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“TEVE CHANCES DE SER UMA BICHA HONRADA, MAS OPTOU PELA HOMOFOBIA”, DIZ JEAN WYLLYS SOBRE CARLOS BOLSONARO

“O filho do presidente teve todas as chances e meios de enfrentar a homofobia do pai e ser uma bicha como eu sou – orgulhosa de mim”, posta Jean Wyllys no twitter.

O ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que se viu obrigado a deixar o Brasil em função das ameaças de morte que recebia, principalmente por sua agenda em defesa das causas LGBTs, tuitou nesta segunda-feira (17), fazendo referência a Carlos Bolsonaro.

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CARAVANA POR LULA LIVRE EUROPA SERÁ RECEBIDA NA FRANÇA, SUÍÇA E BÉLGICA

Entre os próximos dias 25 e 28, França, Suíça e Bélgica serão visitados pela Caravana Lula Livre Europa. A iniciativa é dos comitês Lula Livre espalhado por diversos países e tem como objetivo ampliar as denúncias sobre a prisão política de Lula.

“A Caravana Lula Livre Europa tem o objetivo de fazer um movimento na França e países próximos sobre o que está acontecendo no Brasil. Ao mesmo tempo que falaremos de Lula e de sua perseguição política, abordaremos a fragilidade das instituições brasileiras”, afirma a jornalista Maria Luísa Souto Maior, uma das organizadoras do evento. “Desde 2013, o Brasil vem sendo sacudido por uma série de eventos que nos levou até a eleição de Bolsonaro. Achamos que os jornais franceses ficaram, muitas vezes, a reboque da imprensa nacional (Estadão, Globo e Folha principalmente) e não fizeram um trabalho mais elaborado para explicar ao seu leitor como funcionam as instituições brasileiras”, afirma Maria Luisa.

“Então começamos a pensar em divulgar ao cidadão francês e europeu a questão do lawfare (guerra jurídica) no caso Lula e de como o Judiciário brasileiro não é uma instituição que respeita a Constituição Federal, não está funcionando de acordo com o Estado democrático de direito”, disse a jornalista.

“Lula é corrupto ou não? Essa é a pergunta que mais nos fazem, quando sabem que somos brasileiros”, conta a jornalista que vive há 18 anos em Paris. “Por isso estamos organizando a Caravana Lula Livre Europa: para que se discuta o que e como foi criada a operação Lava Jato, seus reais interesses, com quem eles têm relação e ao mesmo tempo falar da perseguição política-jurídica que sofre o ex-presidente Lula.”

“Vamos contar o ano da história do Brasil que se seguiu à prisão do ex-presidente Lula, a partir de algumas das milhares de cartas que ele recebeu”, relata a historiadora francesa Maud Chirio Zahar. “As cartas são relatos desse ano trágico, mas também histórias de vida, testemunhos de solidariedade, afeto, coragem.”

As cartas serão lidas por cerca de 40 pessoas, a maioria atores profissionais, brasileiros e franceses, mas também músicos ou figuras públicas exiladas do Brasil de Bolsonaro, como Jean Wyllys e Marcia Tiburi. “Além dessas pessoas, que lerão as cartas, o show conta com a participação de dezenas de voluntários: historiadores que contribuíram para selecionar as cartas – no âmbito do projeto Linhas de Luta – cineastas e técnicos que vão filmar, tradutores.”

Muitos artistas participarão do espetáculo, como o cantor Chico Buarque, os atores Antonio Pitanga, Camila Pitanga, Marieta Severo, Renata Sorrah, Inez Viana, os coreógrafos Volmir Cordeiro, Wagner Schwartz, a atriz, cineasta e cantora portuguesa Maria de Medeiros.

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COM CRISE NO GOVERNO, COM VAZA JATO E TUDO, CARLOS BOLSONARO AGRIDE LULA

Mesmo com o bate-cabeça generalizado do governo, crise na economia e mais agora a Vaza Jato, com todas as evidências de que o ex-juiz Sergio Moro fraudou o processo ao coordenar a acusação do Ministério Público Federal para prender Lula, tirando-o das eleições que elegeram seu pai, o vereador Carlos Bolsonaro, o Carluxo tem a petulância de agredir Lula pelas redes sociais.

