A mídia, finalmente, decidiu cancelar seu apoio incondicional a Sergio Moro, renunciando ao protagonismo de usar seus espaços para comício do ex-juiz que cometeu o crime do século.
Na verdade, a mídia não previa que o apoio a um juiz criminoso como Sergio Moro, seria considerado uma provocação pela sociedade brasileira. O ex-juiz, que incendiou as maiores empresas brasileiras de engenharia e, junto, milhões de empregos, não tem pretexto para ataque capaz de fazer cócegas na campanha de sua vítima maior.
Se Moro pensou em recuperar algum poder de influência sobre a mídia, a mesma achou melhor ele ficar longe dos holofotes para não criar ainda mais saia justa no próprio baronato midiático, preferindo atacar Lula em benefício da continuidade de Bolsonaro.
Moro não conseguiu agregar nada na direita e nem na esquerda. O tal centro-direita, como já havia sido revelado pela derrocada do PSDB, não tem futuro algum.
Assim, o juiz, que foi julgado pelo STF e considerado culpado pelos crimes que cometeu contra o ex-presidente Lula e contra o próprio país em seu projeto de poder, está sendo prematuramente jogado para debaixo do tapete por uma mídia cretina que não quer pensar na possibilidade da volta dos direitos dos trabalhadores e muito menos da volta dos pobres ao orçamento da União.
Ficou claro para todos, mas sobretudo para Moro, que, ao contrário do que ele tentou plantar contra Lula, foi ele o grande personagem diante dos olhos da sociedade que cometeu o crime do século, prendendo um inocente para que Bolsonaro ganhasse a eleição e ele o ministério da Justiça e Segurança para usar a pasta como degrau político e chegar à presidência da República de forma triunfante em 2022.
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Mobilização do funcionalismo já tem paralisação agendada para dia 18; Fonacate sinaliza para greve em fevereiro.
Servidores que compõem a máquina federal preparam para o próximo dia 18 uma paralisação nacional para pressionar o governo Bolsonaro por reajuste salarial.
Sem aumento desde 2017, o segmento tomou maior fôlego para protestar especialmente após a gestão abrir espaço no Orçamento de 2022 para um reajuste voltado a trabalhadores da segurança pública.
“Não tem por que haver esse tratamento diferenciado só pra policiais”, afirma o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques.
“Claro que eles também estão com salário defasado desde esse período, mas eles são 40 mil em um universo de 1 milhão e 100 mil servidores ativos e aposentados da União. Então, todo mundo está com o salário defasado, todo mundo faz a sua campanha”, aponta.
O setor teve o último incremento nos salários em janeiro de 2017. “Corrigindo o IPCA de lá até aqui, dá uma defasagem de 27,2%, quer dizer, mais de um quarto dos salários já foram corroídos com a inflação”, exclama o dirigente.
A instituição, que reúne 37 entidades de trabalhadores, definiu o intervalo de duas semanas até a paralisação para intensificar a mobilização nas bases e cumprir as formalidades exigidas pela legislação naquilo que se refere às greves e paralisações.
O Fonacate representa um contingente de 200 mil servidores federais, cerca de um terço dos mais de 580 mil que hoje estão na ativa.
O movimento deve perturbar o sossego do governo, principalmente se houver adesão à ideia de paralisação no âmbito do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), que atualmente realiza escutas às categorias para definir os próprios rumos.
Sempre avesso à pauta do funcionalismo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem tentando arregimentar ministros e outros gestores do Executivo em sintonia contrária à articulação dos servidores.
Reportagem da Folha de S. Paulo revelou, no último dia 28, que o mandatário chegou a enviar mensagens ao grupo traçando um paralelo entre a eventual concessão de reajuste e a tragédia de Brumadinho, que terminou com 270 mortos em 2019.
“Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama”, disse Guedes, em uma das comunicações depois de sinalizar, em outra mensagem, que a gestão tende a quebrar se houver reajuste e “a doença voltar”, em uma referência a uma nova agudização da pandemia.
“Os salários estão congelados desde 2017. Se a quebradeira fosse porque estava dando reajuste, a realidade seria outra”, afirma Sérgio Ronaldo, do Fonasefe.
Para o dirigente, o cenário atual segue outra lógica: “O país está quebrando porque não tem negociação, não tem moeda circulando, não tem reajuste, não tem aumento real do salário mínimo pra que a economia gire. É isso que está fazendo com que a economia continue descendo a ladeira de forma desenfreada”.
A entidade aglutina 22 entidades nacionais do funcionalismo, congregando mais de 1 milhão de servidores federais, segmento que amplifica as insatisfações com o governo Bolsonaro a cada ano da gestão.
Costumeiramente arredio com os trabalhadores da máquina, o presidente bancou, nos últimos anos, uma série de arrochos que prejudicaram a estrutura de trabalho e de serviços públicos oferecidos pela União.
“Nós queremos discutir a administração pública como um todo”, aponta Sérgio Ronaldo.
Além de recomposição salarial por conta da perda do poder de compra do funcionalismo, ele defende a necessidade de se discutir uma reestruturação, “mas não como a reforma administrativa”, que a entidade vê como uma “destruição do serviço público”.
