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PGR concorda com ação que pede ao Google dados de pesquisas feitas dias antes do assassinato de Marielle Franco

O procurador argumenta que não se trata de violação de privacidade e que medida diz respeito a um caso específico.

O Procurador-Geral da República Augusto Aras entregou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que defende a constitucionalidade da quebra de sigilo de dados telemáticos de pessoas indeterminadas em investigações criminais.

Segundo a Forum, a manifestação de Aras foi realizada dentro do recurso do Google contra a uma decisão de Superior Tribunal de Justiça (STF) que, em agosto de 2020, manteve a determinação da Justiça do Rio que ordenou que a empresa de internet forneça aos investigadores do caso Marielle Franco a lista de IPs e Device IDs de usuários que fizeram pesquisas com as combinações “Marielle Franco”, “Vereadora Marielle”, “Agenda vereadora Marielle”, “Casa das Pretas” e “Rua dos Inválidos”, entre os dias 7 de 14 de março de 2018, data em que a vereadora e o motorista foram assassinados.

O IP, que significa “protocolo da internet”, permite que a polícia consiga chegar até o endereço da conexão de internet de quem fez as pesquisas. Por sua vez, o Device ID permite identificar computadores e celulares e está vinculada às pessoas. O cruzamento das informações do IP com a Device ID permite a localização de alguém. Para os investigadores, tais dados são considerados cruciais para se chegar aos mandantes do assassinato de Marielle Franco.

O Google é contrário a fornecer tais dados e argumenta que a medida fere o direito à privacidade dos usuários e que pode transformar um serviço de pesquisa na internet em ferramenta para vigil1ãncia indiscriminada dos cidadãos.

Em sua manifestação, o PGR Augusto Aras argumenta que a medida se ” “mostra-se compatível com a Constituição Federal a possibilidade de afastamento de dados telemáticos, no âmbito de procedimentos penais, ainda que em relação a pessoas indeterminadas. Na realidade, mostrar-se-ia incompatível com a ordem jurídico-constitucional entendimento pelo qual fosse vedada a transferência de dados que possam contribuir para a efetivação da persecução penal e para a elucidação de crimes, sobretudo quando se sabe que tais dados hão de ter o sigilo preservado pela autoridade pública”.

Augusto Aras rebate a afirmação do Google e destaca o fato de que a quebra será exclusiva ao caso de Marielle Franco. “Trata-se “de acesso a material relevante à linha investigativa – delimitado, especificamente, por expressões precisas de busca, área geográfica e período – em posse de empresa estrangeira, com representação oficial no Brasil, que se submete às disposições do artigo 12 da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet)”.

A vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes foram executados em março de 2018, no Estácio, que fica na região central do Rio.

Desde então, o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes vive entre muitas perguntas e sem nenhuma resposta.

Além disso, até hoje a Polícia e o Ministério Público não conseguiram descobrir o paradeiro da arma utilizada para matar Marielle e Anderson.

De acordo com a perícia do caso, sabe-se que foi utilizada uma metralhadora MP-5 com munição UZZ-18.

As investigações também revelaram que fuzis foram jogados ao mar no dia seguinte à prisão de Lessa, em março de 2019. Porém, nenhuma arma foi encontrada.

Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz estão presos nas penitenciárias federais de Campo Grande e de Porto Velho e vão a júri popular, que ainda não tem data para ocorrer.

Por fim, cabe destacar que, apesar da prisão dos supostos executores de Marielle e Anderson, a principal pergunta segue sem resposta: quem são os mandantes?

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Entre militares e milicianos, Bolsonaro escolhe proteger Ronnie Lessa, miliciano, traficante de armas e assassino de Marielle

Reinaldo Azevedo: “Ao assim agir, ou seja, ao impedir a edição de normas compatíveis ao ordenamento constitucional e que são necessárias para o exercício da atividade desempenhada pelo Comando do Exército, o Sr. Presidente da República viola a Constituição Federal, na medida em que impede a proteção eficiente de um bem relevante e imprescindível aos cidadãos brasileiros, que é a segurança pública, e possibilita mecanismos de fuga às regras de controle da utilização de armas e munições”, escreveu Raquel Branquinho.

“O presidente Jair Bolsonaro revogou nesta sexta-feira (17) três portarias do Exército que estabeleciam regras para rastreamento e identificação de armas de fogo no Brasil. As normas também tratavam da obrigatoriedade de dispositivos de segurança em armas de fogo”.

“Atiradores e colecionadores: determinei a revogação das portarias Colog [Comando Logístico do Exército] nº 46, 60 e 61, de março de 2020, que tratam do rastreamento, identificação e marcação de armas, munições e demais produtos controlados por não se adequarem às minhas diretrizes definidas em decretos”, escreveu o mandatário em sua conta no Twitter. (Folha)

A imprensa publicou nesta terça-feira que os militares se disseram decepcionados com Moro, depois que o ex-juiz e ex-ministro, Sergio Moro revelou, através do Jornal Nacional, mensagens trocadas entre ele e a deputada (PSL) Carla Zambelli e entre ele e Bolsonaro, uma mistura explosiva e perigosa para a própria imagem das Forças Armadas a um governo que tem como oposição não só o PT, a esquerda e os tais “comunistas” que sempre criaram para justificar seus atos autoritários.