“Até hoje não entendo o que um cachaceiro condenado faz que não está num presídio como qualquer criminoso em sua situação”, disse ele em sua página no Facebook.

Ataque ao ex-presidente Lula ocorre em meio ao escândalo da Vaza Jato, que mostrou as relações promíscuas do então juiz Sérgio Moro, e dos procuradores da Lava Jato na construção da farsa jurídica contra Lula.

 

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MORO ENRASCADO: TRF4 JÁ USOU MENSAGENS DE TELEGRAM PARA REFORÇAR CONDENAÇÕES

O presidente do Tribunal, Thompson Flores argumentou em uma sentença que o réu mantinha “intensa comunicação por meio de aplicativos velados, a exemplo do Telegram”.

Segundo Mônica Bergamo, na Folha, nesta segunda-feira (17), por algumas vezes, o TRF4 acatou o uso da aplicação como agravante para a sentença.

Já o desembargador Leandro Pausen, que negou a ida de Lula a velório do seu irmão Vavá, afirmou que um réu, processado por tráfico de drogas, se comunicava principalmente por meios eletrônicos —entre eles, o Telegram— “a fim de dificultar o rastreamento”.

Os procuradores do MPF e o juiz Sérgio Moro têm tentado minimizar o conteúdo divulgado pelo The Intercept Brasil investigando apenas a origem do vazamento.

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DALLAGNOL CONFESSA

Dallagnol compartilha em seu twitter um artigo publicado no Estadão do advogado Luís Carlos Dias Torres com o título: Brasil: futebol, carnaval, samba e inversão de valores.

Na cabeça do artigo compartilhado por Dallagnol, vem o que pensa ou diz que pensa o advogado Luís Carlos Dias Torres, sobre as revelações do intercept: “Tenho acompanhado essa polêmica toda a respeito das mensagens trocadas entre a força-tarefa da Lava Jato com o então juiz e atual ministro da Justiça, Dr. Sérgio Moro. Estou absolutamente surpreso! Porém, a última coisa que me surpreende é o teor das mensagens trocadas entre o MPF e o juiz da causa.”

Em seguida Luis Carlos Dias Torres tece suas considerações:

“Quem advoga na área criminal está mais do que acostumado com essa proximidade entre o juiz e o promotor. Ela é até natural. Afinal, ambos trabalham juntos, fazem audiências todos os dias, durante tardes inteiras. Tanto juiz como promotor são funcionários públicos. Normalmente são pessoas que optaram por essas carreiras com ideais de contribuir para um país e um mundo mais justo; que, em muitas vezes, se traduz em punir os culpados.

Aliás, isso não é de hoje. Desde muito existe esse tipo de entendimento entre o acusador e o julgador. Só que, antes, ele acontecia presencialmente, na sala de audiências, no gabinete do juiz, no cafezinho do Fórum, etc. Hoje em dia, com os avanços da tecnologia, ele ocorre pelos aplicativos de mensagem.”

O resto do artigo é uma mistura de rasgação de seda pra Moro e os lavajatinos banhada de vulgaridade com o lero-lero do tal hacker que invadiu o celular da turma da República de Curitiba.

Uma bobagem que o próprio Moro por inúmeras vezes se mostrou avesso, como nessa sua fala:

“O problema não era a captação do diálogo e a divulgação do diálogo, mas era o diálogo em si, uma ação visando burlar a justiça”.

Então, o que resta do agradável efeito retórico é que o advogado que escreve o artigo entende que as mensagens publicadas pelo Intercept são rigorosamente verdadeiras e que, compartilhando essa matéria para sustentar a inocência dos lavajatinos, Dallagnol tropeça na própria língua e admite que são verdadeiras as mensagens e, logicamente, as acusações feitas pelo Intercept sobre a parcialidade e a trama criminosa que Moro orquestrou para acusar, condenar e prender Lula, com o auxilio luxuoso de Dallagnol, Carlos Fernando dos Santos Lima e cia.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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DOCUMENTOS ATRIBUÍDOS A GREENWALD POR CANAIS DO PSL, TEM ERROS GROSSEIROS DE INGLÊS

Greenwald, do Intercept Brasil, responsável pela divulgação das conversas vazadas de Moro com Dallagnol, o que gerou um grande escândalo, postou em seu twitter nesta segunda-feira (17) sobre documentos atribuídos a ele com erros grosseiros em inglês, divulgados pelos sites de extrema-direita MBL e Terça Livre.

