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Mundo

Embaixador russo afirma que adesões ao BRICS representam uma ‘nova ordem mundial’

Diplomata reconheceu que integração do Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos ao BRICS contribui para redução da influência ocidental no mundo.

A adesão do Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, e Emirados Árabes Unidos ao BRICS reflete a “formação de uma ordem mundial mais democrática e justa”, afirmou o embaixador da Rússia no Irã, Aleksei Dedov, em entrevista à Sputnik.

“A adesão do Irã e de outros novos membros à associação reforça a parceria estratégica e a posição internacional do BRICS”, declarou o representante russo.

Segundo sua análise, “as relações internacionais estão passando por uma profunda transformação” que culminam nas mudanças para uma nova ordem mundial.

O embaixador ressaltou que o Irã reconhece a necessidade de diminuir a “influência dos países ocidentais nos assuntos mundiais”.

“Tal qual a Rússia, o Irã acredita que o multilateralismo deve ser desenvolvido em vários formatos nos quais trabalham pessoas com ideias semelhantes”, destacou o diplomata.

Dedov também falou sobre o empenho da Rússia em desenvolver cooperações com o Irã, agora membro do bloco anteriormente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, desde janeiro de 2024.

*Sputnik

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Política

PF reúne provas de financiamento dos atos golpistas e contraria tese de que manifestações teriam sido ‘espontâneas’

Segundo a investigação, os atos partiram da “arregimentação e do suporte direto” de grupo ligado a Bolsonaro.

Os passos mais recentes da Polícia Federal nas investigações sobre a ofensiva antidemocrática revelam o avanço sobre financiadores e mentores da tentativa de golpe de Estado que culminou na invasão e depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e relatórios da PF apresentam documentos, mensagens e outras provas que contrariam a tese de uma organização espontânea, defendida por investigados.

Na última semana, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, trouxe os indícios mais fortes até o momento de uma organização com antecedência. As apurações indicam o conhecimento prévio e apoio de alguns dos nomes mais próximos ao então presidente.

Segundo a investigação, os atos partiram da “arregimentação e do suporte direto” do grupo ligado a Bolsonaro, suspeito de participar da tentativa de ruptura constitucional. A linha foi reforçada por conversas e áudios obtidos pela PF. Um dos diálogos mostra o major Rafael Martins de Oliveira, que foi preso, pedindo orientações ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, sobre recursos financeiros para levar “pessoas” do Rio a Brasília e locais para a realização das manifestações. A conversa ocorreu dias antes de atos bolsonaristas convocados em novembro de 2022.
Pedido de R$ 100 mil

Martins queria saber se deveria direcionar o ato à Praça dos Três Poderes e pergunta se as Forças Armadas permitiriam a permanência de manifestantes nesses locais. Mauro Cid responde: “CN e STF” , em referência ao Congresso e ao Supremo, e em seguida diz “vão”, sinalizando anuência dos militares. O ato acabou ocorrendo em frente ao Quartel-General do Exército.

Em outro diálogo, Cid pede uma estimativa com hotel, alimentação e material. “100 mil?”, pergunta, explicando: “Para trazer um pessoal do Rio”. Martins responde que está com as necessidades iniciais e que “aquele valor de 100 se encaixa nessa estimativa”. Ao encaminhar um arquivo, sugere: “Depois apaga”.

No parecer, a PGR destacou que as investigações indicam que Martins “atuou de forma direta no direcionamento dos manifestantes para os alvos de interesse dos investigados” e realizou a “coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos e arregimentar integrantes das Forças Especiais do Exército, para atuar nas manifestações, que, em última análise, não se originavam da mobilização popular”.

A suspeita é que os R$ 100 mil solicitados a Cid tenham se destinado a um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, com quem auxiliares de Bolsonaro se reuniram nos meses que antecederam o 8 de Janeiro. Esse grupo de militares teria incitado as invasões das sedes dos três Poderes e direcionado a multidão.