O mundo todo trata Bolsonaro como a figura mais repugnante do planeta por suas ações criminosas em parceria com garimpeiros, madeireiros, grileiros nos incêndios da Amazônia, como agora na ação criminosa contra o povo brasileiro, aliando-se ao coronavírus em benefício do mercado.

No caso das Forças Armadas, ainda surge o fato de esmagar a autoridade da instituição para beneficiar traficantes de armas, milicianos, traficantes de drogas e assassinos de aluguel como os do escritório do crime, comandado por Adriano da Nóbrega, morto recentemente na Bahia, e sobretudo Ronnie Lessa, seu vizinho no condomínio Vivendas da Barra que, preso por ter assassinado Marielle Franco e Anderson Gomes, a polícia descobriu 117 fuzis em sua posse, mostrando que o mesmo que matou Marielle é o maior traficante de armas do Rio de Janeiro, cidade em que circula o maior tráfico de armas do país.

Pergunta inevitável: aonde foi parar a sanidade do comando das Forças Armadas para seguir, como bolsonaristas fanáticos, um maníaco, expulso da instituição, além de ser ligado à cúpula mais pesada das organizações criminosas cariocas?

O tal Bolsonaro grosseirão que às vezes serve de mote para alguns textos elogiosos, vendendo sua suposta simplicidade, neste caso expõe de maneira despudorada, sua intenção de proteger criminosos e se, depois dessa desmoralização das Forças Armadas, o oficialato ainda se mantiver cego, surdo e mudo como um gado bolsonarista, a instituição está completamente falida no propósito mais simples de garantia da defesa do território nacional.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Justiça bloqueia R$ 3,5 milhões de Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro que matou Marielle

A Justiça do Rio de Janeiro determinou ontem à noite a quebra dos sigilos fiscal e bancário e bloqueou os bens do sargento da reserva da PM Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Ao todo, foi sequestrado patrimônio de Lessa avaliado em cerca de R$ 3,5 milhões, de acordo com levantamento feito pelo UOL com base em valores atualizados do mercado imobiliário.

A investigação já rastreou um patrimônio de ao menos R$ 7 milhões pertencente a Lessa —o valor envolve apreensões policiais nos últimos meses e a lista completa de propriedades bloqueadas pela Justiça, que inclui imóveis, terrenos, uma lancha e um carro blindado. Segundo a Polícia Civil, Lessa ocultou parte da sua fortuna com o auxílio de “laranjas”, que também tiveram os seus sigilos quebrados.

O ex-PM Élcio Queiroz, que responde com Lessa pela morte da vereadora, também teve os sigilos quebrados.

Em uma ação em parceria com o Gaeco/MP-RJ (Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro), o inquérito concluiu que os valores são incompatíveis com a renda mensal de R$ 7.400 da aposentadoria de Lessa. O patrimônio do policial aposentado seria o equivalente a 73 anos de pagamentos integrais recebidos da corporação, incluindo o 13º.

A delegacia especializada no combate a crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, responsável pelo inquérito, baseou a investigação na análise de relatórios de inteligência financeira.

Parte do patrimônio pode ser usada para indenizar os parentes das vítimas do duplo homicídio, em caso de condenação. Verificamos movimentações atípicas, como depósitos em espécie com valores acima de R$ 100 mil.

São indícios de lavagem de dinheiro e da participação de Ronnie Lessa em outras atividades criminosas, como homicídios encomendados e o envolvimento em jogos de azar. Agora, vamos verificar a origem desses valores.

Delegado Thiago Neves, responsável pela investigação

O sargento da reserva tinha ainda outras fontes de renda.
Reportagem do UOL apontou que ele ainda foi dono de um bingo clandestino e pretendia expandir o seu negócio de distribuição de água para áreas dominadas pelo tráfico, segundo relatório do MP-RJ.

Entre os “laranjas” usados por Lessa, estão a esposa, o irmão e um amigo. A Justiça ainda bloqueou os dados de uma filha dele e do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, também acusado participar do atentado.

A dupla, acusada de cometer o duplo homicídio, foi presa em março de 2019. A investigação ainda irá verificar se há contas bancárias ligadas a Lessa no exterior.

O patrimônio de Ronnie Lessa e de “laranjas”

Bens bloqueados pela Polícia Civil

R$ 1.200.000
Casa luxuosa na Barra da Tijuca,
zona oeste do Rio
Em nome de Dennis Lessa, irmão de Ronnie

R$ 718.000
Lancha modelo Real 330 Special Edition 2018
Em nome de Alexandre Motta de Souza, amigo de Ronnie

R$ 600.000
Terreno no condomínio Portogalo,
em Angra dos Reis (RJ)
Em nome de Ronnie Lessa e de Elaine Pereira Figueiredo Lessa

R$ 400.000
Casa no bairro Pechincha, zona oeste do Rio de Janeiro
Em nome de Ronnie Lessa e de Elaine Pereira Figueiredo Lessa

R$ 300.000
Terreno em Mangaratiba (RJ)
Em nome de Ronnie Lessa e de Elaine Pereira Figueiredo Lessa

R$ 121.000
Jeep Renegate 2018 com blindagem nível III-A
Em nome de Elaine Pereira Figueiredo Lessa, esposa de Ronnie
Bens apreendidos em operações policiais

R$ 3.500.000
Armas de grosso calibre
Valor estimado de peças para montagem de 117 fuzis e 360 munições encontradas na casa de Alexandre Motta de Souza

R$ 61.293
Dinheiro apreendido
Em mandado de busca e apreensão na casa de Ronnie Lessa

R$ 50.000
Dinheiro apreendido
Em mandado de busca e apreensão na casa dos pais de Ronnie Lessa

Lessa é dono de um imóvel luxuoso na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, avaliado em pelo menos R$ 1,2 milhões, com valor atualizado. Entretanto, a Polícia Civil suspeita de ocultação da propriedade. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, os agentes encontraram uma escritura de compra e venda do imóvel, de 7 de julho de 2015.

