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Pesquisa americana contraria OEA e conclui que não houve fraude em eleição na Bolívia

Relatório do Center for Economic and Policy Research, com sede em Washington, também sustenta que Estados Unidos e OEA são responsáveis por golpe na Bolívia por tentativa de boicotar vitória de Morales nas eleições.

Uma pesquisa do Center for Economic and Policy Research (CEPR), com sede em Washington, apurou o processo eleitoral da Bolívia do mês passado e não constatou fraudes na contagem das urnas ou na divulgação dos resultados, diferente do que foi alarmado pela OEA na época. O relatório foi divulgado nesta segunda-feira (11) e também atribui aos Estados Unidos e OEA a responsabilidade pelo golpe militar que forçou o presidente Evo Morales a renunciar no último domingo (10).

Um dos ocorridos no dia das eleições bolivianas e que foi contestado pela OEA foi a demora na apuração dos votos de algumas zonas eleitorais do país. De acordo com a pesquisa, tal demora é vista em diversos países do mundo e se explica pelas limitações logísticas e tecnológicas de determinadas áreas. Regiões periféricas e rurais da Bolívia foram as mais afetadas pela lentidão na contagem dos votos e, coincidentemente, majoritariamente apoiam Evo Morales e seu partido, o MAS.

“Os lugares rurais e mais pobres, que tendem a favorecer Morales fortemente, são os mais lentos em transmitir os dados ou enviar as cédulas de voto os tribunais eleitorais”, afirma o documento.

O CEPR também sustenta que, no momento em que a contagem foi interrompia, marcando 83,85% das urnas apuradas, Morales já possuía grande vantagem com relação a seu opositor, Carlos Mesa. A pesquisa ainda realizou uma projeção com os votos que ainda precisavam ser apurados, e constatou que o resultado era idêntico à porcentagem que o presidente eleito conquistou quando as urnas retornaram a contagem.

“As conclusões desta projeção estatística são consistentes com os resultados oficiais da contagem eleitoral na Bolívia (que mostra a vitória de Morales com uma margem de 10,5 pontos percentuais)”, relata a pesquisa, que também conclui que os resultados da contagem oficial seguiram uma tendência similar aos da contagem rápida.

O texto finaliza atribuindo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assim como a própria OEA – que possui 60% de seu orçamento financiado pelos EUA – “forte influência” na agenda política da América Latina ao tentar fraudar as eleições na Bolívia.

“Trata-se de uma grave violação da confiança do público, e ainda mais perigosa no contexto da forte polarização política e da violência política pós-eleitoral que ocorreu na Bolívia. Essas acusações infundadas devem ser retiradas e medidas devem ser tomadas para garantir a neutralidade da observação eleitoral da OEA no futuro”, conclui.

 

 

*Com informações da Forum

 

 

 

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Vídeo: Voo de Evo Morales da Bolívia ao México poderia ter sido uma tragédia

Cidade do México. O chanceler Marcelo Ebrard relatou hoje a tensa viagem que Evo Morales fez da Bolívia até o México.

Segundo Ebrard, a aeronave Gulfsteam 550, placa XC-LOK e número de registro 3916, da Força Aérea Mexicana (FAM), partiu para Bolívia para pegar Morales, por instruções do presidente Andrés Manuel López Obrador.

-O avião pousa em Lima. Tem que esperar a autorização para entrar na Bolívia, onde “não se sabe quem decide o quê”.

-Autoridades bolivianas autorizam a entrada e o avião decola.

-No espaço aéreo da Bolívia, o avião recebe o aviso de que a permissão para entrar no país já não é válido. A aeronave retorna para Lima.

-Mais horas de espera em Lima para receber a autorização. Intervêm a embaixadora mexicana María Teresa Mercado; o vice-secretário Maximiliano Reyes e o próprio Ebrard.

-O Comando da Força Aérea da Bolívia dá a permissão de entrada, “o que também diz quem é que tem o poder” nesse país.

-A aeronave chega no aeroporto boliviano onde esperava Morales. A rota prevista de retorno era a mesma da viagem de ida, ao contrário: a Lima, para abastecer combustível e depois águas internacionais até o México.

-Por volta das 19.30 horas da segunda-feira, a chanceleria peruana informou que “por questões políticas” se suspendia a escala em Lima.

-Surge uma situação tensa: nos arredores do aeroporto onde estava Morales tinha se reunido uma multidão dos seus seguidores; dentro do terminal tinha elementos das forças armadas. Foi um dos momentos de “maior tensão”. Enquanto se pensava um “plano B”, poderia ter acontecido uma situação muito difícil no aeroporto, já estando Evo Morales a bordo do avião da Força Aérea Mexicana.

