A live de Bolsonaro nesta terça, foi um fracasso e ainda resultou em uma intimação judicial de Moraes ao ex-mito no hospital.
O hospital em que Bolsonaro se internou virou um circo com Padre Kelmon fazendo “oração”.
O sujeito é mais fajuto que a cirurgia comédia de Bolsonaro, para não ser intimado como réu no STF
Na live meia bomba, Bolsonaro virou garoto propaganda de venda de capacete.
Piquet, Carluxo, Flávio e Eduardo também estavam na fracassada live.
Ou seja, Bolsonaro nessa, soprou um recado para Moraes mandar um oficial de justiça intimar o facínora que comandou a tentativa de golpe no 8 de janeiro. Só isso.
Ministro do STF pôs fim à palhaçada do ex-presidente, considerando-o perfeitamente apto a receber notificações da Justiça. Líder extremista colocou filho para ameaçar a Corte na transmissão.
Mesmo hospitalizado, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi formalmente citado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. A entrega da intimação, feita por um oficial de Justiça, ocorreu diretamente no leito da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital DF Star, em Brasília, por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
A autorização judicial para procurá-lo no hospital ocorreu após Bolsonaro participar de uma transmissão ao vivo, na terça-feira (22), diretamente de seu quarto na UTI, onde conversou com os filhos, os deputados Eduardo e Carlos Bolsonaro, tendo o primeiro, inclusive, feito ameaças abertas a “outros ministros” da Corte. Segundo o STF, a live comprovou que o ex-presidente tinha condições de receber a citação. De acordo com a Forum, o servidor público entregou o documento ao ex-presidente no hospital, e ele assinou às 12h47 da quarta-feira (23), confirmando ciência da citação.
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O blog combina análise política com questões culturais. Você acredita que a cultura e a política estão intimamente ligadas e que a esquerda tem um papel importante a desempenhar na promoção da justiça social e da igualdade?
No Brasil, as barreiras sociais, misturadas com racismo contra negros e índios, são um fator crucial para entender a dinâmica política e social do país.
A direita joga com isso desde sempre.
Bolsonaro se lambuza nesse quesito. Seus eleitores se acham arianos e milionaríssimos.
Por isso mesmo a gigantesca e vergonhosa desigualdade racial e social é um problema profundo e estrutural que afeta a sociedade brasileira.
Lula é odiado pela direita porque se tornou ainda mais sensível às necessidades dos mais pobres, o que o motivou a implementar políticas que beneficiassem essa parcela sofrida da população.
A trajetória do presidente Lula, que veio de uma família pobre, sua luta contra as desigualdades sociais e econômicas no Brasil, é exemplar.
Lula é conhecido e respeitado mundialmente por suas políticas de inclusão social e econômica, como o Bolsa Família, que ajudaram a reduzir a pobreza, a desigualdade, a fome e as mortes em decorrência da miséria no país.
A luta contra o racismo e a desigualdade social é prioridade para qualquer governo e movimento político e social sérios.
Débora Rodrigues, mais conhecida como “a golpista do batom”, foi o mote que Bolsonaro usou para se canonizar a partir da canonização de sua leal escudeira do dia 8 de janeiro.
A percepção pública sobre a figura de Bolsonaro pode ser significativamente afetada pela confissão que fez no hospital, a de que está buscando benefícios pessoais através da anistia.
Isso só reforça que ele está agindo de forma interesseira nessa pantomima da anistia a qualquer preço.
O fato concreto é que, Bolsonaro preso, terá um impacto profundo na dinâmica da política brasileira.
A prisão de um ex-presidente terrorista e golpista, especialmente um com tanta polarização em torno de sua figura defensora de golpes, torturas e mortes da ditadura, pode gerar reações intensas tanto de seus apoiadores quanto de seus críticos.
Aliás, a Antônia Fontenelle, Blogueira bolsonarista fundamentalista até então, acusou Bolsonaro de abandono total em dois anos dos detentos do dia 8 de Janeiro e de tentar se beneficiar ao pedir anistia ampla, geral e irrestrita.