Manobras para ocultar o patrimônio No documento, a propriedade consta como pertencente a Dennis Lessa, irmão do sargento reformado.

Contas de luz, IPTU e certidões do imóvel também estavam em nome de Dennis. Os comprovantes de pagamento de contas de luz apareciam na conta-corrente de Elaine, esposa de Lessa.

Documento emitido pelo Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro) com a autorização de uma obra no imóvel em nome do sargento reformado também foi anexado ao inquérito.

Em 29 de junho de 2015, um dia antes do pagamento do ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), Dennis forneceu uma procuração ao irmão, dando a ele poderes para representá-lo em instituições financeiras.

Uma casa no bairro Pechincha, zona oeste do Rio, também foi bloqueada. Adquirido em outubro de 2002, o imóvel hoje está avaliado em cerca de R$ 400 mil, segundo estimativa de duas entidades especializadas na análise do mercado imobiliário.

 

 

*Herculano Barreto Filho/Uol

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Zombando da justiça, Bolsonaro acusa o PT de queima de arquivo de seu comparsa miliciano Adriano da Nóbrega

Em surto de deboche com a justiça brasileira, Bolsonaro voltou a responsabilizar a PM de Rui Costa, governador da Bahia, pela morte do comparsa miliciano, Adriano da Nóbrega, ligado a Flávio e condecorado por Bolsonaro.

Bolsonaro, vizinho do assassino de Marielle, Ronnie Lessa, comparsa de Adriano do Escritório do Crime, afirmou que o governador da Bahia “não procurou preservar a vida de um foragido, e sim sua provável execução sumária.

E termina a nota fazendo bundalelê na cara do aparelho judiciário do Estado brasileiro, dizendo que os brasileiros honestos querem os nomes dos mandantes das mortes de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, do  miliciano Adriano da Nóbrega, bem como os nomes dos mandantes da “tentativa de homicídio” do próprio Bolsonaro.”

Lógico que ele não quis colocar na nota sua ligação umbilical não só com Adriano da Nóbrega, mas com sua família que atuou como laranja tanto no gabinete Flávio quanto do próprio Bolsonaro, sob a gerência do Miliciano Fabrício Queiroz.

Muito menos que Flavio está atolado até o pescoço com o MP, justamente pelo seu esquema de “rachadinha” com vários parentes de milicianos que lhe rendeu um patrimônio gigante em tão pouco tempo, totalmente descolado da realidade de seus ganhos como parlamentar.

A impressão que dá é que Bolsonaro, vendo-se encurralado pelos fatos cada dia mais graves que o colocam em parceria com a cúpula do crime carioca, resolveu partir para o deboche desafiando a justiça brasileira a puni-lo pelos crimes com os quais está envolvido até o pescoço.

Não demora, Bolsonaro vai dizer que os delinquentes Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro são filhos do Lula.

Das duas, uma: ou Bolsonaro surtou porque sabe que está prestes a ser desmascarado pela justiça e, portanto, tentou fazer uma queda de braço com o Ministério Público e judiciário ou assumiu de vez sua personalidade fascista de confronto com as instituições, acreditando na sua blindagem pelos militares de seu governo.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Quem era Adriano da Nóbrega: Sniper, caçador e silencioso, o ex-Bope que comandava o Escritório do Crime

Em novembro de 2011, o capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Adriano Magalhães da Nóbrega comandava uma operação noturna com o objetivo de desmontar um acampamento criado por traficantes em um trecho da Floresta da Tijuca localizado entre as favelas da Rocinha e do Vidigal, na zona sul do Rio.

Não era fácil caminhar por aquelas matas. As trilhas foram criadas por ex-soldados do Exército que possuem treinamento de sobrevivência em selva e acabaram cooptados pelas facções criminosas.

“Passamos horas caminhando em meio à mata quando vi o capitão Adriano surgir do nada. Ele parecia um fantasma, todo de preto, com o rosto coberto por uma balaclava [espécie de gorro que vai do topo da cabeça ao pescoço] e óculos de visão noturna. Se quisesse teria nos tocaiado, sem dificuldade”, afirmou ao UOL um oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro que participou daquela operação.

Todos sabíamos de histórias do envolvimento dele com a contravenção. No fundo, a gente tinha medo dele. O cara parecia um psicopata. Diziam que ele gostava de matar com faca, mas nunca o vi matar ninguém.

As declarações revelam a mistura de admiração e temor que muitos policiais fluminenses demonstram ainda hoje pelo “Capitão Adriano”. O Ministério Público do Rio denunciou o ex-PM por comandar uma milícia na zona oeste do Rio e o chamado “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel que tem como clientes preferenciais chefes do jogo do bicho carioca.