-Ebrard fala com o chanceler paraguaio Antonio Rivas para procurar uma saída para o avião. Ao mesmo tempo, o presidente eleito argentino, Alberto Fernández, faz a mesma gestão com o mandatário do Paraguai, Mario Abdo Benítez.

-Rivas informa que o Paraguai aceita o pouso do avião em Assunção. O chanceler diz que entende a situação do México e que o caso pode “virar uma tragédia”. A decisão política se consegue, mas a tramitação da permissão demora.

-Nova intervenção da embaixadora Mercado para conseguir a permissão de saída do avião porque a Força Aérea boliviana ameaçava com impedir a decolagem, que finalmente se deu “por um milimétrico espaço”.

-Com o avião em Assunção, o México pede para o Peru permitir que o avião atravesse seu espaço aéreo, o que o governo de Lima autoriza.

-Também é consultado o chanceler do Equador, José Valencia, se seu governo permitiria que a aeronave pousasse em seu, no caso de precisar de combustível. Quito permite uma eventual escala em Guayaquil.

-A Bolívia comunica que já não autoriza a passagem do avião por seu espaço aéreo de volta de Assunção a caminho do Peru.

-O embaixador do Brasil em La Paz, Octávio Henrique Dias García Côrtes, oferece sua ajuda. Junto com o embaixador mexicano em Brasília, José Ignacio Piña, gestionam de madrugada uma permissão para que a aeronave voe sobre a linha fronteiriça entre a Bolívia e o Brasil. A rota seguiria para o Peru e o Equador a caminho da Cidade do México, já sem escalas.

-Com as permissões do Brasil, Peru e o Equador, o avião decola de Assunção por volta das 02:00 horas da terça-feira (hora mexicana).

-Já sobre o espaço aéreo do Equador, o avião recebe o aviso de que não tem permissão para entrar no país. A aeronave inicia um rodeio para alcançar aguas internacionais. Um segundo aviso do Ministério das Relações Exteriores do Equador confirma que tem permissão. São quase as 8 da manhã no México.

Leia mais: Evo Morales e García Linera chegam no México como asilados políticos.

https://youtu.be/t6yTtD8Cuak?t=8

 

*Tradução: Tali Feld Gleiser

*Desacato

Foto: O Globo

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Participação de igrejas evangélicas no golpe da Bolívia é denunciada por pastor

“Um dos primeiros gestos dos golpistas foi retirar a bandeira Wiphala, dos povos indígenas, da Assembleia Legislativa, o que revela o seu caráter racista e fascista”

Lamento profundamente o envolvimento de igrejas evangélicas brasileiras no golpe de estado promovido na Bolívia e que culminou na renúncia de seu presidente democraticamente eleito Evo Morales, primeiro presidente indígena de um país latino-americano. Todavia, confesso que não me surpreendo por saber que muitas destas igrejas estão à serviço da agenda norte-americana que tem como objetivo consolidar a América Latina como seu quintal.

Um dos primeiros gestos dos golpistas foi retirar a bandeira Wiphala, dos povos indígenas da Bolívia, da Assembleia Legislativa, o que revela o seu caráter racista e fascista.

Em pronunciamento oficial, Evo Morales renunciou para evitar um banho de sangue em seu país. Algumas horas antes, as casas da irmã do presidente e de dois governadores de seu partido foram incendiadas.

A renúncia foi anunciada pouco depois das Forças Armadas e da Defensoria Pública boliviana aderirem ao golpismo promovido pela oposição, capitaneada por Luis Fernando Camacho e Carlos Mesa, segundo colocado nas eleições de 20 de novembro. O pleito, rejeitado pela direita, garantiu um quarto mandato ao ex-líder sindical indígena.

Fernando Camacho entrou no Palácio do governo munido de uma Bíblia pouco antes da declaração oficial de Morales, demonstrando ser um dos principais artífices do golpe. De joelhos dobrados, numa cena que claramente visava agradar a seus apoiadores fundamentalistas, Camacho colocou a Bíblia aberta sobre a bandeira do país, depois já haver afirmado que traria Deus de volta ao palácio.

Triste mesmo foi ver os líderes evangélicos brasileiros celebrando o atentado contra a democracia. É justamente por associar-se à agenda neoliberal e ao imperialismo norte-americano que as igrejas evangélicas sofrem tantas perseguições mundo afora. Uma coisa é ser perseguido por amor a Cristo e ao evangelho. Outra totalmente diferente é ser perseguido justamente por opor-se aos direitos das minorias e aliar-se a interesses escusos contrários aos princípios pregados por Jesus.