A defesa de Bolsonaro afirma que ele nunca “atuou ou conspirou” contra a democracia, enquanto os advogados de Cid alegam que nenhum valor foi pago e que ele explicará as mensagens à PF se for intimado para um novo depoimento. A defesa de Oliveira não foi localizada. Em nota no dia da operação, o Exército disse que acompanha o caso “prestando todas as informações necessárias às investigações”.

Em outra frente do financiamento, um áudio enviado por Cid, no dia 16 de novembro, reforçou o papel de empresários do agronegócio. Na gravação, ele afirma que “empresários do agro” que “estão financiando, colocando carro de som em Brasília” tiveram bens bloqueados e foram chamados a depor. Na época, Moraes havia determinado o bloqueio de contas ligadas a 43 empresários, além de marcar os depoimentos.

Outro diálogo descoberto no curso das investigações vai na mesma linha. Uma das investigadas, que esteve no QG do Exército, abordou o apoio de empresários do setor para três mil ônibus direcionados a Brasília às vésperas dos atos de 8 de janeiro:

“Pessoal do agro lá de Goiânia, dos arredores de Brasília e tudo. O agro botou aí um apoio aí pra três mil ônibus. Não sei como que eles vão sair. Pessoal tá combinando de chegar em diversos horários… O negócio tá grande. Tá bonito”.

Em outra operação, um empresário do setor logístico também foi alvo. Segundo as investigações, ele teria financiado ônibus para levar manifestantes a Brasília e participado ativamente da orientação de movimentos golpistas junto a outras lideranças.

A participação de empresários no apoio aos golpistas acampados nos quartéis também foi apontada por CPI no Congresso. O relatório final apresentado pela comissão relatou o financiamento por meio do fornecimento de alimentos, água e até banheiros químicos. De acordo com o colegiado, um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou que 103 ônibus que chegaram a Brasília foram contratados por 83 empresários e 13 organizações empresariais, principalmente das regiões Sul e Sudeste. Em outro exemplo, um pastor de Santa Catarina também chegou a ser preso, suspeito de financiar os atos, mas depois foi solto por decisão do STF.

O braço da apuração sobre incitadores e financiadores alcançou também o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara. Para a PGR, ele tinha o “poder de ordenar movimentações antidemocráticas” no Rio. As investigações mostraram ligação do parlamentar com Carlos Victor de Carvalho, apontado como uma liderança de grupos de extrema direita em Campos dos Goytacazes, no Norte fluminense. Ele chegou a ser preso sob suspeita de financiar ônibus que foram a Brasília, mas foi solto.

Em uma mensagem enviada a Jordy, em 1º de novembro de 2022, em meio ao bloqueio de rodovias em todo o país, Carvalho se refere ao deputado como “meu líder”, pede direcionamento e diz que Jordy tem “poder de parar tudo”.
‘Grupos financiados’

“As condutas dos investigados noticiadas pela Polícia Federal ocorreram no curso dos atos antidemocráticos, nos quais grupos — financiados por empresários — insatisfeitos com o legítimo resultado do pleito, com violência e grave ameaça às pessoas, passaram a bloquear o tráfego em diversas rodovias do país, com o intuito de abolirem o estado democrático de direito, pleiteando um ‘golpe militar’ e o retorno da Ditadura”, escreveu Moraes na decisão da operação que atingiu Jordy e outros alvos.

O deputado negou ter incitado ou financiado qualquer ato golpista e afirmou que foi alvo de uma ação “autoritária”. A defesa de Carvalho disse que ele não cometeu qualquer irregularidade, que sequer estava em Brasília no 8 de Janeiro e apenas participou da campanha eleitoral de Jordy.

Até o momento, as condenações relacionadas aos atos antidemocráticos atingiram apenas executores. Em dezembro passado, a PGR apresentou a primeira denúncia contra um financiador. O acusado é um morador de Londrina (PR) que teria fretado quatro ônibus para o transporte de 108 apoiadores de Bolsonaro para Brasília, em contratos no valor total de R$ 59,2 mil. Em janeiro, em entrevista ao Globo, Moraes reforçou que o inquérito está avançando para descobrir financiadores e mentores dos ataques:

— A ordem de vários financiadores era que deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO (decreto de Garantia da Lei e da Ordem) para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe.

