Ato do dia 16/03 será mantido, mas com outro mote, entre eles o pedido de anistia para golpistas; veja detalhes.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados resolveram voltar atrás e não vão mais pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ato marcado para o dia 16 de março.
O evento, no entanto, será mantido, mas com o mote “Fora Lula 2026, anistia já”. de acordo com a Folha.
Eles chegaram à conclusão do óbvio: o impeachment de Lula é algo muito improvável. Além disso, caso Lula fosse de fato impedido, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), poderia reorganizar a base aliada com apoio do centrão.
A pesquisa Datafolha, que não por acaso foi divulgada dois dias depois da PGR mencionar 28 anos de prisão para Bolsonaro, deu a expectativa aos aliados de Bolsonaro que Lula venha a definhar até o final do mandato e seja derrotado nas eleições de 2016.
Racha na direita O que há de concreto nisso tudo é um racha na extrema direita. Deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) são contrários ao ex-presidente e mantém a bandeira do impeachment de Lula.
Bolsonaro, por sua vez, prefere ressaltar a defesa da anistia para os golpistas.
Os dois blocos, no final das contas, estarão em palanques diferentes. Zambelli vai para a Paulista e o ex-presidente para a praia de Copacabana, no ato organizado pelo pastor Silas Malafaia.
O país tem uma elite golpista até a medula, subordinada ao imperialismo desde sempre.
Quando o governo Lula chega à metade do terceiro mandato presidencial, é hora de reconhecer a gravidade da situação que o país enfrentará nas próximas semanas, quem sabe meses, que irão decidir os rumos do país num delicadíssimo período de nossa História.
Nenhuma das dificuldades que o país enfrenta desde o retorno de Lula ao Planalto para o terceiro mandato, ao final de uma campanha memorável e inédita encerrada com a vitória de 2022, é novidade na evolução política do país.
O país tem uma elite golpista até a medula, subordinada ao imperialismo desde sempre, como se viu de uma vez por todas no golpe de 64, quando preferiu abandonar qualquer projeto de desenvolvim
ento autônomo, com apoio popular, para cair nos braços de Washington.
Embora as condições sejam muito diferentes, meio século mais tarde, nos aspectos fundamentais a história se repete, como farsa e tragédia ao mesmo tempo.
Há 60 anos, consumou-se um golpe de Estado sem resistência dos poderes constituídos, com a democracia em fuga e os representantes do povo no exílio e na clandestinidade, enquanto o país era submetido ao entreguismo econômico e à violência política que modificaram nosso destino para sempre.
Sabemos o que houve: o desmonte de um projeto de desenvolvimento autônomo, ainda que integrado às grandes correntes da economia mundial; a perseguição política implacável e criminosa contra partidos progressistas e organizações populares, num país redesenhado pela lâmina de baionetas e a covardia da tortura.
Mesmo assim, desmentindo entreguistas e aproveitadores de sempre, num processo delicado de resistência que levou décadas para consumar-se, a sociedade brasileira foi capaz de reconstruir sua independência política e sua riqueza econômica, fatores que permitiram a derrota do regime de 64 e a instalação de governos progressistas como a História nunca vira antes, em qualquer tempo.
Este é o desafio que o país enfrenta neste momento. Reconduzido à presidência da República para um inédito terceiro mandato, que ninguém tinha o direito de imaginar como um passeio de carruagem, cabe a Lula assumir seu lugar à frente da República e convidar o povo a impedir o desmonte de um regime democrático erguido em séculos de História, diz Paulo Moreira Leite no 247.
Ministro do STF defende punição a envolvidos no 8 de janeiro e questiona proposta de mudança na Lei da Ficha Limpa.
Na mais recente edição do programa Reconversa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes abordou temas centrais para a democracia brasileira, incluindo a tentativa de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, a mudança na Lei da Ficha Limpa e a evolução da Corte Suprema ao longo dos anos. Em entrevista aos jornalistas Reinaldo Azevedo e Valfrido Warde, Mendes fez duras críticas à reinterpretação dos ataques à sede dos Três Poderes e reforçou a necessidade de punição para evitar novos episódios semelhantes.
