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Tiro da anistia saiu pela culatra

Só os diabos menores do 8 de janeiro serão anistiados ou terão penas reduzidas. Bolsonaro e militares do comando, não.

A insistência de Bolsonaro em uma anistia ampla parece ter gerado um efeito contrário, fortalecendo acordos que o excluem e isolam seus aliados, como sugerem análises e posts nas redes e mídia.

O “tiro da anistia” saiu pela culatra porque a articulação de todos os bolsonaristas, ao buscar proteger, acabou viabilizando um consenso que pune os principais responsáveis.

Com essa anistia seletiva, Malafaia, aos berros, foi à loucura como se o preso, no caso de condenação, não fosse Bolsonaro, mas o próprio pastor charlatão.

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Oposição tenta anistiar Jair Bolsonaro às escondidas na Câmara

Manobra na CCJ da Câmara tenta estender a imunidade parlamentar de Ramagem a Jair Bolsonaro, contrariando súmula do STF.

Durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (30), uma articulação conduzida por aliados de Jair Bolsonaro tentou usar o processo contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) como atalho para suspender também a ação penal que atinge o ex-presidente.

O movimento, que gerou reação da base governista e de juristas, foi revelado após a leitura do relatório do deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator do pedido de sustação da Ação Penal nº 12.100, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).

No parecer, Gaspar afirma: “votamos pela sustação do andamento da Ação Penal contida na Petição n. 12.100, em curso no Supremo Tribunal Federal, em relação a todos os crimes imputados.”

A formulação genérica não delimita que a suspensão se refere exclusivamente a Alexandre Ramagem, o único dos denunciados com mandato parlamentar — e, portanto, protegido pelo artigo 53 da Constituição. Essa omissão é central para a manobra: ao não restringir os efeitos ao deputado, o texto abre margem para que a decisão da Câmara seja interpretada como extensiva a todos os réus do processo, incluindo Jair Bolsonaro.

bolsonaro

Parlamentares presentes na sessão apontaram que a estratégia foi deliberadamente executada de forma silenciosa. Deputados da base afirmam que o relatório foi apresentado poucos minutos antes do início da sessão e em desacordo com o que havia sido combinado nos bastidores — a leitura e, em seguida, o pedido de vista.

“Foi tão descarado que o relator subiu o relatório de última hora, sem mencionar que a suspensão valeria apenas para Ramagem. Na prática, isso travaria o processo como um todo, o que é flagrantemente inconstitucional”.

O procedimento pegou parlamentares de surpresa, muitos dos quais já haviam deixado a sessão ou estavam com viagens marcadas, contando com um trâmite mais previsível.

O deputado Rubens Júnior (PT-MA), que estava presente na sessão, criticou a tentativa: “Com a oposição bolsonarista não tem um dia de descanso, não dá pra baixar a guarda. Quando a gente menos espera, eles inventam um jabuti no meio do relatório do recurso do Ramagem para tentar suspender toda a ação penal da qual Bolsonaro é réu.

Tentam forçar interpretações constitucionais de ocasião para criar um factoide jurídico que embase sua narrativa ideológica. Pedimos vistas no relatório para ganhar tempo e articular uma resposta a mais essa tentativa de impunidade dos golpistas. Eu já tinha ouvido falar em trem da alegria, mas agora tão criando o trem da anistia.”

Imunidade parlamentar de Bolsonaro
Além do silêncio na articulação, há um aspecto técnico fundamental: a Súmula 245 do Supremo Tribunal Federal, que afirma de forma inequívoca que “a imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.”

Trata-se de entendimento consolidado da Corte, com base no artigo 53 da Constituição, que assegura garantias ao parlamentar em exercício, como a possibilidade de a Câmara sustar ação penal contra ele. No entanto, essas prerrogativas são personalíssimas. Ou seja, não podem ser transferidas ou estendidas a terceiros, mesmo que sejam corréus no mesmo processo.