“Se for fabricar documentos falsificados em inglês para tentar espalhar falsas acusações contra mim, pelo menos tenha a cortesia de não ser tão preguiçoso a ponto de errar as palavras básicas”, diz Greenwald

“Se a rede de Bolsonaraists/@MBLivre/@tercalivre for fabricar documentos falsificados em inglês para tentar espalhar falsas acusações contra mim, pelo menos tenha a cortesia de não ser tão preguiçoso a ponto de errar as palavras básicas.” afirma Glenn.

Em mais um tuite, Greenwald aponta mais um erro: “não esqueçam de expressar os números em inglês, não em português, pra que sua fraude não seja tão óbvia. Demora menos de 30 segundos pra usar o Google Tradutor. Haja preguiça”,

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O FIM DA GRANDE FARSA

Por mais que esperneie, Moro, mais do que ninguém, sabe que a farsa acabou.

A embriaguez comportamental do ex-juiz é natural.

Está tonto, desnorteado, sem exatidão nas respostas que dá para a sociedade sobre as revelações escabrosas que o Intercept fez até aqui contra ele e seus comandados da Lava Jato.

Moro, que já esteve inúmeras vezes na mídia depois das primeiras matérias sobre o submundo da Lava Jato, foi dando uma versão oposta a que dera antes, caindo em contradição em diversas modalidades.

Uma hora falou em ataque de hacker, noutra falou que as mensagens foram adulteradas. Mais à frente disse que se descuidou quando orientou Dallagnol a plantar nota apócrifa contra Lula para propositadamente colher a próxima acusação contra o ex-presidente via mídia, e por aí foi.

A reação destrambelhada do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, no Facebook, escrevendo um post atrás do outro, voltando ao assunto das revelações que estarreceram o país, é outro termômetro do nível de desespero que tomou conta de Moro e de todos os membros da força tarefa da Lava Jato.

Moro, Carlos Fernando e Dallagnol mandaram a lei às favas sem nenhum escrúpulo.

Mas a bandalheira do MPF da Lava Jato, comandada pela batuta de Moro, em mensagens secretas, foi escancarada pelo irretocável trabalho do Intercept Brasil dando um mata-leão em Moro e toda a tropa da República de Curitiba que se lambuzou das ilegalidades e crimes dos próprios membros da autoproclamada liga da justiça.

 

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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Em entrevista, Leandro Demori, editor-executivo do Intercept Brasil diz, “Temos um arquivo colossal”

Em entrevista ao jornal O Povo, Leandro Demori, editor-executivo do The Intercept Brasil afirma “Temos um arquivo colossal”.

Para Demori não há dúvida em relação à autenticidade dos arquivos que causaram a liquidação da reputação de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e devem enterrar a Operação Lava Jato.

Leia a entrevista:

Há uma quase ansiedade em relação aos próximos capítulos da série Vaza Jato, do “The Intercept Brasil. Qual é a real dimensão do conteúdo que vocês têm em mãos?

A gente não esta falando sobre o tamanho do arquivo. Não posso responder isso. O que posso dizer é que é um arquivo muito grande, um arquivo colossal, e que foram centenas e centenas de diálogos de grupos e de situações. Estamos falando ai de anos, praticamente a maior parte dos anos da Operação Lava Jato. E realmente muito grande, já fizemos um sobrevoo até agora, lá conseguimos mergulhar um pouco mais, mas é um trabalho de longo prazo. E uma maratona, não é uma corrida de 100 metros.

Há prognóstico de novos conteúdos ainda nesta semana?

Intercept não está falando nem quais são as próximas matérias nem quais são as próximas pessoas diretamente envolvidas, não está divulgando prazos ou datas. Não fizemos isso. Não estamos fazendo isso para evitar especulações, porque é um assunto delicado que trata de interesses públicos e que mexe com muita coisa. O que fizemos nesta semana foi publicar os contextos dos fatos de uma das reportagens, que era aquela reportagem que mostrava os diálogos do ex-juiz Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol.