Há suspeitas de que membros do Escritório do Crime estejam envolvidos no atentado que resultou nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

Capitão Adriano estava foragido desde o dia 22 de janeiro de 2019. Mais de um ano depois, em 9 de fevereiro de 2020, o ex-PM foi localizado e morto em um confronto com forças de segurança da Bahia.

Expulso da PM

Capitão Adriano entrou para a PM fluminense no ano de 1996. Quatro anos depois, concluiu o curso de operações especiais do Bope.

Na corporação, fez amizade com Fabrício de Queiroz, que trabalhou como assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quando este foi deputado estadual. Anos depois, Queiroz indicou a mãe e a mulher de Capitão Adriano para trabalhar no gabinete do filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Adriano chegou a ser homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa. Era o ano de 2005, e ele estava preso sob acusação de cometer homicídio.

Nessa mesma época, o ex-“caveira” (membro do Bope) começou a atuar como segurança para familiares do falecido bicheiro Valdomiro Paes Garcia, o Maninho. No serviço irregular, que resultou em sua expulsão da PM decidida pela Justiça do Rio no ano de 2014, ele se envolveu na disputa fratricida pelo espólio do contraventor.

De acordo com testemunhos incluídos nos autos da investigação interna conduzida pela PM do Rio, obtidos pelo UOL, Capitão Adriano participou de ao menos oito homicídios entre os anos de 2006 e 2009, a mando do contraventor José Luiz de Barros Lopes. Conhecido como Zé Personal, ele era casado com uma filha de Maninho.

“Em geral, as vítimas desses assassinos têm alguma relação com o crime e a Polícia faz vista grossa. Adriano não é o primeiro a prestar esse tipo de serviço. Outros policiais já fizeram o mesmo e praticamente todos tiveram o mesmo fim: a morte”, afirmou um delegado da Polícia Civil do Rio, que pediu para não ser identificado.

Um bom matador é sempre útil. E Adriano é um dos melhores, talvez o melhor atualmente. Delegado de Polícia Civil do Rio a respeito de Capitão Adriano.

A ficha de serviços mostra que Capitão Adriano recebeu treinamento de elite durante sua trajetória como PM. Entre os cursos em que se formou, estão os de sniper (atirador de elite), operações táticas especiais e segurança especial para autoridades.

Em 2001, Adriano Magalhães da Nóbrega concluiu curso de sniper em São Paulo - Reprodução

Em 2001, Adriano Magalhães da Nóbrega concluiu curso de sniper em São Paulo.

Aficionado por armas e horas na “deep web”

Os relatos ouvidos pela reportagem e documentos de seu processo de expulsão da PM classificam Capitão Adriano como “caçador de gente”. Ele pode passar dias isolado em meio à Floresta da Tijuca ou, em busca de aprimoramento, horas em chats na chamada “deep web” (sites que não estejam indexados em mecanismos de buscas). É descrito como um aficionado por armas, equipamentos tecnológicos, treinamentos militares e jogos com simulações de combates.

“Os equipamentos dele eram pessoais, ele sempre aparecia com alguma novidade tecnológica. Foi com ele que vi pela primeira vez um bloqueador de sinal, hoje chamado de misturador, que impede o funcionamento de celulares ou GPS. Ele tinha comprado num site na internet”, diz o oficial da PM.

Mesmo um assassino altamente capacitado pode errar, como revelou às autoridades o pecuarista Rogério Mesquita, homem de confiança de Maninho e também envolvido na disputa pelo espólio do bicheiro. No começo de 2007, Zé Personal havia decidido matar Guaracy Paes Falcão, o Guará. Vice-presidente da escola de samba Salgueiro e primo de Maninho, Guará era visto como um rival pelo controle de pontos de jogos da organização criminosa. Ele incumbiu o Capitão Adriano de executar a tarefa.

Na primeira tentativa de matá-lo, o ex-caveira e seus comparsas seguiram um carro semelhante ao de Guará, um Peugeot preto. Em certo trecho da estrada Grajaú-Jacarepaguá, interceptaram e dispararam contra o veiculo. Só então os assassinos perceberam que se equivocaram e um casal foi morto por engano. O capitão havia “feito merda”, como afirmou Zé Personal.

O segundo atentado atingiu o “alvo certo”. Na madrugada de 14 de fevereiro de 2007, Guará deixou a quadra da Salgueiro, na zona norte do Rio, em direção à sua casa em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. No banco de carona estava a sua mulher, Simone Moujarkian, 35, destaque da escola de samba. A viagem foi interrompida em frente à unidade do supermercado Guanabara, no bairro de Andaraí, quando os assassinos interceptaram o carro. Os atiradores acertaram 15 tiros de fuzil no Peugeot. Três disparos acertaram Guará; outros dois, Simone. Eles morreram no local.

Rogério Mesquita chegou a acusar Capitão Adriano de tentar assassiná-lo. O ex-PM foi absolvido pela Justiça por falta de provas. Em 24 de janeiro de 2009, o pecuarista foi morto a tiros a cerca de cem metros da Praia de Ipanema. Zé Personal teve o mesmo fim: em 17 de setembro de 2011, morreu quando frequentava um centro espírita na Praça Seca, na zona oeste do Rio.