Anistia e a tentativa de reescrever os ataques de 8 de janeiro Ao ser questionado sobre o discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que minimizou os atos de 8 de janeiro ao alegar que não houve tentativa de golpe, Mendes refutou a tese. Segundo ele, os golpistas não surgiram espontaneamente na Esplanada dos Ministérios, mas partiram diretamente de acampamentos em frente a quartéis, organizados desde novembro de 2022.
“Não se faz acampamento em frente a quartel, assim como não se faz acampamento em frente a hospital. A reivindicação era clara: impedir a posse do presidente eleito. Isso não foi uma manifestação espontânea, foi algo orquestrado.”
O ministro destacou que as investigações da Polícia Federal revelaram não apenas a tentativa de golpe, mas também planos de assassinato de figuras do alto escalão, como o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o 247.
“Nós estamos falando de algo muito mais grave. Houve discussões sobre matar o presidente da República, ministros do Supremo. Isso não pode ser banalizado.”
Diante do cenário, Mendes rejeitou a possibilidade de anistia, afirmando que o julgamento dos responsáveis pelos atos golpistas deve continuar para garantir a responsabilização dos envolvidos.
Bolsonaro, que sempre agiu como um Chacal desde seu tempo de militar, por viver de terrorismo e manipulação aproveitando a vulnerabilidade de pessoas e instituições, está em total desespero na busca por uma rota de fuga depois que soube a PGR vai lhe impor um pedido de condenação de 28 anos de cadeia.
Com isso, ele vai tentando mover terras, mares, mas sobretudo o inferno de onde veio para tentar incendiar o Brasil, assim como tramou no exército, o que lhe custou cadeia seguida de expulsão das Forças Armadas, com todas as desonras militares a que tinha direito.
Não será diferente agora que está encurralado como um rato assustado. Vai atacar de forma desesperada e febril.
Não tem saída.
Não se dará por vencido no barato. É bandido, homicida, que foi responsável pela morte mais de 700 mil brasileiros durante a pandemia de Covid-19, por jogar com os laboratórios em busca de melhor propina por vacina, como mostrou a CPI do genocídio.
Vai usar punho alheio para cada ação criminosa que sua mente doentia exigir na tentativa de escapar do cerco judicial.
O Chacal, vizinho do assassino de Marielle, é capaz de tudo por poder, imagina para tentar escapar da cadeia.
Scaff se mostrou a favor do voto impresso e defendeu cloroquina para tratamento da covid-19.
Responsável por conceder liminar que permitiu ao bolsonarista Jorge Guaranho cumprir pena em prisão domiciliar um dia após condenação a 20 anos em regime fechado, por ter matado o petista Marcelo Arruda, o desembargador Gamaliel Seme Scaff, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), expressa nas redes sociais opiniões muito parecidas com Jair Bolsonaro. Ele é, inclusive, seguidor do ex-presidente e de Michelle Bolsonaro no Instagram, além de políticos como Marcos Feliciano e Carla Zambelli.
No perfil do Facebook, Scaff se mostrou a favor do voto impresso, defendeu cloroquina para tratamento da covid-19, insinua que houve omissão do governo de Lula no 8 de Janeiro, elogia Donald Trump e trata as punições aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal a Elon Musk como censura.
O desembargador determinou que Guaranho, que assassinou o tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, em 2022, cumpra pena em casa com monitoramento por tornozeleira eletrônica. O magistrado alegou problemas de saúde do assassino, que depois de ferir mortalmente Arruda, também foi baleado. “Entendo que não se pode desprezar a precária condição da saúde do paciente”, escreveu, ressaltando que o Guaranho passa por “tratamento médico especializado em decorrência de ter sido alvo de nove disparos de arma de fogo e severos espancamentos por mais de cinco minutos”.
A viúva de Arruda, Pamela Silva, mostrou-se inconformada com a decisão.