Adotou-se uma postura, comum ao Intercept, que foi publicar na integra os diálogos com o contexto. Isso vai ser seguido nas próximas reportagens? Vão sempre publicar a integra dos conteúdos?

A gente vai publicar sempre tudo que for possível, mantendo a intimidade e a privacidade das pessoas, e mantendo também algumas histórias que eventualmente estejamos apurando. Essa é a estratégia.

Até agora, uma parte dos veículos de imprensa deu mais importância à origem das mensagens e ao modo pelo qual elas foram obtidas do que propriamente ao conteúdo. Como avalia isso do ponto de vista jornalístico?

Olha, pra mim isso tudo é mau jornalismo. O que interessa mais à população brasileira, ou seja, o que tem maior Interesse público nesse debate? É a isso que se diz jornalismo. Jornalismo é uma profissão que lida fundamentalmente com interesse público. A gente serve à sociedade. Portanto, jornalismo é um serviço. O que ter mais interesse público neste momento no Pais: saber como operaram procuradores e o juiz da maior ação de combate à corrupção da história do Brasil? Ou você ficar especulando se houve ataque hacker de celular de x, ou z? Quem define a linha editorial a partir das especulações não está servindo ao interesse público. Se não serve ao interesse público, faz mau jornalismo. Os motivos, não sei.

O senhor acha que cabia ao site, e de modo geral ao jornalista, essa preocupação com a origem da informação? Vocês, em algum momento, chegaram a se perguntar se deveriam ou não publicar esse conteúdo?

Nós não estamos falando sobre a nossa fonte, então não dá informação sobre isso. Mas, nesse caso, a gente adotou o mesmo padrão de qualquer outro caso, que é o mesmo padrão adotado pelo melhor Jornalismo feito no mundo inteiro, que é: você recebe uma informação, um pacote de documentos, verifica a autenticidade e verifica se existe Interesse público naquilo. A partir do momento em que os documentos são autênticos e são de interesse público, você faz uma apuração consistente em cima para não cometer nenhuma injustiça. E, depois, você leva isso a conhecimento público. É assim que se faz bom jornalismo no New York Times, no The Guardian, no Washington Post, no La Republica, no Le Monde Diplomatique e na melhor Imprensa europeia e norteamericana. Então foi exatamente isso que a gente fez.

Obviamente que vocês sabiam que aquele conteúdo era, e é, explosivo e provocaria um terremoto politico em Brasilia e na própria Operação Lava Jato. Vocês estavam preparados para esta repercussão, inclusive do ponto de vista jurídico?

A partir do momento em que a gente recebeu o material, e começou a avaliar o material, identificando a autenticidade dele, a gente entendeu que aquilo era algo muito grande e muito importante por se tratar de uma operação que, nos últimos anos tornou conta do noticiário e mexeu muito com o cenário politico, econômico e eleitoral. Uma operação que mexeu muito com a vida social do Brasil. Do emprego ao voto, foi isso que a Lava Jato fez, para o bem e para o mal. A gente sabia que aquilo teria impacto bastante relevante. Obviamente a gente se cercou de muitas precauções. O Intercept tem uma preocupação jurídica muito forte, porque a gente sabe que pode ser alvo de guerra jurídica. Estamos preparados por isso. Nossos advogados leram todas as matérias, Tínhamos muita preocupação de não usarmos palavras equivocadas e cometemos injustiças. E depois nós nos asseguramos de que o arquivo fosse resguardado num lugar seguro fora do País para que não sofresse tentativa de bloqueio de conteúdo, com o sequestro do arquivo. Ou que o arquivo fosse copiado, roubado ou caísse em mãos erradas, fazendo com que todas as informações que são privadas, de foro intimo, que o Intercept não vai divulgar, causasse algum tipo de dano público à pessoa.

A decisão de fazer a publicação seriada, ou por capítulos, se deve exclusivamente à extensão do conteúdo? Porque o País fica em suspenso aguardando as próximas revelações. Acha que isso cria um clima prejudicial ou é natural diante de uma tarefa desse tamanho?

