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A dois dias das eleições, Trump não dá sinais de recuperação nas pesquisas

Com mais de 93 milhões de votos antecipados e um número pequeno de eleitores que ainda se declaram indecisos, não há grandes mudanças nas pesquisas a dois dias das eleições. A vantagem de Joe Biden no voto popular em nível nacional é cada vez mais consolidada, deixando pouca margem de manobra para uma virada do presidente Donald Trump.

De acordo com a média nacional das sondagens, elaborada pelo site FiveThirtyEight, o ex-vice-presidente segue com uma margem de 8,6 pontos percentuais em relação ao republicano. Biden tem 52% dos votos e Trump, 43,4%. Os números mantiveram-se estáveis nas últimas 24 horas.

Como nos EUA a eleição é indireta e cada estado tem um peso diferente no Colégio Eleitoral, vencer no voto popular não garante necessariamente uma vitória democrata. Em 2016, Hillary Clinton teve 3 milhões de votos a mais pelo país, mas saiu derrotada após perder em estados-chave. Para que haja uma reviravolta, no entanto, as sondagens precisariam estar mais equivocadas que há quatro anos.

De sábado para domingo, foram divulgadas ao menos sete pesquisas nacionais de níveis diferentes de qualidade. A considerada mais crível delas, elaborada pela NBC News e pelo Wall Street Journal, põe Biden com 52% dos votos e Trump, com 42%.

Nos estados-pêndulo, que decidem a eleição, vê-se uma esperada melhora de Trump, mas longe do necessário para uma mudança concreta de panorama. Em muitos destes lugares, não haverá mais grandes pesquisas antes da eleição. Na Flórida, vista como uma espécie de “grande prêmio” para os dois candidatos, Biden segue à frente com vantagem de 1,9 ponto percentual, dentro da margem de erro.

Antes considerado território seguro para Trump, a diferença em Ohio apertou muito na última semana: hoje, o republicano está na frente por apenas 0,3 ponto percentual, um empate técnico. A campanha de Biden parece acreditar em chance de virada, já que o ex-vice-presidente visitará Cleveland na segunda-feira.

Em Iowa, onde Biden chegou a estar na frente no sábado por uma margem ínfima de 0,1%, Trump voltou à liderança na média deste domingo, abrindo 1,7 ponto percentual sobre o democrata. Isto, no entanto, não deve ser prenúncio de maiores mudanças no cenário nacional.

De resto, é necessário prestar atenção na Pensilvânia, considerada pela maioria dos analistas políticos como o fiel da balança deste ciclo. Biden mantém vantagem de 4,9 pontos percentuais segundo o Fivethirtyeight, pouco acima da margem de erro.

O estado é tão importante que, neste domingo, o ex-vice-presidente viajou mais uma vez para lá. Sua vice, Kamala Harris, participa de eventos na Geórgia e na Carolina do Norte, onde a disputa também é acirrada.

Trump, por sua vez, faz uma peregrinação por cinco estados-pêndulo importantes: Michigan, Iowa, Carolina do Norte, Geórgia e na Flórida. Assim como Harris, o vice-presidente Mike Pence também está na Carolina do Norte.

 

*Com informações de O Globo

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Os Estados desunidos da América assombrados pela guerra civil

Pesquisa: Nunca, desde a Guerra Civil, os americanos estiveram tão divididos, não apenas sobre Donald Trump, mas também sobre sua concepção da nação, seus valores e seus mitos fundadores, com visões opostas do passado e do futuro.

O Talbot Boys Memorial existe desde 1916 no gramado do tribunal em Talbot, na costa leste de Maryland. Lembra dos 84 soldados do condado que lutaram cinquenta anos antes contra soldados da União para defender a escravidão. Após o assassinato de George Floyd em maio, quando se falava em derrubar a estátua, o conselho do condado votou por 3 a 2 para mantê-la onde está há cento e quatro anos. “Sem justiça, sem paz!”, reclamaram os opositores. Uma cena da vida cotidiana nos Estados Unidos da América, que coloca os residentes de uma pequena comunidade uns contra os outros ao longo de uma história de 150 anos. A América então quase se dividiu em duas. A união foi feita pela força. É sólida?

Desde a eleição de Trump, as batalhas pela memória nacional revelam feridas abertas. Quer se esteja lutando para preservar monumentos confederados ou para limpar a memória das honras feitas a Jefferson – o pai fundador com 600 escravos -, a Cristóvão Colombo ou a outros conquistadores que massacraram índios, a história americana, fervendo de ódios realimentados, parece ter entrado em erupção. “A manutenção da unidade dos Estados Unidos da América não está garantida”, escreve hoje o cientista político David French. Neste momento de nossa história, não há uma única força cultural, religiosa, política ou social importante que una os americanos mais do que os separa.”

Veterano do Iraque, advogado que lida com questões de liberdade religiosa, católico, era republicano convicto – chegou mesmo a pensar em disputar as primárias – antes de se descobrir “sem tribo”, depois que em 2016 seu partido passou a ser quase irreconhecível. É desse ponto de vista de apóstata que ele observa a desintegração da unidade nacional e o imenso fosso ideológico que pode muito bem levar à divisão. Seu livro mais recente, Divided We Fall, faz parte de uma série de livros lançados este ano que refletem a sensação de caos: Why We’re Polarized, do influente analista político Ezra Klein, Union: The Struggle to Forge the Story of United States Nationhood, do ensaísta Colin Woodard, Break It Up: Secession, Division, and the Secret History of America’s Imperfect Union, de Richard Kreitner, jornalista do semanário de esquerda The Nation, ou ainda American Secession: The Looming Threat of a National Breakup, do ensaísta pró-Trump F. H. Buckley… Uma espécie de colapsologia nacional, que olha para a mesma catástrofe: a desunião.