“Aqui no Paraná temos o complexo médico-penitenciário, que é o hospital de presos”, disse ela, ao ICL Notícias. “Depois da sentença o assassino já foi encaminhado para lá, onde eles têm enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, médicos…”
Há quatro anos, o desembargador mostrou-se penalizado com outro bolsonarista preso, o blogueiro Oswaldo Eustáquio, notório divulgador de fake news e incitador de golpe de Estado. Scaff criticou a punição aplicada pelo Supremo. “Que o STF aplique a este homem a Lei de Proteção aos Animais já que o está tratando como um, mas faça cessar essa vingança privativa, inadmissível numa sociedade que busca evitar a barbárie”.
Desembargador defendeu tratamento precoce na pandemia O magistrado é conhecido por manifestar nas redes sociais opiniões em sintonia com a extrema direita.
Chamou muita atenção na época da pandemia por defender tratamentos ineficazes como cloroquina e invermectina, além de louvar o ex-presidente Bolsonaro por divulgar esses medicamentos, repetindo histórias falsas, amplamente desmentidas, de que o chamado “tratamento precoce” estaria dando certo em algumas regiões do país. Com ICL.
A direita brasileira virou cabana de criminosos digitais. Uma fraude digital pode destruir a vida de muitos, mas as quadrilhas globalizadas estão atuando até com tráfico humano para produzir uma escravidão que mata.
Aqui, no Brasil, mais precisamente no Congresso, tem até cotação para esse tipo de criminoso de tão valorizado que é o mercado de crime digital.
O caso de Nikolas e o crime de manipulação sobre o PIX é emblemático. Foi produzido por criminosos profissionais e, até então, nada foi feito contra ele. O deputado egue tratando o assumto como “esperteza”, logicamente com incentivo até do Estadão, chamado pelos jornalões reacionários de guerreiro, enquanto estuda outro golpe de narrativa para convencer as pessoas (como faz com dízimo em sua igreja), na qual ele é o mensageiro das forças divinas.
O escultor daquela armação trabalhou em uma rica produção que custa muito dinheiro.
Isso precisa ser claramente denunciado e a justiça brasileira tem que punir com o rigor da lei de contravenção esse tipo de prática, pois, do contrário, o Brasil vira terra de Marlboro eletrônico.
Documento elaborado pelo setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) na sexta-feira que antecedeu a tentativa de golpe de 8 de janeiro 2023 alertava para o risco de violência e invasão dos prédios dos Três Poderes.
O chamado relatório 6 afirmava, por exemplo, que a divulgação do ato programado para aquele fim de semana era “alarmante”.
Os relatos das autoridades de segurança sobre este importante alerta, que poderia ter evitado o 8/1, se transformaram em um jogo de empurra. Quem recebeu o documento diz que não leu e quem não recebeu alega que trabalhou sem as informações necessárias para coibir a tentativa de golpe.
Segundo a Polícia Federal, o fato do texto não ter sido levado ao conhecimento dos responsáveis pelo esquema de segurança do DF configurou um ponto central nas falhas cometidas pela gestão da SSP.
No foco das responsabilidades está Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do DF naquele momento. Segundo a PF, ele admitiu em CPI que o relatório lhe foi entregue.
Aos policiais, no entanto, Torres disse que viajou para os Estados Unidos sem saber de nada.
Mas no dia 7 de janeiro ele conversou, por telefone, com Marilia Alencar, delegada da Polícia Federal e, na época, responsável pelo setor de inteligência da SSP. Foi ela que elaborou o relatório 6.
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R$ 5 R$ 15 R$ 35 Qualquer valor Além disso, Torres fazia parte do grupo de WhatsApp chamado Difusão, o único que recebia alertas confirmados pela inteligência da secretaria.
Apesar disso, os advogados de Anderson Torres entraram com uma petição junto ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, no dia 6 de fevereiro, pedindo a anulação do processo contra ele e requisitando também que o STF marque uma oitiva e colha o depoimento do tenente coronel Rosivan Correia de Souza.