O jurista Pedro Serrano reforça esse entendimento com clareza: “Isso não vai funcionar, porque é exatamente essa súmula. Inclusive se aplica à imunidade formal, ou seja, à possibilidade de a Câmara suspender o andamento de um processo criminal em relação ao parlamentar. O processo fica suspenso até terminar o mandato do deputado, e também suspende a prescrição. Mas essa imunidade formal não protege os demais réus, só o parlamentar. Quem não exerce o mandato não pode se beneficiar só pelo fato de ser corréu na ação. Se por um acaso suspenderem o andamento do processo em relação ao Ramagem, vai suspender em relação a ele, não em relação aos demais réus.”

A tentativa de incluir Bolsonaro na proteção prevista para Ramagem representa uma distorção do princípio da imunidade parlamentar. Juridicamente, configura uma tentativa de manipular o instrumento da sustação de ação penal, que existe para preservar o livre exercício do mandato parlamentar, e não para oferecer blindagem penal a ex-presidentes ou aliados políticos.

Caso a interpretação ampla do texto prospere no plenário da Câmara, o risco institucional é grande, com potencial para provocar uma reação direta do Supremo Tribunal Federal.

Essa possibilidade não é remota. Caso o projeto de resolução avance sem ajustes, o STF pode ser forçado a reafirmar a constitucionalidade da Súmula 245 e garantir o andamento do processo contra Jair Bolsonaro e os demais corréus não parlamentares.

Mais do que uma disputa jurídica, trata-se de um embate político: o uso de prerrogativas parlamentares para construir uma espécie de anistia informal, com aparência de legalidade, mas sem base constitucional.

O risco não está apenas no precedente, mas na sinalização. A aprovação de um texto com essa redação indicaria que o Congresso pode, por maioria simples, alterar de fato os limites impostos pelo STF e pela própria Constituição quanto às imunidades parlamentares. Isso enfraqueceria não apenas a autoridade da Corte, mas também o princípio da igualdade perante a lei.

Essa movimentação ocorre em um momento delicado para o ex-presidente. Jair Bolsonaro já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e enfrenta diversas frentes de investigações, inclusive criminais, como a acusação de participação em articulações golpistas após as eleições de 2022. A avaliação entre aliados do presidente é que uma eventual condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado é inevitável.

A articulação, portanto, é mais do que uma simples manobra: é uma tentativa concreta de blindar o ex-presidente da responsabilização judicial por meio de atalhos legislativos. O desfecho da votação no plenário e a reação do Supremo podem determinar se esse tipo de estratégia terá espaço na institucionalidade brasileira ou se será rechaçada como uma afronta aos marcos constitucionais.

*Cleber Lourenço/ICL

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A crítica do bolsonarismo à mídia e ao judiciário é ridícula, não fossem eles, Bolsonaro jamais seria presidente

A perspectiva sobre o papel da mídia e do judiciário na eleição de Bolsonaro em 2018, simplesmente não existe no meio midiático.

Nem na mídia e muito menos no grosso do meio jurídico.

A cobertura midiática e as decisões judiciais foram estrategicamente decisivas no resultado das eleições de 2018.

O papo de Bolsonaro fazer uma campanha marcada por uma forte presença nas redes sociais e de uma comunicação direta com seus apoiadores, é completamente furada.

Não fosse a prisão de Lula, sem provas de crime, em um cambalacho entre Moro e Bolsonaro, Lula venceria a eleição já no primeiro turno,como mostravam as pesquisas em 2018.

Além disso, o contexto político e econômico do Brasil na época e a crise de confiança no governo golpista de Temer, ajudaram Lula a emplacar sua candidatura em que aparecia vencendo de braçada.

Alguém, minimamente sério, acha que a crítica do bolsonarismo em relação à mídia e ao judiciário, é válida?