Na cadeia, homenageado: “dedicação e brilhantismo”

O primeiro caso de homicídio cometido pelo Capitão Adriano que veio a público foi registrado no ano de 2004. Um flanelinha que havia denunciado um esquema de extorsão praticado por PMs foi morto a tiros dentro de uma favela do Rio. Adriano chegou a ser condenado na primeira instância, mas o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou a sentença.

Foi durante esta época na cadeia que ele foi homenageado por Flávio Bolsonaro. De acordo com o então deputado estadual, o PM merecia ter a honraria por, entre outras razões, ter êxito ao prender 12 “marginais” no morro da Coroa, no centro, além de apreender diversos armamentos e 90 trouxinhas de maconha. Para Flavio, Adriano desenvolvia.

Um advogado que o defendeu nesse caso revelou ao UOL suas impressões ao encontrar o ex-caveira quando estava detido pelo crime em um batalhão da PM.

“Quando cheguei ele estava no dormitório, limpando um fuzil e uma pistola. As duas armas estavam desmontadas sobre uma mesa. Adriano lubrificava e secava com uma flanela cada peça. Era como se estivesse cuidando de um animal de estimação. Mal olhou nos meus olhos enquanto eu sugeria uma linha de defesa.”

Não parecia preocupado em momento algum, disse o defensor. Em meia hora ele terminou de limpar e montar as duas armas. “Me olhou num instante e disse que ninguém iria depor contra ele.”

“Esse cara era só mais um vagabundo, ligado ao tráfico”, disse ele ao advogado.

Adriano não faz a linha falastrão. O cara fala pouco, mas observa tudo à volta. É visível que ele não confia em ninguém ou em quase ninguém.

“Só o vi falar bastante num dia em que relembrava um treinamento de selva que fez no Exército. Ele se gabava que havia crescido no mato, que desde garoto se embrenhava na floresta e não teve dificuldade quando foi largado na mata sem comida e água”.

Adriano é chamado de “patrãozão” pelos milicianos

A trajetória de assassino pago por contraventores a chefe de milícia, após ser expulso da PM, pode ser considerada um “evolução” do Capitão Adriano no mundo do crime. A denúncia da Operações Intocáveis, que descreve como funciona o grupo paramilitar Escritório do Crime, revela o apreço que ele tem pelo silêncio.

“Cioso destacar o fato de o denunciado Adriano não falar ao telefone, bem como, delegar aos seus asseclas o gerenciamento dos negócios ilícitos provenientes das atividades criminosas desempenhadas pela organização criminosa, evitando assim qualquer tipo exposição”, afirma o MP do Rio.

Na denúncia, os promotores mostram como a milícia domina os bairros de Rio das Pedras, Muzema e seus arredores na zona oeste do Rio. Capitão Adriano é chamado de “patrãozão” pelos milicianos.

O grupo criminoso arrecada dinheiro com a extorsão de moradores e comerciantes da região, cobrando taxas referentes a “serviços” prestados, como segurança. Age também no ramo da agiotagem e detém o monopólio da venda do gás de cozinha, entre outras atividades.

A renda proveniente dessas ações criminosas financia os empreendimentos imobiliários ilegais na região. No último dia 12, dois prédios construídos de forma irregular desmoronaram na Muzema. Vinte e quatro pessoas morreram.

“Adriano prestava serviços também para empresários, políticos e até integrantes do Judiciário. Chega uma hora em que esses matadores querem rivalizar com os patrões. É aí que são mortos e substituídos por outros”, diz o delegado de polícia ouvido pelo UOL.

O ex-capitão [Adriano] sabe bem disso, sabe que hoje a vida dele vale pouco. Afinal, ele é um arquivo. Sabe muita coisa de gente importante.

 

 

*Flávio Costa e Sérgio Ramalho/Uol

 

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A próxima vítima: Adriano da Nóbrega, o miliciano ligado a Flávio Bolsonaro e à morte de Marielle, foi a 5ª queima de arquivo

Como na novela da Globo, “A Próxima Vítima”, o miliciano Adriano da Nóbrega, ligado a Flávio Bolsonaro e ao vizinho de Bolsonaro, Ronnie Lessa, pelo jeito foi só mais uma queima de arquivo entre outras, ligadas ao assassinato de Marielle, que também foram executadas.

De acordo com informações publicadas no jornal O Globo, Lucas do Prado Nascimento da Silva, conhecido como Toddynho e suspeito de clonar o carro usado no assassinato de Marielle Franco, foi executado. A Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro (RJ) que investiga o caso considera que foi “queima de arquivo”.

Toddynho teria sido executado quando fazia a entrega de outro carro, também clonado, na Zona Oeste do Rio.

A Polícia Civil identificou pelo menos três mortes que podem ter relação com o assassinato da vereadora Marielle e do motorista Anderson Gomes.

O mais conhecido é o do líder comunitário Carlos Alexandre Pereira Maria, o Alexandre Cabeça, de 37 anos, morto com vários tiros na Taquara, também na Zona Oeste.

Cabeça atuava como colaborador informal do vereador Marcelo Siciliano (PHS), mencionado no inquérito que apura as mortes de Marielle e Anderson

Há ainda ligação entre a morte de Marielle e a do empresário Marcelo Diotti da Mata, assassinado no mesmo dia no estacionamento de um restaurante na Barra da Tijuca, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Marcelo era marido da ex-mulher de Cristiano Girão, acusado de chefiar a milícia da Gardênia Azul, na Zona Oeste. Com a prisão dele, o miliciano Ronnie Lessa, suspeito de executar Marielle, teria assumido o controle daquela comunidade.