No inquérito interno da PM que apura as responsabilidades de oficiais envolvidos com a tentativa de golpe, Rosivan afirmou que entregou o relatório 6, lacrado, no gabinete da coronel Cintia, subsecretária de segurança, e que o envelope só foi aberto na segunda-feira seguinte.
A coronel Cintia também disse, na CPI do DF, que não tomou conhecimento do conteúdo do relatório até a segunda-feira porque não estava no gabinete no fim da tarde de sexta.
Ela voltou à secretaria no sábado, para uma reunião com o superintendente da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Mesmo assim não teria lido o relatório.
Essas versões acabam por inocentar Torres.
Porém, o depoimento de um outro PM contraria as declarações de Rosivan e de Cintia.
O coronel Jorge Henrique da Silva Pinto declarou, no inquérito interno da PM, que entregou o relatório ao tenente coronel Rosivan às 17 horas 24 minutos 47 segundos e que as câmeras internas da SSP poderiam comprovar não só o horário da entrega do documento mas também que Rosivan abriu o envelope e tomou conhecimento do assunto.
Jorge Henrique era subordinado a Marília, autora do relatório, e contou que ele mesmo revisou o documento antes de entregar a Rosivan. Ele também disse que ouviu Marília dizer que havia conversado com a coronel Cintia sobre o conteúdo do relatório, que alertava para os riscos graves daquele fim de semana.
O texto dizia, por exemplo, que a convocação para o ato, em Brasília, entre os dia 6 e 8 de janeiro, tinha o título de “Tomada de Poder pelo povo” e as divulgações do ato “apresentam-se de forma alarmante, dada a afirmação de que a “tomada de poder” ocorreria, principalmente com a invasão do Congresso Nacional.
Essa diferença na descrição dos fatos só veio à tona por insistência da defesa de um dos policiais militares acusado de participação na tentativa de golpe. Os advogados dele alegaram ao STF que não tinham acesso ao inquérito interno da PM.
O Supremo deu vários ultimatos à Polícia Militar para que entregasse todo o conteúdo do inquérito em andamento na corporação.
Por mais de uma vez o prazo dado pelo STF não foi cumprido. Em maio do ano passado, o tribunal deu um ultimato: 24 horas para o inquérito ser entregue.
A PM, então, enviou mais de 1.000 páginas desorganizadas, que tornaram difícil a pesquisa dos advogados interessados no conteúdo.
Aos poucos, detalhes importantes estão vindo à tona.
Pastor Henrique Vieira lançou abaixo-assinado contra proposta que ala bolsonarista busca emplacar na Câmara.
O deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) lançou esta semana uma mobilização contra a ideia de anistia para os participantes dos ataques do 8 de janeiro. A iniciativa surge em meio à tentativa da ala bolsonarista de emplacar a proposta por meio de um projeto de lei (PL) na Câmara dos Deputados. O tema esteve em debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no ano passado, quando o PL foi um dos elementos da queda de braço entre a extrema direita e setores do campo progressista.
Após uma série de faíscas ocorridas na CCJ, o então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), retirou o projeto do colegiado e criou uma comissão especia para analisar o texto, que tramita como PL 2858/2022. A medida é assinada pelo ex-deputado e ex-líder do governo Bolsonaro Major Vitor Hugo (PL-GO), que propõe anistia para crimes políticos e eleitorais registrados a partir de 30 de outubro daquele ano, quando Lula (PT) derrotou Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, até a data em que o PL entrar em vigor, caso seja aprovado. A comissão criada por Lira não chegou a operar e o texto está parado na Câmara, mas é alvo de costuras políticas por parte da bancada bolsonarista. O grupo tenta convencer o novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o texto.
Vieira defende que não cabe anistia para o caso porque os participantes do 8 de janeiro atuaram com o objetivo de golpear o Estado democrático de direito. “O objetivo dessa anistia, no limite, é livrar Bolsonaro a alguns generais, grandes empresários, essa cúpula que organizou uma tentativa de golpe. Eles usam o pretexto de anistia humanitária, o que chega a ser risível, porque eles vivem glorificando a violência, a ditadura, a tortura, sem nenhum princípio ético, nenhum apego à humanidade”, critica o psolista.
