagnol. O Procurador-geral enviou ao STF uma manifestação afirmando que o áudio contra Temer “não contém qualquer mácula que comprometa a essência do diálogo”.
A angústia em Curitiba, contudo, não foi aplacada. Assim, no domingo à noite, Santos Lima apareceu com a ideia salvadora.
21 de maio de 2017 – Filhos do Januario 1
Carlos Fernando dos Santos Lima – 20:02:26 – Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo. Deltan Dallagnol – 21:03:14 – Acho que a hora tá ficando boa tb. Vou checar se tem operação em BSB, que se tiver vai roubar toda a atenção
A resposta de Dallagnol mostra que os procuradores queriam garantir que não haveria, na Lava Jato de Brasília, uma operação – prisões ou buscas e apreensões contra investigados, por exemplo – que disputasse a atenção da imprensa com a acusação contra o ex-presidente.
No minuto seguinte, ele enviou uma mensagem a outro grupo de Telegram, o Conexão Bsb – CWB, e consultou os colegas da PGR sobre a agenda da semana seguinte.
21 de maio de 2017 – Conexão Bsb – CWB
Deltan Dallagnol – 21:04:26 – SB, estamos querendo soltar a nova denúncia do Lula que sairia semana passada, mas seguramos. Contudo, se tiver festa de Vcs aí, ela será engolida por novos fatos… Vc pode me orientar quanto a alguma data nesta semana? Meu receio é soltarmos num dia e no seguinte ter operação, pq aí mata a repercussão Sérgio Bruno – 21:24:03 – Sem operações previstas para esta semana Dallagnol – 21:39:18 – Obrigado!
Com o sinal verde de Brasília, Dallagnol retornou ao grupo da força-tarefa no Paraná e deu a notícia.
Dallagnol – 21:39:51 – Nesta semana não tem op de BSB (mantenham aqui óbvio). Da pra soltar a den Lula Cf acharmos melhor Jerusa Viecili – 21:40:51 – Faremos o release amanha Santos Lima – 21:45:18 – Vamos criar distração e mostrar serviço.
As reviravoltas sobre a delação da JBS, no entanto, estavam apenas começando. No início de setembro de 2017, após os delatores entregarem novos materiais em complementação ao acordo já homologado, Janot anunciou que a PGR iria rever as delações de Joesley, do diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, e do advogado da empresa, Francisco de Assis e Silva.
O motivo: em meio à nova remessa de arquivos entregues à PGR, a JBS incluiu a gravação de uma conversa em que Joesley e Saud falam sobre a atuação alinhada da holding com Marcello Miller durante a negociação da delação.
A situação de todos os envolvidos deteriorou-se rapidamente. Em dez dias, Joesley e Saud foram presos e viram seus acordos de delação serem cancelados por Janot. A rescisão dos contratos ocorreu em 14 de setembro, mesma data em que a PGR fez a segunda denúncia contra Temer com base na colaboração da JBS. Meses depois, em fevereiro de 2018, o executivo Wesley Batista e o advogado Francisco de Assis e Silva também perderiam os benefícios da delação.
Miller, por sua vez, acabaria denunciado em junho de 2018 por ter aceitado R$ 700 mil da JBS para orientar os delatores durante as negociações. O processo contra ele, que corre na Justiça Federal de Brasília, foi trancado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região em 17 de setembro. A Quarta Turma do tribunal acatou um pedido da defesa de Miller, que apontou “inépcia” na denúncia do Ministério Público.
A perícia da PF sobre o áudio, revelada mais de um mês depois que Lula foi denunciado no caso do sítio, identificou cortes, mas descartou adulteração na gravação. O conteúdo dela foi usado na denúncia que a PGR faria contra Temer e seu ex-assessor, Rodrigo Rocha Loures, em 26 de junho de 2017.
Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão no processo do sítio de Atibaia pela juíza Gabriela Hardt, em fevereiro de 2019. Ela admitiu ter partido de uma sentença do antecessor, Sergio Moro. O petista espera o julgamento de seu recurso na segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Já os delatores da JBS aguardam, até hoje, que o STF decida se vai homologar a rescisão de suas colaborações, como pediu Rodrigo Janot. No último dia 9, pouco antes de encerrar seu mandato à frente da PGR, Raquel Dodge enviou um pedido ao STF para que priorize o julgamento do caso.