Depois do ocorrido na Venezuela e na Bolívia, o Brasil deveria colocar as barbas de molho. As forças contrárias à democracia e à ascensão das classes trabalhadoras não vão deixar barato o ocorrido na Argentina e no Chile. A Bolívia é só um recado.

 

 

*Com informações do Ópera Mundi

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Esquerda quer telegramas diplomáticos e questiona Itamaraty na queda de Evo Morales

Deputados de oposição exigem que o Itamaraty explique se teve algum papel nos acontecimentos que levaram à queda do presidente da Bolívia, Evo Morales, no último fim de semana.

Num requerimento apresentado nesta terça-feira, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados quer que o chanceler Ernesto Araújo esclareça se manteve algum tipo de contato com a oposição boliviana e pede que todos os telegramas internos do Itamaraty envolvendo a análise da situação no país vizinho em 2019 sejam entregues.

“Solicitam-se cópias de todos os telegramas diplomáticos sobre as eleições na Bolívia e demais comunicações com referência à conjuntura política do país em 2019”, pediram deputados como Fernanda Melchionna, Luiza Erundina e Marcelo Freixo.

Caso não seja prestada a informação, os deputados alertam que o Itamaraty estaria cometendo crime de responsabilidade.

O documento, por exemplo, pergunta se o líder da oposição boliviana, Luis Fernando Camacho, se reuniu ou se comunicou com o ministro Ernesto Araújo direta ou indiretamente em 2019.

“Se sim, de que modo e por iniciativa de qual das partes? Solicitam-se cópias de toda a comunicação prévia e posterior a estes encontros e um descritivo completo com data, horário, meio ou local, e lista dos assuntos tratados em cada uma das ocasiões”, indicaram.

O texto lembra que, ao Globo, o Itamaraty afirmou que, em 2 de maio, houve uma reunião com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) na qual ela estava acompanhada de Camacho e alguns parlamentares bolivianos.

“O golpe na Bolívia vem em meio a crescente disputas políticas na América Latina, das rebeliões populares contra governos conservadores e antipopulares, como no Chile, Equador e Haiti; à derrota nas urnas de projetos neoliberais, como o de Maurício Macri na Argentina ou Iván Duque na Colômbia”, apontam os membros do PSOL. “Nesse contexto, não surpreende que a extrema-direita brasileira e o governo Bolsonaro apoiem o golpe de Estado na Bolívia”, disseram.

“No entanto, algo mais alarmante do que o apoio discursivo ao golpe está sendo denunciado: áudios de articuladores da direita boliviana revelados pelo jornal El Periódico apontam para a participação “das igrejas evangélicas e do governo brasileiro” e de um suposto “homem de confiança de Jair Bolsonaro” no processo de articulação do golpe”, alertaram. Os deputados querem saber do Itamaraty se tais informações eram conhecidas da chancelaria.

“Brasil aceitará resultado das eleições?”

No questionário enviado ao Itamaraty, os deputados lembram que Araújo indicou nas redes sociais que Morales teve “a atitude correta de renunciar diante do clamor popular”. “Pergunta-se: o Ministro desconhece que essa renúncia se deu diante da ameaça do chefe das Forças Armadas daquele país que “sugeriu” a Morales que renunciasse? Ou a manifestação do Ministro tem o objetivo deliberado de encobrir esse fato?”, questionam.

O grupo também pressiona o presidente Jair Bolsonaro a explicar sua declaração nas redes sociais, de que “denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales”. “Pergunta-se: o presidente e este Ministério têm ciência de que estas denúncias já haviam levado o presidente boliviano anunciar a convocação de novas eleições e que mesmo depois disso o chefe das forças armadas “sugeriu” a renúncia de Morales? Ou a manifestação do presidente tem o objetivo deliberado de encobrir esse fato?”, questionam.

Os parlamentares também querem saber se o Itamaraty “considera aceitável que o chefe das Forças Armadas de um país faça pronunciamentos coagindo presidentes a renunciarem”.

O grupo ainda pergunta se o governo Bolsonaro defende a realização de novas eleições na Bolívia e querem saber qual será o comportamento se Morales for eleito. “O governo brasileiro aceitará o resultado das eleições?”, perguntam.