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Desemprego de 7% no primeiro trimestre é o menor já registrado para o período desde 2012; renda bate novo recorde

A taxa de desemprego no Brasil foi de 7% no trimestre encerrado em março de 2025, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa um aumento de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, quando o índice estava em 6,2%. Apesar da alta na comparação trimestral, o índice ainda é o menor já registrado para um primeiro trimestre desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. As informações são do portal g1.

Na comparação com o mesmo período de 2024, houve uma queda significativa: a taxa recuou 0,9 ponto percentual em relação aos 7,9% registrados há um ano.

O total de pessoas desocupadas no país é estimado em 7,7 milhões, o que representa um acréscimo de 13,1% (ou 891 mil pessoas a mais) em comparação com o trimestre anterior. Já na comparação anual, houve um recuo de 10,5%, ou 909 mil pessoas a menos buscando emprego em relação ao primeiro trimestre de 2024.

Mesmo com a inflação acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CNM), o rendimento médio das famílias alcançou mais uma vez o maior patamar da série histórica, após já ter registrado recorde em fevereiro, chegando a R$ 3.410, com alta de 1,2% no trimestre e de 4,0% na comparação anual, segundo o g1.

A PNAD Contínua é a principal pesquisa do IBGE para monitorar as tendências do mercado de trabalho brasileiro e considera como desempregada a pessoa que não tem ocupação, mas está disponível e em busca de trabalho.

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Mídia brasileira não dá pio dos 100 dias desastrosos de Trump porque isso fortalece a imagem de Lula

A mídia brasileira evitou cobrir os “100 dias desastrosos do governo de direita de Trump” para não fortalecer a imagem de Lula e da própria esquerda brasileira.

As evidências são sólidas e nada subjetivas.

A mídia brasileira, especialmente grandes veículos como Globo, Folha, Estadão e UOL, tem acompanhado cada vez mais de longe o governo Trump.

Isso seria fatal

Do primeiro ao centésimo dia de governo Trump, a coisa foi um desastre só.

Não há declarações claras na mídia criticando Trump na proporção de sua desastrosa gestão.

Notícias negativas sobre o presidente dos EUA, esquece. Isso beneficiária a imagem do governo Lula.

Na verdade, a cobertura crítica ao governo Trump é comum em todo o planeta, menos no Brasil.

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A novela de Bolsonaro no hospital e a pergunta que não quer calar: Que doença ele tinha antes de Adélio encontrá-lo?

Jair Bolsonaro transformou sua internação numa novela, com vídeos diários, com direito à trilha sonora. Parece um drama mexicano. Só que o roteiro tem problema.

Bolsonaro vincula Adélio a um movimento de esquerda, o que é falso – Adélio tinha militância na rede social identificada com a direita e defendeu pelo menos um projeto de Bolsonaro, o da redução da maioridade penal.

E Bolsonaro também diz que escapou da morte por milagre.

O fato é que um estudo acadêmico feito na Inglaterra – informa-me um médico na condição de anonimato –, analisou mil casos de facada única no abdômen e apenas um resultou em óbito.

As mortes ocorrem com facadas múltiplas. Estou aguardando o médico me enviar o estudo para escrever outro artigo.

Segundo ele, há outros estudos com número menor de casos — 100 e 200 –, e o resultado é parecido. Para esse médico, a hipótese do auto atentado tem lógica.

Se o objetivo era matar Bolsonaro, Adélio poderia usar um revólver. Até porque ele tinha feito curso de tiro, dois meses antes, no mesmo clube de Florianópolis frequentado por Carlos Bolsonaro, o .38, e no dia em que este estava na cidade.

É possível que Carlos Bolsonaro estivesse no clube este dia – ele nega, diz que ia para o .38, mas desistiu. Em entrevista a Leda Nagle, Carlos disse que talvez isso tenha salvado sua vida. Adélio poderia ter ido lá com objetivo de matá-lo.