 

*Da redação

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MP do Rio recebe denúncia de plano da milícia ligada ao clã Bolsonaro para assassinar promotora do Caso Marielle

Nesta sexta-feira (31), num programa da Glononews com Camarotti, vi o depoimento assombroso de Raul Jungmann que dava conta do domínio das milícias no Rio e, como ele está infiltrado na estrutura do estado e da cidade.

A mesma, milícia exaltada por Bolsonaro, premiada por seus filhos no legislativo, que faz parte do esquema de laranjas do clã Bolsonaro e que tem o privilégio de um olhar complacente do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, volta às manchetes mostrando que está disposta a tudo para defender seu cartel.

Um alerta do disque denúncia informa que Adriano da Nóbrega, chefe de um grupo de matadores, planeja matar Simone Sibilio, coordenadora de operações contra milícias.

Adriano da Nóbrega é o mesmo que fez Moro receber uma saraivada de críticas por não estar entre os bandidos mais perigosos procurados pela polícia, numa lista disponibilizada por Moro.

Pior, Adriano da Nóbrega fez parte do esquema corrupto de rachadinha de Flávio Bolsonaro, que atua como testa de ferro do pai, que é o chefe de Moro.

De acordo com o MP, o miliciano Adriano Nóbrega, além de ter duas parentes que trabalhavam na Câmara dos Deputados, controlava contas que abasteciam Queiroz que, por sua vez, abastecia as contas de Flávio.

Além de tudo, o próprio Bolsonaro fez discurso caloroso em favor de Adriano e Flávio o condecorou com a medalha Tiradentes.

Agora, uma denúncia traz a informação de um plano de Adriano Nóbrega para assassinar a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, Simone Sibilio, uma das responsáveis pelas investigações da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, há quase dois anos, e das Operações Intocáveis I e II .

O ex-capitão da PM, Adriano Magalhães da Nóbrega, é acusado de ser o chefe do grupo mais expressivo de assassinos de aluguel do Rio, responsável pela milícia de Rio das Pedras e da Muzema, favelas onde as ações do Gaeco, com o apoio da Polícia Civil, ocorreram de um ano para cá. Na quinta-feira, foi desencadeada a Operação Intocáveis II, na qual 45 mandatos de prisão foram expedidos pela Justiça a pedido do Gaeco.

A maioria dos acusados atuava em Rio das Pedras e havia policiais civis e militares a serviço da quadrilha de milicianos, segundo a promotoria.

Um dos denunciados que foi preso nesta quinta-feira é o ex-PM, Dalmir Pereira Barbosa. De acordo com a informação do Disque denúncia, Adriano, ex-policial do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), contaria com o auxílio de Dalmir, um dos chefes do segundo escalão da milícia de Rio das Pedras, para o plano do assassinato de Sibilo.

O alerta do Disque denúncia, classificado como importante e de difusão imediata, em agosto do ano passado, fez com que o Ministério Público do Rio (MPRJ) redobrasse a segurança dos promotores que atuam no Caso Marielle. A denúncia trazia a informação de um plano para assassinar a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado ( Gaeco ) do MPRJ, Simone Sibilo, uma das responsáveis pelas investigações da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, há quase dois anos, e das Operações Intocáveis I e II .

A denúncia informa que a ordem seria do ex-capitão da PM, Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de ser o chefe do grupo mais expressivo de assassinos de aluguel do Rio, responsável pela milícia de Rio das Pedras e da Muzema, favelas onde as ações do Gaeco, com o apoio da Polícia Civil, ocorreram de um ano para cá. Na quinta-feira, foi desencadeada a Operação Intocáveis II, na qual 45 mandatos de prisão foram expedidos pela Justiça a pedido do Gaeco. A maioria dos acusados atuava em Rio das Pedras e havia policiais civis e militares a serviço da quadrilha de milicianos, segundo a promotoria.

Um dos denunciados que foi preso nesta quinta-feira é o ex-PM Dalmir Pereira Barbosa. De acordo com a informação do Disque denúncia, Adriano, ex-policial do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), contaria com o auxílio de Dalmir, um dos chefes do segundo escalão da milícia de Rio das Pedras para o plano do assassinato de Sibilio.

O alerta do Disque denúncia diz também que ele mora no condomínio Barra Palace e que anda com seguranças. Um deles seria um policial civil conhecido como Lalá, responsável por pagar propinas a policiais de delegacias distritais e especializadas.

Outro dado da denúncia recebida pelo MP é de que o Condomínio Figueiras, na Muzema — onde 24 pessoas morreram vítimas do desabamento de dois prédios, em abril do ano passado — pertence à milícia local. Uma cancela foi colocada na porta do condomínio obrigando os moradores a pagarem para entrar. Além disso, segundo o alerta do Disque denúncia, todos os milicianos andam armados e que um dos matadores é Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico, um dos últimos presos da Operação Intocáveis, do ano passado.