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Opinião

As condições para uma imediata prisão de Bolsonaro já estão postas, e ele sabe disso

Os ministros do STF são praticamente unânimes em dizer que Bolsonaro praticou crime contra a constituição, tramando e alimentando, de forma apaixonada, um golpe de Estado no Brasil, para se manter no poder de maneira tirânica na tentativa de enterrar outros tantos crimes que cometeu, que lhe renderiam várias encarnações na prisão.

Ainda não há uma palavra que expresse toda a vilania que Bolsonaro representou em quatro anos de comando máximo do país.

Isso é inevitável, assim que ele botar os pés dentro do presídio e seu poder sobre a cúpula que o rodeia, virar pó.

Bolsonaro, mais uma vez, quer usar seus discípulos e aliados como boi de piranha, como fez sempre que se sentiu acuado pela justiça. Esta é sempre a saída que lhe resta e ele não se faz de rogado. É só contabilizar quantos ex-assessores e aliados estão na cadeia, assim como manifestantes que aterrorizaram os três poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

Na verdade, Bolsonaro está num beco sem saída, sem qualquer margem de manobra e, certamente, passa-lhe pela cabeça que sua prisão pode ter um desfecho antecipado para cortar o oxigênio de qualquer tentativa de, no dia 25 próximo, estimular os acéfalos que ainda ajoelham no seu altar para criar uma situação de conflagração entre bolsonaristas e as instituições democráticas como o último suspiro de um moribundo desesperado.

Ou seja, as cartas estão na mesa e o jogo está nas mãos do STF, que pode sim encerrar essa fatura bem antes do que Bolsonaro espera, ou ao menos reza.

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Mundo

Ignorando apelos internacionais, Israel ataca Rafah e mata mais de 100 palestinos

Países aliados e opositores ao governo Netanyahu alertaram para perigos de ofensiva na cidade fronteiriça com Egito, que abriga mais de 1,4 milhão de palestinos refugiados.

Avançando o plano de guerra em ocupar a cidade de Rafah, cidade fronteira com o Egito, Israel realizou ataques aéreos que mataram mais de 100 palestinos na manhã desta segunda-feira (12/02), segundo o Ministério de Saúde da Faixa de Gaza.

A pasta informou que mais de 230 pessoas ficaram feridas nos ataques localizados no centro e norte de Rafah, que atingiram cerca de 14 casas de civis e três mesquitas.

A maioria dos atingidos são mulheres e crianças, algumas das quais foram levadas para o Hospital do Kuwait – um dos poucos que ainda estão em funcionamento na região, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além de não funcionar em sua plena capacidade, as autoridades dos centros de saúde alertaram que não têm suprimentos suficientes para cuidar do grande número de feridos.

Os bombardeamentos contra Rafah ocorrem após a ordem do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para uma incursão na região, que abriga mais de 1,4 milhão de palestinos refugiados da Faixa de Gaza após as ordens de evacuação.

Apesar de ser o destino das vítimas da guerra, a cidade de Rafah não está estruturada para recebê-las. Segundo Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino, informou que há atualmente 16 mil pessoas por quilômetro quadrado na cidade. Famílias vivem encurraladas contra a cerca da fronteira com o Egito e em tendas improvisadas.

“Não há mais lugar em Gaza para onde os palestinos possam ir”, declarou o representante sobre a justificativa de Israel para atacar Rafah, afirmando que faria um “plano duplo” para a evacuação de civis e atacar militantes do Hamas na região.

Outra organização humanitária, os Médicos Sem Fronteiras, declararam que a ofensiva terrestre de Israel em Rafah “seria catastrófica e não deve prosseguir”.

https://twitter.com/MSF/status/1756951702316400659?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1756951702316400659%7Ctwgr%5Ef81fc6eb2b0523cfb8b93ecd63dd14562c4491cb%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Foperamundi.uol.com.br%2Fpermalink%2F85541

“À medida que o bombardeamento aéreo da área continua, mais de um milhão de pessoas, muitas delas vivendo em tendas e abrigos improvisados, enfrentam agora uma escalada dramática no massacre em curso”, escreveu a diretora geral do MSF, Meinie Nicolai.