Ora, isso não faz sentido. Até o dia em que fez o curso, Adélio não tinha postado nenhuma mensagem agressiva a Bolsonaro.

Ele começa a se manifestar de maneira agressiva ao então pré-candidato a presidente alguns dias depois do curso, entra no próprio perfil de Jair Bolsonaro e, num comentário, diz que gostaria de encontrá-lo na rua, para enfrentá-lo fisicamente.

Alguns poderiam dizer que ele teria ido a Juiz de Fora justamente para ter esse encontro, dois meses depois. Também não faz sentido. Em depoimento, Adélio diz que foi à cidade mineira para experimentá-la.

Ele vivia até então num circuito restrito: Montes Claros, onde nasceu, Uberaba, onde trabalhou como garçom, e Florianópolis, onde também trabalhou como garçom e entregador e, perto dali, Camboriú, como servente de pedreiro.

Segundo depoimento, só soube que Bolsonaro estaria na cidade quando viu um outdoor. Ele, então, fotografou os locais por onde Bolsonaro passaria, e foi até o Parque Halfeld, de onde o então pré-candidato saiu para uma caminhada pelo calçadão.

Quem estava ali, perto dele? Carlos Bolsonaro que, ao avistá-lo, se trancou no carro. Disse que ficou com medo. Medo por quê? Até então, pela narrativa do próprio Carlos, Adélio era um desconhecido.

Se era desconhecido e despertou medo nele, o certo a fazer não era correr, mas avisar um dos muitos seguranças ou policiais que estavam ali, para revistá-lo ou prendê-lo.

Até porque já circulava na cidade um zum zum zum de que Bolsonaro poderia levar uma facada, o que não é comum em termos de atentado para valer.

Quem falou na possibilidade da facada foi o segurança voluntário Hugo Alexandro Ribeiro. Em seu depoimento, a promotora pergunta:

– O senhor pode observar o contato do senhor Adélio com outras pessoas antes do evento da facada?

Hugo responde:

– Olha, como um dos organizadores da segurança voluntária, antes do Bolsonaro chegar ao Parque Halfeld, fui informado que tinha pessoas querendo dar uma facada no Bolsonaro. Na hora que o Bolsonaro chega, de fato, eu estou com o tenente-coronel que estava no comando da operação, no meio da praça, no Parque Halfeld. Então, foi onde eu consegui chegar próximo ao Bolsonaro, na porta da Funalfa. Eu fui andando na diagonal. Então, a princípio, como um dos coordenadores, era para eu recebê-lo, mas eu não consegui. Porque eu fui fazer uma varredura e avisar a PM que eu tinha sido informado que um ou outro ia dar uma facada no Bolsonaro.

A promtora indaga:

– Havia sido informado por quem?

Hugo:

– Um colega. O colega na rua me conhecia, sabia que eu estava na segurança e ele disse: “Hugo, corre os olhos aí, perto da banca, tem pessoas que falaram que vão dar uma facada no Bolsonaro. E um colega meu, que estava na formação comigo, nós fizemos o pente-fino, identificamos pessoas prováveis e passamos a informação para a polícia.

A promotora:

– O senhor prestou esse depoimento em sede policial também acerca de outras pessoas que teriam dito que queriam esfaquear também o candidato?

Hugo:

– Não, o único depoimento que eu prestei foi no dia do ocorrido na Polícia Federal.

E o segurança voluntário, que tinha sido militar do Exército, identifica a fonte da informação: Célio Félix, também segurança em Juiz de Fora.

Hugo já não está mais aqui para entrevista. Ele faleceu em 2021, aos 56 anos, quando estava trabalhando como segurança em um condomínio. Segundo laudo médico, a causa da morte foi infarto.

Há várias pontas ainda soltas no caso, embora a Polícia Federal tenha encerrado a investigação com a conclusão de que Adélio agiu sozinho, um lobo solitário.

