Instituições não repassam integralmente corte da Selic; diferença entre juro cobrado do cliente e custo de captação aumentou 1,4 ponto percentual.
A queda da taxa Selic foi muito comemorada pelo mercado financeiro, mas os bancos comemoraram ainda mais: o corte não foi repassado aos clientes, e os ganhos obtidos com o spread bancário (diferença entre a taxa cobrada do cliente e o custo de captação) aumentaram em 2019, segundo dados divulgados pelo Banco Central.
A taxa Selic é usada como referência para o custo de captação de dinheiro dos bancos. Em 2019, o índice caiu dois pontos percentuais, de 6,5% para 4,5% ao ano.
Porém, o spread geral das taxas de juros das concessões de crédito pelos bancos chegou a 18,4 pontos percentuais, alta de 1,4 ponto percentual no ano (e queda 0,9 ponto em relação a novembro). Já a taxa média de juros das contratações – considerando os empréstimos a pessoas físicas e empresas – atingiu 23% ao ano, com recuos de 0,9 ponto no mês e de 0,2 ponto em 12 meses.
Nas linhas de crédito livre (sem destinação específica), a taxa de juros chegou a 34% ao ano, após redução de 2,1 ponto no mês e de 1,6 ponto percentual em 12 meses. O crédito às famílias atingiu uma taxa de juros média de 47,3%, com queda de 2,8 pontos no mês, destacando-se os recuos em crédito pessoal não consignado (-8,4 ponto percentual, para 94,6% em dezembro), cheque especial (-4,1 ponto, atingindo 302,5% em dezembro) e cartão rotativo regular (-6,7 ponto, para 287,1%).
No crédito às empresas, a redução da taxa foi de 0,8 ponto percentual em dezembro, para 16,5% ao ano. Excluindo-se as operações rotativas, a taxa média de juros do crédito livre situou-se em 24,7%, recuando 1,3 ponto no mês e 2,5 ponto no ano.
Outro indicador que mostra o ganho dos bancos em 2019 é o ICC (Indicador de Custo de Crédito), que é um detalhamento de como o juro cobrado do consumidor paga despesas, impostos e gera receita para o banco. Segundo os dados do BC, a média de custo de toda a carteira do sistema financeiro ficou em 20,4% ao ano, com queda de 0,1 ponto percentual no ano e de 0,5 ponto no mês de dezembro.
Como a queda dos juros para o cliente ficou abaixo da redução da Selic, os bancos aumentaram seus ganhos no ano ao não realizarem o repasse integral do corte da taxa de juros aos clientes.
De acordo com o BC, o saldo das operações de crédito do sistema financeiro nacional (34% do crédito ampliado) somou R$ 3,5 trilhões em dezembro de 2019, com expansão de 1,6% no mês, refletindo elevações de 1,8% em pessoas jurídicas (saldo de R$1,5 trilhão) e de 1,5% em pessoas físicas (R$2 trilhões).
No ano, a carteira total cresceu 6,5% (5% no ano anterior), com expansões de 11,7% no crédito às famílias e de 0,2% no crédito às empresas. A relação crédito/PIB atingiu 47,8%, com elevação anual de 0,5 ponto percentual.
No puxa e estica entre Moro e Bolsonaro, a Globo não ficaria de fora.
Colocou Merval Pereira, o cão de guarda mais adestrado dos Marinho, para assinar a ameaça da Globo a Bolsonaro para que ele não toque num fio de cabelo do candidato deles.
A xaropada assinada por Merval, tem os mesmos palavrórios de sempre. Moro, o herói sem mácula que nem o Intercept conseguiu fazer arranhão na sua aura santa porque segundo o Globo não houve nada de errado nas relações pra lá de promíscuas entre juiz e procuradores e muito menos Merval lembrou que Dallagnol em troca de mensagens com Moro avisou que sem publicidade midiática não seria possível condenar, prender e tirar Lula da disputa eleitoral, já que Dallagnol admitia que não tinha prova alguma contra Lula.
O interessante é que, para a Globo não tinha nada, mas não teve coragem de mostrar as mensagens vazadas em seus telejornais para não sujar a imagem de seu santo do pé de barro.
Na verdade o artigo de Merval é uma prévia de como a Globo venderá Moro, o candidato dos Marinho para a presidência em 2022.
Moro será uma xerox de Collor, o “caçador de marajás” e os Marinho apostam na sua popularidade construída pela Globo para vendê-lo como o “caçador de corruptos”
Seja como for, a Globo mostrou os dentes para Bolsonaro e o chamou de paranoico por querer tirar de Moro a pasta da segurança pública mostrando que está disposta a disparar uma artilharia contra o governo se o objetivo de Bolsonaro for mesmo o de demitir Moro para tirá-lo da disputa em 2022.