Pressão internacional

Diversos países manifestaram-se contra a ofensiva de Israel contra Rafah, inclusive o maior aliado de Netanyahu, os Estados Unidos. O presidente norte-americano Joe Biden, disse que a resposta de Israel aos ataques de 7 de outubro da resistência palestina foi “exagerada”, afirmando que não apoiaria nenhuma operação militar lançada em Rafah sem a devida consideração pelos civis.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, também alertou sobre as consequências de uma ofensiva terrestre do Exército israelense contra o sul da Faixa de Gaza.

Aboul Gheit assegurou que forçar estes cidadãos a fugir de Gaza para o Egito é uma violação do direito internacional e, além disso, ultrapassa as linhas vermelhas da segurança nacional, denunciando uma “política de limpeza étnica” de Israel.

Com os ataques efetuados na manhã desta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia afirmou, em comunicado, que os bombardeios fazem “parte de um plano para expulsar o povo de Gaza das suas próprias terras”.

“Apelamos à comunidade internacional, em particular ao Conselho de Segurança da ONU, para que tome as medidas necessárias para deter Israel”, completou o documento.

Por sua vez, o Reino Unido, por meio do Secretário de Relações Exteriores, apelou para a suspensão da ofensiva em Rafah e um possível cessar-fogo.

“Estamos muito preocupados com a situação e queremos que Israel pare e pense muito seriamente antes de tomar qualquer medida adicional. Mas acima de tudo, o que queremos é uma pausa imediata nos combates e queremos que essa pausa conduza a um cessar-fogo”, disse ele à imprensa britânica.

Já o Hamas posicionou-se sobre os ataques, afirmando que esta é “uma continuação da guerra genocida” de Israel contra o povo palestino.

Resgate de dois reféns

Segundo o exército de Israel, dois reféns feitos pelo Hamas em 7 de outubro foram resgatados também nesta segunda-feira (12/02): Louis Norberto Har, de 70 anos, e Fernando Simon Marman, de 60 anos.

Com as novas libertações, somadas às dezenas de pessoas que foram resgatadas durante uma semana de trégua em novembro, os soldados israelenses estimam que ainda restem 134 cidadãos cativos pelo Hamas em Gaza.

Neste domingo (11/02), Israel declarou que as operações em Rafah possibilitam um “acordo realista” pela libertação dos reféns.

No entanto, tal afirmação foi contradita pelo Hamas, que ameaçou o sucesso das negociações para libertação dos reféns caso houvesse ofensivas em Rafah.

Com os novos ataques, o grupo palestino ainda não pronunciou-se sobre a continuação ou suspensão do acordo.

*Opera Mundi

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Política

Marchinha para brincar carnaval zoando a família Bolsonaro com operação da PF viraliza nas redes (Ouça e veja abaixo)

Música revive antiga tradição carnavalesca e de se apropriar de temas políticos na época da folia.

Uma marchinha para brincar o carnaval tem viralizado nas redes abordando a recente operação da Polícia Federal que recolheu vídeo e farto material escrito detalhando o golpe que o governo Bolsonaro, derrotado nas urnas em 2022, pretendia dar para se manter no poder.

A operação da Polícia Federal, de ampla repercussão em todas as mídias, não poderia escapar da gozação própria do período carnavalesco e a marchinha, de autoria de Nino Antunes, vem circulando amplamente nas redes e deve ganhar as ruas. Até a ex-apoiadora de Bolsonaro Joice Hasselmann participa do vídeo.

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Política

Bolsonaro pode ficar inelegível por mais de 30 anos se condenado em caso do golpe

Ex-presidente fica sujeito a punições previstas na Constituição Federal e na Lei da Ficha Limpa.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá ficar inelegível por mais de 30 anos.

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados na última quinta-feira (8).

O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030, segundo a Folha.

Agora, na hipótese de uma sentença criminal condenatória em torno de um plano de golpe, provavelmente o maior prejuízo ao ex-presidente decorreria do teor do artigo 15 da Constituição Federal.