“A gente quer que faça concurso público, pra recompor a força de trabalho, quer que melhorem os recursos pra ciência, pra educação, pras políticas de saúde, entre outras coisas”.
Desafio
A concessão do governo para reestruturação de carreiras do funcionalismo fez com que fosse reservado R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2022 para reajustes, com um indicativo de que o dinheiro será utilizado para beneficiar carreiras da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), setores onde o presidente encontra amplo apoio ideológico.
Com o levante das demais categorias, o governo pode enfrentar uma greve já em fevereiro, conforme sinalizado pelo Fonacate após assembleia com representantes do segmento ocorrida na semana passada.
A consternação do funcionalismo já dá sinais de maior sobressalto. Na última segunda (3), por exemplo, o Sindicato dos Servidores do Banco Central (BC) fez um apelo pela entrega de cargos comissionados em forma de protesto pela falta de reajuste.
A entidade incentiva ainda os demais a não aceitarem substituir os que vierem a se demitir do governo. A instituição tem uma média de 500 funções comissionadas e uma eventual adesão pode ajudar a travar trabalhos do BC.
A insatisfação vem provocando solavancos também na Receita Federal, onde desde o final do ano, mais de 1.200 auditores fiscais já entregaram seus cargos.
Dirigentes do Sindifisco Nacional estão reunidos em Brasília (DF) até esta quinta-feira (6) para debater estratégias de articulação e pressão sobre o governo.
A categoria se queixa dos cortes orçamentários que a equipe de Guedes promoveu no órgão para este ano e levanta ainda outras demandas de valorização da carreira.
“O governo vai ter muita dificuldade”, acredita o analista Marcos Verlaine, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), para quem a dor de cabeça pode ser maior naquilo que se refere à atuação do Fisco, área que lida com arrecadação e fiscalização tributária.
“A impressão que se tem é de que, olhando como foi o término do ano para os servidores no engajamento contra a reforma administrativa, esse movimento tem um grande potencial pra afetar o governo”, projeta.
O analista político Leonel Cupertino observa que a previsão que consta no orçamento não fixa em detalhes a canalização dos recursos para os trabalhadores da área de segurança.
Para ele, os próximos movimentos do jogo político devem se dividir em três tendências: pessoas defendendo reajuste para todo mundo, a bancada da bala no Congresso pleiteando o reajuste das carreiras na segurança e a ala que não vai querer reajuste para nenhuma carreira, o que já é a tendência de técnicos do Ministério da Economia.
No caso de um eventual incremento salarial para todos – possibilidade distante diante da tendência neoliberal da gestão Bolsonaro –, o aumento terminaria sendo bem mais abaixo da reclamada recomposição de 27,2%, já que as verbas teriam que ser rateadas, o que traria maior insatisfação entre os policiais. “Pra onde você olha é uma sinuca de bico porque o presidente mexeu num vespeiro”, diz Cupertino.
“Inabilidade”
Para o cientista político Leonardo Barreto, a crise com o funcionalismo em torno da pauta do ajuste foi gerada “por inabilidade” de Bolsonaro, que aproveitou uma janela entre o fim do decreto do estado de calamidade no país e o período eleitoral para fazer um aceno aos policiais.
“E o presidente decidiu priorizar a PF sabe-se lá por quais motivos. Não há uma política de Estado, uma política de negociação de salários dos servidores. O que há são interesses que nem sempre estão claros. O presidente acabou, com tudo isso, provocando uma rebelião nas outras categorias, e muitas delas não fazem greve desde o governo FHC”, resgata.
Para o cientista político, quaisquer que sejam os rumos do processo de negociação, o engodo pode prejudicar ainda mais a imagem da gestão por conta da falta de planejamento financeiro do governo.
“E isso, pros agentes econômicos, é fatal porque eles até trabalham com cenários ruins, mas não trabalham com imprevisibilidade, incerteza. Isso é uma coisa muito ruim, e acho que vai contaminar o jogo. É uma coisa pela qual o governo será cobrado”.
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Entrega conjunta de postos ainda depende de liberação de membros superiores do órgão.
Para driblar eventual pressão política contra a debandada na Receita Federal, servidores do órgão avaliam até acionar a Justiça e pedir a exoneração de cargos de chefia que estiveram sendo barrados por falta de aval dos superiores.
A entrega conjunta de cargos comissionados começou no fim de dezembro, mas ainda precisa ser aprovada por membros do alto escalão da Receita e publicada no DOU (Diário Oficial da União).
A expectativa é que isso comece a ser efetivado na próxima semana. Já são mais de 1.200 auditores e 300 analistas que entregaram os cargos.
Até mesmo a debandada no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vinculado ao Ministério da Economia, ainda precisa ser efetivada, pois não foi autorizada por ato formal no DOU.
Um grupo de 63 conselheiros do órgão pretende deixar o conselho ainda em janeiro, o que pode atrasar a retomada dos julgamentos de disputas tributárias entre União e contribuintes.
A entrega de cargos de chefia pode atrapalhar a prestação de serviços públicos, como a solução de problemas em declarações de impostos e até mesmo a entrada e a saída de produtos no comércio internacional.
Ao longo desta semana e até o início da próxima semana, estão previstas assembleias em sindicatos regionais de auditores e de analistas da Receita.