A ideia é basicamente organizar a cobertura, não deixar que isso fique solto. A gente criou um sistema organizado, que as pessoas possam ter uma ideia de timeline também, que possam voltar e entender as histórias, que crie organização e não se perca nisso. A ideia de fazer desse jeito foi por causa disso.

Quando receberam as informações, deve ter havido dúvida em relação à autenticidade do conteúdo. Nesse momento, vocês partiram
para uma fase de checagem para saber se algumas informações correspondiam a atitudes a desdobramentos na Lava Jato?

A gente fez vários processos de checagem de autenticidade, um deles fol esse, de bater fases e datas que aconteceram na Operação Lava Jato na época. Para saber se o mundo real estava correspondido naquela massa gigantesca de chats e situações que seria impossível que alguém conseguisse fraudar aquilo com aquela riqueza de detalhes. Outra coisa: existe a voz de cada um dos personagens. A gente consegue identificar, é facilmente perceptível quem está conversando. E outra coisa é que não temos só chats, mas também áudios. Temos um monte de arquivos de áudios e videos. Centenas e centenas e centenas de áudios. Esses áudios não são falsificáveis. impossível que alguém conseguisse falsificar, com a voz das pessoas envolvidas nesse processo, centenas e centenas. Eles estão ali para corroborar também a autenticidade. E, claro, tem a análise técnica. Existe uma forma de avaliar tecnicamente que esses arquivos tem uma autenticidade. Tanto garantimos, que quando as reportagens começaram a sair, nenhum dos envolvidos (ex-juiz, procurador e Lava Jato) colocou em dúvida a autenticidade do material. O atual ministro Inclusive falou que não via nada de mais nas conversas. Não há dúvida em relação à autenticidade, e qualquer tentativa de voltar atrás nas opiniões é mero esforço de mudar a narrativa da história.

Foi isso que o ministro e o procurador fizeram. Disseram que havia a possibilidade de que o hacker tenha feito enxertos ou adulterado uma ou outra declaração que estava contida ali. Acha que isso é uma mudança de narrativa de Moro e Dallagnol?

Eu vou responder com o que o ministro Sergio Moro falou, porque acho que mais claro do que isso é impossível. A gente colocou na nossa reportagem que ia deixar muito claro que o Intercept recebeu material muito antes de o ex-juiz declarar que seu celular tinha sido supostamente hackeado. Mesmo assim, quando Moro declara que seu celular foi hackeado, ele mesmo diz que nada foi subtraído do celular dele.

Uma das consequências da divulgação das reportagens tem sido uma reação raivosa nas redes sociais. Como vocês avaliam os riscos, inclusive pessoais? Vocês têm recebido ameaças?

A redação do Intercept já recebe ameaças há bastante tempo. A gente trata de temas complexos. Basta lembrar que a gente fez uma grande cobertura do assassinato da vereadora Marielle Franco, fomos o primeiro veículo a apontar o envolvimento de milícias. Enfrentamos também um processo eleitoral bastante turbulento com ameaças constantes. A gente tem uma expertise nisso e estamos preparados.

Que imagem surge da Lava Jato a partir do arquivo de vocês? Há uma fissura na imagem da força-tarefa?

O que dá pra saber até agora, pelas reportagens, é que a chave de leitura da Lava Jato mudou. E ela necessariamente precisa mudar. A partir das revelações que o Intercept trouxe, veem-se claramente multas intenções por trás da operação que não estavam à luz do sol. Muita gente, antes do domingo passado, poderia ter convicções pessoais sobre a não isenção do ex-juiz Moro ou sobre exageros e passadas de linha dos métodos da força-tarefa, mas agora, à luz do que já foi publicado, percebe-se uma outra ótica de olhar a operação. Essa ótica é mais do mundo real, da vida real. Não é a ótica da linguagem burocrática, não é a ótica das entrevistas de paletó, não é a ótica dos microfones oficiais, não é a ótica das coletivas de Imprensa. Agora temos uma ótica realmente de como operou a Lava Jato.

É possível que haja outras menções a figuras do Judiciário ao longo dos próximos capítulos?