 

 

*Jamil Chade/Uol

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Como Bolsonaro e golpistas da Bolívia, em parceria, usaram robôs e milícias digitais para derrubar Evo

Esta matéria é fundamental para entender o que está em jogo e como a direita opera com milícia digital e milícia tradicional. Não por acaso, depois que começaram a pipocar as denúncias, com provas, do envolvimento do clã Bolsonaro no golpe da Bolívia, usando milícia digital para apoiar os milicianos que deram o golpe, Carlos Bolsonaro correu para excluir suas contas no Twitter e em outras redes sociais.

A matéria que segue é bem elucidativa e vale muito a pena a leitura para o entendimento de como os golpistas estão atuando em rede na América Latina.

“Eles estão divulgando propaganda em inglês, seus nomes de contas são geralmente @ nomenúmeros e foram criados em novembro”, diz jornalista.

O golpe de estado contra o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, fez uso de milícias digitais nas redes sociais como um de seu métodos de ataque ao governo do ex-líder sindical. Uma série de contas criadas em novembro tem atacado aqueles que denunciam o golpe e espalhado notícias falsas.

“Há milhares de contas obviamente robôs atacando qualquer pessoa que tuíta sobre o golpe de direita na Bolívia. Eles estão divulgando propaganda em inglês, seus nomes de contas são geralmente @ nomenúmeros e foram criados em novembro. Há uma grande operação em andamento aqui”, denunciou o jornalista Benjamin Norton, do Grayzone Project.

Tercer Mundi
Policiais realizaram motim e, com o respaldo das Forças Armadas, apoiaram o golpe contra Evo Morales

Após a consideração, o comunicador foi vítima de ataques direcionados. Uma série de contas criadas logo após a postagem respondiam diretamente ao jornalista. “Hahaha, outra conta de bot do golpe na Bolívia que tem apenas 4 tweets, todos me atacando. Foi criado há 3 horas e segue uma pessoa: o líder do golpe de extrema direita boliviano Camacho. Esta campanha de desinformação pró-golpe de bot é tão óbvia”, criticou.

Um tuíte da agência de notícias Findes também mostra o ataque coordenado desses robôs, como expõe o usuário Bruno Silveira (@bslvra). “Entrei nos comentários desse tweet e todos os que estão acusando Evo e apoiadores de seu partido têm menos de dez seguidores e são contas criadas em novembro/2019”, diz.

Alguns usuários ainda denunciaram um possível elo do exército de milícias digitais do bolsonarismo do Brasil com os ataques virtuais na Bolívia. “Lotaram o twitter de bot de oposição ao Evo Morales, todos mais ou menos têm o mesmo perfil, são moças, bonitas, universitárias ou com emprego razoável, todos são de novembro, acabaram de entrar no twitter, guerra híbrida como no Brasil, à la Steve Bannon”, postou a usuária Renata (@Ondasmares).

Camacho e Bolsonaro

Apontado como comandante dos ataques, o líder opositor de extrema direita Luis Fernando Camacho já esteve no Brasil em conversa com o chanceler Ernesto Araújo, que afirma que não houve golpe na Bolívia. “Conseguimos o compromisso pessoal e governamental do chanceler Ernesto Fraga Araújo de elevar como estado brasileiro e garante da CPE [Constituição Plurinacional do Estado] a encomenda de interpretação da convenção sobre a reeleição indefinida para a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos]. O Chanceler instruiu de forma imediata e na mesma reunião que se realize a consulta”, relatou Camacho, após encontrar o ministro brasileiro.

Em áudio filtrado pelo jornal boliviano El Periódico, um interlocutor golpista revela o apoio “das igrejas evangélicas e do governo brasileiro” ao golpe, e fala de um suposto “homem de confiança de Jair Bolsonaro, que assessora um candidato presidencial”. “Temos que começar a nos organizar para falar de política nas igrejas, como já se faz há muito tempo no Brasil, que já tem deputados, prefeitos e até governadores da igreja (evangélica)”, diz.

 

 

*Com informações do Diálogos do Sul

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Vídeo: Rússia, China e Grupo de Puebla rechaçam golpe na Bolívia

Assistam abaixo ao vídeo em que saqueiam a casa de Evo Morales

Governo Putin usa a expressão “golpe orquestrado”, e lembra relação de amizade com o governo de Evo Morales. Chineses pedem restauração da estabilidade e latino-americanos denunciam “história de interrupções democráticas”.

