Da jornalista Juliana Dal Piva – O terceiro episódio do podcast “UOL Investiga – A vida Secreta de Jair” conta como o policial Fabrício Queiroz assume um papel fundamental junto ao clã e os gabinetes após o fim do casamento de Jair Bolsonaro com Ana Cristina Siqueira Valle. Também revela como eram os bastidores, brigas e o relacionamento da família Queiroz com o presidente Jair Bolsonaro.
Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, enviou uma representação contra o advogado Frederick Wassef para a Corregedoria Nacional da Ordem, para que o advogado de Jair Bolsonaro seja investigado disciplinarmente pela ameaça que fez à jornalista Juliana Dal Piva, colunista no portal Uol.
De acordo com Santa Cruz, há claramente uma ameaça velada de Wassef na mensagem que enviou na noite desta sexta-feira (9/7) a Dal Piva. No WhatsApp, Wassef disse à jornalista, que publicou na segunda-feira (5/7) uma reportagem sobre a possível prática de peculato por Jair Bolsonaro: “Faça lá o que você faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema político que você tanto ama faria com você. Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”.
“É inaceitável este comportamento violento contra a imprensa de mais uma pessoa ligada a este governo. Foi mais um episódio de misoginia, como é característico de grande parte dos ataques feitos por essas pessoas a jornalistas”, afirmou Santa Cruz.
O presidente da OAB também oficiará a Seccional de São Paulo da Ordem para que ele também seja investigado em âmbito estadual, onde tem inscrição.
A mensagem na íntegra esta aqui. Fiz e farei meu trabalho com a mesma correção e responsabilidade que sempre o fiz e em prol do interesse público. Mensagens como essa não me intimidam. As consequências disso serão encaradas no foro competente.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou nesta sexta-feira (9) que o encontro do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luis Ricardo Miranda com Jair Bolsonaro foi gravado pelo parlamentar. Segundo o site O Antagonista, nos meios políticos de Brasília dá-se como certo que a conversa foi gravada.
Na reunião, os irmãos Miranda alertam Bolsonaro sobre irregularidades no contrato de compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, e Bolsonaro cita o seu líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), como o responsável pelas suspeitas de corrupção.
“Conversa de Bolsonaro com irmãos Miranda foi gravada. São 50 minutos de muita informação e baixaria. Próximos dias prometem”, escreveu Paulo Pimenta pelo Twitter.
Além de Ricardo Barros, também teriam sido mencionados na conversa outros dois chefes do Centrão: presidente da Câmara, Arthur Lira, e o senador Ciro Nogueira, ambos do PP.
ATENÇÃO: Conversa de Bolsonaro com irmãos Miranda foi gravada. São 50 minutos de muita informação e baixaria. Próximos dias prometem ! #ForaBolsonaro#BolsonaroVaiCair
Juliana Dal Piva – O escândalo das rachadinhas, nome popular para a prática criminosa do peculato, revela o passado oculto do presidente Jair Bolsonaro. Este é o tema do podcast “UOL Investiga – A Vida Secreta de Jair”. Intitulado “Os segredos do cofre da ex”, o segundo episódio conta a história da união de Jair Bolsonaro com Ana Cristina Siqueira Valle. E como ela é peça-chave para entender as origens do esquema ilegal de devolução de salários nos gabinetes da família Bolsonaro.
Quero ver o valentão ter coragem de dizer “caguei pra Luis Miranda e pra minha ex-cunhada”. Tem coragem? Não, não tem. O animal, quando cercado, vira uma fera, mas escolhe quem vai atacar. O cerco se fecha contra Bolsonaro. As acusações são tantas que ele, logicamente, não sabe como defender, até porque não tem como. Mas berrar, gritar, cagar, isso ele pode, e é o que faz cotidianamente. Mas seus dias no governo estão contados, não há saída. Aguardemos os acontecimentos.
Durante a sessão de quinta-feira, (8) da CPI da Covid, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) tomou a fala e fez duras acusações ao presidente Jair Bolsonaro sobre a condução da pandemia. “[Há] doze dias o presidente […] fala à nação de forma a assacar contra todo mundo. Não é o senhor que vai parar essa CPI”, disse. “Lhe acuso de ser contra a ciência, de não querer fazer propaganda para a vacinação do povo brasileiro, de tentar desqualificar as vacinas que estão salvando vidas”. Aziz também se referiu a nota emitida ontem pelo Ministério da Defesa que mencionava falas do senador sobre o Exército. “Não misturei as Forças Armadas com alguns que estão a serviço deste governo”, disse.
Pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta quinta-feira 8 indica o derretimento do apoio popular a Jair Bolsonaro. Conforme o levantamento, 63% dos brasileiros desaprovam a maneira como o presidente administra o País (eram 60% na rodada anterior), 31% aprovam (eram 34%) e os mesmos 6% da versão anterior não sabem ou não responderam.