Em nota, o MP-RJ informou que a coordenação do Gaeco não se manifestaria sobre o assunto. Segundo a assessoria dos órgãos informou que “as questões relativas à segurança institucional são absolutamente sigilosas, como é o caso da segurança pessoal de membros e o sistema de proteção daqueles que se encontram em situação de risco potencial”. E segue dizendo: “A Coordenadoria de Segurança e Inteligência acompanha todos os casos e tem por rotina adotar as medidas protetivas cabíveis”.

Nesta quinta-feira, o presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Cláudio de Mello Tavares, informou que juízes também estão recebendo ameaças de morte por parte do crime organizado, mas especificamente de alvos da Intocáveis II. Há cinco meses, foi criada a 1ª Vara Criminal Especializada no Combate ao Crime Organizado. Os magistrados desta vara já entraram na lista dos milicianos, segundo Mello Tavares.

 

*Da redação/Com informações do Globo

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Preso policial ligado a Ronnie Lessa, assassino de Marielle e vizinho de Bolsonaro

Preso na operação Intocáveis II, policial era responsável por investigar milícia na Muzema.

Preso nesta quinta-feira durante a operação Os Intocáveis II, policial civil Jorge Luiz Camillo Alves é chefe do Setor de Investigações (SI) da 16ª DP (Barra da Tijuca). Ele era responsável pelas investigações sobre as construções irregulares na Muzema, na Zona Oeste do Rio. A área é dominada por uma milícia, que lucrava com construção de imóveis e empreendimentos comerciais. É a essa mesma milícia que, segundo o Ministério Público (MP), Camillo dá apoio.

De acordo com o MP, Camillo — preso em casa — foi flagrado em uma “intensa sequência de diálogos” com Ronnie Lessa, acusado de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes junto com Élcio de Queiroz.

O policial era tratado por Lessa como o “Amigo da 16”, numa referência à delegacia da Barra da Tijuca, informou o MP. Segundo o órgão, o tratamento se repetia em “em vários trechos dos diálogos.

Até as 13h40, 33 pessoas haviam sido presas durante a operação Os Intocáveis II. Todos foram levados para a Cidade da Polícia. Agentes estiveram em endereços na Zona Oeste do Rio. A ação acontece ainda no Piauí e na Bahia.
Dr. Bumbum foi um dos investigados

Camillo participou de investigações que ganharam destaque na mídia. Uma delas foi a que levou à prisão Denis Furtado, o Dr. Bumbum. Ele foi indiciado por homicídio doloso após a morte de Lilian Calixto, de 46 anos, que passou por um procedimento estético na cobertura de Denis, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Dr. Bumbum ficou na cadeia por seis meses e depois teve a prisão substituída por medidas cautelares. Denis também teve o registro profissional cassado

Outra investigação conduzida pelo policial foi a da agressão sofrida pela paisagista Elaine Caparróz. Mãe do lutador Ryron Gracie, ela foi espancada durante quatro horas em seu apartamento, na Barra. Acusado do crime, o lutador de jiu-jítsu Vinícius Batista Serra foi denunciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado (meio cruel, mediante dissimulação e contra mulher por razões da condição de sexo feminino — feminicídio).

 

 

*Com informações de O Globo

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Clã Bolsonaro: Polícia faz uma megaoperação para prender milicianos que atuam em Rio das Pedras

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio fazem uma megaoperação, na manhã desta quinta-feira, em vários bairros da Zona Oeste do Rio para prender milicianos que atuam em Rio das Pedras, Muzema e localidades próximas, naquela região. São 45 mandados de prisão preventiva a serem cumpridos.

Agentes estão em diversos bairros, como Jacarepaguá, Pechincha e Barra da Tijuca. Até as 8h, 25 pessoas haviam sido presas.

Um dos presos é o policial civil Jorge Luiz Camillo Alves. De acodo com o MP, foi flagrado em uma “intensa sequência de diálogos” com Ronnie Lessa, (vizinho de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra) acusado de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes junto com Élcio de Queiroz.

O MP diz que “em vários trechos dos diálogos se refere a ele (Jorge Luiz) como o ‘Amigo da 16’, numa referência à delegacia (16ª DP, na Barra da Tijuca) onde o mesmo está lotado”.

Além de Camilo, outros policiais civis e militares são procurados por dar apoio ao bando paramilitar.

O MP chegou a esse policial civil graças à análise de um telefone celular apreendido na Operação Lume, durante a qual Lessa e Queiroz foram presos.

Os presos na operação serão levados para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte da capital.

A ação desta quinta foi batizada de Os Intocáveis II e é um desdobramento da operação Os Intocáveis, realizada em 22 de janeiro de 2018. Naquela ocasião, treze pessoas foram denunciadas por organização criminosa e foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos.

Esse material foi analisado e, então, foram identificados novos suspeitos de participação na milícia.

Participação de policiais

Os policiais alvos da operação são lotados na 16ª DP (Barra da Tijuca), no 18º BPM (Jacarepaguá) e no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Independentemente do pedido de prisão preventiva, foi pedida a medida cautelar de suspensão do porte de arma de fogo e do exercício da função dos agentes.

Segundo as investigações, desde 5 de junho de 2014, os denunciados, chefiados por Dalmir Pereira Barbosa, Paulo Eduardo da Silva Azevedo e Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, o Capitão Queiroz, praticam vários crimes.

Entre os delitos estão grilagem; construção, venda e locação ilegais de imóveis; posse e porte ilegal de arma de fogo; extorsão de dinheiro de moradores e comerciantes com a cobrança de taxas; ocultação de bens por meio de “laranjas”; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; e utilização de ligações clandestinas de água e energia em imóveis construídos ilegalmente.