Moro acha que está cacifado pela farsa da Lava Jato no mundo encantado do gado bolsomorista.
Gaspari, por sua vez, aposta que não e já abre sua matéria, no Globo, com o título: ” Os indemissíveis são dispensáveis”
Gaspari não dá voltas ou coloca panos quentes na guerra entre Bolsonaro e Moro e conclui que a relação entre eles está estragada.
É nítida a irritabilidade de Gaspari ao tratar Moro como xerife da Lava Jato, e cita que, no passado, outros intocáveis do governo se tornaram tocáveis e nada aconteceu de especial a favor deles como foi o caso de Funaro com Sarney e Golbery com Figueiredo.
Ou seja, Gaspari aposta na velha máxima citada por ele no artigo sobre uma possível demissão de Moro:
“Pode acontecer isso ou aquilo, mas sobretudo pode não acontecer nada”
Para Moro, a resposta à crise entre ele e Bolsonaro é fustigar Bolsonaro expondo seu telhado de vidro e mostrando que tem pedra o suficiente pra fazer um estrago em seu teto.
A imagem que Moro se deixou fotografar, é um nítido recado a Bolsonaro e uma clara provocação de seu declarado adversário político para 2022.
Nela, aparecem os cavalheiros templários da Lava Jato, Moro, Bretas e Maurício Valeixo, da PF, pivô do entrevero entre Moro e Bolsonaro pelo fato de Bolsonaro querer tirar Valeixo do comando da PF.
Bolsonaro entendeu o recado de Moro e deu o troco nele nesta quarta-feira (29), um dia depois da provocação, resolvendo convocar no Palácio do Planalto o diretor da Abin, Alexandre Ramagem – novo cotado para assumir a PF.
A reação dos bolsomoristas foi instantânea contra a atitude de Bolsonaro, mostrando que Moro já tomou seu trono no rebanho bolsonarista.
A verdade é que essa guerra entre Moro e Bolsonaro ainda nem começou e, quando começar de fato, vai espirrar muita sujeira de ambos os lados porque o que não falta é podridão na ficha corrida dos dois.
Jason, do sexta feira treze, é o personagem perfeito para mostrar o lado doce do próprio Bolsonaro no Expo Brasil, uma campanha da Embratur que prevê associar grandes estrelas de Hollywood à imagem do Brasil.
Possivelmente, o filho 02 de Bolsonaro, Carluxo, será representado, nessa nova imagem, pelo simpatissíssimo Chuck. E a milícia de Rio das Pedras como sindicato do crime.
O fato é que não faltam personagens de filmes americanos para melhorar a imagem de Bolsonaro, considerado hoje mundialmente um monstro planetário, principalmente por seu ataque incendiário no dia do fogo, na Amazônia, comandado pelo Planalto.
Se a Amazônia lá fora é considerada o pulmão do mundo, Bolsonaro é visto como a Chernobyl tropical ou o cano de descarga do planeta.
Assim não vai faltar grana para vender o Brasil pra gringo ver, pois o orçamento da Embratur saltou de US$ 8 milhões para US$ 120 milhões de dólares, o que significa R$ 503 milhões de reais na cotação de ontem. Tudo para divulgar um Brasil amável e combater as “falsas histórias que são compartilhadas na imprensa mundial de um presidente incendiário com instinto de imperador assassino”.
O planejamento estratégico foi elaborado pelo presidente da Embratur e sua equipe. Empresário, sanfoneiro, Gilson Machado, tornou-se uma das pessoas mais próximas de Bolsonaro figurando com frequência as lives transmitidas pelo presidente incendiário, integrando suas comitivas em viagens dentro e fora do Brasil. Machado é também íntimo dos filhos de Bolsonaro, tipo Queiroz da Embratur.
O fato é que a Embratur multiplicou sua verba em quinze vezes a pedido de Machado para que pudesse bombar a imagem de Bolsonaro. E entre os principais focos dessa estratégia está o patrocínio de filmes, assim como documentários, sendo duas produções sobre a Amazônia, segundo o próprio Bolsonaro que prevê a venda da Amazônia como um parque temático para visitação de estrangeiros, tendo Sharon Stone protagonizando o papel de uma espécie de Jane tropical do Brasil paraíso.
Mas a coisa não para por aí, Mickey e Minnie também terão experiências divertidas nesse Bolsonaro Word, como Zé Carioca e Carmen Miranda serão ressuscitados e reconfigurados para empreender a ideologia capitalista que está por trás dessa Amazônia de Bolsonaro.