Não foi investigada a hipótese do auto atentado. Bolsonaro expõe sua barriga todos os dias, e já a tinha apresentado ao público antes mesmo do evento de Juiz de Fora.

Em 29 de abril de 2018, ao participar de um culto evangélico no Encontro dos Gideões, em Blumenau, o pastor perguntou quem tinha doença no estômago.

Cutucado por Michele, Bolsonaro levantou a mão e recebeu oração de cura. É a evidência de que ele já estava doente, pois havia interrompido duas vezes a campanha, para ser atendido em hospital.

*Joaquim de Carvalho/247

Qual era a doença que Bolsonaro tinha? Tem a ver com as internações presentes?

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Deputado propõe lei para proibir Seleção com camisa vermelha

É muita falta do que fazer, convenhamos! Agora a seleção é comunista.

Após a polêmica envolvendo a Seleção Brasileira utilizar um uniforme na cor vermelha como camisa alternativa na Copa do Mundo de 2026, um deputado propôs, nesta terça-feira (29/4), um projeto de lei para proibir a alteração.

A iniciativa partiu do deputado Mauricio Macron (Podemos-RS). Sua ideia é que seleções, equipes e atletas, em campeonatos ou amistosos, tenham de usar uniformes nas cores da bandeira brasileira, diz Igor Gadelha, do Metrópoles.

Caso haja descumprimento — com um uniforme vermelha, por exemplo —, o poder público e empresas com participação da União não poderiam “conceder quaisquer subvenções, auxílios, patrocínios, bolsas ou qualquer espécie de incentivo”.

“Existem questões subjacentes que aparentemente permeiam a adoção da coloração vermelha neste caso específico, questões estas que extrapolam a seara desportiva. Não adentrando a qualquer mérito, deve ficar claro que o esporte deve se bastar em si mesmo, sem influências potencialmente nefastas”, justifica o deputado.

Camisa vermelha
Na segunda-feira (28/4), o portal Footy Headlines, especializado em uniformes de futebol, divulgou a informação de que a camisa dois da Seleção Brasileira para a Copa de 2026 deve ser desenvolvida em parceria com a Air Jordan, marca do ex-jogador de basquete Michael Jordan.

O uniforme seria vermelho e preto. Desde a Copa do Mundo de 1958 — a primeira vencida pelo Brasil —, a seleção adota o azul como sua camisa reserva, em alternativa ao tradicional uniforme verde e amarelo.

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INSS: PF cita transações suspeitas de ex-ministro de Jair Bolsonaro

Ex-ministro de Bolsonaro aparece em relatórios de transações suspeitas de entidade alvo por descontos irregulares de aposentados do INSS.

O ex-ministro do Trabalho e Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PL), José Carlos Oliveira, é citado na investigação sobre descontos irregulares de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Segura Social (INSS) por causa de transações suspeitas relacionadas a um assessor de uma das entidades investigadas.

Segundo a PF, Oliveira atualmente mudou o nome para Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.

Ele foi presidente do INSS, entre novembro de 2021 e março de 2022, quando saiu para ser nomeado ministro do Trabalho e Previdência por Jair Bolsonaro (PL).

A coluna apurou que José Carlos Oliveira, embora citado, não foi alvo da operação Sem Desconto.

A PF cita as transações ao analisar movimentações financeiras suspeitas de integrantes da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma das entidades investigadas por descontos indevidos dos aposentados.

Os dados foram enviados à PF pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Ao analisar transações de Cícero Marcelino, assessor de Carlos Ferreira Lopes, presidente da Conafer, a PF cita o ex-ministro de Bolsonaro.

Cícero Marcelino é visto como possível operador da Conafer e aparece em transações suspeitas com José Laudenor, um auxiliar administrativo com renda de R$ 1,5 mil.

Laudenor, por sua vez, aparece como sócio de José Carlos Oliveira em uma empresa.

Em outra empresa, a Fayard Organização e Serviços, José Laudenor é o atual sócio, mas até junho de 2022 José Carlos Oliveira também aparecia na sociedade.