Segundo a criminalista Maria Jamile José, mestre em direito processual penal pela USP, os punidos penalmente após esgotados seus recursos aos tribunais (situação chamada de trânsito em julgado na linguagem técnica) têm os direitos políticos suspensos durante o período de execução de suas penas e, por isso, não podem ser votados ou votar.

A pena máxima do crime de tentativa de golpe de Estado é de 12 anos de reclusão, a de tentativa de abolição do Estado de Direito é de 8 anos e a de associação criminosa é de 3 anos, ou seja, a soma chega a 23 anos de prisão.

Assim, na hipótese de aplicação das penas máximas, Bolsonaro poderia ficar inelegível por esse prazo.

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Saúde

Casos de Covid crescem 140% em São Paulo e especialistas temem explosão após Carnaval

Em duas semanas, a média móvel semanal subiu de 168 para 404 casos, segundo painel da Secretaria Municipal da Saúde.

Análise inédita feita pela plataforma SP Covid-19 Infotracker, criada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mostra que a capital paulista registrou aumento de 140% de casos positivos de Covid em duas semanas.

Com o avanço, cresce a preocupação dos especialistas de que haja uma explosão de registros da doença no pós-Carnaval.

A média móvel semanal saiu de 168 casos no dia 21 de janeiro para 404, no dia 4 de fevereiro, último dado disponível no painel da Secretaria Municipal da Saúde.

Se considerados períodos anteriores, o salto é ainda maior. Em relação a 24 de dezembro de 2023, data em que foram registrados 91 casos, por exemplo, o aumento é de 344%.

Laboratórios e hospitais também registraram alta da taxa de testes positivos de Covid. Segundo a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), janeiro deste ano fechou com um índice de 26% de confirmação, o dobro do computado no mesmo mês de 2023 (13%).

No Hospital Albert Einstein (SP), a alta de testes positivos nas cinco primeiras semanas deste ano foi de 43% (707 contra 1.013) em relação ao mesmo período de 2023.

Segundo Wallace Casaca, coordenador da plataforma Infotracker, há um aumento consistente de casos desde o final do ano passado. Os dados disponíveis não indicam alta de internações ou mortes.

Ele afirma que os números oficiais estão claramente subnotificados porque muitas pessoas, diante dos sintomas da Covid, recorrem aos testes rápidos vendidos nas farmácias, e os resultados não entram nos sistemas de informações.

“A gente espera um pico de casos de Covid nas próximas semanas. Bem menor, bem menos grave do que vimos em anos anteriores, devido à vacinação, mas teremos um boom, sem dúvida.”

A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas (SP), tem avaliação parecida. “Agora, no pós-Carnaval, vai ser uma explosão de casos, felizmente sem gravidade”, diz.

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Política

Governadores de oposição silenciam sobre investigação contra Bolsonaro e buscam Lula por obras

Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Tarcísio de Freitas (São Paulo) evitaram declarações públicas sobre a operação da PF que mirou o ex-presidente.

Eleitos com discurso alinhado ao do ex-presidente Jair Bolsonaro, os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Tarcísio de Freitas (São Paulo) evitaram declarações públicas sobre a operação da Polícia Federal que mirou o ex-mandatário e seu entorno por tentativas de golpe e de desacreditar o processo eleitoral de 2022. Nas últimas duas semanas, os quatro chefes de Executivo estiveram em agendas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem trocaram afagos em eventos de entrega de obras e parcerias. Desde o início deste mandato, os governadores tentam se equilibrar entre a relação com o governo federal e os acenos ao eleitorado do ex-presidente.

Procurados pelo Globo, Castro e Zema não responderam. A postura do governador do Rio, correligionário de Bolsonaro, se difere da de outros membros do partido, que vêm defendendo a tese de perseguição. Já a assessoria de Tarcísio, ministro da Infraestrutura na gestão do ex-presidente, informou que ele segue de férias na Europa e só retornará aos trabalhos no próximo dia 15. No sábado, o governo paulista afastou o major Angelo Martins Denicoli, um dos alvos da PF. Ele era assessor especial da Prodesp, empresa pública de TI.