Possivelmente, madeireiros, grileiros e posseiros serão vendidos como desbravadores da floresta em prol do desenvolvimento “sustentável” e índios e quilombolas como pragas amazônicas que precisam ser incorporados na sociedade de consumo ou varridos da floresta.
Em outras palavras, é isso, usar a produção de Hollywood com dinheiro público jorrando dos cofres da União para vender a Amazônia como se ela fosse uma grande Disney e Bolsonaro uma espécie de Gandhy florestal.
Tudo isso acontece depois que o documentário, Democracia em Vertigem foi indicado ao Oscar.
Esse é o Brasil atual. Isso é como engolir sopa de arame farpado. Regina Duarte aceita oficialmente ser a Damares da Cultura, devendo R$ 319 mil aos cofres públicos via lei Rouanet e, de lambuja, uma caravana de sertanejos, ao lado de Dedé Santana, vão ao encontro de Bolsonaro para que “corte as asinhas” de quem paga meia entrada em shows e teatros.
O resto dessa história miserável é a ressurreição dos zumbis de um país que está em coma desde o golpe contra Dilma.
É uma tragédia estomacal a que assistimos, um vírus bolsonarista que pretende criar uma futura geração de idiotas implacáveis e espalhá-los pelo país inteiro.
Sim, a idiotização da sociedade, mas principalmente da juventude brasileira é o projeto mais ambicioso do governo Bolsonaro. Por isso o MEC está em frangalhos, assim como o INSS vivendo um desastre administrativo. A economia submersa no próprio hiperliberalismo e a bolsa de valores vivendo uma grande bolha.
Tudo em nome do combate ao comunismo, o mesmo comunismo de ficção que Olavo de Carvalho propaga, há décadas, e que manteve todos os mandatos de Bolsonaro como deputado.
Enquanto isso, os banqueiros, gargalhando, aumentam o custo do cartão de crédito. Um governo que dias atrás prometia baixar a crista da agiotagem. Fazer o quê? Os bandidos no Brasil são assim, são investigados por banditismo, como é o caso de Flávio Bolsonaro e, consequentemente o resto do clã. Regina Duarte vira secretária de Cultura dando um calote de R$ 319 mil no erário e Moro, o juiz corrupto e ladrão, segue ministro da Justiça e Segurança Pública, fechando com chave de ouro esse inferno de Dante tropical.
Sob anonimato, funcionários do MEC denunciam que governo abriu mão de cálculo para verificar itens do exame. Sem esse procedimento, os funcionários denunciam que não é possível ter 100% de confiança nos resultados.
Eles disseram, sob condição de sigilo, ao jornal Folha de S.Paulo que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) refez a conferência dos desempenhos dos participantes, mas não recalculou a proficiência dos itens usados nas provas do exame.
O procedimento traria maior segurança para os resultados, mas esse cálculo levaria mais tempo para ser concluído. O governo Bolsonaro preferiu abrir mão dessa análise para dar uma resposta rápida aos erros e manter o cronograma do Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
SÃO PAULO, SP, 24.10.2017: FÓRUM-SP - O juiz federal Sérgio Moro e o procurador federal e coordenador da Lava Jato no MPF, Deltan Dallagnol, no Fórum Mãos Limpas & Lava Jato, promovido pelo jornal Estado de São Paulo em São Paulo. (Foto: Jorge Araújo/Folhapress)
Na verdade, toda a força-tarefa da Lava Jato estaria atrás das grades se a justiça no Brasil fosse minimamente séria, porque, junto com Moro, formaram uma organização criminosa dentro do aparelho judicial do Estado brasileiro.
Como bem disse Gilmar Mendes, eles monetizaram a Lava Jato como um metal precioso, transformando uma operação de justiceiros em máquina de ganhar dinheiro.
Para afirmar isso nem precisa de Vaza Jato, basta olhar a olhos nus o que tentaram fazer com R$ 2,5 bi da Petrobras, com a esparrela de dizer que usariam esse dinheiro público para que o juiz e os procuradores corruptos criassem uma ONG privada com o objetivo de combater a corrupção.
O “combate à corrupção”, no Brasil, transformou-se num mote para pilantra virar herói de combate a crimes praticados pelos próprios. E isso está escancarado na tentativa de Dallagnol e cia. de tungar esses R$ 2,5 bi da Petrobras.
Glenn prestou um serviço inestimável ao pais desmascarando essa corja que não teve nem como negar a veracidade das mensagens gravadas.