Ainda repercutindo a deposição do governo eleito de Evo Morales, o governo russo condenou “a onda de violência desencadeada pela oposição” que resultou na derrubada do ex-presidente boliviano. Por sua vez, a chancelaria da República Popular da China clamou para que os conflitos no país sejam resolvidos no marco da constituição boliviana. O Grupo de Puebla, que reúne líderes da esquerda latino-americana, destacou a violência desencadeada pelas forças conservadoras que desatou num golpe de Estado, neste domingo (10), que contou com a anuência das Forças Armadas bolivianas.

“Causa profunda preocupação que a vontade do governo de buscar soluções construtivas, com base no diálogo, foi rejeitada por eventos que tem um padrão de um golpe de Estado orquestrado”, diz a nota assinada pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Ele apelou para a todas as forças políticas da Bolívia para que sejam “sensatas e responsáveis” e encontrem uma solução constitucional que restaure a governabilidade e também garanta o desenvolvimento social e econômico do país, ao qual os russos se dizem ligados “por uma relação de amizade”.

O governo chinês se pronunciou por meio do porta-voz da chancelaria, Geng Shuang, e pediu que disse esperar que “todas as partes possam encontrar uma solução nos marcos da Constituição a fim de restaurar a estabilidade política e social na Bolívia”.

Grupo de Puebla

Reunidos durante este final de semana, em Buenos Aires, o fórum de líderes de esquerda da América Latina prestou solidariedade ao povo do país vizinho e afirmou que “mais uma vez, a Constituição e o Estado de direito da Bolívia foram violados, interrompendo um mandato constitucional” e denunciaram “humilhação de autoridades, invasão, saques e incêndio de residências, sequestro e ameaças de familiares” no país andino contra o governo Morales. A nota é assinada pelos ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, pelo ex-chanceler Celso Amorim, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, além do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo e políticos do México, Colômbia, Argentina, Chile e Uruguai, entre outros.

“Todas a iniciativas de diálogo e negociação oferecidas pelo governo do presidente Evo Morales foram rechaçadas. As recomendações da OEA (Organização dos Estados Americanos) para a realização de uma nova disputa eleitoral foram aceitas pelo presidente Morales, dirigidas ao Parlamento boliviano, incluindo a recomendação de renovação completa das autoridades eleitorais e a possibilidade de contar com novas candidaturas. Mas a oposição optou pela intransigência, radicalização e ruptura democrática, abrindo um grave antecedente de um novo golpe de estado na larga história de interrupções democráticas do país”, diz a nota divulgada pelo Grupo de Puebla.

Evo Morales aos golpistas: ‘Assumam a responsabilidade de pacificar o país’

Presidente, que teve a casa invadida e depredada, denuncia violência e declara temor de derramamento de sangue pelas forças opositoras.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, obrigado pelas Forças Armadas a renunciar ao mandato, mandou nesta segunda-feira (11) um recado aos militares e personagens da oposição que lideraram o golpe de Estado, pedindo para que “assumam a responsabilidade de pacificar o país”, demonstrando preocupação com um potencial derramamento de sangue no país, caso haja confronto com os movimentos populares daquele país, que já declararam disposição de resistir e restabelecer a normalidade democrática. Antes de renunciar ao cargo, neste domingo (10), Evo denunciou o excesso de violência comandado pela oposição, com sequestros e torturas de membros do governo, invasão de prédios estatais e incêndio a casas. Até a casa de Evo, em Cochabamba, foi invadida e depredada.

 

 

*Da Rede Brasil Atual

 

 

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Lítio, “ouro branco”, riqueza da Bolívia, um dos motivos do golpe

Nenhum celular nem carro elétrico funciona sem o metal. O governo Morales tudo faz para não repetir a história de exploração colonial
O futuro da Bolívia é branco e salgado. Ele jaz sob um lago seco de 10 mil quilômetros quadrados, o Salar de Uyuni. O engenheiro Juan Montenegro bate na crosta de sal e diz: “Aqui começa a época industrial do nosso país.”

Ele se refere ao lítio, uma matéria-prima que atualmente interessa a firmas de todo o mundo. O local pode abrigar até 10 milhões de toneladas do metal alcalino, a maior reserva do mundo. Ele é um componente central das baterias de relógio e indispensável para um futuro provavelmente movido a eletricidade.

Sem baterias recarregáveis de íon-lítio, nada de telefone celular, bicicleta elétrica e, naturalmente, nada de carro elétrico. Michael Schmidt, da Agência Alemã de Matérias-Primas, estima que a demanda global alcançará 111 mil toneladas ate 2025, em comparação com apenas 33 mil toneladas em 2015.

Ao governo de Evo Morales não escapou o tesouro que jaz sobre o pobre Estado andino. Atualmente, uma tonelada de lítio está cotada em 16 mil dólares, e o preço sobe ano a ano. Investidores da China, Estados Unidos e Rússia fazem fila, mas a Bolívia mantém suas portas fechadas.