A conjuntura política da Câmara é caracterizada pela hegemonia de partidos alinhados à direita. Siglas do campo progressista ocupam pouco mais de 100 entre as 513 cadeiras da Casa. O segmento inclui PT, PSB, PDT, PSOL e Rede. A pauta da anistia é entoada sobretudo por legendas da extrema direita, enquanto no campo da direita liberal não há nitidez sobre o posicionamento dos integrantes a respeito do assunto. Nos bastidores, lideranças avaliam que seria necessário defender uma redução das penas que têm sido aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que chegam a 17 anos de reclusão em alguns casos e não incluem os mandantes dos atentados, abarcando apenas aqueles que atuaram diretamente na depredação dos prédios.
É nesse cenário que a ala bolsonarista vê uma janela de oportunidade e tenta construir uma saída para levar adiante o PL 2858. Uma das abordagens do grupo é a busca por uma negociação naquilo que se refere às penalidades aplicadas. “O que eu estou percebendo é que, se ficar no ritmo da Casa, sem uma pressão externa, é possível e até provável que a anistia seja colocada para votar e seja aprovada”, afirma Vieira.
Ele também critica a postura que Hugo Motta tem assumido diante do tema. A conduta do paraibano tem sido escorregadia: apesar dos acenos críticos à ditadura em seu discurso de posse, Motta afirmou, em entrevista concedida no último dia 7 a uma rádio de João Pessoa (PB), que não teria havido tentativa de golpe no 8 de janeiro.
A declaração gerou reações porque o discurso bate de frente com a leitura professada por diferentes setores políticos e civis, que têm denunciado os atentados como uma ofensiva de caráter golpista. Já nos últimos dias Motta teria dito ao STF que vê a proposta de anistia como uma “pauta tóxica”, segundo apurações divulgadas pelo jornal O Globo. A conduta do presidente em relação ao tema tem chamado a atenção de parlamentares do campo da esquerda. “Como eu percebo que a correlação de forças na Casa é um tanto quanto desfavorável e que o presidente Hugo Mota cada vez mais está flertando com a extrema direita, é preciso, portanto, pressão de fora, pressão popular da nossa sociedade para poder constranger os deputados e impedir [a aprovação da proposta]”, defende Vieira.
O parlamentar sublinha que, apesar da pressão, não cultiva “ilusões” em relação ao novo presidente da Câmara. “Hugo Motta é sucessor do Lira, indicado por Lira e próximo a Eduardo Cunha [ex-presidente da Casa cassado em 2016]. Não acho que a gente deva ter tantas ilusões assim quanto a ele. É buscar o diálogo, mas não se iludir. Ele fala que dia 8 de janeiro não houve tentativa de golpe, ele fala que tem ódio e nojo à ditadura, mas está dialogando e pactuando com os defensores declarados da própria ditadura. Não sei se ele consegue perceber o tamanho do suposto contrassenso ou se é um jogo de cena. Enquanto ele faz sinalizações democráticas para fora, ele está articulando projetos antidemocráticos por dentro”, critica Vieira.
Mobilização O deputado lançou um abaixo-assinado virtual para pressionar os parlamentares a não pautarem e não aprovarem a proposta bolsonarista. Um outro abaixo-assinado digital com esse mesmo teor foi lançado por entidades civis do campo progressista na última semana e conta atualmente mais de 92 mil assinaturas. Questionado pela reportagem se não seria mais estratégico um somatório de forças com o segmento para massificar a campanha, o deputado Henrique Vieira diz considerar que havia necessidade de uma iniciativa que partisse de dentro da Câmara.