Eles tiveram que apelar para um suposto hacker e criminalizar quem revelou os crimes praticados em série por Moro e seus miquinhos amestrados do MPF de Curitiba, tão vigaristas quanto o atual ministro da justiça.
Mas como estamos no Brasil, um ministro do STF como Barroso faz discursos calorosos de apoio a esses bandidos com a justificativa de que as revelações, que são 100% verdadeiras, foram adquiridas de forma ilegal.
Para Barroso, no país do nonsense total, isso prova que a organização criminosa não é assim tão criminosa e, com isso, o país vai assistindo ao judiciário mergulhar na inédita e maior desmoralização da história da República.
FILE PHOTO: Federal deputy Jair Bolsonaro, a pre-candidate for Brazil's presidential election, attends a presidential debate in Brasilia, Brazil June 6, 2018. REUTERS/Adriano Machado/File photo
Em contrapartida ao hashtag #BolsonaroSabotouoBrasil, que viralizou no twitter ontem, os gênios da propaganda nazobolsonaristaresolveram contra-atacar criando hoje uma pérola, #BolsonaroSalvouOBrasil, o que se transformou chacota instantânea no twitter, alcançando o topo da rede social.
Essa realidade paralela, criada artificialmente para amealhar um gado que anda mugindo mais contra do que a favor de Bolsonaro, por seu furdunço com Moro, sequer entrou no pasto a partir do diapasão do berrante zunido pelo escritório do ódio, comandado pela hiena Allan dos Santos.
Isso é uma boa pista para mostrar que a sociedade hoje, de maneira geral, está reagindo a todos os artifícios burlescos de um governo que tem o prazer supremo de destruir o país e aniquilar com a educação, com a saúde, com o INSS, com os direitos dos trabalhadores, com as aposentadorias, num massacre covarde às camadas mais pobres da população para beneficiar os 10% mais ricos do país.
Hoje, não há Cristo na rua que defenda Bolsonaro, quando muito, diante de uma crítica ao ex-mito, seus eleitores se fecham em copas, ficam mudos, fazendo boca de siri e cara de paisagem.
É um caso tão complicado que fica até difícil fazer oposição a um governo que, em cada medida, já vem com a oposição pronta, tal o festival de lambanças, incompetência que a cada dia fica mais explícito ser feito como algo pensado, porque nem os mais burros dos burros, o mais idiota dos imbecis, se equipara aos ministros de Bolsonaro. Ele escolhe a dedo o que existe de mais lixo na sociedade para cumprir uma agenda criacionista, terraplanista, burrista, idiotista e imbelicista.
Ainda terá Regina Duarte engrossando o cordão da vergonha alheia com sua hipocrisia costumeira, agora desmascarada pelo beiço que deu na lei Rouanet, chegando ao trending topics do twitter, nas biroscas, bocas malditas no quesito vergonha nacional.
Assim a rapaziada, que é mantida numa mansão na zona rica de Brasília, às custas dos cofres públicos para produzir ódio e fake news, resolveu ter uma ideia de gênio e criar a pantomima #BolsonaroSalvouOBrasil e o tiro se transformou numa bomba atômica saindo pela culatra, indo parar direto nas fuças dos gênios do marketing bolsonarista.
As forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) na República Democrática do Congo (RDC), chamadas pela abreviação MONUSCO, sofreram deficiências consideradas como “críticas” em sua gestão, que passou pelo comando do general Carlos Alberto Santos Cruz. Ele ocupou a chefia da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro.
Uma auditoria realizada pelo Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU e obtida pelo UOL aponta a falta de levantamentos sobre as operações militares, e ainda o desrespeito à norma que exigia que autoridades civis e de direitos humanos fossem consultadas antes de operações. A MONUSCO foi a primeira operação armada da ONU na RDC e a maior missão de estabilização da entidade.
Não existia também, segundo as Nações Unidas, a prevenção sistemática de possíveis danos colaterais. Além disso, a frequência de patrulhamento estava abaixo das metas estabelecidas.
Santos Cruz foi procurado pelo UOL, mas não respondeu os questionamentos da reportagem até o fechamento.
O exame da operação se refere ao período entre janeiro de 2015 e setembro de 2016. Em mais da metade do tempo avaliado, as forças eram comandadas pelo general brasileiro. Ele ocupou o posto de 2013 a dezembro de 2015, num momento que foi considerado como chave para o conflito.
Após deixar o governo brasileiro, em 2019, o general voltou a prestar serviços à ONU e, na semana passada, entregou à chefia da entidade um informe sobre os desafios das tropas de paz no país africano. O foco era a onda de ataques a civis na região de Beni.