Os encontros são para decidir a adesão à paralisação geral do funcionalismo federal em 18 de janeiro, além de aprovar a adoção de operação-padrão em alguns setores.
Desde o fim do ano passado, por exemplo, auditores lotados na alfândega do Porto de Santos, no litoral paulista, já trabalham em operação-padrão.
A medida significa que a análise, a seleção e a distribuição das declarações de importação são feitas de modo mais criterioso, o que tem potencial de atrasar o fluxo do comércio exterior do país.
Até o momento, líderes do movimento sindical da Receita receberam apenas relatos pontuais de efeito da redução na execução de atividades. Há informações, por exemplo, de fila de caminhões na fronteira entre Brasil e Venezuela.
No entanto, a expectativa é que o movimento grevista cresça até a próxima semana, quando o impacto da mobilização sindical deverá ficar mais claro.
A expectativa é que nesse mesmo período comece a publicação da exoneração de servidores que hoje ocupam cargos de chefia.
“O acordo é que, se um colega deixar um cargo, o outro não vai assumir”, disse George Alex Lima de Souza, presidente da direção do Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita) em Brasília.
Segundo ele, a entrega de cargos é um processo burocrático e muitas vezes depende da vontade dos chefes hierarquicamente superiores.
“Se isso não evoluir, vamos ter de tomar outras providências para garantir a exoneração nas próximas semanas, inclusive considerando a judicialização”, afirmou Souza.
O movimento grevista por reajuste salarial foi deflagrado após o lobby de policiais federais surtir efeito e as corporações receberem a promessa do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que haverá recursos para aumentos salariais em 2022.
Essas categorias fazem parte da base eleitoral do presidente. Neste ano, ele tentará a reeleição na disputa pelo Palácio do Planalto.
Apenas Polícia Federal, PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Depen (Departamento Penitenciário Nacional), além de agentes comunitários de saúde, obtiveram promessa de reajuste dentro do funcionalismo federal.
O Orçamento prevê R$ 1,7 bilhão para o reajuste, mas não há no texto uma previsão de uso dessa verba exclusivamente para as carreiras policiais. Por isso, diversos sindicatos de servidores se mobilizam para conseguir abocanhar parte dos recursos.
O tratamento diferenciado para policiais desencadeou uma debandada nos cargos de chefia da Receita e do Banco Central —uma forma de pressionar o governo a conceder o aumento salarial para mais categorias.
No caso da Receita, além do reajuste, há demanda para que seja cumprido um acordo de 2016 de regulamentação de bônus para servidores. Hoje, esse bônus tem um valor fixo, podendo chegar a R$ 3.000 a depender da carreira.
Os servidores querem que o bônus seja variável e calculado de acordo com o desempenho geral do órgão, podendo assim ultrapassar o teto atual. O custo dessa medida é estimado em cerca de R$ 500 milhões por ano.
“Estamos com assembleias até o fim da semana por todo o Brasil, e nossa orientação é para abrir um estado permanente de mobilização, com operação-padrão e entrega de cargos”, disse Geraldo de Oliveira Seixas, Presidente do Sindireceita (Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita).
O movimento tem crescido. O sindicato que representa os auditores-fiscais do trabalho —o Sinait— registra nesta semana a entrega de mais da metade dos cargos de chefia e coordenação.
Os auditores do trabalho reivindicam a regulamentação de bônus de eficiência, previsto em lei há cerca de cinco anos, e protestam contra o que entendem ser um tratamento desigual à categoria.
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No último 3 de novembro, exatos dois meses antes da enésima e mais nova internação de Jair Bolsonaro após o episódio da facada, a 2ª Seção do TRF-1 decidia por dar azo à desconfiança disseminada por Bolsonaro e bolsonaristas de que Adelio Bispo dos Santos agiu em Juiz de Fora a mando de alguém, mesmo após duas investigações da Polícia Federal terem concluído o contrário, segundo o jornalista Hugo Souza, do Come Ananás.
Por 3 votos a 1, a 2ª Seção do TRF-1 negou mandado de segurança ajuizado pela OAB Nacional e pela OAB mineira contra uma decisão da Justiça Federal de Minas que autorizou a quebra do sigilo bancário, apreensão de registros de pagamentos de honorários e do celular de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, advogado de Adelio Bispo.
A 2ª Seção derrubou assim, naquele dia, dois meses atrás, decisão liminar do próprio TRF-1 que havia suspendido as ações contra a defesa de Adelio. Votaram contra o mandado de segurança da OAB, contra a liminar que vigorava desde março de 2019, contra o voto do relator, os desembargadores Saulo José Casali Bahia, Ney Bello e Maria do Carmo Cardoso.
Maria do Carmo Cardoso é chamada pelos filhos de Jair Bolsonaro de “tia Carminha”. Ela é amiga da família, especialmente do senador Flavio Bolsonaro. Em 2019, Bolsonaro pai nomeou para o Cade uma filha da desembargadora, a advogada Lenisa Rodrigues Prado. Segundo os bastidores da notícia, foi “tia Carminha” quem sugeriu a Bolsonaro enfiar Kassio Nunes Marques no STF.