Eram 5h30 da manhã quando o helicóptero da Polícia Militar (PM) despertou os moradores da Favela do Moinho que ainda não estavam concentrados para mais uma manifestação. Nesta terça-feira (22) o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) começou a remoção gradual da comunidade, a última favela remanescente no centro da capital paulista.
Das 1050 famílias que, no cálculo da associação de moradores, vivem na comunidade, quatro saíram voluntariamente durante a manhã, com caminhão de mudança organizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU), do governo estadual.
Em protesto, residentes se postaram na entrada da comunidade para impedir um possível despejo forçado e denunciar estarem sendo coagidos – pela PM ou pela falta de alternativa – a aceitar a proposta de remoção do governo paulista. Desde sexta-feira (18) viaturas da PM cercam o Moinho e dificultam a entrada de carros e bicicletas. “Favela do Moinho resiste contra o despejo da última favela do centro de SP”, lia-se em faixa esticada ao lado de um boneco em estilo Judas com o rosto do governador Tarcísio.
A proposta para pôr fim ao Moinho Atravessada pela linha do trem entre os bairros Campos Elíseos e Bom Retiro, região cobiçada pela especulação imobiliária, a Favela do Moinho existe há cerca de 30 anos e já sofreu diversas investidas para sua retirada. Passou por incêndios, ameaças e violentas operações policiais.
Agora, lideranças comunitárias afirmam que, com medo de ir para a rua sem nada, boa parte da população se vê obrigada a aceitar proposta do governo Tarcísio de transferência para residências subsidiadas pela CDHU. “O que está acontecendo aqui é uma operação de opressão”, descreve Cíntia Bonfim, padeira e moradora da comunidade.
Ao aceitar o acordo a pessoa terá de pagar, ao longo de 30 anos, 20% do seu salário. Apenas 100 unidades habitacionais, no entanto, estão prontas. As outras têm previsão de ter as obras concluídas em dois anos e não estão necessariamente na região central. Para as famílias que terão de esperar, a alternativa é uma bolsa aluguel de R$ 800.
Em nota, o governo de São Paulo informa que “a adesão voluntária da comunidade já passa de 87% do total de famílias: são 719 que iniciaram o processo de adesão, de um total de 821”.
Aos 74 anos, Josefa Flor é uma das que se despediu, nesta terça (22), da casa onde viveu por 25 anos. Construiu o barraco no Moinho aos poucos, graças ao seu trabalho “puxando carroça”. Agora vai com os dois netos para Itaquera, bairro na zona leste onde vai pisar pela primeira vez. Encontrou uma casa para alugar por R$ 1.000 por mês. Da aposentadoria de R$ 1.518 que recebe, terá de tirar R$ 200 para completar o valor insuficiente da bolsa aluguel, além dos 20% da parcela do imóvel subsidiado. Sobrarão R$ 1015 para as contas e outros gastos de sobrevivência. “Se a nova moradia fosse de graça, investia esse dinheiro para eu e meus netos comer”, disse.
Já Clariana*, moradora do Moinho há 27 anos, não assinou o acordo. “Porque ele não é bom”, resumiu. “O apartamento que estão oferecendo é um ovo, tem 29 metros quadrados, não cabe eu e meus filhos. E essa coisa de que precisa ter pelo menos um salário mínimo para aderir? Eles forçaram as pessoas a mentir porque senão não entra no cadastro. O povo com medo de ficar sem nada, foi. Mas muita gente aqui vive só de Bolsa Família. Como que vai pagar 20% de um salário mínimo se nem isso recebe?”, critica.
“E o pessoal que escolheu os apartamentos não tem contrato. Assinou lá um termo de adesão, mas cadê o contrato do apartamento? ‘Ah, deve sair nas próximas semanas’, disseram. O povo está saindo sem nem essa garantia”, completa Clariana.