“Guerra das culturas”

O estado de polarização extrema é talvez a única constatação compartilhada por toda a população. Mais de um quarto dos americanos terminaram uma amizade ou cortaram laços com um membro da família desde a eleição de Donald Trump. Porque as divergências não são apenas políticas. Em 2008, em The Big Sort, o ensaísta Bill Bishop já notava a auto-segregação dos americanos em comunidades social e politicamente homogêneas. Ora, quando pessoas com ideias e sensibilidades semelhantes se reúnem, elas tendem a se tornar mais radicais. Para Lilliana Mason, professora da Universidade de Maryland e autora de Uncivil Agreement: How Politics Became Our Identity (2018), a identidade política não é mais do que um componente da identidade social: tornou-se um “mega-identidade”, que fornece informações sobre “as preferências partidárias de uma pessoa, bem como sua religião, raça, etnia, gênero, bairro e mercearia favorita”. Tudo é político.

A expressão “guerras culturais” remonta a um livro publicado em 1991 pelo sociólogo James Davison Hunter. Questões de família e valores religiosos, feminismo, direitos dos homossexuais, raça, armas e aborto já haviam redefinido a política americana. No futuro, teorizou ele, as divergências agudas em torno dessas questões seriam a espinha dorsal da política em uma nação polarizada. A expressão foi retomada por Pat Buchanan, que proferiu um discurso na convenção republicana de 1992: segundo ele, Bill Clinton, então candidato, ameaçava o país com uma guerra cultural religiosa ao promover “o aborto sob demanda, direitos dos homossexuais, discriminação contra escolas religiosas, mulheres em unidades de combate”. Trinta anos depois, o movimento Black Lives Matter, as mudanças climáticas, as políticas de saúde pública e os direitos dos transgêneros foram identificados como novas frentes na guerra das culturas.

“Em geral, os americanos podem ser classificados em dois campos: aqueles que veem as mudanças do último meio século como tendo efeitos positivos principalmente em suas vidas e na sociedade americana, e aqueles que veem os efeitos dessas mudanças como sendo principalmente negativos”, escreve o cientista político Alan Abramowitz. David French coloca a questão de outra forma: “A esquerda – que domina a mídia, a academia e a cultura pop – tem sido extraordinariamente eficaz em mudar a janela de Overton”, que define a estrutura para um discurso politicamente aceitável sobre determinado assunto.

“O resultado é que as forças que empurram a borda direita da janela de Overton se tornaram tão fortes que, de muitas maneiras, elas a deslocaram”, continua French. Não há mais uma janela, há duas. [Elas] estão se distanciando tão rapidamente uma da outra que agora é difícil envolver-se em conversas de boa fé, mesmo as mais elementares, sobre algumas das questões mais críticas que definem a política americana” Nem sobre o contrato social, a forma de educar seus filhos, o direito ao porte de arma ou sua proibição, nem sobre a imigração, o direito de voto, os direitos reprodutivos das mulheres, as ciências climáticas ou o uso de mascara. Visões contraditórias do futuro e do passado.

Polarização negativa

Os Estados Unidos estão enfrentando um fenômeno de polarização negativa. Em outras palavras, a filiação a um partido político é feita menos por adesão a sua linha do que por ódio e medo do partido adversário. Não apenas os americanos estão divididos, como também fantasiam amplamente sobre suas diferenças. De acordo com artigo de 2018 do Journal of Politics, os republicanos acreditam que 32% dos democratas são LGBT (6% na verdade), que a metade são negros (24% na verdade), que 44% são sindicalizados (11%). Os democratas acreditam que 44% dos republicanos têm 65 anos ou mais – o número real é de 21%.

Cada lado, afirma David French, é animado pela “convicção ardente de que o outro lado não só quer que seus adversários percam batalhas políticas, mas quer que existam em um estado de subordinação permanente e perigoso (talvez mesmo fatal)”. Em três anos, o número de americanos que dizem se sentir justificados em usar a violência para atingir seus objetivos políticos aumentou de 8% para mais de 33%, e as vendas de armas atingiram níveis recordes neste ano.

Esse estado de evidente divisão reativa uma retórica de guerra civil. No início de outubro, foi em Gettysburg, Pensilvânia, o local da batalha de 1863 que simboliza a nação dividida, que Joe Biden fez um discurso que traçou paralelos entre os Estados Unidos da América da Guerra da Secessão e a situação atual: novamente, disse ele, o país vive uma “batalha pela alma da nação”. Duas semanas antes, foi a “grandeza” do general Lee – o comandante do exército confederado – que Trump escolheu homenagear: “ele deveria ter vencido”, quase, lamentou-se, se não fosse por Gettysburg.

“Guerra Civil Fria”

Então haveria duas Américas em vez da união que Trump governa hoje. Ele regularmente se apresenta como o presidente de apenas uma parte da América: aquela que o apóia. Se gabando de seu histórico na pandemia, por exemplo: “Se você tirar os estados azuis [democratas]”, declarou, “estamos em um nível que acho que ninguém no mundo poderia alcançar.» Remover os estados azuis? “Muitas vezes encarado como não muito sério ou ilusório, o novo secessionismo – um retorno à Confederação – revela divisões na vida americana que talvez não sejam menos intratáveis %u20B%u20Bdo que aquelas que levaram à primeira Guerra Civil”, escreve Richard Kreitner .

Em 2018, 31% dos americanos acreditavam que uma guerra civil seria possível em cinco anos. A perspectiva está sendo explorada pela mídia de extrema direita, tanto para alimentar o temor de uma vitória democrata e seu hipotético surto de “antifas”, quanto para intimidar os liberais. Em um sentido menos literal de guerra, fala-se sobretudo de uma “guerra civil fria”. O processo de impeachment de Trump, as teorias de conspiração da extrema direita sobre o Estado profundo ou manifestações violentas são às vezes analisados por ambos os lados como sinais de uma guerra civil em ato.