Um funcionário da Fundação Parques e Jardins também está entre os denunciados. Joailton de Oliveira Guimarães é acusado de ter pedido “ajuda financeira” para seguir com um procedimento administrativo de interesse de Murad Muhamad, também denunciado.

Na denúncia, o MP lista a conduta dos 45 denunciados. eles estão distribuídos entre diferentes núcleos de atuação na quadrilha: liderança, auxiliares diretos da liderança, policial, segurança, financeiro, “laranjas” e imobiliário.

 

 

*Com informações do Extra

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Queiroz era elo entre o clã Bolsonaro e a milícia que executou Marielle

Fabrício Queiroz, amigo de longa data do presidente da República, foi alvo de operação do Ministério Público do Rio de Janeiro, nesta quarta (18), junto ao seu antigo chefe, o ex-deputado estadual e, hoje, senador, Flávio Bolsonaro, além de ex-assessores ligados ao seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. O MP visitou endereços em meio à investigação sobre a “rachadinha” de salários que teria acontecido entre os servidores reais e fantasmas e o parlamentar. Na relação de escrutinados, também há parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair.

A defesa de Queiroz afirmou que recebeu a notícia com “tranquilidade” e chamou a operação de “absolutamente desnecessária”. Há um incômodo duplo sentido que esconde uma ironia à Justiça nisso. Afinal, ele teve mais de um ano para esconder provas de seu envolvimento.

O caso veio a público no longínquo 6 de dezembro de 2018, quando Flávio Serapião publicou em O Estado de S.Paulo sobre o documento do Coaf que apontava “movimentações atípicas” na conta do ex-policial militar, mas a apuração remonta o início do ano passado. Até agora, pasmem, Queiroz prestou apenas um depoimento por escrito ao MP-RJ, não tendo ido conversar pessoalmente com os promotores.

Mas o que era inicialmente uma investigação de corrupção envolvendo o “homem de rolo” de confiança do presidente, seu filho primogênito e a primeira-dama (que recebeu depósitos de Queiroz em sua conta, fato que seu marido alega ser devolução de empréstimo), ganhou outras cores devido à relação do ex-assessor com milicianos.

O mesmo “Escritório do Crime” apontado como executor da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes estava conectado ao gabinete de Flávio graças a ele. Esse é o elefante na sala que muita gente finge que não vê.

A investigação arrastada contou com o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, depois do ministro Gilmar Mendes, que travaram o processo após a defesa de Flávio questionar o direito do Conselho de Controle de Atividades Financeiras em apontar indícios de “movimentações atípicas” sem autorização judicial prévia. O plenário do STF acabou por decidir que o órgão pode sim enviar informações, mas um tempo precioso se perdeu. O suficiente para apagar rastros.

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio afirmam que os executores de Marielle são o policial militar da reserva Ronnie Lessa (vizinho de Bolsonaro na Barra da Tijuca) e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, integrantes dessa milícia em Rio das Pedras. Ainda estamos à espera do(s) nome(s) do(s) mandante(s). No gabinete do filho 01 do presidente da República na Assembleia Legislativa do Rio, por indicação de Queiroz, trabalhavam a mãe e a esposa de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope, acusado de comandar o “Escritório do Crime”. Ele está foragido da Justiça e também figura no rol de suspeitos.

O ex-assessor confirmou, em depoimento por escrito, no começo do ano, que recolhia mesmo parte dos salários dos funcionários do chefe na Assembleia Legislativa. O destino, segundo ele, era remunerar, de maneira informal, outros “assessores” de Flávio na base eleitoral. A isso, ele deu o pomposo nome de “desconcentração de remuneração”. Disse que não acreditava ter cometido uma ilegalidade, pois o objetivo era “multiplicar e refinar os meios de escuta da população por um parlamentar”.

Considerando a excelente votação que Flávio teve na região do “Escritório do Crime”, como apontou levantamento da Agência Pública, a investigação precisa mostrar se o dinheiro da “rachadinha” também abastecia milicianos. Flávio já condecorou membros desses grupos criminosos formados por policiais e militares enquanto Jair os elogiava em seu mandato.

Reportagens de Ana Luiza Albuquerque, Catia Seabra e Italo Nogueira, na Folha de S.Paulo, em outubro, trazem de áudios nos quais Queiroz reclama por ter sido abandonado, dizendo que o pior está por vir. “Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal? É só porrada. O MP tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”, disse.

Não se sabe exatamente qual a “pica do tamanho de um cometa”, até porque ele não foi conversar com o MP. Caso seja a relação com o Escritório do Crime, isso tem potencial para tirar muita gente da zona de conforto.

Mas nem precisaria tanto. Se o país fosse um pouco mais sério, o fato do presidente da República ter dito que um depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz na conta da, hoje, primeira-dama, era a devolução de um empréstimo, sem apresentar nenhuma prova disso, já seria motivo o bastante para chocar o país e abrir uma investigação para saber quem paga as contas da família Bolsonaro e como. Contudo, os envolvidos sabem que operam com uma sociedade anestesiada e que evidências apenas trazem indignação quando envolvem o outro lado.

 

 

*Com informações do Blog do Sakamoto