Antes de ser de repente, num susto, indicado para o STF, Kassio Nunes era favorito, isto sim, para ir parar no STJ. Com ele tornado entreposto bolsonarista no Supremo, quem ganhou força para virar ministro da terceira instância da Justiça foi outro desembargador do TRF-1 e outro que votou por liberar as ações e apreensões contra o advogado Adelio Bispo dos Santos: Ney Bello.
Ney Bello espreita, há tempos, e com apoio de Gilmar Mendes, uma das duas vagas que foram abertas recentemente no STJ, com as aposentadorias dos ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Nefi Cordeiro. As listas tríplices deverão chegar à mesa de Bolsonaro no fim de fevereiro.
Bello é favoritíssimo a uma dessas vagas desde que, no início de 2021, mandou trancar um inquérito na Polícia Federal contra Frederick Wassef, advogado de Jair e de Flavio Bolsonaro, logo após a 3ª Turma do TRF-1 decidir pela nulidade de um relatório do Coaf sobre transações suspeitas de Wassef, também com os votos de Bello e Maria do Carmo Cardoso formando maioria.
Foi precisamente Frederick Wassef o autor do recurso contra a liminar do TRF-1 de março de 2019 que havia suspendido as ações contra o advogado de Adélio Bispo dos Santos. Em novembro do ano passado, no dia em que 2ª Seção do tribunal derrubou a liminar, o famoso anfitrião de Fabrício Queiroz em Atibaia deu uma entrevista dizendo que:
“Encomendaram a morte do presidente da República. Adélio Bispo é um assassino profissional que foi cooptado para assassinar Jair Messias Bolsonaro. Adelio Bispo não agiu sozinho. Adelio Bispo não é louco. E existem fortes indícios e robusto conjunto probatório de que a esquerda brasileira encomendou a morte do presidente Jair Bolsonaro”.
“Fatos novos surgirão. Certamente a investigação continuará pela Polícia Federal. Com o surgimento de novos fatos e elementos informativos, será possível a abertura de novos inquéritos para se chegar à organização criminosa que mandou assassinar Jair Messias Bolsonaro”, disse ainda Wassef, há dois meses.
Nesta quarta-feira, 5, enquanto Jair Bolsonaro deixava o hospital Vila Nova Star, o delegado Martin Bottaro Purper assumia a terceira investigação da PF, que agora tem salários novos, sobre o episódio da facada, escolhido por Paulo Maiurino. Martin Purper ficou conhecido por investigar o núcleo financeiro do PCC e um cadastro de integrantes da temida facção.
Talvez sejam esses, todos esses, os verdadeiros movimentos de preocupação, por assim dizer, visando 2022, em vez da escolha dos vices: das escolhas da “tia Carminha” à obstrução intestinal – e providencial – de ano novo, passando pelo manejo pouco republicano das indicações judiciárias e pelas aberturas de inquérito em busca de um mandante, até conseguirem um.
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Líderes sindicais reclamam que não conseguem nem marcar reunião para discutir reajuste e reforçam determinação pela greve.
O governo mantém silêncio sobre a iminência de uma paralisação generalizada dos servidores públicos, que pode impactar serviços e atividades essenciais. A reclamação é de sindicatos e organizações do funcionalismo federal. Segundo líderes sindicais, o Executivo foi procurado para marcar reuniões, a fim de chegar a uma solução capaz de garantir reajuste salarial das categorias — algumas estão com salários congelados desde 2017 —, porém não houve retorno. A falta de resposta pode resultar numa greve geral em fevereiro, informa o Correio Braziliense.
Para este mês, estão marcadas paralisações com atos nos dias 18, 25 e 26. No caso do dia 18, o plano é fazer uma paralisação em diversos órgãos. Os servidores de várias carreiras vão se encontrar na frente do Banco Central, às 10h, para protestar contra o congelamento de salários e pedir reajustes. Mais tarde, às 14h, a mobilização segue para o Ministério da Economia.
Segundo Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), houve uma reunião, ontem, para definir os locais de manifestações no dia 18. “As entidades estão fazendo assembleias, mas, até agora, não tivemos qualquer retorno do governo, nem mesmo às tentativas de marcar reuniões”, ressaltou. “Escolhemos o Banco Central como um dos locais porque é um órgão simbólico. Talvez o ato passe, também, por outros órgãos que representam a luta dos servidores.”
Marques afirmou que o congelamento de salários atinge 1,1 milhão de servidores e que há urgência para conseguir reajustes neste ano. Ele disse que o movimento tem crescido em adesões.
Outro que se mobiliza para promover atos é o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), que reúne representantes do Banco Central e da Receita Federal, entre outros.
O Fórum tem uma reunião marcada para o dia 14 e, segundo Rudinei Marques, haverá conversas nos próximos dias para tentar unificar os movimentos. “Se o governo continuar nos ignorando, não temos opções a não ser fazer greve geral”, ameaçou.
No caso do Banco Central, o clima de insatisfação se intensificou na última semana. Vários funcionários passaram a entregar cargos em comissões gerenciais. Estima-se que, até ontem, cerca de 1,2 mil já tinham aderido ao movimento. O número representa mais de um terço do total do efetivo do órgão.
Pressão
Fábio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), destacou que um dos objetivos da entidade — que faz parte do Fonacate e também vai parar no dia 18 — é pressionar o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, a recebê-los para dar satisfações sobre o que tem sido feito sobre o reajuste salarial. O BC é um dos órgãos, por exemplo, que não está previsto concurso para este ano, algo que é uma demanda antiga da categoria.