“Não queremos uma segunda Potosí”, afirma Juan Montenegro, que Morales nomeou chefe da empresa estatal Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB). Ele se refere a uma velha cidade mineira, a mais de duas horas de carro do deserto salino.

Ao longo de séculos, os colonizadores espanhóis extraíram ali tanta prata que, diz-se, teria sido possível construir uma ponte da Europa até a América do Sul. Milhões morreram nas atividades de mineração, até hoje crianças procuram restos pelos túneis. No centro de Potosí uma exposição fotográfica junta donativos para que elas possam ir à escola.

Essa história não deve se repetir em Uyuni. Quem queira extrair lítio aqui deve se ater às condições de La Paz, mantendo no local os empregos e a agregação de valor.

Não se trata apenas de ser fornecedores de matéria-prima, afirma Montenegro: a meta é produzir baterias made in Bolivia. Os pacotes de baterias recarregáveis improvisadamente embalados com fita adesiva, que os cientistas trouxeram de La Paz, são prova de quanto falta até alcançar essa meta.
Joint venture com firmas alemãs

É um dia seco e frio em Uyuni, a YLB comemora seu primeiro aniversário de fundação. A banda militar se apresenta, escolares dançam em trajes andinos, e a prefeita louva as “perspectivas de emprego” graças ao lítio.

E há mesmo o que festejar: está prometido para Uyuni um investimento bilionário vindo da Alemanha. A empresa de energia sustentável ACI Systems, de Baden-Württemberg, e a turíngia K-Utec, de tecnologia de sais, ganharam a concorrência para o megaprojeto.

Até agora só há uma pequena central-piloto no deserto de sal. O caminho até lá passa pelo lugarejo de Colchani. Quando acabam as casas, a pista se perde no branco infinito. Chegando finalmente à pequena fábrica, soldados vigiam a entrada.

Dentro, o operário Jorge Macías afirma que consegue viver bem do lítio: seu salário equivale a 600 euros, o que é relativamente muito na Bolívia. Depois de três semanas trabalhando direto, ele sente falta da mulher e dos filhos, mas está convencido: “Finalmente, nós mesmos, bolivianos, estamos nos beneficiando das riquezas da terra.”

O diretor-geral da ACI Systems, Wolfgang Schmutz, vê a situação de forma surpreendentemente semelhante: “A coisa toda é um projeto de igual para igual. Decisiva para o nosso trabalho aqui foi a confiança dos bolivianos, que contam com um desenvolvimento sério e sustentável no Salar.”

Agora se busca na Alemanha quem esteja disposto a passar alguns meses na Bolívia, revela Schmutz: justamente no setor de técnica de baterias ainda falta muito know-how aos sul-americanos.

Um outro fator se interpõe no caminho dos bolivianos à era industrial: o país não tem acesso ao mar, as exportações têm que ser transportadas pela cadeia andina até o porto chileno de Antofagasta, para cuja utilização Santiago exige altas taxas. Isso também deverá encarecer as baterias bolivianas. Em outubro o país perdeu uma causa contra o Chile no Tribunal Internacional de Justiça.

Em Uyuni, porém, as esperanças permanecem altas. No momento, os mochileiros são a única fonte de verbas para a desolada região: o deserto de sal é uma cenário apreciado para fotos do Instagram. Mas em geral os turistas só permanecem por poucos dias.

“Para os agricultores da região, a única outra fonte de renda é a criação de lhamas”, comenta a prefeita Carmen Gutiérrez. Ela espera que o lítio vá finalmente lhes trazer prosperidade – uma prosperidade que nenhuma potência colonial será capaz de tomar.

 

 

*Da Carta Capital

 

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Vídeos: Após golpe, povo boliviano reage e constitucionalista alerta: “É fundamental que Evo Morales continue vivo”

No dia seguinte à renúncia do presidente boliviano, o povo reage nas ruas e La Paz amanhece com manifestações.

O dia seguinte ao golpe da direita na Bolívia, que levou à saída de Evo Morales da Presidência do país, foi de protestos nas ruas e apreensão. A capital La Paz amanheceu com barricadas e manifestações. Em Cochabamba, milhares de manifestantes marcharam pedindo a volta do líder indígena e campesino. O futuro do ex-presidente preocupa os bolivianos e também o doutor em Direito Constitucional, Gladstone Leonel, que teme pela vida de Evo.