Ratinho Júnior foi o único que se manifestou, mas não diretamente sobre Bolsonaro. O governador afirmou que “entende que as instituições devem funcionar em respeito ao Estado Democrático de Direito”.

Morde e sopra
Ao mesmo tempo que tentam manter uma relação republicana com Lula, os governadores fazem acenos ao eleitorado do ex-presidente. Na última semana, antes da operação, Zema defendeu Bolsonaro como um articulador político.

— A figura do presidente Bolsonaro vai ter um peso grande nas eleições de 2026. Ele pode não ser candidato, mas aquele nome que ele falar “eu apoio”, com toda certeza (terá influência) — disse Zema, que se coloca como presidenciável.

Também nos últimos dias, ele contrariou o governo federal ao permitir que crianças sem carteira de vacinação em dia se matriculem na rede estadual. À CNN Brasil, o mineiro defendeu que as crianças estudem “ciência” para decidir se querem se vacinar.

Já Tarcísio e Bolsonaro nutrem uma relação de proximidade. No ano passado, o ex-presidente chegou a dormir no Bandeirantes, sede do governo paulista, em ao menos duas ocasiões em que esteve no estado.

Com Castro, há um distanciamento desde a eleição presidencial. Mas, no final do ano passado, estiveram no mesmo lado para cobrar fidelidade de seus aliados na pré-campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio. Na ocasião, Castro fez acenos ao ex-mandatário: “Vamos juntos”, escreveu em suas redes sociais.

Já Ratinho Júnior esteve com Bolsonaro em dezembro, quando o ex-presidente recebeu o título de cidadão honorário do Paraná. Na ocasião, o governador disse ter sido um orgulho sancionar a concessão da honraria para o seu aliado:

— Ele foi quem mais visitou o Paraná nos últimos 30 anos. Foi que mais trouxe investimento na história do nosso Estado.

Na visão de especialistas, o silêncio dos quatro diante da operação é esperado:

— Eles não fazem uma fala apoiando as investigações porque dessa maneira estariam rompendo com o bolsonarismo. Ao mesmo tempo, eles não se manifestam contra para não se vincularem — diz a cientista política Michelle Fernandez, da Universidade de Brasília (UNB).

Nos quatro encontros entre Lula e governadores houve discursos sobre deixar as diferenças de lado e nutrir uma relação republicana entre os Poderes. Ratinho Júnior foi o primeiro dos quatro a se reunir com o governo, em 30 de janeiro, quando participou de uma cerimônia no Planalto que marcou a transferência de rodovias paranaenses para entidades privadas. As empresas selecionadas receberam a concessão de 19 trechos de estradas pelas próximas três décadas, somando investimento de R$ 30,4 bilhões.

O acordo costurado pelo governador ajuda a diminuir a tensão no estado, que vinha enfrentando uma série de críticas em torno da tarifa do pedágio.

Três dias após o encontro com o chefe paranaense, Lula participou com Tarcísio de solenidade em Santos, no litoral de São Paulo, onde anunciou uma obra em conjunto com o governo federal. Juntas, as partes investirão R$ 5,8 bilhões no Túnel Santos-Guarujá — o primeiro imerso da América Latina, com a expectativa de entrega em 2028.

Inicialmente, o Planalto custearia o projeto na íntegra, mas Tarcísio insistiu em dividir os gastos. O governador chegou a ameaçar deixar o Republicanos e se filiar ao PL de Bolsonaro, o que demonstraria um distanciamento maior entre sua gestão e o governo Lula.

Assim como ocorreu em encontros no ano passado, Tarcísio foi alvo de críticas, tanto de petistas quanto de bolsonaristas. Perguntado sobre o evento, Bolsonaro disse à “Folha de S. Paulo”, que Tarcísio era “seu irmão”.

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Opinião

A tentativa de autogolpe estava escrito nas estrelas

A pergunta que mais foi feita durante a campanha de 2018, era se, chegando ao poder, Bolsonaro e os militares que o cercavam não tentariam um autogolpe, porque Bolsonaro nunca inspirou confiança. Mourão, idem, tanto que os dois se atrapalharam quando perguntados sobre o risco de um autogolpe.