“Nós já sabíamos do abaixo-assinado deles e eu até conversei com algumas lideranças da sociedade civil, mas eu achava importante ter uma iniciativa específica de dentro do parlamento pra fazer um contraponto a esse grupo [da extrema direita], que defende a anistia. Vejo como campanhas complementares, que ampliam o nosso alcance e nos fazem chegar a cada vez mais gente. Vejo mais como um acréscimo de forças e valorizo muito a iniciativa destas organizações.”
O deputado também reconhece que o tema de combate à anistia ainda carece de maior popularização e capilaridade na sociedade. Assim como todos os outros assuntos de ordem política, a pauta disputa as atenções com diversas outras demandas sociais, como, por exemplo, a alta do custo de vida. “Infelizmente, nós temos uma democracia ainda muito frágil, então, o tema ‘democracia’ não tem a importância que deveria ter, mas justamente por isso também uma campanha. Nós estamos lançando vídeos, nós estamos falando no plenário, nós estamos aproveitando cada espaço que a imprensa nos dá porque é um trabalho parlamentar de demonstrar o quanto é grave.”
A extrema direita e a mídia hegemônica pregam um “terrorismo econômico na população”, enfatizando o aumento dos gastos públicos e reforçando a ideia de que a economia do Brasil caminha mal. Um cenário “mentiroso para que as pessoas promovam a redução de gastos sociais”. Essa é a avaliação de Fábio Sobral, professor de economia da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Furno salienta como “cortar gastos não nos leva ao equilíbrio fiscal” e que eventuais reduções, fruto de medidas de austeridade fiscal, interferem diretamente na vida e bem-estar da população, principalmente nas camadas mais pobres, o que se reflete nos resultados no Produto Interno Bruto (PIB).
“Quando o Brasil entra nessa lógica mais ‘austericida’ e neoliberal a partir do ano de 2016, culpando a crise econômica pelos excessos, sobretudo de gastos públicos e ativismo estatal, é instituída a lei de Teto de Gastos, que inclusive estava na Constituição e propunha resolver o problema do desequilíbrio fiscal cortando gastos. O resultado foi que o desequilíbrio fiscal aumentou no país”, relembra.
Nesse sentido, Sobral explica que o aumento dos gastos públicos, principalmente os voltados a saúde e educação, só reforça como “o governo só ganha se gastar”, visto que o investimento na população aquece a economia e reflete no bem-estar social e econômico em todo território nacional. “Na medida em que o governo gasta, ele promove uma espécie de reação em cadeia, onde outros setores começam a produzir e arrecadar tributos”, ilustra o professor.
Para Furno, a tentativa de associar despesas sociais a um descontrole financeiro ignora o impacto positivo que esses investimentos geram na economia. “Na verdade, quando se cortam gastos sociais, a arrecadação também cai, porque menos dinheiro circula na economia, afetando diretamente o consumo e a produção”, aponta.
Sobral destaca ainda as contradições do governo brasileiro, que aplica parte de seus recursos em títulos da dívida emitidos pelos Estados Unidos. “Nós somos responsáveis por sustentar os gastos do governo americano. Mas eles querem reduzir os gastos com educação na escola pública, no hospital público, entende? O Banco Central comprou títulos da dívida pública americana e esses recursos ajudam a financiar as bombas que caem em Gaza e no sul do Líbano”, expõe.
O economista sugere ainda que enquanto o país contribui indiretamente para o financiamento do orçamento dos EUA, que inclui despesas militares, o “Brasil segue com dificuldades para investir em infraestrutura, educação e saúde para a sua própria população”.
O impacto da exportação no preço dos alimentos
Além do impacto direto dos investimentos sociais, o preço dos alimentos se tornou um dos principais desafios do governo. A alta constante de itens essenciais, como o café e o arroz, tem sido explicada não apenas por fatores climáticos, mas também por decisões estratégicas do agronegócio. “Há uma opção do agronegócio de exportar mercadorias ao invés de priorizar o mercado interno”, analisa Juliane Furno.
Segundo a comentarista, essa decisão resulta em preços elevados para os consumidores brasileiros, pois a produção nacional segue atrelada às cotações internacionais e à valorização do dólar. “A prioridade tem que ser o mercado interno e matar a fome da nossa sociedade”, defende a economista.