“É muito difícil imaginar o que acontecerá com o Evo. É fundamental que ele continue vivo. É fundamental que se preze pela segurança do Evo”, afirma Leonel, que é professor do programa de Pós-Graduação de Direito Constitucional na Universidade Federal Fluminense (UFF) e que estudou a Bolívia em seu doutorado.

Para Leonel, o futuro da Bolívia será decidido nos próximos dias e Evo Morales deve ter um papel preponderante. “O povo está sofrendo e toma um susto com o que está acontecendo, mas a capacidade desse povo de reagir nos surpreenderá. Haverá muita reação. Os grupos políticos, obviamente, querem afastar o Evo, da mesma forma que fizeram com o Lula aqui no Brasil”, explicou.

Confira a entrevista na íntegra:

Brasil de Fato – Como o Evo Morales, que conduz a Bolívia a um crescimento de 5% ao ano, pode ser alvo de um golpe?

Gladstone Leonel – O governo de Evo não é impopular, tanto que foi eleito em primeiro turno, o que não é fácil para um governo que foi eleito [pela primeira vez] em 2006 e tem todo o desgaste político de uma exposição por tanto período. Recentemente, vimos isso com o PT no Brasil, também um golpe de Estado, mas, sobretudo, com um desgaste de governo, porque o PT estava no poder desde 2002. No entanto, o fato de o governo estar desgastado não pode ser motivo para um golpe de Estado.

Em 2019, se tumultuou o cenário eleitoral porque a diferença do Evo ficou pequena e eles estavam esperando ainda os votos da zona rural. Até chegar, a direita conseguiu se articular e tumultuou o ambiente político. Tanto que a OEA [Organização dos Estados Americanos] dá o ultimato para a auditoria. A meu ver o Evo erra ao aceitar a auditoria da OEA. O organismo enfrenta frontalmente as políticas da Bolívia. Ele dá a possibilidade para que a OEA legitime uma postura política, que foi o pedido de novas eleições. A partir desse momento, os golpistas ficam à vontade para derrubar o governo e derrubar as lideranças populares da Bolívia.

Qual a influência do episódio do plebiscito, que avaliava a possibilidade de um quarto mandato de Evo Morales, no golpe na Bolívia?

Esse episódio já indica um desgaste dentro de um contexto político que mostra que a liderança política não foi renovada. Isso é um problema? Sim, é um problema. Porém, não podemos esquecer que o Evo recorreu a um poder independente, que é o Judiciário. Recorreu ao Tribunal Constitucional Plurinacional, que é um poder separado e independente, que reconheceu a possibilidade de uma candidatura. A partir do momento que foi reconhecida a possibilidade da candidatura, há legitimidade para haver o pleito. Lembrando que diferentemente do Brasil, na Bolívia, os representantes dos tribunais superiores são eleitos pelo povo, há um fluxo democrático muito maior que no Brasil, por exemplo. Então, era um indício de desgaste, mas que não pode haver um rompimento com o Estado Democrático de Direito.

Qual o papel que a região de Santa Cruz de La Sierra exerce nesse golpe?

Precisamos retomar os passos históricos para compreender aquela região. Primeiro, no que diz respeito à própria geografia da Bolívia. Santa Cruz não faz parte do Altiplano Andino, que é a região associada aos indígenas. É uma região diferente, de desenvolvimento agrícola, com influência do latifúndio. Santa Cruz tem uma importância econômica, mas também é onde há a maior resistência aos processos de transformação social. Em 2008, sob a liderança dos latifundiários, há uma tentativa de golpe na Bolívia, rádios e emissoras de TV foram queimadas, mas essa tentativa foi fracassada. Com o passar do tempo, o governo faz algumas concessões à essa região, o que gerou popularidade para Evo lá, mas também gerou críticas ao então presidente, porque passou a estimular o agronegócio local. Essa elite cruzcenha ficou ali, adormecida, esperando o melhor momento para golpear. Parece-me que o momento foi agora.

Como serão os próximos dias na Bolívia?

É importante chamarmos a atenção que, no caso da Bolívia, é importante olhar para a história recente desse povo e do sujeito transformador ali, que foi o sujeito responsável pela Constituinte que eles têm. Essa Constituinte só foi possível porque teve a revolta da água em Cochabamba, quando os bolivianos expulsaram a transnacional que queria privatizar a água; teve também a guerra do gás em El Alto. O povo está sofrendo e tomou um susto com o que está acontecendo, mas a capacidade desse povo de reagir nos surpreenderá. Haverá muita reação. Os grupos políticos, obviamente, querem afastar o Evo, da mesma forma que fizeram com o Lula aqui no Brasil. No entanto, me parece que o destino da Bolívia pode ser decidido nos próximos dias.