“A guerra civil é como o dragão gigante que cochila da história americana, sempre pronto para se levantar quando menos esperamos e cuspir contra nós seu fogo insuportável”, escreveu o grande historiador David Blight no [The] Guardian. Esta nação, a mais diversa do mundo, é ainda uma experiência, e estamos mais uma vez em uma situação política que nos faz pensar se não estamos à beira de um novo tipo de conflito civil.”

Demandas secessionistas

Após a Guerra Civil, em 1869, a decisão da Suprema Corte do caso Texas v. White afirma que os estados não têm o direito de se separar unilateralmente. Mas a tentação separatista não desapareceu. Em 2012, quando Obama foi eleito, o site da Casa Branca recebeu petições de secessão de 50 estados; a do Texas foi o mais popular, com mais de 125.000 assinaturas. Na sequência da vitória de Trump, foi a ideia de um “Calexit”, uma Califórnia independente (majoritariamente progressista e em desacordo com o país em muitas questões da sociedade) que de repente ganhou popularidade.

Em 2017, uma pesquisa revelou que mais de 20% da população de Vermont acreditavam que o estado deveria considerar “deixar pacificamente os Estados Unidos e se tornar uma república independente, como fez de 1777 a 1791″. Reivindicações secessionistas são encontradas até mesmo nos dois últimos estados a fazerem parte da União, Alasca e Havaí. Há movimentos separatistas ao nível das regiões, das cidades. Projetos de secessionismo étnico, como o da Liga do Sul, que sonha em reconstituir uma neoconfederação branca. Propostas transnacionais, como a de Cascadia, uma bio-república progressista formada pelo norte da Califórnia, Oregon, estado de Washington e as províncias canadenses British Columbia e Alberta.

A lista de movimentos separatistas ativos também compreende projetos de República Negra, Sioux e Lakota … Há também propostas para dividir os Estados Unidos em dois, cinco, sete, seis, nove, onze, doze, treze pequenos países. “Paradoxalmente, a desunião tem sido uma de nossas únicas ideias verdadeiramente nacionais”, escreve Richard Kreitner. A secessão é o único tipo de revolução que nós, americanos, conhecemos e a única que tivemos a chance de ver.”

O medo da desunião

Afinal, os próprios Estados Unidos nasceram da secessão. Na sua história de quatrocentos anos [dos Estados Unidos] da América, Break It Up: Secession, Division, and the Secret History of America’s Imperfect Union, Richard Kreitner afirma que os fundamentos da nação sempre foram frágeis: “Desunião – a possibilidade de que tudo isso desabe – é um fio oculto em toda nossa história, da era colonial ao início da República e da Guerra de Secessão e além, passando pelo lendário século americano até nosso próprio período de instabilidade.” O mito de uma nação unificada não seria nada mais do que isso, “um mito”. A constante ameaça de desunião mostra mais a fragilidade da união do que sua capacidade de resistência?

“Antes da Guerra [da Independência], um dos principais argumentos contra a saída do Império era que a identidade britânica comum era uma das poucas coisas que permitia que as colônias permanecerem em paz”, escreve Colin Woodard em Union: The Struggle to Forge the Story of United States Nationhood. Se uma nação pode ser descrita como um povo com um senso de cultura, história e pertença comuns, na verdade havia meia dúzia no interior desses “Estados Unidos”. Depois da Revolução Americana, completa, a “solução ad hoc” foi celebrar a vitória comum contra os britânicos, mas as diferenças fundamentais não foram abordadas. O que tinham em comum os primeiros treze estados? “Só poderia ficar claro para todos que essas independências separadas, como as pequenas cidades da Grécia, estariam eternamente em guerra umas com as outras e se tornariam, a longo prazo, meros apoiadores e satélites das grandes potências europeias”, escreveu então Jefferson.

“Os fundadores são atormentados pela desunião”, explica Romain Huret, historiador dos Estados Unidos e diretor de estudos da École des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS). Viviam a angústia da ideia de que a união é composta por estados com sistemas econômicos e sociais muito diferentes, valores muito diferentes, e que será necessário acomodar divisões muito profundas. O sistema político foi inventado para lutar contra as divisões.” A Convenção Constitucional de 1787 foi convocada em resposta a esta crise crescente e forneceu um remédio legalista: um governo federal mais forte, limitado por freios e contrapesos. ‘O objetivo era garantir que nenhum bloco de colônias – nenhuma cultura regional – pudesse impor sua vontade às outras”, escreve Colin Woodard.

“Isso ajuda a explicar por que o culto à Constituição persistiu por tanto tempo: a ideia de ‘nós, o povo’ é muito poderosa”, comenta Jeffrey Rosen, presidente do National Constitution Center, organização que convida liberais e conservadores a discutirem o texto para além de lógicas partidárias. “Nestes tempos de grande polarização, talvez a única ideia com a qual os dois lados possam concordar é que a Constituição representa os ideais dos americanos”, continua. Eles não concordam em absoluto sobre o significado do texto. Mas eles concordam que a Constituição é nossa estrela polar. ”

Uma “quarta batalha pela Constituição”

Mesmo assim, Jeffrey Rosen acredita que o país vive sua “quarta batalha pela Constituição”. As três primeiras – a Revolução, a Guerra da Secessão e o New Deal – “lidavam todos com o tamanho e a extensão do poder federal”. A quarta batalha “faz eco às três anteriores e resume o status único da Constituição na vida americana como o documento impar, que tanto nos divide quanto nos une”. Com a confirmação da juíza Amy Barrett, nomeada in extremis por Donald Trump, “há seis votos na Suprema Corte para reviver a Constituição originalista”, explica Jeffrey Rosen.