Danos colaterais desconhecidos
Mas, no informe sobre a gestão das operações, um aspecto que preocupou especialmente a auditoria foi a falha encontrada na preparação de estimativas de danos colaterais, nas avaliações de danos de batalha e mesmo nas revisões sobre as operações, uma vez terminadas.
Pelas diretivas da ONU, exige-se que “os militares estimem os danos colaterais antes de cada ação letal e conduzam avaliações dos danos de batalha para estimar com precisão os efeitos resultantes do uso da força letal”. A instrução “também exige que os militares conduzam uma análise pós-ação para as grandes operações militares, a fim de avaliar a eficácia das operações e a sua utilização como lições aprendidas em operações futuras”.
Até aquele momento, nove grandes operações militares tinham sido realizadas envolvendo força letal, como artilharia e fogo de morteiros e helicópteros de ataque para proteger civis na área do Beni, na RDC.
Entretanto, os militares não tinham relatórios de revisão pós-ação para quatro das nove principais operações militares. Também inexistiam provas de suas avaliações de alvos para nenhuma das nove operações.
“A componente militar informou que as estimativas de danos colaterais foram preparadas no Quartel-General da Força durante o processo de definição dos alvos. Contudo, não existiam registros do processo de alvo para as nove operações”, alertou a auditoria.
Sem os registros, a auditoria ainda lembrou que não haveria como melhorar a eficácia de operações futuras e nem “ter informação adequada e fiável para avaliar a oportunidade e eficácia das suas operações militares”. A MONUSCO, segundo o informe, aceitou a recomendação.
Operações militares à revelia de autoridades civis
A conclusão do levantamento é de que existiam estruturas e diretrizes adequadas para orientar operações militares para a proteção de civis. Mas nem os processos e nem mecanismos estabelecidos eram sempre cumpridos. Portanto, não havia como saber se eram “eficazes”.
Os militares indicaram que, devido à necessidade de assegurar a confidencialidade, não envolveram os departamentos civis da ONU ou de Direitos Humanos no planejamento de operações militares. Mas garantem que eles foram informados. Para a auditoria, isso não era suficiente.
“Devido à falta de envolvimento sistemático dos componentes civis no planejamento de operações militares, existia o risco não mitigado de as estratégias de mitigação e ações corretivas adequadas não serem integradas na execução destas operações”, alertou a auditoria.
Em suas recomendações, o levantamento pediu que a MONUSCO implementasse a estratégia das Nações Unidas para a proteção da população civil.
Somente em fevereiro de 2017 as primeiras reuniões com os representantes civis das missões foram realizadas.
Falta de registro Outra deficiência registrada pela auditoria foi a falta de registros sobre as operações. “O componente militar não registrou as ações tomadas em resposta aos alertas e relatórios recebidos, incluindo descrições, datas e horários das suas ações”, alertou o documento.
A explicação dada pelos militares era de que não estavam “totalmente conscientes dos procedimentos de atualização do sistema” e aceitaram a recomendação apresentada.
Patrulhamento insuficiente A análise realizada nas tropas no país africano revelou ainda que “apesar do padrão de aumento da violência, como o estupro e o rapto de civis à noite, os militares não conduziram patrulhas noturnas suficientes para lidar com as ameaças prevalecentes”.
“Das 51.117 patrulhas realizadas em áreas afetadas por conflitos no ano financeiro de 2015/16, apenas 30 por cento (15.423) eram patrulhas noturnas”, alertou.
Num dos locais examinados, o contingente militar de patrulhas realizou entre 29 de Maio a 18 de Junho de 2016 apenas três operações durante a noite, com 55 pelo dia.
“Isso ocorreu porque o componente militar não ajustou as suas patrulhas com base em ameaças emergentes e a missão não tomou medidas eficazes para assegurar que os militares tivessem equipamento noturno funcional em conformidade com os respectivos memorandos de entendimento”, constatou.
Um exemplo foi o contingente militar em Beni e Bunia, que se queixara da falta de dispositivos de visão noturna. A auditoria descobriu que os dispositivos noturnos “estavam em caixas seladas, sem baterias e sem outras peças sobressalentes para os tornar funcionais”.
“Como resultado, não havia garantias adequadas de que a componente militar tivesse respondido à tempo às ameaças contra civis, que ocorreram na sua maioria entre 18h e 6h. Por exemplo, todos os grandes ataques na área de Beni e 59% dos 173 incidentes e violações graves contra civis em Bunia durante o período de janeiro a setembro de 2016 ocorreram à noite”, apontou a ONU.