A avaliação negativa do governo também segue em alta. 52% classificam a gestão como ruim ou péssima (eram 50%), 25% a veem como boa ou ótima (eram 25%) e 21% como regular (eram 22%).
Para metade dos brasileiros, o restante do mandato de Bolsonaro será ruim ou péssimo, ante 47% na última pesquisa. Os que consideram que a sequência da gestão será boa ou ótima são 30% (eram 29%). Para 17%, será regular (eram 29%). Para 17%, será regular (eram 19%).
As suspeitas de corrupção na compra de vacinas, que marcam os trabalhos da CPI da Covid nas últimas semanas, são conhecidas por quatro em cada cinco entrevistados. E 69% deles atribuem as suspeitas a membros do governo Bolsonaro.
A percepção do cenário econômico pela população também é negativa para o governo. Para 59%, a economia no Brasil está no caminho errado (eram 60%), enquanto para 30% ela está no caminho certo (eram 29%).
Além disso, a atuação de Bolsonaro para enfrentar a pandemia do novo coronavírus é ruim ou péssima para 59% (eram 58%) e boa ou ótima para 22%, mesmo percentual da rodada anterior.
O XP/Ipespe realizou 1.000 entrevistas de abrangência nacional entre 5 e 7 de julho. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
“Mais cedo ou mais tarde, a CPI chegará à verdade sobre os negócios com vacinas, que parecem embutir um crime monstruoso, pois não se tratava apenas de roubar dinheiro público, mas de roubar vidas”, escreve a jornalista Tereza Cruvinel.
Mais importante que a prisão de Roberto Dias pela CPI da Covid foi a nota do Ministro da Defesa e comandantes das Forças Armadas, desproporcionalmente agressiva em reação ao comentário do senador Omar Aziz, de que autoridades militares devem estar envergonhadas pelo envolvimento de tantos fardados com a corrupção no Ministério da Saúde. Aziz repudiou a intimidação mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não fez a defesa da soberania e da independência do Senado como tantos senadores lhe cobraram. Ontem ele se esmerou no equilibrismo.
A nota termina dizendo que as Forças Armadas “não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. E o que farão se ficar provado que alguns dos seus, ativos ou da reserva, participaram do esquema de corrupção que vai sendo desvendado no Ministério da Saúde? Vão fechar o Congresso ou dar uma prova de republicanismo, pregando a punição de todos, inclusive dos seus? O erro começou quando permitiram que um general da ativa, completamente ignorante sobre questões de saúde, assumisse a pasta em plena pandemia, militarizasse todos os departamentos e implementasse uma política irresponsável, pautada por negacionismo e incompetÊNCIA, que fez disparar os casos e mortes por Covid19.
O que temem as Forças Armadas é que seja confirmada a hipótese que vai se desenhando como realidade para a maioria da CPI: duas organizações criminosas teriam passado a disputar o mando sobre as verbas do Ministério da Saúde destinadas à compra de vacinas. Uma, vinculada ao Centrão, para a qual operava Roberto Dias. Outra, a do grupo fardado, aparentemente comandada pelo coronel Élcio Franco, secretário-executivo na gestão de Pazuello. Não por acaso, o que mais fez Roberto Dias em seu depoimento foi dizer que as aquisições foram tiradas de seu departamento e passaram à alçada de Franco, embora ele tenha mesmo negociado vacinas com a Davati. E por mentir a este respeito, apresentando como casual o encontro marcado como Dominguetti, foi preso.
Omar Aziz tem bala na agulha. Ao longo da sessão, deu algumas indicações de que sabe mais que seus colegas sobre os esquemas na Saúde. Mais de uma vez instou Dias a entregar os que teriam lhe colocado numa trampa com Dominguetti. Referiu-se a um dossiê que Dias teria feito para se defender (ou explodir os outros), e que estaria em posse de parentes, um inclusive no exterior.
Esse dossiê, se existe mesmo, na avaliação de alguns senadores, teria levado o grupo fardado a firmar um acordo com Roberto Dias: calando-se, ele terá proteção. Se abrir o bico, pode ir para a cadeia porque os fardados também têm munição contra ele. Vindo à luz, esse dossiê detonaria o grupo militar e chamuscaria as Forças Armadas.
Mais cedo ou mais tarde, a CPI chegará à verdade sobre os negócios com vacinas, que parecem embutir um crime monstruoso, pois não se tratava apenas de roubar dinheiro público, mas de roubar vidas. As que já se foram e as que ainda podem ser perdidas pelo atraso na imunização. E com a verdade provada, não haverá que se falar em leviandades.
Absurda, golpista e mentirosa a nota do Ministério da Defesa, assinada também pelos três comandantes militares, em reação à fala do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid.
Em primeiro lugar, Aziz não atacou as Forças Armadas, mas as defendeu.
Em segundo lugar, quem dispõe de armas não pode fazer ameaças. Ainda mais em nome da democracia. Se algum fundamento da Carta é violado, deve recorrer à Justiça, não aos canhões.
Em terceiro lugar, mas não menos importante, indago: de que trecho da fala do senador os militares discordam?