Originalismo é uma filosofia constitucional defendida em particular pelo falecido juiz Antonin Scalia, mentor muito conservador de Amy Barrett, que defende uma interpretação da Constituição no sentido que tinha quando se tornou lei. Assim, Clarence Thomas, outro juiz originalista da corte suprema, considera que a maior parte das principais decisões tomadas desde o New Deal traíram o sentido original da Constituição e deveriam ser anuladas. Em contraste, o “constitucionalismo vivo” acredita que o significado do texto deve mudar com o tempo, à medida que a sociedade evolui.

A quarta batalha pela Constituição pode levar a uma série de decisões transformadoras que podem restringir significativamente o escopo do poder federal pela primeira vez desde 1937. “Este texto tem valor sagrado para alguns”, analisa Romain Huret. Os conservadores acreditam que este texto é divinamente inteligente, que cada palavra foi pesada. Mas podemos fazer interpretações literalmente opostas. A palavra “bem-estar” [welfare], por exemplo: o que os Pais Fundadores entendiam por “bem-estar”? Um convite à felicidade, como o Iluminismo? Ou pode significar o direito à segurança social? ”

Em busca da “própria origem” da nação

“Pode-se dizer que a história americana, a interpretação da revolução americana, sempre foi uma questão política”, resume o historiador Pap Ndiaye. A história dos monumentos confederados “erguidos nos anos entre as guerras, na década de 1950, sempre foi denunciada. A população afro-americana nunca concordou com a construção dessas estátuas, há uma longa história de protesto. As estátuas do General Lee são um século de opressão e segregação no sul.” Elas narram uma genealogia da vontade de afirmar o poder branco. As agitações e debates em torno da história americana não são tanto uma “destruição de nossa história”, como disse Donald Trump, mas o sintoma óbvio de uma necessidade de reescrever uma narrativa nacional que não seja fragmentada e mistificada. “As nações, escreve a historiadora Jill Lepore em This America: The Case for the Nation (2019), “são compostas de pessoas, mas estão unidas pela história (…). Há uma geração, a história americana se desfaz e a nação se desagrega. As nações, para entender quem são, precisam chegar a um acordo com seu passado.”

“Há um debate muito acalorado na América sobre a relevância dos fundadores”, observa Jeffrey Rosen. À esquerda, os progressistas argumentam que a fundação da América foi fatalmente marcada pela escravidão, na qual os próprios fundadores, quando proclamaram a igualdade, possuíam escravos e quase todos se opunham ao direito de igualdade das mulheres, e que é crucial sublinhar a imperfeição da história. Os conservadores replicam que os fundadores, embora tenham traído seus princípios de escravidão, abraçaram os ideais do Iluminismo, que mais tarde foram usados %u20B%u20Bpara acabar com eles. “Enquanto a América tiver uma política racial, ela terá uma memória de guerra civil política”, escreveu David Blight em 2001 em Race and Reunion: The Civil War in American Memory.

E se a certidão de nascimento da América não fosse a Revolução, mas a chegada dos primeiros escravos? Os historiadores têm debatido a questão desde que o New York Times lançou em 2019 um projeto de longo prazo denominado “The 1619 Project”, em referência à data em que um navio transportando vinte homens vindos da África chegou a Virgínia. Mais do que um pecado original, a chegada desses primeiros escravos constituiria a “própria origem” da nação, o ato fundador de um sistema que irrigou tudo que faz a América, sua riqueza, seu racismo, seu sistema eleitoral, de saúde, sua cultura …

O jornalista responsável pelo projeto recebeu o Prêmio Pulitzer. Os historiadores agora pedem que tal prêmio seja revogado, em nome dos “erros factuais, generalizações especiosas e interpretações forçadas” que sustentam seu projeto. Nas próprias colunas do New York Times, o jornalista Bret Stephens critica o projeto e sua visão “monocausal” da história nacional. “E quanto, por exemplo, às ideias da Primeira Emenda? Ou o espírito de abertura que trouxe milhões de imigrantes a lugares como a Ilha Ellis? Ou a visão de mundo iluminada do Plano Marshall e da ponte aérea a Berlin? (…) Que lugar ocupa o racismo anti-negro nas desonras americanas, como a brutalização dos ameríndios, a lei de exclusão dos chineses ou o internamento dos japoneses da América durante a Segunda Guerra Mundial?“ Por meio dessas conversas, buscamos o princípio explicativo, a razão de ser do país, que não mais reina sozinho no mundo, nem vive à altura de seus ideais fundadores. Talvez um dia eles tornem possível ressoar os “acordes místicos da memória”, como dizia Jefferson, que têm o poder de ligar o passado e o presente em um todo harmonioso.

*Publicado originalmente em ‘Le Monde’ | Via Carta Capital/ Tradução de Aluisio Schumacher

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Zé Dirceu escreve aos petistas pedindo união da esquerda no 2º turno para derrubar o bolsonarismo

Em carta enviada neste domingo (1) aos militantes petistas, o ex-ministro José Dirceu, líder histórico da esquerda e do PT, pede que o partido inspire-se no passado para “mudar sem mudar de lado e nos colocar à altura do desafio histórico”. Para Dirceu, o desafio destas eleições é construir alianças de unidade da esquerda. “Assim, no segundo turno, o foco é unidade para derrotar o bolsonarismo e eleger prefeitos de esquerda em todo Brasil. Com a mesma garra que lutaremos para levar nossos candidatos e candidatas para a vitória ou ao segundo turno, estaremos juntos para eleger nossos aliados e fazer avançar a luta por uma alternativa democrática e popular em 2022”.