“O sindicato já vem pedindo, há anos, o concurso, e essa é uma demanda até da diretoria do banco, mas o ministro Paulo Guedes (da Economia) é terrível para poder conceder novos concursos. É uma visão equivocada”, reprovou. “O banco tem, por lei, direito a ter mais de seis mil servidores. Hoje, está com 3,5 mil. Isso é um absurdo. Muita coisa poderia estar sendo feita para a sociedade brasileira e não está, por conta da política do ministro Paulo Guedes.”
Desde 2018 o Ministério da Economia ignora novos pedidos de concurso do Banco Central. No ano passado, Roberto Campos Neto chegou a fazer uma nova solicitação e cobrar Guedes publicamente. O pedido previa 245 vagas para os cargos de analista, técnico e procurador.
Culpa
Para Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas, uma eventual paralisação dos serviços públicos terá o governo federal como principal culpado. “Às vésperas da aprovação do Orçamento de 2022, o Executivo insistiu para que fossem alocados R$ 2,9 bilhões que seriam destinados a reposições salariais, exclusivamente, das carreiras relacionadas à área de segurança (policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes do Departamento Penitenciário), categorias essas que o presidente da República considera como parte do seu eleitorado”, enfatizou.
Ele lembrou que o Congresso previu na peça orçamentária R$ 1,7 bilhão para esse fim e, “em tratativas com o Ministério da Economia, reduziu verbas da pasta, notadamente da Receita Federal, destinada a equipamentos e sistemas informatizados”. “Ou seja, parafraseando um ditado popular, o governo cutucou o ‘leão’ com vara curta e gerou revolta em todas as demais categorias, que também estão sem reposição salarial”, acrescentou.
Castello Branco frisou que cada ponto percentual de aumento salarial dos servidores públicos gera impacto de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões. “Um hipotético pequeno aumento de 5% ocasionaria aumento da despesa entre R$ 15 e R$ 20 bilhões. O aumento seletivo, apenas para aqueles que são considerados como da base eleitoral do presidente, é, inclusive, inconstitucional, como disse o ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello, ao Correio”, finalizou.
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O PT sinalizou nesta terça-feira (4) que poderá revogar a reforma trabalhista, aprovada em 2017 no governo Michel Temer, no esteio do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, que retirou uma série de direitos trabalhistas e precarizou as relações de trabalho no País.
Nesta segunda-feira (3), a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann, classificou como “notícias alvissareiras” a revogação da privatização de empresas de energia na Argentina e da reforma trabalhista na Espanha. “A reforma espanhola serviu de modelo para a brasileira e ambas não criaram empregos, só precarizaram os direitos. Já temos o caminho”, disse Gleisi.
Já nesta terça-feira (4), o ex-presidente Lula afirmou pelo Twitter que a reforma trabalhista promovida pelo presidente espanhol, Pedro Sanchez, deve ser “acompanhada de perto” pelos brasileiros por estar recuperando “direitos dos trabalhadores”.
“É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, afirmou Lula, ao compartilhar reportagem do site Brasil de Fato sobre o assunto.
No Brasil, a Lei da reforma trabalhista foi sancionada em 2017 sob o pretexto de criar empregos e dar “segurança jurídica”, mas o desemprego aumentou desde então.
Confira os tweets de Gleisi e Lula:
Notícias alvissareiras desse período: Argentina revoga privatização de empresas de energia e Espanha reforma trabalhista q retirou direitos. A reforma espanhola serviu de modelo p/ a brasileira e ambas ñ criaram empregos, só precarizaram os direitos. Já temos o caminho
É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores.https://t.co/c4vH9SNXxH
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O New York Times, porta-voz de interesses imperialistas, escreveu nesta terça-feira (4) que a guinada da América Latina à esquerda deve “minar” a influência regional dos Estados Unidos, favorecendo o seu maior rival geopolítico, a China.
As vitórias de Gabriel Boric (Chile) e Xiomara Castro (Honduras), e o favoritismo de Gustavo Petro (Colômbia) e de Lula (Brasil), que recebeu amplo destaque na matéria, devem ainda prejudicar o isolamento promovido pelos EUA sobre regimes considerados “autoritários”, como Venezuela, Nicarágua e Cuba.
A publicação cita exclusivamente analistas de universidades estrangeiras: “Os ganhos da esquerda podem impulsionar a China e minar os Estados Unidos enquanto competem por influência regional, dizem os analistas, com uma nova safra de líderes latino-americanos que estão desesperados por desenvolvimento econômico e mais abertos à estratégia global de Pequim de oferecer empréstimos e investimentos em infraestrutura. A mudança também pode tornar mais difícil para os Estados Unidos continuar a isolar regimes autoritários de esquerda na Venezuela, Nicarágua e Cuba”.
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Uma cena importante do filme “Não olhe para cima”, sucesso da Netflix, mostra os cientistas Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) levando à presidente dos Estados Unidos uma notícia catastrófica. Um enorme cometa se aproxima da Terra em alta velocidade e, a menos que as grandes potências tomem providências urgentes, o planeta será destruído. Após o impacto da informação, a presidente (personagem vivida por Meryl Streep) anuncia o que fará, para desespero dos cientistas que esperavam medidas imediatas: “Vamos esperar e avaliar”.