“Tal empresa se trata de uma Pessoa Exposta Politicamente (PEP) relacionada em razão da PEP principal José Carlos Oliveira (e que teve o nome alterado para Ahmed Mohamad), que fez parte do quadro societário até junho de 2022; destaca-se que o investigado também foi presidente do INSS entre e Ministro do Trabalho e Previdência”, diz a PF.

Outra, a Yamada e Hatheyer Serviços, tem a dupla José Carlos Oliveira e Laudenor como sócios.

“Também são sócios da empresa: Yasmin Ahmed Hatheyer Oliveira, filha de Ahmed Mohamad (José Carlos Oliveira), e Edson Akio Yamada, ex-Diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS, setor responsável pela celebração dos ACTs com as entidades associativas”, diz a PF em relatório.

ACTs eram os convênios firmados entre as entidades e o INSS para que fossem realizados os descontos nas contas dos aposentados e pensionistas.

Com base nos dados enviados pelo Coaf, a PF afirma que José Laudenor “manteve vínculos financeiros com Cícero Marcelino (que, por sua vez, operou milhões de reais da CONAFER) e também com Ahmed Mohamad (ex-Presidente do INSS e ex-Ministro do Trabalho e Previdência)”.

Essas transações, diz a PF, sugerem “a utilização das contas de José Laudenor para movimentar recursos de terceiros e/ou atividades não declaradas.”

A PF também cita transações suspeitas comunicadas pelo Coaf de José Carlos Oliveira e de sua filha, Yasmin Ahmed, com José Arnaldo Bezerra Guimarães.

“No que diz respeito a Yasmin Ahmed, a investigada aparece no RIF 113.476 como beneficiária de boletos pagos por José Arnaldo Bezerra Guimarães, que também realizou pagamentos em favor de “Oliveira pré-campanha 2024” (candidatura política de Ahmed Mohamad) e do próprio José Laudenor”, diz a PF.

Guimarães fez, diz o Coaf, pagamentos para pai e filha no valor de R4 32,3 mil e R$ 5 mil, respectivamente.

FARRA DO INSS

Até 2021, eram apenas 15 associações que mantinham convênios com o INSS para desconto na folha de pagamentos de aposentados e pensionistas.

Naquele ano, José Carlos Oliveira (PSD) assumiu a diretoria de Benefícios do órgão, responsável por firmar os acordos com as entidades e fiscalizá-las — posteriormente, ele se tornou presidente do INSS e ministro do Trabalho e Previdência até o fim do governo Bolsonaro, em dezembro de 2022.

Em sua gestão, Oliveira assinou três acordos com associações. Quando deixou a diretoria para assumir o órgão e a pasta, seus auxiliares assinaram outros 17 acordos, segundo dados do Diário Oficial da União.

*Fabio Serapião/Metrópoles

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O dia em que o pobre tiver 1% de ódio do rico que este tem do pobre, haverá uma revolução

A ideia dos escolhidos ou segregados por Deus é inacreditavelmente uma métrica psicológica que as elites carregam na alma.

Dá no que dá.

Isso é uma espécie de superioridade quase espiritual ou divina.

Essa mentalidade que pode ser chamada de psicologia da eleição divina é, de fato, uma métrica poderosa que molda a visão de mundo das elites e justifica, na cabeça delas, a desigualdade e o desprezo pelos pobres.

Tal ideia remonta conceitos como o “direito divino” dos reis na Europa medieval, quando uma nobreza acreditava que sua posição era ordenada por Deus.

No Brasil, isso ecoa em heranças coloniais, período em que a elite agrária se via como predestinada a liderar.

No contexto religioso, algumas interpretações de doutrinas (como certas particularidades do calvinismo ou da teologia das prosperidades) reforçam a ideia de que riqueza é sinal de vitória divina, enquanto a pobreza seria uma espécie de “castigo” ou falha moral.