Leia a íntegra da carta de José Dirceu aos petistas:

Aos petistas, a militância guerreira

Estamos há menos de 15 dias das eleições de 2020. Elegeremos vereadores e prefeitos, vereadoras e prefeitas. Quero me dirigir a todos e todas petistas e amigos, amigas e simpatizantes para agradecer, de coração, o apoio generoso a solidariedade de sempre comigo. E registrar também, de público, meu reconhecimento pela luta – dura, difícil e sacrificada – que travam nesse momento histórico de nosso Brasil e do nosso povo. Temos que ver a médio prazo e compreender que estamos acumulando forças. Essa batalha é uma das muitas que travaremos nos próximos anos para recuperar nossa soberania, nossa democracia e o desenvolvimento social, econômico, político e cultural. Não se trata de uma batalha qualquer: estamos reconstruindo as nossas bases nas cidades e a nossa imagem, reocupando as ruas e nossa relação com as classes trabalhadoras. Uma batalha sem recursos, depois de anos de defensiva e luta pela sobrevivência, quando nosso PT, Lula e nossas lideranças sofreram e foram vítimas de uma guerra jurídica e de uma perseguição implacável. Vivemos um golpe parlamentar jurídico que derrubou nossa presidente Dilma Rousseff e um processo político, sumário e de exceção que levou à condenação e à prisão de Lula, o impedido de ser candidato e de fazer campanha para nosso candidato Fernando Haddad.

Sabemos que enfrentamos uma batalha em várias frentes, seja contra o bolsonarismo ou a direita liberal, numa situação nova na qual o fim das coligações proporcionais e a cláusula de barreira conduziram os partidos de esquerda a candidaturas próprias. Por isso, nem sempre fomos capazes de compor chapas unitárias como em Porto Alegre, Belém e Florianópolis e em centenas de outras cidades.

Agora não é hora de balanços nem recriminações, muito menos de divisão. É hora de lutar como a militância tem feito e dado exemplos magníficos de sua abnegação e sacrifício pelo PT. É hora de fazer a diferença e dar uma arrancada rumo às urnas em 15 de novembro. É hora de levar nossas candidaturas ao segundo turno ou à vitória, principalmente nas grandes cidades e capitais e nas pequenas cidades de onde viemos muitos de nós, como eu.

Minha mensagem é de otimismo e esperança como tem sido todos meus artigos e entrevistas. O fio da história está conosco e é de um Brasil soberano, independente, democrático e justo. Nosso legado são os governos de Lula e de Dilma. Nossa luta resgata a história da classe trabalhadora e de nosso povo. Somos de esquerda, socialistas e vermelhos, somos o PT. Como no passado, saberemos mudar sem mudar de lado e nos colocar à altura do desafio histórico. Sabemos que não avançaremos sem alianças e sem unidade da esquerda. Assim, no segundo turno, o foco é unidade para derrotar o bolsonarismo e eleger prefeitos de esquerda em todo Brasil. Com a mesma garra que lutaremos para levar nossos candidatos e candidatas para a vitória ou ao segundo turno, estaremos juntos para eleger nossos aliados e fazer avançar a luta por uma alternativa democrática e popular em 2022.

 

*Com informações do 247

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Saúde

Boris Johnson: ‘Virulência da 2ª onda supera as previsões mais sombrias’

A declaração de um ex-negacionista como Boris Johnson, Primeiro-ministro britânico, afirmando que a ‘virulência da 2ª onda supera as previsões mais sombrias’ não vem do nada.

Primeiro-ministro da Inglaterra, que acabou de decretar um novo lockdown, mesmo contra sua vontade, certamente tem informações que sustentam sua fala macabra.

Na Alemanha, a segunda onda leva governadores a exigir que turistas deixem hotéis e saiam do estado.

Europa segue a mesma linha rumo a um novo ciclo de lockdown para poupar vidas.

França, Bélgica, Áustria e Grécia, seguem essa nova ordem imposta pela segunda onda da Covid-19.

No Brasil, em áudio que viralizou, médico de Bolsonaro diz que vacina contra Covid matou brasileiro. Na mensagem, que circula no WhatsApp, Macedo afirma também que doença não mata e pessoas não devem ser cobaias, referindo-se à vacina.

A realidade aqui diz o oposto: mortalidade já voltou aos níveis de antes da pandemia em mais da metade do país.

Mas não é só isso, número geral de óbitos sugere fim da primeira onda da Covid-19 em 15 estados brasileiros; leitos desativados viram risco para uma possível segunda onda, quando ainda está longe de terminar a primeira.

*Da redação

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Vídeo – Guedes: Se o pobre nordestino vive com R$ 200, por que pagar mais de auxílio emergencial?

Ministro da Economia diz que não trabalha com hipótese de segunda onda de coronavírus e condiciona extensão do auxílio emergencial em 2021 à aprovação de reformas.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na manhã desta quinta (29) que sempre foi contrário ao pagamento de auxílio emergencial acima de R$ 200 porque esta é a média paga ao “pobre nordestino” quando não há crise sanitária. Para Guedes, seria um “ultraje” pagar R$ 800 ao trabalhador informal do Sul, para cobrir sua renda durante o fechamento dos serviços não essenciais, se o “pobre nordestino” sempre viveu com valor bem inferior.

“Prudentemente eu lancei R$ 200 no auxílio emergencial logo no início por duas razões. Primeira razão é que eu não podia fazer um ultraje a quem já recebia assistência social. Como é que alguém do Nordeste ia aceitar se, a partir de amanhã, só porque alguém vive no Sul e ganhava R$ 800 – não confirmados, porque é um mercado informal, ela pode autodeclarar que ganhava esse valor – por que ela [o trabalhador do Sul] vai receber receber R$ 800 [de assistência do governo] agora se um irmão pobre nordestino ganha R$ 200? Então eu tinha que botar R$ 200 [pra todo mundo]”, disse Guedes.

“E pensando também: e se a crise durar dois anos? A gente aguenta, a gente tem fôlego. Com R$ 200, R$ 250, R$ 300, nós conseguimos estender essa cobertura por mais tempo. Então dado o grau de incerteza que havia naquele momento, eu [defendi], por uma questão condicionante ética, que é não pagar mais a alguém que está em necessidade se você paga a outro esses R$ 200, então coloca igual”, afirmou o ministro.