O método da governante fictícia, que trata de forma displicente um problema que está prestes a causar milhões de mortes, tem paralelo na vida real. Desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma vacina da Pfizer contra covid-19 para as crianças de 5 a 11 anos, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, faz de tudo para adiar o momento em que o imunizante será aplicado nos meninos e meninas.
Sua ideia “genial” para protelar a vacinação em crianças foi propor uma ridícula consulta pública aos leigos e uma insólita audiência pública sobre assunto pacificado há décadas. Diante do risco do coronavírus, que matou desde o início da pandemia cerca de 300 pequenos brasileiros, o ministro da Saúde absurdamente diz: “Vamos esperar e avaliar”.
A segunda parte dessa estratégia protelatória, a audiência pública, foi realizada hoje.
Fazer um encontro desse tipo para discutir se uma vacina aprovada pela Anvisa contra a covid-19 deve ser ou não aplicada em crianças de 5 a 11 anos é mais ou menos como montar um seminário para debater se os efeitos da lei da gravidade são reais ou não. Ou seja, é uma imbecilidade.
Apesar disso, com toda a paciência, cientistas de alta qualidade aceitaram dividir seu tempo com profissionais negacionistas escolhidos a dedo pelo ministro Queiroga, pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) e seu grupo bolsonarista. A Anvisa avisou que não iria se fazer representar, já que tudo o que tinha a informar está nas notas técnicas que aprovaram a vacina.
O que se viu na audiência pública foram Roberto Zeballos (imunologista), Roberta Lacerda (infectologista) e Augusto Nasser (neurocirurgião), conhecidos defensores do delirante tratamento precoce, cumprirem o papel que cabe aos negacionistas: jogar dúvidas sobre a segurança da vacina e sobre a gravidade da pandemia.
As falas dos cientistas sérios, como os representantes da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e Associação Médica Brasileira (AMB), entre outros, não deixaram dúvidas (se é que alguém sensato as tinha): é preciso vacinar as crianças o quanto antes. Dados de especialistas e entidades de renome internacional, além dos melhores profissionais brasileiros, indicam isso.
Uma das principais participações foi a do infectologista Marco Aurélio Sáfadi, integrante da SBP, que chamou atenção para a alta taxa de letalidade entre as crianças infectadas pelo coronavírus, 7%. A taxa de mortalidade, destacou, é maior que a registrada em doenças como meningite, influenza ou distúrbios diarreicos. Em contrapartida, o acompanhamento de 8 milhões de meninos e meninas vacinadas nos Estados Unidos mostrou que a ocorrência de miocardite entre os imunizados é de 11 casos em 8 milhões, todos de evolução clínica favorável. Uma quantidade de casos de miocardite muito menor que os causados pela própria covid-19.
Ao fim, a ampla maioria dos expositores se mostrou a favor da vacina para crianças de 5 a 11 anos.
Deu a lógica.
Não havia necessidade de qualquer consulta ou audiência pública para que se chegasse a essa conclusão.
Está previsto para amanhã o anúncio da posição oficial do Ministério da Saúde.
Tudo resolvido? Nada disso.
A essa hora, Marcelo Queiroga e os bolsonaristas devem estar pensando em outras formas de “esperar e avaliar”. Mesmo que isso seja feito ao custo da exposição de crianças ao risco de contrair covid-19, doença que, como se viu, representa possibilidade de morte maior que outras doenças infantis.
Queiroga e o presidente Jair Bolsonaro parecem não se importar com isso.
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Um dos maiores produtores agrícolas do mundo e, até pouco tempo, líder na luta contra a fome, o Brasil vive uma situação constrangedora na FAO, a agência da ONU para a Agricultura. Sem completar o pagamento de sua contribuição obrigatória, o governo brasileiro começa o ano de 2022, em tese, com o risco de perder seu poder de voto na instituição.
Desde o início do primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro, o país parou de pagar a instituição de forma integral. A regra na entidade estabelece que, ao completar dois anos sem fazer depósitos completos, um governo perde seu direito ao voto nas decisões da instituição. Hoje, o Brasil contribui com cerca de 3% do orçamento da FAO e, se pagasse o que lhe corresponde, seria o oitavo maior contribuidor para o orçamento da instituição.
Procurado pela reportagem para comentar a situação, o Itamaraty explicou que houve uma mobilização para tentar quitar as dívidas com diferentes organismos internacionais na última semana. Sem o pagamento e diante de um saldo devedor inédito, o Brasil correria o risco de perder o direito ao voto em diferentes instituições.
“O Itamaraty busca permanentemente evitar que atrasos nos pagamentos de contribuições a organismos internacionais comprometam a atuação do Brasil. Nesse sentido, mantém estreita coordenação com o Ministério da Economia e com outros órgãos do governo federal, aos quais sinaliza regularmente as potenciais consequências decorrentes daquelas pendências financeiras”, explicou.