É difícil dizer quanto tempo os militares queriam se manter no comando do país e, sobretudo, qual a intenção. Eles não tinham qualquer projeto e, assim, governaram para os ricos contra os pobres. Por isso, Bolsonaro se tornou o queridinho da Faria Lima.

Por outro lado, Bolsonaro devolveu 33 milhões de brasileiros à miséria e o Brasil ao mapa da fome.

Agora, fica claro que a desconfiança de que Bolsonaro e seus generais tentariam uma aventura golpista que, certamente não ocorreu, porque não tiveram apoio dentro dos próprios quartéis e boa parte da burguesia, mas sobretudo dos EUA e muitos países da Europa prometiam retaliações que liquidaria a economia brasileira.

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Investigação

Três versões da ‘minuta do golpe’ e documento pedindo prisão de ministros do STF e de Pacheco engrossam material golpista apreendido pela PF

Apurações da PF indicam que no entorno de Bolsonaro havia uma equipe para assessorar e elaborar documentos e decretos com fundamentação jurídica e doutrinária.

Pelo menos três versões de minutas que revelam objetivos golpistas foram citadas nas investigações ou encontradas em endereços de aliados próximos a Jair Bolsonaro desde o fim de sua gestão. Apurações da Polícia Federal (PF) indicam que no entorno do ex-mandatário havia uma equipe para assessorar e elaborar documentos de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem os interesses de manter o grupo no poder.

Um dos quatro alvos de mandados de prisão, na última quinta-feira, o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins, teria entregue a Bolsonaro uma minuta que detalhava supostas interferências do Poder Judiciário no Executivo e decretava a prisão de autoridades. A defesa de Martins diz que ele está submetido a uma “prisão ilegal”.

Segundo os investigadores, Bolsonaro teria lido o documento e solicitado que o assessor alterasse as ordens contidas na minuta, que teria sido entregue novamente, com as alterações. Segundo a colunista Malu Gaspar, do GLOBO, entre as alterações solicitadas, estava a retirada da ordem de prisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mantendo no texto apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A PF aponta que, uma vez atendida a solicitação e apresentada a nova versão da minuta, Bolsonaro teria concordado com os termos ajustados e convocado os chefes das Forças Armadas, para que comparecessem ao Alvorada, no mesmo dia, a fim de apresentar a minuta e “pressioná-los a aderir ao golpe de Estado”.

No despacho em que deferiu a operação, Moraes enumerou núcleos de atuação do suposto grupo criminoso que atuava para manter Bolsonaro no poder. Entre esses grupos, haveria o “Jurídico”, justamente o que tratava das minutas.

O documento citado é a terceira minuta de teor golpista revelada pelas investigações. Em janeiro de 2023, um documento apócrifo foi apreendido na casa do ex-ministro da Justiça e então secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres.

A minuta propunha a instauração de um Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de reverter o resultado das eleições de 2022, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor. Em seu depoimento na CPI dos Atos Golpistas, Torres classificou a minuta como “imprestável” e negou conhecer sua origem.

– A polícia encontrou um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta, que vai para coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos — disse. — Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica. Este papel não foi para o lixo, por mero descuido.

No início do segundo semestre do ano passado, a PF também encontrou no celular do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que seriam destinados a dar suporte a um eventual golpe de Estado. A defesa de Cid disse que só vai se manifestar depois que tiver acesso às investigações.

A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública. Na decisão que autorizou o depoimento de Cid, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o oficial “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”.

Além dessas minutas, a Polícia Federal encontrou na sala de Bolsonaro na sede do PL, em Brasília, na quinta-feira, documento que previa uma “declaração” de estado de sítio e um “decreto” de GLO no país.

Em entrevista na noite de sexta-feira, o ex-presidente minimizou o teor do texto e negou ter relação com o documento que, segundo Bolsonaro, seria peça de um processo solicitado por ele para tomar conhecimento.

— O presidente não decreta estado de sítio. Ouve o Conselho da República e encaminha para o Congresso. Isso não é golpe — afirmou à “TV Record”, de sua casa em Angra dos Reis (RJ).