Durante reunião virtual com a comissão mista da COVID-19 no Congresso, Guedes afirmou que o auxílio emergencial pago durante a pandemia foi um programa “extremamente bem sucedido” porque conseguiu evitar a “convulsão social” entre as camadas mais pobres da sociedade.

O auxílio no valor de R$ 600 – que pode dobrar a depender das condições da família – foi aprovado pelo Congresso, contrariando o desejo do governo, que era de pagar valor inferior. O benefício foi estendido até o fim do ano, mas no patamar dos R$ 300.

Guedes disse que o governo não trabalha com hipótese de segunda onda da pandemia. Mas que, se isso ocorrer em 2021, haveria “fôlego” para estender o auxílio emergencial, desde que o Congresso aprove as reformas do governo Bolsonaro.

“Eu digo o seguinte: nós temos fôlego para seguir até o fim do ano. Dali pra frente, é um ponto de interrogação. Se não aprovarmos as reformas, teremos de novo um enorme desafio ano que vem se voltar uma segunda onda. Se voltar uma segunda onda, o que tenho dito é o seguinte: acredite na democracia brasileira. Ela dará a resposta. Nós temos uma ação tão fulminante e decisiva quanto nós tivemos. O que não podemos é, por falta de honestidade com nossos contemporâneos, e responsabilidade com as futuras gerações, em vez de enfrentar os reais desafios orçamentários, usar essa desculpa para estender tudo isso como se não houvesse amanhã. Para isso, não contem comigo”, disse Guedes.

Contrariando cientistas, o ministro ainda afirmou que “a verdade é que só estaremos livres desse pesadelos com a vacina surgir. Enquanto isso, estaremos vulneráveis e ameaçados.”

 

*Com informações do GGN

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Vacina, 5G e comunismo: o discurso casado de Bolsonaro e Trump contra China

Raramente uma semana passa sem que algum membro do governo de Jair Bolsonaro faça uma crítica à China. Em certos momentos, ela ocorre em público, por meio de frases do próprio presidente ou ministros. Mas também são várias as testemunhas que apontam como tal situação também faz parte dos bastidores da diplomacia em Brasília.

Não se trata de algo que ocorre por acidente. O governo brasileiro aderiu de forma explícita a uma ofensiva de Donald Trump, em possível fim de mandato, para frear a expansão chinesa, seja no comércio, em sua influência em entidades internacionais, na questão tecnológica ou mesmo em vacinas.

A percepção americana é de que o que está em jogo hoje é uma disputa pela hegemonia nos próximos 30 anos. Negociadores que circulam pela Casa Branca confirmaram à coluna que, nesse aspecto, o momento é o de construir muros para impedir que o eixo do poder se transfira definitivamente para a Ásia.

Essas mesmas fontes confirmam que, na administração americana, o papel do Brasil é considerado como estratégico na América Latina e nos organismos internacionais diante de um cenário de avanço da China em um mundo pós-pandemia.

Mas enquanto há um pacto neste sentido entre o Departamento de Estado norte-americano e o Itamaraty, a realidade das contas do Brasil aponta para uma outra direção. Hoje, mais da metade do superávit comercial do Brasil ocorre graças à sua relação com a China.

Dados oficiais do governo brasileiro indicam que, entre janeiro e setembro de 2019, o saldo positivo na balança comercial brasileira era de US$ 35 bilhões. Desses, US$ 20 bilhões vinham da China. Naquele momento, o Brasil mantinha um déficit pequeno com os Estados Unidos (EUA), de menos de US$ 400 milhões.

Brasil passou a ter relação mais deficitária com EUA em 2020

Mas, em 2020, com o desabamento da economia americana e barreiras impostas por Trump, o déficit do Brasil com os EUA superou a marca de US$ 3 bilhões. Se em 2019 o Brasil exportou US$ 22 bilhões ao mercado americano, o valor caiu para apenas US$ 15 bilhões este ano.

Já com a China, o caminho foi inverso. O país aumentou suas exportações ao mercado asiático, passando de US$ 46 bilhões em 2019 para US$ 53 bilhões em 2020, mesmo com a pandemia.

O saldo positivo do Brasil com os chineses, assim, passou de US$ 20 bilhões para quase US$ 29 bilhões. Se em 2019 a China representava 27% do destino de exportações do Brasil no período entre janeiro e setembro, essa taxa subiu para um patamar inédito de 33% em 2020.

Com esse salto, os chineses se distanciaram do segundo maior parceiro comercial do Brasil, os EUA. Em 2020, o mercado americano se contraiu para os produtos nacionais e representou apenas 9% dos destinos das vendas. Na prática, o Brasil exportou três vezes mais para a China.

“Hoje, do ponto vista econômica, o Brasil é mais depende da China que em qualquer momento da história”, disse Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenador do programa de pós-graduação da Escola de Relações Internacionais da FGV. “O que chama a atenção é que essa dependência aumentou”, disse.

Dependência do Brasil com a China deve continuar, avalia especialista

O especialista lembra que as taxas hoje do comércio brasileiro com a China se equiparam à situação que existia entre o Brasil e os EUA entre 1910 e 1914. “Nada indica que a dependência deixará de existir”, disse. Segundo ele, a recuperação mais rápida da economia chinesa pode inclusive aprofundar essa relação.

O desabamento nas exportações brasileiras para os EUA não se explica apenas por conta da queda da economia americana. No setor siderúrgico, por exemplo, o país abriu mão de parte de sua cota de exportação para o último trimestre de 2020, a pedido do governo Trump.