Terreno do governo federal A Favela do Moinho está em uma área da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), que negocia cedê-la gratuitamente ao governo de São Paulo. O terreno deve ser destinado a um parque e fica a cerca de 1 quilômetro de onde a gestão Tarcísio pretende transferir a sede administrativa do governo. Em nota, a SPU informa que “o processo de transferência do terreno está condicionado à garantia do direito à moradia das famílias que vivem no local”.
Para o governo Tarcísio, a condicionante está sendo cumprida. Para moradores ouvidos pela reportagem, não. Silvia* faz sua renda dentro do Moinho: cuida de crianças em horário de trabalho dos pais, vende lingerie e doces. Não aceitou a proposta porque, com o desemprego à vista, não acha que vai dar conta de pagar as parcelas.
“Já que querem o terreno, que tirem a gente diretamente para outra casa, independente se a gente vai pagar ou não. Porque nós não somos cachorro para estar passando o que estamos passando hoje. Vou perder minha casa, meu trabalho e ainda ter que pagar por isso? Queremos uma troca de chave a chave”, defende Silvia.
“A favela não está tendo respeito” Foi neste clima de tensão, com um helicóptero da PM sobrevoando a favela desde o amanhecer, que chegaram técnicas da CDHU, recebidas por moradores aos gritos de “ih, fora!”.
“Vocês atropelaram as negociações com a SPU”, “Estão fazendo terrorismo psicológico com os moradores”, “Estão humilhando a gente”, “Vocês estão no problema, estão levando dinheiro” foram algumas das frases dirigidas às representantes do órgão estatal.
Adelaide*, que passou 14 dos seus 70 anos no Moinho, vociferou aos servidores do governo estadual de trás da faixa do ato. “É só mentira! É polícia invadindo, colocando pimenta no olho de senhora de idade, de criança! Não tem mais sossego, eu estou quase há um mês sem dormir! Oxe, isso não existe, isso não existe! Tenho pressão alta, quer matar todo mundo? Vocês são ricos, têm moradia! E nós não temos! Nós não temos moradia! Querem botar nós tudo a pulso para sair!”, disse, com indignação. “A favela não está tendo respeito! Não está tendo respeito. A favela não está tendo respeito”, repetiu, antes de virar as costas e caminhar para dentro da comunidade.
Depois de mais de uma hora de negociação, as técnicas foram autorizadas a entrar na comunidade, para junto com os caminhões de mudança, viabilizar a retirada das famílias que optaram sair. A demolição das casas, inicialmente prevista, não foi permitida pela comunidade.
Em coletiva de imprensa dada nesta terça (22) no escritório da CDHU a alguns quarteirões de onde esta cena acontecia, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco, anunciou que o governo pretende remover 80 famílias do Moinho até o próximo domingo (27).
Moraes votou para os envolvidos se tornarem réus. Relator do processo, ele entendeu que todos os seis denunciados tiveram um papel ativo no planejamento de um golpe de Estado. O ministro ressaltou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu em declarações em entrevistas que havia tido acesso à minuta de golpe.
Decisão foi por unanimidade. Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin acompanharam o entendimento de Moraes.
Ministro apontou atuação de milícias digitais para distorcer episódio e inflar apoio à anistia aos presos. As pessoas de boa-fé são enganadas pelas milícias digitais. Por isso, é importante que reflitam e se perguntem: se o que aconteceu no Brasil acontecesse em sua casa — se um grupo armado invadisse, destruísse tudo e tentasse colocar seu vizinho para comandar o local —, você defenderia anistia para essas pessoas? Então, por que tantos defendem isso no Brasil? As pessoas de boa-fé precisam refletir sobre isso”, afirmou.
Moraes defendeu não estar impedido de julgar o caso. A denúncia cita que ele seria uma das vítimas de um plano de assassinato de autoridades. “Sempre bom repetir que investigado não escolhe o juiz”, disse o ministro. “Aqui não se está analisando uma ameaça específica contra a pessoa física Alexandre de Moraes, aqui o que se está analisando é uma série de fatos encadeados pela PGR contra a instituição democrática Poder Judiciário”, explicou Moraes.
que investigado não escolhe o juiz”, disse o ministro. “Aqui não se está analisando uma ameaça específica contra a pessoa física Alexandre de Moraes, aqui o que se está analisando é uma série de fatos encadeados pela PGR contra a instituição democrática Poder Judiciário”, explicou Moraes.