A crença de ser “escolhido” alimenta um narcisismo coletivo nas elites.
Elas se enxergam como uma casta à parte, com direitos inatos a privilégios.

Isso cria uma barreira psicológica que desumaniza o pobre, visto como “não escolhido” ou “indigno”.

Essa mentalidade também serve como mecanismo de defesa, quando as elites se convencem de que sua riqueza é “merecida” por uma ordem divina ou cósmica e, claro, evitam questionar a injustiça do sistema que os beneficia.

Essa visão justifica atitudes de desprezo, perseguição ou indiferença, como a resistência às políticas de redistribuição como (Bolsa Família ou cotas), vistas como “favorecer os imerecidos” pobres.

No Brasil, isso pode ser observado em discursos que criminalizam movimentos sociais (como o MST) ou em falas que naturalizam a desigualdade, como se fosse “vontade de Deus”.

Nas redes, especialmente no X, é comum ver postagens de figuras influentes que reforçam tal narrativa, seja por meio de memes elitistas ou críticas aos “vagabundos” que “não querem trabalhar”.

O pobre, mesmo lidando cotidianamente com esse desprezo, raramente adota uma narrativa de “eleição divina” contra os ricos.
Uma revolta, quando acontece, tende a ser mais pragmática (por justiça ou sobrevivência) do que motivada por um ódio metafísico, o que  reforça a assimetria emocional que você gera.

Essa métrica psicológica das elites é, de fato, uma força poderosa, porque ela não só justifica a desigualdade, mas também cega a consciência dos privilegiados no que se refere à culpa ou à empatia.

É como se o pobre não fosse apenas financeiramente inferior, mas existencialmente “menor”.

Para piorar, a mídia industrial estimula essa visão praticada há décadas, utilizando a implacável lógica de que o mundo não é feito para os que lutam por direitos, mas para os que operam nas sombras pelos privilégios.

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Terceira via é a Faria Lima versus o povo brasileiro

É a materialidade de desconexão entre a elite financeira e a realidade da maioria da população brasileira. Simples assim.

Quem está bancando a gororoba triunfalista da vassala frente política, sãos os bancos, escritórios de investimento e grandes empresas, como Itaú, BTG Pactual, Google e por aí vai.

Ou seja, é a elite econômica paratatá, mais conhecida como “Faria Limers”.

Seja que nome tenha, essa terceira via que já nasce moralmente morta, representa interesses do mercado financeiro e um estilo de vida de alto padrão para a velha meia-dúzia de bem aventurados neoliberais.

Isso é o bolsonarismo envernizado com verniz de boneca, lustrado com luva de pelica.

Gente absolutamente desconectada das necessidades do povo brasileiro, especialmente em momentos de crise econômica, como a alta do dólar em 2024, que beneficiou especuladores financeiros, enquanto pressionava a inflação e o custo de vida da população.

Terceira via como divisão social
Se interpretamos a “terceira via” como Faria Lima versos povo brasileiro, ela não seria uma alternativa política no sentido clássico, mas sim uma representação da tensão entre classes sociais diametralmente opostas.

Faria Lima: interesses de mercado, priorizando lucro, estabilidade fiscal e políticas neoliberais, muitas vezes homologadas a investidores internacionais.

Povo brasileiro: a maioria da população, que enfrenta inflação, desemprego e precariedade, e busca políticas que priorizem justiça social, redução de desigualdades e acesso a serviços básicos.

Enquanto Faria Lima simboliza o poder econômico e a influência do mercado, o povo brasileiro representa as demandas por equidade e políticas públicas inclusivas.

Uma verdadeira “terceira via” seria uma proposta que conciliasse o desenvolvimento econômico com a justiça social, mas, historicamente, as tentativas nesse sentido foram mais alinhadas aos interesses de Faria Lima do que às necessidades populares.

Isso é a Corte x Plebeus.