“Esse esforço conjunto permitiu, na última semana, viabilizar pagamentos da ordem de R$ 846 milhões a organismos internacionais e R$ 2,8 bilhões a bancos e agências de fomento de 2021. Com isso, o País preserva sua capacidade de atuação em foros tais como ONU, UNESCO, OMC, OIT e OPAQ, entre outras”, disse.
FAO é risco
Mas o governo admite que seu esforço pode não ter sido suficiente. “No caso da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Brasil aguarda manifestação do secretariado sobre o recebimento dos montantes enviados nos dias 29 e 30 de dezembro. A efetiva disponibilização desses recursos depende de prazos de compensação bancária, bem como do câmbio vigente, inclusive porque a FAO emite faturas tanto em dólares quanto em euros”, afirmou.
“Nesse contexto, é possível que os pagamentos brasileiros não tenham sido suficientes para saldar integralmente a contribuição do exercício 2019. Com vistas a neutralizar quaisquer impactos, o Ministério das Relações Exteriores já está em contato com o Ministério da Economia no sentido de priorizar novos pagamentos à FAO, tão logo haja disponibilidade de recursos”, disse. De acordo com o Itamaraty, o direito a voto é restaurado “tão logo os países-membros quitem seus débitos em atraso”.
De acordo com negociadores brasileiros, a perda de voto ainda não ocorreu na prática, ainda que em tese a suspensão já possa ser aplicada a partir do dia 1 de janeiro de 2022.
Neste ano, não há uma previsão de conferência da FAO, o que amenizaria o constrangimento para o Itamaraty. Mas, se uma crise surgir e uma reunião exigir a convocação de um voto, o Brasil pode ficar de fora de uma decisão.
O tema dos devedores ainda poderá entrar na agenda do Conselho Executivo da FAO, que irá deliberar sobre cada um dos governos com pendências.
Mesmo se acabar evitando a perda de seus direitos, a situação na qual o governo brasileiro se encontra é descrita por funcionários da agência como “vexame” e “reveladora” da atual política externa.
Para manter seus direitos plenos na FAO, o Brasil precisava pagar a soma dívidas acumuladas de US$ 2,5 milhões e 7,1 milhões de euros, referentes ao orçamento de 2019. Mas, segundo fontes em Brasília, apenas uma parcela desembarcou nos cofres da agência.
No orçamento da FAO, parte dos pagamentos é na moeda americana e uma segunda parcela é feira em euro, como forma de amenizar o impacto da variação cambial para o orçamento da instituição.
Mas a dívida vai muito além. Num comunicado enviado ao governo brasileiro cobrando pagamentos, a FAO detalhou a dimensão do buraco deixado pelo país.
O Brasil deve US$ 9,8 milhões e 5,5 milhões de euros, relativos ao ano de 2021. O governo também deve a mesma quantidade para o ano de 2020, tanto em euros como em dólares. Isso tudo sem contar com o valor de 7,9 milhões de dólares e 5,5 milhões de euros que o Brasil precisa pagar em 1 de janeiro, relativo às contribuições para o ano de 2022.
Somando todos os anos relatados no documento da FAO cobrando o governo, a dívida chega a US$ 23 milhões e 23,8 milhões de euros.
Em outro documento oficial da FAO, obtido pelo UOL, a entidade também constata que a dívida brasileira é a segunda maior entre todos os países que fazem parte da instituição.
Apenas o governo americano conta com um buraco maior. O que a Casa Branca deve chega a mais de US$ 110 milhões. A contribuição anual dos EUA, porém, é muito superior que a brasileira.
A crise de pagamentos do Brasil não se limita à situação na FAO. Na ONU, o governo também sofre para pagar. Mas, tendo sido eleito para o Conselho de Segurança da instituição, o governo teve de encontrar recursos para garantir a transferência de dinheiro para a ONU, antes do final do ano. Fome
A crise diplomática na FAO ocorre no mesmo momento em que a instituição revela, em seus dados, um salto sem precedentes da fome no Brasil nos últimos 20 anos, enquanto o governo é denunciado por um desmonte das políticas de segurança alimentar.
De acordo com a informação coletada pela instituição, 24% dos brasileiros vivem um estágio de fome moderada, enquanto 8% atravessam uma situação de fome severa. Antes da pandemia, a taxa era de apenas 2,5%.
A FAO foi comandada pelo brasileiro José Graziano da Silva entre 2012 e meados de 2019. Graziano foi ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e considerado como pai do programa Fome Zero.
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Joaquim de Carvalho – Bolsonaro tem problemas gastrointestinais que o levam para hospitais desde antes da facada ou suposta facada em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018. Mas ele e aliados continuam a usar o caso Adélio com um enredo político que não se sustenta nos fatos.
“A turma do ódio do bem ou ódio permitido invade mais uma publicação! Crer que a facada de antigo filiado do PSOL foi um fato isolado não é inocência”, escreveu Carlos Bolsonaro, em resposta à postagem na qual o pai anunciou que foi internado às 3 da madrugada, em São Paulo.
Adélio se filiou ao PSOL em 2007, assim como um dos seguranças de Bolsonaro em Juiz de Fora, o militar da reserva Hugo Ribeiro. Este deixou o partido para se filiar ao PTN e integrar o grupo chamado Direita Minas.
Hugo Ribeiro foi encontrado morto no início do ano passado no edifício onde trabalhava, em Juiz de Fora. Segundo laudo médico, ele foi vitima de enfarte fulminante.