Vamos recuperar o que ele disse quando Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística da Saúde, afirmou ter sido sargento da Aeronáutica:
“Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas, devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia. Porque fazia muito tempo, fazia muitos anos, que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo. Fazia muitos anos”.
E acrescentou: “Aliás, eu não tenho nem notícia disso na época da exceção que houve no Brasil, porque o [João Baptista] Figueiredo morreu pobre; porque o [Ernesto] Geisel morreu pobre; porque a gente conhecia… E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção. Mas, agora, Força Aérea Brasileira, coronel [Gláucio Octaviano] Guerra, coronel Élcio [Franco], general [Eduardo] Pazuello… E haja envolvimento de militares”.
Como se pode perceber claramente, o senador distingue as instituições de eventuais maus militares. É tão generoso que poupa até próceres da ditadura de acusações de malfeitos. A nota de Braga — e não é a primeira vez que o vemos flertar com respostas heterodoxas —, com o endosso dos três comandantes, acaba, na prática, por misturar os maus e os bons porque todos unidos pelo uniforme.
E olhem que Aziz poderia ter citado outros tantos. Vamos à resposta, que traz embutida a ameaça de uma intervenção, também chamada de golpe:
O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veementemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção.
Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.
Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.
As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.
Walter Souza Braga Netto – Ministro de Estado da Defesa Almir Garnier Santos – Comandante da Marinha Gen Ex Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – Comandante do Exército Ten. Brig. Ar Carlos de Almeida Baptista Junior – Comandante da Aeronáutica.
RETOMO A nota é mentirosa porque tudo o que Aziz não faz é generalizar. Ao contrário. Quando diz que os bons das Forças Armadas têm motivos para se envergonhar, evoca aqueles que, então, seriam os princípios dos chamados setores castrenses.
A propósito: há ou não um excesso de militares envolvidos com o governo? Essa foi uma escolha. Quem se dedica à “fiel observância da lei” não faz ameaças só porque, afinal, dispõe de armas, não é mesmo? Jornalistas, caminhoneiros e açougueiros devem se zangar quando se aponta a existência de maus jornalistas, maus caminhoneiros e maus açougueiros?
Onde está o “ataque leviano” na fala de Aziz? Em apontar que há um excesso de militares comprometidos com um mau governo?
Se Braga Netto e os três comandantes já se esqueceram, eu lembro. Quando Pazuello assumiu a Saúde, a 16 de maio de 2020, os mortos por Covid-19 no país eram 14.962. Quando deixou a pasta, no dia 15 de março deste ano, a montanha de cadáveres somava 295.425 pessoas. Esse é o balanço dos 10 meses de um general da ativa à frente da Saúde. E ele continua no governo. Não foi para a reserva.
As lambanças que estão em apuração — a demora para fazer o acordo com a Pfizer, ações vergonhosas para a compra da Covaxin, esquema mirabolante que poderia ter resultado numa fraude bilionária no caso da Davati, negacionismo lunático — se deram sob as barbas de um general da ativa, que tinha como braço direito um coronel da reserva, ex-membro das forças especiais.
BÔNUS SEM ÔNUS
O que quer dizer “as Forças Armadas não aceitarão”? Significa que recorrerão à Justiça ou que botarão os tanques nas ruas, os aviões no céu e os barcos ao mar para dizer quem manda? Significa que tentarão se desvencilhar dos maus em nome dos bons princípios ou que a eles vão se grudar numa reação de caráter corporativo, que ignora os fatos? Significa que vão se pautar, então, pela lei que dizem defender ou que, em nome da ordem legal, darão um golpe?
O que, exatamente, esses caras imaginavam? Que poderiam atuar como governo sem prestar contas? Que poderiam fazer o que bem entendessem, estivessem ou não os atos de acordo com a lei? Que poderiam ignorar padrões elementares de governança, e ninguém se atreveria dizer que são o que são? E, afinal, eles são… militares!
Aliás, seguem militares mesmo quando na reserva, como eles mesmo gostam de lembrar, razão por que têm o mais caro sistema de inatividade, bancado pelos cofres públicos — pelo conjunto dos brasileiros. Também por aqueles que morreram sufocados por falta de oxigênio em Manaus; e no Brasil inteiro, por falta de bom senso e decência.
Dizer o quê, senhores? É fácil ameaçar com um golpe. Nem é tão difícil dar um golpe. Impossível seria manter o golpe. Em nome de quais princípios? Quais heróis se alevantariam para dar a cara ao regime? Nessa prefiguração, que tamanho teria a montanha de cadáveres?
Militares brasileiros serviram no Haiti, como sabemos.
Uma série de reportagens da Jornalista Juliana Dal Piva, no Uol. Queiroz, escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, diz a Márcia, sua mulher, que não pode ligar para “os meninos de Rio das Pedras” por conta de um pedido de um amigo. Para o MP, é referência aos milicianos da comunidade. Queiroz tentava não ser rastreado.