Questionado pelo Intercept sobre o caso, o Ministério Público Federal do Paraná disse que “quando nenhuma questão legal (como a existência de prazo ou risco de prescrição) ou razão de interesse público determina o momento de apresentação de uma denúncia ou manifestação, a força-tarefa ouve a equipe de comunicação quanto ao melhor momento para sua divulgação”.
Um dos mentores da estratégia, o ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima foi consultado separadamente porque não integra mais os quadros do MPF, já que aposentou-se em março deste ano. No entanto, ele não respondeu aos contatos do Intercept. O espaço está aberto para os comentários dele, que serão acrescentados se forem enviados.
A Procuradoria-geral da República também foi procurada para comentar o tema, mas informou que não irá se manifestar.
O vereador Carlos Bolsonaro, Filho do presidente e uma espécie de príncipe regente das redes sociais do pai, vem se referindo ao Senador do PSL-SP, Major Olímpio, expressando toda a ira do clã contra as fortes críticas de um dos líderes do PSL na casa. Não é de hoje de o Major se refere a Bolsonaro com fortes críticas à incapacidade de diálogo do presidente e do governo como um todo.
Em resposta às críticas políticas, Carluxo, como é conhecido o filho de Jair Bolsonaro, e o Major Olímpio, têm feito postagens no mínimo curiosas para um senador e um vereador. Adjetivos como “Cadela no cio”, “bobo da corte”, “canalha”, “moleque” e outros “gracejo” estão constantemente presentes em respostas diretas do senador e do vereador, em comentários no Twitter.
Conhecemos o ex-presidente do PSL/SP. No hospital, após a facada, o tal @majorolimpio chorou em frente a meu pai, que me determinou foco primordial na eleição do tal. Assim o fiz e hoje, este senhor diz absurdos sobre o trabalho que exerço de forma esgotante. És um bobo da corte! pic.twitter.com/ZWn7PQfEeL
Já viu aquela cena clássica do filme tropa de elite? Quase me enganou! Não é nem um pouco bobo! É um bobo da corte mesmo. Não há idiotas aqui! Não se faça pois a população não é idiota! Logo vem a conta! Aí veremos quem é o errado nisso! Um bom domingo!
Lembra-se da cena do Tropa de Elite quando o Cap Nascimento pega o Ten pela camisa e diz: VOCÊ É MOLEQUE! SOU O BOBO DA CORTE QUE VIVE DEFENDENDO BOLSONARO NO SENADO, ENQUANTO VOCÊ OFENDE TODOS QUE QUEREM AJUDÁ-LO. VÁ SER VEREADOR NO RJ QUE SUA AUSÊNCIA AJUDARÁ MUITO O BRASIL! https://t.co/SBLxXfJoEA
Os profissionais da saúde que se encontram em brigadas médicas, formam uma barreira humana para impedir que a polícia mate os indígenas que se encontram nas pousadas com os seus filhos!!
Equador 🇪🇨 em resistência contra o governo de direita e as receitas do FMI.
Sputinik – Moradores de Quito tomaram as ruas novamente neste domingo (13) apesar de um toque de recolher de 24 horas imposto pelo Exército.
A nova manifestação ocorre em meio ao cenário de destruição deixado pelos atos violentos de sábado e o cancelamento da rodada de diálogo entre o presidente Lenín Moreno e a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que havia sido prevista para este domingo (13).
O governo e os manifestantes indígenas planejavam iniciar negociações com o objetivo de neutralizar mais de uma semana de atos contra o plano de remover os subsídios de combustíveis, medida de um acordo de austeridade do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os protestos paralisaram a economia do Equador e cortaram mais da metade da produção de petróleo do país, a exportação mais importante do Equador.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o diálogo entre Moreno e os manifestantes foi cancelado por conta de “dificuldades operacionais”.
Torcedor gritou contra o presidente quando ele chegava na tribuna para acompanhar Palmeiras x Botafogo.