Acusados podem pegar até 46 anos de prisão. A PGR (Procuradoria-Geral da República) acusa os seis de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, a pena somada chega a 46 anos de prisão. Eles negam os crimes.
Grupo é apontado como ‘núcleo de gerentes’ da trama golpista. Segundo a PGR, este grupo seria responsável por gerenciar as ações golpistas após a derrota de Bolsonaro na eleição de 2022.
Bolsonaro também virou réu. A denúncia contra o ex-presidente foi aceita no fim de março. Ele e outros sete réus do chamado “núcleo crucial”, segundo a PGR, respondem por supostamente terem liderado uma tentativa de golpe de Estado. Com Uol.
O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com dirigentes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto.
Presidente criticou a escalada da guerra comercial entre EUA e China, maiores parceiros comerciais do Brasil.
“Não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China”, diz Lula Presidente criticou a escalada da guerra comercial entre EUA e China, maiores parceiros comerciais do Brasil.
Após se reunir em Brasília com o presidente do Chile, Gabriel Boric, o presidente Lula voltou a criticar o protecionismo e a guerra comercial instaurados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China e demais países vistos como concorrentes. O chefe de Estado brasileiro afirmou que não deseja escolher com quem manter parcerias e que espera preservar acordos com os dois lados.
“Eu quero ter relações com os Estados Unidos e quero ter relações com a China. Eu não quero ter preferência por um ou outro. Quem tem que ter preferência são os meus empresários, que querem negociar com os seus empresários. Mas eu, não. Eu quero negociar com todo mundo”, disse Lula.
Lula destacou que nem ele nem Boric desejam uma guerra fria entre Estados Unidos e China, e que o protecionismo adotado por Trump é “contrário a tudo o que foi falado para nós desde os anos 1980”, por romper com os valores vigentes de livre comércio e globalização, segundo o Congresso em Foco.
Pressão mútua
O pronunciamento ocorreu em um momento de pressão mútua entre Estados Unidos e China para que seus parceiros se posicionem na guerra comercial.
Desde antes da posse, Trump tenta deixar claro que o alinhamento comercial com a China resultará em retaliações tarifárias aos respectivos países, citando o próprio bloco dos Brics como exemplo, anunciando a implementação de barreiras caso avançassem com o projeto de moeda comum.
Essa abordagem foi reforçada por Washington na última quinta-feira (17), quando o governo americano informou à imprensa que tentaria utilizar os acordos bilaterais com países que buscam escapar das tarifas de importação para restringir o consumo de produtos chineses.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China anunciou nesta segunda-feira (22) que se opõe à iniciativa de qualquer parte que “firmar acordos às custas dos interesses chineses” e que adotará contramedidas contra aqueles que assim procederem.
Aquela visita clandestina em novembro de 2018 tinha como missão a denúncia dos fragrantes abusos do sistema de justiça contra Lula e a democracia, e mais uma vez a presença do Chico foi decisiva.
Os jornais publicaram a foto dos advogados e do Chico ao lado do Papa Francisco e a imagem serviu de impulso para a forte campanha de denúncia contra os abusos da Operação Lava Jato.
Não apenas o caso do Presidente Lula foi sendo percebido como perseguição política, mas também a estratégia como um todo, responsável por uma grave crise nos setores de energia e da construção civil.
O Papa Francisco foi um dos únicos líderes políticos a perceber e denunciar o uso da justiça para fins de desestabilização politica e da violação da presunção de inocência pelo abuso do poder midiático.
Essa foi uma contribuição pontual e inesquecível do Papa para o Brasil e para a América-Latina.
A história do Brasil é marcada pela criminalização das religiões de matriz africana.