Para evitar especulações, a gente não pode falar. Não podemos. O que foi mostrado no programa do Reinaldo Azevedo, na última quarta-feira, foi porque o ex-juiz Sergio Moro, que não contestou a autenticidade dos diálogos, disse que não via nada de mais naquele tipo de relacionamento. O que fiz foi trazer um trecho de pequeno diálogo entre Moro e Dallagnol citando um ministro do STF (Luiz Fux) para mostrar de novo para que a população julgue esse tipo de relação.

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O Fanatismo imperante dos procuradores da Lava Jato; por Jânio de Freitas

“Nada aconteceu ao acaso nesta etapa fúnebre do nosso fracasso como país. A partir de tal premissa, é preciso dizer que os atos delinquentes de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros da Lava Jato só puderam multiplicar-se por contarem com o endosso de vozes e atitudes que deveriam eliminá-los. É preciso, pois, distribuir as responsabilidades anexas à delinquência, não pouco delinquentes elas mesmas.

É preciso dizer que a imprensa, incluído o telejornalismo, foi contribuinte decisivo nas ilegalidades encabeçadas por Sergio Moro. Aceitou-as, incensou-o, procurou tornar o menos legíveis e menos audíveis as deformações violadoras da ordem legal e da ética judiciária.

Os episódios de transgressão sucederam-se, ora originários de Moro, ora do ambiente de fanatismo imperante entre os procuradores. Com o cúmulo do desatino e do extemporâneo no espetáculo de Deltan e da psicótica rosácea de acusações ao alvo de sua obsessão.

É preciso dizer que as advertências de juristas e advogados de alta reputação, não faltando nem livros de reunião e análise de muitas das transgressões, tiveram mais do que o espaço para o escapismo do “nós publicamos”. Foram vistos muitas vezes como interesseiros políticos ou profissionais. Era, no entanto, o caso de clamor, de defesa aguda dos princípios constitucionais e da legislação, se a imprensa quer afirmar-se democrata, ao menos quando se trata da sua liberdade plena.

A conduta da imprensa tem nomes, não foi anônima nem está encerrada. Nem corrigida: as críticas de um ou outro comentarista não compensaram o rápido esvaziamento das revelações do competente The Intercept Brasil.

É preciso dizer que a mais alta instância de defesa dos direitos civis, da Constituição e do corpo de leis foi coadjuvante nas condutas ilegais de Sergio Moro. O Supremo Tribunal Federal, principalmente pelos ministros Teori Zavascki e Edson Fachin, relatores da Lava Jato, Cármen Lúcia e Luiz Fux, teve o dever de reprimir, cedo, qualquer pilantragem judicial. Preferiu não o fazer, ou por demagógico medo de desagrados externos, ou por sujeição majoritária à ideologia. Poucos ficaram ilesos.

É preciso dizer que o Conselho Nacional de Justiça está necessitado de recuperação judicial. Sua razão de ser é zelar por prestação de Justiça a mais coerente com a legislação, o que implica correção processual, imparcialidade e ética, como explicitadas nos códigos específicos. Apesar disso, nenhum recurso, advertência ou aviso sobre o infrator Moro teve mais consequência do que o arquivamento. Em mais de meia centena de casos, endosso das artimanhas de Moro sem exceção. O papel do CNJ é vizinho do vergonhoso.

É preciso dizer que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) praticou justiça: deu aos dallagnois o aval que seu equivalente na magistratura deu a Sergio Moro. Esse conselho é o vizinho do vizinho. Mas no Ministério Público não basta a quota de responsabilidade dos procuradores em Curitiba e no CNMP.

A proteção dada pelo então procurador-geral Rodrigo Janot foi a todos os abusos de poder, perversões na invocação de leis, arbitrariedades com as famílias de delatados. Mais de uma vez, Janot divulgou notas de restrição a condutas abusivas. Todas só para enganar a opinião pública, todas descumpridas com o seu amparo.

É indispensável reconhecer que Gilmar Mendes esteve certo nos seus ataques a procedimentos de Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato. Sem subscrever suas pesadas palavras, o sentido do muito que disse, com desprezo de vários colegas, foi verdadeiro. Os que apontaram as condutas transgressoras da Lava Jato foram muito atacados, mas eram os que estavam certos. Está provado, com as vozes dos políticos Sergio Moro e Deltan Dallagnol.”