O presidente Jair Bolsonaro foi ao Pacaembu neste domingo assistir a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo pelo placar de 1 a 0. No entanto, ele foi surpreendido com xingamentos feitos por torcedores do clube, insatisfeitos com o governo.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o usuário identificado como Sabbatini grita contra o presidente, que chegava para acompanhar a partida na tribuna do estádio ao lado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ).
Bolsonaro e seu partido, o PSL, enfrentam uma crise, com alfinetadas de deputados, dirigentes e dos filhos do presidente da República. Neste domingo um bate-boca entre o senador Major Olímpio e o vereador Carlos Bolsonaro virou assunto nas redes sociais.
Trata-se de um governo estúpido e qualquer tipo de respeito em análises e notícias vão se perdendo na medida em que as declarações vão se provando altamente ideologizadas, recheadas de achismos e ódio. Bolsonaro insinuou e seu ministro do Meio Ambiente disse que o óleo que atingiu diversos estados do nordeste e o rio São Francisco, teria vindo da Venezuela.
O pior de tudo foi ver a Marinha analisar que a óleo dos barris encontrados no litoral de Sergipe não se trata do mesmo que se espalhou pelo litoral brasileiro.
Isso, por que os barris são da Shell e não tem origem alguma de qualquer “regime socialista”, como insinuou Arthur Weintraub, que é assessor da presidência da República e irmão do ministro da educação, Abraham Weintraub.
Já a Universidade Federal do Sergipe concluiu, em análises químicas, que o óleo encontrado junto aos barris é o mesmo que espalhou no mar.
O fato dos barris serem da Shell não exclui a origem venezuelana do óleo, já que a Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Os barris contêm inscrições e etiquetas que podem ajudar a identificar a embarcação de onde caiu ou foi despejado o petróleo que causou um desastre ecológico no litoral brasileiro.
Os barris contêm a inscrição “Argina S3 30”, um lubrificante da marca Shell, além de etiquetas da multinacional de petróleo. Como o que havia dentro deles era óleo cru e não lubrificante, os investigadores acreditam que apenas foram reaproveitados pela empresa que fazia o transporte do óleo venezuelano.
A descoberta dos barris trás mais dúvidas que certezas mas, serve como alerta para pessoas do governo se comportem com o decoro exigido pelo cargo. Não cabe a um ministro e ao próprio presidente que torne público qualquer juízo contra qualquer país, ou pessoa, antes que haja provas sobre fatos tão graves a ponto de criar incidentes diplomáticos.
“A Shell Brasil esclarece que o conteúdo original dos tambores localizados na Praia da Formosa, no Sergipe, não tem relação com o óleo cru encontrado em diferentes praias da costa brasileira. São tambores de óleo lubrificante para embarcações, produzido fora do país. O IBAMA está ciente do caso.”
No Brasil atual, o racismo não produz mais as tensões entre senhores de escravos que, praticamente, não foram estudadas ou pouco estudadas. Há um código de silêncio inacreditável sobre o racismo no Brasil, sobre a cidadania mutilada dos negros que Roger Machado, técnico do Bahia, em entrevista, coloca essa questão com muita propriedade, o que faz um link perfeito com a conferência sobre preconceito racial feito pelo brilhante intelectual baiano, Milton Santos, na qual o geógrafo endossa as palavras do técnico:
“O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais desse país. Mas é também um modelo cívico subordinado à economia, uma das desgraças desse país. Há países em que o modelo cívico corre emparelhado com a economia e em muitas manifestações da vida coletiva se coloca acima dela. No Brasil a economia decide o que do modelo cívico é possível instalar. O modelo cívico é residual em relação ao modelo econômico e se agravou durante os anos de regime autoritário e se agrava perigosamente nessa chamada democracia brasileira. A própria territorialização é corporativa, os recursos nacionais sendo utilizados, sobretudo a serviço das corporações, o resto sendo utilizado para o resto da sociedade. O cálculo econômico não mostra como as cidades se organizam para serem utilizadas por algumas empresas, por algumas pessoas. São as corporações que utilizam o essencial dos recursos públicos e essa é uma das razões pelas quais as outras camadas da sociedade não têm acesso às condições essenciais da vida ao chamado serviços sociais. No caso dos negros, é isso que se passa.
Um outro dado a acrescentar é que a situação dos negros no Brasil é uma situação estrutural e cumulativa, o que mostra a diferença com outras minorias (que não minorias).”
Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo ocupam a Avenida Paulista para pressionar o STF a julgar habeas corpus baseado na suspeição de Sergio Moro
São Paulo – Passados mais de quatro meses desde o início da série de reportagens publicadas pelo The Intercept Brasil, a partir do vazamento de conversas entre os procurados da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro que revelaram o conluio montado para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido cobrado a dar uma resposta. Movimentos sociais, sindicatos e partidos da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem e o Comitê Nacional Lula Livre realizam neste momento, na Avenida Paulista, em São Paulo, em nome da liberdade de Lula, mantido como preso político desde março de 2018.
No STF, é esperada a retomada do julgamento do habeas corpus pedido pela defesa do ex-presidente que se baseia na suspeição de Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Com base nas conversas divulgadas pela Vaza Jato, os advogados de Lula apontam que o então juiz atuou junto aos procuradores, manipulando provas, sugerindo testemunhas, e orientando a acusação para garantir a condenação pretendida, de maneira a influenciar nos rumos das eleições de 2018.
Ainda hoje eu dizia que Damares é o bobo da corte de um governo de palhaços, milicianos, assassinos e corruptos. É metalinguagem que se chama. É a linguagem que descreve sobre ela mesma. Ou seja, ela utiliza o próprio código para explicá-la.
Por isso não me proponho a fazer aqui uma conferência sobre Ciro Gomes e a sua baixaria ao atacar os Jornalistas Paulo Moreira Leite, do Brasil 247 e Kiko Nogueira, do DCM.
Pretendo começar essa conversa fazendo duas perguntas: quem é Ciro Gomes hoje na política brasileira? Quem Ciro representa?
Ciro, hoje, não está em lugar nenhum, além de ser um indivíduo dotado de arrogância que se permite não só confrontar com quem ele elege como inimigo, como afrontar o próprio limite da ética, transformando-se num completo imbecil.
A mim não surpreende em nada o formato político que Ciro usa em suas fantasias, ele sempre representou a si mesmo, aliás, esta é a única especialidade dele, e não perderia a oportunidade de promoção que a Folha lhe deu para produzir labaredas retóricas do mesmo nível de Eduardo Bolsonaro e de Damares Alves, que em sua mais recente declaração pública, num tal Congresso Conservador, disse que naquele ambiente promissor ninguém tinha lhe oferecido droga e que nenhuma menina tinha enfiado um crucifixo na vagina. E Eduardo Bolsonaro, plagiando uma camisa da campanha de Trump, fez o mesmo, mostrando o vira-latismo 2.0 da família que bufou a ajuda de Trump na OCDE e, lógico, tudo não passou de um grande fake news desmentido, em carta, pelo Secretário de Estado Americano, Mike Pompeo.
Essa vulgaridade de Ciro, Damares e Eduardo está em busca de um lugar ao sol. A isso talvez pudéssemos chamar de lugaridade, que é a destreza de cada um de nós dizer mais de nós mesmos do que de quem nós atacamos. Resumindo, até porque não tem muito o que se dizer de Ciro, mas Ciro foi Ciro, o médico e o louco; o criador e a criatura, o cão raivoso mordendo o próprio rabo por propósitos políticos, por falta de capacidade de incluir em seu discurso uma solução para a realidade brasileira.
Ciro vende a sua grosseria bufa como se fosse personalidade forte, quando todos sabemos que Ciro deu garantias ao mercado de que, se eleito fosse, não buliria com o resultado integral da proposta neoliberal que Paulo Guedes, hoje, atocha na sociedade. Até porque outro dado a acrescentar é que Ciro é o homem forte do presidente da CSN, Benjamin Steinbruck, o mesmo que recebeu a CSN de bandeja de FHC num governo do qual Ciro foi parte e que aparece no mesmo Uol dizendo que os trabalhadores no Brasil não deveriam ter hora de almoço, apenas comer um sanduíche com uma das mãos e, com a outra, operar as máquinas, e que isso sim é virtude de um povo.
Assim, exigir de Ciro bom senso, integridade ou qualquer filosofia política que não seja a de um sujeito medíocre, que vive da floração de um pensamento raivoso, é querer demais.