Com forte presença no Congresso, a bancada do Agro representa muita força na política nacional. Por consequência, influenciam nas tomadas de decisão que surtem efeitos do macro – nas transações internacionais de comercialização de insumos produzidos no Brasil – ao micro, principalmente na garantia, ou falta de, alimento na despensa e pratos dos brasileiros.
Segundo ele, a reconstrução de uma política de abastecimento é essencial para evitar que o mercado externo continue ditando os preços dos alimentos no Brasil. “É preciso reconstruir esse sistema de armazenamento de alimentos, dar suporte financeiro à pequena produção, que garante emprego, renda e estabilidade. O agronegócio recebe bilhões em subsídios, mas a agricultura familiar, que realmente alimenta a população, fica desamparada”, argumenta Sobral.
Este “caos alimentar”, como ilustra o professor, acaba sendo endossado pela postura dos macroprodutores do agro, que priorizam a exportação de seus produtos e comercializam alimentos como café e soja de maneira desenfreada para fora do país, sem garantia de abastecimento interno mínimo.
Furno complementa que uma das maneiras de assegurar o fornecimento de alimentação básica às camadas mais carentes da população “poderia ser a implementação de um ‘sistema de cotas’, do quanto se pode exportar levando em consideração as necessidades internas brasileiras”.
O peso da economia nas eleições de 2026
Diante desse cenário econômico, o debate sobre as eleições presidenciais de 2026 já começa a se intensificar. A alta no preço dos alimentos tem sido apontada como um fator determinante para a popularidade do presidente Lula, que registrou sua primeira queda de aprovação desde o início do mandato. “O governo Lula precisa ter cuidado com isso”, alerta Sobral. Para ele, o impacto da economia na decisão do eleitorado será decisivo no próximo pleito.
O professor traça ainda um paralelo com o cenário norte-americano, citando a perda de apoio do presidente Joe Biden mesmo em meio a um contexto econômico relativamente estável. “A juventude americana se sentiu traída e não compareceu às urnas. No Brasil, a questão econômica tem um peso ainda maior”, observa.
Para ele, enfrentar o domínio do setor especulativo e adotar políticas que protejam o mercado interno será fundamental para evitar um desgaste eleitoral ainda maior. Com BdF.
Presidente disse que vai apresentar denúncia à Organização Mundial do Comércio caso o aço brasileiro seja tributado
O presidente Lula (PT) afirmou que caso Donald Trump siga em frente com suas ameaças e taxe a importação sobre o aço brasileiro nos Estados Unidos, o governo fará uma denúncia à OMC (Organização Mundial do Comércio). Lula ainda fez menção a uma recriprocidade de aplicação de tarifas.
O petista diz não desejar desavença com o governo americano, mas caso a taxação seja aplicada, o Brasil tomará uma medida. “Se fizer, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar à OMC ou taxar os produtos que a gente exporta aqui”, disse Lula. Em seguida, completou: “O Brasil não tem contencioso internacional. Se o Trump tiver esse comportamento com o Brasil, eu vou ter com os EUA. Haverá reciprocidade”.
Sobre seu relacionamento com Trump, Lula havia dito à Rádio Clube do Pará que “não há relacionamento”. “Existe relação entre governos.”
“O que estou preocupado é que os Estados Unidos, depois da Segunda Guerra, virou uma espécie de patrono da democracia, eles se colocaram nessa posição. Agora, os discursos não são mais esses, e me parece que a democracia não está valendo tanto”, afirmou.
“Agora, estão defendendo o protecionismo, vou taxar os países, vou tomar o Canadá, o golfo do México, vou expulsar milhões de pessoas. É um discurso que não tem nada a ver com o que os EUA fizeram após a Segunda Guerra.”
Desde que tomou posse como presidente em janeiro deste ano, Trump vem anunciando a implantação de tarifas a produtos importados de outros países, incluindo o Brasil, segundo o ICL.