Dona Teresa quando entra na senzala
Oi corre atrás de rezadeira com criança para benzer
A carne é fraca, o santo é forte na ribeira
Oi vira santo a noite inteira, quero ver agradecer
É preciso reconhecer o papel histórico que os povos e comunidades tradicionais de terreiro desempenham na sobrevivência e na luta contínua pela afirmação da dignidade humana da população negra desde o terrível crime da escravidão. É necessário reconhecer que os saberes ancestrais africanos e afro-brasileiros beneficiam não apenas pessoas negras, mas toda a sociedade brasileira.
O samba, epígrafe deste texto, de autoria da cantora Teresa Cristina, ilustra bem a importância dos conhecimentos tradicionais de cura, beneficiando inclusive os brancos colonizadores. Mas o reconhecimento público e institucional desses saberes continua sendo negado. O racismo religioso segue operando invalidação, no reconhecimento público por parte de certos gestores públicos e setores da sociedade.
Lélia Gonzalez afirma que a violência do racismo impossibilita o reconhecimento da “contribuição para o avanço da humanidade nos níveis filosófico, científico, artístico e religioso” realizada pelo povo negro. É o próprio racismo que atribui ao negro uma suposta incapacidade de pensar e de produzir conhecimento e ciência. A história do Brasil é marcada pela criminalização das religiões de matriz africana, com seus saberes medicinais reduzidos ao curandeirismo. A repressão às práticas de cura realizadas por sacerdotisas e sacerdotes dessas tradições já figurou, na história recente do país, como crime contra a saúde pública.
É nesse contexto histórico de apagamento e violência que, desde 2021, foi instituído no estado do Rio de Janeiro o “Abril Verde” — Lei 9.301/21, de minha autoria — como um mês dedicado ao enfrentamento do racismo religioso. A lei simbolicamente reconhece essas tradições como espaços de promoção da saúde. O verde faz referência a Ossãe, orixá das folhas e da medicina. A este grande Orixá pede-se a cura para os males do racismo, considerado um dos determinantes sociais das condições de saúde da população negra. Por isso, celebramos a importância dos saberes medicinais ancestrais. Saberes que confrontam o racismo e ampliam a compreensão hegemônica de saúde, reconhecendo o corpo em sua integralidade, na qual os terreiros nos ensinam que a natureza e espiritualidade são indissociáveis da noção de saúde.
Esta reflexão segue os passos de uma luta histórica, marcada por vitórias institucionais que carecem de regulamentação e aplicabilidade. É preciso efetivar a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), conquista do movimento negro no Sistema Único de Saúde (SUS). A PNSIPN, instituída em 2010, já destacava a relevância dessas práticas preservadas nas comunidades de terreiro como parte do direito à saúde no SUS.
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Nessa direção, a recente resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) sobre o papel dos terreiros na promoção da saúde, assim como garantir o respeito das complexidades culturais dos povos tradicionais nos equipamentos do SUS. A resolução n° 715 de 2023, na sua orientação 46, reconhece as manifestações da cultura popular dos povos tradicionais de matriz africana e suas comunidades tradicionais de terreiro como equipamentos promotores de saúde e cura complementares do SUS.
Reconhecer os terreiros como espaços de cuidado e promotores de saúde é reconhecer que a cura também vem da ancestralidade, das folhas, dos cantos, da fé e da resistência negra. O Abril Verde é mais do que um símbolo: é um chamado à ação, à escuta e ao respeito. Que a política pública caminhe ao lado dos saberes tradicionais, que o SUS acolha, valorize essas práticas de cura. Porque, contrariando as violências, enquanto houver terreiro, haverá cura, dignidade e vida pulsando pelo Brasil afora.
*Renata Souza é deputada estadual, autora da Lei que institui o Abril Verde no estado do Rio de Janeiro, cria da Favela da Maré, jornalista e pós-doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Feminista negra, preside atualmente a Comissão da Mulher da Alerj. Foi reeleita a deputada estadual mais votada da história. É coautora do livro Pedagogia do Axé: saberes, lutas e resistências do povo negro (Ed. Aruanda).