Então você aposta em uma resistência ao golpe?

Eu acho que será difícil ter tranquilidade em curto prazo. Foi um golpe à moda antiga, o Evo foi eleito em primeiro turno. Por mais que parte das Forças Armadas tenha apoiado o golpe, outra parte tem laços estreitos com ele. Mas não é só isso, os grupos rurais e indígenas reconhecem o Evo como sua principal liderança e vão sustentar essa resistência. Porém, me parece que houve uma surpresa com o golpe e esses grupos precisam de tempo para se organizar, mas não deve demorar. Nessa madrugada mesmo, o povo de El Alto já fechou as principais vias da cidade.

Sobre o futuro de Evo, México ofereceu abrigo, mas ele decidiu permanecer em Cochabamba, de onde ele denunciou uma tentativa de prisão contra ele. Qual será o papel de Evo agora?

É muito difícil imaginar o que acontecerá com o Evo. É fundamental que ele continue vivo. É fundamental que se preze pela segurança do Evo. Quando acontece um golpe contra o Hugo Chávez [Venezuela] em 2002, eles retiram o Chávez da Presidência. Logo depois, há uma insurgência e o povo pede a volta do Chávez no Palácio de Miraflores. O maior arrependimento daqueles golpistas naquela época foi ter mantido o Chávez vivo. Essa é uma lição que fica, ele tem que ser mantido vivo e em um lugar seguro. Por quê? Porque ele tem um papel central nos próximos passos, como liderança política.

Edição: Camila Maciel

 

 

*Com informações do Brasil de Fato

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Parlamento do Mercosul aprova declaração sobre “golpe de Estado na Bolívia”

O Parlamento do Mercosul (Parlasul) aprovou, nesta segunda (11), uma declaração em que “rechaça o golpe cívico-militar em curso no Estado Plurinacional da Bolívia contra o governo democraticamente eleito do presidente Evo Morales” e declara que não reconhece “qualquer regime surgido de golpe de Estado”.

Órgão legislativo da representação civil dos Estados-parte do Mercosul, o Parlasul está localizado em Montevidéu, Uruguai, atua em matéria de interesse comum à integração regional. Representantes brasileiros são escolhidos entre deputados e senadores no Congresso Nacional, enquanto a Argentina e o Paraguai já realizam eleição direta. Apesar das decisões do Parlasul serem vinculantes, ou seja, de cumprimento obrigatório, a declaração é de natureza política e não deve orientar as decisões internas dos países do bloco. A declaração foi aprovada por maioria dos parlamentares.

“Os graves atos de violência desencadeados nos últimos dias na Bolívia, onde a ordem institucional democrática foi quebrada ao assumir diretamente por parte das Forças Armadas e policiais a promoção de uma onda de violência política que põe em risco milhares de vidas tendo pedido abertamente a insubordinação para depor o presidente Evo Morales pela força”, afirma a declaração.

O texto demanda a proteção à vida de Morales, que renunciou ao cargo após ser pressionado pelas Forças Armadas e a polícia, e as dos poderes Executivos e Legislativo.

Através da declaração, o Parlasul reitera a pleno vigência do Protocolo de Ushuaia – que trata do compromisso democrático no Mercosul, na Bolívia e no Chile. E afirma que, se necessário, a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul pode se constituir como espaço institucional para receber e tratar as denúncias de violação aos direitos humanos dessa “ruptura da ordem democrática”.

A declaração também critica o que chama de “estratégia de violência política extrema instrumentalizada por milícias privadas com a cumplicidade de comandos militares e policiais contra integrantes do governo e suas famílias”. Durante a onda de protestos que tomou o país por conta da suspeita de fraudes nas eleições presidenciais, entre grupos pró e contra o governo, casas de ministros e de familiares de Morales foram incendiadas.

 

 

*Do Blog do Sakamoto

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Vídeos: Povo boliviano reage ao golpe

Golpe na Bolívia. Aparecem os primeiros vídeos da resistência do povo boliviano, o povo que apoia Evo Morales.

“Desde a tentativa de golpe contra Hugo Chavez em 2002, os golpes não foram mais admitidos na região (com a exceção do Brasil). Derrotada nas urnas e sentindo-se sem condições de concorrer a novas eleições contra Evo, a direita fez o que sabe fazer: deu um golpe”, diz o sociólogo Emir Sader sobre o retrocesso democrático no país andino.

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