O compromisso é de que, em 2021, essa cota de cerca de 290 mil toneladas avaliada em milhões de dólares será compensada. Mas o que ficou nas entrelinhas das negociações era que a suspensão das vendas brasileiras ajudaria um setor econômico americano que poderia apoiar Trump na eleição.

A briga pelo 5G

Se os números do comércio apontam para uma dependência cada vez maior da China, na diplomacia o esforço vai justamente no sentido contrário.

Desde o início de seu governo, Donald Trump proliferou diferentes frentes de tensão contra a China. Washington aplicou barreiras no valor de mais de US$ 350 bilhões contra bens chineses, acusou empresas de Pequim de serem usadas no setor de tecnologia e de internet de espionar cidadãos e interesses americanos, criticou o governo chinês pela repressão em Hong Kong e contra a minoria muçulmana, ampliou a tensão nos mares da China e, mais recentemente, usou a pandemia para tentar denegrir a imagem do país.

Um dos aspectos mais críticos desse confronto é a tecnologia de comunicações, e a disputa por contratos de 5G seria apenas a primeira fase de uma crise maior entre as duas potências. O Brasil, portanto, é parte dessa guerra, ao ser cobiçado por ambos.

Há poucos meses, o procurador-geral dos EUA, William Barr, alertou que o avanço chinês nesse campo das telecomunicações 5G é uma das principais ameaças econômicas e de segurança nacional dos Estados Unidos. Segundo ele, se esse controle for estabelecido, Pequim usaria sua estrutura para impor uma vigilância a todos.

Segundo Barr, a Huawei e ZTE são responsáveis por cerca de 40% do mercado global de infraestrutura 5G, num mercado avaliado em trilhões de dólares.

 

*Jamil Chade/Uol

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Janio de Freitas: Firmeza de Mourão não é a de opinião pessoal

Entrada repentina do vice nos temas da vacina e do 5G indica a voz que fala mais grosso.

O firme pronunciamento do vice Hamilton Mourão, contraposto a afirmações incisivas de Bolsonaro, suscita duas interpretações, mas é provável que as duas sejam uma só, com duas roupagens. E, como preliminar, note-se que o dito pelo vice tem mais do que o sentido de confronto, estendendo-se a importante inversão nas relações externas.

Bolsonaro vetou a compra, em qualquer tempo, de vacina chinesa contra a Covid-19: “Não vai haver compra, ponto final”. Antes, usou do mesmo tom definitivo a propósito do sistema 5G, que revolucionará as possibilidades de comunicações. Atrasados na criação do seu sistema, os Estados Unidos de Trump não admitem que o Brasil adote o sistema chinês, o qual, além da vantagem em tempo, evitaria custosas mudanças nos equipamentos de telecomunicações usados aqui, com muitos componentes chineses.

No seu estilo sucinto e de uso das entrelinhas, Mourão antecipa-se a novidades prenunciadas na campanha eleitoral americana. Joe Biden já indicou mais de uma vez que, se eleito, esvaziará a tutela imposta pelos Estados Unidos na América Latina. Com isso, aos países e só a eles caberia a escolha de suas relações comerciais e políticas. Não é o desejado por Bolsonaro, servil a Trump: “Quem vai escolher sou eu. Sem palpite por aí”.

O general-vice, porém, é claro: desde que asseguradas “soberania, privacidade e economia”, qualquer produtor de sistema 5G estará apto a disputar a adoção brasileira. O que, é claro, incluirá o sistema chinês indesejado por Bolsonaro.

A firmeza de Mourão não é a de opinião pessoal. Também não é a do vice de um governo que tem posição pública oposta.

Na competição política com João Doria em torno da vacina Sinovac, chinesa, a irracionalidade natural de Bolsonaro está perdendo. Mourão tanto parece dar-lhe um socorro, como parece aplicar-lhe um safanão excludente: “É lógico que o Brasil vai comprar o imunizante. O governo não vai fugir disso aí”, dos 46 milhões de doses previstos de início.

O passado guarda vários casos de divergência embaraçosa entre Bolsonaro e Mourão. As diferenças na comparação com as atuais começam no ambiente. O que lá atrás eram previsões, hoje é o notório desgaste do Exército, com os papéis deploráveis de vários do seus generais instalados no governo.

São exibições ora de arrogância e desatino, ora de ignorância e servilismo, diversas vezes de pusilanimidade sob ofensa e desmoralização. Isso tudo como personagens de um governo imbecilizado, destruidor, ridículo no fanatismo, negocista com o patrimônio nacional, sem projeto e sem rumo, antissocial e mortífero.

A interpretação de que Hamilton Mourão veio fortalecer as críticas dos generais Santos Cruz, mais diretas, e Rêgo Barros é cabível. Até óbvia. Mas a entrada repentina de Mourão em dois temas de grande relevância atual, em ambos levando Bolsonaro à beira do abismo, não é voz de decepções, arrependimento ou ressentimento. É voz mais grossa.

De modo diferente do planejado sob indução e orientação do general Eduardo Villas Bôas —quando, apesar de quase invalidado por doença neuromuscular, comandava o Exército porque visto como democrata—, estamos vendo os passos iniciais de um governo mais sob decisões e comando de militares do Exército do que de Bolsonaro e seu grupo.

O títere do plano, o presidente-laranja, fracassa. Se deterá os passos adversários, logo se verá. Enquanto isso, é justo reconhecer que o tropeção dessa aventura antidemocrática se deve tanto a Bolsonaro quanto aos generais ineptos que o circundam.

Dois coadjuvantes

A reunião de Bolsonaro com advogados de seu filho Flávio, no crime das “rachadinhas”, contou com duas presenças inadmissíveis: Augusto Heleno Pereira e Alexandre Ramagem. O general do Gabinete de Segurança Institucional e o delegado da Polícia Federal que dirige a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Dois cargos que proporcionam meios múltiplos de interferências em investigações policiais, em conduta de envolvidos e em ação do Ministério Público.