Adélio deixou formalmente o PSOL em 2014, quando era pregador evangélico, mas antes disso já militava com a direita. Participou de manifestações contra Dilma Rousseff em Brasília em 2013 e frequentava o diretório do PSD em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
Era tão próximo do partido que acreditava ter sido filiado. Tanto que a Polícia Federal encontrou na pensão onde se hospedou em Juiz de Fora uma carta de janeiro de 2016 com pedido de desfiliação, com o protocolo de recebimento assinado por um representante do PSD.
No âmbito nacional, o PSD é um partido de centro-direita, mas, em Uberaba, está mais à direita, sob a liderança do ex-deputado e médico Marcos Montes. Ele era da bancada ruralista e hoje é secretário-executivo do Ministério da Agricultura.
Nos pertences de Adélio, além da carta ao PSD, foi encontrado um cartão com os telefones de Marcos Montes.
A Polícia Federal em Juiz de Fora tinha essas informações ao elaborar o auto de flagrante de Adélio, mas as omitiu. Registrou, no entanto, sua filiação ao PSOL.
Dois agentes da PF na cidade, que atuaram no esquema de segurança informal de Bolsonaro, foram promovidos depois da eleição. Marcelo Bormevet se tornou chefe de um departamento da Abin e Felipe Arlotta Freitas foi nomeado assessor do diretor-geral, Alexandre Ramagem.
Outros três policiais federais que estavam em Juiz de Fora naquele dia também foram promovidos, dois deles para cargos no exterior da alçada do Itamaraty.
Se efetivamente houve a facada, e não foi autoatentado, hipótese não investigada pela PF, a promoção dos policiais é tão bizarra quanto nomear um médico que comprovadamente falhou numa cirurgia para dirigir um hospital.
E por falar em médico, chama a atenção que a Força Aérea Brasileira tenha deslocado um avião para buscar o cirurgião Antônio Macedo para atender Bolsonaro no hospital Vila Star, em São Paulo.
“Estranho um paciente com complicações gostar tanto do mesmo médico”, disse um cirurgião que prefere não ser identificado.
“A gente atende obstrução quase todo dia. Eu até entendo que ele queira ir para um hospital maior. O que é incomum é um paciente ter tantas complicações, mesmo que sejam complicações conhecidas e descritas na literatura, e gostar tanto do mesmo médico”, acrescentou.
No caso, hospital não é o mais importante, mas efetivamente o médico. Até porque, depois que atendeu Bolsonaro, Antônio Macedo se desligou ou foi desligado do Albert Einstein, mesmo tendo trabalhado lá por muitos anos, e foi para o Vila Nova Star.
O prontuário de Bolsonaro no Albert Einstein não foi entregue à Polícia Federal, apesar de solicitado. Em vez disso, o hospital entregou uma folha que parece ser um boletim médico, que tem a assinatura de Carlos Bolsonaro como recebedor.
A análise do prontuário é importante do ponto de vista de uma investigação médica ou policial a respeito da doença preexistente de Bolsonaro. No dia 7 de fevereiro de 2018, sete meses antes do episódio em Juiz de Fora, ele foi levado para uma clínica particular de Cascavel, onde participava de atos de pré-campanha, porque teve problemas gastrointestinais, segundo divulgado por sua assessoria de imprensa na época.
No dia 13 de abril, Bolsonaro passou mal no aeroporto de Boa Vista, Roraima, e foi levado para o Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro. No dia 29 do mesmo mês, Bolsonaro participou do evento Gideões Missionários da Última hora, em Blumenau, e se levantou quando o pastor pediu oração de cura para as pessoas com doenças no abdômen. Nas imagens registradas em vídeo, Michelle e um homem de terno colocam a mão sobre a barriga de Bolsonaro.
No dia 6 de setembro, Adélio supostamente desferiu um golpe de faca no local que, coincidência ou não, é o mesmo em que os dois colocaram a mão. Digo “supostamente” porque não há nenhuma imagem que mostre a faca penetrando o corpo do então candidato. E havia um drone gravando toda a caminhada. A íntegra dessas gravações, realizadas por uma empresa contratada pelo Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora, desapareceu.
O médico que estranhou o apego de Bolsonaro ao cirurgião Macedo comentou que dificilmente a doença preexistente fosse câncer, já que, se houve facada, o risco de atingir o tumor era grande e, em consequência, as células se espalhariam e tornaria a doença muito mais difícil de ser curada. “Se havia doença preexistente e se houve facada, talvez ele tivesse diverticulite”, afirmou.
Que Bolsonaro estava doente, parece restar poucas dúvidas. Duas horas antes da facada ou suposta facada, ele mesmo se exibiu diante de fotógrafos e cinegrafistas que faziam a cobertura em Juiz de Fora tomando antiácido e ingerindo um comprimido que disse, em tom de galhofa, não ser “viagra”.
Essas dúvidas poderiam ser esclarecidas no inquérito que foi reaberto recentemente pela Polícia Federal, com autorização do Tribunal Regional Federal da 2a. Região. Mas essa possibilidade parece ter ficado mais distante com a transferência do titular da investigação, Rodrigo Morais, para uma força-tarefa nos EUA.
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