O procurador Lucas Furtado, frequente condutor de questões importantes no Tribunal de Contas da União, pediu que o tribunal investigue o uso de meios governamentais para favorecer o complicado Flávio Bolsonaro. Mas são necessárias providências também em outros âmbitos.

Bolsonaro não chamou assistentes jurídicos. Logo, Augusto Heleno e Ramagem estiveram na reunião em razão dos seus cargos, usando-os em ato contra a comprovação de crimes graves como o de corrupção para apropriação de dinheiro público.

 

*Janio de Freitas/Folha

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Esporte

Vídeo: O bolsonarista Anderson Silva foi nocauteado em sua despedida

Seguindo a tradição dos bolsonaristas amaldiçoados que viraram pó no UFC, depois que declararam apoio ao racista Bolsonaro, Anderson Silva, um dos mais entusiasmados apoiadores de Bolsonaro, fez sua despedida dos ringues de forma melancólica após ser tratorado por Uriah Hall Highlights.

Anderson Silva, que durante a campanha de 2018, usou as redes sociais para declarar seu voto em Bolsonaro, em nome da “moralidade pública”, imagina isso, acaba se tornando símbolo da derrocada de um governo a caminho da ruína, engrossando a lista de estrelas do UFC nacional que sucumbiram ao bolsonarismo e, em seguida, foram punidos por derrotas acachapantes, não ficando um único de pé.

Abaixo seguem os momentos finais em que Anderson toma um cruzado, desaba e recebe uma saraivada de golpes do seu oponente, obrigando o juiz a encerrar a luta, dando vitória por nocaute a Uriah Hall Highlights.

https://youtu.be/Md9SIbctY2Q?t=7

*Carlos Henrique Machado Freitas

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A multa da Petrobras com os americanos foi sete vezes maior do que o valor que a Lava Jato diz ter recuperado

Quem se esquece dessa imagem em destaque em toda a mídia nacional em que Dallagnol entrega para a Petrobras o cheque da mixaria recuperada, enquanto, fora dos holofotes, a mesma Lava Jato produzia o maior rombo nos cofres da maior estatal brasileira?

Pois bem, sabe-se agora que a multa da Petrobras com os americanos foi sete vezes maior do que todo o valor que a Lava Jato diz ter recuperado.

A informação foi dada pelo Globo, de que, primeiro o nome de Lula e do próprio PT jamais foram citados pela Petrobras no documento enviado pela empresa à justiça americana.

Por esse motivo, toda a farsa da Lava jato cai por terra, afinal, Dallagnol, Moro e o restante do califado de Curitiba montaram até aquele powerpoint ridículo para dizer que Lula era o chefe do maior roubo da humanidade. Tudo com o aval dos holofotes e microfones da Globo, ao vivo e a cores.

Ora, quem deu essa informação foi uma das vozes dos Marinho, Ascânio Seleme, em seu artigo neste sábado (31) no Globo:

“Para não virar ré nos EUA, a Petrobras concordou em pagar US$ 4,8 bilhões em multas, o que corresponde a R$ 27,7 bilhões. O valor é sete vezes maior do que as sentenças da Lava Jato devolveram aos cofres da estatal.”

Quando se junta essa informação com as da Vaza Jato que, desde 2015, aqueles R$ 2,5 bilhões para a tal fundação Dallagnol, como disse Gilmar Mendes, já haviam sido acordado, como mostrou o Intercept nas mensagens trocadas entre os procuradores da Força-tarefa, todos tinham consciência do gigantesco prejuízo que a Petrobras e, consequentemente o Brasil amargariam, em compensação, também sabiam, desde 2015, quanto os procuradores, usando o velho subterfúgio de uma fundação para lavar dinheiro renderia à camarilha curitibana.

Em outras palavras, quanto mais se mexe no submundo da Lava Jato e as peças vão se encaixando, mais fede e se vê que Lula foi condenado de forma criminosa por um bando que a cada dia se desmoraliza mais por uma série de crimes que cometeu em nome da justiça. Vê-se também como o sistema de justiça no Brasil deixou livre, leve e frouxo correr na cara de todos um sistema porcamente montado para uso político contra o PT, ao mesmo tempo em que produziu um rombo gigantesco na Petrobras que, se a PGR não cortasse as asinhas dos espertos, comandados por Moro e Dallagnol, essa turma embolsaria R$ 2,5 bilhões sem dar satisfação a ninguém. E os ladrões ainda sairiam, como tentaram fazer durante cinco anos, como os grandes heróis nacionais, como diziam os tolos de plantão.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Opinião

Vídeo: Na Globonews, ao vivo, Mônica Waldvogel é desmentida pelo presidente da Anvisa

Imprudente e afobada, Mônica Waldvogel, certamente, sem checar a informação, acusou a atual diretora da Anvisa, Cristina Gomes de, como diretora do hospital de Bonsucesso, confundindo com Luana Camargo da Silva, ter gasto R$ 156 mil em festa promovida por ela. Na verdade, Luana Camargo foi antecessora de Cristina Gomes, a quem Waldvogel acusou, como esclareceu o entrevistado, Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa.

Antônio Barra Torres respondeu à Mônica, a Dra. Cristina Gomes veio depois dessa diretora que você citou, dizendo a ela que foi mal assessorada e que a informação estava completamente errada, deixando a entrevistadora nitidamente constrangida

Para piorar, Marcelo Cosme, âncora do programa “Em Pauta”, vendo o tamanho da lambança da jornalista, interrompeu o presidente da Anvisa e, numa cena dantesca, desrespeitou a fala do entrevistado que apenas corrigia a informação errada da Globonews.

Como pode ser confirmado no vídeo abaixo, travou-se um debate em que Mônica se saiu muito mal, mesmo pedindo desculpas pela varada n’água.

*Da redação

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